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GEsTÃo
e LiDErANÇA
EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE 8
FAsCÍCuLo
Entendendo
o perfil do
“novo cliente”
CHrisTiAN AVEsQuE
sumário
Apresentação 115
1. Consumo e contexto 116
2. Tipos de consumo 118
3. Processo decisório de compra e funil de compra 119
4. Jornada phygital e atributos determinantes de compra 124
Referências 127
APrEsENTAÇÃo
O consumo faz parte do contexto his- ma que, para entendermos o consumo mo-
tórico relacionado aos aspectos sociais, derno, precisamos compreender como a Re-
culturais e econômicos da formação das volução Industrial modificou a urbanização e
sociedades ocidentais, sendo disseminado os estilos de vida das cidades e metrópoles
e exercido por todas as classes sociais, ad- europeias de então. Destaca-se que houve a
quirindo significados objetivos e subjetivos padronização do processo produtivo pelas
entre os consumidores. indústrias, possibilitando a diminuição de
A evolução histórica do consumo possibi- seus custos com a produção, o aumento dos
lita a compreensão das transformações que salários dos trabalhadores e a oferta de pro-
levaram as empresas a focar no consumidor dutos diversos e mais baratos, incentivando
como estratégia diante do mercado, hoje tão o consumo. Vamos ver como se deu essa
competitivo e inovador. Taschner (2010) afir- transformação até os dias atuais.
115
1
CoNsumo E CoNTEXTo
A
intensificação da moda influenciou Seguindo a cronologia da história do con-
o desenvolvimento de novos pro- sumo, já no século XX/XXI, Slater (2002) ates-
dutos e, consequentemente, agu- ta que os bens são vendidos em mercados
çou o desejo dos consumidores por cada vez maiores, tanto geográfica quanto
novidades de consumo. Nesse período, hou- demograficamente planejados – mercados
ve a expansão dos mercados e de produtos regionais, nacionais, globais –, cuja formação
e, consequentemente, o crescente acesso ao é possibilitada pela interconexão dos merca-
consumo pelas demais classes sociais, o sur- dos locais por meio de novas infraestruturas
gimento de novas necessidades de compra, de transporte e comunicação. Esse processo
novos padrões de publicidade, rápida obso- é acompanhado pelo desenvolvimento ma-
lescência dos produtos e a implementação ciço da infraestrutura de varejo (não apenas
de novas práticas comerciais. Um contexto lojas, mas também varejo múltiplo, enco-
tão diverso gera intensas mudanças sociais menda por reembolso postal, integração ver-
e de consumo que são intensificadas pelo tical até o ponto de venda).
surgimento das lojas de departamento e a Lipovetsky (2007) complementa que,
“magia” proporcionada pela ambientação com a crescente automatização e a padro-
do local de consumo, da disponibilização de nização do processo produtivo por meio da
informações sobre os produtos e processos racionalização do trabalho, o livre comér-
de compra e no desenvolvimento de técni- cio e o desenvolvimento de transportes,
cas segmentadas no sentido de atender di- comunicações e eficientes estratégias de
ferentes estilos de vida. Portanto, as lojas de marketing, houve um incentivo grandioso
departamento determinaram novas expe- ao consumo de massa diante da disponi-
riências de compra às pessoas por meio da bilização de uma grande diversidade de
atribuição de significados simbólicos aos produtos em nível global. Nesse maravilho-
bens de consumo, os quais eram expostos so mundo “moderno”, é relevante destacar
de maneira espetacular e podiam ser manu- que os indivíduos usam esses objetos, arte-
seados livremente pelos consumidores. fatos e utensílios para exprimirem seus lu-
TiPos DE
bens e marcas
nos identificam
socialmente e revelam
CoNsumo
uma dinâmica de
medição social
D
pelas marcas que
consumimos.
e forma geral, o consumo faz parte
do cotidiano social e é livre den-
tro dos limites da lei, atribuindo
identidade aos consumidores por 1. Consumo funcional: o consumo di-
meio de bens dotados de significados sim- reciona-se à utilidade do bem a ser com-
bólicos e constituindo valores determinantes prado. O foco do consumidor recai sobre
das relações sociais e culturais, sendo o alvo os aspectos tangíveis do produto e seu
para a formulação de teorias. O conceito de desempenho efetivo ao ser utilizado. A
consumo também pode estar relacionado jornada de compra é estruturada pelos fa-
ao ciclo de consumo de um produto ou ser- tores econômicos e de custo-benefício. Ao
viço, incluindo sua obtenção, utilização, con- desenvolver essa tipologia de consumo, o
teúdo e descarte. Neste ciclo estão envolvi- cliente espera que seu dinheiro renda e que
das as características referentes ao direito do ele possa sempre ter mais benefícios ao
consumidor, além dos desejos e preferências menor custo possível. Em níveis psíquicos,
culturais e sociais relacionados ao consumo. a atividade de comprar se assemelha a
Além disso, o consumo também pode ser uma boa negociação racional e o consumi-
considerado como um aspecto moralmente dor busca sentir-se “esperto”.
negativo para a sociedade por proporcionar
um individualismo social, a compulsão em 2. Consumo emocional: o consumo se
consumir de forma excessiva e, consideran- baseia no afeto ou na identificação que o
do a especificação da palavra “consumo” em consumidor tem com a proposta da marca.
si, a destruição cultural dos bens e serviços A intangibilidade do bem ganha força na
resultante de sua utilização. decisão de compra, e o cliente passa a di-
Leia o Código de Defesa do Consumidor recionar o seu olhar para a simbologia da
e verifique como a legislação classifica o marca e duas referências de imagem. Exis-
consumidor. Procure analisar o conceito de te, pois, uma identificação do cliente com
publicidade e informação sobre o consumo. um conjunto de sentimentos que a marca
Podemos classificar as tipologias de representa e difunde, que refletem o estilo
consumo em 4 grandes categorias: de vida de quem a compra.
M
cliente – este sinaliza a atividade de adqui-
rir um bem – e é condição essencial de aco- uito se fala sobre a forma como
lhimento e vivência em tais agrupamentos. os indivíduos adquirem seus
É clara a função social que uma marca tem: produtos e serviços nos merca-
servir como instrumento de identificação e dos das grandes cidades e nos
aspiração na vida cotidiana dos clientes. shopping centers espalhados pelo Brasil. De
um lado, existem aqueles que atribuem ao
4. Consumo consciente: o consumidor preço da mercadoria o fator determinante de
torna-se empoderado e começa a exigir comprar aquele bem. De outro lado, percebe-
uma postura mais ética e sustentável das se que o atendimento e o ambiente de ven-
empresas que compõem seu repertório de da é primordial para “fisgar” o consumidor.
escolhas. A responsabilidade socioambien- Diante desse quadro pouco esclarecedor,
tal das organizações é o principal atributo é imprescindível que se compreenda que o
de escolha na sua decisão de compra. comportamento do consumidor pode ser es-
O cliente espera que a empresa tenha tudado de forma sistemática e integrada.
políticas vinculadas à economia circular e Miniard (2000) enfatiza essa ideia de
que invista em propósitos e causas sociais “colocar o consumidor no microscópio” ao
que promovam os direitos humanos, a civi- relatar que, para vender seus produtos, os
lidade e o empreendedorismo sustentável. empresários começaram a perceber que
Logo, o consumo pode ter um viés mais deveriam produzir de acordo com os de-
focado no uso cotidiano dos produtos adquiri- sejos e as necessidades do consumidor,
dos, mas também pode evocar um investimen- orientando a produção para o mercado.
to psíquico e social de prazer ou aceitação. Para que a venda seja mais eficiente, é pre-
A
única certeza que podemos tirar Logo, a dualidade de escolha de canais de ocuparem bastante com o que entregam e
deste momento é que a jornada vendas acabou. Ou se insere no novo mo- prometem ao mercado. Ganha espaço na
de compra se tornou complexa e delo híbrido ou a organização perde efici- mente do consumidor aquelas empresas
híbrida. Os elementos de estimu- ência e produtividade. que conseguem vender um produto ou
lação e compra do consumidor estão pre- Mas quais foram os fenômenos que oca- serviço e entregam os benefícios descritos
sentes tanto no universo físico quanto no sionaram tantas mudanças abruptas? Por no ato da venda. O consumidor moderno,
universo digital. A esse movimento damos que o mercado pressiona as organizações por ter mais produtos substitutos nas cate-
o nome de phygital. em direção a essas necessidades adapta- gorias de compra da sua cesta, passa a ser
As operações varejistas e de serviços tivas tão profundas? Vejamos os principais intolerante com simulacros e informações
não podem mais operar em um único ca- pontos de tensão: falseadas ou mentirosas.
nal de vendas. Precisam, sim, desenvolver 1. Empoderamento do consumidor: 2. Tecnologia integrada de estoques
ações que contemplem a rapidez e a con- o consumidor contemporâneo tem mais e entrega: As empresas varejistas aban-
veniência do universo digital com a expe- acesso a informação e conhece as catego- donaram o conceito de estoque para lojas
riência e a atmosfera de venda das lojas rias de produtos que habitualmente con- físicas e lojas digitais. Um sistema de ca-
físicas. É urgente que estejam presentes some. Seu comportamento ativo de busca dastro e disponibilidade único com preços
na mente do consumidor durante 24 ho- sobre depoimentos e referências das em- alinhados são condições fundamentais
ras por dia para que sejam colocadas em presas e produtos que estejam no “radar” de sobrevivência. O consumidor não dife-
seu conjunto de consideração de compras. de compra força as organizações a se pre- rencia mais os canais físicos dos digitais.
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