Você está na página 1de 13

2022.

1 | 5° período

A criação constante de novos produtos e o consumismo

Metodologia em Projeto de Produto


Prof°: Luiz Antonio de Saboya
Equipe: Lucas Fernandes, Maria Eduarda Dias e Raquel Moura

24 de Agosto de 2022
Introdução

O presente trabalho objetiva discorrer sobre aspectos que fazem parte e permeiam os fenômenos
da constante criação de novos produtos, do consumo e do consumismo, tais como mercadoria,
identidade, cidadania, distinção, felicidade, mídia e ideologia, segundo percepções de diferentes
sociólogos e filósofos, como Zygmunt Bauman, Karl Marx, Néstor García Canclini,Thorstein
Veblen, John B Thompson e Jean Baudrillard.
A relação entre mercadoria e consumo

Ao falar de mercadoria, podemos relacionar o pensamento de Karl Marx, onde ele diz
que as riquezas da sociedade capitalista podem ser compreendidas como uma enorme
coleção de mercadorias. De acordo com Marx “a mercadoria é antes de tudo, um
objeto externo, umas coisa que, por meio de suas propriedades, satisfaz necessidades
humanas de um tipo qualquer”; o autor afirma que a mercadoria possui dois tipos de
valores: o de uso (referente à qualidade) e de troca (referente à quantidade) ou forma
de valor.

O sociólogo Zygmunt Bauman afirma que, no início do capitalismo, a principal


atividade das sociedades era o trabalho, sendo este muitas vezes considerado um fim
em si mesmo; enquanto o consumo, para grande parte da população, era algo
secundário e estava voltado à subsistência. Mediante os avanços da automação e o
grande aumento da produção de mercadorias, o consumo em larga escala foi oferecido
e incitado a todas as camadas sociais, mesmo que de forma hierárquica e segregativa.
Consumo, consumismo e identidade

Tendo citado o conceito de mercadoria, o próximo passo é compreender os significados


em torno do consumo, as diferenças entre consumo e consumismo e também como é
definida a construção da identidade e o reconhecimento da mesma. É comum diferenciar
consumo de consumismo através dos objetivos e critérios utilizados para a compra de
determinado produto.

As concepções de consumo relacionada ao útil e consumismo ao inútil, são provenientes


dos ideias de Karl Marx, valor de uso, valor de troca e fetiche; de maneira em que as
mercadorias teriam um valor simbólico além do valor de uso, e em alguns casos este
parece superar sua utilidade, como foi comentado no tópico anterior. Concluindo que
algumas compras serão feitas por utilidade enquanto outras, por fetiche.
Consumo, consumismo e identidade

Em uma sociedade denominada como consumista, os produtos não são feitos para
durar, mas sim para serem trocados por outros mais novos e atuais; o velho se tornou
sinônimo de defasado e impróprio para continuar sendo utilizado, devendo portando, ser
jogado na lata do lixo, assim como é citado no livro Admirável Mundo Novo que “Mais
vale dar fim que consertar.
A ligação entre consumo e os direitos da população

Para o antropólogo Néstor García Canclini, o consumo faz pensar e está relacionado a
uma maneira de exercer a cidadania, pois, de acordo com o autor, diversos fatores
fizeram com que as pessoas procurassem outras formas de cidadania que
aparentassem ser mais representativas do que as políticas hegemônicas.

Em sua forma de apresentar os fatos, de justificar os ocorridos e de expor modos de


ser e consumir, através da publicidade e da propaganda, ela destaca a importância do
consumo como forma de cidadania, identificação e distinção, influenciando,
principalmente, os mais pobres e menos instruídos.
De maneira geral, pode-se compreender o consumo como um fenômeno que tem
implicações sociais e individuais, por isso, o próximo passo é analisar o uso do
consumo como uma ferramenta de distinção social.
Consumo e divisão social

A perspectiva de Veblen considera que o consumo de mercadorias não tem ligação apenas à
satisfação de necessidades, mas à significação sociocultural atribuída a elas. Desta maneira, o
consumo serve para indicar o grau de riqueza e o status social que se tem. Logo, o consumo de
bens de luxo teria a função de separação e emulação social, ou seja, de mobilidade social para
cima. Vinculada à moda, a teoria da emulação explicaria a constante busca das pessoas por
elevarem ou sustentarem um nível social, a fim de que as tendências mudem sempre para que as
pessoas com menor poder aquisitivo não consigam acompanhar ou seguir a moda atual. Com isso,
essas pessoas passariam a consumir produtos de luxo para se inserirem em determinados grupos
ou se sentirem pertencentes a classes sociais mais ricas, enquanto a elite consumiria para se
destacar e não ser confundida com pessoas de outras classes.
A felicidade obtida através do consumo

Além de estar vinculado aos aspectos sociais (distinção, identidade e cidadania), o consumo também está
relacionado a um aspecto subjetivo, o qual também é construído socialmente, que é a felicidade. Na
impossibilidade de vivermos apenas momentos de alegria, há divergências sobre o que seria felicidade e
como ela deve ser alcançada.

Para Bauman, as promessas de felicidade da sociedade de consumo são enganadoras, pois promoveriam a
insatisfação dos consumidores, sendo esta uma condição necessária para sua manutenção. Os produtos
seriam fabricados com limitações previstas e prescritas, a fim de que os sujeitos tivessem que descartá-los
e substituí-los por outros.
Como a mídia, a indústria cultural e as ideologias influenciam a
ideia de consumo e consumismo

Para Thompson, “o uso dos meios de comunicação implica a criação de novas formas de ação e de
interação do mundo social, novos tipos de relações sociais e novas maneiras de relacionamento do
indivíduo com os outros e consigo mesmo”. Ademais, o efeito das formas simbólicas na origem ou
elaboração dessas novas formas de desempenho ou interação vai precisar dos meios técnicos
fornecidos no processo de transmissão cultural, que tornaria o processo no qual as formas de
simbolizar são propagadas dos produtores aos receptores.

Um outro conceito relevante para estudo da mídia é o conceito de "comunicação de massa”, que diz
respeito à “produção institucionalizada e difusão generalizada de bens simbólicos através da fixação e
transmissão de informação ou conteúdo simbólico” (THOMPSON, 1998, p. 32).
Como a mídia, a indústria cultural e as ideologias influenciam a
ideia de consumo e consumismo

Sob outra perspectiva, ainda de acordo com Thompson, o conceito do termo “comunicação e
massa” pode ser considerado enganador por deduzir um aspecto quantitativo, que se refere a um
alto número de pessoas que possuiriam acesso a conteúdo específico, o que é mito, pois alguns
programas, mesmo com grande possibilidade de grande alcance de audiência, são acessados um
pequeno e especializado volume de pessoas; e também por parecer se referir a montante de
pessoas, inertes e indiferenciados, o que também é uma inverdade, posto que, para ele, a tarefa de
recepção é dependente do contexto em que esse conteúdo é receptado, relacionando graus
diferentes de habilidades de atenção, prazer, criticidade, etc., de modo que “o processo de
recepção é uma atividade muito mais ativa, criativa, e crítica do que muitos analistas estão
inclinados a supor” (THOMPSON, 1995, p. 320).
Como a mídia, a indústria cultural e as ideologias influenciam a
ideia de consumo e consumismo

Em vista disso, diversos fatores estão envolvidos na forma como as pessoas utilizam
essas informações que são propagadas por diversas mídias, a partir de condições
individuais, e nível de desenvolvimento crítico de cada um, a condições
socioeconômicas, com a comunicação que mantém com essa tecnologia. É
perceptível que a mídia produz gostos e escolhas que envolvem o imaginário social,
precisamente por se moldarem a valores dos dias atuais, como cultuar o novo, ao
prazer, à rapidez e à informação. Contudo, essas imagens não afetam a todos de
forma uniforme. Cada um elabora seus próprios sentidos em volta do que escuta e
olha, mesmo assim não deixam de estar envolvidos aos valores que são defendidos
pelos grupos no qual faz parte.
Como a mídia, a indústria cultural e as ideologias influenciam a
ideia de consumo e consumismo

Nas sociedade do consumo, segundo Baudrillard (2014), são elaborados sistemas de


necessidades que incentivam e certificam os exageros consumistas em nome do
desenvolvimento econômico e da falsa percepção que proporciona a democratização do
consumo e, por consequência, a construção de uma sociedade que da exuberância e
conforto para todos.

Além do que, vale ressaltar que o consumo é um modo de identificação, reconhecimento,


afirmação e comunicação, dessa forma, seria tolice considerar os consumidores só como
vítimas dessa sociedade ou sendo usadas por esse sistema. Além da influência dos meios
que incentivam e proporcionam o consumo, essa cultura não se matem apenas pelo esforço
das indústrias e dos meio de comunicação de massa, apesar do desejo latente e de certa
maneira, consciente, da população de fazerem parte dessa sociedade e de serem vistas e
reconhecidas pela mesma.
Referências Bibliográficas

PEREIRA, Agostinho Oli Koppe; HORN, Luiz Fernando Del Rio. Relações de consumo consumismo. Editora da
Universidade de Caxias do Sul. Disponível em:
<Sem título-1 (ucs.br)> acesso em 19 de Agosto de 2022.

AGUIAR, Débora Cristina Vasconcelos; NASCIMENTO, Francisca Denise Silva. Consumo, consumismo e seus
aspectos transversais: uma revisão de literatura. Revista de Ciências Humanas, Florianópolis. v.52. 2018. DOI:
10.5007/2178-4582.2018.54740. Disponível em:
<https://scholar.archive.org/work/xvbjzkbfvfaw7ardcys5ucblxi/access/wayback/https://periodicos.ufsc.br/in
dex.php/revistacfh/article/download/2178-4582.2018.e54740/40084> acesso em 20 de Agosto de 2022.

RUANO, Eduardo. A Era da Liquidez: Parte IV (Consumo Líquido). La Parola. 13 de Agosto de 2015. Disponível
em <Consumo Líquido, por Zygmunt Bauman - La Parola> acesso em 19 de Agosto de 2022.

Você também pode gostar