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24 de Agosto de 2022
Introdução
O presente trabalho objetiva discorrer sobre aspectos que fazem parte e permeiam os fenômenos
da constante criação de novos produtos, do consumo e do consumismo, tais como mercadoria,
identidade, cidadania, distinção, felicidade, mídia e ideologia, segundo percepções de diferentes
sociólogos e filósofos, como Zygmunt Bauman, Karl Marx, Néstor García Canclini,Thorstein
Veblen, John B Thompson e Jean Baudrillard.
A relação entre mercadoria e consumo
Ao falar de mercadoria, podemos relacionar o pensamento de Karl Marx, onde ele diz
que as riquezas da sociedade capitalista podem ser compreendidas como uma enorme
coleção de mercadorias. De acordo com Marx “a mercadoria é antes de tudo, um
objeto externo, umas coisa que, por meio de suas propriedades, satisfaz necessidades
humanas de um tipo qualquer”; o autor afirma que a mercadoria possui dois tipos de
valores: o de uso (referente à qualidade) e de troca (referente à quantidade) ou forma
de valor.
Em uma sociedade denominada como consumista, os produtos não são feitos para
durar, mas sim para serem trocados por outros mais novos e atuais; o velho se tornou
sinônimo de defasado e impróprio para continuar sendo utilizado, devendo portando, ser
jogado na lata do lixo, assim como é citado no livro Admirável Mundo Novo que “Mais
vale dar fim que consertar.
A ligação entre consumo e os direitos da população
Para o antropólogo Néstor García Canclini, o consumo faz pensar e está relacionado a
uma maneira de exercer a cidadania, pois, de acordo com o autor, diversos fatores
fizeram com que as pessoas procurassem outras formas de cidadania que
aparentassem ser mais representativas do que as políticas hegemônicas.
A perspectiva de Veblen considera que o consumo de mercadorias não tem ligação apenas à
satisfação de necessidades, mas à significação sociocultural atribuída a elas. Desta maneira, o
consumo serve para indicar o grau de riqueza e o status social que se tem. Logo, o consumo de
bens de luxo teria a função de separação e emulação social, ou seja, de mobilidade social para
cima. Vinculada à moda, a teoria da emulação explicaria a constante busca das pessoas por
elevarem ou sustentarem um nível social, a fim de que as tendências mudem sempre para que as
pessoas com menor poder aquisitivo não consigam acompanhar ou seguir a moda atual. Com isso,
essas pessoas passariam a consumir produtos de luxo para se inserirem em determinados grupos
ou se sentirem pertencentes a classes sociais mais ricas, enquanto a elite consumiria para se
destacar e não ser confundida com pessoas de outras classes.
A felicidade obtida através do consumo
Além de estar vinculado aos aspectos sociais (distinção, identidade e cidadania), o consumo também está
relacionado a um aspecto subjetivo, o qual também é construído socialmente, que é a felicidade. Na
impossibilidade de vivermos apenas momentos de alegria, há divergências sobre o que seria felicidade e
como ela deve ser alcançada.
Para Bauman, as promessas de felicidade da sociedade de consumo são enganadoras, pois promoveriam a
insatisfação dos consumidores, sendo esta uma condição necessária para sua manutenção. Os produtos
seriam fabricados com limitações previstas e prescritas, a fim de que os sujeitos tivessem que descartá-los
e substituí-los por outros.
Como a mídia, a indústria cultural e as ideologias influenciam a
ideia de consumo e consumismo
Para Thompson, “o uso dos meios de comunicação implica a criação de novas formas de ação e de
interação do mundo social, novos tipos de relações sociais e novas maneiras de relacionamento do
indivíduo com os outros e consigo mesmo”. Ademais, o efeito das formas simbólicas na origem ou
elaboração dessas novas formas de desempenho ou interação vai precisar dos meios técnicos
fornecidos no processo de transmissão cultural, que tornaria o processo no qual as formas de
simbolizar são propagadas dos produtores aos receptores.
Um outro conceito relevante para estudo da mídia é o conceito de "comunicação de massa”, que diz
respeito à “produção institucionalizada e difusão generalizada de bens simbólicos através da fixação e
transmissão de informação ou conteúdo simbólico” (THOMPSON, 1998, p. 32).
Como a mídia, a indústria cultural e as ideologias influenciam a
ideia de consumo e consumismo
Sob outra perspectiva, ainda de acordo com Thompson, o conceito do termo “comunicação e
massa” pode ser considerado enganador por deduzir um aspecto quantitativo, que se refere a um
alto número de pessoas que possuiriam acesso a conteúdo específico, o que é mito, pois alguns
programas, mesmo com grande possibilidade de grande alcance de audiência, são acessados um
pequeno e especializado volume de pessoas; e também por parecer se referir a montante de
pessoas, inertes e indiferenciados, o que também é uma inverdade, posto que, para ele, a tarefa de
recepção é dependente do contexto em que esse conteúdo é receptado, relacionando graus
diferentes de habilidades de atenção, prazer, criticidade, etc., de modo que “o processo de
recepção é uma atividade muito mais ativa, criativa, e crítica do que muitos analistas estão
inclinados a supor” (THOMPSON, 1995, p. 320).
Como a mídia, a indústria cultural e as ideologias influenciam a
ideia de consumo e consumismo
Em vista disso, diversos fatores estão envolvidos na forma como as pessoas utilizam
essas informações que são propagadas por diversas mídias, a partir de condições
individuais, e nível de desenvolvimento crítico de cada um, a condições
socioeconômicas, com a comunicação que mantém com essa tecnologia. É
perceptível que a mídia produz gostos e escolhas que envolvem o imaginário social,
precisamente por se moldarem a valores dos dias atuais, como cultuar o novo, ao
prazer, à rapidez e à informação. Contudo, essas imagens não afetam a todos de
forma uniforme. Cada um elabora seus próprios sentidos em volta do que escuta e
olha, mesmo assim não deixam de estar envolvidos aos valores que são defendidos
pelos grupos no qual faz parte.
Como a mídia, a indústria cultural e as ideologias influenciam a
ideia de consumo e consumismo
PEREIRA, Agostinho Oli Koppe; HORN, Luiz Fernando Del Rio. Relações de consumo consumismo. Editora da
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