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DOUTRINA JURÍDICA

Maria Cláudia da Silva Antunes de Souza DOUTORA E MESTRE EM DIREITO


Cesar Luiz Pasold DOUTOR EM DIREITO PELA USP 

A SOCIEDADE E OS RISCOS DO
CONSUMISMO 1

I
É inegável a importância do consumo para o sistema
econômico e social, porém a cultura do excesso deve
dar lugar ao equilíbrio e à reflexão 

O
s objetivos perseguidos para a compo- 1. SOCIEDADE DE CONSUMO
sição deste texto são dois: Na atualidade, o consumo se tornou o foco
1º. homenagear a memória do pro- da vida social. Práticas sociais, valores cultu-
fessor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, rais, ideias, aspirações e identidades são defi-
reitor da Universidade Federal de San- nidas e orientadas em relação ao consumo em
ta Catarina, cujo falecimento, no ano de 2017, vez de outras dimensões sociais como traba-
enlutou e muito entristeceu especialmente lho, cidadania e religião.
toda a comunidade científica brasileira, mor- Para esta pesquisa será adotada a termi-
mente àqueles que adotam como ética básica nologia “sociedade de consumo” no sentido
de pesquisa o inarredável compromisso da ci- de apontar a sociedade contemporânea como
ência com a busca da verdade, bem como com sendo a dimensão singularizada do consumo.
o cumprimento da função social e cultural do Neste contexto, ela engloba características so-
ensino, da pesquisa e da extensão. Aqui, é ne- ciológicas para além do commodity sign, tais
cessário bradar que as estranhas circunstân- como “consumo de massas e para as massas,
cias que o levaram ao suicídio são um podero- alta taxa de consumo e descarte de mercado-
so estímulo à nossa intransigente e incessante rias per capita, presença de moda, sociedade
defesa da democracia, mormente dos direitos de mercado, sentimento permanente de insa-
fundamentais, e deles, em especial, o do devido ciabilidade e o advento do consumidor como
processo legal e da ampla defesa, tão grave- um de seus principais personagens sociais”2.
mente desrespeitados no lamentável episódio; Cancellier de Olivo3 pontifica que “a ideia
2º. tratar da categoria sociedade de riscos de uma sociedade de consumo representaria,
– e sua variação mor, a sociedade de consumo em termos de modernidade, a consagração do
– sob aporte multi e interdisciplinar, ofertan- ideal da liberdade individual”.
do estímulos a reflexões teórico-práticas so- Não se nega o papel central do consumo
bre meio ambiente e suas diversas e delicadas para o funcionamento adequado do sistema
nuances. econômico e social, porém é necessário mu-

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Maria Cláudia de Souza / Cesar Luiz Pasold DOUTRINA JURÍDICA

É salutar diferenciar consumismo de consumerismo.


O primeiro é o consumo excessivo, a compra por
impulso. O segundo é o consumo controlado

dar a cultura do excesso, do esbanjamento, do Pode-se ponderar que o surgimento das


luxo desnecessário e parasitário, que desequi- grandes invenções tecnológicas guarda simul-
libra gravemente a capacidade de produção taneidade com o momento da mudança da
de bens e serviços ambientais em relação às relação do homem para com a necessidade e
demandas reais e necessárias, não às criadas anseio de adquirir bens e produtos. Segundo
artificialmente pela ganância humana4. Lívia Barbosa:
É salutar diferenciar consumismo de con- As principais invenções mecânicas da indústria de
sumerismo. O primeiro é o consumo excessi- tecidos, cabeça de lança da industrialização, só
apareceram a partir da década de 1780, embora a
vo, que leva a pessoa a comprar por impulso, indústria de roupas já funcionasse a pleno vapor,
adquirindo produtos e serviços desnecessá- fundada no trabalho externo ou doméstico dos
rios. O segundo é o consumo controlado, no artesãos, permanecendo com essa estrutura pro-
dutiva até a década de 1830. O mesmo se refere
qual a pessoa adquire conforme as suas neces- à indústria de brinquedos, cujas inovações tecno-
sidades. É vital para a sociedade refletir a esse lógicas só vieram a afetá-la depois de plenamente
respeito e criar o equilíbrio entre consumi- estabelecida.7
dores, produtores e distribuidores5, visando
à preservação do meio ambiente, bem como Contudo, como propõe Lívia Barbosa, “não
à participação nas decisões econômicas e so- foram essas invenções que criaram as condi-
ciais que afetam os consumidores. ções materiais para as pessoas consumirem
De maneira distinta do consumo, que é ba- mais”8. Zygmunt Bauman9 e Colin Campbell10
sicamente uma característica e uma ocupação comentam que a fase de consumo exacerbado
dos seres humanos como indivíduos, o consu- da sociedade contemporânea é caracterizada
mismo é um atributo da sociedade. “Para que e tem origem na primazia da emoção e do de-
uma sociedade adquira esse atributo, a capa- sejo, o que faz com que se procure mais a gra-
cidade profundamente individual de querer, tificação destes do que a satisfação de necessi-
desejar e almejar deve ser, tal como a capaci- dades11. Além disso, há ainda o individualismo,
dade de trabalho na sociedade de produtores, que “atribui um valor extraordinário ao direi-
destacada (alienada´) dos indivíduos”6. to dos indivíduos de decidirem por si mesmos
Os hábitos consumistas são cada vez maio- que bens e serviços desejam obter”12.
res na sociedade contemporânea. Aliás, em seu livro intitulado Manifesto do
O consumismo traduz-se, muitas vezes, Povo, Wilson Rio Apa é peremptório ao afir-
no costume de se comprar aquilo que não se mar que “a origem direta da cultura urbana é
precisa com o dinheiro que não se tem, o que o mercado”13.
conduz ao denominado endividamento. Este A busca individualista pelo prazer de ter
fenômeno ocorre não raro por causa das faci- seus desejos satisfeitos gera total desequi-
lidades de crédito que as instituições finan- líbrio na forma de vida do homem, uma vez
ceiras concedem sem colocar entraves ope- que “enquanto as necessidades de uma pes-
racionais, mas com taxas de juros altíssimas. soa podem ser objetivamente estabelecidas,
Contudo, não se pode atribuir a culpa de se os [...] desejos podem ser identificados apenas
ter uma sociedade consumista à publicidade subjetivamente”. Sendo assim, “o desejo dos
que incentiva tal comportamento. Tais hábi- consumidores é experimentar na vida real os
tos são muito mais ocasionados pela forma- prazeres vivenciados na imaginação, e cada
ção da sociedade e a complexidade de suas novo produto é percebido como oferecendo
ações. uma possibilidade de realizar essa ambição”14.

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A SOCIEDADE E OS RISCOS DO CONSUMISMO

E, como tal anseio em grande parte das ve- nados não trazem nenhuma segurança ou dão
zes não é alcançado, justamente em função da qualquer senso de direção, ela sente um vazio
ideologia consumista, da dinâmica de merca- interior, medo, e sua reação natural é procurar
do e da chamada democratização do consumo, outras pessoas. O indivíduo espera que os ou-
a velocidade com que os estilos se alteram di- tros possam lhe dar um senso de direção ou
minui a vida útil dos produtos, fazendo com pelo menos algum conforto na compreensão
que um bem recém-adquirido se torne obso- de que não está sozinho no seu medo. Assim, o
leto15, defasado e condenado à substituição sentimento de “vazio e solidão são duas fases
sem ao menos ter perdido sua utilidade16. Por da mesma experiência básica de ansiedade”21.
conseguinte, é possível constatar que: Além disso, a perda do contato do homem
[O] espírito do consumismo moderno ‘é tudo, me- com a natureza e o apoio das instituições na
nos materialista’. Se os consumidores desejassem continuação da cultura do consumo fez com
realmente a posse material dos bens, se o prazer
estivesse nela contido, a tendência seria a acumu- que os indivíduos acreditassem ser senhores
lação dos objetos, e não o descarte rápido das de si, independentes e alheios ao meio am-
mercadorias e a busca por algo novo que possa biente. É possível notar que não há real exis-
despertar os mesmos mecanismos associativos.17
tência de “um universo no qual predomina a
O problema, então, encontra-se na forma- autonomia de escolha e a soberania do consu-
22
ção e nos princípios do indivíduo. Nos dias de midor” , como preconizam as propagandas e
hoje, os compradores consomem apenas com os vendedores. De acordo com Lívia Barbosa:
o intuito de satisfazer seus O poder de escolha do indi-
desejos18 e o mercado sabe Não há real víduo na esfera do consumo
que “o preço que o potencial nas sociedades pós-tradicio-
existência de um
consumidor em busca de sa- nais tem sido campo de deba-
universo no qual te sobre a sua real liberdade
tisfação está preparado para
pagar pelas mercadorias em predomina a livre de escolha ou submissão a
oferta dependerá da credibi- escolha do interesses econômicos maio-
res que se escondem por trás
lidade dessa promessa e da consumidor
intensidade desses desejos” . 19 do marketing e da propagan-
O homem pós-moderno, na sua maioria, de- da. Será o consumo uma arena de liberdade e
senvolveu um perfil a partir do que os outros escolha ou de manipulação e indução? Terá o
pensam dele. Manifesta muitas vezes aquilo consumidor efetivamente escolha? Ele é súdi-
que deveria querer – como conseguir um em- to ou soberano, ativo ou passivo, criativo ou
determinado? 23
prego, obter determinada titulação, apaixo-
nar-se, casar-se e ter uma família –, mas isso Ademais, levando-se em conta a teoria con-
é uma mera descrição do que os outros (pais, tratualista, segundo a qual os homens devem
amigos, familiares) esperam dele ao invés dos renunciar a certas vontades e realizar deter-
24
seus próprios desejos20. Aqui, percebe-se um minados atos em prol do bem comum na
fenômeno interessante: este mesmo homem, vida em sociedade, a liberdade de escolha e a
de outra parte, cultiva e pratica predominan- autonomia do consumidor não seriam abso-
temente o egoísmo e a inveja, ambos frutos do lutas, posto que muitas vezes podem ferir di-
orgulho. reitos de outros cidadãos. Em uma sociedade
Talvez por isso mesmo, há uma sensação de consumo, Hegel exalta a educação como a
de vazio e de insatisfação que acaba por ge- tarefa de não apenas
rar, irresistivelmente, o sentimento de solidão. tomar as medidas necessárias para que o desen-
volvimento natural e espiritual transcorra, tanto
Quando uma pessoa não sabe com convicção o quanto possível, sem entraves, mas, também, para
que quer ou sente, quando, no período de uma que a vida individual e comunitária seja conduzida
mudança traumática, percebe que os desejos a sua mais elevada perfeição num discurso refle-
tido, num pensamento penetrante e numa ação
convencionais e objetivos que lhe foram ensi- conforme à razão.25

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Maria Cláudia de Souza / Cesar Luiz Pasold DOUTRINA JURÍDICA

A grande dicotomia que contribui para a A sustentabilidade está em estreita relação


composição do pano de fundo do consumismo com as necessidades humanas a fim de aten-
pode ser considerada como descreve – a nosso der de forma igualitária e satisfatória a todos.
juízo, muito apropriadamente – Paulo Ernan- Diferentemente da lógica dos desejos predo-
dorena, nestes termos: minante na sociedade de consumo, o princípio
Paralelamente à crença de que o progresso ilimita- da sustentabilidade consiste em uma propos-
do resolverá todos os problemas da humanidade, ta axiológica para os problemas que assom-
vive-se – como desde o auge da guerra fria não se
tinha registro – o medo da extinção do planeta, em bram a humanidade em escala global.
decorrência da finitude dos recursos naturais, da Nesta sociedade, o consumo desmedido e
degradação ambiental sem precedentes e das mu- impensado e a exasperação da moda levam a
danças climáticas que já ameaçam a vida na terra.26
uma alta taxa de descarte de mercadorias30.
Posto que todo homem tem o dever de pre- A obsolescência programada, quando o fa-
servar o meio ambiente para garantir a per- bricante antecipa “o envelhecimento de um
31
petuação da espécie humana e de todas as produto” , ou seja, programa “quando deter-
outras, bem como do próprio planeta, é essen- minado objeto vai deixar de ser útil e parar
cial o conhecimento de como fazê-lo, e, nesta de funcionar, apenas para aumentar o consu-
32
situação, o saber une-se ao fazer. Será, então, mo” , é apenas um exemplo das táticas para
por meio dela que as presentes e futuras ge- garantir a compra constante de bens que mo-
rações poderão ter seus direitos assegurados, vimenta o mercado.
em especial os direitos a um Dessa forma, e “com a popularização e a
meio ambiente ecologicamen- imitação dos bens de luxo, a
A obsolescência questão nas sociedades de
te equilibrado e à sadia quali-
dade de vida. programada é consumo modernas é mui-
Aliás, como pontua Renato apenas um exemplo to mais de legitimidade e de
27
Nalini , “o homem não agride conhecimento sobre como
das táticas para
a natureza sem se autoagre- usar do que o que está sendo
garantir a compra usado”33. O comprador não
dir”, e, portanto, “se a destrói,
inconscientemente está a se constante de bens está mais atento à qualidade
destruir”. e durabilidade do produto
que compra, ele o adquire, como visto ante-
2. A (IN)SUSTENTABILIDADE NA riormente, com o objetivo de satisfazer seus
SOCIEDADE DE CONSUMO desejos.
Nas palavras de Cancellier de Olivo , “a so-28 Antes da transição da sociedade tradicional
ciedade em redes tende a se tornar o paradigma para a sociedade de consumo, havia o chama-
dominante, pois tem como base de produção do consumo de pátina:
bens imateriais (informação e conhecimento, A pátina é a marca do tempo deixada nos objetos,
indicando que pertencem e são usados pela mes-
por exemplo), está implícito que a produção ma família há gerações. A pátina está ligada a um
dos recursos naturais está cada vez mais es- ciclo de vida mais longo do objeto e dependendo
cassa”. E, pois, uma economia calcada no indus- do mesmo, conferia e ainda confere tradição, no-
breza, enfim, status aos seus proprietários.34
trialismo necessariamente teria que, em algum
momento, ver suas possibilidades esgotadas. Hoje, entretanto, vive-se o consumo de
Para Klaus Bosselmann, em sua obra O moda. Nas palavras de Gilles Lipovetsky, “a
Princípio da Sustentabilidade: moda, que caracteriza o consumo moder-
Na sua forma mais elementar, a sustentabilidade no, ao contrário da pátina, é um mecanismo
reflete a pura necessidade. O ar que respiramos,
a água que bebemos, os solos que fornecem o social expressivo de uma temporalidade de
nosso alimento são essenciais para nossa sobre- curta duração, pela valorização do novo e do
vivência. A regra básica da existência humana é individual. Ela é o ‘império do efêmero’”35. A
manter a sustentabilidade das condições de vida
de que depende.29 durabilidade é desvalorizada e a adjetivação

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A SOCIEDADE E OS RISCOS DO CONSUMISMO

“velho” igualada a “defasado”, “impróprio para sistemas, todos eles aninhados dentro de sistemas
maiores, em um sistema hierárquico que coloca
continuar sendo utilizado” e “destinado à lata os maiores acima dos menores, à maneira de uma
de lixo”36. A insatisfação dos desejos instáveis pirâmide. Mas isso é uma projeção humana. Na
e rapidamente mutáveis do consumidor o leva natureza, não há “acima” ou “abaixo”, não há hie-
rarquias. Há somente redes aninhadas dentro de
a descartar os objetos que comprou com a pro- outras redes40.
messa de cumprir esta tarefa37.
É pela alta taxa de desperdício, e pela de- Diante das inúmeras projeções e conceitos
crescente distância temporal entre o brotar e distorcidos pelo ser humano é elementar a ne-
o murchar do desejo, que o fetichismo da sub- cessidade de tomada de consciência do lugar
jetividade se mantém vivo e digno de crédito, que ele ocupa no planeta para que não se dei-
apesar da interminável série de desaponta- xe influenciar pelas culturas insustentáveis e
mentos que ele causa. A sociedade de consu- venha a prejudicar o meio ambiente e as futu-
midores é impensável sem uma florescente in- ras gerações.
dústria de remoção do lixo. Não se espera dos O que isto implica é o fato de que o vínculo
consumidores que jurem lealdade aos objetos entre uma percepção ecológica do mundo e o
que obtêm com a intenção de consumir38. comportamento correspondente não é uma co-
Vê-se com apenas esta situação ocasionada nexão lógica, mas psicológica. A lógica não nos
pela cultura do consumo que o meio ambiente persuade de que deveríamos viver respeitando
e os direitos individuais estão comprometidos. certas normas, uma vez que somos parte inte-
O consumismo dirigido para o mercado tem uma gral da teia da vida. No entanto, se temos a per-
receita para enfrentar este tipo de inconveniência: cepção, ou a experiência ecológica profunda de
a troca de uma mercadoria defeituosa, ou apenas
imperfeita e não plenamente satisfatória, por uma sermos parte da teia da vida, então estaremos
nova e aperfeiçoada. A receita tende a ser reapre- (em oposição a deveríamos estar) inclinados a
sentada como um estratagema a que os consu- cuidar de toda a natureza viva41.
midores experientes recorrem automaticamente
de modo quase irrefletido a partir de um hábito Tal visão sistêmica de teia, de Fritjof Capra,
aprendido e interiorizado; afinal de contas, nos de um todo interligado, pode também ser en-
mercados de consumidores-mercadorias, a neces- contrada no conceito de sustentabilidade de
sidade de substituir objetos de consumo “defasa-
dos”, mesmo que plenamente satisfatórios ou não John Elkington, autor de Canibais com Garfo e
mais desejados, está inscrita no design dos produ- Faca. Para ele, a sustentabilidade possui defini-
tos e nas campanhas publicitárias calculadas para ção extremamente complexa, que abrange dife-
o crescimento constante das vendas.
rentes dimensões, por ser “o princípio que asse-
Ademais, a curta expectativa de vida de um pro-
duto na prática e na utilidade proclamada está in- gura que nossas ações de hoje não limitarão a
cluída na estratégia de marketing e no cálculo de gama de opções econômicas, sociais e ambien-
lucros, já que tende a ser preconcebida, prescrita e tais disponíveis para as futuras gerações”42.
instilada nas práticas dos consumidores mediante
a apoteose das novas ofertas (de hoje) e a difama- E é precisamente a necessidade de garantir
ção das antigas (de ontem)39. as opções, sobrevivência e a própria autono-
mia de escolha das futuras gerações, auto-
A insaciabilidade dos desejos supérfluos nomia esta tão usada como justificativa do
do homem contemporâneo gera toneladas de consumo indeliberado, que faz imprescindível
lixo que devem ser removidas e que muitas uma abordagem sistêmica da educação, prin-
vezes não têm o devido fim, acarretando enor- cipalmente em uma sociedade do consumo na
me ônus ao planeta e a todas as espécies. As- qual se observa uma enorme discrepância en-
sim, é possível constatar, que, como já exposto tre a tutela e a importância dada às diferentes
por Fritjof Capra, tudo está relacionado e cada dimensões da sustentabilidade.
ação tem uma reação, o homem vive em uma A crise deste modelo é que possibilita, se-
grande teia: gundo o modelo defendido por Luiz Carlos
Em outras palavras, a teia da vida consiste em re- Cancellier de Olivo, o surgimento da regloba-
des dentro de redes. Em cada escala, sob estreito
e minucioso exame, os nodos da rede se revelam lização, cujos fundamentos são diferenciados
como redes menores. Tendemos a arranjar esses dos dois momentos anteriores. O conceito de

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Maria Cláudia de Souza / Cesar Luiz Pasold DOUTRINA JURÍDICA

reglobalização utilizado no estudo quer sig- vivemos em uma sociedade alienada, sem um
nificar o rompimento com a forma neoliberal mínimo de conscientização, onde o consumo
excludente de globalização43. e o desperdício formam um ciclo vicioso e as
A sociedade necessita urgentemente sair vítimas são os próprios seres humanos e toda
desta crise, que não é apenas ecológica, mas, forma de vida existente”.
sobretudo, uma crise de valores e de vínculos, Com o avanço da tecnologia é possível
que distancia e desvincula os seres humanos informar cada vez mais o cidadão sobre os
da natureza na busca obstinada do progresso produtos e serviços utilizados. Contudo, há
a qualquer custo. Sabe-se que uma das princi- necessidade de uma melhor estruturação dos
pais consequências da crise de valores é a fal- sistemas de monitoramento, por meio do Es-
ta de solidariedade, e também de preocupação tado e do setor privado.
com os bens da coletividade e, principalmen- Para que ocorra a transformação da re-
te, de exercício de uma cidadania ativa. alidade social em busca de um consumismo
Aliás, é cada vez mais urgente “uma clara sustentável, deve-se observar a intervenção es-
parceria entre os Estados, os governos, socie- tatal no estabelecimento de regramentos ao po-
dade e negócios econômicos, no sentido de der econômico, como a legislação da rotulagem
concretizar-se uma governança ecológica que no Brasil e União Europeia. Todavia, enquanto
proporcione uma gestão para todos os seres não se reduzem as desigualdades sociais e a
que compõem o ecossistema”44. concentração do capital na mão de poucos, to-
E, no que concerne especificamente ao dos os esforços não serão suficientes. Portanto,
Estado, mister se faz atentar para a lição de a mudança depende de todos. Logicamente, os
Telmo Ribeiro45 e ainda praticá-la, segundo a pequenos gestos podem não ser suficientes,
qual o Estado é um agente social, um instru- mas deve-se ter um ponto de partida, cabendo a
mento de trabalho, um meio de servir. A fun- cada um tomar uma atitude, para que se possa
ção do Estado é servir ao homem. Portanto, em um futuro próximo melhorar a qualidade
deve o homem servir-se do Estado e não este de vida em prol da sustentabilidade social52.
se servir daquele. No atual estágio de evolução da sociedade,
o ser humano, ao mesmo tempo que demons-
3. A SOCIEDADE CONSUMISTA E OS tra uma impressionante capacidade técnica e
ENTRAVES PARA A SUSTENTABILIDADE46 científica, também confessa uma impotência
A sociedade contemporânea é caracterizada grandiosa em termos de convívio civilizado.
pela existência de paradoxos e contradições. A A busca inconsequente por bem-estar e feli-
constante presença de novas tecnologias pro- cidade em razão de padrões irresponsáveis de
move um permanente repensar nas maneiras de produção e consumo contribui decisivamente
agir, de pensar, e acaba, igualmente, por promo- para a crise ecológica global53.
ver possibilidades até então não disponíveis47. Trata-se da consolidação de uma sociedade
Luiz Olivo acentua que a inovação tecno- em situação periclitante de risco pluridimen-
lógica48, a virtualidade e o padrão em rede sional, na qual a insegurança e a imprevisibi-
constituem a base da produção globalizada da lidade consubstanciam o componente básico
economia, que na sociedade reglobalizada é e a única certeza decorrente das condutas hu-
redirecionada para a solidariedade, a integra- manas na atualidade54.
ção e o desenvolvimento sustentável49. A atual sociedade de riscos é a consequência
A tecnologia, desse modo, opera uma constan- ou o resultado do modelo de produção indus-
te transformação da sociedade, agindo massiva- trial e do consumo. Não se nega a importância
mente sobre os indivíduos e gerando comunica- do consumo para o funcionamento adequado
ções. Assim, promove inovações e possibilidades do sistema econômico e social, porém o que pre-
comunicativas até então indisponíveis50. cisa mudar é a cultura do excesso, do esbanja-
Alesson Cardoso e Charles Armada são pe- mento, do luxo desnecessário e parasitário, que
remptórios51 ao afirmar que “hodiernamente desequilibra gravemente a capacidade de pro-

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A SOCIEDADE E OS RISCOS DO CONSUMISMO

dução de bens e serviços ambientais em relação lhante à evolução que a física sofreu no século
às demandas reais e necessárias, não às criadas 20, com o desvendar da física quântica58. A cri-
artificialmente pela ganância humana55. se que se vivencia não é meramente de indiví-
É crucial para a sociedade refletir e criar o duos, governos ou instituições sociais, é uma
equilíbrio entre consumidores, produtores e dis- transição de dimensões planetárias, com pro-
tribuidores, visando à preservação do meio am- fundas transformações das instituições, dos
biente, bem como, participar nas decisões eco- valores e das ideias.
nômicas e sociais que afetam os consumidores.
O consumo excessivo que leva a pessoa a gastar CONSIDERAÇÕES FINAIS
por impulso, adquirindo produtos e serviços Neste relato de pesquisa, que efetuamos
desnecessários, caracteriza-se como consumis- sob a égide da ciência em perspectiva multi e
mo, mas o que se deve buscar é o consumerismo, interdisciplinar, cuidou-se de examinar a so-
que é o consumo controlado, em que a pessoa ciedade de riscos em que a humanidade vive
consome consoante as suas necessidades. já de algum tempo, entregando-se a um de-
Não se pode atribuir toda a culpa de se ter senfreado consumismo, e sendo predadora do
uma sociedade consumista à publicidade nem meio ambiente e ofensora dos valores básicos
ao marketing que incentivam a tal comporta- da vida coletivamente comprometida com o
mento; estes hábitos ficam muito mais a dever à legítimo bem comum.
formação da sociedade, pois eles são mais carac- O comportamento da sociedade consumis-
terísticos em umas culturas do que em outras. ta hodierna, descrito ao longo de todo este
A sociedade necessita e deve ter um projeto texto, requer e comprova a absoluta e indiscu-
de civilização revolucionário e estratégico para tível necessidade impostergável de mudança
o presente e o futuro, pautado na cons­ciência do arquétipo dos indivíduos da contempora-
crítica da finitude dos bens ambientais e na res- neidade para sua vida em sociedade.
ponsabilidade global e solidária, na defesa e me- É fundamental uma urgente recomposição
lhora contínua de toda a comunidade e dos ele- do tratamento que vem sendo conferido ao
mentos que lhe dão sustentação e viabilidade56. meio ambiente.
Necessita-se urgentemente sair da crise Há uma pressuposição fundamental para
atual, que não é apenas ecológica mas de va- que se logre êxito neste mister.
lores e de vínculos, que distancia e desvincula É necessário que ocorra uma urgente e só-
os seres humanos da natureza na busca obs- lida alteração das relações consumistas, para
tinada do resultado a qualquer custo. Sabe-se que se torne – em breve prazo – sustentada
que uma das principais consequências desta em valores coletivos fundamentais que con-
crise é também a falta de solidariedade, de templem o incondicional respeito à vida, de
preocupação com os bens da coletividade e do modo que as ações da humanidade passem a
exercício de uma cidadania ativa. ser efetivamente em favor do espaço!
Esta crise é uma oportunidade de mudança Como dito no preâmbulo, o texto que ora se
positiva, não apenas potencial, mas também encerra foi composto em homenagem à memó-
real, já que a história demonstra que grandes ria e tomando como referência a vida e a obra do
civilizações surgiram em resposta à ameaça professor doutor Luiz Carlos Cancellier de Olivo,
ou do desafio à ordem estabelecida57, exigindo especialmente seu livro “Reglobalização do Esta-
troca de paradigma no modo de pensar, seme- do e da Sociedade em Rede na Era do Acesso”. n

Notas
1.  Esta pesquisa foi objeto de discussão no Insular, 2018, p. 237-253. Jorge Zahar Editor, 2004, p. 08.s: Fundação
capítulo 11 da obra Direito, Políticas Públicas 2.  Sobre o tema indica-se a obra: BARBOSA, Boiteux, 2014, p. 64.
e Sociedade: homenagem ao professor Luiz Lívia. Sociedade de consumo. Rio de Janeiro: 4.  BODNAR, Zenildo. O cidadão consumidor e
Carlos Cancellier de Olivo. BALTHAZAR, Ubal- Jorge Zahar Editor, 2004, p. 08. a construção jurídica da sustentabilidade. In:
do Cesar; PILLATI, José Isaac; MOTA, Sergio 3.  Sobre o tema indica-se a obra: BARBOSA, PILAU SOBRINHO, Liton Lanes; SILVA, Rogério.
Ricardo Ferreira (Org.). Florianópolis: Editora Lívia. Sociedade de consumo. Rio de Janeiro: Consumo e sustentabilidade. Passo Fundo:

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Maria Cláudia de Souza / Cesar Luiz Pasold DOUTRINA JURÍDICA

Edusp, 2012, p. 32. ter, veja: PASOLD, Cesar Luiz. Função social do tentável. In: MACHADO, José Carlos; SOUZA,
5.  Sobre o tema recomenda-se a leitura da Estado Contemporâneo. 4. ed. rev. ampl. Ita- Maria Cláudia Antunes de; RUSCHEL, Caroline
produção intelectual: SOUZA, Maria Cláudia da jaí/SC: Univali, 2013. Ebook– acesso gratuito: Vieira. Produção Científica CEJURPS. Itajaí:
Silva Antunes de; SOUZA, Greyce Kelly Antunes http://siaiapp28.univali.br/LstFree.aspx Universidade do Vale do Itajaí, 2017, p. 565.
de. Sustentabilidade e sociedade de consumo: 25.  PLEINES, Jürgen Eckardt. Coleção de Edu- 45.  OLIVO; PASOLD. Op. cit., p. 78.
avanços e retrocessos. In: SOUZA, Maria Cláudia cadores: Friedrich Hegel. Recife: Massangana, 46.  Parte desta pesquisa foi objeto de refle-
da Silva Antunes de; ARMADA, Charles Alexan- 2010, p.15 xões no artigo científico: SOUZA, Maria Cláu-
dre Souza. Teoria Jurídica e transnacionalidade. 26.  ERNANDORENA, Paulo Renato. Eco Me- dia da Silva Antunes de; SOUZA, Greyce Kelly
Itajaí: Univali, 2014, v.1., p. 170-187. diação: uma Teoria Pós-Moderna de Gestão Antunes de. Sustentabilidade e Sociedade de
6.  BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo. de Conflitos Ambientais. In: PASOLD, Cesar Consumo: avanços e retrocessos. In: SOUZA,
Trad. de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Ja- (Org.) Ensaios sobre Meio Ambiente e Direito Maria Cláudia da Silva Antunes de. ARMADA,
neiro: Jorge Zahar Editor, 2008, p.41 Ambiental. Florianópolis: Insular, 2012, p.132. Charles Alexandre Souza. Teoria jurídica e
7.  BARBOSA, Livia. Sociedade de consumo. 27.  NALINI, José Renato. Ética ambiental. 2. transnacionalidade. Itajaí: UNIVALI, 2014, p.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004, p. 15. ed. Campinas: Millennium, 2003, p. 9. 170-187.
8.  BARBOSA. Op. cit., p. 15. 28.  OLIVO. Op. cit., p. 68. 47.  PILAU SOBRINHO. Op. cit., p. 18.
9.  Sobre o tema: BAUMAN. Op. cit. 29.  BOSSELMANN, Klaus. O princípio da 48.  Sobre este tema recomenda-se a leitura
10.  Indica-se a leitura da obra: CAMPBELL, sustentabilidade: transformando direito e da obra: CASTELLS, Manuel. A sociedade em
Colin. Ética romântica e o espírito do consu- governança. São Paulo: Editora Revista dos rede. Trad. de Roneide Venancio Majer. São
mismo moderno. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. Tribunais, 2015, p. 25. Paulo: Editora Paz e Terra, 2012.
11.  Sobre o tema: BAUMAN. Op. cit. 30.  BARBOSA. Op. cit., p. 8. 49.  OLIVO. Op. cit., p. 83.
12.  BARBOSA. Op. cit., p. 49. 31.  IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do 50.  PILAU SOBRINHO. Op. cit., p. 20.
13.  APA, Wilson Rio Manifesto do povo. Curi- Consumidor. Entenda o que é obsolescência 51.  CARDOZO; ARMADA. Op. cit., p. 383.
tiba: Coo-Editora, 1980, p. 95. programada. 18 de junho de 2012. Disponível 52.  PILAU SOBRINHO. Op. cit., p. 28.
14.  BARBOSA. Op. cit., p. 53. em: https://www.idec.org.br/consultas/dicas- 53.  BODNAR. Op. cit., p. 30.
15.  A obsolescência programada é uma es- -e-direitos/entenda-o-que-e-obsolescencia- 54.  BODNAR. Idem, p. 32.
tratégia da indústria para “encurtar” o ciclo -programada. Acesso em: 9 ago. 2017. 55.  BODNAR. Ibid.
de vida dos produtos, visando a sua substi- 32.  IDEC. Ibid. 56.  BODNAR. Ibid.
tuição por novas mercadorias. Pode-se dizer 33.  BARBOSA. Op. cit., p. 23. 57.  Nesse sentido também é a reflexão de
que há uma lógica da “descartabilidade” 34.  BARBOSA. Idem, p. 24. Fritjof Capra que defende que os problemas
programada desde a concepção dos produtos 35.  BARBOSA. Ibidem, p. 25. são sistêmicos, e qualquer abordagem limita-
(SOUZA, Maria Cláudia da Silva Antunes de.; 36.  BAUMAN. Op. cit., p. 31. da, com base no enforque de não colaboração
IZIDIO, Debora. A obsolescência programada 37.  BAUMAN. Ibid. entre as partes, apenas deslocará o problema
e os reflexos no consumo e pós-consumo no 38.  BAUMAN. Ibid. para dentro da teia de inter-relacionamentos.
meio ambiente. Produção Cientifica – CE- 39.  BAUMAN. Ibid, p. 31. A solução poderá ser encontrada somente se
JURPS. Itajai: UNIVALI, 2014). 40.  CAPRA, Fritjof. Teia da vida: Uma nova a própria estrutura da teia for modificada.
16.  Sobre este assunto consultar: SOUZA; compreensão científica dos sistemas. Trad. Justifica através da teoria dos sistemas que
IZIDIO. Op. cit. de Newton Roberval Eichemberg. São Paulo: vê o mundo em termos inter-relação e inter-
17.  BARBOSA. Op. cit., p. 53. Cultrix, 2012, p. 35. dependência de todos os fenômenos, e nesse
18.  BAUMAN. Op. cit., p. 18. 41.  CAPRA. Op. cit., p. 20. arcabouço denomina-se sistema a um todo
19.  BAUMAN. Ibid. 42.  ELKINGTON, John. Canibais com garfo e integrado, cujas propriedades não podem ser
20.  MAY, Rollo. Man’s Search For Himself. faca. Trad. de Laura Prades Veiga. São Paulo: reduzidas a partes especificas. CAPRA. Op.
New York; London: W. W. Norton & Company, M. Books, 2012, p. 52. cit., p. 429.
2009, p.13. 43.  OLIVO. Op. cit., p. 82. 58.  Informações sucintas e didaticamente
21.  MAY. Ibid. 44.  MACHADO, Maycon Fagundes; SOUZA, dispostas sobre Física Quântica, encontram-
22.  BARBOSA. Op. cit., p. 32. Maria Maria Cláudia da Silva Antunes de; PA- -se em: SANTANA, Ana Lucia. Física Quântica.
23.  BARBOSA. Idem, p. 35. SOLD, Cesar Luiz. Justiça Ecológica: para além Disponível em: https://www.infoescola.com/
24.  Sobre a concepção de bem comum e o do predominante antropocentrismo constitu- fisicaquantica/. Acesso em: 23 dez. 2017.
compromisso intrínseco que o Estado deve cional sob a luz da governança urbana sus-

REFERÊNCIAS
APA, Rio W. Manifesto do povo. Curitiba: Coo-Editora, 1980. to Ambiental e dos objetivos do Desenvolvimento Sustentável. In:
BARBOSA, Lívia. Sociedade de consumo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar MACHADO, José Carlos; SOUZA, Maria Cláudia Antunes de; RUS-
Editor, 2004. CHEL, Caroline Vieira. Produção Científica CEJURPS. Itajaí: Univer-
BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo. Trad. de Carlos Alberto Medei- sidade do Vale do Itajaí, 2016.
ros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008. ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. Trad. de Laura Prades
BODNAR, Zenildo. O cidadão consumidor e a construção jurídica da Veiga. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda., 2012.
sustentabilidade. In: PILAU SOBRINHO, Liton Lanes; SILVA, Rogerio ______. IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Entenda
(Org.). Consumo e sustentabilidade. Passo Fundo: Ed. Universidade o que é obsolescência programada. 18 de junho de 2012. Dispo-
de Passo Fundo, 2012. nível em: https://www.idec.org.br/consultas/dicas-e-direitos/enten-
BOSSELMANN, Klaus. O princípio da sustentabilidade: transformando da-o-que-e-obsolescencia-programada. Acesso em: 9 ago. 2017.
direito e governança. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. ERNANDORENA, Paulo Renato. Eco Mediação: uma Teoria Pós-Moder-
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado na de Gestão de Conflitos Ambientais. In: PASOLD, Cesar Luiz (Org.)
Federal, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Ensaios sobre Meio Ambiente e Direito Ambiental. Florianópolis:
constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 16 out. 2017. Insular, 2012.
CAMPBELL, Colin. Ética romântica e o espírito do consumismo moder- MACHADO, Maycon Fagundes; SOUZA, Maria Cláudia da Silva Antunes
no. Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 2000. de; PASOLD, Cesar Luiz. Justiça Ecológica: para além do predomi-
CAPRA, Fritjof. Teia da vida: Uma nova compreensão científica dos siste- nante antropocentrismo constitucional sob a luz da governança
mas. Trad. de Newton Roberval Eichemberg. São Paulo: Cultrix, 2012. urbana sustentável. In: MACHADO, José Carlos; SOUZA, Maria
______. O ponto de mutação. Trad. de Álvaro Cabral. São Paulo: Cul- Cláudia Antunes de; RUSCHEL, Caroline Vieira. Produção Científica
trix, 2012. CEJURPS. Itajaí: Universidade do Vale do Itajaí, 2017.
CARDOZO, Alesson; ARMADA, Charles Alexandre de Souza. O Desastre NALINI, José Renato. Ética ambiental. 2. ed. Campinas: Millennium,
Ambiental de Mariana-MG à luz dos princípios basilares do Direi- 2003.

REVISTA BONIJURIS I ANO 31 I EDIÇÃO 658 I JUN/JUL 2019 61

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A SOCIEDADE E OS RISCOS DO CONSUMISMO

OLIVO, Luiz Carlos Cancellier de. Reglobalização do Estado e da socie- SILVA, Rogerio (Org.). Consumo e sustentabilidade. Passo Fundo:
dade em rede na era do acesso. Florianópolis: Fundação Boiteux, Ed. Universidade de Passo Fundo, 2012.
2014. PLEINES, Jürgen Eckardt. Coleção de Educadores: Friedrich Hegel. Reci-
______. PASOLD, Cesar Luiz (Org.). Duas Teses de Telmo Vieira Ribeiro. fe: Editora Massangana, 2010.
Joaçaba: Unoesc Editora, 2015. SANTANA, Ana Lucia. Física quântica. Disponível em: https://www.info-
______. Função Social do Estado Contemporâneo. 4. ed. rev. ampl. escola.com/fisica/quantica/. Acesso em: 23 dez. 2017.
Itajaí/SC: Univali, 2013. Ebook– acesso gratuito: http://siaiapp28. SOUZA, Maria Cláudia da Silva Antunes de; IZIDIO, Debora. A obso-
univali.br/LstFree.aspx lescência programada e os reflexos no consumo e pós-consumo
______. Metodologia da Pesquisa Jurídica. Teoria e Prática. 13. ed. rev. no meio ambiente. Produção Cientifica – CEJURPS. Itajai: UNIVALI,
ampl. atual. Florianópolis: Conceito Editorial, 2015. 2014.
PILAU SOBRINHO, Liton Lanes. Novas tecnologias: consumo, susten- ______. ARMADA, Charles Alexandre Souza. Teoria jurídica e transna-
tabilidade, rotulagem no Brasil e União Europeia – paradoxos da cionalidade. Itajaí: Univali, 2014, v. 1.
construção da realidade social. In: PILAU SOBRINHO, Liton Lanes;

// Revista Bonijuris FICHA TÉCNICA


Título original: Sociedade e riscos do consumismo: reflexões a partir dos estudos de Luiz
Carlos Cancellier de Olivo. Title: Society and consumption risks: Reflections from the stu-
dies of Luiz Carlos Cancellier de Olivo. Autores: Maria Cláudia da Silva Antunes de Souza.
Doutora e Mestre em “Derecho Ambiental y de la Sostenibilidad” pela Universidade de Ali-
cante – Espanha. Mestre em Ciência Jurídica pela Universidade do Vale do Itajaí. Graduada
em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí. Professora permanente no Programa de Pós-
-Graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica, nos cursos de Doutorado e Mestrado, e na
Graduação no Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – univali. Coordenadora do
Grupo de Pesquisa: “Direito Ambiental, Transnacionalidade e Sustentabilidade”, cadastrado
no cnpq/edats/univali. Cesar Luiz Pasold. Doutor em Direito do Estado pela Faculdade de
Direito do Largo São Francisco – Universidade de São Paulo; Pós-Doutor em Direito das Rela-
ções Sociais pela Universidade Federal do Paraná; Mestre em Instituições Jurídico-Políticas
pela Universidade Federal de Santa Catarina; Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de
Saúde Pública da Universidade de São Paulo; Especialista em Saúde Pública pela Faculdade
de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; Graduado em Direito pela Universidade Fe-
deral de Santa Catarina. Docente da univali nas disciplinas (1) Teoria do Estado e da Cons-
tituição e (2) Seminário de Metodologia da Pesquisa Jurídica, ambas no Curso de Doutorado
e no Curso de Mestrado em Ciência Jurídica. Supervisor científico dos cursos de Mestrado
e de Doutorado em Ciência Jurídica da univali. Resumo: O consumo se tornou o foco da
vida social. Práticas sociais, valores culturais, ideias, aspirações e identidades são definidas
e orientadas em relação ao consumo ao invés de outras dimensões sociais como trabalho, ci-
dadania e religião. Não se nega a importância do consumo para o funcionamento adequado
do sistema econômico e social, porém é necessário mudar a cultura do excesso. É benéfico
para a sociedade refletir e criar o equilíbrio entre consumidores, produtores e distribuido-
res visando à preservação do meio ambiente. É necessária uma urgente e sólida alteração
das relações consumistas, sustentada em valores coletivos fundamentais à vida. Abstract:
Consumption has become the focus of social life. Social practices, cultural values, ideas, as-
pirations and identities are defined and oriented towards consumption rather than other
social dimensions such as work, citizenship and religion. The importance of consumption
for the proper functioning of the economic and social system is not denied, but it is necessa-
ry to change the culture of excess. It is beneficial for society to reflect and create a balance
between consumers, producers and distributors, aiming at preserving the environment. It
is necessary an urgent and solid change of the consumer relations, sustained in collective
values fundamental
​​ to life. Data de recebimento: 23.05.2018. Data da aprovação: 04.04.2019.
Fonte: Revista Bonijuris, vol. 31, n. 3 – # 658 – jun/jul 2019, págs 54-62, Editor: Luiz Fernando de
Queiroz, Ed. Bonijuris, Curitiba, pr, Brasil, issn 1809-3256 (redacao@bonijuris.com.br).

62 REVISTA BONIJURIS I ANO 31 I EDIÇÃO 658 I JUN/JUL 2019

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EDITORIAL

DIREITO DE FAMÍLIA
A GUARDA COMPARTILHADA COMO REGRA

A
Lei 13.058/14, que trata da guarda com- de 2010 e mostram que, no Brasil, prevalece o
partilhada como regra, vem suscitando modelo unilateral (87,3%). E o guardião, nesse
debate e angariando polêmica ao cada caso, é a mãe. Admita-se: os dados colhidos
vez mais amplo e heterogêneo círculo são anteriores à Lei 13.058/14 e mesmo com
do direito de família. Os juristas favoráveis a regra do compartilhamento da educação
enalteceram a medida. A professora titular dos filhos, com todas as responsabilidades
de direito civil da puc-sp, Maria Helena Diniz, que isso acarreta, há que se falar em médio
foi uma delas. “A guarda compartilhada é o e longo prazo e em um novo cenário econô-
exercício conjunto do poder por pais que não mico para que se obtenham resultados. Por
vivem sob o mesmo teto. Ambos os genitores enquanto, a guarda compartilhada engatinha
terão responsabilidade conjunta e o exercício em um porcentual de 5,5%.
dual de direitos e deveres.” A Revista Bonijuris também traz nesta
Os que se manifestaram céticos, entre edição uma entrevista com a advogada Gise-
eles o advogado e especialista em direito de le Truzzi, especialista em “caçar” stalkers ou
família Marcelo Rivera, disseram que faltou perseguidores nas redes sociais. Gisele é uma
uma dose de realidade à lei: “O que se mos- pioneira no ramo. Mesmo quando o assunto
trou na adoção da guarda compartilhada era pouco discutido na mídia e a internet ain-
como regra é que o compartilhamento da da dava seus primeiros passos, a especialista
guarda deve se dar onde há capacidade de já se interessava pelos efeitos nocivos do ex-
diálogo entre os genitores. E quando não cesso de exposição na grande rede mundial.
há?”. Eis a questão. Logo constatou que essa teia poderia ser
O artigo de Rivera, aliás, inspirou a busca mais física do que imaginava, ao identificar
de uma nova expressão para o que se configu- pessoas dispostas a atormentar suas vítimas.
ra como uma imposição, aos casais separados Ela mesmo foi alvo de um stalker que divul-
que não chegam a acordo, de uma comunhão gou, em um canal do Youtube, os detalhes da
incômoda de decisões e cuidados diligentes vida de uma celebridade que contratou seu
para com os filhos, no que pode ser definido escritório. O acossador fugiu para os Estados
como “guarda compartilhada induzida”. Unidos.
Há anos a mestre em direito de família Ta- Na seção Doutrina Jurídica, destaque para
tiana Lauand insiste em obter, junto ao judi- um instigante artigo dos professores Cesar
ciário paranaense, dados sobre a situação dos Luiz Pasold e Maria Cláudia da Silva Antunes
filhos de pais separados. Sem sucesso. A alega- de Souza, ambos doutores em direito, acerca
ção é de que os processos correm em segredo dos riscos do consumismo na sociedade con-
de justiça. Ela reclama do desserviço aos pes- temporânea. “O consumismo traduz-se no
quisadores. Entrevistada para a reportagem costume de se comprar aquilo que não se pre-
de capa desta edição, ela é também doutoran- cisa com o dinheiro que não se tem”, escrevem
da na Universidade Federal do Paraná (ufpr) eles em tom aforístico. Um dos efeitos é catas-
e seu objeto de análise – a pensão alimentícia trófico: o superendividamento. É outro tópico
– requer justamente informações processuais. que está na ordem do dia.
As estatísticas mais recentes sobre separa-
ção e guarda dos filhos são do censo do ibge Boa leitura!

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SUMÁRIO

REVISTA BONIJURIS # 658

DOUTRINA JURÍDICA
48 Tribunais
A relevância do núcleo de apoio técnico à saúde
Mário Celegatto, Ricardo Galera e Luiz Correia

EDITORIAL 54 Direito do consumidor


A sociedade e os riscos do consumismo
3 Direito de família Maria Cláudia de Souza e Cesar Luiz Pasold
A guarda compartilhada como regra
64 Processo civil
A possibilidade jurídica do pedido no novo CPC
TRIBUNA LIVRE Guilherme Christen Möller
8 Criminal 74 Direito trabalhista
Um novo tipo penal: o chamado caixa dois Do fim da contribuição sindical compulsória
Antenor Demeterco Júnior
Rocco Antonio Nelson e Walkyria Rocha Teixeira
8 Tributos
84 Constitucional
A punição pelo não recolhimento de ICMS na
Federalismo cooperativo: o modelo segundo a
visão do STJ
CF/88
Chiavelli Facenda Falavigno e Marcos Lázaro
Erenê Oton França de Lacerda Filho
9 Direito do consumidor
92 Empresarial
Troca de produtos: direito ou favor?
Compliance rural: o lado positivo do
Mário Frota agronegócio
12 Estatuto do desarmamento Mário Ramidoff, Luísa Ramidoff e Guilherme Vieira
O decreto de Bolsonaro sobre posse de armas
de fogo
96 Direito civil
Democracia não tem recall, o Judiciário deveria
Eduardo Cabette, Francisco Sannini Neto, Joaquim
ter
Leitão Júnior
Arthur Daniel Calasans Kesikowski
15 Solução de conflitos
A revolução dos princípios da mediação e 108 Leis do trabalho
conciliação A terceirização como meio de precarizar o
trabalho
Andréa Modolin
Rocco Nelson, Walkyria Teixeira e Cristina Braga
17 Direito civil
Poliamor, a união poliafetiva no Brasil
Mariana Cristina Galhardo Frasson SELEÇÃO DO EDITOR
132 Teoria jurídica
Capitalismo tem a ver com felicidade?
ENTREVISTA
Rômulo de Andrade Moreira
20 Caçadora de stalkers virtuais
GISELE TRUZZI 138 Julgamentos célebres
Difamação na era vitoriana (o caso Oscar Wilde)
Arthur Virmond de Lacerda Neto
CAPA
26 Desafios da guarda compartilhada LEGISLAção
Marcus Vinicius Gomes
146 Degustação de novas leis
32 A desilusão da guarda compartilhada
induzida
Marcelo Rivera Santos

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SUMÁRIO

SÚMULAS 221 Execução fiscal


Redirecionamento de execução fiscal
150 Enunciados do STF, STJ, TST, TRF1, TRF2, TRF3,
TRF4, TJMG, TJMS, TJPR, TJRJ, TJRS, TJSC, TRT3
E TRT12 PRÁTICA FORENSE
232 Penal
EMENTÁRIO TITULADO A impugnação no processo de recuperação
judicial
156 Preso por engano Wanderlei José dos Reis
Danos causados por prisão indevida
158 Responsabilidade objetiva 236 CPC
Indenização por acidente de aluno em escola Cumprimento da sentença e execução
autônoma
161 Dano à imagem Hugo Passos da Silva e Josiane do Rosário Soares
Ofensa por comentário em rede social
167 Resolução de contrato Além do Direito
Teoria do risco do empreendimento
169 Natureza distinta 244 Advocacia itinerante
Ronaldo dos Santos Costa
Soma das penas de detenção e reclusão
171 Revisão de benefício 245 Juiz expulsa juiz
Ernani Buchmann
Cumulação de auxílio-acidente com
aposentadoria 246 Lenda do advogado Cinderello
175 Ausência de dano Luciana do Rocio Mallon
Ressarcimento de lucros cessantes
178 Empregos simultâneos Não tropece na língua
Acúmulo de empregos incompatíveis
248 Locuções adverbiais para consulta (5)
182 Prestação de serviços Maria Tereza de Queiroz Piacentini
Cobrança de ISSQN na locação de imóveis

Agenda de eventos
ACÓRDÃOS EM DESTAQUE
250 Programação de encontros jurídicos
186 Servidor público
Acumulação de cargos por profissional de saúde
Índice Remissivo
189 Prestação de serviço
Denúncia imotivada de serviços advocatícios 252 Temático e onomástico
198 Incorporação imobiliária
Pagamento de corretagem no dia da assinatura Ponto Final
203 Dosimetria da pena 258 Novos ventos na regulamentação do
Exasperação da pena em razão da personalidade lobby
208 Benefício assistencial Murilo Jacoby Fernandes
Prestação não recebida pelo falecido
210 Intervenção de terceiros
Oposição na ação de usucapião
217 Deduções indevidas
Descontos superiores a um salário

REVISTA BONIJURIS I ANO 31 I EDIÇÃO 658 I JUN/JUL 2019 5

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EXPEDIENTE

REVISTA BONIJURIS CONSELHO EDITORIAL


ISSN 1809-3256 Antonio Carlos Facioli Chedid, Carlos Roberto Ribas
Vol. 31, n. 2 – Edição 658 – Jun/Jul 2019 Santiago, Célio Horst Waldraff, Clèmerson Merlin
contato@bonijuris.com.br Clève, Eduardo Cambi, Guillermo Orozco Pardo,
facebook.com/bonijuris Hélio de Melo Mosimann, Hélio Gomes Coelho Jr.,
Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, João Casillo,
EDITOR-CHEFE João Oreste Dalazen, Joatan Marcos de Carvalho,
Luiz Fernando de Queiroz Joel Dias Figueira Júnior, Jorge de Oliveira Vargas,
José Laurindo de Souza Netto, José Lúcio Glomb,
COORDENADORA DE CONTEÚDO José Sebastião Fagundes Cunha, Juan Gustavo
Pollyana Elizabethe Pissaia Corvalán, Luiz Fernando Coelho, Manoel Antonio
Teixeira Filho, Manoel Caetano Ferreira Filho, Mário
COORDENADOR JURÍDICO Frota, Mário Luiz Ramidoff, Ricardo Sayeg, Roberto
Geison de Oliveira Rodrigues Portugal Bacellar, Roberto Victor Pereira Ribeiro,
Sidnei Beneti, Teresa Arruda Alvim, Zeno Simm
PRODUÇÃO GRÁFICA
Jéssica Regina Petersen COLÉGIO DE LEITORES
Adriana Pires Heller, Alceli Ribeiro Alves, Ana Lia
DISTRIBUIÇÃO Falkenberg, André Zacarias Tallarek de Queiroz,
Ana Crissiane de Moraes Prates Cordeiro Anita Zippin, Carlos Oswaldo M. Andrade, Danielle
Renata Kovalski Cristina de Oliveira, Elisete Machado, Flávio Zanetti
de Oliveira, Francisco Zardo, Joana Carvalho Brasil,
JORNALISTA Josélia Aparecida Küchler, Juliana Silva, Karla
Marcus Vinicius Gomes (3552/13/96 – PR) Pluchiennik Moreira, Larissa Matioski Brasil, Luciano
Augusto de Toledo Coelho, Luís Alberto Gonçalves
REVISÃO e Edição Gomes Coelho, Luiz Carlos da Rocha, Luise Tallarek
Denise Camargo de Queiroz Maliska, Marcelo Soares de Oliveira,
Dulce de Queiroz Piacentini Newton Carvalho, Nelson Antônio Gomes Jr., Patrícia
Murilo Coelho Piekarczyk, Raquel Teixeira, Ricardo de Queiroz
Noeli do Carmo Faria Duarte, Roberto Ribas Tavarnaro, Rodrigo da Costa
Olga Maria Krieger Clazer, Rui César Lopes Peiter, Sergio Murilo Mendes,
Valéria Stüber Valéria Siqueira, Victoria Tapxure Scaramuzza,
Yoshihiro Miyamura, Yuri Augusto Barbosa Vargas
ARTE
Ilustração: Giovana Tows (foto entrevista), REDAÇÃO
Guilherme Scarpim (artigos), Nilson Müller redacao@bonijuris.com.br
(foto ponto final) e Simon Taylor (capa) ANÚNCIOS / ASSINATURAS
Projeto gráfico: Straub Design comercial@bonijuris.com.br
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