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Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Teoria dos Sistemas Complexos
Objetivos
• Compreender os conceitos basilares de sistemas complexos;
• Conhecer o estado da arte e a capacidade existente nos estudos acerca de sistemas complexos.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Teoria dos Sistemas Complexos
Contextualização
Imagine-se analisando um sistema qualquer, mas percebendo que o seu sistema,
objeto de sua pesquisa, parece agir aleatoriamente, não respeitando nenhum método
científico. A impressão que lhe dá é que algo, ou alguma coisa, influencia o sistema
de tal maneira que consegue mudar o seu foco, o seu moto, de forma a fazer com que
você acredite que a pesquisa concluirá que é impossível observar este sistema, e mais
impossível ainda determinar qual é este “agente fantasma” que “puxa” o sistema para
um sentido aleatório e influencia drasticamente os resultados.
Então, você procura, no sistema estudado, como um furacão, por exemplo, move-se
de forma aparentemente aleatória, e ainda muda de intensidade de modo mais aleatório
ainda, acabando por desaparecer de forma quase mágica. Sim, você está diante de um
sistema complexo e vislumbrando as ações dos atratores em tais sistemas.
Assim, nesta Unidade veremos como tais atratores e a aparente aleatoriedade agem nos
sistemas complexos e diagrama de redes complexas como ferramentas para analisarmos
profundamente os sistemas.
Bom estudo!
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Teoria dos Sistemas
Cientes de que o sistema nada mais é do que o conjunto de elementos que, interligados,
formam um todo, e tendo conferido diversos exemplos, sabemos que tais elementos intera-
gem no sistema, formando o todo com um objetivo, ou seja, visam a um objetivo, que no
caso dos sistemas complexos, são almejados via um comportamento emergente.
No final da década de 1930, o biólogo Ludwig Bertalanffy, formulou o que se tornaria
a teoria dos sistemas, ou a teoria geral dos sistemas, buscando não resolver proble-
mas como até então a maioria das teorias formuladas almejava. Ludwig buscava produzir
modelos, formulações que pudessem ser aplicadas na realidade. Tratava-se de uma teoria
que via o todo, pois pregava que o conjunto ou todo apresenta características e comporta-
mentos que, ao isolar os elementos deste conjunto, perdiam-se. Como o caso da formiga,
que sozinha parece um ser inofensivo e de certo ponto insignificante, mas no contexto do
todo, o formigueiro é uma intrincada e complexa organização social.
Deste conceito veio a ideia de sinergia, que foi conceituado como sendo o esforço que
cada elemento do sistema desprende para provocar o resultado, muito mais ampliado e
complexo. Veja que o biólogo Ludwig percebeu que as suas leis não cabiam somente à Bio-
logia, mas a inúmeras outras Ciências. Por analogia, ele percebeu que se a probabilidade
é aplicada à genética e a seguros de vida, a Lei da gravidade rege as maçãs e os planetas,
de modo que a sua teoria dos sistemas poderia ir além dos limites da Biologia.
Na sua obra intitulada A teoria geral dos sistemas, Bertalanffy já vislumbrava a comple-
xidade em tratar de sistemas com quantidades de elementos muito grandes. O autor exem-
plificava, já na década de 1930, com a quantidade aproximada de partículas no Universo,
sendo da ordem de 1080 e tratando, como a máquina de Turing, posto autômato, sempre
uma quantidade finita de palavras e movimentos (BERTALLANFY, 2010). Mais curioso
ainda é que o biólogo fez tais conjecturas baseando-se na tecnologia dos computadores com
armazenamento à fita, na época.
Teoria do Caos
O Principia de Newton apresentou um panorama de Universo formado de modo deter-
minístico, ou seja, conhecendo-se o início de um fenômeno, o seu marco inicial, conhecer-
-se-á os resultados por meio de fórmulas que são pétreas. Isto elimina as situações que
englobam os sistemas complexos. Por exemplo, o determinismo clássico não consegue
vislumbrar a complexidade da vida, logicamente, pois não se consegue determinar as
condições iniciais. Ou seja, tendo a vida se originado em um momento desconhecido sobre
condições desconhecidas, como teria se originado em um planeta sem vida alguma?
O comportamento caótico de alguns sistemas não é uma teoria tão recente. As for-
mulações matemáticas clássicas vislumbram em uma fórmula determinística, sobre uma
só condição inicial, uma só resposta. Mas muitos estudiosos verificaram que nem todos
os fenômenos podem ser explicados por este método. Poincaré, ao estudar o movi-
mento dos planetas em torno do Sol, verificou, com apenas três corpos celestes, uma
quantidade tamanha de variações e uma situação tão aleatória que não se aventurou
nem a riscar um gráfico que representasse os valores obtidos. Tratavam-se de situações
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UNIDADE
Teoria dos Sistemas Complexos
aparentemente aleatórias e com tantas nuances que não se podia afirmar nenhuma con-
clusão – ficando conhecido como o problema dos três corpos.
Efeito Borboleta
Agora, compreendendo a criação da teoria do caos, trataremos a “borboleta”. O ditado
quase sagrado da teoria do caos apresenta que “o bater das asas de uma borboleta no Brasil
pode causar um furacão nos Estados Unidos”. Contudo, não é bem assim que a teoria do
caos se apresenta. Limitar essa análise a uma borboleta e a um furacão é diminuir tanto
o sistema que ele acaba perdendo a sua complexidade. Na verdade, o clima todo de uma
região pode ser alterado pelo bater das bilhões de borboletas do Globo Terrestre e outros
seres, todos os que podem movimentar alguma massa de ar e pelos climas vizinhos, pelas
marés, correntes tropicais, pelo efeito estufa e outros inúmeros elementos variáveis.
x 10 y x
y 28 x y xz
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z z xy
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Figura 1 – Atrator estranho de Lorentz
Fonte: Wikimedia Commons
Esses atratores estranhos são os elementos que geram fractais; por exemplo, nos
fractais de Mandelbrot, números complexos em série se desenrolam, uns dentro dos
outros, formando as imagens mais belas que se pode ver na internet:
• Z 0 = 0;
• Z1= x + iy;
• Z 2 = Z14 + ( x + iy );
• Z n = Z n4−1 + ( x + iy ).
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Teoria dos Sistemas Complexos
Teoria de Redes
Muitas vezes estudamos o mundo segundo as suas propriedades e características.
Contudo, quando os sistemas não são isolados, onde essas características e proprieda-
des não são tão latentes, principalmente em sistemas complexos, pode-se fazer uso da
teoria de redes.
Esta teoria inicia-se com uma visão simples das coisas e a relação entre tais coisas
como, por exemplo, as pessoas e suas relações sociais. Esta ideia pode ser usada para
modelar uma grande variedade de situações, tais como redes biológicas e sociais.
Em 1736 já se analisava os grafos, pois Leonhard Euler já apresentava a teoria dos gra-
fos e da topologia. Note que Kirchoff, ao formular os seus estudos sobre os circuitos elétri-
cos, mantém-se atual em análises de circuitos, tendo apresentado a teoria das árvores – que
veio embasar a teoria das redes.
No ano de 1930, Jacob Levy Moreno apresentou uma série de representações onde o
mesmo analisava as interações sociais entre alunas de diversas turmas da New York Training
School for Girls, formando o que ficou mais tarde conhecido como sociogramas. Isto
embasa ria a disciplina da Sociologia denominada Análise de Redes Sociais, visando
analisar, via redes, o padrão de conexões entre as pessoas que compõem esta rede – tal
como network, por exemplo.
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Figura 3 – Rede de blogs políticos nos Estados Unidos
Fonte: INTERIAN; RIBEIRO, 2018 apud SANTOS; SIMÕES; CAVALCANTE, 2021
Tratam-se de grafos representados por nós e que visam ilustrar, de forma eficiente, os
sistemas complexos. É uma ferramenta matemática muito eficiente porque busca modelar os
sistemas complexos presentes na natureza e nas interações humanas.
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Teoria dos Sistemas Complexos
Total de conexões
Grau médio de conectividade =
Total de nós
Graças a estes ramos de estudos do Planeta a Física vem acumulando muito conheci-
mento e adquirindo uma consciência muito mais abrangente, percebendo o planeta Terra
inteiro como um grande sistema complexo. Os satélites começaram a fazer perceber o
Planeta como uma totalidade e mostraram os resultados das interações entre os processos
físicos e químicos.
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Figura 5 – O planeta Terra é visto como um sistema complexo
formado por processos físicos, químicos e biológicos
Fonte: Wikimedia Commons
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Teoria dos Sistemas Complexos
Cada uma dessas esferas possui ciclos, tal como no caso da litosfera o ciclo do carbono.
Pode-se ainda enumerar o ciclo das rochas, o qual impulsionado pela energia térmica do
interior da Terra através dos vulcões. Na atmosfera, o ciclo da água através dos processos
da evaporação, condensação e precipitação, ajudando a enviar água para regiões distantes.
Na biosfera, toda atividade biológica é verificada.
A energia solar flui quando a fotossíntese das plantas recebe a energia solar e, através
dos ciclos tróficos, distribuem tal energia aos animais herbívoros e estes aos predadores
e estes ao solo.
Plantas
Assimilação
Bactérias
desnitrificantes
Bactérias fixadoras de
N2 nos nódulos de raízes Nitratos (NO3-)
Decompositores
de leguminosas (Fungos e bactérias
aeróbicas e anaeróbicas)
Bactérias
Amonificação Nitrificação nitrificantes
Figura 7 – O ciclo do nitrogênio, um dos ciclos das esferas que compõem o sistema terrestre
Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons
As esferas são responsáveis pelo ecossistema, onde existe a combinação das diferentes
esferas com um equilíbrio, mas sem um sistema de liderança. Modelos que representem
este sistema complexo que é o nosso planeta é um grande desafio para a modelagem
matemática. Um sistema tão complexo, que possui conceitos caóticos e pseudoaleatórios,
atratores e ainda com a presença do intelecto humano atuando ativamente traz grandes
desafios aos cientistas.
As Ferramentas da Ciência
de Sistemas Complexos
Até aqui percebemos que para se analisar um sistema complexo é necessária a presença
de multidisciplinariedade, pois a exemplo do sistema terrestre, a biosfera exige um biólogo,
a litosfera demanda um geólogo e a atmosfera um meteorólogo. Os sistemas complexos
devem sempre ser analisados com modelagem matemática e na maioria das vezes seria
impossível sem a modelagem computacional.
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Assim, primeiramente, é necessário se atentar à aquisição de dados, e neste sentido
ferramentas como big data e machine learning devem ser utilizadas para maior abran-
gência e tratamento dos dados levantados. Sistemas complexos possuem dados muito
volumosos, de modo que algoritmos computacionais são utilizados para big data.
A tecnologia big data relaciona os dados em grande volume, enquanto machine learning
verifica e analisa tais dados de forma singular, de um modo que o ser humano não conse-
guiria verificar.
dN
= bN − dN
dt
N ( t ) = N 0 e ( b − d )t
Modelo de Malthus
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25
20
Exemplares vivos
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10
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Tempo (s)
Figura 8 – Gráfico demonstrando o crescimento populacional pelo modelo de Malthus
Mas e se o crescimento for analisado durante longo período e o ambiente suportar um va-
lor máximo para a população, com escassos recursos de alimentação? Para solucionar este
problema podemos utilizar uma constante k, tal como na equação do modelo de Verhulst:
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UNIDADE
Teoria dos Sistemas Complexos
dN N
= k0 N 0 1 − 0
dt k
N0k
N (t ) =
N 0 + [ k − N 0 ] e rt
32 y
30
25
20
Indivíduos
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10
1 x
-2 -1 1 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
Tempo (s)
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
NetLogo
Programa em nuvem – para simular sistemas complexos.
https://bit.ly/3oNHtrW
Vídeos
Teoria de Redes
https://youtu.be/iYElG6ZLbzs
Teoria de Redes – Marc Samet
https://youtu.be/eM1KaaTez0A
The Chaos Theory, Unraveling the Mystery of Life | Samuel Won | TEDxDaculaHighSchool
https://youtu.be/Q8JZ4L6Ocic
Leitura
Caos: A Criação de uma nova Ciência? As Aplicações e Implicações
da Teoria do Caos na Administração de Empresas
https://bit.ly/3uhzh4a
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UNIDADE
Teoria dos Sistemas Complexos
Referências
BERTALANFFY, L. V. Teoria geral dos sistemas. Petrópolis, RJ: Vozes, 1975.
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