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Princípio da equivalência.
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O movimento de partículas em queda livre é o mesmo em um
campo gravitacional e em um sistema uniformemente acelerado,
em uma região pequena do espaço.
Einstein generalizou o princípio. Para ele um observador no
elevador não conseguiria distinguir entre as duas situações não
importa qual tipo de experimentos ele fizesse. O princípio de
equivalência de Einstein é formulado como:
Em regiões pequenas do espaço-tempo, as leis da física se
reduzem aquelas da relatividade restrita. É impossível detectar a
existência de um campo gravitacional por meio de experimentos
locais.
Poderia se pensar que uma maneira de distinguir as duas
situações fosse usando a luz. Suponhamos que um raio de luz
entre em um orifício na parede esquerda do elevador acelerado e
se move até atingir a parede oposta. Um observador externo veria
o feixe luminoso seguindo em linha reta horizontal. Mas como a
caixa está acelerada, o piso da caixa move-se em direção do feixe
e a luz atinge um ponto oposto, mas um pouco abaixo do orifício
de entrada. Para o observador externo o raio se moveu em linha
reta em relação à Terra, mas fazendo uma curva ligeira em
relação ao piso do elevador. O observador no elevador veria,
portanto, o raio luminoso descrevendo uma trajetória curva. O
princípio da equivalência leva assim a conclusão de que a luz
deve seguir uma trajetória curva na presença de um campo
gravitacional. Este princípio implica, ou pelo menos sugere, que
devemos atribuir a ação da gravidade à curvatura do espaço-
tempo.
Figura 1. Encurvamento da luz de uma estrela quando ela passa próximo do Sol.
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dessas estrelas em fotografias tiradas do céu noturno quando o Sol não
está naquela região do céu. Usando esse procedimento o desvio da luz de
uma estrela pode ser calculado (veja Fig.1). Mais tarde ficou evidente que
os problemas técnicos encontrados pelos dois grupos implicavam que os
erros de medidas eram muito grandes para que o resultado constituísse uma
prova absoluta, mas então a imprensa já havia transformado Einstein em
uma celebridade mundial. No entanto, observações posteriores bem mais
precisas confirmaram o efeito.
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Figura 2. A matéria curva o espaço-tempo.
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Figura 3. Grandes círculos em uma esfera.
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Figura 4. Superfície com curvatura negativa.
Curvatura
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mostradas nas figuras 6 e 7 têm curvatura nula, pois se fizermos um
transporte paralelo em qualquer percurso fechado, a direção final do vetor
transportado vai sempre coincidir com a direção original. Outro exemplo de
uma superfície com curvatura nula é o toro (ou seja, uma superfície na
forma de uma câmara de ar). É o conceito de curvatura como introduzido
acima que é usado na Teoria da Relatividade Geral.
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Figura. 7 .Pela definição de curvatura da Teoria da Relatividade Geral essa é uma superfície com
curvatura zero. A superfície representada parece curva, mas isso é somente porque ela é vista de
perspectiva de um espaço de dimensão mais alta. Para um observador vivendo na superfície ela pareceria
plana.
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global e não deu o grande salto de considerar um universo dinâmico. Para
resolver o problema, ele se viu obrigado a introduzir um termo em suas
equações, chamado de constante cosmológica, que atuava como uma força
de repulsão gravitacional que se opunha a força atrativa da gravidade e
mantinha o Universo estático. Na verdade, em uma dedução das equações
da Teoria da Relatividade Geral baseada apenas em argumentos de simetria
e leis de conservação o termo cosmológico deveria estar presente e
aparentemente Einstein havia simplesmente ignorado esse termo. A força
de repulsão, ao contrário de outras forças, estava embutida na própria
estrutura do espaço-tempo. A solução encontrada (chamada de universo
esférico de Einstein) foi um universo fechado com curvatura positiva. Esse
universo era finito e não mudava com o tempo. Em um universo estático e
fechado, se seguirmos sempre em frente retornaremos ao ponto de partida.
As equações de Einstein da Teoria da Relatividade Geral se reduzem à
equação de Newton quando a força gravitacional é fraca e os movimentos
ocorrem com velocidades pequenas comparadas com a velocidade da luz.
A constante cosmológica leva então a um termo extra proporcional à
distância entre os centros de duas massas, que deve ser somado à expressão
padrão da teoria newtoniana, que varia com o inverso do quadrado da
distância.
Outra solução estática para as equações de Einstein foi encontrada pelo
matemático holandês Willem de Sitter para um universo completamente
vazio, mas com a constante cosmológica incluída. Neste modelo tanto o
espaço como o tempo eram curvos. De Sitter mostrou também que na
presença da constante cosmológica, um universo vazio expandiria em uma
taxa acelerada.
Em 1930, o astrofísico Arthur Eddington percebeu que o universo
estático de Einstein era instável; qualquer perturbação ligeira o levaria a
expandir ou colapsar. Em 1922, o matemático russo Alexander A.
Friedman mostrara que seriam possíveis soluções mais gerais dinâmicas,
sem o termo cosmológico, para um universo isotrópico e homogêneo, mas
como ele trabalhava isolado, sua ideia foi ignorada por muito tempo.
Depois de Friedmann o tema foi posteriormente tratado pelo padre e
astrônomo belga Georges Lemaitre, que propôs um universo em expansão
originado de um estado que ele chamou de átomo primordial.
Astrônomos na década de 1920 ao observarem os espectros das
estrelas de outras galáxias, descobriram que as raias espectrais eram
similares aos das estrelas de nossa galáxia, mas eram desviados, no mesmo
valor relativo, em direção à extremidade vermelha do espectro. Como
introduzi um termo novo aqui vou explicá-lo, antes de prosseguir, para
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assegurar que o leitor entenda do que se trata. Quando deixamos um raio
de luz solar passar através de um prisma (ou grade de difração) ele se
decompõe em uma série de faixas coloridas (raias) que chamamos de
espectro. Vemos uma raia vermelha no início e uma violeta no fim. No
espectro visível a luz vermelha tem o maior comprimento de onda e a luz
violeta o menor. Cada estrela tem um espectro parecido com o do Sol, onde
gases em suas superfícies podem absorver luz em certos comprimentos de
ondas, e isto aparece no espectro como faixas escuras (veja figura 9). Em
1929 o astrônomo norte-americano Edwin Hubble, usando um telescópio
de 2,5 metros no Monte Wilson na Califórnia, constatou que a maioria das
galáxias apresentava desvio para o vermelho e (como veremos depois) isto
implicava que elas estavam se afastando de nós. O desvio pode ser tão
grande que as linhas movem-se da região visível para a região de micro-
ondas, e da mesma forma radiação de raios X podem ser desviadas para a
região visível. Hubble descobriu também que a velocidade de recessão era
diretamente proporcional à distância em que a galáxia se encontra da Terra.
Em termos simples a lei de Hubble nos diz que a velocidade de recessão é
igual à distância multiplicada por uma constante H que é conhecida como
constante de Hubble. Estritamente falando H não é uma constante, pois ela
pode variar com o tempo. Isto significava que o universo estava em
expansão.
Na época de Hubble as evidências observacionais eram limitadas
pelos padrões atuais, mas mesmo assim ele foi capaz de inferir a expansão
do Universo. Seus resultados foram comprovados posteriormente por
equipamentos bem mais sofisticados, como o telescópio de 10 metros
existente no Havaí. A descoberta de Hubble levou Einstein a sugerir em
1931 o abandono do termo cosmológico. Em 1970, o físico George Gamow
mencionou que Einstein, havia dito a ele, que a introdução do termo
cosmológico havia sido o maior equívoco de sua vida. É interessante
imaginar o que teria acontecido se Einstein tivesse se apegado à sua teoria
original e feito a previsão da expansão do Universo. Mesmo os gênios,
muitas vezes, perdem uma boa oportunidade. O termo cosmológico é
inteiramente consistente com a relatividade geral e se vamos deduzir as
equações de Einstein partindo apenas de argumentos de simetria e
procurando a equação mais geral consistente com esses argumentos, o
termo deve estar presente. O equivoco mencionado por Einstein deve ter
sido pelo fato de que ele introduziu o termo para tornar o universo estático,
e assim perdeu a oportunidade de prever um universo em expansão, antes
que essa expansão fosse observada. Em 1935, modelos semelhantes aos de
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Friedmann foram descobertos no ocidente pelo matemático americano
Howard Robertson e o matemático inglês Arthur Walker.
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partir de 1950, os astrônomos passaram a usar métodos mais precisos para
calcular a distância das galáxias e novos cálculos levaram a idade do
Universo para 10 bilhões de anos. Hoje, essa idade está em torno de 14
bilhões de anos.
O Big-Bang não foi uma explosão no espaço, mas o início do próprio
espaço e tempo em todos os pontos. A “explosão” ocorreu em todos os
lugares de uma só vez. Antes nada havia, nem espaço e nem tempo. A
densidade do universo e a curvatura do espaço tempo eram infinitas em
todos os lugares, não em um ponto único.
O movimento das galáxias através do espaço é relativamente pequeno,
assim elas emitem luz com o mesmo comprimento de onda em todas as
direções. O comprimento de onda da luz emitida fica maior durante a
viagem até nós, porque o espaço está expandindo. Assim gradualmente a
luz fica avermelhada, pois no espectro visível a luz vermelha é aquela que
tem o maior comprimento de onda. Ou seja, quando o espaço expande, as
ondas de luz esticam. Se o Universo dobra de tamanho durante a viagem da
onda, o comprimento de onda duplica. Essa é a explicação do desvio para o
vermelho mencionada anteriormente.
Galáxias além de certa distância estão se afastando de nós com uma
velocidade maior que a velocidade da luz. Isto não contraria a teoria da
relatividade restrita, pois essa teoria se aplica a movimentos através do
espaço, enquanto a velocidade na lei de Hubble é uma velocidade de
recessão causada pela expansão do espaço.
Se o espaço não estivesse expandindo, o objeto mais distante que
veríamos estaria agora a cerca de 14 bilhões de anos luz de distância, a
distância que a luz viajou desde o Big-Bang. Mas como o Universo está em
expansão, o espaço percorrido por um fóton expande atrás dele durante a
viagem. Levando este efeito em conta, o objeto mais distante que podemos
ver (para um universo com uma taxa de expansão constante) é de
aproximadamente 41 bilhões de anos luz de distância.
A teoria do Big-Bang é hoje aceita pela maioria dos físicos, embora uns
poucos não acreditem nela. Ela explica dados observacionais (como será
discutido no capítulo seguinte), desde que certas suposições sejam aceitas,
melhor do que qualquer outro modelo proposto até agora.
A Teoria da Relatividade Geral admite várias soluções, muitas delas
exóticas, dependendo das suposições iniciais. Apenas como ilustração,
menciono que em 1948 o matemático Kurt Godel encontrou uma solução
que descrevia um universo em rotação. Neste universo, um astronauta
poderia através de uma viagem pelo espaço voltar ao passado. A solução
foi descartada como sendo apenas uma curiosidade matemática.
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Universo em expansão acelerada
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Como a constante cosmológica nada mais é do que energia que preenche
o espaço, a Teoria Quântica fornece um mecanismo microscópico que pode
gerar uma constante cosmológica. Nessa teoria o “espaço vazio” (como
vimos antes) está realmente cheio de partículas virtuais que são
continuamente formadas e aniquiladas. Mas quando calculamos quanta
energia esse processo fornece ao espaço vazio, a resposta é surpreendente e
deve certamente estar errada. O valor é de 10120 vezes maior do que o
esperado.
Uma proposta diferente é que a energia escura seja um novo tipo de
fluido que enche todo o espaço chamado de quintaessência, onde o nome
foi dado em referência ao quinto elemento da filosofia grega. Ao contrário
da constante cosmológica (que como o nome indica é uma constante), ela
seria um campo dinâmico que interage com a matéria e evolui no tempo.
Mas tudo continua tão misterioso quanto antes.
Na teoria quântica, como foi visto antes, podemos descrever os
processos físicos em termos de campos ou de partículas. Uma partícula de
quintessência seria incrivelmente leve e grande, do tamanho de um
aglomerado de galáxias. Assim, a descrição em termos de campo é mais
útil.
Uma última possibilidade é que precisamos modificar as equações da
Teoria da Relatividade Geral. Isso não só afetaria a expansão do Universo,
mas também a maneira como a matéria normal nas galáxias e aglomerados
de galáxias se comporta. Mas a Teoria da relatividade Geral descreve
corretamente o movimento dos corpos no Sistema Solar e até o momento
não existe uma teoria alternativa que explique tudo que Relatividade Geral
explica e que tenha sucesso em escalas maiores.
Qual o futuro do Universo? Vou apresentar algumas especulações
propostas pelos cosmólogos. Se a aceleração ficar nula, o universo
expandirá eternamente e em 100 trilhões de anos as últimas estrelas
apagarão. Se a aceleração continuar na mesma taxa, em 30 bilhões de anos
nenhuma das galáxias existentes será visível da posição onde a Terra se
encontra. Se a aceleração aumentar, em 50 bilhões de anos todas as
estruturas existentes, de galáxias a átomos, serão arrebentadas. No caso
remoto da aceleração mudar de sinal, o Universo se contrairá voltando
novamente a uma singularidade em uma grande implosão.
A aceleração do Universo é questionada por alguns cosmólogos e teorias
alternativas foram propostas.
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Complemento.
A título de ilustração apresento abaixo as equações de Einstein para a relatividade geral.
é o tensor curvatura de Riemann. R é a curvatura escalar de Riemann. éo
tensor métrico. é o termo cosmológico. é o tensor de energia, e G é a constante
da gravitação de Newton.
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