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Domingos Abdala Issa

Gás de Boltzmann, Gás Ideal Monoatômico Clássico, Distribuição de Maxwell –


Boltzmann, Ensemble das Pressões e Flutuações de Energia e do Número de
Partículas

Licenciatura em Ensino de Física com habilitações em ensino de Matemática

Universidade Púnguè

Tete

2023
Domingos Abdala Issa

Gás de Boltzmann, Gás Ideal Monoatômico Clássico, Distribuição de Maxwell –


Boltzmann, Ensemble das Pressões e Flutuações de Energia e do Número de
Partículas
Trabalho de Física Estatística Apresentado na
Faculdade de Ciências Naturais, no Departamento
de Física, Como Requisito Parcial de Avaliação na
Cadeira de Física Estatística.

O Docente: Mestre Fernando Domingos Tembo

Universidade Púnguè

Tete

2023
1. Introdução
O presente Trabalho de Física Estatística visa abordar sobre Gás de Boltzmann, Gás Ideal
Monoatômico Clássico, Distribuição de Maxwell – Boltzmann, Ensemble das Pressões e
Flutuações de Energia e do Número de Partículas.

Dentro do mesmo encontram-se equações e gráficos numerados de acordo com as normas


vigentes na Unipúnguè.

O trabalho contém 13 páginas de desenvolvimento.


2. Objectivos:
2.1. Objectivo Geral:

Estudar o gás de boltzmann, gás ideal monoatômico clássico, distribuição de maxwell –


boltzmann, ensemble das pressões e flutuações de energia e do número de partículas.

2.2. Objectivos Específicos:


 Discutir sobre o gás de Boltzmann e a distribuição de Maxwell – Boltzmann;
 Descrever o gás ideal monoatômico clássico;
 Interpretar o ensemble de pressões e as flutuações de energia e do número de
partículas.
3.1.Gás de Boltzmann

O Hamiltonioano de um gás clássico com N partículas monoatômicas de massa m pode ser


escrito como:
N ( 1)
1 2
Η=∑ ⃗p i + ∑ V (|⃗r i−⃗r j|)
i=1 2 m i< j

Onde o primeiro somatório representa a energia cinética das partículas e o segundo a de


interação ou potencial entre pares.

A função canônica para este sistema contínuo em contacto com um reservatório térmico será
dada pela seguinte integração no espaço de fase,

...∫ ∫ ...∫ ( e ) d ⃗p
− βΗ 3 3 ( 2)
Z =∫ 1. . . N d ⃗
r 1 .. . N
V P

que representa uma integral sobre todo o espaço de fase para cada partícula do sistema.
Separando o Hamiltoniano em uma parte cinética e outra potencial, temos:

...∫ e ∫ ...∫ e
− βΗ r −βΗ p 3 3 ( 3)
Z =∫ d ⃗p 1. ..N d ⃗r 1 .. .N
V P

A idéia a seguir é tentar, da mesma forma que foi feito no exemplo anterior com o
somatório, fatorar a integral. De forma que, por questões de simplificação consideraremos
partículas não interagentes, ou seja o potencial será nulo, assim temos:
N ⃗ 2i
p ( 4)
−β ∑

...∫ ∫ ...∫ e
3 3
Z =∫
i =1 2m
d ⃗p1 . .. N d ⃗r 1. . . N
V P

⃗p 21 ⃗p22 ⃗p2N (5)


...∫ ∫ ...∫ e e e
−β −β −β 3 3 3 3
Z =∫
2m 2m 2m
.. . d ⃗p1 d ⃗p2 .. . d ⃗p N d ⃗r 1 .. . N
V P

Para cada termo p temos três coordenadas px, py e pz, o que implicará em 3 N integrais do
tipo,
∞ p2 ( 6)

∫e
−β

( )
1
2m 2 πm 2
dp=
−∞ β
Logo,

( ) ∫ ...∫ d⃗r
3N 3 ( 7)
2πm
Z= 2
1.. .N
β V

A integral sobre o volume representa o volume acessível para cada partícula, assim teremos
finalmente a expressão para a função de partição:

( )
3N
2πm ( 8)
Z= 2
VN
β
Aplicando o logaritmo,

1 3 2 πm
( )
( 9)
ln Z = ln +ln V
N 2 β .

Que no limite termodinâmico DIVERGE!!! Implicando que a abordagem clássica


sobre o modelo do gás monoatômico não interagente não é suficiente para assegurar o
limite termodinâmico, logo os conceitos sobre o modelo devem ser revistos. De fato isso
pode ser solucionado se incluirmos o fator de contagem correta de Boltzmann N! De
forma que a função de partição “ajustada” deverá ter a seguinte forma:

( ) ( )
3N 3N
1 2πm N 1 2πm (10)
Z= 2
V = 2
VN
N !h3 N β N ! h2 β
Onde também dividimos por h3N por questões de dimensão da função de partição. Este
“ajuste” pode ser justificado no limite clássico das relações obtidas do modelo quântico do
gás ideal.

Assim podemos determinar a energia livre a partir do logaritmo,


1 3N
( )
2 πm N ln N ! ( 11)
ln Z = ln 2 + ln V −
N 2N h β N N

( )
3 2 πm 1
¿ ln 2 +lnV −ln N +1− O ( ln N )
2 h β N

( )
3 2 πm
¿ ln 2 +ln
2 h β
V
N
1
+1− O ( ln N )
N .

Que no limite termodinâmico não diverge,

11 3 2 πm
( )
( 12)
f (T , v )=− ln Z=−K B T ln 2 −K B T ln v −K B T
βN 2 h β
3
¿−K B T ln T −K B T ln v−K B TC .
2 .

onde

3
C= ln
2 (
2 π mK B
h2
+ 1.
.
) ( 13)

E a entropia s(T,v) será,

( )
∂f 3 3 (14)
s(T , v )=− =K B ln T + K B ln v + K B+K B C .
∂T v 2 2 .

Analisando a entropia no limite de T0 temos que a entropia será negativa!

o que será resolvido apenas no limite quântico.

E a equação de estado para a pressão será


K T
( )
∂f (15)
P(T , v )=− = B
∂v T v .

Ou em uma forma mais conhecida,

Pv=K B T . (16)

A energia média específica será dada por:

∑Ηe
−βΗ
(17)
∂ ln Z 3
u= =− = KB T .
∑e
−βΗ ∂β 2
.

Logo,

2 u (18)
T= .
3 KB .

E substituindo na relação da entropia (14) temos a equação fundamental para a entropia:

3 (19)
s(u , v )=K B ln u+K B ln v+C' .
2
3.2.O gás ideal monoatômico clássico

( ) ( )
3N 3N
1 2πm N 1 2πm
Z= 2
V = 2
VN
Na equação N !h3 N β N ! h2 β
temos que a expressão para a
função de partição canônica para este sistema é dada por

( )
3N
1 2πm 2 N
(20)
Z= V
N ! h2 β

Y =∑ ( e ) temos
−β pV
Z( β,V )
De forma que, aplicando o limite contínuo da equação V

Y=∫ e
−β pV (21)
Z( β ,V )dV
0 .

Que nos leva a


( ) ∫V e
3N ∞ − β pV (22)
1 2 πm N
Y= 2
dV
N ! h2 β 0 .

Esta integral é facilmente calculada se considerarmos que o termo de potência (VN) pode ser
escrito como a N-ésima derivada do exponencial em relação a p. logo

e dV
−β pV

( )
3N (23)
1 2πm ∫
N
Y= 2
(−1) ∂ N
N ! h2 β N
∂( βp ) 0

∂( βp) ( βp
e |)
−β pV

N ! (h β )
3N
1 2πm 1 N
= 2
(−1) ∂
2
− N
N

0

N ! (h β ) ∂( βp) ( βp )
3N
1 2πm 1 N
= 2
(−1) ∂
2 N
N
.

Calculando separadamente a N-ésima derivada,

∂N 1
( )
(24)

∂( βp ) βp
N
.

De forma recursiva vemos, que

()
1 1
1 (25)
∂ =−1 2
1 x
∂x x
∂2
∂ x2 ()
1
x
1
=−1⋅(−2 ) 3
x
∂3
∂ x3 ()
1
x
1
=−1⋅(−2 )⋅(−3) 4
x .

De forma que a solução para N será:

()
∂N 1 =(−1 ) N N ! 1 (26)

∂x x
N N +1
x .

Assim substituindo em (23) temos


( )
3N
1 2 πm 2 N!
2N
(27)
Y= (−1)
N ! h2 β ( βp ) N +1 .

Que no limite termodinâmico,

lim N1 ln Y = 32 ln ( 2hπmβ )−ln ( βp )


2
(28)

N →∞ .

De onde podemos obter a energia livre de Gibbs

(
2 π mK B T
)K BT
( )
3 (29)
g(T , p)=− K B T ln −K B T ln
2 h2 p
.

De onde podemos obter a lei de Boyle

KB T
( )
∂g (30)
v= =
∂p T p .
3.3.Distribuição de Maxwell – Boltzmann

Consideremos agora a probabilidade (canônica) de encontrarmos uma particular do gás


ideal com velocidade entre ⃗v e d ⃗v , independente da sua posição,

Onde,

Temos então,

Essa distribuição de probabilidades depende apenas do módulo da velocidade. Logo:


E, usando a isotropia do espaço das velocidades, podemos intregrar nas direcções e obter:

A equação acima é a distribuição de velocidades de Maxwell – Boltzmann para o gás


ideal

3.4.Ensemble das pressões

No ensemble canônico desenvolvemos o formalismo para um sistema estava em contacto


com um reservatório térmico. No caso de um sistema hidrostático a função de partição
deduzida, apresentava uma dependência com a temperatura o volume e o número de
partículas, de forma que a conexão com a termodinâmica se dava através da energia livre de
Helmholtz. Contudo pode ser interessante tratarmos sistemas cuja interação com a
vizinhança seja distinta a de apenas o fluxo de calor, como é o caso do canônico, de forma
que possamos considerar o sistema estudado acoplado a reservatórios capazes de manter
constantes outros campos termodinâmicos, como por exemplo, pode-nos interessar a
transferência de trabalho. Um estudo simples de um processo ocorrendo à pressão
atmosférica representa um sistema em contacto com um reservatório térmico e de pressão,
neste caso temos a troca de calor e de trabalho, ou seja a função de partição deste sistema
deverá depender tanto da temperatura quanto da pressão. Neste caso teremos um típico
problema tratável sobre o formalismo do ensemble das pressões.

Consideremos um sistema em contacto com um reservatório de calor e de trabalho


(temperatura e pressão constantes), como ilustra a figura abaixo:
S

w q

R
p e T constantes

A parede que separa S e R é isotérmica e móvel. Para este sistema a energia e o volume
devem se conservar, logo

Eo= E R +E j (41)
V o= V R +V j
A probabilidade de encontrarmos o sistema S em um estado microscópico j será a mesma de
encontrarmos o reservatório no estado definido por ER e VR, posto que S e R são
complementares nas variáveis E e V.

P j =C Ω R ( E o −E j , V o −V j ) (42)

Onde C é uma constante de proporcionalidade arbitrária e R é o número de estados


microscópicos acessíveis ao reservatório R com energia E e volume V.

Sendo ER >> Ej podemos expandir em torno de ER = Ej , ou seja, para Ej 0. Usando Taylor
temos

(
∂ lnΩ R
) ( )
∂ lnΩ R (43)
ln P j=const .+ |E =E (E R −E o )+ | (V −V )+
∂ ER V R o ∂V R E V R =V o R o

( ) ( )
2
1 ∂ lnΩ R
2
2 1 ∂ lnΩ R 2
+ |E = E ( E R −E o ) + |V =V (V R −V o ) +. ..
2 ∂ E2R V
R o 2 ∂ V 2
R E
R o

Pela definição da entropia sabemos que


S (44)
ln Ω=
KB
∂ lnΩ 1 ∂ S 1
= =
∂E K B ∂ E KB T .

∂ln Ω 1 ∂S p (45)
= =
∂V K B ∂V K B T .

No limite de um reservatório ideal a temperatura e a pressão serão constantes fazendo com


que a derivada segunda e as consecutivas sejam todas nulas. Conseqüentemente

∂2 lnΩ 1 ∂ 1
()
(46)
= →0
∂ E2 K B ∂ E T
Considerando que uma variação no reservatório implicará necessariamente em uma
variação oposta do sistema, tanto para E quanto para V, e aplicando as relações (44) e (45), a
expressão (43) pode ser simplificada para,

ln P j=const .−βE j −β pV j . (47)

onde =1/(KBT), -Ej= ER- Eo e -Vj= VR- Vo .

logo a probabilidade será expressa por:

e e
− βE j − β pV j
(48)
P j =const . .

Onde, considerando a condição de normalização da probabilidade, a constante será dada por:

e
− β ( E j +pV j )
(49)
Y =∑
j .

Que é a função de partição no ensemble das pressões. Esta soma pode ser processada
separadamente, primeiro sobre todos os valores da energia j para um volume fixo e depois
sobre todos os volumes, ou seja,
(e ∑e )
− β pV −βE j (50)
Y=∑
V j .

Ao compararmos com a definição da função de partição canônica temos que

(e ).
−β pV
(51)
Y =∑ Z( β,V )
V
4.Conclusão

Após ter-se feito trabaho concluiu-se que no ensemble canônico desenvolvemos o


formalismo para um sistema estava em contacto com um reservatório térmico. No caso de
um sistema hidrostático a função de partição deduzida, apresentava uma dependência com
a temperatura o volume e o número de partículas, de forma que a conexão com a
termodinâmica se dava através da energia livre de Helmholtz. Contudo pode ser
interessante tratarmos sistemas cuja interação com a vizinhança seja distinta a de apenas o
fluxo de calor, como é o caso do canônico, de forma que possamos considerar o sistema
estudado acoplado a reservatórios capazes de manter constantes outros campos
termodinâmicos, como por exemplo, pode-nos interessar a transferência de trabalho. Um
estudo simples de um processo ocorrendo à pressão atmosférica representa um sistema em
contacto com um reservatório térmico e de pressão, neste caso temos a troca de calor e de
trabalho, ou seja a função de partição deste sistema deverá depender tanto da temperatura
quanto da pressão. Neste caso teremos um típico problema tratável sobre o formalismo do
ensemble das pressões.
5. Referências Bibliográficas

a. R.B. Leighton, Principles of Modern Physics, New York: McGraw- Hill Book
Company, 1959.
b. P.A.Tipler, Física Estatística, Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1981.
c. R.Eisenberg, R. Resnick, Física Quântica - Átomos, moléculas, sólidos, núcleos e
partículas, São Paulo: Editora Campus, 1994.
d. H. Pohl - Introdução à Física Estatística Quântica, São Paulo: Editora Edgard
Blücher Ltda, 1973.
e. S.Datta - Quantum Phenomena in Modern Solid State , Modular Series on Solid
State Device, vol IX, EUA: AddisonWesley Publishing Company 1989
f. L.Landau , E. Lifchitz - Mecanique Quantique , Moscou : Editions de Moscou
1966
g. H.A. Mello, R.S. Biasi - Introdução à Física dos Semicondutores, São Paulo:
Editora Blucher Ltda - 1975

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