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Simulações de rede de Boltzmann para deposição

de partículas em um canal planar: análise do efeito


marimba

Maiara Neumann de Souza


Orientador: Luca Moriconi

Instituto de Física - UFRJ

Maio de 2023

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PRIMATE

Figura: Abordagens experimental e numérica para investigar turbulência


em eletrólitos.

Fonte: https://www.if.ufrj.br/ moriconi/primate.html

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Objetivos

• Análise dos efeitos de um termo de fricção na equação de


Navier-Stokes nos vórtices;

• Análise dos efeitos da fricção na deposição de partículas;

• Análise da interação dos vórtices com as partículas, dentro da


perspectiva do efeito marimba.

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Efeito Marimba

Figura: Partículas traçadora e inercial

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Transporte e deposição de partículas em um escoamento 2D
• Abordagem numérica bidimensional para o transporte e
deposição de partículas em um canal que apresenta constrição.

• Campo de velocidades gerado pelo método Lattice-Boltzmann,


com a seguinte geometria:

Vortical Structures and Particle Deposition in Magnetohydrodynamic Flows, Bruno Magacho da Silva.
Dissertação de mestrado, IF-UFRJ, 2020.

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Equação de Boltzmann

• N = d 3 pd 3 rf (r , p, t)
R

• No equilíbrio termodinâmico: f (r, v, t) →


− f0 (r, v)
N m
3/2
f0 (v) = V 2πKT exp (−mv 2 /2KT )

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Equação de Boltzmann
 
∂f ∂f
+ ˙p · ∇p f + v · ∇r f = , (1)
∂t ∂t colisão

onde usamos a aproximação BGKW:


 
∂f f − f0
=− , (2)
∂t colisão τ

O tempo de relaxação τ está relacionado com a viscosidade do


fluido:
 
1 1
ν = cs2 − . (3)
τ 2
A velocidade do som, cs , para o LBM é √1 .
3

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Método de Lattice Boltzmann
• Fácil implementação de condições de contorno e algoritmo
paralelizável.

8
X
ρ(x, t) = fi in (x, t). (4)
i=0
8
1 X in
u(x, t) = vi fi (x, t), (5)
ρ(x, t)
i=0
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Método de Lattice Boltzmann - BGKW

fi out − fi in = ω(fi in − E (i, ρ, u⃗)), (6)

 
vi · u 1 2 1 2
E (i, ρ, u) = ρ si 1 + 2 + 4 (vi · u) − 2 u , (7)
cs 2cs 2cs

onde si valem 1/9 para direções ortogonais, 1/36 para as direções


diagonais e para as partículas em repouso vale 4/9.

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Método Lattice Boltzmann - BGKW

∂u
+ (u · ∇)u = −∇p + ν∇2 u − γu. (8)
∂t
• Perturbação das populações do valor de equilíbrio

u→
− u − γu, (9)

Parâmetro adimensional que determina o regime do escoamento:


r
Ffricção γ
H= = L = 5.3 (10)
Fviscosas µ

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Método de Lattice Boltzmann

• Re = Lu
ν = 350

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Escoamento

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Lançamento de partículas

Figura: Posições de lançamento de partículas - (530,33), (530,40),


(530,140), (530, 147).

• Foram lançadas 1000 partículas de cada altura.

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Dinâmica das partículas
d⃗vp
mp = F⃗D + F⃗L (11)
dt

Onde
π
F⃗D = ρdp2 CD |⃗vrel |⃗vrel (12)
8
e
⃗ × ⃗vf )
⃗vrel × (∇
F⃗L = 1.61dp2 (ρµ)1/2 q (13)
⃗ × ⃗vf |
|∇
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Dinâmica das Partículas

Para partículas com pequenos diâmetros e pela condição de não


deslizamento:
24 24ν
CD = = (14)
Rep dp |⃗vrel |
Dessa forma, a equação de movimento fica:

d⃗vp
mp = 3πρdp ν⃗vrel + 1.61dp2 (ρµω)1/2 ⃗vrel × ω̂ (15)
dt

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Dinâmica das Partículas

Para adimensionalizar a equação de movimento das partículas,


considere:

⃗r −→ d r⃗′
a2 ′
t −→ t = τf t ′
Γ
Γ
ω −→ 2 ω ′
d
A escala de tempo característica das partículas é dada por:

ρp dp2
τp = (16)
18µ

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Dinâmica das Partículas

O número de Stokes das partículas pode então ser definido:

τp ρp dp2 Γ
St = = (17)
τf 18µa2
Com isso, a equação de movimento fica:

d⃗vp
= cD ⃗vrel + cL (ω)1/2 ⃗vrel × ω̂ (18)
dt
Onde, s
τΓ 1.61 2ρ τΓ
cD = , cL = (19)
τp π ρp τp

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Histogramas de deposição

Figura: Deposição de partículas ao longo do canal. Em cores quentes, sem fricção. E em cores frias,
com fricção. Os dados estão separados por altura e por cruzar ou não cruzar o canal.

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Deposição de partículas - probabilidades

• p(c): probabilidade da partícula colidir.


• p(x): probabilidade da partícula cruzar o canal.
• p(v): probabilidade da partícula encontrar vórtice.

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Trajetórias em Campo Médio

0
=0

0
=0

Figura: Partículas lançadas em diferentes alturas em um campo de


velocidades médio. Acima y0 = 33 e abaixo y0 = 40.

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Análise do escoamento - swirling strength criterion

Figura: Identificação das estruturas

• Efeitos da fricção nas estruturas coerentes;


• Cálculo das circulações dos vórtices;
• Interseção das trajetórias das partículas com vórtices.

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Swirling strength

 
∂1 v1 ∂2 v1
A= . (20)
∂1 v 2 ∂2 v 2

A equação dos autovalores de A é:

det[∂j vi − λδij ] = 0. (21)

λ = λcr + iλci . (22)

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Swirling strength

M = ⟨|λci |⟩ (23)

σ 2 = ⟨|λci |2 ⟩ − ⟨|λci |⟩2 . (24)

Com isso, o limiar λ0 fica dado por:

λ0 = M + nσ, (25)

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Identificação das estruturas

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Número de estruturas identificadas ao longo de todos os
snapshots e x>600

− 1.72 × 105
• γ=0→

− 1.65 × 105
• γ ̸= 0 →

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Raio médio das estruturas ao longo do canal

30
=0
0
24
Raio médio

18

12

6
600 650 700 750 800 850 900 950 1000 1050 1100
x

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Raio médio das estruturas ao longo do canal

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Circulação
Z
Γ= (∇ × u) · dS, (26)
S

Z
Γ= ω · dS, (27)
S

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Circulação
10000
=0
0
8000

6000
População

4000

2000

0
5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0

• A fricção atenuou os vórtices.


• O gráfico não mostra as baixas circulações, pois estão
relacionadas aos vórtices catapulta.

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Vórtices Catapulta

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• A fricção não reduziu o número de estruturas vorticosas
identificadas;

• A fricção não reduziu a área das estruturas vorticosas


identificadas;

• A fricção reduziu a intensidade das estruturas.

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Interação Partícula-Vórtice

• Sem as estruturas vorticosas, as partículas seguiriam a


trajetória com o campo médio - próxima ao centro do canal e
não colidiriam nas paredes.
• A deposição das partículas está relacionada à sua interação
com os vórtices

γ=0 γ ̸= 0
p(c|v) 0.11367 0.06821
p(c|nv) 0.23188 0.00629

• Comportamento oposto entre os casos com e sem fricção ao


encontrar vórtices.

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Caso 1: γ ̸= 0

Com fricção
p(c|v) 0.06821
p(c|nv) 0.00629

• Os vórtices estão menos intensos. Ou seja, as partículas estão


sujeitas à sua ação de forma mais local.
• Não encontrar vórtice implica em ter seu movimento pouco
afetado, e a partícula segue um caminho mais próximo ao
caminho do campo médio.
• Quando a partícula passa por um vórtice, a interação é mais
forte e sua trajetória é mais alterada, portanto a probabilidade
de colidir é maior.

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Trajetória próxima a do campo médio - γ ̸= 0

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Trajetória com pouca interseção entre partícula e vórtice -
γ ̸= 0

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Trajetória com mais interseção entre partícula e vórtice -
γ ̸= 0

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Caso 2: γ = 0

γ=0
p(c|v) 0.11367
p(c|nv) 0.23188

• Os vórtices são mais intensos. Ou seja, as partículas estão


sujeitas a uma ação de longo alcance.

• O efeito de encontrar ou não vórtice é oposto.

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Histograma de colisões, quando as partículas não encontram
vórtices

• As partículas que colidem e não encontram vórtices estão sob


efeito dos intensos vórtices catapulta e dos demais que se
soltam deles. Esses impulsionam a partícula para a parede, em
um movimento balístico.
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Trajetória com pouca interseção entre partícula e vórtice -
Sem Campo

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Trajetória com mais interseção entre partícula e vórtice -
Sem Campo

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Trajetória próxima a do campo médio - Sem Campo

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Conclusões

• A presença da fricção diminuiu o número de colisões;


• Com a fricção há uma redução na intensidade dos vórtices. O
que reduz o alcance dos vórtices;
• Visualizamos diferentes consequências do efeito marimba:
auxilia na deposição e na expulsão das partículas;
• Vórtices catapultas eliminam deposição em sua vizinhança;
• O efeito marimba é evidenciado pela primeira vez a partir da
detecção de estruturas vorticosas e da interação destas com as
partículas.

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Perspectivas futuras

• Analisar geometrias diferentes e tridimensionais;

• Estudar este problema em camadas limites turbulentas;

• Modelagem da taxa de deposição de partículas;

• Machine learning

• Aplicações ao PRIMATE.

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