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PME 2556 – Dinâmica dos

Fluidos Computacional

Aula 10 - Modelos k-ω


Standard e SST
Relação entre taxa de dissipação ε e taxa de
dissipação específica ω

A taxa de dissipação específica ω é em geral relacionada


com e dividido por k (por isso é chamada de “específica”).
Na maioria dos textos, artigos e softwares:

ε ε
ω= = *
Cµ k β k
Equação modelada para k
Dk
= Difusão de k + Produção de k –Dissipação de k
Dt

∂ (ρk ) ∂ (ρ U j k ) ∂  ∂k 
∂t
+
∂ xj
=
∂ xj
(
 µ + σ µt
*
)  + ρ Pk − β ρ ω k
∂ x j 
*



Onde σ* e β* são constantes, e β*ωk = ε.


Equação modelada de ω (1)


= Difusão de ω + Produção de ω –Dissipação de ω
Dt

Por análise dimensional supomos que a produção de ω é


proporcional à produção de k multiplicada por ω / k. O
mesmo raciocínio é feito para a dissipação de ω.
Equação modelada de ω (2)
Resulta:

∂ (ρω ) ∂ (ρ U j ω ) ∂  ∂ω  ω
+ =  (µ + σµ )  + ρ α P − β ρ ω 2

∂t ∂ xj ∂ x j  ∂ x j 
t k
k

Onde σ , α e β são constantes.


Viscosidade Turbulenta (Eddy Viscosity)

µt é determinado por análise


dimensional a partir das grandezas
usadas para caracterizar a
turbulência . Logo:

k
µt = ρ
ω
Modelo k-ω standard
∂ (ρk ) ∂ (ρ U j k ) ∂  ∂k 
∂t
+
∂ xj
=
∂ xj
(
 µ + σ µt
*
)  + ρ Pk − β ρ ω k
∂ x j 
*



∂ (ρω ) ∂ (ρ U j ω ) ∂  ∂ω  ω
+ =  (µ + σµ )  + ρ α P − β ρ ω 2

∂t ∂ xj ∂ xj ∂
t k
 x j 
 k

∂U k
Onde : Pk = − ui ´ u j ´ i µt = ρ
∂ xj ω
Temos portanto cinco constantes: β* , σ* , σ , α, β.
Determinação das Constantes do Modelo k-ω (1)
Na camada logarítmica, medidas de k permitem inferir que os
efeitos de convecção e difusão são desprezíveis. A equação
de k se reduz à igualdade entre produção e dissipação.
Considerando que nessa região a única tensão turbulenta
importante é u ′v′ :
∂U
Pk = −u′v′ = ε = β *ω k
∂y
∂U u′v′ u ′v′ ω
mas, como = = , resulta :
∂y ν t k
2
 u′v′ 
  = β * ; de medições β * = 0.09
 k 
 

Dica: β* é a mesma constante Cµ do modelo k-ε .


Determinação das Constantes do Modelo k-ω (2)

No decaimento de turbulência homogênea e isotrópica (escoamento


a jusante de uma grade) , a produção de turbulência se torna
desprezível. Desprezando efeitos difusivos, as equações de k e ω
ficam:
dk dω
= − β *ω k ; = − β ω2
dt dt
Medidas de k nesse caso sugerem que k = C t -6/5, onde C é uma
constante. Substituindo esse resultado nas equações acima,
resulta:

β / β = 6 / 5 → β = 3 / 40
*
Determinação das Constantes do Modelo k-ω (3)
Na camada logarítmica, temos:

ρ
( )
*
1 U U y
U+ = ln E y + + +
onde U = * e y =
κ U µ
τw
U é a chamada velocidade de atrito : U =
* *

ρ
κ é a chamada constante de Von Kármán, κ =0.41, e E
depende da rugosidade, E≈9.0 . Com a lei logarítmica
obtemos:
∂U U *
=
∂y κ y
Determinação das Constantes do Modelo k-ω (4)

Percebe-se também que, para 30 < y+ < 100, a tensão de


Reynolds é constante e aproximadamente igual à tensão τw
na parede. Da relação entre a tensão de Reynolds e k,
derivada anteriormente da condição de equilíbrio local
(produção de turbulência igual à dissipação):

2
 u′v′ 
  =β* →k =
u ′v′ τw / ρ U *2

 k  →k = →k =
  β *
β *
β *
Determinação das Constantes do Modelo k-ω (5)

Voltando à condição de equilíbrio local na camada logarítmica:

2
∂U  ∂U 
u ′v′ = ε → ν t   = β *ω k
∂y ∂y
∂U U *
k
mas, lembrando que ν t = e que = :
ω ∂y κ y
U*
ω=
β κy
*
Determinação das Constantes do Modelo k- ω (6)
Voltando à camada logarítmica, considerando que o
transporte convectivo e a difusão longitudinal são
desprezíveis, e aplicando a condição de equilíbrio local
entre produção e dissipação de turbulência, a equação de ω
fica:
2
∂  ∂ω   ∂U 
 σ ν t  + α   − βω 2 = 0
∂y  ∂y   ∂y 
Substituindo as expressões obtidas nos
dois últimos slides, obtemos finalmente:

β σ κ2
α= * −
β β*
Determinação das Constantes do Modelo k-ω (7)

Alguns experimentos computacionais permitiram uma


otimização do valor das constantes segundo a tabela:

β* σ σ* β α

0.09 1/2 1/2 3/40 5/9


Condições de Contorno para
30 < y+ <200
Na parede, temos:

U * ⋅∆n
2 * ∂k
ν wall = r r ωP = *
(U P − U wall )⋅ es
r U
=0
β κ ∆n ∂n wall
Condições de Contorno para
y+ < 5
Na parede, temos:


ωP = k wall = 0
β ∆n 2
Desempenho do modelo k-ω quando
comparado com o modelo k-ε

O modelo k-ω produz resultados superiores


ao k-ε quando usado em escoamentos com
gradientes de pressão adversos. Qual a
razão, se a forma de determinar as
constantes é a mesma?
Equação de ε transformada
Se tomarmos a equação de ε e fizermos a mudança
de variáveis ε =β* ω k vamos obter (Davidson,
2006):
Deficiência do modelo k-ε em simular escoamentos
com gradiente adverso e recirculação
Deficiência do modelo k-ε em simular escoamentos com
gradiente adverso e recirculação

∂k ∂ω
perto da parede, região baixa da camada limite: > 0 ; < 0
∂y ∂y
Perto da parede tem sinal negativo e
funciona como um termo de destruição de
ω. Esse efeito é intensificado pelo gradiente
adverso de pressão. Isso aumenta o nível
de energia cinética e, como conseqüência,
a viscosidade turbilhonar. O excesso de
difusão prejudica a captura de regiões de
recirculação.
Deficiência do modelo k-ω: influência do valor de ω na
corrente livre

Na figura retirada de Menter, F.R., “Two-Equation Eddy-Viscosity Turbulence Models for


Engineering Applications”, AIAA Journal Vol. 32, No. 8, 1994, ωf se refere ao valor da
dissipação específica na corrente livre. A diferença entre os dois perfis para a viscosidade
turbilhonar na camada limite evidencia a dependência que o modelo tem em relação à
condição de contorno do escoamento externo. Tal dependência não ocorre no modelo k-ε.
Vantagem do modelo k-ε : baixa influência do valor
de ω na corrente livre

∂k ∂ω
distante da parede, região alta da camada limite: < 0 ; < 0
∂y ∂y

Na parte alta da camada limite tem sinal


positivo e funciona como um termo de
produção de ω , diminuindo a energia
cinética e a viscosidade turbilhonar. A baixa
difusão diminui a influência da condição de
contorno, ou seja, dos valores adotados
para ω na corrente livre.
Modelo k-ω SST
O modelo SST foi desenvolvido por Menter em 1993 para
eliminar a dependência que o modelo k-ω standard demonstra ter
em relação às condições de contorno da corrente livre. A
equação de ω é reescrita de forma a garantir que, numa mudança
de variáveis, recuperemos a equação de ε do modelo k-ε standard
se y→∞. Assim, o modelo SST se comporta como k-ω standard
perto da parede e como k-ε standard ao nos afastarmos da
parede. Essa propriedade, no entanto, só funciona se a malha for
bastante refinada junto à parede, garantindo que as células
cheguem a discretizar a subcamada viscosa. Assim, em geral,
exige-se que para utilizar o modelo SST o primeiro nó tenha y+ ≈
1. Se essa condição não for respeitada, nos arriscamos a que o
modelo funcione apenas de forma similar ao k-ε , perdendo as
propriedades do k-ω de boa resolução da camada limite com
gradientes adversos de pressão.
Modelo k-ω SST
No modelo SST, a equação de ω é dada por:

∂ (ρω ) ∂ (ρu j ω ) ∂  µt  ∂ ω  ρα
+ =  µ +  + Pk − ρ β i ω 2 + Dω
∂t ∂x j ∂x j  σω  ∂x j  µ t

Onde temos:
1 ∂ k ∂ω
Dω = 2 (1 − F1 ) ρσ ω 2
ω ∂ xj ∂ x j
F1 →1 quando y → 0 (nas imediações da parede)
F1 → 0 quando y → ∞ (parte alta da camada limite)
Modelo k-ω SST
A função F1, responsável por chavear o modelo
entre k-ω e k-ε, é dada por:
  k 500 µ  4 ρk 
F1 = tanh (Φ )
4
; Φ1 = min max  , ,
 σ D+ y2 
 0,09 ω y ρ y ω
1 2
  ω2 ω 

Onde:

 1 1 ∂ k ∂ω 

Dω = max 2 ρ
+
,10 −10 
 σ ω ∂x ∂ x 
 ω2 j j 
Modelo k-ω SST
A equação de k é dada por:

∂ (ρk ) ∂ (ρu j k ) ∂  µt  ∂k  ~
+ =  µ +
   + Pk − ρ β kω
*

∂t ∂x j ∂x j  σk  ∂x j 

Onde:

~
(
Pk = min Pk ,10 ρ β * k ω )
∂ ui
Pk = − ρ u i′u ′j
∂ xj
Modelo k-ω SST
A viscosidade turbulenta é dada por:

ρk 1
µt =
ω  1 SF2 
max * , 
 α a1ω 

Onde:

 k 500 µ 
F2 = tanh (Φ ) ; Φ 2 = max 2
2
,  ; S = 2S ij S ij

ω ρ ω
2 2
 0,09 y y 
Modelo k-ω SST
As demais relações são:
β i = F1 β i 1 + (1 − F1 ) β i 2 ; β i 1 = 0,075 ; β i 2 = 0,0828
 4  Re  4 
 + t  
 15  R  
* 
β = β∞
*  β   ; β * = 0,09 ; R = 8 ; Re = ρk
∞ β
µω
t
  Re t  
4

 1+   
 R  
  β  

σ k 1 =1,176 ; σ ω 1 = 2,0 ; σ k 1 =1,0 ; σ ω 2 =1,168 ; a1 = 0,31

β i1 κ βi 2 κ
α ∞ = F1 α ∞ 1 + (1 − F1 )α ∞ 2 α ∞1 = − α∞2 = −
β ∞ σ ω 1 β ∞*
*
β ∞ σ ω 1 β ∞*
*

1 1
σk = σω =
F1 / σ k 1 + (1 − F1 ) / σ k 2 F1 / σ ω 1 + (1 − F1 ) / σ ω 2

α∞  α o + Re t / Rω 
α=   ; α ∞ = 0,52 ; Rω = 2,95 ; α o =1 / 9
α*  1 + Re t / Rω 

 α o* + Re t / Rk 
α * = α ∞*   ; α ∞* =1 ; Rk = 6 ; α o* = β i / 3
 1 + Re t / Rk 
Modelo k-ω SST
Por sua propriedade de resolver bem camadas
limites com gradientes adversos de pressão
sem mostrar dependência exagerada dos
resultados em relação às condições de contorno
de corrente livre, o modelo k-ω SST em geral é
muito usado em aerodinâmica externa.
Bibliografia

ANSYS FLUENT 13 Theory Guide, 2011.

D. C. Wilcox, “Reassessment of the scale-determining


equation for advanced turbulence models”, AIAA Journal,
vol. 26, NO. 11, 1988.

D. C. Wilcox, “Turbulence Modeling for CFD”, 2nd


Edition, DCW Industries, 2000.

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