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Programa de Pós-Graduação em Engenharia Geotécnica – Mecânica dos Solos

Lista 2 – Exercícios Resolvidos

P1. Calcular a resistência ao cisalhamento da amostra indicada no perfil abaixo, sabendo que a mesma,
ensaiada em um ensaio triaxial, forneceu os seguintes resultados na condição de ruptura:

Solução: Plotando-se, em escala, os resultados dos ensaios em termos dos círculos de Mohr das
tensões na ruptura, vem:

Da envoltória, resulta: c = 0,53 kgf / cm2 = 53 kPa e φ = 20°. Para as condições de campo:

σ − 4 = 20 x5 + 18x1 ∴ σ − 4 = 118 kN / m 3

Logo:

τ = c + σtgφ = 53 + 118 tg 20 ∴ τ ≅ 96 kN / m 2
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P2. Num ensaio de cisalhamento direto de uma areia em estado seco, executado sob uma tensão
normal de 96,6 kPa, a tensão cisalhante na ruptura foi igual a 67,7 kPa. Pede-se determinar os valores e
as direções das tensões principais para um elemento de solo situado na zona de ruptura.

Solução: para uma areia seca: c’ = 0, logo:

67,7
τ = c'+ σ' tgφ'∴ 67,7 = 96,6 tgφ'∴ tgφ' = = 0,7 e φ' = 35 o
96,6
σ' + σ'3 σ'1 −σ'3 σ' −σ'
Num dado plano π qualquer: σ = 1 + cos 2θ e τ = 1 3 sen 2θ
2 2 2
φ' 35
Para o plano π de ruptura: θf = 45 + = 45 + ∴ θf = 62,5o
2 2
σ' +σ'3 σ'1 −σ'3 σ' −σ'
Logo: 96,6 = 1 + cos 125 e 67,7 = 1 3 sen 125
2 2 2

Destas relações, resulta que: σ’1 = 226,7 kPa e σ’3 = 61,3 kPa. A orientação das tensões principais é
indicada abaixo, sendo que o ângulo θ = 62,5° é o ângulo entre o plano onde atua σ’1 (tensão principal
maior) e o plano de ruptura (plano horizontal no ensaio de cisalhamento direto).

P3. Os resultados de três ensaios triaxiais drenados sobre amostras idênticas de um dado solo
forneceram os seguintes resultados:

ensaio σ3 (kPa) σ1 - σ3 (kPa)


1 50 191
2 100 226
3 150 261

Pede-se determinar os parâmetros de resistência do solo em termos das tensões efetivas.

Solução: para ensaios triaxiais drenados: σ’3 = σ3 e sendo σ’1 - σ’3 = σ1 - σ3 , vem:

• ensaio 1: σ’1 = 50 + 191 = 241


• ensaio 2: σ’1 = 100 + 226 = 326
• ensaio 3: σ’1 = 150 + 261 = 411
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Plotando-se, em escala, os valores das tensões principais dos ensaios realizados, vem:

Da envoltória, resulta: c’ = 60 kPa e φ’ = 15°.

P4. Os resultados de ensaios triaxiais CD e CU, realizados sobre amostras de uma argila normalmente
adensada, forneceram os seguintes resultados:

tipo do ensaio σ3 (kPa) σ1 - σ3 (kPa)


CD 300 650
CU 200 250
Pede-se determinar:
(i) os parâmetros de resistência do solo em termos das tensões efetivas pelo ensaio CD;
(ii) os parâmetros de resistência do solo em termos das tensões totais pelo ensaio CU;
(iii) a poropressão de ruptura no caso do ensaio CU.

Solução (figura na página seguinte):

(i) para uma argila normalmente adensada: c’ = 0:

• ensaio CD: σ’1 = 300 + 650 = 950

 φ'  2 φ'  2 φ '  950


σ '1 = σ '3 tg 2  45 +  ∴ 950 = 300 tg  45 +  ∴ tg  45 +  = = 3,17 ∴φ ' ≅ 31,4o
 2  2  2  300

(ii) admitindo c = 0:

• ensaio CU: σ1 = 200 + 250 = 450

 φ  φ  φ  450
σ1 = σ3 tg 2  45 +  ∴ 450 = 200tg 2  45 +  ∴ tg 2  45 +  = = 2,25 ∴ φ ≅ 22,6o
 2  2  2  200

(iii) para φ’ = 31,4° nos dados do ensaio CU, agora em termos de tensões efetivas (σ’ = σ - u), vem:
 φ'   31,4 
σ'1 = σ'3 tg 2  45 +  ∴ (450 − u f ) = (200 − u f ) tg 2  45 +  ∴ u f ≅ 85 kPa
 2  2 
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P5. Um ensaio triaxial drenado foi realizado em um solo com parâmetros efetivos de resistência
conhecidos: c’ = 10 kPa e φ’ = 22°. Sendo a tensão confinante de ensaio igual a 100 kPa, traçar os
círculos de Mohr para as tensões de ruptura, as trajetórias de tensões nos diagramas p x q 2-D e 3-D,
definindo as inclinações destas trajetórias e os parâmetros de resistência para a envoltória
transformada.

Solução:
r
(i) sen φ' = = sen 22 ∴ r = 74,7 kPa
r + 100 + 10 cotg 22

σ'1 = σ'3 +2r = 100 + 2.74,7 ∴ σ'1 = 249,4 kPa

σ'1 + σ'3 249,4 + 100 σ' − σ ' 249,4 − 100


(ii) p' = = = 174,7 kPa ; q = r = 1 3 = = 74,7 kPa
2 2 2 2
∆q 74,7
tgβ = = = 1∴ β = 45o
∆p' 174,7 − 100
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σ'1 +2σ'3 249,4 + 2.100


(iii) p' = = = 149,8 kPa ; q = 2r = σ'1 −σ'3 = 149,4 kPa
3 3

∆q 149,4
tgβ = = = 3 ∴ β = 71,6o
∆p' 149,8 − 100

As respectivas trajetórias de tensões (totais e efetivas, que são iguais em ensaios drenados) estão
indicadas a seguir.

Para a envoltória transformada, tem-se que:

a ' = c'. cos φ' = 10. cos 22 ∴ a ' = 9,3 kPa ; tgα ' = senφ' = sen 22 ∴ α ' = 20,5o

P6. Uma amostra indeformada de argila ligeiramente sobreadensada (c’ = 0 kPa ; φ’ = 22°, γ = 16
kN/m3; Ko = 0,7) foi coletada a 5,0m de profundidade num terreno com NA a 1,0m de profundidade
(γw = 10 kN/m3). Determinar a poropressão da amostra após sua retirada do solo e as correspondentes
resistências drenadas, na condição de ruptura, para a amostra ensaiada sob compressão axial e sob
expansão lateral, ambos os ensaios sendo realizados para uma tensão confinante de 40 kPa.

σ' v 0 = 16 x1 + (16 − 10) x 4 = 40 kPa ; σ' h 0 = 40 x 0,7 = 28 kPa

(i) ui após alívio de tensões (admitindo uma variação isotrópica de tensões):

ui = −
(σ' v 0 +2σ'h 0 ) = − (40 + 2.28) ∴ u = −32 kPa
i
3 3

(ii) ensaio triaxial drenado sob compressão isotrópica de σc =40 kPa

σ'c + σ'c 40 + 40 σ' −σ' 40 − 40


(ii) p' = = = 40 kPa ; q = c c = = 0 kPa
2 2 2 2

a ' = c'.cos φ' = 0 ; tgα ' = senφ' = sen 22 ∴ α ' = 20,5 o


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A partir do ponto P ≡ (40 , 0), são traçadas as trajetórias de tensões inclinadas de 45° para a direita
(para o caso do ensaio de compressão axial) e de 45° para a esquerda (para o caso do ensaio de
expansão lateral), determinando-se, sobre a envoltória de ruptura transformada (definida pelos
parâmetros a’= 0 e α’ = 20,5°), os valores correspondentes das resistências drenadas do solo ensaiado
na condição de ruptura sob compressão axial e sob expansão lateral.

• ensaio 1: (qCD)CA = 24 kPa


• ensaio 2: (qCD)EL = 11 kPa

P7. Num ensaio de cisalhamento direto drenado convencional (caixa de cisalhamento com dimensões
60mm x 60mm x 30mm) de uma areia saturada, sob tensão normal de 41,67 kPa, foram obtidos os
seguintes dados de ensaio nas vizinhanças do ponto das tensões cisalhantes máximas:

Tensão cisalhante (kPa) 42,5 43,1 42,8


Deslocamento horizontal (mm) 0,30 0,40 0,80
Expansão vertical (mm) 0,05 0,075 0,105

(a) Pede-se determinar o valor do ângulo de atrito de pico e o máximo ângulo de dilatância da areia
ensaiada e estimar o ângulo de atrito da mesma no estado crítico.

Solução:

Para σ’ = 41,67 kPa ⇒ τmax = 43,1 kPa

τ 43,1
Logo: τ = σ' tgφ ∴ tgφ = = ∴ φ ' = 46 o
σ' 41,67

Para a determinação do ângulo de dilatância, tem-se que (ver slide 18 da Aula 12):

−∆ε z − ∆z / H 0 −∆z
tgα = = =
∆γ zx ∆x / H 0 ∆x
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Nas vizinhanças do pico de tensões, a relação (∆z/∆x)max ocorre para o intervalo de tensões entre 42,5
e 43,1 kPa (figura abaixo):

 ∆z  0,075 − 0,050
tgα p =  −  = = 0,25 ∴ α p = 14 o
 ∆x  max 0,4 − 0,3

Ou, em termos de deformações:

 0,4 − 0,30  ∆γ xy  0,075 − 0,050 


∆γ xy = 2∆ε xy = 2.  .100 = 0,334% ∴ = 0,167% e ∆ε z =  .100 = 0,083
 60  2  30 

 ∆ε z  0,083
tgα p =  −  = = 0,25 ∴ α p = 14 o
 ∆γ zx  max 2 . 0,167

O ângulo de dilatância máximo pode também ser obtido por meio da construção do círculo de
deformações (slide 18 da Aula 12), tomando-se os valores de ∆ε x ∆γ/2 (figura acima).

Com base na relação de Bolton (1986), tem-se que (slide 21 da Aula 12):

φ ' p = φ ' cs + 0,8 α p ∴φ ' cs = 46 − 0,8.14 ∴φ ' cs = 34,8 o

(b) Três ensaios drenados adicionais foram realizados com amostras similares da mesma areia, sob
diferentes tensões normais, tendo sido obtidas as seguintes tensões de pico e a volume constante
(estado crítico):

Tensão normal (kPa) 20 100 200


Tensão cisalhante de pico (kPa) 23,8 83,9 132,0
Tensão cisalhante crítica (kPa) 12,6 63,2 126,4

Pede-se traçar as respectivas envoltórias de resistências de pico e de estado crítico, justificando a


utilização destes resultados em termos da análise da estabilidade de um talude que apresenta
deformações elevadas.
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No caso de um talude sujeito a grandes deformações, não se justificaria a adoção das resistências de
pico em projeto, uma vez que os condicionantes de ruptura progressiva implicariam a mobilização pós-
pico em determinadas zonas do maciço (com resistência global do maciço, ao longo de uma dada
superfície potencial de ruptura, inferior à sua resistência máxima). Assim, de forma conservativa,
adotar-se-ia a resistência baseada em parâmetros de resistência do estado crítico (φ’crit).

P8. Os seguintes parâmetros são conhecidos para um silte argiloso: c’=18 kPa, φ’pico = 200, Af = 0,4 e
B = 0,8. Pede-se determinar as poropressões mobilizadas no início e no fim dos seguintes estágios de
um ensaio triaxial:
a) adensamento isotrópico sob pressão confinante de 200 kPa;
b) condição de ruptura sob cisalhamento axial não drenado com a tensão confinante inicial de 200 kPa
tendo sido elevada para 400kPa.

Solução:

a) condição inicial: ∆u = B∆σ3 ∴ ∆u = 0,8 .200 = 160 kPa


final do adensamento: ∆u = 0.

b) condição inicial: ∆u = 0.
final do cisalhamento: ∆uf = B(∆σ3 + Af. ∆σd) = 0,8 (200 + 0,4 ∆σd)= 160 + 0,32 ∆σd

Com base nos parâmetros do solo (Af < 0,5), trata-se de um solo Tipo I (que tende a sofrer compressão
durante o cisalhamento) e, assim, σ’3f < σ’3 c (slide 27 da Aula 14), logo σ’3f = σ’3 c – ∆uf = 400 – u:
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Logo:

∆σ d
sen 20 = 2
∆σ d
18cotg20 + (400 − u) +
2
Substituindo-se o valor de ∆uf = 160 + 0,32 ∆σd na expressão acima, vem:

0,5 ∆σ d
sen 20 = ∴ 0,5 ∆σ d = 0,062∆, + 99 ou ∆σ d = 226 kPa
0,5 ∆σ d + 289,45 − 0,32σ d
d

∴ ∆uf = 160 + 0,32. 226 ∴ ∆uf = 232,3 kPa

P9.Um ensaio de compressão simples foi realizado sobre um corpo de prova de argila NA (φ' = 30º)
com 35mm de diâmetro e 80mm de altura, com a ruptura ocorrendo para uma carga axial de 14,3 N e
11mm de compressão. Determinar a resistência não drenada do solo e comparar este valor com a
tensão de cisalhamento mobilizada no plano de ruptura na condição de ruptura (τff ).

Solução:

Admitindo-se a condição não drenada, o volume do CP permanece invariável durante o ensaio e, na


ruptura, a área da seção transversal seria dada por (slide 21 da Aula 12):

Af =
AO ∆l f 11 π ⋅ 352
sendo ε 1 = = = 0,1375 e Ao = = 962,1 mm 2
1 − ε1 lO 80 4

962,1 14,3
∴ Af = = 1115,5 mm 2 ⇒ qu = × 10 3 = 12,8 kN/m 2
1 − 0,1375 1115,5

12,8
∴ su = = 6,4 kN/m 2
2

Tomando-se a expressão de τff (slide 29 da Aula 12) para as condições específicas do ensaio a
compressão simples (σx = σ3 = 0 e σy = qu , vem:

(σ 1 − σ 3 ) f q
τ ff = ⋅ sen2θ f = u ⋅ sen2θ f
2 2
30
Sendo (slide 28 da Aula 12): θ f = 45 + = 60o
2
12,8
∴ τ ff = ⋅ sen 120o ∴ τ ff = 5,5 kN/m 2
2
 6,4 − 5,5 
∆=  ⋅ 100 ∴ ∆ = 14,1%
 6,4 
ou seja, su apresenta um valor 14,1% maior do que o da tensão τff .
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P10. Uma amostra de argila, coletada a 10m de profundidade (ponto A) num terreno cujo perfil
geotécnico é dado a seguir (NA a 2,5m de profundidade), foi submetida a ensaios de adensamento que
caracterizaram o solo local como sendo uma argila levemente sobreadensada, com OCR = 1,3. Pede-se
estimar a resistência não drenada da argila para a profundidade indicada.

0m
2,5m
Areia γ = 18 kN/m3
10 m
6m

A
Argila γ = 20 kN/m3

14 m

Solução:

σ'0 = (18 x 2,5) + (18 – 9,8) x 3,5 + (20 – 9,8) x 4 = 114,5 kPa

σ'c = 114,5 x 1,3 = 148,9 kPa

• Aplicando-se a proposição de Jamiolkowski et al.,1985 (slide 39 da Aula 13)

 su 
  = (0,23 ± 0,04) . OCR 0,8 = (0,19 a 0,27) . (1,3)0,8 = (0,23 a 0,33)
 σ'0 SA

su = (0,23 a 0,33) . 114,5 = 26,3 a 37,8 kPa

• Aplicando-se a proposição de Mesri (1975)

su = 0,22 . 148,9 = 32,8 kPa

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