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RAIOS X

Raios X

O raio X é um tipo de radiação eletromagnética com frequências superiores à radiação ultravioleta, ou


seja, maiores que 1018 Hz. A descoberta do raio X e a primeira radiografia da história ocorreram em
1895 pelo físico alemão Wilheelm Conrad Rontgen, fato esse que lhe rendeu o prêmio Nobel de Física
em 1901.

Foi durante o estudo da luminescência por raios catódicos em um tubo de Crookes que Conrad desco-
briu esse raio. A denominação “raio X” foi usada por Conrad porque ele não conhecia a natureza da luz
que tinha acabado de descobrir, ou seja, para ele, tratava-se de um raio desconhecido.

Produção dos raios X

Os raios X são obtidos por meio de um aparelho chamado de Tubo de Coolidge, um tubo oco que
contém um cátodo em seu interior. Quando esse cátodo é aquecido por uma corrente elétrica, que é
fornecida por um gerador, ele emite grande quantidade de elétrons, que são fortemente atraídos pelo
ânodo, chegando a este com grande energia cinética. Quando eles se chocam com o ânodo, transfe-
rem energia para os elétrons que estão nos átomos dos ânodos. Os elétrons com energia são acelera-
dos e emitem ondas eletromagnéticas, os raios X.

Aplicações e Características dos Raios X

Por meio de estudos sobre os raios X, Rontgen verificou que eles têm a propriedade de atravessar
materiais de baixa densidade, como os músculos do corpo humano, e são absorvidos por materiais
com densidades mais elevadas, como os ossos. Por causa dessa descoberta, esses raios passaram a
ser largamente utilizados para realização de radiografias. Hoje o raio X possui vasto campo de aplica-
ção, pois são utilizados, por exemplo, no tratamento de câncer, na pesquisa sobre a estrutura cristalina
dos sólidos, na indústria e em muitos outros campos da ciência e da tecnologia.

Os raios X propagam-se com a velocidade da luz e, como qualquer outra onda eletromagnética, eles
estão sempre sujeitos aos fenômenos da refração, reflexão, difração, polarização e interferência.

Vale lembrar que esse raio possui ações benéficas e maléficas. A exposição demorada a esse raio
pode causar sérios danos à saúde, como lesões cancerígenas, morte de células, leucemia, entre ou-
tros.

No fim da tarde de 8 de novembro de 1895, quando todos haviam encerrado a jornada de trabalho, o
físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen (1845-1923) continuava no seu pequeno laboratório, sob os
olhares atentos do seu servente. Enquanto Roentgen, naquela sala escura, se ocupava com a obser-
vação da condução de eletricidade através de um tubo de Crookes, o servente, em alto estado de
excitação, chamou-lhe a atenção: "Professor, olhe a tela!".

Nas proximidades do tubo de vácuo havia uma tela coberta com platinocianeto de bário, sobre a qual
projetava-se uma inesperada luminosidade, resultante da fluorescência do material. Roentgen girou a
tela, de modo que a face sem o material fluorescente ficasse de frente para o tubo de Crookes; ainda
assim ele observou a fluorescência. Foi então que resolveu colocar sua mão na frente do tubo, vendo
seus ossos projetados na tela. Roentgen observava, pela primeira vez, aquilo que passou a ser deno-
minado raios X.

O parágrafo acima pode ser uma dramatização do que de fato ocorreu naquele dia, mas o fato que a
história registra é que esta fantástica descoberta teve estrondosa repercussão, não apenas na comu-
nidade científica, como também nos meios de comunicação de massa. Por exemplo, em 1896, menos
de um ano após a descoberta, aproximadamente 49 livros e panfletos e 1.000 artigos já haviam sido
publicados sobre o assunto. Um levantamento feito por Jauncey no jornal norte-americano St. Louis
Post-Dispatch, mostra que, entre 7 de janeiro e 16 de março de 1896, quatorze notas foram publicadas
sobre a descoberta e outros estudos relacionados.

Todavia, as mais conhecidas referências a essa descoberta tendem a minimizar o mérito do seu autor,
enfatizando o aspecto fortuito da observação. Essa visão distorcida que se tem do trabalho de Roen-
tgen só é eliminada quando se toma conhecimento dos seus relatos. Com 50 anos de idade na época
da descoberta dos raios X, e menos de 50 trabalhos publicados, Roentgen tinha como temas prediletos
as propriedades físicas dos cristais e a física aplicada (em 1878 apresentou um alarme para telefone,

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e em 1879, um barômetro aneróide). Sobre os raios X publicou apenas três trabalhos, e ao final da sua
vida não chegou a ultrapassar a marca dos 60. Para um detentor do Prêmio Nobel de Física, esta é
uma quantidade relativamente inexpressiva. Essa "pequena" produção talvez seja consequência do
seu rigoroso critério de avaliação dos resultados obtidos. Pelo que se sabe, ele era tão cuidadoso, que
jamais teve de revisar os resultados publicados. Lendo seus dois primeiros artigos sobre os raios X,
percebe-se a acuidade do seu trabalho.

Além da inegável importância na medicina, na tecnologia e na pesquisa científica atual, a descoberta


dos raios X tem uma história repleta de fatos curiosos e interessantes, e que demonstram a enorme
perspicácia de Roentgen. Por exemplo, Crookes chegou a queixar-se da fábrica de insumos fotográfi-
cos Ilford, por lhe enviar papéis "velados". Esses papéis, protegidos contra a luz, eram geralmente
colocados próximos aos seus tubos de raios catódicos, e os raios X ali produzidos (ainda não desco-
bertos) os velavam. Outros físicos observaram esse "fenômeno" dos papéis velados, mas jamais o
relacionaram com o fato de estarem próximos aos tubos de raios catódicos! Mais curioso e intrigante é
o fato de que Lenard "tropeçou" nos raios X antes de Roentgen, mas não percebeu. Assim, parece que
não foi apenas o acaso que favoreceu Roentgen; a descoberta dos raios X estava "caindo de madura",
mas precisava de alguém suficientemente sutil para identificar seu aspecto iconoclástico. Para entender
por que, é necessário acompanhar a história dos raios catódicos.

Raios Catódicos e Raios Lenard versus Raios X

Em 1838, Faraday realizou uma série de experimentos com descargas elétricas em gases rarefeitos,
ligando definitivamente seu nome à descoberta dos raios catódicos. Todavia, devido às dificuldades
técnicas com a produção de vácuo de boa qualidade, esses trabalhos só tiveram novo impulso vinte
anos depois. Essa nova fase, iniciada por volta de 1858, pelo físico alemão Julius Plucker (1801-1868),
produziu resultados que desafiaram a inteligência humana durante quase quarenta anos, até que um
bom entendimento do fenômeno fosse obtido.

A denominação raios catódicos (Kathodenstrahlen) foi introduzida pelo físico alemão Eugen Goldstein
(1850-1931), em 1876, ocasião em que ele apresentou a interpretação de que esses raios eram ondas
no éter. Uma interpretação contrária, defendida pelos ingleses, também chamava a atenção do mundo
científico da época. Para Crookes, os raios catódicos eram moléculas carregadas, as quais constituiam
o quarto estado da matéria (essa denominação é hoje usada quando nos referimos ao plasma, que é
exatamente o que se tem quando se produz uma descarga elétrica num gás rarefeito!). Em 1897, Tho-
mson encerrou a polêmica, demonstrando que os raios catódicos eram elétrons. Ao longo desses 40
anos, diversas observações, comentários e hipóteses sugerem que vários pesquisadores andaram
"rondando a porta da descoberta dos raios X". Anderson relaciona algumas dessas indicações; nos
seus dois primeiros trabalhos, Roentgen se refere às possibilidades que Lenard teve de fazer a desco-
berta.

Num artigo publicado em 1880, Goldstein menciona que uma tela fluorescente podia ser excitada,
mesmo quando protegida dos raios catódicos. Publicado em alemão e em inglês, este trabalho deve
ter chegado ao conhecimento de quase todos os pesquisadores envolvidos nesses estudos, no entanto,
nos quinze anos seguintes ninguém questionou o fato de que a tela fluorescia, mesmo sem ser atingida
pelos raios catódicos! Também Thomson chegou perto; um ano antes da descoberta dos raios X, ele
relatou que havia observado fosforescência em peças de vidro colocadas a vários centímetros de dis-
tância do tubo de vácuo.

Entre todos os pesquisadores, Lenard parece ter sido aquele que mais se aproximou da descoberta de
Roentgen. Dando continuidade aos trabalhos do seu professor, Heinrich Hertz, Lenard realizou experi-
ências para verificar se os raios catódicos produzidos no interior de um tubo de Crookes poderiam ser
observados no exterior. Para tanto, construiu um tubo de Crookes com uma pequena janela de alumínio
(espessura de aproximadamente 0,0025 mm) no lado oposto ao catodo, e passou a observar os raios
catódicos fora do tubo, através da sua interação com materiais fosforescentes. Posteriormente esses
raios ficaram conhecidos como raios Lenard. Em 1894 Lenard publica, na revista alemã Annalen der
Physik, suas primeiras observações, entre as quais destacam-se:

1. Os raios Lenard sensibilizavam uma chapa fotográfica.

2. Um disco de alumínio eletricamente carregado descarregava-se quando era colocado no trajeto des-
ses raios, mesmo quando este disco era colocado a uma distância superior a 8 cm (o alcance máximo

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dos raios catódicos no ar). Quando a mão era colocada na frente do feixe, o efeito de descarga elétrica
desaparecia. Comentando esses resultados, Lenard escreveu: "Não se pode afirmar se estamos ob-
servando uma ação dos raios catódicos sobre a superfície da janela de alumínio, ou sobre o ar, ou
finalmente sobre o disco carregado! Todavia, a última ação é bastante improvável a grandes distâncias
da janela".

3. Os raios eram defletidos continuamente por um campo magnético; isto é, alguns raios eram defletidos
mais do que outros, e existiam alguns que não se defletiam!

De tudo que se sabe hoje, conclui-se que os raios Lenard eram constituídos de raios catódicos (elé-
trons) e de raios X, mas ele acreditava que eram apenas raios catódicos! Bastava que ele tivesse usado
uma janela de alumínio bastante espessa, de tal modo que os elétrons não pudessem atravessá-la,
para ter um feixe de raios X!. De acordo com Anderson, Lenard ficou profundamente desapontado por
ter deixado escapar essa descoberta, e jamais usou o nome de Roentgen quando se referia aos raios
X.

O fortuito 8 de novembro de 1895

Na última década do século passado, as pesquisas sobre os raios catódicos constituíam o tema mais
efervescente em toda a Europa, de modo que parece natural o desejo de Roentgen, então diretor do
Instituto de Física da Universidade de Wurzburg, de repetir algumas das experiências divulgadas. De
acordo com Fuchs e Romer, os experimentos de Roentgen tiveram início em 1894, mas quase toda a
literatura histórica dá conta de que esses trabalhos iniciaram em 1895. Mais adiante discutiremos esse
pequeno mistério. Apresentaremos aqui o que se sabe dos fatos ocorridos a partir daquela sexta-feira,
8 de novembro de 1895.

A literatura sobre a evolução dos fatos apresenta algumas controvérsias, mas uma coisa parece certa:
Roentgen não trabalhou com os raios X mais do que 3 anos. Além disso, em menos de 8 semanas ele
descobriu praticamente todas as propriedades fundamentais desses, escreveu três trabalhos sobre o
assunto, e já em 1897 estava de volta aos seus temas favoritos, abandonando um assunto de tanta
fertilidade, que proporcionou a obtenção do Prêmio Nobel de Física, não apenas a ele (1901), como
também a Lenard (1905), Thomson (1906), Laue (1914), W.H. Bragg e W.L. Bragg (1915), Barkla
(1917) e Siegbahn.(1924).

Numa carta enviada em fevereiro de 1896 ao seu grande amigo Ludwig Zehnder, Roentgen diz que,
durante os experimentos, não falou a ninguém sobre o seu trabalho, exceto à sua esposa. Assim, o
parágrafo que inicia o presente artigo, extraído de um relato de Manes, pode ser falso; ele foi usado
aqui como força de expressão dramática. O que se sabe é que em 28 de dezembro de 1895 Roentgen
encaminhou ao presidente da Sociedade de Física e Medicina de Wurzburg (SFMW) um manuscrito,
intitulado "Sobre um novo tipo de raios" ("On a new kind of rays", ou, em alemão, "Ueber eine neue art
von strahlen"), que ele considera como uma "comunicação preliminar". Pela profundidade e concisão
com que os resultados são apresentados, não surpreende que este tenha sido o mais importante dos
três trabalhos publicados por Roentgen.

Em 9 de março de 1896 ele envia, à mesma sociedade, sua segunda comunicação, com o mesmo título
da primeira. Em seu artigo, Watson transcreve essas duas comunicações; as versões originais, em
alemão, e as traduções, em inglês. Segundo Jauncey, o terceiro artigo é datado de 10 de março de
1897. Na edição de 23 de janeiro de 1896, Nature publica uma versão inglesa da primeira comunica-
ção, sendo imediatamente reproduzida em Science, Scientific American Supplement, Journal of the
Franklin Institute e na revista popular Review of Reviews (semelhante a Reader’s Digest). A revista
alemã Annalen der Physik, em sua edição de 1o de janeiro de 1898, reproduz os três artigos. Cópias
do primeiro trabalho, com a radiografia de uma mão, foram enviadas, entre o final de dezembro e o
início de janeiro, aos principais cientistas da Europa, que assim tomaram conhecimento da grande
descoberta, uma vez que os anais da SFMW tinham circulação bastante limitada, praticamente local.

Roentgen recebeu inúmeros convites para conferências, mas parece que declinou de todas, excepto
uma, apresentada na SFMW, em 23 de janeiro de 1896, na qual obteve enorme sucesso, apesar da
sua reconhecida timidez. Nessa conferência, ele tirou várias radiografias, inclusive uma que ficou fa-
mosa, da mão do grande anatomista, professor da Universidade de Wurzburg, A. von Kölliker. A cada
radiografia que ele conseguia, a audiência reagia com entusiasmo e estrondoso aplauso.

As duas primeiras comunicações

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As duas primeiras comunicações de Roentgen, que ele considerava como uma única, são belos exem-
plos de objetividade e concisão, sem deixar de lado a profundidade que o tema requer. Impressiona a
quantidade de dados obtidos em tão pouco tempo, mas frustra a expectativa do leitor interessado na
heurística da investigação e na montagem do equipamento; não há qualquer informação detalhada
nesse sentido. Ele informa que usou uma grande bobina de Ruhmkorff, mas não especifica que tipo de
tubo de vácuo usou; mais adiante discutiremos essa questão.

Os resultados são apresentados em 21 tópicos, muitos dos quais contendo um único parágrafo, ao
longo dos quais Roentgen discute praticamente todas as propriedades fundamentais dos raios X. Na
ordem em que aparecem nas comunicações, são as seguintes essas propriedades. Em primeiro lugar,
os raios podem ser detectados através de cintilações numa tela fosforescente, ou de impressões numa
chapa fotográfica. Diferentemente dos raios catódicos, os raios X podem ser observados mesmo
quando a tela é colocada a uma distância de aproximadamente dois metros do tubo de vácuo (os raios
catódicos não ultrapassam mais do que oito centímetros no ar).

Roentgen testa a transparência de uma quantidade enorme de materias, verificando que duas proprie-
dades são importantes: a densidade do material e a espessura; quanto mais denso e mais espesso,
menos transparente. Depois de testar a transparência, Roentgen investiga efeitos de refração e de
reflexão. Não observa nem um nem outro, embora tenha ficado em dúvida quanto à reflexão. Tenta
defletir os raios X com o auxílio de uma campo magnético, mas não consegue, e aqui estabelece uma
das fundamentais diferenças, do ponto de vista experimental, entre os raios X e os raios catódicos, pois
estes são facilmente defletidos por uma campo magnético.

No tópico 12 ele discute uma das questões mais fundamentais para a identificação dos raios X. Ele
conclui que esses raios são produzidos pelos raios catódicos na parede de vidro do tubo de descarga!
Na sequência ele informa que observou raios X produzidos pelo choque de raios catódicos numa chapa
de alumínio, e promete testar outros materiais. Um ano depois, em 17 de dezembro de 1896, o físico
inglês Sir George Stokes demonstrou que os raios X são produzidos pela desaceleração de partículas
carregadas, um fenômeno que ocorre quando, por exemplo, elétrons com alta energia penetram num
material pesado! Ou, na linguagem da época, quando os raios catódicos penetram num material pe-
sado!

No tópico 17, que encerra a primeira comunicação, ele discute a natureza dos raios X. Obviamente
descarta a identidade com os raios catódicos. Sugere que poderia ser algo como a luz ultravioleta,
devido aos efeitos fluorescentes e à impressão de chapas fotográficas, mas no cotejamento de outras
propriedades chega à conclusão de que os raios X não podem ser da mesma natureza da luz ultravio-
leta usual. Finaliza o artigo sugerindo que os raios X poderiam ser vibrações longitudinais no éter. Como
se sabe, essa hipótese era usada pelos alemães (Goldstein, Hertz, Lenard, e outros) para explicar os
raios catódicos.

No início da segunda comunicação, tópico 18, Roentgen examina a questão do efeito dos raios X sobre
os corpos eletrizados, fazendo referência aos resultados publicados por Lenard. De imediato sugere
que os efeitos atribuídos por Lenard aos raios catódicos, eram, de fato, devidos aos raios X produzidos
na janela de alumínio do seu tubo de vácuo. (Lenard estava com os raios X ali, na sua frente, e não
sabia!)

Nos tópicos finais, 19, 20 e 21, discute questões de ordem prática: operação da bobina de indução,
manutenção do vácuo e diferença entre alumínio e platina, no que concerne à intensidade do feixe
produzido.

O que mais, além do acaso?

Para se entender a descoberta dos raios X como fruto de um planejado trabalho científico, muito mais
do que um evento fortuito, seria necessário o conhecimento da heurística que orientou o planejamento
da pesquisa. Infelizmente, Roentgen não dá qualquer esclarecimento sobre essa heurística. Como vi-
mos acima, seus relatos descrevem objetivamente os resultados obtidos, sem grandes elocubrações
ou conjecturas teóricas. Ao historiador resta a alternativa de especular, a partir de fatos conhecidos, na
tentativa de montar um esquema racional plausível para a grande descoberta. Duas dúvidas jamais
foram esclarecidas na literatura:

Teria Roentgen usado vários tipos de tubos de vácuo? Se as informações de Fuchs e Romer estão
corretas, por que Roentgen substituiu o tubo de Lenard por um tubo convencional (Hittorf ou Crookes)?

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Por que envolver o tubo com uma cartolina preta?

Numa entrevista concedida ao jornalista Dam, em janeiro de 1896, Roentgen informa que estava
usando um tubo de Crookes no momento da descoberta (8 de novembro de 1895). Numa carta enviada
a Zehnder (fevereiro de 1896), ele diz que usou uma bobina de Ruhmkorff 50/20 centímetros, com
interruptor Deprez, e aproximadamente 20 amperes de corrente primária. O sistema é evacuado com
uma bomba Raps, ao longo de vários dias. Os melhores resultados são obtidos quando os eletrodos
da descarga estão afastados por uma distância de aproximadamente 3 cm. Mais uma vez, não especi-
fica o tipo de tubo usado; diz apenas que o fenômeno pode ser observado em qualquer tipo de tubo de
vácuo, inclusive em lâmpadas incandescentes.

Que Roentgen descobriu os raios X por acaso, parece não haver dúvida. De que outra forma algo tão
inesperado poderia ser descoberto? Agora, sobre o que não se tem certeza é qual foi o acidente que
proporcionou a descoberta, e em que momento ele ocorreu. É difícil de imaginar que no primeiro arranjo
experimental Roentgen tenha envolvido o tubo com a cartolina. O que ele esperava ver atravessando
a cartolina preta, senão raios X? Como é possível, em menos de dois meses, alguém abordar aquela
enorme quantidade de aspectos fundamentais de um fenômeno desconhecido, por mais genial que
seja? Por outro lado, se o "verdadeiro" momento da descoberta não é o 8 de novembro, qual a razão
para Roentgen fazer-nos crer que esta é a data correta?

Puro acidente ou não, o fato é que a repercussão da descoberta foi de tal ordem que, com muita justiça,
o primeiro Prêmio Nobel de Física (1901) foi concedido a Roentgen.

A Repercussão Imediata

Em termos de repercussão imediata, a descoberta dos raios X parece ser um caso único na história da
ciência. A observação do eclipse solar de 1919, que comprovou parte da teoria da relatividade geral
de Einstein, é um rival de respeito quando se considera a repercussão na imprensa, mas não chega a
competir, nem de leve, quando se considera a repercussão no meio científico (A recente descoberta
das cerâmicas supercondutores também teve forte impacto na imprensa e na comunidade científica,
mas não temos conhecimento quantitativo desse impacto).

As notáveis aplicações na medicina foram imediatamente percebidas pelo próprio Roentgen, que fez
uma radiografia da sua mão. Pesquisadores em todo o mundo passaram a repetir a experiência de
Roentgen, não apenas na tentativa de descobrir novas aplicações, como também com o objetivo de
compreender o fenômeno, uma tarefa que desafiou a inteligência humano ao longo de quase três dé-
cadas.

A primeira grande questão referia-se à natureza da radiação. Aliás, o levantamento do noticiário feito
por Jauncey mostrou a confusão que se fazia entre raios X e raios catódicos. Não apenas os jornais
usavam indistintamente esses dois termos, mas também alguns físicos. É importante salientar que a
descoberta de que os raios catódicos eram elétrons foi feita por Thomson dois anos após a descoberta
de Roentgen. Mesmo os cientistas que não confundiam raios catódicos com raios X, não sabiam do
que se tratava essa coisa descoberta por Roentgen. Existiam duas escolas de pensamento. Uma, à
qual pertenciam os ingleses Thomson e Stokes, acreditava que os raios X eram vibrações transversais
no éter, da mesma forma como a luz ordinária. A outra escola, à qual pertencia o alemão Lenard, de-
fendia que os raios X eram vibrações longitudinais no éter. Depois de extensivos experimentos, a po-
lêmica foi decidida favoravelmente à escola inglesa.

Quando, em 1905, Einstein propôs a idéia do fóton de energia, um conceito que admitia um caráter
corpuscular para a luz, foi possível calcular o comprimento de onda associado aos raios X, mas evi-
dências experimentais do caráter corpuscular só surgiram com os trabalhos de Bragg, depois de 1908.
Por volta de 1912 mais confusão veio à tona. Naquele ano, Laue e seus estudantes W. Friedrich e P.
Knipping descobriram a difração dos raios X em cristais de sulfeto de zinco (ZnS), uma experiência
definitiva para o estabelecimento do caráter ondulatório dos raios X.

A confusão causada por essa dualidade só foi resolvida com os trabalhos de de Broglie, a partir de
1923. Portanto, a visão que se tem hoje dos raios X, é que eles pertencem ao espectro eletromagnético,
e como tal apresentam a dualidade partícula-onda: dependendo das circunstâncias, evidenciam propri-
edades corpusculares ou ondulatórias. Ao espectro eletromagnético pertencem a luz visível, as ondas
de rádio, o ultravioleta, o infravermelho e as radiações gama. Fundamentalmente, o que diferencia uma

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radiação de outra é o comprimento de onda. Para se ter uma idéia, o comprimento de onda da luz
visível é mil vezes maior do que o dos raios X.

Além desse enorme interesse despertado na comunidade científica, é interessante avaliar o interesse
despertado na comunidade leiga, que muito contribuiu para a criação de um folclore em torno do fenô-
meno. A título de ilustração, vejamos algumas das mais pitorescas notícias publicadas pelo jornal norte-
americano St. Louis Post-Dispatch. No dia 11 de fevereiro de 1896, saiu uma nota dando conta de uma
invenção de um professor de Perugia (Itália), que permitia ao olho humano ver os raios X. No dia 13 de
fevereiro, o jornal informava que Roentgen havia iluminado seu cérebro e visto sua pulsação. No dia
seguinte, uma matéria relatava a opinião defendida por alguns cientistas, segunda a qual a descoberta
de Roentgen poderia estabelecer novas teorias sobre a criação do mundo.

Outras notícias extravagantes são relatadas no artigo de Jaucey. Em um jornal não identificado, uma
matéria alertava para a vulnerabilidade a que todos estavam sujeitos depois da descoberta dos raios
X. Qualquer um armado com um tubo de vácuo, dizia o jornal, podia ter uma visão completa do interior
de uma residência. Outras notícias sugeriam aplicações fantásticas para os raios X, como a de ressu-
citar pessoas eletrocutadas. Um famoso engenheiro eletricista, defendendo a hipótese de que os raios
X ou os raios catódicos eram ondas de som, afirmava ter ouvido a emissão desses raios. Outro enge-
nheiro eletricista fez tentativas para fotografar o cérebro humano, mas não obteve sucesso.

O caráter sensacionalista que o assunto estava despertando, motivou o New York Times a alertar, em
15 de março de 1896: "Sempre que algo extraordinário é descoberto, uma multidão de escritores apo-
dera-se do tema e, não conhecendo os princípios científicos envolvidos, mas levados pelas tendências
sensacionalistas, fazem conjecturas que não apenas ultrapassam o entendimento que se tem do fenô-
meno, como também em muitos casos transcendem os limites das possibilidades. Este tem sido o
destino dos raios X de Roentgen".

Essa enorme curiosidade levou muita gente a correr sérios riscos de saúde ao realizar suas tentativas
de novas aplicações dos raios X. No dia 29 de março de 1896, o jornal St. Louis Globe-Democrat fazia
o primeiro alerta público sobre o perigo dos raios X para os olhos. A propósito, há uma história, apa-
rentemente folclórica, segunda a qual uma sapataria de Nova York tinha como grande apelo mercado-
lógico o fato de que os sapatos sob encomenda eram testados com o auxílio dos raios X!

Como os raios X são produzidos

Nas suas publicações Roentgen não especifica o tipo de equipamento utilizado, mas não é difícil ima-
ginar os possíveis componentes do seu arranjo experimental: uma bateria de corrente contínua, uma
bobina de indução, um tubo de vácuo e uma bomba de vácuo. Incrementados por fantásticos desen-
volvimentos tecnológicos, e recebendo diferentes denominações, esses componentes continuam em
uso na moderna pesquisa científica. Na época de Roentgen, eles eram conhecidos pelos nomes dos
seus descobridores. Assim, as principais baterias eram as de Volta (inventada em 1800) e as de Bunsen
(1843). Entre as bobinas de indução, as de Ruhmkorff (1851) eram as mais famosas.

No que se refere à utilização do vácuo, a primeira experiência que se tem notícia foi realizada pelo
italiano Gasparo Berti, por volta de 1640. A partir desses experimentos, passando pelo barômetro de
Torriceli (1644) e pela primeira bomba de vácuo construída por Guericke (1650), chegamos às diversas
bombas disponíveis no final do século passado, entre as quais destacam-se: a bomba de pistão-duplo
de Hauksbee (1709), as bombas de mercúrio de Geissler (1855), de Toepler (1862) e de Sprengel
(1873), e a bomba de óleo de Fluess (1892). Na carta enviado a Zehnder, Roentgen informa que usou
uma bomba Raps, cuja descrição não se encontra na literatura pertinente.

A elaboração de tubos de vácuo para observação de descarga elétrica teve início com os trabalhos de
William Morgan, por volta de 1785, e consistência experimental com os resultados obtidos por Faraday,
por volta de 1833. Todavia, foi somente depois dos desenvolvimentos das bombas de vácuo, ocorridos
depois de 1850, que as pesquisas sobre descargas elétricas em gases rarefeitos tiveram considerável
impulso. Em consequência, os tubos de vácuo mais conhecidos levam os nomes dos pesquisadores
dessa época. Destacam-se os tubos de: Geissler, Pluecker, Hittorf, Crookes e Lenard.

A título de recuperação histórica, apresentaremos breves descrições dos possíveis equipamentos utili-
zados por Roentgen.

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A bobina de Ruhmkorff, funcionando segundo o princípio do transformador de corrente, é capaz de


produzir altas voltagens. Ela contém duas bobinas enroladas em um núcleo de ferro, e isoladas entre
si. A bobina interna (primária) é feita com um fio relativamente curto (de 30 a 50 metros), enquanto a
externa (secundária) é feita com um fio muito longo (centenas de quilômetros). Para o funcionamento
do equipamento, usa-se uma baterial de corrente contínua (p. ex. bateria de Volta) para fornecer uma
determinada voltagem à bobina primária. Quando a corrente é subitamente interrompida, uma voltagem
maior é induzida na bobina secundária.

O fator de transformação da voltagem é proporcional à razão dos comprimentos dos fios. As bobinas
utilizadas no final do século passado produziam tensões de milhares de volts A interrupção da corrente
pode ser realizada, por exemplo, com o auxílio de um interruptor usado nas transmissões telegráficas
de código Morse. As potências dessas bobinas, medidas pelo comprimento da centelha que elas pro-
duziam, serviam para classificar os laboratórios da época. Para se ter uma idéia da ordem de grandeza,
a Royal Institution of London preserva uma grande bobina de Ruhmkorff com 280 milhas de fio na bo-
bina secundária, e capaz de produzir centelhas com 42 polegadas de comprimento.

Parece certo que o primeiro tubo de vácuo utilizado por Roentgen foi um tubo de Lenard, mas, aparen-
temente, ele comprou outros tubos de raios catódicos convencionais. A diferença essencial entre um e
outro tipo de tubo, é que o de Lenard possui uma janela de alumínio, projetada para permitir o estudo
dos raios catódicos no seu exterior. Confeccionados em vidro, esses tubos possuíam apenas dois ele-
trodos no seu interior. Com o uso cada vez mais frequente dos raios X, outros tubos passaram a ser
construídos. Até 1913, o mais usado era o tubo de focalização, mas logo depois passou a ter larga
aceitação o tubo de Coolidge, um modelo ainda usado nos dias atuais.

Do que se sabe, podemos imaginar o seguinte procedimento adotado por Roentgen: os terminais da
bobina de Ruhmkorff foram ligados aos eletrodos do tubo de vácuo; com a manipulação de um inter-
ruptor do tipo telégrafo alta voltagem era produzida entre os terminais; o choque do feixe de raios
catódicos (elétrons) com o anodo (eletrodo positivo) produzia os raios X. Na essência, o procedimento
utilizado atualmente é o mesmo. Costuma-se distinguir dois tipos de raios X produzidos nesse processo
(veja detalhes no texto sobre os conceitos elementares de raios X). Um deles constitui o espectro con-
tínuo, bremsstrahlung em alemão, e resulta da desaceleração do elétron durante a penetração no
anodo. O outro tipo é o raio X característico do material do anodo. Assim, cada espectro de raios X é a
superposição de um espectro contínuo e de uma série de linhas espectrais características do anodo.

Os Raios X e a Tabela Periódica

Por volta de 1913, Moseley mediu as frequências das linhas espectrais dos raios X característicos de
cerca de 40 elementos. A partir do gráfico da raiz quadrada da frequência versus o número atômico Z
do elemento, ele obteve uma relação que passou a ser conhecida como lei de Moseley (veja detalhes
no texto sobre os conceitos elementares de raios X). A repercussão imediata deste resultado foi a al-
teração da tabela periódica. Esse trabalho de Moseley teve papel importantíssimo na consolidação e
aceitação internacional do modelo de Bohr. Na verdade, foi o primeiro dos trabalhos experimentais a
confirmar as predições de Bohr. Em carta escrita a Bohr no dia 16 de novembro de 1913, Moseley
observa que a sua fórmula poderia ser escrita numa forma idêntica àquela obtida com o modelo de
Bohr.

Antes do trabalho de Moseley o número atômico era associado à posição do átomo na tabela periódica
de Mendelev, a qual distribuía os elementos de acordo com o seu peso. Moseley mostrou, por exemplo,
que o argônio deveria ter Z=18, ao invés de Z=19 (conforme a tabela de Mendelev). Por outro lado, o
potássio deveria ter Z=19, ao invés de Z=18. Ele também mostrou que o cobalto deve preceder ao
níquel, apesar do peso atômico do Co ser maior do que o do Ni. De acordo com Mendelev, o número
atômico era aproximadamente igual à metade do peso atômico. Moseley definiu o peso atômico como
igual ao número de elétrons do átomo eletricamente neutro.

Comparando-se as expressões obtidas por Moseley com a fórmula de Balmer-Rydberg deduzida por
Bohr, vê-se que elas diferem pela presença de uma constante subtrativa ao valor de Z. Moseley expli-
cou-a como sendo devido ao efeito de blindagem da carga nuclear pelos elétrons orbitais mais intensos.

A lei de Moseley apresentava resultados bastante diferentes daqueles do paradigma científico vigente.
Através dela Moseley deduziu que entre o hidrogênio e o urânio, deveria haver exatamente 92 tipos de
átomos, cujas propriedades químicas eram governadas por Z, e não pelo peso atômico. Isto significava

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RAIOS X

dizer que a tabela periódica devia seguir a ordem crescente do número atômico e não a do peso atô-
mico. Obedecida essa sequência, alguns lugares daquela tabela ficaram vagos, os correspondentes a
Z = 43, 61, 75, 85 e 87. Por essa época, havia uma grande polêmica entre os químicos a respeito do
número exato de terras raras; discutia-se se estas iam de Z=58 a Z=71 ou a Z=72.

O grande estudioso das terras raras era Georges Urbain, sendo ele inclusive o descobridor de uma
delas, o lutécio (Z=71), em 1907. Em 1911, Urbain pensou ter isolado uma outra terra rara, com Z=72,
a que chamou de céltio. No entanto, os métodos químicos de análise até então usados eram complica-
dos e incertos. Ao ouvir falar, em 1914, do método de Moseley, Urbain deslocou-se da França para a
Inglaterra, levando amostras de terras raras, inclusive uma do provável céltio. Em poucas horas Mose-
ley as examinou e as classificou sem, no entanto, confirmar o céltio. A amostra deste, observou Mose-
ley, nada mais era do que uma mistura de terras raras conhecidas. Urbain ficou tão impressionado com
o trabalho de Moseley que resolveu divulgá-lo no comunidade dos químicos. Apesar dessa postura,
Urbain continuou acreditando ser o elemento Z=72 uma terra rara, e prosseguiu em sua busca. Essa
crença foi fortemente renovada quando em maio de 1922, Alexandre Dauvillier anunciou ter isolado o
céltio, através de uma análise do espectro de raios-X do tipo L de amostras contendo as terras raras
ytérbio (Z=70) e lutécio. Essa notícia foi tão fantástica que chegou a impressionar Rutherford, pois
desde 1914 ele acompanhava com grande interesse a polêmica sobre ser ou não ser uma terra rara, o
elemento 72. Convicto de que essa polêmica havia encerrado, Rutherford escreveu uma carta à Na-
ture (17/6/1922) na qual dizia que um dos lugares vagos da tabela periódica de Moseley acabara de
ser preenchido.

Os físicos dinamarqueses, com base no modelo de Bohr, afirmavam que o elemento 72 devia ser um
metal similar ao zircônio. O próprio Bohr fizera esta afirmação em sua sexta "lecture" Wolfskehl, minis-
trada em Göttingen, no dia 21 de junho de 1922. Ao ler a carta de Rutherford, na Nature do dia 17, Bohr
chegou a pensar que sua afirmativa estava errada, tanto que manifestou essa opinião em carta enviada
a James Franck em 15 de julho do mesmo ano. No entanto, ao saber que Dirk Coster, um especialista
em espectroscopia de raios-X, não concordava com a interpretação de Dauvillier, Bohr resolveu con-
vidá-lo a trabalhar em Copenhague para que, juntamente com von Hevesy, os três pudessem dirimir
tão polêmica questão. Coster chegou em Copenhague em setembro, iniciando imediatamente a busca
do elemento 72 em minérios de zircônio. No dia 11 de dezembro, poucos minutos antes de proferir
sua "Nobel lecture", Bohr recebeu um telefonema de Coster dando conta de resultados positivos. No
final da sua "aula Nobel", Bohr anunciou a importante descoberta. No volume 111 de Na-
ture (20/01/1923), em carta assinada por Coster e von Hevesy, o mundo científico fica sabendo da
descoberta do háfnio, o elemento com número atômico 72. O nome foi dado em homenagem a Cope-
nhague, que em latim significa hafniae. Segundo Mehra e Rechenberg, essa descoberta constituiu-se
no maior triunfo de Niels Bohr.

Com relação aos elementos previstos por Moseley, é oportuno salientar que o elemento 75, o rénio, foi
descoberto em 1925, pelo casal Noddack. O elemento 87, descoberto em 1939, por Marguerite Perey,
recebeu o nome de frâncio e pertence a uma família radioativa natural. Os demais elementos (43, 61 e
85) foram obtidos artificialmente. Sendo suas vidas-médias muito curtas, esses elementos não podiam
ser naturalmente produzidos, ou pelo menos observados.

A história da Radiologia começou em 1895 com a descoberta experimental dos raios X pelo físico
alemão Wilhelm Conrad Roentgen. À época as aplicações médicas desta descoberta revolucionaram
a medicina, pois havia se tornado possível a visão do interior dos pacientes. Com o passar dos anos,
este método evoluiu e assumiu uma abrangência universal na pesquisa diagnóstica do ser humano.

A primeira radiografia foi realizada em 22 de dezembro de 1895. Neste dia, Roentgen pôs a mão es-
querda de sua esposa Anna Bertha Roentgen no chassi, com filme fotográfico, fazendo incidir a radia-
ção oriunda do tubo por cerca de 15 minutos. Revelado o filme, lá estavam, para confirmação de suas
observações, a figura da mão de sua esposa e seus ossos dentro das partes moles menos densas.

No Brasil, a primeira radiografia realizada foi em 1896. A primazia é disputada por vários pesquisadores:
SILVA RAMOS, em São Paulo; FRANCISCO PEREIRA NEVES, no Rio de Janeiro; ALFREDO BRITO,
na Bahia; e físicos do Pará. Como a história não relata dia e mês, conclui-se que as diferenças crono-
lógicas sejam muito pequenas.

Colégio Brasileiro de Radiologia

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RAIOS X

O dia 4 de janeiro, dia do nascimento de Manoel Dias de Abreu, foi instituído como o dia nacional da
Abreugrafia em homenagem ao renomado médico radiologista, nascido no ano de 1892 em São Paulo.
O criador do exame (daí o termo) se tornou mundialmente conhecido após o desenvolvimento deste
método diagnóstico e por sua constante luta contra a tuberculose.

Manoel de Abreu formou-se aos 21 anos pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1913. Em
1915 mudou-se para Paris, onde frequentou os hospitais Nouvel Hôpital de la Pitié, o Laboratório Cen-
tral de Radiologia do Hôtel-Dieu e o Hospital Laennec. Publicou diversos livros, entre eles o “Radiodi-
agnostic dans la tuberculose pleuro-pulmonaire” e diversos artigos sobre a abreugrafia em periódicos
nacionais e internacionais, como “Collective Fluorography” no Radiology e “Processus and Apparatus
for Roentgenphotography” no The American Journal of Roentgenology and Radium Therapy (AJR),
ambos em 1939.

Em reconhecimento ao seu trabalho, o ilustre radiologista recebeu diversas homenagens das principais
entidades médicas, entre as quais a medalha de ouro médico do ano do American College of Chest
Physicians (1950), o diploma de honra da Academy of Tuberculosis Physicians (1950) e a medalha de
ouro do Colégio Interamericano de Radiologia (1958).

Além disso, recebeu o título de membro honorário da Sociedade Alemã de Radiologia (1940) e do
American College of Radiology (1945). Morreu vítima de câncer de pulmão em 1962, aos 70 anos. O
alto índice de mortalidade por tuberculose nas décadas de 30 e 40, principalmente no Rio de Janeiro,
e a ineficácia dos instrumentos utilizados pelas autoridades sanitárias para combater a doença propici-
aram o aparecimento da Abreugrafia. O primeiro aparelho destinado a realizar exames em massa da
população foi construído pela Casa Lohner e instalado na cidade do Rio de Janeiro em 1937. O método
era muito sensível, com especificidade razoável, de baixo custo operacional, e permitia a realização de
um grande número de exames em um curto espaço de tempo. O exame tinha por princípio a fotografia
do écran ou tela fluorescente. A documentação era feita através de filme comum de 35mm ou 70mm.
Seu criador sempre recomendou o filme de 35mm, o qual embora de menor custo, exigia o uso de
lentes de aumento especiais para a interpretação do exame.

Roentgenfotografia foi o nome escolhido por Manoel de Abreu na apresentação da nova técnica à So-
ciedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro em julho de 1936. Poucos anos mais tarde, em 1939,
no I Congresso Nacional de Tuberculose, no Rio de Janeiro, a designação Abreugrafia foi aceita por
unanimidade. O exame foi usado no rastreamento da tuberculose e doenças ocupacionais pulmonares,
difundindo-se rapidamente pelo mundo graças ao baixo custo operacional e alta eficiência técnica. Uni-
dades móveis foram desenvolvidas e utilizadas em todo mundo. Fora da América do Sul, a denomina-
ção do exame era variável: Mass radiography, miniature chest radiograph (Inglaterra e Estados Unidos),
Roentgenfluorografia (Alemanha), Radiofotografia (França), Schermografia (Itália), fotorradioscopia
(Espanha) e fotofluorografia (Suécia). Tal era a aprovação e o entusiasmo pelo método na época que,
somente na Alemanha, até o ano de 1938, o número de exames realizados pelo professor Holfelder já
ultrapassava 500 mil.

A importância da obra de Manoel de Abreu também levou à criação da Sociedade Brasileira de Abreu-
grafia em 1957 e à publicação da Revista Brasileira de Abreugrafia.

Nas últimas décadas, a manutenção precária dos equipamentos brasileiros (o que facilitava o excesso
de exposição à radiação ionizante) e as diretrizes de proteção radiológica cada vez mais rigorosas
acabaram limitando a utilização do método nos diversos países. A radiologia brasileira, no entanto, já
havia dado uma importante contribuição para a medicina mundial.

O Projeto de Lei 6070/2009

O Projeto de Lei 6070/2009, de autoria do então Deputado Federal Dr. Eleuses Paiva, finalmente se
tornou Lei em maio de 2015, sob o número 13118/2015.

Assinada pela presidente Dilma Rousseff e o ministro da saúde Arthur Chioro, ela institui a data de 8
de novembro como o Dia do Médico Radiologista em todo o território nacional.

Em sua justificativa, Dr. Eleuses explicava que a radiologia teve início com o físico alemão Wilhelm
Conrad Roentgen, que descobriu os raios X em 8 de novembro de 1895, recebendo um prêmio Nobel
por isso. A descoberta revolucionou a Medicina, que passou a dispor de um instrumento mais preciso

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RAIOS X

para realização de diagnósticos, e atualmente dispõe de equipamentos avançados nas captações de


imagens para diagnósticos.

“O radiologista prioriza o bem-estar da sociedade e dos pacientes, e tem uma participação ativa na
atenção básica à saúde, participando de reuniões multidisciplinares com as demais especialidades
médicas. Ademais, o profissional da radiologia é fundamental na realização de estudos e divulgações
de novos métodos de diagnóstico, permitindo a outros especialistas o conhecimento e a indicação do
melhor exame para cada situação. Portanto, homenagear o Médico Radiologista é um ato de reconhe-
cimento da relevância dos serviços prestados por esses profissionais para a saúde e medicina”, defen-
dia o texto do Dr. Eleuses.

Abreugrafia. A Contribuição Brasileira Para a Medicina.

Manoel de Abreu se formou na Faculdade de Medicina com 21 de idade, em 1913 no Rio de Janeiro.
Publicou vários livros, um deles é “Radiodiagnostico da tuberculose pleuro-pulmonaire” também publi-
cou diversos artigos sobre a Abreugrafia em periódicos nacionais e internacionais como “Collective Flu-
orography” no Radiology e “Processos and Aparatos for Roentgen photography” no The American Jor-
nal off Roentgenology and Radium Therapy (AJR), ambos em 1939.Havia um índice de mortalidade
por tuberculose muito alto nas décadas de 30 e 40,especialmente no estado de Rio de Janeiro. O
primeiro aparelho que foi destinado a realizar exames foi construído pela Casa Lohner, na cidade de
Rio de Janeiro em 1937. O método era de baixo valor operacional, com especialidade razoável e sen-
sível, e em um curto espaço de tempo permitia a realização de um numero grande de exames.

O exame tinha por finalidade a fotografia do écran ou tela fluorescente, era feita a documentação atra-
vés de filme comum de 35 mm ou 70 mm. Abreu recomendava o filme de 35 mm, pois era de baixo
custo e exigia o uso de lentes de aumento especiais para interpretação do exame.

O exame foi utilizado no rastreamento da tuberculose e doenças ocupacionais pulmonares, difundindo-


se rapidamente pelo mundo graças ao baixo custo operacional e alta eficiência técnica. Foram utiliza-
das várias unidades móveis em todo o mundo, a aprovação pelo método na época que somente na
Alemanha, até o ano de 1938, o número de exames realizados pelo professor Holfelder já ultrapassava
a 500 mil. Sua obra foi tão importante que levou a criação da sociedade Brasileira de Abreugrafia em
1957 e também a publicação da revista Brasileira de Abreugrafia.

No ano de 1946, Manuel Dias de Abreu foi indicado ao Prêmio Nobel de Fisiologia / Medicina sua
contribuição foi importantíssima para a história da Medicina, pois seu método ajudou o diagnóstico
precoce. Por decreto lei nº 42.984 de 3 de Janeiro de 1958, instituiu-se a data de nascimento do médico,
dia 4 de Janeiro, como Dia Nacional da Abreugrafia.

Existe o raio-x convencional e o digital, o convencional aproveita a emissão de fótons de radiação (no
caso de raios-x) e de interação deles com as matérias do organismo humano para provocar imagens.
A digital foca nos mesmos princípios de emissão de raios-x e de sua interação com o mecanismo hu-
mano. A diferença entre os dois é apenas em como os raios cruzam a matéria e serão apanhados e
conferidos de modo a originar a imagem.

Início das consequências do RX

Com a realização de radiografias (Experimentais dos médicos) em vários lugares do mundo, começam
os relatos de queda de pelos, infecção, vermelhidão no local onde eram feitas as radiações.

Ao Final de 1896/ 23 casos de danos severos causados por Raios-X, haviam sido registrados em re-
vistas Científicas.

Proteção Radiológica de antigamente.

Operadores: EPIS, aventais de chumbo muito pesados, capacete de metal.

Pacientes: não havia nenhum tipo de proteção radiológica.

Equipamentos: Telas de chumbo, e vidros plumbíferos.

Nos dias atuais

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RAIOS X

Operadores: Não há necessidade de usar colete de chumbo, a menos que temos que conter o paci-
ente, pois temos uma sala totalmente revestida com material de argamassa baritada ou em certos
setores de imagem temos como proteção radiológica o biombo de chumbo.

Pacientes: Colete de chumbo bem mais leve do que os de antigamente, protetor de tireoide, luvas e se
haver necessidade óculos plumbífero. Equipamento: Com os novos equipamentos de alta tecnologia
podemos realizar exames de alta qualidade e com baixa exposição para o paciente.

Com o passar dos anos após a descoberta da radiação e a possibilidade de comporem o diagnóstico,
as pesquisas e desenvolvimento radiológico cresceu veementemente, através de métodos e aparelhos
cada vez mais sofisticados, facilitando tanto na realização do exame cada vez mais nítido, quanto na
proporcionalidade de segurança tanto ao paciente quanto ao operador.

Sabemos que com tamanha evolução, ainda torna-se necessário a continuidade das pesquisas a fim
de ampliar as formas protocolares dos exames e ampliação da visualização das estruturas corporais
para melhor promover um diagnóstico mais efetivo.

A radiação X, tal como é conhecida, foi descoberta no dia 8 de Novembro de 1895, na cidade de Wus-
burg, Alemanha, pelo cientista alemão Wilhelm Conrad Roentgen, quando fazia experiências com des-
cargas de alta tensão em tubos contendo gases. Enquanto trabalhava em seu laboratório, ele observou
que um cartão recoberto pela substância fosforescente platino cianureto de bário, que se encontrava
próximo, apresentava um brilho, durante a aplicação de alta tensão na ampola.

Surpreso com o fenômeno, ele recobriu a ampola com diferentes materiais e repetiu procedimento de
aplicação de tensão sobre o gás por várias vezes e a distâncias diferentes. Observando que o brilho
sofria pequenas alterações, mas não desaparecia, concluiu que algo “saía da ampola” e sensibilizava
o papel. A essa radiação desconhecida, ele resolveu dar o nome de RADIAÇÃO X (onde X representa
a incógnita matemática, o desconhecido).

Essa descoberta deflagrou uma série de experimentos para avaliar suas características e potencialida-
des de aplicação em vários ramos de atividades. O campo onde mais se encontraram aplicações foi o
da Medicina, na área de diagnóstico por imagem. A partir do uso médico, a descoberta se espalhou
rapidamente pelo mundo, e os efeitos nocivos da radiação sobre seres vivos também foram sendo
descobertos.

Começou-se, então, paralelamente, o estabelecimento de uma série de normas para a manipulação de


equipamentos que trabalham com esse tipo de radiação, tanto para pacientes, quanto para operadores
dos mesmos.

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