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DEPARTAMENTO DE AERODINÂMICA
RAIOS-X
Autor: Professor:
Brendon Loiola Messali Eduardo Hisasi Yagyu
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2 História
A história do raio-x remonta ao final do século XIX, quando o fı́sico alemão Wilhelm
Conrad Roentgen descobriu essa forma de radiação e seu uso para criar imagens de es-
truturas internas do corpo humano. Roentgen estava trabalhando com tubos de raios
catódicos, que produzem elétrons acelerados que colidem com um alvo para produzir luz.
Ele observou que um objeto próximo ao tubo, coberto por papel preto, emitia uma luz
verde fluorescente quando os elétrons atingiam o alvo. Roentgen percebeu que essa luz
fluorescente poderia passar através de objetos opacos e impressionou-se ao descobrir que
ela podia penetrar no corpo humano, produzindo uma imagem das estruturas internas.
Ele realizou a primeira radiografia em 22 de dezembro de 1895, usando a mão da sua
esposa como objeto de teste [1].
Figura 2: Wilhelm Conrad Roentgen e a imagem da mão de sua esposa (obtida por Raio-
X).
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Figura 3: Aplicação de Raio-X na Odontologia.
Crookes percebeu que, ao cobrir o tubo com papel preto, a descarga elétrica emitia
raios luminosos que se propagavam através do vidro e produziam uma luz verde fluores-
cente no papel. Posteriormente, em 1895, quando Wilhelm Conrad Roentgen descobriu os
Raios-X, ele utilizou um ”Crookes tube”para produzir as primeiras imagens radiográficas.
Assim, o ”Crookes tube”foi importante para a descoberta dos Raios-X porque permitiu a
produção dos raios luminosos que levaram Roentgen a descobrir os Raios-X.
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2.2 Ampolas de Coolidge
O ”Coolidge tube”foi um tipo de tubo de Raios-X inventado pelo fı́sico americano
William Coolidge em 1913. Este dispositivo foi uma melhoria significativa em relação ao
”Crookes tube”e outros tubos de Raios-X anteriores, pois permitiu o controle preciso da
intensidade e do tempo de exposição dos Raios-X [5].
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3 Funcionamento Fı́sico dos Raios-X
Um tubo de Raios-X funciona com um catodo que emite elétrons para o vácuo e um
anodo para coletar os elétrons, estabelecendo um fluxo de corrente elétrica ou feixe através
do tubo. Uma fonte de alimentação de alta voltagem, entre 30 a 150 kV, é conectada
entre o catodo e o anodo para acelerar os elétrons. O fluxo de corrente no tubo pode ser
pulsado entre cerca de 1ms a 1s, com uma faixa tı́pica de 1mA a 1A. Isso permite doses
consistentes de Raios-X e instantâneos de movimento.
Elétrons do cátodo colidem com o material do anodo, geralmente tungstênio, mo-
libdênio ou cobre, e aceleram outros elétrons, ı́ons e núcleos dentro do material do anodo.
Cerca de 1% da energia gerada é radiada como Raios-X. O restante da energia é liberado
como calor. Com o tempo, tungstênio será depositado do alvo na superfı́cie interior do
tubo, incluindo a superfı́cie de vidro. Isso escurecerá lentamente o tubo e foi considerado
como degradação da qualidade do feixe de Raios-X. O tungstênio vaporizado se condensa
no interior do envelope sobre a ”janela”e, assim, atua como um filtro adicional e diminui
a capacidade do tubo de irradiar calor. Eventualmente, o depósito de tungstênio pode
se tornar suficientemente condutivo que, em voltagens suficientemente altas, ocorre arco
elétrico. O arco saltará do cátodo para o depósito de tungstênio e depois para o anodo.
Esse arco elétrico causa um efeito chamado ”crazing”no vidro interior da janela de Raios-
X. Com o tempo, o tubo se torna instável mesmo em voltagens mais baixas e deve ser
substituı́do.
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Existem dois tipos principais de tubos de Raios-X utilizados na geração de Raios-X em
máquinas modernas: o rotating anode tube (tubo de ânodo rotativo) e o microfocus X-Ray
tube (tubo de Raios-X de microfoco). No primeiro, um filamento emissor de elétrons é
aquecido, gerando uma nuvem de elétrons, que são acelerados em direção a um ânodo
rotativo, que consiste em um disco de metal com um material de alto ponto de fusão,
como tungstênio ou ródio, na borda. Quando os elétrons atingem o material do ânodo,
ocorre a interação com os átomos do metal, produzindo uma energia na forma de Raios-
X. O ânodo rotativo gira rapidamente para dissipar o calor gerado pela interação dos
elétrons com o metal, permitindo a produção contı́nua de Raios-X. Este tubo é usado
em equipamentos de radiografia e tomografia computadorizada de alta potência, como os
usados em hospitais.
Figura 7: Representação esquemática do Rotating Anode Tube, uma das opções na geração
de Raio-X.
Já o microfocus X-Ray tube é usado em aplicações onde se requer uma alta resolução
espacial, como na análise de materiais ou em imagens médicas de pequenas áreas, como
dentes ou ossos. Esse tubo é semelhante ao outro, mas possui um filamento emissor de
elétrons menor e um ânodo menor com uma geometria otimizada para produzir um feixe
de Raios-X altamente focalizado. Isso permite que os Raios-X sejam produzidos com
maior precisão e em uma área muito menor, resultando em uma imagem mais nı́tida e
detalhada.
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4 Interação de Raio-X com a matéria
Na Figura acima, é possı́vel observar as três principais formas que os raios-X interagem
com a matéria. Na absorção fotoelétrica, quando um fóton de Raio-X atinge um átomo,
ele pode ser absorvido por um elétron da camada mais interna do átomo, que é ejetado
com energia cinética. Esse processo resulta na absorção completa do fóton e na ionização
do átomo. A energia cinética resultante é transferida para o tecido circundante na forma
de calor e pode causar danos celulares, principalmente em tecidos mais sensı́veis, como a
medula óssea e os tecidos reprodutivos. A absorção fotoelétrica é mais provável de ocorrer
em tecidos com alta densidade atômica, como osso, e é mais eficaz em energia de Raio-X
mais baixa [7].
O espalhamento Compton é um fenômeno fı́sico que pode ocorrer quando um Raio-
X incide em um átomo, colide com um elétron do átomo e perde energia no processo. O
elétron é ejetado do átomo com parte da energia do Raio-X, enquanto o Raio-X perde
energia e é espalhado em uma direção diferente. O espalhamento Compton é importante
na tomografia computadorizada e em outras aplicações de Raio-X, porque pode causar
um ”borramento”da imagem. Para minimizar o efeito, os técnicos de radiologia usam
técnicas de posicionamento adequado do paciente, ajustes na energia dos Raios-X e a
utilização de materiais de blindagem adequados [4].
O espalhamento Rayleigh é um fenômeno em que a luz ou Raios-X interagem com
um material e sofrem desvio na direção original, que ocorre devido à interação dos fótons
com os elétrons do material, sem que haja perda de energia ou alteração na sua frequência.
No caso dos Raios-X, tal espalhamento é muito fraco e raramente é observado em imagens
médicas,mas ele pode ser utilizado em outras áreas, como na espectroscopia de Raios-X,
que é uma técnica usada para estudar a estrutura dos materiais [8].
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5 Equipamentos
Para ampliar a qualidade de imagem obtida com os Raios-X, é possı́vel utilizar aparatos
como os intensificadores de imagem de Raio-X, que são dispositivos usados para
converter fótons de Raio-X em luz visı́vel, que pode ser detectada e convertida em uma
imagem digital. Eles consistem em um tubo de vácuo com um fotocátodo e uma tela
fluorescente, que amplifica e intensifica a luz emitida pela tela. Isso torna possı́vel usar
doses mais baixas de Raio-X para produzir imagens de alta qualidade.
Além disso, é possı́vel usar também detectores de painel plano: detectores digitais
que convertem diretamente os Raios-X em um sinal eletrônico, que é processado por um
computador para criar uma imagem. Eles estão se tornando cada vez mais populares
em imagens médicas porque fornecem maior qualidade de imagem e aquisição de ima-
gem mais rápida do que o filme de Raio-X tradicional. Por fim, o uso de agentes de
contraste, substâncias que aumentam a visibilidade de certos tecidos ou órgãos, também
é comum. Eles funcionam absorvendo ou dispersando mais Raios-X do que os tecidos
circundantes. Os agentes de contraste podem ser administrados oralmente, retalmente ou
por via intravenosa, dependendo do tipo de exame sendo realizado. Os tipos comuns de
agentes de contraste incluem iodo e bário. O iodo é usado para imagens vasculares, como
angiografia, enquanto o bário é usado para imagens do trato gastrointestinal.
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6 Efeitos no Corpo Humano
Os Raios-X são uma forma de radiação ionizante que pode penetrar no corpo humano
e interagir com os tecidos. A exposição excessiva aos Raios-X pode ter efeitos nocivos na
saúde, dependendo da dose e da duração da exposição. Os efeitos imediatos da exposição
aguda a altas doses de Raios-X incluem náusea, vômito, fadiga, perda de cabelo e danos
aos tecidos e órgãos do corpo. Em casos extremos, a exposição pode causar a morte. A
exposição crônica a baixas doses de Raios-X pode aumentar o risco de desenvolver câncer
e outros problemas de saúde, incluindo danos genéticos, problemas cardı́acos e danos ao
sistema nervoso central.
Figura 10: Ilustração do uso de Raios-X para visualização interna do corpo humano.
A dose de radiação ionizante (incluindo raios X) que pode causar efeitos prejudiciais
à saúde depende de vários fatores, incluindo a idade da pessoa, o tempo de exposição, a
intensidade da radiação, a área do corpo exposta e a sensibilidade individual à radiação.
De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) [9], uma dose
anual de radiação ionizante para o público em geral não deve exceder 1 millisievert
(mSv) por ano. A dose tı́pica de radiação para uma radiografia de tórax é de cerca
de 0,1 mSv, enquanto uma tomografia computadorizada (TC) de abdômen e pelve pode
expor uma pessoa a cerca de 10 mSv. A dose de radiação que pode causar efeitos
agudos graves (como a sı́ndrome da radiação aguda) é muito maior, variando de cerca de
1 a 10 Sv. No entanto, mesmo doses menores de radiação podem aumentar o risco de
câncer ao longo da vida. A maioria dos estudos indica que o risco de câncer aumenta
proporcionalmente à dose de radiação, sem um limiar seguro conhecido abaixo do qual
não há risco.
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Referências
[1] A Descoberta dos Raios X. Acesso em: 13/04/2023. url: https://www.if.ufrgs.
br/tex/fis142/fismod/mod06/m_s01.html.
[2] Ampola de crookes. Acesso em: 13/04/2023. url: https://www.estudopratico.
com.br/ampola-de-crookes/.
[3] Bremsstrahlung. Acesso em: 13/04/2023. url: https://www.sciencedirect.com/
topics/chemistry/bremsstrahlung.
[4] Compton effect. Acesso em: 13/04/2023. url: https://radiopaedia.org/articles/
compton-effect.
[5] COOLIDGE X-RAY TUBE. Acesso em: 13/04/2023. url: https://physicsmuseum.
uq.edu.au/coolidge-x-ray-tube.
[6] Lubberts effect in columnar phosphors. Acesso em: 13/04/2023. url: https : / /
pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15587665/.
[7] Sources of Attenuation. Acesso em: 13/04/2023. url: https://www.nde-ed.org/
Physics/X-Ray/attenuation.xhtml.
[8] Summary of different mechanisms that cause attenuation of an incident x-ray beam.
Acesso em: 13/04/2023. url: https : / / www . nde - ed . org / Physics / X - Ray /
attenuation . xhtml# : ~ : text = Thomson % 5C % 20scattering % 5C % 20(R ) %5C % 2C %
5C%20also,to%5C%20the%5C%20x-ray%5C%20photon..
[9] X-rays - what patients need to know. Acesso em: 13/04/2023. url: https://www.
iaea.org/resources/rpop/patients-and-public/x-rays.
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