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Introdução

Prezado estudante!

Esta disciplina tem como foco trazer informações sobre a história da radiologia,
fornecer conceitos sobre o uso e aplicações da radiação ionizante e destacar a
importância da radiologia para a saúde pública. Veremos também os tipos de
equipamentos utilizados na radiologia, as habilidades que o tecnólogo em radiologia
precisar ter para operá-los, os desafios encontrados na profissão e a legislação.

Nesta aula, você vai estudar sobre a história da radiologia, parte essencial sobre a
descoberta dos raios X, elemento importante para o diagnóstico da medicina. Entre os
conteúdos, temos importantes informações sobre o surgimento da radiologia no Brasil,
sobre quem foi o primeiro médico a trabalhar na área radiologia e sobre onde foi
instalado o primeiro equipamento de radiografia.

Veremos, também, a história da radioatividade, que teve sua descoberta após a dos raios
X. Becquerel, um físico, por meio de seus estudos com urânio, descobriu que o
elemento emitia radiação penetrante.

Os raios X foram descobertos por um cientista chamado Roentgen em 1895, por meio
de uma pesquisa experimental que o cientista estava desenvolvendo. Uma pesquisa,
quando é realizada de forma experimental, pode trazer benefícios ou não; muitas vezes
ela pode durar anos sem ter nenhum resultado.

Porém, no caso da realizada por Roentgen, os resultados foram percebidos, já que um


novo fenômeno físico foi descoberto: os raios X. Roentgen era alemão, nasceu em
março de 1845, mudou-se para Holanda ainda criança e posteriormente para a cidade de
Zurique, na Suíça, para se formar engenheiro. Foi em Zurique que obteve o título de
doutor em física.
Quanto à divulgação de sua descoberta para o mundo, Roentgen só o fez quando se
sentiu realmente seguro com ela. Fez um artigo e solicitou ao presidente da revista de
física de Wurz Burg que o publicasse o artigo, no qual havia a primeira radiografia da
história.

A Figura 1 mostra a imagem do raio-X publicada.

Figura 1 | Primeira radiografia registrada. Fonte: Wikimedia Commons.

Após a descoberta dos raios X por Roentgen, Antoine H. Becquerel descobriu a


radiação através do urânio, a qual, posteriormente, a polonesa Marie S. Curie chamaria
de radioatividade. Em 1900, os físicos Pierre Curie e Rutherford identificariam
emissões dos elementos radioativos, e descobriram que essas emissões eram carregadas
de partículas alfa, beta e gama.

Grandinetti (2007, p. 142) descreve a chegada da notícia da descoberta dos raios X em


fevereiro de 1896, depois de 40 dias da descoberta de fato, que é um tempo muito
grande comparado à tecnologia com que vivemos nos dias atuais, por meio da qual, em
questão de horas, o mundo todo já saberia dessa notícia tão importante.

A demora da notícia ocorreu porque, naquele tempo, as notícias chegavam por meio de
telégrafo, e não da internet. Porém, após a chegada da notícia da descoberta dos raios X,
o fato foi bem divulgado no Brasil.

No Brasil, em 1896, foi defendida a primeira tese sobre a radiologia, na Faculdade de


Medicina do Rio de Janeiro. Como era uma área muito nova, poucos alunos se
interessavam pelo assunto. Já em 1897, o primeiro equipamento de radiografia chegou à
cidade de Formiga em Minas Gerais. Esse aparelho levava em torno de 30 a 45 minutos
para realizar uma radiografia de tórax. A radiologia se destacou ainda mais no Brasil
com a criação de cursos e exames que influenciaram os médicos a estudar a área. Foram
criadas, em seguida, a Sociedade Brasileira de Radiologia e o Colégio Brasileiro de
Radiologia.

Por volta de 1926, Marie Curie realizou uma visita ao Instituto de Tratamento do
Câncer em Belo Horizonte. Após essa visita, ela proferiu uma palestra na Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) sobre as aplicações da radioatividade na medicina.
Essa visita trouxe um grande impulso para o Instituto, que tratava pacientes portadores
de neoplasias.

Agora, imagine a saúde sem a radiologia! O diagnóstico do médico seria realizado com
exames clínicos, fazendo que o médico utilizasse remédios que não seriam bons no
tratamento. Quando às cirurgias, haveria mais dificuldades, pois o cirurgião não teria
como auxílio a imagem gerada pelos raios X, como é realizada pela técnica de
fluoroscopia.

Conhecer informações importantes e


diferentes sobre os raios X e a
radioatividade

Para interpretar o fenômeno dos raios X, é importante saber que os raios catódicos
precisam atingir um ponto para os raios X serem criados; é necessário um ponto para
que a energia possa se chocar.

A fim de permitir essa ação do choque dos raios catódicos ou feixes de elétrons, existe,
na ampola utilizada pelos equipamentos de radiografia, o ânodo, polo positivo, que
contém um alvo de metal de tungstênio para o choque dos elétrons.
Já o cátodo, também presente na ampola, é formado por um filamento que, através de
uma alta corrente elétrica e diferença de potencial, gera uma nuvem eletrônica de
elétrons que vão de encontro ao alvo do ânodo. Este, após a colisão, emite 99% de calor
e 1% de raios X.

Outra pesquisa realizada notou que os raios se espalham para todos os lugares quando
produzidos; isso fez que estudos mais aprofundados confirmassem a certeza de que é
necessário haver em um equipamento de radiografia um colimador, que é parte
integrante de uma ampola de raios X.

O colimador tem objetivo de colimar o feixe de raios X obtido na ampola que vai em
direção à parte anatômica do paciente a ser radiografada. Por exemplo, se eu tenho que
realizar uma radiografia de pulmão, tenho um campo delimitado pelo colimador, que,
através da estrutura óssea, fará a base necessária para visualização da parte anatômica; é
diferente do joelho, que tem a área menor que o pulmão e a colimação precisam ser
realizados para não haver raios X dispersos na sala de exame.

Outros estudos detectaram que, se o aparelho que produz os raios X fosse inclinado a
90°, os raios X acompanhariam a inclinação do aparelho. Por isso, os equipamentos
giram a ampola que fica no cabeçote do equipamento (Figura 2), para a inclinação e
penetração do feixe de raios X sobre a parte a ser estudada na imagem solicitada pelo
médico.

Figura 2 | Cabeçote do equipamento de radiografia onde fica a ampola. Fonte:


Wikimedia Commons.

Perceba, na Figura 2, o cabeçote do equipamento de radiografia onde fica a ampola que


gera os elétrons. Veja que, na parte de baixo, existe um vidro; dentro desse vidro há o
colimador, que serve para alinhar o feixe de raios X.

A absorção dos raios X foi detectada por meio de estudos, sendo o motivo de
blindagens de proteção na sala de raios X, e do uso de equipamentos de proteção
individual. Se os raios X penetrarem em alguma parte do corpo, ocorrerá a interação
com as células presentes no organismo, tanto em órgãos como em tecidos, fazendo que
essas células sofram danos no DNA, que é o código genético.

Ocorrendo danos no DNA, a reprodução e crescimento das células é realizado de forma


desordenada, e pode ocorrer malignidade no local exposto à radiação. Portanto, é
necessário evitar exposições na realização do exame com o avental de chumbo e o
protetor de tireoide. No momento do disparo dos raios X, é essencial ficar atrás da
blindagem.

Na radioatividade, a dose pode ser maior. O elemento radioativo chamado de cobalto 60


tem alto poder de penetração e sua meia-vida é de 5,3 anos; assim, fica evidente a
importância de medidas de proteção no local onde se utilize o cobalto 60.

Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN, 2015), a irradiação, ou


exposição ao elemento radioativo, não torna o objeto ou corpo humano radioativo.

Aplicar o conhecimento na geração dos


raios X e da radioatividade
Você poderá aplicar seu conhecimento estudando mais sobre os raios X. Para
iniciarmos, é importante sabermos como os raios X são gerados dentro da ampola do
equipamento. Nessa ampola ficam as partes que geram os raios X. Vamos conhecê-
las?

A primeira parte é o ânodo, utilizado como alvo. É constituído de tungstênio; esse


material é utilizado porque tem maior resistência a altas temperaturas, já que a produção
dos raios X gera muito calor. As ampolas utilizam o ânodo giratório, que gira em torno
de 3.000 a 10.000 rpm.

Os raios X são formados pelo choque dos elétrons no ânodo; esse choque gera muito
calor, cerca de 99% do que é emitido por ele. Apenas 1% de raios X é emitido pelo
ânodo. Ele é rotatório para que o feixe de elétrons se choque em vários pontos dele,
fazendo que a sua vida útil aumente.

O cátodo, parte integrante da ampola de raios X, tem como função liberar os elétrons
que vão se chocar com ânodo; nesse processo, existe um efeito termiônico, que é gerado
por uma alta corrente elétrica e baixa diferença de potencial.

A nuvem de elétrons é gerada no filamento do cátodo em direção ao ânodo, e, para que


ocorra o deslocamento dos elétrons, existe uma diferença de potencial (dpp) entre o
cátodo e o ânodo. Para que não ocorra o espalhamento desses elétrons gerados, no
cátodo (Figura 3) existe uma capa focalizadora, que serve para alinhar os elétrons
obtidos nos dois filamentos presentes no cátodo.

Figura 3 | Ampola de vidro mostrando as partes geradoras dos raios X. Fonte:


Wikimedia Commons.

Leem-se, na Figura 3, glass envelope (cobertura de vidro), rotating anode (ânodo


giratório), bearings (rolamentos), e cathode (cátodo).
Perceba, na Figura 3, que a ampola tem cobertura de vidro; o cátodo está bem próximo
ao ânodo giratório. Na parte de trás do ânodo, existem os rolamentos, que o fazem girar
para dissipar o calor produzido pela recepção dos raios X. A ampola tem, em seu
interior, vácuo, que ajuda a diferença de potencial entre o ânodo e o cátodo.

Para emissão da radiação, é necessário a presença de um elemento radioativo, seja


urânio, rádio e polônio; a emissão se dá porque esses elementos radioativos têm um
núcleo com grande energia, que, para se estabilizar, emitem certas partículas, como a
alfa, beta e gama.

A partícula gama é emitida pelo núcleo em forma de partículas eletromagnéticas; já as


partículas alfa e beta, em forma de material. Estas últimas são partículas positivas
emitidas por um núcleo com grande energia, constituídas de dois prótons e dois
nêutrons. A gama é emitida após a emissão das partículas alfa e beta, porque o núcleo
ainda está tentando se estabilizar. A gama é emitida em onda eletromagnética, ou seja,
não tem massa e se propaga igual à velocidade da luz.

Todo elemento radioativo tem meia-vida, que é a redução pela metade da sua emissão
em comparação ao seu estado inicial. Um exemplo seria o cobalto 60, que tem sua
duração de vida de 10,6 anos e sua meia vida de 5,3 anos. Segundo a CNEN (2015), o
iodo-131 utilizado para gerar imagens médicas tem meia-vida de 8 dias; após esse
tempo, o paciente tem a dose ingerida reduzida pela metade.

Introdução

Prezado estudante!

A disciplina tem como base trazer informações sobre a radiologia de forma bem
abrangente, focando principalmente nas áreas que utilizam os raios X e a
radioatividade.
Nesta aula, você vai estudar sobre o radiodiagnóstico na radiologia, a terapia com
radiação ionizante e a utilização dos raios X na indústria. Entre os conteúdos, temos
importantes informações acerca dos equipamentos utilizados no diagnóstico por
imagem, como também na indústria e na terapia.

Veremos também como os raios X de alta intensidade são utilizados na terapia de


pacientes portadores de neoplasias, e qual a importância desse tratamento para a cura da
doença ou sobrevida do paciente.

O uso da radiação no radiodiagnóstico,


terapia e na indústria

Os raios X têm grande aplicabilidade no radiodiagnóstico ou diagnóstico por imagem;


não é possível avançar na cura de doenças sem a radiologia, que fornece imagens
esclarecedoras para o médico determinar o tratamento ou a cirurgia.

No diagnóstico por imagem, existem alguns equipamentos que se destacam, como a


ressonância magnética, padrão-ouro para detectar lesões ou tumores em partes moles. O
princípio de formação de imagem da ressonância não são os raios X, mas um campo de
alta frequência aplicado pelo gantry do equipamento. Não poderíamos deixar de citar
essa técnica surpreendente para o diagnóstico.

A tomografia computadorizada (Figura 1) é uma técnica que utiliza raios X, emitidos


por uma ampola que gira ao redor do paciente; os raios X emitidos por ela são captados
por detectores que ficam ao redor da ampola; bons equipamentos realizam multicortes
em segundos, e fornecem uma excelente imagem para o diagnóstico (AGUIAR, 2020).

Veja, na Figura 1, um equipamento de tomografia computadorizada.


Figura 1 | Equipamento de tomografia computadorizada. Fonte: Wikimedia Commons.

Outra técnica importante que utiliza os raios X é chamada de densitometria óssea; essa
técnica é utilizada para medir a densidade mineral óssea de pessoas idosas, com
fragilidade no tecido ósseo.

Já as radiografias digitais são utilizados nos grandes centros de diagnóstico por imagem
para fornecer imagens radiográficas de forma rápida; ou seja, a imagem obtida de um
fêmur é disponibilizada no computador para alteração de parâmetros, como contraste, e
a imagem é disponibilizada ao médico rapidamente através de bancos que recebem e
arquivam as imagens radiológicas. Essa comunicação facilita a rapidez do laudo
médico.

Na indústria, é utilizado o equipamento de radiografia industriais para obter


informações de peças fabricadas, ou seja, para estudar se existe alguma descontinuidade
na peça no momento de fabricação. Por exemplo, rodas de liga leve de carros, quando
fabricadas, podem ter fissuras que inviabilizam sua venda, sendo necessário a imagem
radiográfica para detectar a anormalidade.

Contudo, não é só na fabricação de rodas de liga leve que o equipamento de radiografia


é utilizado na indústria; existe uma grande aplicabilidade na avaliação de dutos pelos
quais passa gás. Quando os dutos que levam o gás a longa distância são montados, os
encaixes precisam ser radiografados para detectar alguma fissura que possa fazer o gás
vazar. Essa técnica é bastante empregada em empresas do polo petroquímico, ou que
prestam serviços terceirizados.

Na terapia, a radiologia se destaca no tratamento de neoplasias, seja pela medicina


nuclear ou radioterapia. Na medicina nuclear, a utilização do elemento radioativo iodo-
131 é voltada para a terapia da tireoide, principalmente quando o paciente passou por
cirurgia e precisa combater o resquício de algumas células que ficam na área após a
remoção da glândula.
Na radioterapia, os raios X produzidos pelo equipamento acelerador linear são de
grande energia, ou seja, liberam energia em mega eletrovolt. O princípio de geração dos
raios X é o mesmo de um equipamento que produz radiografias: a obtenção deles é
realizada através da aceleração de elétrons que se chocam com um alvo de tungstênio,
gerando os raios X. No acelerador linear, a quantidade de elétrons obtida é maior que
um ampola convencional; também o trajeto que os elétrons percorrem para se chocar
com o alvo.

Conhecer informações importantes e


diferentes sobre o uso dos raios X no
radiodiagnóstico, terapia e indústria

Um centro de diagnóstico por imagem de um grande hospital ou de uma clínica de


radiodiagnóstico geralmente tem os serviços de tomografia computadorizada,
ressonância magnética, radiografias digitais, densitometria óssea e ultrassonografia.

É importante ressaltar que a ressonância e a ultrassonografia não emitem radiação; a


ressonância utiliza radiofrequência que alinha os átomos de hidrogênio do corpo através
de uma bobina posicionada no corpo do paciente no local onde quer se obter a imagem.
A ultrassonografia também não emite radiação X; o princípio de formação de imagem
dessa técnica é o som, que, através de ondas, forma os ecos que são detectados pelo
transdutor do equipamento.

Quem opera a ultrassonografia é o médico ultrassonografista, já que o laudo é dado


imediatamente; o tecnólogo em radiologia pode auxiliar na realização do exame, mas
nunca ser o responsável por ele, uma vez que é necessário informações aprofundadas
sobre a técnica.

A tomografia computadorizada forneceu à radiologia a primeira utilização do


computador para obter as imagens, já que, no equipamento, a imagem obtida é
transformada em informações matemáticas que são analisadas pelo computador,
formando a imagem em cortes axiais ou com reconstrução de cortes coronais e sagitais.

Toda imagem obtida pelo equipamento de tomografia computadorizada é formada de


voxel e pixel; o voxel é a profundidade da imagem e o pixel é a menor parte da imagem;
imagens que tem maior quantidade de pixels são mais definidas (AGUIAR, 2020).

A densidade mineral óssea é caracterizada pela perda óssea do osso trabecular; o


equipamento de densitometria óssea realiza a avaliação da densidade óssea em locais
específicos, como coluna lombar, fêmur proximal e punho. O equipamento utilizado é
chamado de DXA, que significa absorciometria de raios X de energia dupla.

A radiografia digital utiliza o computador, com CPU e memória RAM. Todo


equipamento digital tem um conversor que passa os sinais de analógicos para digitais.
Após o processamento, a imagem é apresentada na tela do computador. Essa técnica
permite alterar informações da imagem, suavizando o ruído, aumentando os detalhes da
imagem e favorecendo a não repetição do exame.

A inspeção de peças na radiologia industrial é chamada de ensaio não destrutivo; isso


significa que o material inspecionado não sofrerá nenhuma alteração em suas
características. O tecnólogo em radiologia que pretende atuar na área industrial precisa
de noções sobre a radioproteção, já que, na área industrial, se utilizam equipamentos
que emitem raios X e radioatividade (Figura 2) para obtenção de informações dos
materiais inspecionados.

Figura 2 | Equipamento de gamagrafia industrial. Fonte: Wikimedia Commons.


Veja, na Figura 2, um equipamento de gamagrafia industrial, que é blindado e tem, em
seu interior, o elemento radioativo cobalto 60.

A radioproteção também é necessária na radioterapia e na medicina nuclear. Na


radioterapia, o acelerador linear gera radiação ionizante com grande intensidade,
fazendo que esse equipamento seja calibrado de acordo com o manual do fabricante e
legislação vigente. Na medicina nuclear, não é diferente: existem exigências de
radioproteção importantes dentro do setor que precisam ser colocadas em prática
diariamente

Aplicar o conhecimento no uso da


radiação ionizante

Quando o tecnólogo em radiologia estiver trabalhando com um equipamento de


tomografia computadorizada, é importante conhecê-lo. O equipamento de tomografia
passou por algumas gerações, mas os antigos ainda são utilizados no mercado, por causa
do alto custo de obtenção de um novo.

O primeiro equipamento, classificado como de 1ª geração, apresentava feixe fino de


raios X e um detector; o de 2ª geração já utilizava um conjunto maior de detectores em
relação ao de 1° geração, e um feixe de raios X em forma de leque, propiciando uma
aquisição de imagens mais rápida. O equipamento de 3ª geração, por sua vez, garantiu
uma evolução sofisticada, apresentando cerca de 600 detectores, que giravam a 360° em
torno do paciente, com um feixe largo de raios X, reduzindo em segundos o tempo de
aquisição de imagens e processamento pelo computador.

Os equipamentos de 4ª geração garantem que os detectores fiquem estacionados em


todo gantry e só o tubo de raios X gira a 360° ao redor do paciente. A tecnologia Slip-
ring também foi inserida no equipamento; ou seja, essa tecnologia eliminou cabos que
alimentam o tubo de raios X, fazendo que ele realize rotações ininterruptas.
A geração helicoidal sucedeu o tomógrafo de 4ª geração, mas trouxe embarcada a
tecnologia Slip-ring, que permite a rotação do tubo de raios X em conformidade com a
movimentação da mesa, gerando a aquisição das imagens em modelo espiral. A
tomografia multislice (múltiplos detectores) seria a evolução de equipamentos
helicoidais, gerando 640 cortes de imagem simultâneas por rotação do tubo de raios X.

Na densitometria óssea, os raios X são gerados no equipamento (Figura 3) através de


uma ampola igual à do equipamento de radiografia convencional. O exame obtido
compara a massa óssea obtida com o estudo da massa óssea normal, podendo o
resultado ser classificado como normal, osteopenia, osteoporose ou osteoporose grave,
isto é, a fratura. A partir do diagnóstico, o médico calcula o risco de fratura e prescreve
o melhor remédio; também cuidados a serem seguidos, como hábitos alimentares
saudáveis e prática de exercícios (MEIRELLES, 1999).

Figura 3 | Equipamento de densitometria óssea DEXA. Fonte: Wikimedia Commons.

Perceba na Figura 3 que o equipamento utilizado para o exame de densitometria óssea


pode realizar a varredura na área anatômica da coluna lombar, punho e no fêmur
proximal; na região da cabeça do fêmur, ocorre bastante degeneração óssea.

Na terapia com radioatividade, é utilizado um método chamado de braquiterapia, área


dentro da radioterapia que utiliza fontes de radiação colocadas em contato com o tumor,
para irradiar o local da neoplasia. As fontes radioativas utilizadas são de irídio-192; elas
são colocadas dentro de fios que saem do equipamento e entram em templates
colocados sobre a pele do paciente para irradiar diretamente o tumor; ou sementes de
iodo-125, que são implantadas dentro do tumor e ficam até sua última emissão.

Introdução
Prezado estudante!

A disciplina tem como base trazer informações sobre a radiologia de forma abrangente,
focando principalmente áreas que utilizam os raios X e a radioatividade para o
diagnóstico ou controle de qualidade.

Nesta aula, você vai estudar sobre a medicina nuclear e a radioterapia, áreas voltadas
para o diagnóstico e terapia das doenças, principalmente o câncer; também sobre a
utilização da radiação ionizante em alimentos, visando à maior duração em estoque e ao
controle de pragas.

Veremos também como a radioatividade é empregada na irradiação de alimentos, na


radioterapia e na medicina nuclear, que tem como objetivo o tratamento através da
radiação.

A radiação ionizante aplicada na


radioterapia, medicina nuclear e na
irradiação de alimentos
A radioterapia é uma forma de tratamento que utiliza fontes de radiação provenientes de
equipamentos de telecobalto, acelerador linear e braquiterapia. O equipamento de
telecobalto entrou em desuso por causa de medidas de radioproteção, já que, dentro
dele, existe um cofre blindado com uma semente de cobalto-60; o cofre onde fica essa
semente é aberto no momento da irradiação no paciente, e, quando ocorrem problemas,
o cofre não fecha, fazendo que a radiação gama seja emitida constantemente.

Se ocorrer a emissão da radiação gama do cobalto-60 por problemas do aparelho, toda a


área em torno da sala de tratamento precisa ser isolada; mas existe um tipo de martelo
próprio utilizado pela equipe de radioproteção para fazer que a fonte recolha.

Outro acontecimento que fez o equipamento de cobalto cair em desuso foi o acidente
radioativo de Goiânia, que resultou em muitas mortes. Após a desativação de uma
clínica de radioterapia, um cofre blindado com o elemento radioativo chamado césio-
137 ficou dentro do prédio abandonado e foi encontrado por um catador de recicláveis.

A medicina nuclear realiza exames chamados de cintilografia, que buscam evidenciar a


fisiologia do órgão em estudo. Os equipamentos utilizados são chamados de gama-
câmara, tomografia computadorizada com emissão de fóton único (SPECT) e
tomografia computadorizada por emissão de pósitrons (PET-CT) (Figura 1).
Figura 1 | Equipamento de PET-CT. Fonte: Wikimedia Commons.

Os equipamentos utilizados para gerar imagens na medicina nuclear, como a PET-CT


(Figura 1), precisam passar por testes de aceitação em acordo com a legislação vigente.
A Norma da CNEN-3.05 cita que o titular de medicina nuclear precisa realizar testes de
aceitação e promover o controle de qualidade dos equipamentos.

Segundo a CNEN (2013), o teste de aceitação compreende testes de segurança e


desempenho realizados como parte do processo de instalação do equipamento; já o teste
de controle da qualidade visa a testar a segurança e o desempenho periódico do
equipamento.

No teste de controle de qualidade, é realizada a inspeção visual da integridade física do


sistema e do equipamento, da estabilidade do sistema de detectores, da calibração do
sistema, da sensibilidade de detecção, da espessura de corte, do tamanho do pixel e das
partes mecânicas.

A radiação gama e os raios X são muito utilizados para irradiação de alimentos, porque
fazem que eles durem mais na prateleira e estoque das indústrias. Como exemplo,
podemos citar a cebola, o alho, o inhame e a batata utilizada para fabricação de
salgadinhos pela indústria. Quando a batata é irradiada, ela dura mais em estoque, ou
seja, dificilmente vai brotar, facilitando o processo de corte. A inibição do brotamento
ocorre porque a radiação causa a morte das células germinativas.

Existem frutas, verduras e grãos vulneráveis ao ataque de insetos. Por exemplo, o grão
do feijão, quando estocado, pode ser atacado por um inseto chamado caruncho. As
larvas do inseto podem se alojar no grão e comê-lo. Assim, a radiação é utilizada para
esterilizar o inseto, eliminando sua reprodução.
Conhecer informações importantes sobre
a radioterapia, medicina nuclear e
irradiação de alimentos

O equipamento de telecobaltoterapia se utiliza da energia elétrica apenas para


comandos, ou seja, o giro do gantry do equipamento em 360°, tempo de dose, campo de
irradiação, colimação do tamanho do campo de irradiação e abertura da blindagem para
exposição da fonte radioativa utilizada na irradiação.

A delimitação do campo de irradiação era realizada por nanquim, um tipo de tinta que
fica à mostra a depender do local de tratamento no paciente. Essa tinta foi substituída
pela tatuagem, ou seja, é colocado um tipo de tinta de tatuagem no local do tratamento
e, com uma agulha, a pele do paciente é perfurada, fazendo que a tinta tenha fixação a
pele. O resultado é um ponto bem pequeno para delimitar o local de tratamento.

O tratamento radioterápico é realizado em quatro campos de irradiação, com dose diária


determinada pelo médico radioterapeuta. Doses maiores precisam ser estudadas porque
efeitos decorrentes da exposição à radiação ionizante podem ocorrer em pacientes; por
exemplo, diarreia e xerostomia. Esta última é falta de saliva na boca; ocorre
principalmente em pacientes que estão realizando tratamento de cabeça e pescoço.

O equipamento PET-CT é utilizado na medicina nuclear para gerar imagens anatômicas


e fisiológicas, mostrando uma fusão de imagens. A PET tem a função de obtenção da
radiação pelo cristal cintilador, depois da administração do radiofármaco
fluordeoxiglicose-18F. Ela fornece as imagens em cortes como uma tomografia, e não
planar, como na gama-câmara.
A PET detecta dois pares de pósitrons em direções opostas, captados pelos detectores
eletrônicos, que convertem os fótons de luz de 511 keV, fornecendo imagens
fisiológicas em 2D ou 3D (AGUIAR, 2021).

No gantry do equipamento, a formação da primeira imagem é anatômica, realizada pela


tomografia computadorizada; em seguida, é realizada a varredura PET, fornecendo a
imagem fisiológica. O resultado é transformado pelo computador em uma fusão de
imagens (Figura 2).

Figura 2 | PET-CT do tórax. Fonte: Wikimedia Commons.

Veja na Figura 2 uma fusão de imagem do pulmão de uma paciente; perceba um nódulo
pleural hipercaptante no lobo médio direito. Esse nódulo foi diagnosticado como
tuberculoma, que é um resíduo no pulmão de pacientes que tiveram tuberculose.

A irradiação de alimentos por raios X geralmente é realizada por irradiador industrial


fixo, ou seja, é um equipamento estacionário que acelera elétrons. Esse equipamento
tem uma esteira que passa pela área de irradiação; sobre tal esteira, são colocadas caixas
contendo grãos, carnes e verduras. O painel de controle do equipamento fica em uma
sala blindada contra a radiação; nele, o operador insere os parâmetros técnicos para
irradiação, levando em consideração cada alimento a ser irradiado.

Quando a irradiação de alimentos é realizada por irradiador que utiliza fontes


radioativas, as fontes ficam blindadas em um poço, revestido por concreto, tendo em
seu interior água; todas essas barreiras servem para conter a radiação constante emitida
pelo elemento radioativo.
Aplicar o conhecimento em radioterapia,
medicina nuclear e irradiação de
alimentos

A radioterapia se classifica em teleterapia e braquiterapia. A teleterapia é caracterizada


quando a fonte de radiação é externa, ou seja, o tratamento é realizado pelo
equipamento. Já na braquiterapia, a radiação fica em contato direto com o tumor.

Existe outra técnica de radioterapia chamada de intraoperatória; nessa técnica, a dose de


radiação é aplicada no momento da cirurgia para retirada do tumor. É utilizado um cone
que fica preso à cabeça do gantry do equipamento para guiar a radiação ao local
desejado.

Para os tratamentos de teleterapia em radioterapia, os pacientes utilizam imobilizadores;


esses imobilizadores são acessórios utilizados para melhorar a reprodutibilidade do
tratamento. Por exemplo, a máscara termoplástica para tratamento de tumores de cabeça
(Figura 3), suportes de apoio do crânio e de braço para tratamento da mama. Os
acessórios precisam ser relatados na ficha técnica de tratamento do paciente, para serem
utilizados no momento da irradiação.
Figura 3 | Máscara termoplástica utilizada em radioterapia. Fonte: Wikimedia
Commons.

Todo tratamento realizado em radioterapia passa por um planejamento 3D, para acertar
o alvo exato do tumor, e para ajudar em tratamentos como o IMRT, que é um
tratamento com intensidade modulada de feixe, no qual se utilizam colimadores
multifolhas para irradiar a mesma parte do corpo com doses variadas, protegendo áreas
de risco que não podem receber altas doses de radiação.

Todo paciente que é injetado em medicina nuclear, ou seja, que recebeu administração
de radiofármaco, precisa aguardar um determinado tempo para início do exame,
obedecendo sempre o protocolo. Após o término, precisa permanecer determinado
tempo na sala dos injetados para depois ser liberado pelo serviço de medicina nuclear.

Essas ações são medidas de radioproteção; mesmo que o radiofármaco utilizado para o
exame tenha uma meia vida curta, é necessário a proteção do paciente, que precisa
aguardar os critérios médicos de liberação. Todos os acessórios utilizados para produção
e administração do radiofármaco são colocados em uma sala chamada sala de rejeito
radioativo. Essa sala é estabelecida pela legislação vigente em medicina nuclear
(CNEN, 2013).

Os rejeitos gerados no serviço de medicina nuclear não podem ser descartados em lixo
comum; eles precisam ser segregados, ou separados, classificados de acordo a sua
categoria e identificados. Se houver rejeitos que tenham meia vida acima de 60 dias,
eles precisam ser encaminhados à CNEN. Rejeitos abaixo de 75 Bq/g podem ser
descartados em lixo comum; para que isso ocorra, é importante monitorar a radiação
emitida por eles.

Na irradiação de alimentos, é importante aprender que a irradiação se difere da


contaminação. O alimento que é irradiado não emite radiação, porque a radiação não
fica ativa no alimento. Já a contaminação é diferente, corresponde a um alimento que
teve contato com uma fonte de radiação e partes do elemento radioativo ficaram nesse
alimento, ocorrendo a emissão de radiação por ele.

O acelerador linear utilizado na indústria para irradiar alimentos não contamina nenhum
alimento; após a irradiação e desligamento do equipamento, os raios X se dissipam e
deixam de existir. Só haverá raios X novamente quando o equipamento estiver ligado e
pronto a realizar a produção.

Introdução

Prezado estudante!

A disciplina tem como objetivo trazer informações sobre o uso da radiologia na


medicina e na indústria, focando principalmente em áreas que utilizam a radioatividade
e os raios X tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento.

Nesta aula, você vai estudar sobre a importância da radiologia na medicina; verá que a
radiologia é uma área importante para o diagnóstico e tratamento médico e para a
detecção de doenças que não são diagnosticadas em exame clínico.

Veremos também como o Sistema Único de Saúde (SUS) utiliza a radiologia para
detectar, rastrear e tratar doenças, favorecendo o tratamento e a cura do paciente.

A radiologia na medicina, no SUS e na


detecção de doenças
A radiologia contribui para a medicina realizar o diagnóstico. Com o avanço da
informática, os equipamentos disponibilizam imagens em segundos, contribuindo muito
para que o laudo seja obtido e encaminhado a distância.

O médico é o principal profissional no tratamento do paciente, sendo necessário que


saiba interpretar o laudo realizado pelo médico radiologista; se existir o despreparo do
profissional, o tratamento não terá um bom resultado.

A decisão médica quanto ao tipo de exame realizado para o diagnóstico tem papel
fundamental no tratamento; entre os exames solicitados, podem-se citar: radiografia,
tomografia, ultrassonografia, ressonância e cintilografia.

Perceba que a área da radiologia é de grande auxílio para a medicina; no entanto, é


necessário conhecimento sobre a área, pois ela é complexa, exigindo preparo do médico
para realizar um bom tratamento.

Na detecção de doenças, a radiologia se destaca pelo leque de opções diagnósticas. As


fraturas podem ser detectadas por radiografia convencional ou digital, mas, se, na
análise da imagem radiográfica, o médico suspeitou de tumor ósseo, a solicitação de um
outro exame, como a cintilografia e a tomografia computadorizada, pode ocorrer.

Muitas vezes o paciente chega à emergência do hospital sentindo dor no abdome; o


médico solicita uma radiografia que não apresenta nenhum diagnóstico. Então, ele
solicita uma tomografia, que também não apresenta nenhuma informação sobre a dor.
Em seguida, solicita uma ressonância, que também não apresenta nenhum resultado. O
médico, sendo preparado, recorre à PET-CT para trazer informações e recebe o
diagnóstico de que existe uma atividade tumoral em certa parte do organismo, não
encontrada nas imagens anteriores.
Rotineiramente os exames de imagem precisam ser solicitados de forma escalada para
realizar o diagnóstico. No caso da PET-CT, o seu uso é indicado quando outras técnicas
de imagem não conseguem descobrir onde o tumor está localizado; então, a PET-CT é
utilizada para rastrear células tumorais.

A radiologia no SUS (Figura 1) é realizada a partir do serviço prestado pelo técnico e


tecnólogo em radiologia; sem esses profissionais, seria impossível realizar imagens para
o tratamento. Contudo, para realizar a obtenção da imagem, é necessário ter
conhecimento de informática e de anatomia humana, por causa de solicitações médicas
de exames referentes a todas as partes do corpo.

Figura 1 | Logo do SUS. Fonte: Wikimedia Commons.

A doutrina do SUS está baseada na universalidade, equidade e integralidade; a


universalidade garante o atendimento à saúde para qualquer cidadão; a equidade garante
o atendimento onde o cidadão estiver ou morar; e a integralidade garante que todo
indivíduo é parte de uma sociedade (BRASIL, 1990).

Então, fica claro que todo cidadão tem direito de realizar exames de radiologia. Porém,
o grande problema é a demora do SUS em prestar o auxílio. Esse tempo pode chegar até
12 meses para um exame de ressonância magnética. Importante ressaltar também que
nem todos os hospitais mantidos pelo SUS têm todos os equipamentos de imagem,
fazendo que o paciente tenha que se deslocar para grandes centros.

Conhecer informações importantes sobre


as imagens médicas, diagnóstico de
doenças e política do SUS para serviços
de medicina nuclear
Para que o laudo seja obtido, as imagens médicas são obtidas em uma localidade e
encaminhadas através de um sistema chamado PACS, que arquiva e distribui as
imagens em padrão DICOM.

Todos os equipamentos de radiologia produzem imagens em padrão DICOM (Figura 2);


este padrão é universal, pois melhora a utilização de outros sistemas informatizados que
fazem parte da radiologia.

Figura 2 | Imagem do Joelho de RM com padrão DICOM. Fonte: Wikimedia Commons.

Como os dados em radiologia são gerados em grande volume, o PACS, além de


arquivar, faz que a imagem seja acessível a diversos setores do hospital de forma
informatizada. Outro sistema que é utilizado na radiologia é chamado de sistema de
informação em radiologia (RIS) (MARQUES; SALOMÃO, 2009).
Para realização de uma imagem de tomografia computadorizada do abdome com dor, é
necessário que seja seguido um protocolo. Por exemplo, no protocolo de TC para rotina
da dor abdominal em paciente adulto, é utilizado um filtro de partes moles, sem
contraste oral.

O tumor ósseo maligno que afeta os ossos é chamado de osteosarcoma; para a leitura da
imagem obtida, é importante o médico saber onde está a lesão e o seu tamanho, a
resposta do osso à lesão, e se há alguma massa nas partes moles na região do tumor.

Muitos acham que a radiografia não vai trazer a detecção de doenças, o que é um
equívoco. Por exemplo, na ortopedia, a radiografia é aliada na obtenção de imagem de
fraturas; melhor ainda se o equipamento estiver associado à imagem digital.

Em alguns hospitais do SUS no Brasil pode haver ainda algum serviço de radiologia
que tenha a revelação convencional através da processadora automática, mas são
poucos; a maioria utiliza a radiografia digital.

A medicina nuclear no SUS não apresenta distribuição em todo território nacional; essa
modalidade compõe o quadro de modalidades do SUS, mas não existe um bom
investimento por parte do governo nela.

Como o serviço de medicina nuclear utiliza fontes não seladas de radiação, os


profissionais que trabalham na área precisam ser bem capacitados. O serviço de
medicina nuclear é mais difundido na região sudeste que em outras regiões do Brasil,
como a Norte.

Todos os procedimentos de medicina nuclear pagos pelo SUS são realizados na esfera
privada, ou seja, o SUS não dispõe de serviços próprios para a aquisição de imagens
utilizando radiofármacos, ainda que a maior produtora de radiofármacos do Brasil,
chamada IPEN, seja do governo federal.

Os médicos nucleares e os supervisores de radioproteção precisam ser credenciados pela


Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); esses profissionais passam por
avaliações da CNEN para obter a credencial.

É necessária uma política dentro do SUS para difundir mais os serviços de medicina
nuclear em todo país, pois a população necessita do diagnóstico da técnica para
elucidação de doenças.

Aplicar o conhecimento da importância


da radiologia para a medicina e para o
SUS
A radiologia na medicina não se resume apenas a equipamentos médicos como a
ressonância magnética, radiografia digital, tomografia computadorizada e PET-CT, mas
também inclui os sistemas que são utilizados para recebimento das imagens enviadas
dos equipamentos e a linguagem informatizada do padrão das imagens obtidas de todos
os equipamentos.

O PACS, além de armazenar as imagens, permite a visualização das imagens de forma


remota, ou seja, em qualquer local em que o médico esteja, poderá visualizar a imagem;
mas é necessário ter acesso ao sistema com login e senha.

O sistema de informação em radiologia (RIS) é fundamental no setor de diagnóstico,


porque registra o paciente e a modalidade do exame que será realizada, acessa a lista de
imagens médicas obtidas, digitaliza todos os documentos do setor. Por meio do RIS, os
laudos são digitalizados.

O RIS, dentro do hospital, é integrado ao sistema PACS e HIS. Este último é o sistema
de informações hospitalares, ou seja, o RIS recebe a imagem em padrão DICOM,
distribui para o PACS; e o PACS, para o HIS, fazendo que todo sistema de imagens
médicas seja integrado ao complexo hospitalar.

Até a realização do exame, ocorrem o agendamento, o registro do paciente e sua


admissão no setor, a espera no setor de diagnóstico por imagem ou bioimagem, a
realização do exame, o armazenamento do exame, e a visualização.

Perceba que a radiologia na medicina não é apenas equipamentos e imagens; como


estamos no mundo informatizado, as imagens precisam de sistemas e padrão para se
tornarem visíveis e estarem aptas ao laudo.

Então, para detecção de uma doença, o equipamento gerador da imagem radiológica


está ligado a sistemas, e essa imagem é gerada no padrão DICOM. A área médica, sem
a radiologia, não consegue elucidar os casos clínicos apresentados pelos pacientes.
Na maioria das vezes, o sintoma que o paciente está sentindo não é detectado pelo
médico no exame físico e nem resolvido com prescrição medicamentosa, sendo a
imagem radiológica (Figura 3) que irá apresentar informações importantes para o
tratamento ou solução do sintoma que o paciente está apresentando.

Figura 3 | Radiografia do pulmão. Fonte: Wikimedia Commons.

Veja, na Figura 3, uma radiografia de tórax que apresenta uma pneumonia do lobo
médio direito; o laudo médico indicou ser uma pneumonia, já que o exame de
tomografia descartou tumor.

No SUS, o uso da tomografia computadorizada é essencial, principalmente para o


médico obter o diagnóstico do Acidente Vascular Cerebral (AVC). Os repasses do SUS
precisam ser iguais ou superiores aos gastos com o exame.

Pacientes de municípios pequenos que não têm, pelo SUS, acesso à tomografia,
precisam se deslocar para centros maiores para serem submetidos ao exame para o
diagnóstico do AVC. A tomografia é importante no diagnóstico e tratamento dessa
patologia.

No SUS, os exames de tomografia mais realizados são de cabeça e pescoço, seguidos de


abdome, pelve, coluna, tórax e extremidades (DOVALES; SOUZA; VEIGA, 2015).
Com a pandemia do covid-19, o principal método de diagnóstico do pulmão foi a
tomografia; então, nesses dois últimos anos, o tórax foi o exame mais realizado pelo
SUS.

Os raios X foram descobertos por Roentgen em 1895. Depois da descoberta, a medicina


se beneficiou com a visualização de exames de imagem. Nessa visualização, o médico
detecta o diagnóstico da doença.

Os raios X são gerados para o diagnóstico e tratamento de doenças em equipamentos


como a tomografia computadorizada, a radiografia com técnica digital e convencional, a
absorciometria por dupla emissão de raios X (DXA) e o acelerador linear.
A radioatividade, muito utilizada na radiologia em área industrial, pode ser vista em
irradiadores nucleares. Na área de terapia, é muito utilizada na medicina nuclear e na
radioterapia com o equipamento de braquiterapia.

Um dos equipamentos mais modernos para rastreamento de células tumorais não


detectadas em outros meios de diagnóstico é a PET-CT. O exame realizado por esse
equipamento é caro e não é fornecido pelo SUS.

Como a radiologia é direito do cidadão, o SUS oferece o exame em medicina nuclear de


forma terceirizada, mas poderia disponibilizar o exame em serviços próprios; assim,
mais pessoas poderiam ter acesso ao exame de PET-CT.

As indústrias de alimentos souberam do benefício de utilizar a radiação ionizante em


seu processo de fabricação e estão fornecendo alimentos irradiados durante ou após o
preparo, visando à maior qualidade do produto.

Não é diferente com a indústria do petróleo e do gás, e as indústrias mecânica e


siderúrgica, que utilizam os raios X para manter a qualidade dos produtos, e, assim,
manter o controle de qualidade para seus clientes.

Contudo, para utilizar a radiação ionizante no dia a dia, é preciso ter informações
relevantes quanto a sua utilização, já que a interação com essa energia ao longo de anos
pode trazer alguns problemas de saúde, sendo importante a aplicação da
radioproteção.

Todos os equipamentos de radiologia passam diariamente por avanços da parte de seus


fabricantes. Os equipamentos que produzem imagens, como a tomografia
computadorizada, fornecem alto número de imagens a partir de um único exame
(AGUIAR, 2020).

Para conseguir arquivar e enviar essa quantidade grande de imagens produzidas por um
único equipamento, é necessário que existam sistemas, como o PACS, que arquiva e
transmite as imagens em padrão DICOM.

Então, quando pensamos nos equipamentos de radiologia, precisamos lembrar de que,


no equipamento, existem softwares e sistemas interligados que, quando unidos,
trabalham para o melhor fluxo do centro de diagnóstico.

Nenhuma imagem de radiologia pode ser acessada diretamente do PACS se não for pelo
RIS. Através do RIS é que se tem acesso às imagens arquivadas no PACS; também a
informações de laudos dos pacientes.

O tecnólogo em radiologia precisa estar atento a todas as informações pertencentes a


sua profissão. É necessário manter em segredo informações dos pacientes que realizam
imagens; a mesma postura precisa ser adotada com pacientes que realizam a terapia,
levando em consideração o sigilo profissional.

Estudo de caso
Você foi contratado por um hospital para realizar o exame de PET-CT em pacientes que
necessitam dessa imagem para o diagnóstico de tumores em várias partes do corpo,
incluindo a glândula tireoide.

Quando a medicina nuclear gera imagens através de um fármaco agregado ao


radioisótopo, o radionuclídeo utilizado é obtido através do decaimento do molibdênio-
99; seu uso se dá pelo fato de ter meia vida curta e uma produção facilitada no gerador.

O gerador produtor do radionuclídeo fica estocado no serviço de medicina nuclear em


um recipiente blindado; no momento de eluição, é colocado um líquido que elui pelo
radionuclídeo, e, depois de realizada a ordenha, o líquido com o radionuclídeo se junta
ao fármaco em outro frasco.

O frasco que sai do gerador de radionuclídeo fica protegido dentro de um recipiente


blindado, que é aberto para a aspiração da agulha presente na seringa que vai ser
administrada ao paciente; existe também um porta-seringa blindado.

A ideia do exame é realizar a administração do radiofármaco aguardando o tempo de


distribuição dele, ou seja, o tempo de chegar ao órgão de estudo, e solicitar ao paciente
que se desloque ao equipamento para o seu posicionamento e realização do exame.

Importante o tecnólogo em radiologia ficar atento ao posicionamento do paciente, pois é


necessário que ele se sinta confortável e não se mexa no momento do exame, já que será
realizada a tomografia por emissão de pósitrons (PET) junto com a tomografia
computadorizada.

Deve-se tomar cuidado com o tempo de aguardo do paciente, pois pode acontecer do
radiofármaco não chegar ao local desejado e a imagem metabólica não ser mostrada
como solicitado no pedido médico.

A melhor maneira de não haver erro no tempo de aguardo do paciente é seguir o


protocolo do exame. Nele, existem informações importantes, como o tempo de aguardo
para realização do exame após a administração do radiofármaco e o tipo de
posicionamento.

Será necessário saber qual a primeira e segunda imagem a ser obtida na PET-CT, qual o
radiofármaco a ser administrado antes do exame, o que vai ser detectado pela PET,
quando é solicitado o exame de PET-CT e por onde essas imagens podem ser
arquivadas e distribuídas.

_____

Reflita

ocê precisa refletir sobre os itens essenciais para realizar um exame de PET-CT:

Qual a primeira imagem gerada pela PET-CT?

Qual a segunda imagem gerada pela PET-CT?

Qual o radiofármaco utilizado no exame?

O que será detectado pelo exame de PET-CT?

Quando o médico solicita a imagem do equipamento híbrido PET-CT?

Essas imagens são arquivadas e distribuídas por quais sistemas?

Introdução
A disciplina História da Radiologia tem o objetivo de abordar os fatos marcantes da
área de radiologia, assim como mostrar uma introdução bem específica à área de
radiologia.

Nesta aula, estudaremos sobre os equipamentos utilizados para formação da imagem


médica, ou seja, aqueles usados no diagnóstico de doenças pelos médicos de diversas
especialidades. Veremos pontos importantes sobre os equipamentos de ressonância
magnética, tomografia computadorizada e raios X digital. Dentre esses pontos,
abordaremos, partes que formam os equipamentos, como bobina, detectores e ampola de
raios X, veremos sobre os acessórios utilizados, a formação de imagem e a diferença
entre os equipamentos.

Equipamentos de Ressonância,
Tomografia e Raios-X digital

Em 1946, surgiram os primeiros estudos sobre a espectroscopia por Ressonância


Magnética (RM). As primeiras imagens só foram realizadas em 1972 por Paul
Lauterbur (1929-2007) e, a partir daí a técnica foi se aprimorando (HAGE, 2009).

Na avaliação de tecidos moles, a RM é o exame padrão ouro – por exemplo, na


avaliação da articulação do joelho, a RM é o método mais utilizado, pois entrega uma
imagem mais apurada para o diagnóstico.

As ondas de radiofrequência são o princípio de formação da imagem em RM, que


utiliza um forte campo magnético que alinha os átomos de hidrogênio do corpo
humano, obtendo um sinal capaz de formar imagens dos tecidos biológicos. Como a
água faz parte de 80% do corpo humano, o átomo de hidrogênio é mais abundante (a
molécula de água é composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio). A partir
desse volume de água que existe no corpo humano, o fenômeno da ressonância é
utilizado para gerar imagens.
O campo magnético aplicado pelo magneto do equipamento de RM, alinha os átomos
de hidrogênio do corpo humano, através de um movimento chamado spin, ou seja, os
elétrons e o núcleo giram em torno de si próprios. Porém, para a obtenção da imagem
pelo equipamento de RM (Figura 1), é necessário utilizar um acessório chamado de
bobina, que é específica de acordo com a área anatômica a ser avaliada.

Figura 1 | Equipamento de ressonância magnética. Fonte: Wikimedia Commons.

A tomografia computadorizada (TC) é uma técnica que se utiliza de raios X para


visualização de partes anatômicas do corpo humano. Uma versão híbrida desse
equipamento foi realizada para formar o PET-CT, a qual tem a mesma arquitetura de
uma tomografia, com detectores que giram ao redor do paciente, só se diferenciando na
forma de obtenção da imagem.

Para a tecnologia ter embarcado nos equipamentos atuais de tomografia


computadorizada, alguns estudos e equipamentos de outras gerações foram criados,
como os antigos, que tinham um detector e um tubo de raios X que giravam ao redor do
paciente e levavam em torno de 10 minutos para obter poucas imagens.

Os equipamentos atuais, embora caros, fornecem cerca de 650 imagens por segundo,
com cortes de imagem diferentes, com um exame bastante rápido para o paciente,
favorecendo o diagnóstico de pacientes que estão em situação de emergência.

Mas, pela velocidade do tubo e detectores ao redor do paciente, é necessário que o


equipamento de TC fique em sala climatizada, pois o fornecimento da imagem gera
grande temperaturas nas partes mecânicas do equipamento.

Com os raios X digital, não é diferente: o equipamento também precisa ser mantido em
temperaturas baixas para esfriar partes do equipamento que ficam em alta temperatura
para gerar as imagens, como o caso do gerador, da ampola e a parte informatizada do
equipamento.
Precisamos sempre lembrar que o equipamento que tem em sua formação partes
eletrônicas, informatizadas e de produção de raios-X, precisa estar em temperatura ideal
para que seus componentes internos fiquem protegidos e não tenham problemas de
funcionamento de forma prematura.

Informações importantes sobre os


equipamentos de ressonância magnética,
tomografia computadorizada e raios-X
digital

Para o exame de ressonância magnética, podem ser utilizados equipamentos com campo
magnético de 1,5 ou 3 teslas – este último oferece melhor definição de imagem do que o
de 1,5 tesla. O equipamento com campo magnético de 3 tesla detecta melhor pequenas
lesões do que o de 1,5 tesla, pelo motivo de entregar o dobro do sinal, o que favorece o
diagnóstico médico, já que as imagens são geradas com melhor qualidade.

As bobinas, acessórios utilizados em exames de RM, têm a função de captar os sinais


emitidos pelo magneto do equipamento, ou seja, captam os sinais de ressonância,
aumentando a relação sinal-ruído e o campo de visão, que é chamado de FOV. Elas
atuam como antenas para detectar as ondas de rádio, que é o sinal de ressonância, e
podem ser divididas em quadraturas, phasearray e endocavitária, sendo que o tipo de
bobina empregada no exame influencia na captação do sinal (FANTON, 2007).

Já os magnetos do equipamento são produzidos em alguns tipos, como supercondutor,


permanente e resistivo, sendo a diferença entre esses magnetos a direção do campo
magnético.
Na tomografia computadorizada, o aparelho de primeira geração apresentava um feixe
fino, da espessura de um lápis, e um detector. Pela limitação, um corte era obtido em
alguns minutos, desfavorecendo o diagnóstico. Já o equipamento de tomografia de 2ª
geração teve um aumento no número de detectores, favorecendo um maior número de
posicionamentos do paciente e obtenção da imagem com mais rapidez. A 3ª geração,
por sua vez, trouxe um número maior de detectores, cerca de 600, que giram ao redor do
paciente a 360º, favorecendo a obtenção da imagem em segundos, como também o
processamento da imagem pelo computador.

Os equipamentos de 4ª e 5ª geração trouxeram outros avanços que melhoram muito o


diagnóstico do paciente de forma rápida e com imagens de qualidade, como a
tomografia multislice (AGUIAR, 2020).

Os equipamentos de raios X digital trouxeram o avanço a um equipamento que,


antigamente, utilizava processadores químicos para obter a radiografia, que causava
uma grande poluição ambiental, inclusive empresas iam buscar as radiografias
descartadas nos serviços de radiologia para extraírem a prata.

Quando as radiografias não ficavam boas, outra era realizada, causando exposição da
radiação ao paciente. Porém, com o aparelho de raios X digital, as imagens são
produzidas em segundos e disponibilizadas para o diagnóstico médico.

O equipamento digital tem uma tela de fósforo no buck de posicionamento do paciente,


que envia as informações obtidas do exame ao computador que, de forma matemática,
transforma a imagem em digital (Figura 2).

Figura 2 | Bucky de um equipamento de raios-X digital. Fonte: Wikimedia Commons.

O profissional de radiologia pode alterar informações da imagem digital, como nitidez,


contraste, data, nome do paciente, local da radiografia, inserindo todas elas no
computador onde o equipamento está conectado.
Para que ocorra essa comunicação do equipamento de raios X digital com o
computador, a indústria fabricante do equipamento gera um software que realiza essa
comunicação entre a placa de fósforo que recebe a radiação que penetra o paciente para
o computador.

Aplicar os conhecimentos em
equipamentos de ressonância magnética,
tomografia computadorizada e raios-X
digital

No equipamento de ressonância magnética, os magnetos têm sua diferença pela direção


do campo. O magneto supercondutor tem um campo magnético de forma horizontal,
feito a partir de uma liga de nióbio e titânio. O hélio líquido flui através dessa liga. A
sua intensidade magnética é maior do que 1 tesla e tem grande aplicação em diversos
exames de RM pelo seu baixo custo operacional.

O magneto permanente tem formato em C, com campo magnético na direção vertical


entre 0,2 e 1,0 teslas, sendo aberto. Ele é feito de material ferromagnético e tem campo
limitado pelo seu tamanho. Por ser aberto, evita que pacientes tenham fobia durante o
exame.

O magneto resistivo tem o princípio de funcionamento igual ao supercondutor, ou seja,


precisa de corrente elétrica para induzir o campo magnético, o qual será sempre
proporcional a quantidade de corrente que passa no magneto.

As bobinas utilizadas em exames de RM são de superfície, que recebem


radiofrequência, e são classificadas entre as lineares flexíveis (R1 e E1), lineares rígidas
T-L Spine, Anterior Neck, Sinergias (Multicanais) e circulares flexíveis (C1, C2, C3 e
C4).

Já as bobinas de quadraturas que emitem e recebem radiofrequência são classificadas


em Head Coll, NeckQuad, Body Coll e Knee. As de phasearray simulam as de
quadratura e são classificadas em Torso e BodyUpperAround. Já a endocavitária é
utilizada em locais pequenos, como, por exemplo, em exames da próstata (FANTON,
2007).

O meio de contraste utilizado no exame de ressonância magnética é o gadolínio, um íon


paramagnético que tem o papel de aumentar as taxas de relaxamento dos prótons de
hidrogênio, aumentando a intensidade e brilho no tecido.

O gantry do equipamento de tomografia computadorizada (Figura 3) é uma estrutura


que envolve o paciente e tem, no seu meio, uma abertura onde o paciente é inserido. Na
sua parte interior, se encontram fixados os detectores, o tubo de raios X e colimadores;
na sua borda, estão os botões de controle de movimento da mesa e do gantry.

Figura 3 | Gantry do equipamento de tomografia. Fonte: Wikimedia Commons.

Em todo gantry de TC existe um laser localizador de posicionamento, o qual visa


posicionar o paciente com o isocentro do equipamento, ou seja, alinhar o tubo de raios
X, os detectores e a mesa onde o paciente está posicionado na mesma linha.

A mesa de exames do equipamento de TC é o local onde o paciente fica posicionado.


Essa mesa está eletricamente ligada ao gantry, que também pode ser ajustada pelo
computador, sendo formada de material radiotransparente e, geralmente, pode receber
peso de até 200 Kg, levando sempre em consideração as instruções do fabricante do
equipamento.

Os raios X digital fornece a imagem digital não só no bucky em pé, mas também na
mesa em que o paciente realiza posicionamentos. A mesma tela de fósforo existe no
bucky da mesa, que é posicionado na área anatômica de estudo. Essa imagem pode ser
produzida de forma direta e indireta. Na direta, a radiografia é formada diretamente na
tela do computador; na indireta, são utilizados cassetes que são expostos à radiação
ionizante e, em seguida, são levados a uma leitora para a leitura da imagem digital.

A disciplina de História da Radiologia tem como objetivo trazer informações acerca


dos acontecimentos da área de radiologia, mostrar as principais áreas de diagnóstico
médico e a utilização da radiação ionizante na indústria.

A aula apresenta os equipamentos utilizados na radioterapia, área que trata neoplasias


através da radiação ionizante, favorecendo a terapia com a radiação, que promove a não
multiplicação das células tumorais.

Foque nos seus estudos para tirar um excelente proveito da aula, pois essas informações
serão de extrema importância para o seu aprendizado, já que a área de radioterapia
contrata muitos tecnólogos em radiologia para realizar a terapia com a radiação
ionizante.

Introdução aos equipamentos da


radioterapia

A radioterapia é uma área da radiologia que utiliza equipamentos para tratar o câncer, os
quais geram radiação com o objetivo de destruir as células tumorais, através de uma
dose calculada no local do tumor. A radiação é aplicada em um curto período para
destruir as células tumorais e preservar as sadias, além de evitar que os pacientes
tenham grandes efeitos causados pela radiação ionizante de alta intensidade.

Alguns fatores são importantes para ocorrer a resposta das células à radiação, como a
sensibilidade do tumor, a oxigenação, tempo total da dose administrada e a qualidade e
a quantidade de radiação empregada no tratamento.
Todo tratamento radioterápico, antes de ocorrer, passa por um planejamento, que
determinará o volume-alvo, a dose empregada no tratamento, e os campos de tratamento
de incidência do feixe de radiação. Os equipamentos utilizados para realizar a irradiação
vão desde os que produzem radiação através da energia elétrica, liberando feixes de
raios X ou de elétrons, e outros a partir de fontes de radioisótopos, como, por exemplo,
pastilhas de cobalto que geram raios gama.

Atualmente os equipamentos que geram elétrons são os mais difundidos, ou seja, mais
utilizados, devido a medidas de radioproteção, pois aparelhos que utilizam pastilhas de
cobalto podem sofrer problemas para recolher o elemento radioativo ao cofre, fazendo
com que sua emissão fique prolongada após o tratamento do paciente.

As modalidades de tratamento em radioterapia são a teleterapia e a braquiterapia. A


primeira é chamada de radioterapia externa, ou seja, os aparelhos mantêm distância da
pele do paciente. Já na braquiterapia, a radioterapia é chamada interna, ou seja, é
utilizada uma fonte radioativa selada que vai dentro do tumor ou próxima a ele, sendo as
fontes temporárias ou permanentes.

Além de a radioterapia ser utilizada para irradiar tumores, a técnica é utilizada como
paliativa para alívio das dores do paciente e controle das metástases, de forma pré-
operatória, com objetivo de ressecar as células para retirada do tumor em cirurgia.

A radioterapia pode ser utilizada como pós-operatória também, ou seja, na presença de


doenças residuais, macro ou microscópicas, para complementação da cirurgia,
fortalecendo, assim, a cura do paciente portador da neoplasia (SALVAJOLI, 2009).

O aparelho chamado de acelerador linear trabalha com a aceleração de elétrons e fótons


para tratamento em profundidade. As energias utilizadas são totalmente diferentes, pois
são específicas para cada tratamento. No ano de 1953, foi instalado o primeiro aparelho
acelerador linear, o qual foi utilizado para tratamento, ou seja, a terapia de fótons. Já a
terapia com feixe de elétrons foi realizada em 1957.

O tratamento de teleterapia se iniciou pelos equipamentos de telecobaltoterapia, o


Gammatron II, aceleradores lineares (Figura1), como o Betatron, Mevatron, Clinac
600C, Clinac 2100C e Clinac 23EX. Todos esses equipamentos emitem radiação de alta
intensidade, ou seja, em Mega Eletrovolt.
Interpretar os equipamentos utilizados
em radioterapia

A maioria dos equipamentos de radioterapia que atuam no tratamento com a técnica de


teleterapia giram a fonte de radiação a 360° ao redor de um eixo horizontal. O
alinhamento do eixo central do feixe de radiação com o horizontal é um ponto chamado
de isocentro, que favorece um tratamento estático ou rotacional.

O tratamento com o isocentro estático é aquele em que o gantry do equipamento não


gira, e, no rotacional, o gantry do equipamento gira a 360°. A escolha sempre é baseada
no tipo de neoplasia a ser tratada.
A distância para tratamento do acelerador linear, por exemplo, leva em consideração a
distância foco-pele, ou seja, é a distância do foco de radiação até a pele do paciente,
onde está o campo de tratamento (Figura 2).

Figura 2 | Distância de tratamento radioterápico. Fonte: Wikimedia Commons.

Para que todo tratamento em radioterapia tenha sucesso, é importante realizar o


planejamento, pois, na técnica, são empregados feixes de radiação de alta energia, o que
faz com que se torne obrigatório definir exatamente a localização do tumor ser
irradiado, de modo que as estruturas ao redor do tumor recebam a menor dose possível.

Outro ponto importante no tratamento em radioterapia é o posicionamento do paciente.


Nas salas onde estão os equipamentos de telecobaltoterapia e acelerador linear, existem
lasers nos tetos e nas paredes que servem para ajudar no posicionamento do paciente, já
que, se não houver um excelente posicionamento, o tratamento não terá valor.

Os lasers presentes na sala de tratamento dos equipamentos de telecobaltoterapia e


acelerador linear, devem convergir com o isocentro do equipamento, facilitando, assim,
o posicionamento dos pacientes. Já a terapia por elétrons é utilizada em aceleradores
lineares com energia de 25 MeV. A utilização do feixe de elétrons é empregada para
tratamento de neoplasias superficiais da cabeça e pescoço, como também da parede do
tórax.

O equipamento de telecobaltoterapia só teve o seu auge de uso com a criação dos


reatores nucleares, que produzem os radioisótopos de alta intensidade de radiação, como
o cobalto-60 e o césio-137.

Este elemento foi muito utilizado dentro dos equipamentos, mas, por limitações de uso,
como a distância de tratamento curta, muita penumbra, e energia baixa, entrou em
desuso, sendo substituído pelo cobalto-60. A única vantagem do césio-137 era a sua
meia vida longa (cerca de 30 anos).
Já o cobalto-60, que fica blindado dentro dos equipamentos de terapia, tem meia vida de
5,4 anos e energia de 1,34 MeV. Esse elemento radioativo fica contido em uma cápsula
de aço inoxidável com diâmetro de 2 cm.

A blindagem que é feita para o cobalto-60 dentro do equipamento é de chumbo, mas


pode ter urânio também, já que o cobalto-60 emite radiação em todas as direções, sendo
essencial essa proteção ao redor da fonte (SCAFF, 1997).

Aplicar os conhecimentos sobre os


equipamentos de radioterapia

Os aceleradores lineares são utilizados para obter uma maior energia de radiação através
da aceleração de elétrons entre dois eletrodos com grande diferença de potencial,
utilizando geradores de tensão variável, ou seja, o importante é aumentar a energia do
elétron. O nome acelerador é dado ao equipamento devido à presença de um tubo
cilíndrico em que os elétrons são acelerados até atingirem a energia ideal para o
tratamento da neoplasia que está acometendo o paciente.

Para os equipamentos utilizados em teleterapia para o tratamento clínico, é importante,


antes de entrar em funcionamento rotineiro, passar por testes de aceitação, ou seja, é
necessário comprovar o seu perfeito funcionamento.

Esses testes compreendem o funcionamento do equipamento (botões, movimentos da


mesa e do gantry, botões de desligamento de emergência, sistema de áudio e vídeo de
comunicação com o paciente, sistema de desligamento do feixe funcionando de acordo
com a porta da sala, levantamentos radiométricos para ver se a blindagem da sala está
adequada).
Além desses testes, é importante realizar a calibração diária do equipamento tanto de
telecobaltoterapia quanto de acelerador linear. Essa calibração mede se a taxa de dose
emitida pelo equipamento tem valores estáveis.

Para a definição do tamanho do campo de radiação do acelerador linear, é utilizado o


colimador, chamado de multifolhas, o qual é utilizado para gerar campos irregulares de
irradiação. Ele é muito utilizado na terapia de radiação de intensidade modulada
(IMRT).

A braquiterapia, utilizou muito o rádio 226, mas foi o cobalto-60, Césio-137 e o Irídio-
192 que tomaram proporção de uso na técnica. Esses elementos radioativos ficam
contidos no cofre do equipamento de braquiterapia.

Esses elementos radioativos, são comercializados para a técnica de braquiterapia em


fontes seladas, tubos, agulhas, fios e sementes. Já os tubos são utilizados em tratamentos
intracavitários, as agulhas em aplicações intersticiais, os fios fabricados com Irídio-192.
Os tubos e os fios são sempre colocados em aplicadores para a irradiação na prática,
evitando que não se tenha contato direto com a neoplasia, facilitando a aplicação da
radiação no local determinado (SCAFF, 1997).

Na braquiterapia de alta taxa de dose o Irídio-192 é o mais utilizado pela sua energia de
1,07 MeV, esse elemento radioativo está contido dentro do equipamento que, de forma
remota, é exposto, sendo ótimo para a radioproteção.

As aplicações da braquiterapia de alta taxa de dose são realizadas em salas específicas,


blindadas. As partes que compõem o equipamento (Figura 3) são: a fonte de radiação
com o seu cofre de blindagem, a mesa de comando, os tubos que saem do cofre e vão
aos aplicadores, aplicadores, mesa digitalizadora e o sistema de computação.

Figura 3 | Equipamento de braquiterapia. Fonte: Wikimedia Commons.


Na Figura 3, observamos os canais em que as fontes percorrem. Com os cateteres, as
fontes viajam por eles. O movimento da fonte é controlado por uma mesa de comando,
que, na maioria das vezes, fica em outra sala por medidas de radioproteção.

A disciplina de História da Radiologia tem como objetivo trazer informações acerca da


história dos raios X e da radioatividade, mostrar as principais áreas do radiodiagnóstico
e evidenciar a utilização dos raios x na indústria.

A aula abordará os equipamentos utilizados na radiologia industrial, destacando a sua


finalidade e a qualidade da utilização de cada um, em cada produto inspecionado.

Foque nos seus estudos para tirar um excelente proveito da aula, pois essas informações
serão de extrema importância para sua vida profissional, já que a área de radiologia
industrial contrata muitos tecnólogos em radiologia para realizar radiografia de peças e
controle de qualidade em produtos.

Introdução aos equipamentos utilizados


na radiologia industrial

Qualquer projeto mecânico passa pelo controle de qualidade, no qual são utilizados os
equipamentos que fornecem as imagens detalhadas das peças mecânicas fabricadas. O
emprego tanto da radioatividade como dos raios X para gerar a imagem visa trazer
segurança às pessoas que consomem esses produtos ou que se alimentam, como é o caso
da irradiação de alimentos.
A radiologia industrial, com o fornecimento de imagens, garante que as peças fabricadas
nas indústrias siderúrgica, aeronáutica, naval (Figura 1) e automobilística não tenham
defeitos que possam comprometer a fabricação do produto.

Figura 1 | Indústria Naval. Fonte: Wikimedia Commons.

Qualquer exposição à radiação ionizante na indústria, seja pelo irradiador gama,


equipamento de raios X ou tomografia, é chamada de ensaio não destrutivo (END), pois
tem a finalidade de investigar alterações nos materiais fabricados sem destruí-los.

A radiografia realizada pelo equipamento de raios X tem grande poder de apresentar,


nas imagens descontinuidades da peça não vistas a olho nu, essas descontinuidades ou
fissuras que têm poucos milímetros de espessura.

Sendo assim, a radiografia traz o registro da qualidade do produto inspecionado, o


ultrassom, que também tem seu uso muito difundido para investigar possíveis defeitos
em peças produzidas pela indústria.

A emissão da radiação ionizante, seja ela de equipamentos de raios x ou irradiador


gama, tem grande importância no ensaio radiográfico, pois, pela espessura dos materiais
inspecionados, a quantidade de radiação precisa ser levada em consideração.

Os equipamentos geradores de raios x utilizados na indústria têm, em seu interior, um


tubo de raios x, com o cátodo e o ânodo dentro do tubo, o qual é igual aos vistos nos
equipamentos utilizados para imagens médicas (ANDREUCCI, 2010).

As partes que compõem os equipamentos de raios x utilizados na indústria são: o


comando, que é o painel de controle, onde são colocados os parâmetros técnicos para
produção dos raios x que sensibilizarão o filme; o cabeçote, onde fica o tubo de raios x;
e o gerador, ou seja, a parte que recebe a energia elétrica e transforma a energia para
realizar o funcionamento do aparelho.
Pelo tamanho do equipamento de raios x, sabemos que a tensão e corrente máxima é
grande ou não. Por exemplo, um equipamento fixo tem maior tensão e corrente do que
um equipamento portátil, já que o fixo inspeciona peças muito maiores, ou irradia
grande quantidade de produtos, como no caso da irradiação de alimentos.

A radiação gerada pelo equipamento mostra o que ele pode ou não fazer. A
quilovoltagem (KV), por exemplo, está baseada na diferença de potencial entre o cátodo
e o ânodo; já a miliamperagem está voltada à corrente do tubo de raios x.

Interpretar os equipamentos de
radiologia industrial

O irradiador gama, utilizado tanto na indústria naval, aeronáutica e siderúrgica quanto


na de alimentos, usa o Césio-137 e o cobalto-60, mas o Irídio-192 também é bastante
empregado, já que tem um alto poder de penetração.

Alguns acessórios fazem parte dos equipamentos de raios x: o cabo de energia, por
exemplo, aciona o gerador a unidade de comando, já que a distância do comando
precisa ser grande, pois é uma medida de proteção à radiação. A metragem padrão para
o cabo de energia é de 40 metros.

As espessuras de aço precisam ser radiografadas de acordo com a tensão do


equipamento. Por exemplo, um equipamento com tensão de 4 MeV pode radiografar
espessura de aço de 10 a 300 mm; já um equipamento de raios x com tensão de 400 kV
pode radiografar uma peça de aço com espessura de 5 a 70 mm.

Os irradiadores gama precisam de cuidados de radioproteção quando houver a


exposição à fonte de radiação. Por isso, na maioria das vezes, é realizado um plano de
segurança em gamagrafia industrial, justamente para proteger as áreas e as pessoas ao
redor.
Quando a fonte não está exposta, os irradiadores blindam a fonte. Esses equipamentos
são formados, principalmente, de blindagem, uma fonte radioativa e um dispositivo
utilizado para expor a fonte de radiação.

A blindagem do irradiador gama (Figura 2) é feita de chumbo e de urânio exaurido. As


fontes geralmente são produzidas em pastilhas e colocadas em uma haste de aço
inoxidável, protegendo a fonte de choques que venham ocorrer com o irradiador.

Figura 2 | Irradiador Gama. Fonte: Wikimedia Commons.

Em tempos determinados são realizados testes no irradiador para ver se a blindagem do


equipamento que comporta a fonte está em perfeito estado, pois, se ocorrer qualquer
tipo de emissão de radiação por alguma fissura não detectada, o irradiador não é mais
utilizado.

Cada irradiador tem sua blindagem fabricada em acordo com o poder de emissão do
elemento radioativo utilizado, já que as energias dos elementos radioativos são
diferentes – a blindagem que é eficiente para o cobalto-60, por exemplo, não é eficiente
para o Irídio-192.

Então, fica proibido utilizar um irradiador que foi fabricado para determinado
radioisótopo, tendo em seu interior outro, sendo importante que profissionais treinados e
especialistas na área executem o serviço de gamagrafia industrial.

Dentre os radioisótopos utilizados no irradiador, se destacam o selênio, com 0,405


MeV, utilizado em 4 a 30 mm de aço; o Irídio 192, com 0,065 MeV, com profundidade
de 40 mm de aço; e o cobalto-60, com profundidade para 200 mm de aço
(ANDREUCCI, 2010).

Perceba que, entre os radioisótopos citados no parágrafo anterior, o cobalto-60 é o que


mais tem intensidade de penetração, ou seja, serve para analisar peças com até 200 mm
de aço, com energia de 1,33 MeV.
Aplicar os conhecimentos sobre os
equipamentos utilizados na radiologia
industrial

O irradiador gama precisa ser armazenado em local específico e sinalizado, pois se o


equipamento for armazenado em local não adequado podem ocorrer furtos do
equipamento fazendo com que a fonte venha sair da blindagem, favorecendo a
irradiação de pessoas, animais e ambientes.

Existe um acessório utilizado em conjunto com o irradiador gama para exposição da


fonte, esse acessório é um dispositivo que tem acionamento mecânico ou elétrico, pois o
importante é sempre o profissional estar a distância da fonte por medidas de proteção
radiológica.

A fabricação do irradiador gama passa por testes de qualidade, que visam proteger a
fonte na blindagem, em situações de quedas, incêndio e alagamentos, favorecendo a
proteção do meio ambiente, a radiação.
A tomografia industrial é um ensaio não destrutivo realizado na indústria, o tubo de
raios x do equipamento gira ao redor da peça, trazendo a imagem obtida pela varredura
na tela do computador.

A imagem obtida pela tomografia industrial permite através de software obter a imagem
3D da peça examinada, essa possibilidade melhora bastante a detecção de imperfeições
que foram formadas no momento de fabricação da peça metálica.

A técnica de tomografia industrial no Brasil não é tão difundida igual a técnica de raios
x e do irradiador gama, mas como o cliente precisa da qualidade dos produtos, a técnica
já está sendo empregada e com um tempo tomará a mesma proporção da gamagrafia.

A radiografia digital sem o uso do filme radiográfico também já está sendo utilizada na
indústria, pois fornece a imagem rápida diretamente na tela do computador para ser
examinada, esse sistema pode ser igual ao médico, sendo formada a imagem através dos
raios x ou da radiação gama de forma direta e indireta.

A obtenção direta da imagem é formada imediatamente após a exposição da peça a ser


examinada, a indireta um cassete é exposto à radiação gama ou aos raios x e levado em
seguida a uma leitora que fornecerá a imagem na tela de um computador.

Para o transporte de irradiadores gama (Figura 7.3) são exigidas algumas condutas que
são estabelecidas nas Normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) 5.01 e
5.04, a Norma CNEN 5.01 trata sobre o Regulamento para o Transporte Seguro de
Materiais Radioativos, e a Norma CNEN 5.04 trata sobre o Rastreamento de Veículos
de Transporte de Material Radioativo.

Figura 3 | Transporte de material radioativo. Fonte: Wikimedia Commons.

Sendo assim, a empresa que presta serviços terceirizados de radiologia industrial precisa
deslocar o irradiador gama em carro específico, rastreado e com as condutas citadas nas
Normas CNEN 5.01 e 5.04.
Para o transporte do irradiador gama, é importante ter o controle da exposição de
pessoas, bens e meio ambiente, levando em consideração a contenção do equipamento
no deslocamento, o calor e o controle de taxa de dose externa (BRASIL, 2021).

Interpretar as habilidades e
competências do tecnólogo em radiologia

Na radioterapia, as habilidades e competências que o tecnólogo em radiologia precisa


ter em relação ao tratamento são os cuidados com o paciente e o equipamento, com o
paciente os cuidados precisam ser redobrados, já que os pacientes estão sensíveis por
causa da aplicação da radiação ionizante (SALVAJOLI, 1999).

Muitos pacientes têm sintomas clássicos da radioterapia, e o profissional precisa estar


ciente para escutar as queixas do paciente, fornecendo informações importantes quanto
ao seu tratamento já prescrito pelo médico.

Na maioria das vezes, pacientes de radioterapia apresentam descamação seca ou úmida


da pele, e o seu tratamento é prescrito com pomadas, sendo necessário o profissional
reforçar a utilização deste medicamento junto ao paciente. Outro sintoma que ocorre é a
xerostomia, ou seja, a ausência de saliva na boca, tratada com a ingestão de bastante
água e o uso de medicamentos prescritos pelo médico. Sendo assim, basta o profissional
das técnicas radiológicas reforçar o uso da medicação perante os pacientes.

Dentro da radioterapia, compete ao tecnólogo em radiologia prezar pelas medidas de


radioproteção, tanto da equipe quanto do paciente; checar, semanalmente ou
mensalmente, a depender do equipamento, o seu funcionamento, anotando as
informações através de um checklist; usar rotineiramente o seu dosímetro dentro das
instalações de radioterapia e não deixar que ele tenha acesso ao gantry do equipamento
e receba a dose de radiação que o paciente recebe; ficar atento no momento do
tratamento através do sistema de áudio e vídeo se o paciente estiver confortável e se o
tratamento pode prosseguir até o final sem intercorrências, ou seja, sem problemas – se
for um paciente psiquiátrico, é importante contê-lo na mesa de tratamento para que, no
momento do tratamento, ele não se mexa ou caia da mesa de tratamento.

É também da alçada do radiólogo informar qualquer problema no equipamento durante


o tratamento dos pacientes ao médico radioterapeuta, que é o responsável pelo setor, ou
ao físico da radioterapia presente no local, não deixando o problema para o próximo
colega de profissão que vai estar em seu lugar. Outra competência é ficar atento aos
acessórios utilizados no tratamento do paciente, os quais são mencionados na ficha
técnica de cada paciente e precisam ser utilizados no dia do tratamento, sendo
específicos, na maioria das vezes, para cada paciente.

No radiodiagnóstico, não é diferente: o profissional também precisa ter habilidades para


operar os equipamentos, como a tomografia, a ressonância magnética e os raios X, mas,
na maioria das vezes, o profissional que vem da operação do equipamento de raios X
comum tenta se especializar para operar os equipamentos de ressonância ou tomografia,
que tem princípios de formação de imagem diferentes um do outro.

É importante o profissional do diagnóstico tratar os pacientes de forma igual com zelo e


compreensão, identificando, no momento do exame, qual é o melhor posicionamento
para o paciente que sofre de dores agudas – e, se não chegar a um acordo, chame o
médico, que pode anestesiar o paciente para que o exame seja realizado.

Seja um excelente profissional e obtenha títulos e reconhecimento dentro da sua área de


atuação. Essa iniciativa é muito importante para se tornar um profissional de excelência,
dentro da área de radiologia (Figura 2).

Figura 2 | Reconhecimento na área de radiologia. Fonte: Wikimedia Commons.


Aplicar as habilidades e competências
para as áreas de radiodiagnóstico,
radioterapia e indústria

Aplicar habilidades e competências na área industrial, médica e de terapia é importante


dentro da radiologia, mas é preciso, primeiramente, estudar a fundo todas as solicitações
profissionais que as técnicas exigem de cada profissional.

Em um plano de gamagrafia industrial, é importante que o profissional de radiologia


saiba que, no momento da realização da gamagrafia, ou seja, utilizando o irradiador,
medidas de radioproteção precisam ser tomadas para que seja realizado um
procedimento seguro.

O responsável pela instalação aberta (RIA) fica responsável por essas medidas, como o
profissional que vai executar a técnica e o pessoal da segurança do trabalho, que emite a
permissão de trabalho.

Segundo a Norma CNEN NN 3.01 (BRASIL, 2014), os indivíduos do público não


podem receber dose maior do que 1,0 mSv. Sendo assim, essa dose precisa ser medida
no momento de exposição da fonte de radiação.

A equipe formada no momento da gamagrafia industrial segundo, a CNEN, é um RIA,


um operador de radiografia industrial, e um auxiliar. Todos esses profissionais precisam
ser treinados a utilizar o dosímetro, que é o medidor de radiação ionizante do corpo do
trabalhador. As gamagrafias são ideais quando solicitadas em horário noturno, já que,
neste horário, as pessoas que trafegam na área não estão presentes, diferentemente de
fábricas ou instalações que trabalham em horário noturno.
No momento da gamagrafia industrial, é importante ter cordas e sinalização,
informando que no local está acontecendo um ensaio não destrutivo. Os sinais
luminosos também são utilizados para informar exposição de fonte no local.

Na abertura da fonte do irradiador gama, é importante usar o contador Geiger para


medir a radiação que está sendo utilizada no ambiente e anotar os dados obtidos no
contador de radiação ionizante.

Na radioterapia, não é diferente: existe um profissional, que pode ser o tecnólogo em


radiologia, chamado de dosimetrista, que está presente em todas as etapas da
radioterapia, principalmente no emprego das doses de tratamento.

No planejamento, o dosimetrista está presente para detectar as estruturas sadias e


tumorais que serão irradiadas. A supervisão do seu trabalho é realizada pelo físico
médico que distribui, por campo, as doses que o radioterapeuta prescreveu no
tratamento.

O radiodiagnóstico ou o diagnóstico por imagem requer habilidades importantes do


tecnólogo em radiologia. Além de operar os equipamentos médicos, o profissional pode
se tornar um application, ou seja, na instalação de equipamentos novos, o application
passa aos profissionais das técnicas radiológicas os avanços do equipamento e o seu
funcionamento.

Os equipamentos novos que são oferecidos exigem treinamentos por applications logo
após a sua instalação: pode ser o de mamografia, cintilografia, ressonância magnética,
arco cirúrgico, raios X digital e tomografia computadorizada (Figura 3).
Conhecer as habilidades e competências do tecnólogo em radiologia é extremamente
importante, mas também a sua saúde na radiologia. Os autores Cátia Brand, Rosane
Fontana e Antônio Santo no artigo intitulado A Saúde do trabalhador em radiologia:
algumas considerações, pretendem através de uma pesquisa realizada com profissionais
das técnicas radiológicas, trazer informações sobre a saúde desses profissionais.

Acesse o link do artigo para conhecer mais profundamente este tema fundamental para
seus estudos:

BRAND, C. I.; FONTANA, R. T.; SANTOS, A. V. A saúde do trabalhador em


radiologia: algumas considerações. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, v. 20, n. 1,
p. 68-75, 2011. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/tce/a/ckgFR6q4ZNMmD7r6typyGwb/?format=pdf. Acesso em:
29 jun. 2022.

Os equipamentos utilizados no
radiodiagnóstico, radioterapia e na
indústria, e as habilidades e
competências do tecnólogo em radiologia
Os equipamentos utilizados dentro da radiologia nas áreas de radioterapia,
radiodiagnóstico e indústria são extremamente importantes para a geração de imagens e
a realização de tratamentos com a radiação de alta intensidade, como é o caso da
radioterapia.

Na indústria, a complexidade de obter credenciamento é maior, já que, para atuar na


radiologia industrial, é necessário que o tecnólogo em radiologia passe por uma prova
da CNEN, seja para atuar na área, ser o responsável pela instalação aberta ou o
supervisor de radioproteção.

Diferente da área industrial, o radiodiagnóstico permite ao tecnólogo em radiologia com


a credencial do conselho da profissão ter acesso a oportunidades de emprego dentro da
área, desde que esteja treinado para o serviço.

Na radioterapia, vê-se a mesma oportunidade do radiodiagnóstico, já que, para atuar na


técnica, não é necessário fazer nenhuma prova para obter certificações, só para
supervisor de radioproteção, que também precisa ser realizada a prova junto à CNEN
para obter a credencial.

As habilidades e competências do tecnólogo em radiologia dentro dessas áreas são


muitas, principalmente em torno da radioproteção, que é a primeira preocupação, ou
seja, na proteção de pessoas que estão sendo expostas à radiação ionizante ou estão em
torno da exposição, como no caso da radiologia industrial.

Na maioria dos ensaios não destrutivos com o irradiador gama, é necessário que o local
esteja delimitado por corda, sinais luminosos, placas com alerta de radiação ionizante no
entorno e, antes da realização do serviço, é importante avisar aos trabalhadores do local
que é necessário a saída para a exposição da fonte.

Já na radioterapia, é necessário que o tecnólogo em radiologia tenha sua atenção voltada


ao paciente no momento do tratamento, como também ao equipamento, por exemplo, o
acelerador linear, pois a máquina precisa estar em perfeito estado para o tratamento
diário. Nesse caso, é necessário a utilização de checklist semanal para avaliar seu
funcionamento.

Ocorrendo problemas de funcionamento com o acelerador linear, muitos pacientes


ficam sem tratamento, prejudicando a sobrevida do paciente ou a sua cura. Na maioria
das vezes, a assistência técnica se encontra em grandes centros.

No radiodiagnóstico, as habilidades que o tecnólogo precisa obter são: conhecer por


completo os exames que serão realizadas naquela área – ou seja, se trabalha com os
raios X precisa ter o conhecimento específico para realização das imagens, se na
ressonância a mesma coisa, como também na tomografia computadorizada.

Já se sabe na medicina que, sem a imagem gerada pelo tecnólogo em radiologia, fica
difícil obter o diagnóstico da doença ou do sintoma que o paciente está se queixando,
dificilmente se chega a alguma conclusão com diagnóstico clínico.

Por isso, se torna importante o tecnólogo em radiologia apresentar as habilidades e


competências que o mercado deseja e a profissão solicita, o profissional atualizado
sempre terá à disposição oportunidades de emprego.

Estudo de caso

Você foi contratado por um estaleiro naval para atuar na área de radiologia industrial.
Esse estaleiro fabrica grandes navios para a marinha brasileira, como barcos para pesca,
iates e todo tipo de embarcação. Ele emprega muitas pessoas e, como presta a
manutenção de submarinos e navios, o uso da radiação ionizante para verificar partes da
embarcação é importante para o controle de qualidade.

Para trabalhar na radiologia industrial, é importante estar com as credenciais emitidas


pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) – dificilmente se trabalha na área
só com o diploma e a credencial do conselho.
Para se preparar para trabalhar na radiologia industrial, é necessário ser aprovado por
algumas provas, levando em consideração os treinamentos e estágios realizados em
qualquer área dentro da indústria.

No caso da oportunidade no estaleiro naval, a construção do navio envolve uma


engenharia complexa, com muita solda, ou seja, toda estrutura metálica é soldada. Entre
essas estruturas, se destacam as placas do casco do navio, fundações, tubulações e
tanques.

Depois da solda realizada na estrutura metálica, o ensaio não destrutivo realizado pela
gamagrafia industrial é feito com o objetivo de detectar descontinuidades na solda das
estruturas metálicas do navio.

Para que ocorra o ensaio não destrutivo pela gamagrafia industrial, é preciso que o
tecnólogo em radiologia tenha em mente a experiência adquirida e o que é necessário
ser realizado para a exposição da fonte de radiação.

A radioproteção precisa ser levada a sério, porque, na maioria dos estaleiros, existem
outros tipos de profissionais que trabalham constantemente, como é o caso do soldador,
engenheiro, topógrafo, encanador, eletricista e carpinteiro.

Esses profissionais não podem ficar expostos à radiação ionizante no momento de


exposição da fonte para realizar a radiografia da estrutura metálica que foi soldada. Por
isso, é necessário que o tecnólogo em radiologia industrial tome as devidas
providências.

Será necessário colocar em prática todas as medidas de radioproteção, saber qual é a


fonte a ser utilizada, quais as credenciais necessárias para atuação na área de radiologia
industrial, tipos de fontes utilizadas no irradiador gama e os acessórios utilizados no
momento do ensaio não destrutivo.

______

Reflita

Você precisa refletir sobre os itens essenciais para realizar a gamagrafia industrial no
estaleiro naval:

Qual são os tipos de fonte utilizadas no irradiador gama?

Qual é a espessura das estruturas metálicas em que as fontes de irradiação serão


alocadas?

Quais são os acessórios necessários no momento da irradiação?

Qual é o medidor de radiação usado para determinar a exposição da radiação?

Qual tipo de blindagem é utilizada no irradiador industrial?


Quais são os tipos de credenciais que podem ser obtidas pelo tecnólogo em radiologia
junto à CNEN para atuar na radiologia industrial?

Para realizar a gamagrafia industrial dentro do estaleiro naval, é necessário que o


tecnólogo em radiologia tenha uma credencial para operador em radiologia industrial.
Se ele for o responsável pela instalação aberta, deve obter a credencial de RIA, e se for
o responsável pela radioproteção, tem de adquirir, junto ao CNEN, a credencial de
supervisor de radioproteção.

Sobre a radioproteção, o próprio equipamento irradiador industrial tem, dentro dele,


uma blindagem para não deixar a fonte emitir radiação para o lado externo do
equipamento. Geralmente, essa blindagem é feita com chumbo, mas pode ter também o
urânio exaurido.

A blindagem do irradiador é fabricada em acordo com o poder de emissão do elemento


radioativo utilizado, já que as energias dos elementos radioativos são diferentes. A
blindagem que é eficiente para o cobalto-60, por exemplo, não é eficiente para o Irídio-
192.

Então é proibido utilizar um irradiador que foi fabricado para determinado radioisótopo,
tendo em seu interior outro, sendo importante que profissionais treinados e especialistas
na área executem o serviço de gamagrafia industrial.

Por medidas de radioproteção, a Norma 6.04 da CNEN cita que, na área livre, ou seja,
fora da área restrita, precisa ser realizada a mediação da radiação através de um
contador chamado de Geiger Muller. Todas as medidas aferidas precisam ser anotadas e
disponibilizadas no documento.

Para a realização da gamagrafia, é necessário utilizar alguns acessórios que servem para
demarcar a área do ensaio não destrutivo, como a corda, cones, placas de sinalização
com símbolo internacional da radiação ionizante e pisca luminoso. O melhor horário
para realizar o ensaio é no período da noite, mas pode ocorrer durante o dia também.

As fontes de irradiação que podem ser utilizadas dentro do irradiador gama para o
ensaio de gamagrafia são o selênio, com 0,405 MeV, utilizado em 4 a 30 mm de aço; o
Irídio-192, com 0,065 MeV, com profundidade de 40 mm de aço; e o cobalto-60, com
profundidade para 200 mm de aço. O cobalto-60 é o que mais tem intensidade de
penetração, ou seja, tem energia de 1,33 MeV (ANDREUCCI, 2010).

Introdução
Estamos iniciando a Unidade III, Aula 9, da disciplina de História da Radiologia. Essa
Unidade abordará a legislação do profissional em radiologia; o Código de Ética dos
profissionais das técnicas radiológicas; o Conselho Federal de Radiologia; e o Conselho
Regional de Radiologia.

Essa disciplina é de vital importância para a formação de um Tecnólogo em Radiologia,


pois trata-se de conhecer os limites da profissão através das relações com colegas da
mesma profissão, pacientes, empregadores, estagiários e profissionais de outras áreas.
Abordaremos, ainda, o Código de Processo Ético do Conselho Regional de Radiologia.

Avante! Vamos aprofundar nossos conhecimentos!

Legislação do profissional em radiologia


Várias leis dão suporte à existência de nossa profissão, e precisamos conhecê-las melhor
a fim de exercer a profissão com consciência e propriedade. Por exemplo, a Lei 7.394,
de 29 de outubro de 1985, regula o exercício da Profissão de Técnico em Radiologia e
dá outras providências. Então, vamos conhecê-la um pouco melhor.

A formação mínima para operar equipamento emissor de radiação ionizante, em


qualquer área ou setor, é a de Técnico em Radiologia. Observe a figura a seguir:

Figura 1 | Exercício da radiologia. Fonte: elaborada pela autora.


No Artigo 4º da mesma lei, está escrito que “as Escolas Técnicas de Radiologia só
poderão ser reconhecidas se apresentarem condições de instalação satisfatórias e corpo
docente de reconhecida idoneidade profissional, sob a orientação de um Físico, um
Tecnólogo, um Médico Especialista ou Técnico em Radiologia” (BRASIL, 1985). E,
em nenhuma hipótese poderá ser matriculado candidato, nas Escolas Técnicas de
Radiologia, que não comprove a conclusão de curso em nível de 2º Grau (nível médio)
(BRASIL, 1985).

No Art. nº 1, da Lei nº 1.234, de 14 de novembro de 1.950, está descrito que


trabalhadores que operam diretamente com Raios X e substâncias radioativas, próximo
às fontes de irradiação, terão direito as vantagens a seguir descritas: “a) regime máximo
de vinte e quatro horas semanais de trabalho; b) férias de vinte dias consecutivos, por
semestre de atividade profissional, não acumuláveis; c) gratificação adicional de 40%
(quarenta por cento) do vencimento.” (BRASIL, 1950)

Essa lei trouxe várias vantagens para o tecnólogo e para o técnico em radiologia, visto
que restringe a carga horária para 24 horas semanais, visando a saúde e a segurança dos
profissionais em relação à exposição à radiação ionizante. Duas férias de 20 dias
consecutivos, gerando um total de 40 dias de férias por ano e exames periódicos
semestrais também entram como ganho para a categoria, bem como o adicional de
insalubridade de 40% sobre o salário-base, o que, na prática, não é cumprido na íntegra,
pois alguns locais pagam menos de 40%.

Já o Projeto de Lei nº 2.079/2007, altera o art. 282 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de


dezembro de 1940, acrescentando a profissão de Tecnólogo e Técnico em Radiologia e
tipifica como crime o exercício ilegal da profissão de Tecnólogo e Técnico em
Radiologia (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2007). Por meio desta publicação, o
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) disponibiliza à sociedade a nova
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), que substitui a anterior, publicada em
1994.

Você já ouviu falar em Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)? Desde a primeira


edição, em 1982, a CBO sofreu algumas alterações, sem alterar a estrutura ou a
metodologia da classificação.

A Portaria nº 397, de 09 de outubro de 2002, aprova a Classificação Brasileira de


Ocupações - CBO/2002, para uso em todo território nacional. Nesta edição, de 2002,
utiliza-se uma nova metodologia de classificação e se faz a revisão e atualização
completas de seu conteúdo. A CBO é o documento que reconhece, nomeia e codifica os
títulos e descreve as características das ocupações do mercado de trabalho brasileiro.
Sua atualização e modernização se devem às profundas mudanças ocorridas no cenário
cultural, econômico e social do País nos últimos anos, implicando alterações estruturais
no mercado de trabalho, com a extinção de algumas profissões e a criação de outras, que
inexistiam anteriormente. O CBO do Tecnólogo em radiologia é 3241-20 (BRASIL,
2002).
Resolução CONTER Nº 2 de 04.05.2012 -
que institui e normatiza as atribuições e
funções do Tecnólogo em Radiologia

Resolução do Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) nº 2, de 04 de


maio de 2012, institui e normatiza as atribuições, competências e funções do
Profissional Tecnólogo em Radiologia.

Essa resolução é muito importante para os tecnólogos em radiologia, pois dirimi


algumas dúvidas que, culturalmente, existem, como dizer que o tecnólogo e o técnico
têm a mesma função. Por ser uma profissão recente e por ainda existirem técnicos no
mercado de trabalho com muita experiência em determinadas áreas, os tecnólogos em
radiologia nem sempre ocupam o lugar que deveriam.

Nossa profissão em muito se assemelha à enfermagem, em que existia o auxiliar de


enfermagem (nível fundamental), o técnico de enfermagem (nível médio) e o
enfermeiro (nível superior). Contudo, na Radiologia, primeiro surgiu a função do
técnico e do auxiliar de radiologia, para, posteriormente, surgir a função de tecnólogo
em radiologia, de nível superior. Então, estamos paulatinamente ocupando nosso espaço
no mercado de trabalho.

A Resolução n° 2/2012 coloca atribuições que passam a ser específicas do tecnólogo em


radiologia, como está disposto a seguir:
Quadro 1 | Atribuições específicas do Tecnólogo em Radiologia (Resolução 2/2012) -
Parte 1. Fonte: adaptado de Brasil (2012).

Daremos continuidade ao conhecimento e comentários sobre a Resolução n° 2/2012.


Podemos dizer que essa resolução esclareceu muitas dúvidas e estabeleceu vários
limites para a atuação do tecnólogo e do técnico. Assim, atividades mais complexas
ficam a cargo do tecnólogo em radiologia. A Coordenação do Curso Tecnológico em
Radiologia fica sob a incumbência do tecnólogo; a Supervisão em Proteção Radiológica
fica direcionada ao tecnólogo; e as técnicas de maior complexidade também,
geralmente, exigindo uma especialização na área, já que a formação de nível superior
tem um caráter generalista, perpassando por todas as técnicas, das mais simples, as mais
complexas.
Quadro 2 | Atribuições específicas do Tecnólogo em Radiologia (Resolução 2/2012) -
Parte 2. Fonte: adaptado de Brasil (2012).

A Resolução CONTER nº 2/2012 sofreu algumas modificações através da Resolução


CONTER nº 10, de 11 de julho de 2015, que altera alguns artigos da resolução anterior,
em função da necessidade de detalhar melhor alguns assuntos relacionados à atuação do
tecnólogo em radiologia.

Introdução

Estamos iniciando a Aula 10 da Unidade 3 da disciplina de História da Radiologia. Esta


unidade abordará parte da legislação do profissional em radiologia, enfocando o Código
de Ética dos profissionais das técnicas radiológicas: relações com o paciente, colegas e
estagiários; relações com outros profissionais, empregadores e responsabilidades
profissionais; remuneração profissional, sigilo profissional, bioética e penalidades.

Esse estudo é de vital importância para a formação de um tecnólogo em radiologia, pois


trata-se de conhecer os limites de nossa profissão, através das relações com colegas da
mesma profissão, pacientes, empregadores, estagiários e profissionais de outras áreas.

Avante! Vamos aprofundar nossos conhecimentos!

Código de Ética dos profissionais das


técnicas radiológicas: direitos e deveres
Várias leis dão suporte a existência de nossa profissão e precisamos conhecê-las melhor,
a fim de exercer a profissão com consciência, propriedade e sigilo profissional.

O Código de Ética dos Profissionais das Técnicas Radiológicas, inicialmente baseado


na Resolução CONTER nº 6 de 31/05/2006 foi atualizado por meio da Resolução
CONTER nº 15/2011, que já foi novamente reformulada pela Resolução CONTER Nª
02/2021, aprovada na 9ª Sessão da I Reunião Plenária Extraordinária do 7º Corpo de
Conselheiros CONTER, em 20 de março de 2021. O presente Código de Ética tem por
objetivo estruturar princípios, valores e regras, que norteiem as relações jurídicas entre
os Conselhos de Radiologia e os seus empregados e estes com a sociedade e os
profissionais das técnicas radiológicas, de forma a primar pela aplicação do Direito, da
lei e da Constituição brasileira.

Observe o quadro a seguir:


Quadro 1 | É direito de todo empregado do Sistema CONTER/CRTRs. Fonte: adaptado
de CONTER (2021).

O Código de Ética reformulado traz direitos e deveres dos profissionais das técnicas
radiológicas, buscando deixar mais claro os comportamentos aceitos e apoiados pelo
Conselho. Um exemplo claro disso é o profissional das técnicas radiológicas conhecer
quais são suas atribuições para não executar atividades fora de suas competências, pois,
caso aconteça algum problema, o Conselho não apoiará o profissional, podendo este, até
mesmo, perder o registro no referido Conselho.

Quadro 2 | São alguns deveres fundamentais dos empregados do Sistema


CONTER/CRTRs. Fonte: adaptado de CONTER (2021).
Código de Ética dos profissionais das
técnicas radiológicas: princípios e valores
fundamentais

O Código de Ética e Disciplina dos Empregados do Sistema CONTER/CRTRs, baseado


na Resolução Nº 2/2021, diz que os Conselhos Regionais de Técnicos em Radiologia
(CRTRs) promoverão, no âmbito de suas competências, a adequação para
implementação e aplicação do Regime Jurídico aplicado ao Sistema CONTER/CRTRs
(CONTER, 2021).

É importante conhecermos esse Código detalhadamente a fim de não cometermos erros


por desconhecer a legislação vigente.

Observe o quadro a seguir:


Quadro 3 | Princípios e valores fundamentais a serem observados pelos empregados do
Sistema CONTER/CRTRs, no exercício do seu cargo ou função. Fonte: adaptado de
CONTER (2021).

Nas relações dos profissionais das técnicas radiológicas, o alvo de toda a atenção do
Tecnólogo, Técnico e Auxiliar em Radiologia é o cliente/paciente, devendo o
profissional agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade técnica e
profissional. Fica vedado ao Tecnólogo, Técnico e Auxiliar em Radiologia, obter
vantagem indevida, aproveitando-se da função ou em decorrência dela, sejam de caráter
físico, emocional econômica ou política, respeitando a integridade física e emocional do
cliente/paciente, seu pudor natural, sua privacidade e intimidade. É expressamente
vedado fornecer ao cliente/paciente informações diagnósticas verbais ou escritas sobre
procedimentos realizados (CONTER, 2022).

Esse último artigo (6º) é muito importante, pois existe legislação pertinente, dispondo
que o laudo ou diagnóstico final dos exames, só pode ser emitido pelo médico, e, é
obrigatório que o exame tenha sido solicitado por outro médico, sendo vedado ao
médico radiologista emitir laudo de exame sem prescrição médica (CONTER, 2022).

Das relações com os colegas, é vedado ao Tecnólogo, Técnico e Auxiliar em


Radiologia: participar de qualquer ato de concorrência desleal contra colegas, valendo-
se de vantagem, física, emocional, política ou religiosa; assumir emprego, cargo ou
função de um profissional demitido ou afastado em represália a atitude de defesa de
movimentos legítimos da categoria e da aplicação deste código; posicionar-se,
contrariamente, a movimentos da categoria, com a finalidade de obter vantagens; ser
conivente em erros técnicos, infrações éticas e com o exercício irregular ou ilegal da
profissão; compactuar, de qualquer forma, com irregularidades dentro do seu local de
trabalho, que venham prejudicar sua dignidade profissional, devendo denunciar tais
situações ao Conselho Regional de sua jurisdição, ou participar da formação
profissional e de estágios irregulares (CONTER, 2022).
Código de Ética e Disciplina dos
Empregados do Sistema
CONTER/CRTRs: relações com serviços
empregadores e responsabilidades dos
profissionais

O Código de Ética e Disciplina dos Empregados do Sistema CONTER/CRTRs também


aborda as relações do Tecnólogo, Técnico e Auxiliar em Radiologia com os serviços
empregadores.

Observe os quadros a seguir:


Quadro 4 | Das relações com os serviços empregadores. Fonte: Brasil (2012).
Quadro 5 | Das responsabilidades profissionais. Fonte: Brasil (2012).

Introdução
Nesta aula, abordaremos parte da legislação do profissional em radiologia, enfocando o
Código de Processo Ético Disciplinar do Sistema CONTER/CRTRs dos profissionais
das técnicas radiológicas; regimento eleitoral dos Conselhos Regionais de Radiologia; e,
regulamento de inscrição nos Conselhos Regionais de Radiologia.

Essa disciplina é de vital importância para a formação de um Tecnólogo em Radiologia,


pois trata-se de conhecer os limites de nossa profissão, através da observação das
normas relativas ao processamento das infrações ético disciplinares, no âmbito do
sistema CONTER/CRTRs.

Avante! Vamos aprofundar nossos conhecimentos!

Código de Processo Ético Disciplinar dos


profissionais das técnicas radiológicas –
Capítulos I a VI
Várias leis dão suporte à existência de nossa profissão e precisamos conhecê-las melhor
a fim de exercer a profissão com coerência, ética e técnica e evitar as situações que
podem nos enquadrar em uma infração ético-disciplinar.

O Código de Processo Ético Disciplinar do Sistema CONTER/CRTRs, inicialmente


baseado na Resolução CONTER nº 03/2004, foi reformulado por meio da Resolução
CONTER nº 10, de 20/12/2013, que instituiu as normas de conduta e decoro no sistema
CONTER/CRTRs. O aperfeiçoamento desta norma jurídica atende às tendências e
necessidades do mundo jurídico moderno e vai proporcionar a otimização do controle
jurisdicional do exercício profissional das técnicas radiológicas, em benefício de toda a
sociedade brasileira. Esse novo Código de Processo Ético Disciplinar é composto de
treze Capítulos.

Observe o quadro a seguir:


Quadro 1 | Capítulos do Código de Processo Ético Disciplinar. Fonte: Brasil (2013).

O texto foi discutido, longamente, em cada um dos seus pontos, antes de ser finalmente
aprovado. Este regimento foi concebido por profissionais e doutores realmente
conhecedores da matéria. Portanto, pode-se afirmar que será um elemento indispensável
à conduta profissional dos Técnicos e Tecnólogos em Radiologia que atuam neste país.

Observe o quadro a seguir:


Quadro 2 | Característica dos Capítulos do Código de Processo Ético Disciplinar (parte
1). Fonte: Brasil (2013).

Código de Processo Ético Disciplinar dos


profissionais das técnicas radiológicas –
Capítulos VIII a XIII
O novo Código de Processo Ético Disciplinar do Sistema Conter/CRTR dispõe sobre a
reformulação do Código de Processo Ético Disciplinar anterior e revoga a resolução
conter Nº 003/2004. É de fundamental importância conhecer tal Código,
minuciosamente, a fim de não cometer erros por ignorar a legislação em vigor. Esse
novo Código foi elaborado considerando a necessidade de aperfeiçoamento e
atualização permanente de toda a legislação que disciplina a atividade profissional dos
Profissionais das Técnicas Radiológicas e levando em conta, também, a necessidade de
unificação das normas relativas ao processamento das infrações ético-disciplinares no
âmbito do Sistema CONTER/CRTR. Então, daremos continuidade à análise dos
Capítulos VIII a XIII.

Observe o quadro a seguir:

Quadro 3 | Característica de cada Capítulo do Código de Processo Ético Disciplinar (parte 2).
Fonte: Brasil (2013).
O Registro Profissional no sistema CONTER/CRTRs é essencial para o exercício
profissional legal da profissão de técnico e tecnólogo em radiologia. Ele deverá ser
requerido junto aos Conselhos Regionais competentes, mediante solicitação de inscrição
do interessado, acompanhada dos seguintes documentos:

1. PARA TECNÓLOGO EM RADIOLOGIA: diploma ou certificado de conclusão de curso


superior, histórico escolar com a data completa (dia, mês e ano) da matrícula no curso
e o reconhecimento ou autorização expedido pelo MEC.
2. PARA TÉCNICO EM RADIOLOGIA: diploma ou certificado de conclusão de curso técnico,
histórico escolar com a data completa (dia, mês e ano) da matrícula no curso e Portaria
de autorização expedida pelo CEE.
3. Comprovante de conclusão de estágio supervisionado assinado pelo supervisor de
estágio, nos termos da Lei nº 11.788/2008, em cópias autenticadas.

Serão solicitados, ainda, os seguintes documentos para registro no Conselho: Cédula de


identidade (RG), em cópia autenticada; Cadastro de Pessoa Física (CPF), em cópia
autenticada; Certificado de reservista (para homens), em cópia autenticada;
comprovante de endereço atualizado (com CEP), em cópia autenticada; Título de
eleitor, em cópia autenticada; 2 (duas) fotos 3x4, coloridas e recentes; certidão de
nascimento ou casamento, em cópia autenticada; e, comprovante de recolhimento da
taxa de solicitação de inscrição.

Regimento Eleitoral dos Conselhos


Regionais de Radiologia

O Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) publicou, no Diário


Oficial da União, o edital que deflagrou as Eleições do Sistema CONTER/CRTRs. Em
2022, os profissionais inscritos nos Conselhos Regionais de Técnicos em Radiologia
(CRTRs) tiveram a oportunidade de escolher, por meio de voto direto, os conselheiros
do CONTER e dos CRTRs, em um processo eleitoral simultâneo e unificado para o
quadriênio 2022-2026.

Uma das novidades deste pleito foi que as candidaturas foram individuais, extinguindo-
se, assim, as chapas eleitorais, tanto no âmbito Nacional, quanto no Regional. O
Decreto nº 9.531/2018, que alterou o Decreto nº 92.790/86, que previa que as
candidaturas para o CONTER fossem individualizadas. Baseados na mesma legislação,
cabe ao CONTER regular as eleições nos Regionais, disposição confirmada pela Justiça
Federal no Processo 5008387-12.2021.4.02.5101 (TRT2/SJRJ), o 7º Corpo de
Conselheiros decidiu pelas eleições individuais, sem chapas, também nos Conselhos
Regionais. O processo eleitoral aconteceu sob o novo Regimento Eleitoral do Sistema
CONTER/CRTRs, aprovado pelo Plenário (BRASIL, 2021).

A Resolução do CONTER Nº 19, de 24 de novembro de 2021, dispõe sobre a


reformulação do regimento Eleitoral do Sistema CONTER/CRTRs e revoga as
Resoluções CONTER Nº 03/2016 e CONTER Nº 13/2016. Considerando a importância
da unificação dos pleitos eleitorais do Sistema CONTER/CRTRs, com a instituição de
prazos de mandatos com termos iniciais e finais simultâneos; e ainda, que os
Regimentos Eleitorais disciplinam o processo eleitoral estabelecendo regras para a
correta fluência do pleito, que deve ser de vital importância para os atuais Regimentos
Eleitorais do CONTER e dos CRTRs (BRASIL, 2021).

O Processo Eleitoral para renovação da composição dos membros do Conselho


Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) e dos Conselhos Regionais de
Técnicos em Radiologia (CRTRs) obedecerá às disposições contidas no Regimento
Eleitoral, que disciplina as regras para eleições aos cargos de Conselheiro Nacional e
Conselheiro Regional (BRASIL, 2021).

Qualquer profissional das técnicas radiológicas – salvo os auxiliares em Radiologia e os


operadores da radiografia industrial, para os quais é incompatível a candidatura –
poderá concorrer aos cargos de Conselheiro Nacional ou Regional do Sistema
CONTER/CRTRs. O mandato de Conselheiro, Nacional ou Regional, será de 4 (quatro)
anos, nos termos da legislação, sendo expressamente vedado o exercício simultâneo de
mandato de Conselheiro Nacional e Conselheiro Regional, nem mesmo na condição de
diretoria provisória/interventora (BRASIL, 2021).

O cargo de Conselheiro do CONTER ou do CRTR será de natureza honorífica e


constitui serviço público relevante. E, caso os membros da Diretoria atuem de forma
conjunta a inviabilizar a deflagração do processo eleitoral, qualquer Conselheiro
Efetivo, excepcionalmente e tão somente para resolução do pleito, deverá convocar
reunião plenária extraordinária, respeitado o quórum qualificado de 2/3, que deliberará
quanto a imediata instauração do processo eleitoral, bem como realizará recomposição
da Diretoria Executiva (BRASIL, 2021).

Ainda relembrando sobre a inscrição no Conselho, no impedimento da apresentação do


diploma de conclusão do curso Técnico ou Tecnológico em Radiologia, o interessado
poderá apresentar declaração/atestado de conclusão do respectivo curso e histórico
escolar, emitidos por instituição de ensino, assinadas pelo diretor ou secretário da
instituição, em cópias autenticadas. Nesta hipótese, o profissional obterá seu registro
PROVISÓRIO, sendo-lhe fornecida a devida cédula de identidade profissional
provisória.

Figura 1 | Símbolo do CONTER. Fonte: CONTER (2022).

Introdução

Nesta aula, abordaremos parte da legislação do profissional em radiologia, enfocando o


planejamento estratégico do CONTER; fiscalização da prática radiológica pelo
CONTER; e o regimento interno do CONTER.

Essa disciplina é de vital importância para a formação de um Tecnólogo em Radiologia,


pois trata-se de conhecer os limites de nossa profissão, através da observação das
normas relativas ao funcionamento do Conselho Federal de Radiologia (CONTER).
Para tanto, será necessário conhecer também a missão, a visão e os valores, assumidos
pelo CONTER.

Avante! Vamos aprofundar nossos conhecimentos!

Planejamento estratégico do Conselho


Federal de Radiologia (CONTER)

Várias leis dão suporte à existência de nossa profissão, e precisamos conhecê-las melhor
a fim de exercer a profissão com transparência, respeito e credibilidade, de modo a
sermos reconhecidos pela sociedade e pelos profissionais das técnicas radiológicas, pela
eficácia e ética profissional e pelo nosso trabalho.

Toda grande organização precisa pensar metas que possibilitem o seu crescimento e
tragam maior eficiência aos serviços que são prestados. Fundamentada neste princípio, a
nova gestão do Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) instituiu a
Comissão de Planejamento Estratégico, cujo principal objetivo é aperfeiçoar os serviços
prestados à sociedade, por meio da estruturação dos processos de trabalho internos do
órgão.

Essa incumbência foi dada a funcionários de diversas áreas do órgão, que estipularam
metas a serem atingidas, a médio e longo prazo, baseadas em três fatores fundamentais:
a Missão, a Visão e os Valores. Esses três fatores são importantes porque funcionam
como orientadores das ações e condutas do Conselho Federal de Radiologia. As etapas
do processo e as decisões tomadas foram baseadas em alcançar esses três itens. A
definição da missão, da visão e dos valores foi uma das principais etapas, pois deixou
mais clara a direção que o CONTER precisa seguir.

Observe o quadro a seguir:

Quadro 1 | Missão, Visão e Valores do CONTER. Fonte: elaborado pela autora.

O Conselho se relaciona com diversos setores da sociedade e, portanto, possui diversos


públicos. Para cada um deles, existem metas e ações diferentes, mas o resultado de
todos eles se direciona para a mesma finalidade: garantir a segurança da sociedade por
meio de um trabalho de fiscalização e orientação das técnicas radiológicas.

O planejamento estratégico tem de estar alinhado com os princípios que regem a


Administração Pública, da qual o Conselho faz parte. Para alcançar a atividade-fim de
maneira satisfatória, os objetivos do CONTER devem estar alinhados também aos
princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. Todas
as metas e planos de ação foram pensados levando esses fatores em consideração, pois,
como instituição pública, o CONTER não pode fazer nada além do que determina a lei.

O planejamento estratégico começou no momento de escolher os membros da equipe à


frente da estratégia. Todos os membros escolhidos para a Comissão são funcionários do
CONTER que trabalham em diferentes áreas (fiscalização, campo educacional,
processos administrativos internos e tecnologia da informação) a fim de contemplar
todas elas, pois todos os setores se interrelacionam e, de alguma forma, são afetados
pelos serviços prestados pelos profissionais das técnicas radiológicas.

Fiscalização da prática radiológica pelo


Conselho Federal de Radiologia
O Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia, no uso de suas atribuições legais e
regimentais que lhe são conferidas pela Lei nº 7.394/1985, regulamentada pelo Decreto
nº 92.790/1986 e pelo Regimento Interno do CONTER, que instituiu normas para o
exercício da Responsabilidade Técnica (RT) a técnicos e tecnólogos inscritos no
CONTER, através da Resolução do CONTER nº 10, de 2021. A qualificação de tal
profissional, o Responsável Técnico, fica de acordo com as leis e normas vigentes de
cada profissão, sendo o CONTER responsável por criar legislação pertinente que pontue
as características que esse profissional precisa ter para ser um RT.

A legitimidade é conferida à atuação dos profissionais das técnicas radiológicas pela Lei
7.394/1985 e, ainda, as suas respectivas competências, reafirmadas na Resolução nº 2,
de 2012, em que fica definido que competem aos tecnólogos em Radiologia, entre
outras atribuições, os trabalhos de supervisão das aplicações das técnicas radiológicas,
além de, conforme o tipo de equipamento radiológico utilizado, gerir ou assessorar
tecnicamente os serviços, sejam eles instituições públicas ou privadas. É atribuição do
tecnólogo em radiologia coordenar e gerenciar equipes e processos de trabalho nos
serviços de radiologia e diagnóstico por imagem.

Observe o quadro a seguir:


Quadro 2 | Conceitos importantes da Resolução do CONTER Nº 10, de 02/06/2021. Fonte:
adaptado de Brasil (2021).

Regimento Interno do Conselho Federal


de Radiologia
O Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia, com sede no Distrito Federal e
jurisdição em todo território nacional, compõe-se de: Corpo de Conselheiros; Diretoria
Executiva; Coordenações; Comissões; Câmaras Técnicas; Serviços e funcionários
públicos. O Regimento Interno do Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia foi
aprovado na VII Reunião Plenária Extraordinária, em 14/12/2018, foi atualizado em
30/10/2021 e foram alterados os Artigos 20 e 21, através da Resolução CONTER nº
17/2021.

O Corpo de Conselheiros do CONTER é constituído de 9 Conselheiros Efetivos e igual


número de Suplentes, em conformidade com o texto do Art. 15 do Decreto
Regulamentar nº 92.790/1986. O Regimento interno é um importante documento, que
esclarece as competências e funções do CONTER e dos Conselhos Regionais de
Radiologia, no quadro nacional do exercício das técnicas radiológicas em todo o
território brasileiro.

Observe o quadro a seguir:


Conhecer a Legislação Profissional em
Radiologia

Ter conhecimento sobre a legislação que regulamenta a profissão do técnico e tecnólogo


em Radiologia contribui para fortalecer nossa categoria e, também, para aumentar a
excelência nos serviços prestados pelos profissionais à sociedade.

O sistema CONTER/CRTRs é o responsável por regulamentar a profissão das técnicas


radiológicas e cercear a prática ilegal do exercício profissional através da fiscalização e
da instituição da inscrição obrigatória no Conselho Regional da área onde o profissional
trabalha. Importante relembrar: caso o profissional trabalhe em hospitais ou clínicas que
fiquem em regiões diferentes do Conselho, deverá estar inscrito em ambas as regiões e
pagar as duas anuidades.

Um dos maiores compromissos do CONTER é fornecer as orientações adequadas para


sua atuação profissional com transparência, seriedade e ética.

Entre as Leis, Resoluções, Códigos e Regimentos que orientam o exercício profissional


das técnicas radiológicas estão:

1. Lei nº 7.394, de 29/10/1985, que regula o exercício da profissão de técnico em


Radiologia.
2. Decreto nº 92.790/86, que regulamenta a Lei nº 7.394, de 29/10/1985, que regula
o exercício legal da profissão de técnico em radiologia.
3. Lei nº 1.234, de 14/11/1950, que confere os direitos e vantagens a servidores que
operam com equipamentos emissores de radiação ionizante e substâncias
radioativas.
4. Código de Ética dos Profissionais das Técnicas Radiológica, que estabelece os
fundamentos éticos e condutas da prática profissional de pessoas físicas e
jurídicas na área da radiologia em todo o território nacional.
5. Código de Processo Ético Disciplinar, que estabelece as ações adotadas pelo
CONTER a partir de denúncias sobre infrações de conduta e decoro dos
profissionais da área de radiologia.
6. Regimento Eleitoral do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de
Radiologia.
7. Regimento Interno do Conselho Federal de Radiologia.

O CONTER iniciou, no dia 16/04/2021, uma campanha pela regulamentação da


profissão de Tecnólogo em Radiologia, cuja categoria profissional tem dado enorme
contribuição em inúmeros campos da sociedade e que, oportunamente, alcançou o
reconhecimento dos brasileiros. Tecnólogos que operam equipamentos são mestres,
pesquisadores e gestores atuando em diversos setores da saúde, na aplicação das
diversas técnicas de diagnóstico por imagem e terapia, além de outras áreas.

O Conselho Federal de Radiologia, ao longo dos anos, tem procurado formas de


regulamentar a profissão do técnico e do tecnólogo em radiologia. Uma dessas ações é o
Projeto de Lei 3.661/2012, que transita no Congresso Nacional e, a despeito dos
esforços contínuos do CONTER, encontra-se há quase uma década sem um desfecho. É
importante ressaltar também que inúmeras vitórias foram conquistadas, como é o caso
da Lei nº 10.508/2002, que trata sobre a formação mínima dos profissionais do campo
da Radiologia, que abriu espaço para o desenvolvimento de nossa categoria. A lei
culminou na abertura de inúmeros cursos de Graduação em Tecnologia da Radiologia,
responsáveis por formar muitos trabalhadores de nível superior na área de radiologia.

Por isso, é muito importante que o profissional da Radiologia conheça as leis e


resoluções que regem a sua atuação para, assim, assegurar seus deveres e direitos no
mercado de trabalho. Além disso, ter domínio de toda a regulamentação da área da
radiologia permite ao profissional contribuir com a função mais importante do seu
Conselho de Classe, que é a fiscalização.

Estudo de caso
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você conhece Alexandre e Ronaldo.
Eles são tecnólogos em radiologia formados na cidade de São Paulo. Alexandre trabalha
somente no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ronaldo, por sua vez, é carioca e
trabalha dois dias no Hospital Albert Einstein – onde conheceu Alexandre – e dois dias
no Hospital Samaritano, em Botafogo, no Rio de Janeiro.

Alexandre tem uma excelente formação ética e trata os clientes/pacientes com


humanização, respeito e transparência, agindo com o máximo de zelo e o melhor de sua
capacidade técnica e profissional. Ronaldo, contudo, costuma receber estagiários no
setor onde trabalha e precisa orientá-los sobre como se comportar em relação aos
clientes/pacientes, aos colegas da mesma profissão, aos empregadores, aos colegas de
outras profissões e conhecer suas responsabilidades profissionais.

Ambos devem ter a formação profissional adequada e estarem inscritos no Conselho de


Técnicos em Radiologia de suas jurisdições, além de conhecer, detalhadamente, o
Código de Ética dos Profissionais de Radiologia. Também devem conhecer a Missão, a
Visão e os Valores do Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER).

O CONTER foi instalado em 1987, em Brasília, e, desde, então, sua função tem sido
manter a inscrição dos profissionais e das empresas legalmente habilitadas, para atuar
no campo da Radiologia, além de normatizar e fiscalizar o exercício das técnicas
radiológicas no Brasil.

Questionamentos feitos no Estudo de Caso:

Em que regiões do CONTER os tecnólogos em radiologia, Alexandre e Ronaldo,


deverão estar inscritos?

• Cite dois comportamentos que o tecnólogo Alexandre deve ter em relação ao


cliente/paciente segundo o Código de Ética dos Profissionais da Radiologia.
• Qual é a carga horária máxima que os tecnólogos Alexandre e Ronaldo poderão
ter, semanalmente, em um hospital ou clínica?
• Como o tecnólogo Ronaldo deve proceder em relação aos estagiários dentro do
ambiente de trabalho, segundo o Código de Ética dos Profissionais da
Radiologia?
• Qual formação deve ter um tecnólogo em radiologia e qual a ação que deve
fazer, assim que se formar, para ter um exercício legal da profissão?
• Cite: Missão, Visão e Valores do CONTER.

_____

Reflita

Para você compreender um pouco mais sobre legislação que envolve as técnicas
radiológicas no Brasil e refletir sobre as perguntas que serão feitas na solução do nosso
Estudo de Caso, leia o artigo disponibilizado a seguir:

TREVISAN, M. et al. A ética e sua importância no estudo mamográfico na mulher.


Gestão & Saúde, v. 6, n. 2, p. 1805-1814, 2015. Disponível em:
https://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/3025/2721. Acesso em: 30 jun.
2022.

Iniciaremos respondendo os questionamentos feitos, anteriormente, sobre o Estudo de


Caso:

• Em que regiões do CONTER os tecnólogos em radiologia, Alexandre e


Ronaldo, deverão estar inscritos?

Alexandre, que só trabalha em um hospital (Albert Einstein, SP) deverá estar inscrito na
5ª Região do Conselho Regional de Técnicos em Radiologia - Jurisdição: SÃO PAULO.
Já Ronaldo, que trabalha no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e no Hospital
Samaritano, em Botafogo, no Rio de Janeiro, deverá estar inscrito na 5ª Região,
Jurisdição: SÃO PAULO e na 4ª Região, Jurisdição: Rio de Janeiro.

• Cite dois comportamentos que o tecnólogo Alexandre deve ter em relação ao


cliente/paciente segundo o Código de Ética dos Profissionais da Radiologia.

O alvo de toda a atenção do tecnólogo em radiologia deve ser o cliente/paciente, em


benefício do qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade
técnica e profissional. É vedado ao tecnólogo e ao técnico em radiologia fornecer ao
cliente/paciente informações não específicas de sua formação.

• Qual é a carga horária máxima que os tecnólogos Alexandre e Ronaldo poderão


ter, semanalmente, em um hospital ou clínica?

Em cada hospital ou clínica, o tecnólogo em radiologia poderá cumprir 24 horas


semanais. E ele poderá ter mais de um emprego? Sim, mas, em cada vínculo, o máximo
de carga horária semanal é de 24 horas, devido à Lei nº 1.234/1950, que conferiu
direitos e vantagens aos servidores que operam equipamentos emissores de radiação
ionizante e substâncias radioativas.
• Como o tecnólogo Ronaldo deve proceder em relação aos estagiários, dentro do
ambiente de trabalho, segundo o Código de Ética dos Profissionais da
Radiologia?

É dever do tecnólogo em radiologia, quando no papel de orientador ou supervisor de


estágios, esclarecer, informar, orientar e exigir dos estudantes a observância dos
princípios e normas do Código de Ética Profissional. O tecnólogo não deve fazer
comentários que depreciem a profissão ou o local de trabalho. É vedado aos tecnólogos
em radiologia delegar atividades privativas dos profissionais das técnicas radiológicas
sem a supervisão direta.

• Qual formação deve ter um tecnólogo em radiologia e qual a ação que deve
fazer, assim que se formar, para ter um exercício legal da profissão?

O tecnólogo em radiologia deverá cursar o Curso de Tecnologia em Radiologia, de nível


superior, em qualquer faculdade autorizada pelo MEC. E, após obter seu diploma ou
certificado de conclusão, deverá requerer o registro profissional junto ao Conselho
Regional dos Técnicos em Radiologia, da sua jurisdição. São 19 regiões, que abrangem
todos os estados brasileiros. Duas regiões foram extintas: a 7ª e a 18ª. As regiões podem
incluir mais de um estado. Caso você trabalhe em instituições de regiões diferentes,
deverá estar devidamente inscrito nas duas regiões.

• Cite: Missão, Visão e Valores do CONTER.

Missão, Visão e Valores são três fatores essenciais para a elaboração de um


Planejamento Estratégico para o CONTER. Essas definições são importantes porque
servem como direcionadores para todas as decisões a serem tomadas pelos gestores.
Exposição à radiação ionizante e
radioproteção

A radioproteção é o conjunto de normas que têm como objetivo proteger o ser humano e
o meio ambiente dos possíveis efeitos adversos causados pela radiação ionizante. É
certo que a descoberta da radiação ionizante foi um dos maiores feitos do ser humano,
mas levou um tempo para descobrirmos que o uso indiscriminado da radiação ionizante
traz sérios prejuízos à nossa saúde.

No início, utilizavam as radiografias como se fossem retratos, colocando-as em


molduras ou em convites de casamento, com as mãos dos noivos radiografadas com as
alianças. Entretanto, com o passar do tempo, alguns efeitos deletérios foram surgindo e
sendo associados à exposição à radiação ionizante. Atualmente, temos certeza da
importância da utilização da radiação ionizante na área médica, na área industrial, nos
portos e aeroportos, dentre outras. Porém, sabemos também que essa exposição tem
riscos e precisamos conhecê-los para nos proteger contra ele.

A radiação ionizante é um tipo de radiação eletromagnética capaz de alterar o número


de cargas de um átomo, alterando a forma como ele interage com outros átomos. Pode
causar queimaduras na pele e dentro do corpo, dependendo da quantidade e intensidade
da dose, causar mutações genéticas e danos irreversíveis às células.

A radiação ionizante, ao atingir o tecido, age sobre os átomos e moléculas, provocando


sua divisão em íons, ou átomos ou grupo de átomos com sinais elétricos contrários.
Assim, os tecidos podem sofrer alterações químicas. No nosso organismo, essa ação
ionizante age prioritariamente nos cromossomos, com ruptura, perda ou com
recombinações anormais, podendo gerar mutações no DNA (material genético) da
célula. Seus efeitos se manifestam durante a divisão celular, momento em que o
material genético está mais vulnerável à radiação, causando, desse modo, a evolução
anormal de uma célula (mutação) ou a morte de uma ou várias células.

Apesar da radiação ionizante não poder ser vista ou sentida, tem, em seus efeitos, um
caráter nocivo às células vivas. O dano causado pela radiação pode ser acumulativo. Por
isso, é tão importante que o tecnólogo em radiologia não leve dose de radiação a cada
exame que fizer, pois a exposição do profissional das técnicas radiológicas é uma
exposição crônica, ou seja, pequenas doses ao longo de sua vida laboral.

Embora, grande parte dos danos produzidos seja restaurado com o passar do tempo,
ainda pode existir uma parte dos danos que não seja restaurada. Dessa forma, quando o
organismo recebe repetidas doses de radiação, a parte que não foi regenerada pode ter
seus danos aumentados – e o mais importante ocorre no DNA. Quando um dano não é
reparado corretamente, pode ocorrer a morte da célula, a incapacidade de se reproduzir
ou sua transformação em uma célula com características modificadas que proporcionam
crescimento anormal dessas células.

Dessa forma, surgem efeitos somáticos e genéticos, resultantes da exposição às


radiações ionizantes. Os efeitos somáticos afetam somente a pessoa irradiada e podem
ser divididos em duas categorias: efeitos a curto prazo (agudos); e, efeitos a longo prazo
(tardios). Já os efeitos genéticos ou hereditários são aqueles que podem surgir quando as
gônadas (testículos ou ovários) são expostos à radiação ionizante. As radiações são
absorvidas pelas células germinativas (espermátides e ovogônias), podendo haver uma
alteração da informação genética codificada e provocar, como consequência, uma
mutação genética.

Monitoração e controle de trabalhadores


– Dosímetro Individual e dosímetro
padrão
A dosimetria pessoal tem como objetivo determinar o nível de dose de radiação
recebida pelo indivíduo ocupacionalmente exposto (IOE) como decorrência de seu
trabalho. Os profissionais da radiologia (tecnólogos e técnicos) trabalham diariamente
em contato com as fontes de radiação. O grau de exposição à radiação depende do tipo
de atividade na qual estão diretamente empenhados. Para que as doses a que esses
profissionais estão expostos sejam medidas de forma precisa e controlada, é necessário
o uso de um aparelho individual chamado dosímetro, que pode ser de bolso, pulseira ou
anel (BIRAL, 2002).

O dosímetro pode conter filme ou dosímetro termoluminescente (DTL). Este último é o


mais usado por suas características e por sua praticidade, feito com material sensível
(fluoreto de lítio) em forma de cristal, em pó ou, mais frequentemente, como um
pequeno disco. Quando exposto à radiação, o fluoreto de lítio armazena energia em
forma de elétrons excitados na rede cristalina. Quando os dosímetros são enviados para
leitura, são aquecidos e os elétrons excitados voltam ao seu estado fundamental,
emitindo luz visível (ultravioleta), medida de acordo com sua intensidade, sendo
proporcional à dose de radiação recebida pelo cristal ou disco (DIMENSTEIN, 2004).

Para o uso dos dosímetros por tecnólogos, técnicos e estagiários, existem regras
definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) que devem ser
rigorosamente obedecidas.

Observe o quadro a seguir:


Quadro 1 | Regras CNEN sobre uso de dosímetros. Fonte: adaptado de Brasil (2018).

Além da monitoração para trabalhadores, chamada de monitoração ocupacional, existe a


monitoração de área, que avalia e controla as condições radiológicas das áreas de uma
instalação, incluindo medidas de exposição, contaminação de superfícies e
contaminação atmosférica.

Junto com o grupo de dosímetros de uma instituição, segue um dosímetro especial,


chamado dosímetro-padrão. Esse aparelho é igual aos outros, mas serve de referência ao
Sistema de Leitura, ou seja, as doses individuais no Laudo Mensal de Dose são
calculadas medindo-se a dose do dosímetro-padrão. Esse dosímetro é a referência zero
para todos os dosímetros do grupo (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1986).
Monitoração e controle de trabalhadores
– Dosímetro Individual e dosímetro
padrão

A dosimetria pessoal tem como objetivo determinar o nível de dose de radiação


recebida pelo indivíduo ocupacionalmente exposto (IOE) como decorrência de seu
trabalho. Os profissionais da radiologia (tecnólogos e técnicos) trabalham diariamente
em contato com as fontes de radiação. O grau de exposição à radiação depende do tipo
de atividade na qual estão diretamente empenhados. Para que as doses a que esses
profissionais estão expostos sejam medidas de forma precisa e controlada, é necessário
o uso de um aparelho individual chamado dosímetro, que pode ser de bolso, pulseira ou
anel (BIRAL, 2002).

O dosímetro pode conter filme ou dosímetro termoluminescente (DTL). Este último é o


mais usado por suas características e por sua praticidade, feito com material sensível
(fluoreto de lítio) em forma de cristal, em pó ou, mais frequentemente, como um
pequeno disco. Quando exposto à radiação, o fluoreto de lítio armazena energia em
forma de elétrons excitados na rede cristalina. Quando os dosímetros são enviados para
leitura, são aquecidos e os elétrons excitados voltam ao seu estado fundamental,
emitindo luz visível (ultravioleta), medida de acordo com sua intensidade, sendo
proporcional à dose de radiação recebida pelo cristal ou disco (DIMENSTEIN, 2004).

Para o uso dos dosímetros por tecnólogos, técnicos e estagiários, existem regras
definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) que devem ser
rigorosamente obedecidas.

Observe o quadro a seguir:

Quadro 1 | Regras CNEN sobre uso de dosímetros. Fonte: adaptado de Brasil (2018).

Além da monitoração para trabalhadores, chamada de monitoração ocupacional, existe a


monitoração de área, que avalia e controla as condições radiológicas das áreas de uma
instalação, incluindo medidas de exposição, contaminação de superfícies e
contaminação atmosférica.
Junto com o grupo de dosímetros de uma instituição, segue um dosímetro especial,
chamado dosímetro-padrão. Esse aparelho é igual aos outros, mas serve de referência ao
Sistema de Leitura, ou seja, as doses individuais no Laudo Mensal de Dose são
calculadas medindo-se a dose do dosímetro-padrão. Esse dosímetro é a referência zero
para todos os dosímetros do grupo (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1986).

NR-32 segurança e saúde no trabalho em


serviços de saúde
A norma regulamentadora 32 (NR-32) estabelece as diretrizes básicas para a
implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores da área
de saúde. Ela abrange as situações de exposição a riscos para a saúde do profissional,
como riscos biológicos; riscos químicos; riscos físicos – por exemplo, a exposição à
radiação ionizante.

A NR-32 dispõe que a responsabilidade do cumprimento da norma é solidária, ou seja,


compartilhada entre contratantes e contratados, o que significa que ela deve ser
observada por todos os trabalhadores, da iniciativa privada ou pública, por patrões,
empregados, gestores e funcionários públicos. É importante que os trabalhadores
entendam que, para sua efetivação, é necessário que participem ativamente das
Comissões Institucionais, como a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes),
SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho), CCIH (Comissão de Controle e Infecção Hospitalar), além da participação
em eventos como a SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho).

A NR-32 diz que a capacitação deve ser adaptada à evolução do conhecimento e à


identificação de novos riscos biológicos e deve incluir: os dados disponíveis sobre
riscos potenciais para a saúde; medidas de controle que minimizem a exposição aos
agentes; utilização de equipamentos de proteção coletiva, individual e vestimentas de
trabalho; medidas para a prevenção de acidentes e incidentes.

No tópico 32.4 da referida norma, as radiações ionizantes são abordadas.

Observe o quadro a seguir:

Quadro 2 | Tópico 32.4.2.1 – O Plano de Proteção Radiológica. Fonte: adaptado de


Brasil (2005).

Todo indivíduo ocupacionalmente exposto (IOE) que transite em ambientes onde há


fontes de radiação ionizante, deve ser treinado para observar os três cuidados de
proteção radiológica, permanecendo sempre o menor tempo possível perto da fonte
(tempo), mantendo-se sempre a uma distância segura da fonte (distância) e usando
blindagens para proteger o corpo da radiação (EPIs). A minimização dos riscos acontece
quando o trabalhador, efetivamente, conhece os riscos a que está exposto durante o
trabalho e, quando recebe treinamentos frequentes e direcionados a todos os
trabalhadores (das diversas áreas profissionais), que circulam em ambientes, onde
ocorre a operação de equipamentos emissores de radiação ionizante (NR 32, 2005).

Observe o quadro a seguir sobre EPI na área de Radiologia:


Quadro 3
| Equipamento de Proteção Individual – EPI da Radiologia. Fonte: elaborado pela
autora.

Recomendações para a proteção radiológica incluem as medidas:

1. Tempo de exposição – deve haver rigorosa limitação ao tempo de exposição a


fim de que o indivíduo não receba dose superior aos limites de tolerância
estabelecidos.
2. Distância – deve ser mantida a maior distância possível das fontes emissoras de
radiação ionizante. O trabalhador pode realizar suas tarefas sem risco de sofrer
alta exposição se estiver na distância correta estabelecida pelas normas de
segurança.
3. Blindagem – corresponde à utilização de barreiras de materiais que sejam
capazes de absorver ou bloquear as radiações ionizantes.
4. A seguir, apresentaremos um vídeo abordando pontos importantes sobre a
exposição à radiação ionizante, o uso de dosímetros e a NR-32. Um vídeo é uma
oportunidade para fixar postos-chave da disciplina. Podemos chamar a atenção
sobre os seguintes tópicos: monitoração individual e controle de trabalhadores,
através do uso de dosímetros; NR-32 - Norma Regulamentadora que estabelece
diretrizes para implementação de medidas de proteção à segurança e saúde dos
trabalhadores
5.
6. Nesta aula, abordaremos a carga horária semanal do tecnólogo em radiologia; a
insalubridade causada pela presença de equipamentos emissores de radiação
ionizante no ambiente de trabalho do tecnólogo em radiologia; e a síndrome de
burnout gerada pelo excesso de trabalho.
7. Esta disciplina é de vital importância para a formação de um Tecnólogo em
Radiologia, pois trata-se de conhecer os limites de nossa profissão, através da
compreensão de que a radiação ionizante é uma das maiores descobertas dos
seres humanos, mas que precisa ser usada com proteção e segurança, sendo a
presença de equipamentos emissores de radiação ionizante o motivo de termos
nossa carga horária semanal reduzida de 40 para 24 horas semanais.
8. Vamos aprofundar nossos conhecimentos!

Carga horária semanal do tecnólogo em


radiologia
A carga horária de trabalho do Técnico e Tecnólogo em Radiologia possui diferença em
relação à maioria das profissões, que seguem o padrão de 40h semanais, enquanto os
profissionais que se expõem à radiação ionizante possuem carga horária de 24h
semanais, sendo possível a divisão em 4 horas por dia ou em plantões, desde que não
ultrapasse o limite semanal estabelecido pela Lei 7.394/85.

O art. 14 da referida lei regulamenta a área da radiologia e define a jornada de trabalho


do técnico/tecnólogo como sendo de 24h semanais, divididas em diárias de até 4h ou em
um plantão de 24h em um único dia na semana. A carga horária mensal permitida para
os profissionais das técnicas radiológicas segue os cálculos lógicos, não podendo
ultrapassar o total de 120 horas mensais. Não é possível exceder o limite de horário, já
que isso configura uma violação do artigo 14 da Lei 7.394/85, que estipula 4h diárias
como a carga máxima de trabalho para esse profissional, por questões de trabalhar em
ambientes com equipamentos emissores de radiação ionizante, sendo essa condição
insalubre para a saúde do profissional.

Atualmente, ficou decidido que o limite de carga horária profissional não impede que o
técnico/tecnólogo trabalhe em mais de um emprego: basta que não haja conflito de
horários. A Radiologia tem se reinventado diariamente, por meio do uso de novas
tecnologias. Embora ainda existam riscos à saúde do trabalhador, hoje, o profissional da
área de radiologia tem muito mais a se beneficiar do que a perder caso trabalhe dentro
das normas de radioproteção. A carga horária reduzida e a aposentadoria em menor
tempo são as vantagens que chamam a atenção dos que desejam ingressar na área de
radiologia. Além disso, a jornada de trabalho do técnico/tecnólogo em radiologia, de 24
horas semanais, abre um leque de possibilidades de trabalho aos profissionais das
técnicas radiológicas.

Observe o quadro a seguir:


Quadro 1 | Cuidados de proteção radiológica importantes que o profissional deve ter.Fonte:
elaborado pela autora.

Os equipamentos de proteção radiológica se destinam à proteção dos trabalhadores,


pacientes, estagiários e indivíduos do público em geral. Serão necessários em todas as
ocasiões em que as pessoas estejam expostas às radiações ionizantes, desde que seu uso
não influencie diretamente no resultado das imagens obtidas através dos exames.

Condição insalubre na profissão do


tecnólogo em radiologia

A legislação trabalhista brasileira prevê condições protetivas para os profissionais que


executam suas funções em atividades insalubres ou perigosas. Os Tecnólogos e
Técnicos em Radiologia têm assegurado, através da Lei Federal nº 7.394/85 e das
Convenções Coletivas de Trabalho, o direito ao recebimento do adicional de
insalubridade em grau máximo, que é um acréscimo de 40% sobre o salário-base, já que
trabalham expostos a agentes insalubres. É importante que os profissionais das técnicas
radiológicas compreendam a diferença entre insalubridade e periculosidade.

Conforme o art. 189 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT):

Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua


natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes
nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. (BRASIL, 1943).

A profissão de Técnico/Tecnólogo em Radiologia enquadra-se no grau máximo (40%)


deste adicional, e esse pagamento, por estar previsto na Lei, é obrigatório a todos os
trabalhadores das técnicas radiológicas.

Já a periculosidade está fixada no art. 193 da CLT, que dispõe que:

São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação


aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou
métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente
do trabalhador a: inflamáveis, explosivos ou energia elétrica, roubos ou outras espécies
de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.
(BRASIL, 1943)

A periculosidade se caracteriza pela exposição do empregado ao risco de morte, em


função das atividades exercidas. Cabe salientar que a legislação vigente tem o objetivo
de proteger a saúde do trabalhador, assim como garantir seus direitos, como forma de
compensar o trabalhador por possíveis danos sofridos durante a execução do trabalho ou
pela exposição a situações que levarão a danos ao longo do tempo.

O artigo 16 da Lei nº 7.394/85 estabelece que todo técnico/tecnólogo em radiologia tem


direito a receber adicional de insalubridade. Como a previsão legal não traz maiores
explicações, o profissional deverá receber o adicional de insalubridade, mesmo que não
trabalhe com equipamentos emissores de radiação ionizante, como o aparelho de
ressonância magnética ou ultrassonografia. O adicional de insalubridade, geralmente,
varia entre 10%, 20% ou 40%. Mas, no caso dos técnicos/tecnólogos em radiologia, o
adicional de insalubridade aplicado deverá ser sempre de 40%, conforme determina o
artigo 16, da Lei nº 7.394/85 (BRASIL, 1985).

A sinalização dos ambientes considerados insalubres pela presença de equipamentos


emissores de radiação ionizante é muito importante. Dessa forma, deve haver
sinalização visível na face exterior das portas de acesso contendo o símbolo
internacional de radiação, acompanhado da seguinte frase: “Raios x, entrada restrita” ou
“Raios x, entrada proibida a pessoas não autorizadas”. Ainda, deve haver uma
sinalização luminosa vermelha acima da face externa das portas de acesso, com o aviso:
“Quando a luz vermelha estiver acesa, a entrada é proibida”.
O trifólio (Figura 1) representa o símbolo internacional indicativo da presença de
radiação ionizante, com a qual trabalham os profissionais das técnicas radiológicas.

Síndrome de Burnout - excesso de


trabalho nos profissionais das técnicas
radiológicas
A Síndrome de Burnout (SB) é uma patologia que vem atingindo profissionais que se
submetem a jornadas de trabalho longas e extenuantes. Ela se caracteriza como uma
condição psicológica advinda de resposta aos estressores interpessoais e crônicos
vivenciados no espaço laboral. E por que os profissionais da radiologia estão tendo
síndrome de burnout se a jornada de trabalho semanal dos técnicos e tecnólogos em
radiologia é de 24 horas semanais?

Não há impedimentos a ter mais de um emprego ao mesmo tempo, desde que não haja
sobreposição de horários. Então, os profissionais das técnicas radiológicas acabam indo
de um emprego ao outro, sem ter o devido descanso entre uma jornada de trabalho e
outra. Essa atitude leva a um desgaste físico e emocional dos trabalhadores. Além disso,
ainda há os locais de trabalho com movimento intenso, como as urgências e
emergências, que vivem lotadas de pacientes que necessitam de exames para fechar o
diagnóstico.

Essa síndrome não atinge apenas os profissionais da radiologia. A enfermagem


(enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem) também sofre com as jornadas de
trabalho intermináveis de um serviço de saúde para o outro.

Essa síndrome, que também atinge os professores, é conhecida como exaustão física e
emocional que começa com um sentimento de desconforto e aumenta à medida que a
vontade de realizar as atividades laborais, paulatinamente, diminui. Sintomaticamente, o
burnout se reconhece pela ausência de fatores motivacionais, como energia, alegria,
entusiasmo, satisfação, interesse, vontade, concentração, autoconfiança e humor.

Segundo Santos (2017, p. 9) “A equipe multidisciplinar que atua nos serviços de


radioterapia enfrenta estressores psicossociais no desempenho de suas atividades
laborais. Isto faz com que estes trabalhadores fiquem vulneráveis à Síndrome de
Burnout ou a outras doenças psicossomáticas.”

A SB, também conhecida por Síndrome do esgotamento profissional ou estafa


profissional, é conceituada por Mendes et al. (2002, p. 46) como ‘’um fenômeno
psicológico advindo da tensão emocional crônica vivenciada no espaço laboral pelos
trabalhadores, onde desenvolvem trabalho intenso e frequente com pessoas que
necessitam de cuidados e/ou assistência’’.

Essa condição que a sociedade impõe aos trabalhadores em geral também leva ao
desencadeamento do estresse, que atualmente vem sendo considerado um grande
problema no mundo, causando, assim, preocupações na comunidade científica nacional
e internacional (SÁ, 2014).

Os próprios serviços de saúde também precisam atentar para o surgimento dessas


doenças e tomar providências no sentido de tratá-las, além de criar mecanismos no
próprio processo de trabalho que aliviem essa pressão sobre os profissionais. Essa
pressão é muito intensa nos serviços de saúde, nos quais pessoas estão cuidando de
outras pessoas, que podem ter doenças diversas, degenerativas, de avanço rápido e
penoso, o que causa uma sensação de impotência nos profissionais que realizam os
cuidados.
Assim, surgiram as campanhas “Cuidando do Cuidador”, que visam, justamente, cuidar
das pessoas que passam a maior parte de suas vidas dispensando cuidados de diversos
tipos a outras pessoas. Entre esses profissionais estão o técnico e o tecnólogo em
radiologia, que estão à frente da realização das diversas técnicas de diagnóstico por
imagem, que, com seu trabalho, tanto ajudam no fechamento da hipótese diagnóstica de
muitos pacientes que passam por suas salas de exames, e que também trabalham na
execução de terapias, como é o caso da radioterapia.

Introdução

Nesta aula, abordaremos o tempo de espera dos pacientes, erros cometidos nos exames
realizados e testes de qualidade realizados nos equipamentos de radiodiagnóstico.

Esta disciplina é de vital importância para a formação de um Tecnólogo em Radiologia,


pois trata-se de conhecer os limites de nossa profissão através da redução do tempo de
espera do paciente; a redução da repetição de exames, que leva à perda de tempo e
aumento da dose no paciente; e a realização dos testes de qualidade nos equipamentos.

Avante! Vamos aprofundar nossos conhecimentos!

Redução do tempo de espera do


paciente/cliente nos exames radiológicos
Cuidar do item pontualidade é essencial para quem pretende fidelizar pacientes/clientes.
Por outro lado, atrasos no horário do atendimento podem afastar os clientes. Assim
sendo, certifique-se de que os horários sejam sempre levados a sério por sua equipe de
trabalho. Oriente os colaboradores sobre a necessidade da pontualidade, de modo que
isso seja sempre uma das prioridades da equipe na clínica ou hospital em que você
trabalha. Afinal, ninguém gosta de esperar horas a fio. Hoje em dia, todas as pessoas
têm muitas tarefas a fazer e pouco tempo para executá-las. Logo, fazer o cliente não
perder muito tempo para realizar um exame pode ser um diferencial do serviço em que
você trabalha e/ou chefia.

Contudo, para trabalhar com pontualidade, o tecnólogo precisa ser organizado,


metódico e prestar um bom atendimento ao cliente/paciente, sendo necessário que a
clínica tenha processos de trabalhos bem definidos e articulados. E, o que é processo de
trabalho? É o conjunto de atividades de uma empresa (clínica ou hospital) executados
sistematicamente em uma lógica sequencial para que se chegue aos resultados (obtenção
da imagem do exame) com o mínimo de erros e o máximo de eficiência.

Em primeiro lugar, é necessário ter noção de qual é o fluxo de pacientes na clínica. Em


que período o fluxo é mais intenso (manhã, tarde ou noite)? Qual é o tipo de exame que
exige mais tempo para sua execução? Por quanto tempo, em média, as pessoas esperam
na recepção do hospital para fazer um exame? Esse levantamento serve para orientar o
gestor a reduzir o tempo de espera na clínica ou hospital, que tem o serviço de
diagnóstico por imagem.

Afinal, como lidar com pacientes/clientes, mantendo um bom diálogo com eles e dando-
lhes a atenção necessária e, ao mesmo tempo, ter um atendimento rápido e eficiente?
São questões importantes para satisfazer o público e melhorar o atendimento do
serviço.

Além disso, pode-se citar que a introdução dos equipamentos digitais ajuda a diminuir o
tempo de espera dos clientes, pois, com a tecnologia das placas da radiologia digital,
gera-se uma única imagem em até três segundos, diretamente na tela do computador da
sala de exames para posterior distribuição, em tempo real, a todo hospital ou clínica. O
tecnólogo em radiologia verifica a qualidade da imagem em tempo real durante o
exame.

Portanto, não é preciso refazer a imagem, e podemos disponibilizá-la imediatamente


para o médico e o paciente de forma online. O tempo de realização do exame é
reduzido, assim, em 60%, dependendo do tipo de exame, diminuindo de 20 para 6
minutos o tempo de realização de uma radiografia, por exemplo. Além de trazer maior
conveniência, esta tecnologia também reduz a dose de radiação, contribuindo para
preservar a saúde de todos os envolvidos.

O recurso possibilita a redução dos custos para as unidades de saúde, porque elimina o
uso dos chassis e filmes, retirando todo o processo de revelação das imagens dos
exames, com o uso de químicos e filmes, trazendo economia de água e benefícios ao
meio ambiente, além de eliminar o tempo de espera no pós-exame para revelação e
verificação da imagem. A tecnologia digital gera um desgaste menor dos equipamentos
de raios x, o que reduz os custos de manutenção preventiva e corretiva dos
equipamentos.

Erros mais frequentes nos exames


realizados na radiologia
Em nosso país, infelizmente, alguns gestores esquecem que a função básica de um
hospital ou clínica é fornecer um atendimento de qualidade aos pacientes, focando
somente nos lucros, em detrimento da saúde dos pacientes. Apesar de comum em outros
setores da economia, quando essa prática é aplicada à saúde, pode resultar no atraso do
diagnóstico de uma doença, na privação de um tratamento adequado ou, até mesmo, no
atraso para iniciar uma terapia e, em casos mais graves, pode levar o paciente a óbito.
Por isso, é importante que, na saúde e, particularmente, na Radiologia, a visão da gestão
do serviço seja humanizada e voltada para a satisfação do paciente/cliente.

As inovações tecnológicas, a disseminação da informação e maior exigência dos


clientes levam as empresas da área de saúde, a dedicarem maior atenção à qualidade dos
seus serviços. O acesso à informação mudou a atitude do paciente, que agora é chamado
de cliente e passou a ser mais exigente em relação às suas escolhas. O cliente de hoje
quer participar, opinar, interagir e, se possível, escolher o melhor caminho diante das
várias opções disponíveis no mercado.

Mesmo o mais experiente e qualificado dos médicos radiologistas não conseguirá fazer
um diagnóstico rápido e preciso quando um exame não é bem-feito pelo técnico ou
tecnólogo em radiologia. Os erros mais comuns que podem acontecer durante a
realização dos exames são: posicionamento inadequado do paciente; utilização de
parâmetros técnicos inadequados; não utilização de meio de contraste endovenoso
quando solicitado pelo médico; utilização de protocolo de exame incorreto; distância
errada da fonte de radiação em relação ao corpo do paciente; filmes com subexposição;
filmes com superexposição.

A lista de possíveis erros é grande e, para eliminá-los, é necessário contar com uma
equipe técnica capacitada, treinada e humanizada. A solução pode ser contratar novos
profissionais ou investir na qualificação técnica e humana dos profissionais que já estão
no serviço.

A repetição de exames é um grande problema em muitos serviços. A radiografia


convencional de boa qualidade depende, fundamentalmente, do treinamento do
técnico/tecnólogo que a realizará, pois esse profissional deverá ter a capacidade de
decidir se a imagem ficou adequada para um diagnóstico rápido e preciso, o que se torna
mais fácil se os critérios de qualidade forem bem definidos e conhecidos pelos
profissionais nos serviços. Resultados observados em pesquisas indicam que o controle
de qualidade dos aparelhos radiológicos é também um fator importante para a realização
de uma radiografia convencional de bom padrão de qualidade.

A existência de profissionais qualificados e experientes, bem como investimentos em


treinamentos e cursos, são medidas eficientes que contribuem para a melhoria no padrão
de qualidade dos serviços radiológicos. Para guiar os profissionais no âmbito da
Radiologia, normas de radioproteção existem com a finalidade de minimizar os
possíveis efeitos biológicos da radiação, como é o exemplo da Resolução 330/2019 e,
através de leis, regulamentos, resoluções e diretrizes do Ministério da Saúde e da
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), tem-se indicado a necessidade de
programas de garantia de qualidade nos serviços.

É necessário associar um atendimento humanizado a um ambiente agradável, com


profissionais qualificados, oferecendo um serviço eficaz e competente. Desta forma,
integrando máquinas e pessoas dentro de uma estrutura organizada, é possível atender a
população em seus anseios pessoais e em relação aos exames e tratamentos.

Programa de Controle de Qualidade nos


Serviços de Radiologia
Várias características dos sistemas modernos de imagem por raios x, destinados a
melhorar a qualidade radiográfica, são sempre discutidas pelos órgãos competentes, que
se baseiam nessas reflexões para criar as normas que orientam o funcionamento dos
serviços que possuem equipamentos emissores de radiação ionizante.

Muitas dessas características foram projetadas para reduzir a dose de radiação no


paciente durante a realização dos exames radiográficos. Por exemplo, a colimação
adequada do feixe contribui para a melhoria do contraste de imagem e é eficiente na
redução da dose no paciente.

Inúmeros dispositivos e acessórios de proteção individual estão sendo associados aos


sistemas modernos de imagem por raios x. Algumas são características dos sistemas de
imagem por radiografia ou por fluoroscopia e alguns são exigidos pela regulamentação.

Observe o quadro a seguir:


Quadro 1 | Dispositivos e acessórios de proteção radiológica associados aos sistemas de
imagens por raios x. Fonte: elaborado pela autora.

Conforme Macedo e Rodrigues (2009), na saúde – especificamente na radiologia –, os


sistemas de gestão da qualidade e da melhoria contínua já fazem parte do dia a dia das
organizações, inclusive das clínicas de radiologia ambulatorial.

Para Vidigal (2010), os serviços de radiologia demandam uma melhor qualidade dos
seus serviços, com o menor risco para o paciente/cliente. Entretanto, nem sempre essa
ação é alcançada, pois erros e acidentes podem acontecer. Um dos erros mais
encontrados é a repetição de exames, que pode levar a um aumento da dose no paciente,
a perda de material e tempo do tecnólogo em radiologia.

Então, o que é o Programa de Controle de Qualidade dos Serviços de Radiologia? É um


conjunto de testes, medidas e análises realizados nos equipamentos emissores de
radiação ionizante, bem como a avaliação do sistema de aquisição de imagens para
verificar a conformidade dos parâmetros usados com o que está estabelecido na
legislação vigente.

Os serviços de saúde podem passar pela Certificação de Acreditação, que consiste em


um processo voluntário, que mede a qualidade dos serviços por organizações
independentes especializadas em normas técnicas de um determinado setor, instituições
que atendem a requisitos previamente definidos.
Nova gestão do serviço de Radiologia
feita pelo Tecnólogo em Radiologia

Atualmente, na maioria das clínicas e hospitais, o que mais encontramos são os setores
de radiologia sendo administrados por outros profissionais, como administradores,
economistas, enfermeiros, dentre outros, ao invés de termos o tecnólogo em radiologia
investido nessa função tão importante. E, como resultado prático disso, temos visto
ações que não levam em consideração a proteção radiológica do trabalhador e dos
pacientes, a subutilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e as escalas
mal-elaboradas. Logo, precisamos trabalhar para mudar esse panorama.
Para ter bom desempenho do serviço de radiologia é necessário ter um gerenciamento
de alta performance, no setor. Entretanto, o que se tem verificado é que as técnicas de
gestão ainda são mal utilizadas na área da saúde. Dentre os problemas que mais ocorrem
nos setores de radiologia, contamos com: congestionamento de pacientes, horários de
gargalo; atrasos no atendimento; falta de humanização dos profissionais; grande
preocupação com a demanda e pouca preocupação com os aspectos gerenciais;
desconhecimento da legislação da área de radiologia; interação do setor de saúde, com
seus usuários, no âmbito de mídias sociais (PEREIRA et al., 2015).

A radiologia ou, mais apropriadamente falando, o Centro de Diagnóstico por Imagem,


constitui o setor de prestação de serviços na área hospitalar que mais tem despertado
preocupação por parte de seus gestores. Isso tem ocorrido, em primeiro lugar, pelos
altos custos de implantação e manutenção; em segundo lugar, porque os investimentos
nessa área são absolutamente necessários quando se busca atendimento de qualidade à
clientela interna e externa. A evolução dos equipamentos ocorre muito rapidamente,
exigindo atualização dos equipamentos e treinamento da mão de obra.

Administrar o Centro de Diagnóstico por Imagem, muitas vezes, pode significar


utilizar-se de todas as recomendações utilizadas na boa administração e ainda ouvir do
superior que o departamento ‘não saiu do vermelho’.

Há, no entanto, outra forma de encarar essa realidade. O Centro de Diagnóstico por
Imagem, pode, sim, trazer o retorno para a instituição hospitalar, desde que os
investimentos sejam planejados e adotados com critério e a seu tempo, sem que se perca
o elo da eficiência e da modernidade. E quem é esse profissional, que tem o perfil exato
para fazer esse planejamento? O Tecnólogo em Radiologia. Essas ações demandam
planejamento estratégico, conhecimento da área de radiologia, visão de futuro e
empreendedorismo, além de envolver o maior número possível de profissionais da área
de radiologia.

A gestão do centro de diagnóstico por imagem envolve seis grandes atividades:

• Organização e planejamento.
• Controle de fluxo e rotina de realização de exames.
• Instalação e manutenção de equipamentos geradores de imagens radiológicas.
• Informatização do setor de diagnóstico e implantação das redes de comunicação
e arquivo de imagens.
• Controle de materiais e insumos utilizados na realização dos exames.
• Gestão de pessoas.

E a Gestão de pessoas deve levar em consideração os conceitos que estão dispostos no


quadro a seguir a fim de alcançar seus objetivos e metas:
Figura 1 | Objetivos organizacionais e individuais. Fonte: elaborada pela autora

Os objetivos da organização são lucro, produtividade, qualidade, redução de custos,


ampliação do mercado consumidor, satisfação do cliente; e os objetivos individuais são
salário, segurança, estabilidade no emprego, condições adequadas de trabalho,
crescimento profissional.

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Quem pode ser o Supervisor de Proteção


Radiológica
Começamos este bloco com a pergunta: quem pode ser o Supervisor de Proteção
Radiológica (SPR)? O profissional deve possuir diploma de nível superior (bacharelado,
licenciatura ou tecnologia) reconhecido pelo MEC, em uma das seguintes áreas do
conhecimento: ciências exatas; ciências biológicas; engenharias; ciências da saúde;
ciências agrárias; ou ciências radiológicas. Essa é uma excelente notícia para o
tecnólogo em radiologia, pois é uma das áreas em que poderá trabalhar.

Nossa segunda pergunta é: o que faz o Supervisor de Proteção Radiológica? O


Supervisor de Radioproteção é o profissional capaz de gerir toda a segurança e proteção
radiológica de instituições que executem trabalhos envolvendo equipamentos emissores
de radiação ionizantes, fontes radioativas, acelerador linear, sendo de sua
responsabilidade, elaborar o Plano de Radioproteção da unidade onde é supervisor.
Então, o campo de trabalho é bem amplo, e não envolve somente a radiologia médica
(medicina nuclear, radioterapia), como também a radiologia industrial (gamagrafia e
radiografia), a radiologia envolvendo irradiação de alimentos, calibração de
instrumentos com fontes de radiação, reator nuclear, depósito de rejeitos radioativos,
dentre outros.

E, como terceira pergunta, teremos: como um tecnólogo em radiologia, já formado,


deve proceder para ser um supervisor em proteção radiológica? Deve se inscrever, na
sua área de interesse, diretamente no site da Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN) e fazer as provas, que têm caráter eliminatório – a nota mínima para ser
aprovado é 7,0 –, ficando o Manual do Candidato disponível no site da CNEN, dando
maiores informações.

A formação acadêmica do profissional deve ser compatível com a área escolhida, e será
necessário também haver comprovação de ter exercido a atividade de supervisor de
proteção radiológica durante, no mínimo, trinta meses nos últimos cinco anos, na área
de atuação pretendida. Todas essas informações estão dispostas na Norma CNEN N.
7.01, que trata da certificação de supervisores de proteção radiológica, disponível no
site da CNEN.

A relação dos supervisores de proteção radiológica certificados é divulgada no portal da


CNEN (BRASIL, 2020, p. 4). Os cinco anos de validade do certificado renovado serão
contados a partir da data de expiração da validade do certificado anterior (BRASIL,
2020, p. 6).

Nossa quarta pergunta será: e quanto ganha, em média, um Supervisor de


Radioproteção? O salário é bom, mas a responsabilidade é grande. O salário médio
nacional de um Supervisor de Proteção Radiológica é de R$ 10.700,00 (dez mil e
setecentos reais) por mês.

As responsabilidades do SPR estão descritas na Norma da CNEN N. 3.01, e são várias:


assessorar e informar a direção da instalação sobre assuntos relativos à proteção
radiológica; zelar pelo cumprimento do plano de proteção radiológica; planejar,
coordenar e supervisionar as atividades do serviço de proteção radiológica; coordenar o
treinamento e avaliar o desempenho dos indivíduos ocupacionalmente exposto (IOE)

A importância do tratamento
humanizado

A humanização, na radiologia, segue a tendência geral da área de saúde. Entretanto, a


formulação e a implementação dependem das especificidades de cada exame. A
humanização consiste no ato de humanizar o atendimento em saúde, tornando-o mais
empático e próximo às necessidades do paciente/cliente e de seus familiares.
A questão sobre humanização na saúde é muito ampla, mas apresenta desafios
específicos nas diferentes áreas, como no setor de radiologia, cujo contato com o
paciente é diferenciado, dependendo de cada técnica de exame. Pode-se citar o caso da
mamografia, que, durante o posicionamento, exige um contato mais próximo com a
paciente, condição que faz com que muitas mulheres tenham receio de fazer o exame.
Na verdade, quando se trabalha na área de saúde, a empatia é realmente fundamental,
pois não estamos lidando com doenças, mas, sim, com pessoas que se encontram
doentes.

O principal objetivo da humanização, em saúde, é que todos os contatos sejam


empáticos, com cada profissional ouvindo e dando atenção ao paciente e a suas
necessidades. Isso significa melhorar a comunicação para explicar, de uma forma mais
acessível, a patologia e o tratamento, disponibilizando-se para tirar dúvidas e dirimir
ideias do senso comum.

A humanização, na radiologia e nas demais áreas da saúde, consiste na construção de


relacionamentos mais saudáveis durante cada atendimento, o que se reflete em mais
qualidade de vida para os pacientes, familiares e profissionais. Não podemos enxergar
pacientes como números, pois, na verdade, são seres humanos enfrentando situações de
doença, mudanças e perdas.

O primeiro passo para tornar o setor de radiologia mais humano é reforçar a educação e
a saúde mental dos profissionais que ali trabalham. É necessário introduzir, nos
treinamentos, situações que os façam refletir e dissolver os conflitos que surgem no dia
a dia de trabalho, para que essas situações não sejam refletidas, no contato com os
pacientes e familiares.

Não adianta ter uma equipe comprometida com a humanização do atendimento em


radiologia se os processos não refletem essa preocupação com o bem-estar do
paciente/cliente. Dessa forma, deve-se investigar os fluxos dos processos de trabalho
para garantir que eles sejam fluidos, humanos e respeitem as individualidades de cada
pessoa.

Outro ponto importante no atendimento humanizado é o ambiente e seus detalhes,


como, por exemplo: disponibilizar água aos pacientes; manter o local sempre bem
higienizado; ter acessibilidade para as pessoas com mobilidade restrita; dirigir-se às
pessoas pelo nome; ter uma sala de exames infantil decorada com temas que as crianças
apreciem; ter um equipamento para extremidades, na ressonância magnética, que atenda
melhor aos idosos, crianças e pacientes com claustrofobia.

A Política Nacional de Humanização - HumanizaSUS (PNH) foi criada pelo Ministério


da Saúde em 2003, a partir do reconhecimento de experiências inovadoras e concretas
que compõem um SUS que dá certo.

Agora, reflitamos sobre como é importante da Cartilha Humaniza SUS (2003): quando
ignoramos os relatos de nossos pacientes, na enganosa sensação de proteção ao
sofrimento, mergulhamos no isolamento da insensibilidade, que enfraquece as forças
construtivas e a resiliência que está presente em todos os seres humanos.
Monitoração dos trabalhadores,
ambientes e equipamentos em Radiologia

Assim como há a monitoração e controle dos trabalhadores, através do uso dos


dosímetros individuais e uso de equipamentos de proteção individual, há o controle dos
ambientes e equipamentos na Radiologia. Os ambientes cujos equipamentos emissores
de radiação são instalados devem obedecer a alguns requisitos especiais, de modo a
evitar que a radiação ionizante ultrapasse o ambiente das salas de exames. Para que haja
segurança nas áreas adjacentes e para o próprio operador, as salas de exames
radiológicos devem estar de acordo com as normas estabelecidas pela Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA). Essas normas compreendem ambientes com as seguintes características:

• Paredes, pisos, tetos e portas com blindagem que proporcionem proteção


radiológica às áreas adjacentes.
• Todas as blindagens devem ser contínuas e sem falhas, tanto dos EPIs, como das
estruturas físicas.
• A blindagem da parede que contém a estativa vertical, deve receber atenção
especial por ser atingida continuamente pela radiação primária.
• A cabine de comando deve ter dimensões e blindagem que proporcionem
atenuação suficiente que garanta a proteção ao operador durante o disparo.
• A cabine também deve permitir ao operador perfeita comunicação e observação
visual do paciente, durante o disparo.
• A cabine deve estar posicionada de forma que nenhum indivíduo possa entrar na
sala durante o disparo sem ser notado pelo operador.
• Deve haver sinalização visível na face exterior das portas de acesso contendo o
símbolo internacional de radiação acompanhado das inscrições “Raios x” ou
“Raios x'', entrada proibida a pessoas não autorizadas.
• No interior da sala deve ter um quadro, em lugar e tamanho visíveis aos
pacientes com o aviso “Nesta sala somente pode permanecer um paciente de
cada vez”.
• No interior da sala deve haver vestimentas de proteção individual para pacientes,
membros da equipe e acompanhantes; e acessórios para procedimentos previstos
para a sala; e ainda suportes apropriados para sustentar os aventais plumbíferos,
de modo a preservar a sua integridade.

Os equipamentos radiológicos também devem estar em conformidade com a legislação


e as normas elaboradas pela CNEN e devem obedecer a algumas características
especiais:

• A blindagem do cabeçote deve garantir ao operador do equipamento, um nível


mínimo de radiação de fuga, tanto no cabeçote, quanto pelo sistema de
colimação.
• O equipamento deve ser dotado de diafragma regulável, com localização
luminosa para limitar o campo de radiação.
• O painel de controle deve ter um indicador visual do tubo selecionado, para
equipamentos com mais de um tubo.
• Para equipamentos móveis, o cabo disparador deve ter um comprimento de, no
mínimo, dois metros.

A gestão do setor de radiologia, feita pelo tecnólogo em radiologia, levará todos esses
fatores em consideração, visto que, em sua formação universitária, estão previstas várias
disciplinas nas quais são abordados todos os fatores de proteção radiológica e as
legislações pertinentes. Logo, devemos estar muito atentos às informações
disponibilizadas nesta unidade

Estudo de caso
Desde a descoberta dos raios x, em 1895, pelo cientista Wilhelm Conrad Röntgen
(1845-1923), a radiologia vem sendo utilizada em larga escala, principalmente na área
médica, pois a radiação ionizante possibilita a visualização das estruturas internas do
corpo, através de métodos minimamente invasivos, sem precisar abrir o corpo.

Na radiologia, a radiação eletromagnética, em especial, os raios X, tem sua maior


importância, porque ela é responsável por formar as imagens radiológicas, que são
utilizadas no diagnóstico e terapia de inúmeras doenças. Essas imagens acontecem por
meio da interação dos raios X com o corpo humano.

A Radiologia Intervencionista (RI) é uma das técnicas que utiliza a radiação ionizante,
envolvendo intervenções diagnósticas e terapêuticas guiadas por imagens, que
possibilita a realização de procedimentos complexos, reduzindo a ocorrência de
infecções, diminuindo o tempo de recuperação e internação dos pacientes, bem como os
custos hospitalares. Um dos exemplos da aplicação da RI são os procedimentos
realizados na área da Cardiologia.

Tanto na radiologia convencional quanto na radiologia intervencionista existe a


exposição de pacientes e profissionais às radiações ionizantes. Entretanto, o principal
problema na Radiologia Intervencionista são as doses elevadas em profissionais e
pacientes.

Assim sendo, surge o conceito de radioproteção, que é o conjunto de normas que cujo
objetivo é proteger o ser humano e o meio ambiente, dos possíveis efeitos adversos
causados pela radiação ionizante. A radiação ionizante, ao atingir os tecidos, age sobre
os átomos e moléculas, provocando sua divisão em íons ou grupo de átomos com sinais
elétricos contrários, o que pode ocasionar alterações químicas no organismo. A radiação
ionizante no nosso organismo age prioritariamente nos cromossomos, provocando
ruptura, perda ou recombinações anormais que podem gerar mutação do material
genético (DNA) da célula.

Figura 1 | Reparo no DNA. Fonte: Wikimedia Commons.


A partir das informações fornecidas no texto acima, vamos, agora, ao nosso Estudo de
Caso:

Um paciente masculino, de 54 anos de idade, é submetido a uma angioplastia para a


colocação de Stents no coração, devido à oclusão total da artéria coronária. O
procedimento é realizado em uma sala de Radiologia Intervencionista do Hospital
Albert Einstein. Procedimentos como esse requerem tempos extensos para sua
realização, o que pode aumentar a exposição dos funcionários e pacientes à radiação.

Questionamentos devem ser feitos neste estudo de caso:

• Quais são os principais problemas de proteção radiológica enfrentados no dia a dia dos
serviços de radiologia convencional e intervencionista?
• Dos três cuidados da radioproteção (tempo, distância e blindagem), quais são os dois
mais utilizados nos procedimentos da Radiologia Intervencionista?
• Quando um organismo recebe repetidas doses de radiação, a parte que não foi
regenerada pode ter seus danos aumentados, e o mais importante ocorre no DNA.
Quais são os dois tipos de efeitos que ocorrem a partir da exposição à radiação?
• O que são efeitos teratogênicos da radiação ionizante?

_____

Reflita

Para você compreender um pouco mais sobre a Segurança dos Procedimentos da


Cardiologia Intervencionista e refletir sobre os questionamentos feitos em nosso Estudo
de Caso, leia o artigo disponibilizado a seguir:

FERREIRA, E. et al. Segurança dos Procedimentos da Cardiologia Intervencionista na


Síndrome Coronariana Crônica durante a Pandemia de COVID-19. Arquivos
Brasileiros de Cardiologia, v. 115, n. 4, p. 712-716. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/abc/a/ssCnt8NyYHVDSmSQ5H7N9vR/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em: 1 jul. 2022

Vamos responder os questionamentos feitos anteriormente no Estudo de Caso:

• Quais são os principais problemas de proteção radiológica enfrentados no dia a


dia dos serviços de radiologia convencional e intervencionista?

Na radiologia convencional, a utilização de técnicas radiográficas com baixos valores de


mAs efetivamente reduzem o risco de irradiação de pacientes e trabalhadores. Já a
reutilização de químicos de revelação, o uso de écrans desgastados e de aparelhos
radiológicos descalibrados requerem maior dose de radiação para se conseguir uma
imagem que possibilite o diagnóstico rápido e preciso, comprometendo, assim, a
proteção radiológica de trabalhadores e pacientes. Então, técnicos e tecnólogos precisam
usar as técnicas radiológicas sempre pensando em obter uma imagem de qualidade com
a menor dose de radiação possível.

Já na Radiologia Intervencionista, o tempo de duração dos procedimentos e o


consequente aumento da exposição de trabalhadores e pacientes tem sido um dos
maiores problemas. Tal situação vem sendo enfrentada através da utilização de
equipamentos pulsados, que não fazem imagem durante todo o tempo do procedimento
e, através de capacitações constantes, a todos os membros das equipes, sobre a
necessidade de cuidados constantes em relação à radioproteção.

• Dos três cuidados da radioproteção: tempo, distância e blindagem, quais os dois


mais utilizados nos procedimentos da Radiologia Intervencionista?

Na radiologia intervencionista, o menos utilizado dos três é a distância, pois, durante os


procedimentos, os profissionais ficam bem próximos ao paciente, que está deitado na
mesa de procedimentos.

Em relação a diminuir o tempo de duração dos procedimentos, isso tem sido trabalhado
através da introdução dos equipamentos pulsados e dos treinamentos a fim de
demonstrar que as imagens não precisam ser feitas de forma ininterrupta, o que diminui
a exposição de todos, trabalhadores e pacientes.

Dessa forma, concluímos que o mais utilizado dos três cuidados é a blindagem, sendo
expressamente obrigatório que toda a equipe que trabalha dentro da sala esteja usando
todos os EPIs disponíveis: avental plumbífero fechado na frente e atrás, protetor de
tireoide, óculos plumbíferos. Esses equipamentos de proteção individual devem ser
disponibilizados pelo serviço, em número suficiente para que toda a equipe os utilize
durante os procedimentos.

• Quando um organismo recebe repetidas doses de radiação, a parte que não foi
regenerada pode ter seus danos aumentados e o mais importante ocorre no DNA.
Quais são os dois tipos de efeitos que ocorrem a partir da exposição à radiação?

Efeito somático e efeito genético. O efeito somático é aquele que afeta somente a pessoa
irradiada, podendo ser dividido em duas categorias: efeitos em curto prazo, chamados
de efeitos agudos; e efeitos em longo prazo, chamados de tardios.

Já os efeitos genéticos são aqueles que podem surgir quando as gônadas (testículos ou
ovários) são expostas à radiação ionizante, afetando as futuras gerações das pessoas
irradiadas.

• Quais são os efeitos teratogênicos da radiação ionizante?

São os efeitos da radiação ionizante produzidos no feto ou no embrião. Na pré-


implantação, pode determinar a morte celular. Após o nascimento, podem determinar
leucemias e quadros de plaquetopenia. O período de maior comprometimento ocorre
entre a 8ª e a 16ª semanas, justamente quando ocorre a organogênese. A legislação
limita a dose de entrada no abdome da gestante em 2mSv (menos do que uma
radiografia simples de abdome). Durante a organogênese, são descritas as seguintes
alterações:

1. No sistema nervoso central: microcefalia, hidrocefalia e retardo mental.


2. Olhos: microftalmia, catarata e agenesia do cristalino.
3. Esqueleto: crescimento limitado e membros anormais.

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