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TECNOLOGIA EM RADIOLOGIA

PROCESSAMENTO DE IMAGENS
EM RADIODIAGNÓSTICO

Material didático compilado e adaptado de


outras fontes por PAULO ROBERTO PREVEDELLO
e LETICIA COSTA BRAMBILLA POWROSNEK
com o objetivo único de orientar o estudo dos
alunos na disciplina de
Processamento de Imagens Radiográficas

CURITIBA – PR
SUMÁRIO
01 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................... 3
A DESCOBERTA DOS RAIOS X.................................................................................................................................... 3
CARACTERÍSTICAS DOS RAIOS X ............................................................................................................................... 3
A PRODUÇÃO DOS RAIOS X ...................................................................................................................................... 4
A IMAGEM RADIOGRÁFICA ...................................................................................................................................... 4
O FILME RADIOGRÁFICO .......................................................................................................................................... 5
ATENUAÇÃO DO FEIXE DE RAIOS X .......................................................................................................................... 5
FATORES QUE AFETAM A ATENUAÇÃO DO FEIXE DE RAIOS X ................................................................................. 6
RESUMINDO ............................................................................................................................................................. 7
02 A FOTOGRAFIA E A RADIOLOGIA ......................................................................................................................... 7
FLUOROSCOPIA ........................................................................................................................................................ 8
A HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA.................................................................................................................................... 9
AS CHAPAS E OS FILMES RADIOGRÁFICOS ............................................................................................................. 11
03 O FILME RADIOGRÁFICO ATUAL ........................................................................................................................ 17
EXPOSIÇÃO ............................................................................................................................................................. 17
DENSIDADE (GRAU DE ESCURECIMENTO) .............................................................................................................. 17
DENSIDADE ÓTICA .................................................................................................................................................. 18
SENSIBILIDADE DO FILME RADIOGRÁFICO ............................................................................................................. 19
CONTRASTE RADIOGRÁFICO .................................................................................................................................. 20
VÉU ......................................................................................................................................................................... 21
ESTRUTURA DO FILME ............................................................................................................................................ 22
04 IMAGEM LATENTE ............................................................................................................................................. 26
FORMAÇÃO DA IMAGEM LATENTE ........................................................................................................................ 26
TIPOS DE FILME ...................................................................................................................................................... 29
05 TELAS INTENSIFICADORAS (ÉCRANS)................................................................................................................. 32
LUMINESCÊNCIA ..................................................................................................................................................... 33
FLUORESCENCIA ..................................................................................................................................................... 34
FOSFORESCÊNCIA ................................................................................................................................................... 34
HISTÓRICO .............................................................................................................................................................. 35
ESTRUTURA............................................................................................................................................................. 37
VANTAGENS DAS TELAS INTENSSIFICADORAS ....................................................................................................... 39
06 CHASSI ............................................................................................................................................................... 40
A REVELAÇÃO DOS FILMES ..................................................................................................................................... 42
07 A IMAGEM DIGITAL ........................................................................................................................................... 49
O SISTEMA CR ......................................................................................................................................................... 51
O SISTEMA DR......................................................................................................................................................... 57
CONVERSÃO DIRETA ............................................................................................................................................... 58
CONVERSÃO INDIRETA ........................................................................................................................................... 59
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................................... 62

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01 INTRODUÇÃO

A DESCOBERTA DOS RAIOS X

Os princípios físicos dos Raios X foram descobertos por Wilhelm Conrad Roentgen em
08 de novembro de 1895, esta descoberta marcou o início de uma nova era de diagnóstico na
Medicina. William Crookes havia desenhado o tubo que Roentgen utilizou para produzir os
Raios X. Estes raios foram chamados de X pois não era conhecido este tipo de radiação, que
atravessava madeira, papel, e até o corpo humano.

Figura 1: Willian Conrad Roentgen Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Difra%C3%A7%C3%A3o_de_raios_X


Figura 2: Equipamento de Raios X Fonte: https://www.philips.com.br/healthcare/solutions/radiography

CARACTERÍSTICAS DOS RAIOS X

O Raio X é uma onda eletromagnética, como a luz visível, as ondas de rádio, os raios
infravermelhos, e os raios ultravioletas. As ondas eletromagnéticas têm como características:
a sua frequência e o seu comprimento de onda, quanto maior a frequência menor o
comprimento de onda. A energia de uma onda é diretamente proporcional à sua frequência.
Como o Raio X é uma onda de alta energia, o seu comprimento de onda é muito curto da
ordem de 10–12 m (um picômetro) e sua frequência é da ordem de 1016 Hz. Com este
comprimento de onda muito curto, estes raios tem a capacidade de penetrar na matéria, o que
possibilita sua utilização no estudo dos tecidos do corpo humano.

Figura 3: a produção dos Raios X Fonte: https://radiacaoblog.wordpress.com/2016/04/22/Raios X/


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A PRODUÇÃO DOS RAIOS X

Raios X são produzidos ao se liberar energia no choque de elétrons de alta energia


cinética contra uma placa de metal. Para tais efeitos utiliza-se um tubo de Raio X que consiste
num tubo de vidro à vácuo com dois eletrodos de tungstênio (diodo), um ânodo (polo positivo)
e um cátodo (polo negativo). O cátodo consiste num filamento de tungstênio muito fino que
esquenta com a passagem de corrente elétrica de alta voltagem. Com isto os elétrons do
tungstênio adquirem suficiente energia térmica para abandonar o cátodo (emissão termiônica).
Devido à alta voltagem cria-se também uma diferença de potencial entre os eletrodos o que
faz que os elétrons emitidos pelo filamento de tungstênio sejam acelerados em direção ao
ânodo (polo positivo). A energia cinética dos elétrons depende da voltagem entre os eletrodos:
quanto mais alta a voltagem maior a energia cinética. O ânodo está revestido por tungstênio e
funciona como alvo para os elétrons.
No choque dos elétrons com o alvo de tungstênio a maioria da energia cinética destes é
transformada em calor, mas uma pequena parte produz Raios X através de três fenômenos:
radiação característica, desaceleração (“Bremsstrahlung”) e choque nuclear.

Figura 4: a produção dos Raios X Fonte: https://radiacaoblog.wordpress.com/2016/04/22/Raios X

A IMAGEM RADIOGRÁFICA

A imagem de radiografia convencional depende dos fótons resultantes da interação com


o objeto que dependem por sua vez da espessura do objeto e da capacidade deste de atenuar
o feixe de Raios X.
A detecção dos Raios X é feita através de um filme semelhante ao filme fotográfico. Este
filme é composto de sais de prata (Brometo de prata: AgBr e Halogeneto de prata: AgI).
Quando sensibilizado por um fóton de Raio X ou pela luz visível, o cátion de prata (íon positivo)
acaba sendo neutralizado, vira metal (Óxido de prata: Ag20), e escurece. Por outro lado, o sal
de prata que não foi sensibilizado pelo fóton ou pela luz fica transparente.

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O FILME RADIOGRÁFICO

Os filmes normalmente são compostos de camadas de plástico (poliéster) protegidas da


luz. O uso de camadas de prata recobrindo as duas superfícies do plástico aumenta a
sensibilidade do filme aos Raios X.

Figura 5: composição dom filme Fonte: https://www.ebah.com.br/content/ABAAAeqfIAJ/filme-radiografico


Figura 2: caixas de filmes Fonte: https://portuguese.alibaba.com/product-detail/medical-radiographic-film

ATENUAÇÃO DO FEIXE DE RAIOS X

Segundo Biasoli (2016) a trajetória de um fóton desde o foco emissor até o filme ou RI
pode ser dividida em três etapas:

Primeira etapa:
Corresponde à emissão do feixe de radiação pelo foco emissor até o objeto. Nesta
etapa, o feixe de Raios X tem uma estrutura razoavelmente homogênea em qualidade e
intensidade.

Segunda etapa
Corresponde à interação do feixe de radiação com o objeto. Nesta etapa irá ocorrer a
atenuação do feixe de Raios X, que consiste na redução da intensidade (atenuação) do feixe
de radiação incidente.

Terceira etapa
Corresponde à saída do feixe de radiação do objeto. Nesta etapa, o feixe de radiação
não é uniforme nem em número nem na energia dos fótons. Apenas 5% dos fótons que
incidem no objeto saem sem sofrer alterações.

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FATORES QUE AFETAM A ATENUAÇÃO DO FEIXE DE RAIOS X
Espessura: quanto mais espesso for o objeto irradiado, maior será a atenuação do
feixe de radiação.
Densidade (massa por unidade de volume): quanto mais denso for o objeto
irradiado, maior será a atenuação do feixe de radiação.
Número atômico (Z): quanto maior for o número atômico do objeto irradiado, maior
será a atenuação do feixe de radiação.
A atenuação ocorre pela combinação dos fenômenos de absorção e difusão do feixe
de radiação:

Atenuação = absorção + difusão

Absorção: A absorção fotoelétrica (interação fotoelétrica) é um efeito que consiste na


deposição de energia no objeto irradiado. Corresponde à interação de um fóton de radiação
com um elétron fortemente ligado a um átomo do objeto irradiado. O fóton incidente, ao chocar-
se com o elétron, transfere toda sua energia para ele, deixando de existir a seguir.

Difusão: A difusão, também denominada espalhamento, corresponde à interação de


um fóton de radiação com um elétron fracamente ligado a um átomo do objeto (elétron de
órbita mais externa do átomo).
Ao contrário do efeito fotoelétrico, a difusão atua prejudicialmente na qualidade da
imagem radiográfica.

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RESUMINDO

A obtenção de imagens radiográficas: o feixe de Raios X vai atravessar o objeto (peça


industrial ou paciente). De acordo com as densidades das diversas estruturas que foram
atravessadas pelo Raio X, haverá maior ou menor atenuação energética destes raios. A
resultante após a interação dos Raios X com o paciente é que irá sensibilizar o filme
radiográfico, que dará a imagem final. É importante saber que as diferenças de densidade
determinam as características radiológicas dos diferentes materiais e estruturas. Assim
materiais densos como os metais atenuam muito a energia dos Raios X, pois tem um número
atômico muito alto. Por outro lado, o ar, com densidade atômica e número atômico baixos não
atenua a energia dos Raios X. Assim, temos em ordem crescente 5 densidades radiológicas
básicas: ar, gordura, água, osso e metal. (LUZ, 2010).

Figura 7: diferentes densidades Fonte: https://br.pinterest.com/carmen3215/ciencias-salud/

02 A FOTOGRAFIA E A RADIOLOGIA

Na época da descoberta dos Raios X, a fotografia era uma técnica em desenvolvimento


e praticada quase como um hobby. O resumo da história da criação e da evolução da técnica
fotográfica faz parte desta exposição porque a fotografia integra a história da radiologia (e
também dos demais procedimentos de diagnóstico por imagens).

Figura 8: evolução da máquina fotográfica Fonte: https://fotografiamais.com.br/historia-completa-da-fotografia/


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Para a radiografia se impor como método de exame foi preciso vencer a tendência inicial
de se usar a fluoroscopia como procedimento principal porque essa última técnica não exigia
conhecimentos especializados e era fácil de executar, enquanto, para a radiografia, o longo
tempo de exposição, a baixa sensibilidade das chapas fotográficas pelos Raios X e a revelação
das imagens eram difíceis. Tudo isso exigia conhecimentos especializados que levavam a
resultados insatisfatórios e a qualidade das imagens, na época, era prejudicada pela baixa
densidade, pelo contraste deficiente e pela baixa sensibilidade.

FLUOROSCOPIA

A fluoroscopia é uma técnica moderna utilizada na obtenção de imagens dinâmicas,


permitindo sua visualização em tempo real. A historia da fluoroscopia iniciou em 1896, junto
com a descoberta dos Raios X, quando Roentgen usou a propriedade dos elementos
fluorescentes de absorverem radiação e reemitirem-na para realizar suas experiências na
forma de luz visível.
No ano seguinte, Thomas A. Edison inventou o primeiro fluoroscópio. O aparelho
original era uma tela de platino cianureto de bário colocada sobre o corpo do paciente na
direção do feixe de Raios X. O radiologista permanecia diretamente em frente à tela, olhando
uma imagem fluorescente amarelo-esverdeada muito tênue.
Mais tarde, as telas foram substituídas por tungstato de cádmio, e, em seguida, por
sulfídio de zinco-cádmio, melhorando o brilho da imagem na tela fluoroscópica.
Apenas uma única pessoa podia ver a imagem. O radiologista precisava adaptar seus
olhos à escuridão antes de realizar o exame de fluoroscopia, o que significava utilizar óculos
de proteção vermelhos até́ 30 minutos antes do exame. (SOARES, 2015)

Figura 9 e 10: Primeiros exames de fluoroscopia do início do século XX.


Fonte: Columbia University Libraries (2013).

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A HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA

A história da fotografia começou em 1826, quando o francês Joseph Nicephore Niepce


fez a primeira fotografia com uma câmara estenopeica (máquina fotográfica sem lentes).

Nove anos depois, em 1835, outro francês de nome Louis J.M. Daguerre criou a
revelação química e reduziu o tempo de exposição das fotografias.

Figura 11: revelação química Fonte: https://www.amorpelafotografia.com.br

Em 1839, na Inglaterra, Williiam F. Talbot concebeu o sistema fotográfico


positivo/negativo. Ele descobriu que podia revelar uma imagem negativa latente formada em
uma camada de sais de prata e que, depois de colocada sobre um papel sensível e exposta à
luz para ser copiada, transformava-se numa imagem positiva.
No mesmo ano, avaliando o trabalho de Talbot, Sir John Herschel criou o termo
“fotografia” e as palavras “positivo” e “negativo” para designar as fases do processo fotográfico.

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Figura 11: negativo e positivo Fonte: https://fotografiamais.com.br/historia-completa-da-fotografia/

Em 1871, Richard L. Maddox, na Inglaterra, usou chapas de vidros revestidas com uma
camada de gelatina seca na qual havia uma suspensão de brometo de prata.
Até 1880 o processo de fotografar, implicava preparar as chapas de vidro no momento
de obtenção da fotografia, o que obrigava a transportar um grande volume de material para
fotografar. Nesse ano, George Eastman, o fundador da Kodak, nos Estados Unidos, inventou
uma máquina para revestir automaticamente as placas com o material sensível.
O nome Kodak não existia antes. Ele foi criado pelo próprio Eastman, que estava
buscando um termo curto, inédito e que soasse bem independente do idioma. Ele só sabia que
gostava da letra K, a achava forte, e aí ficou brincando com as palavras até chegar a Kodak.

Figura 12: George Eastman (1854-1932) Fonte: https://fasciniodafotografia.wordpress.com


Figura 13: Caixa de Eastman’s Gelatine Dry Plates Fonte: https://fasciniodafotografia.wordpress.com.

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AS CHAPAS E OS FILMES RADIOGRÁFICOS
Em 1895, o ano da descoberta de Röntgen, estavam disponíveis três métodos de registo
da imagem radiográfica: placas fotográficas de vidro, filmes flexíveis e papéis sensíveis. Nas
décadas seguintes, assistiu-se ao desenvolvimento de novas técnicas mais adequadas para
uso exclusivo em Radiologia que permitissem contornar algumas das limitações verificadas
nos métodos utilizados anteriormente.

Em 1896, Carl Moritz Schleussner projetou placas fotográficas especiais a pedido do


próprio Roentgen. A placa radiográfica, que foi revestida com uma quantidade maior de
emulsão de brometo de prata especial reduziu drasticamente o tempo de exposição do Raio
X. Estas placas logo se tornaram populares tanto nos Estados Unidos quanto na Europa pela
sua grande densidade fotográfica.
A primeira placa feita na América para uso radiográfico foi fabricada pela cooperação
de dois pesquisadores: John Carbutt e Arthur Goodspeed, em fevereiro de 1896. O produto
era conhecido como a placa de Raios X de Roentgen e possuía uma emulsão de prata mais
grossa e concentrada do que os filmes convencionais.

Figura 14: Arthur Willis Goodspeed (1860-1943)e John Carbutt, (1832-1905) inventor de placas secas
Fonte: http://photoseed.com/blog/2012/05/02/heels-of-progress/
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Este detalhe permitia a redução drástica do tempo de exposição. Uma radiografia de
mão passou a ser realizada em 20 minutos, contra mais de uma hora com os filmes fotográficos
típicos.
Passados alguns meses, inovações técnicas nos equipamentos radiográficos,
juntamente com a melhoria das placas radiográficas, fez com que este tempo se reduzisse
para alguns poucos segundos. Com um tempo entre 30 e 60 segundos, algumas anatomias
espessas do corpo podiam ser radiografadas. Porém, as emulsões e as placas ainda eram
consideradas muito lentas (pouca sensibilidade).
Já em 1896, aqueles que se aventuravam em trabalhar com os Raios X possuíam uma
série de placas radiográficas, pois cada fabricante reivindicava para si a emulsão com melhor
sensibilidade. Alguns afirmavam que se uma placa era pouco sensível à luz, então seria muito
sensível à radiação, e vice-versa, mesmo quando a convicção na época era a de que emulsões
rápidas (sensíveis) para luz, também seriam rápidas para os Raios X.
As chapas de vidro eram de conservação difícil porque a gelatina tendia a se soltar do
vidro, eram frágeis, quebravam facilmente e seu transporte era difícil porque pesavam muito:
uma chapa de 25cm x43cm pesava cerca de 900 gramas enquanto um filme do mesmo
tamanho tinha peso de 28 gramas (fator de 20:1).
As chapas eram caras: uma chapa de 35x43 cm custava, em 1906, 1 dólar (valor que
hoje equivaleria a 100 dólares). Para se ter ideia de custo, na época um terno valia 7 dólares,
um par de sapatos, 3 dólares e o preço da carne era de 40 centavos de dólar por quilo.

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Apesar dos inconvenientes, as chapas de vidro tinham uso preferencial porque seu
manuseio era mais conhecido do que a manipulação dos filmes e dos papéis fotográficos. A
cobertura com gelatina somente em um dos lados do vidro permitia que fossem usadas
bandejas para a revelação, enquanto os filmes, com emulsão nos dois lados, tendiam a se
enrolar e não eram revelados satisfatoriamente e pior, eram menos sensíveis.
Era consenso na época que a espessura da emulsão, independentemente da cor que
era sensível, deveria ser mais grossa que a utilizada em fotografia e conter mais prata. O maior
problema no processamento do filme exposto era obter uma adequada densidade ótica.
As radiografias naquele tempo eram finas e com pouco contraste. Para superar esta
dificuldade e diminuir o tempo de exposição, para tornar esta nova fotografia de valor prático,
placas e gelatinas eram cobertos com várias emulsões. Esta técnica permitia aumentar o nível
de detalhamento e contraste da imagem em relação ao filme placa de emulsão simples.
Algumas placas e filmes eram manufaturados com emulsão nos dois lados da base.
Os raios passavam através da base e, no verso dos filmes, afetavam a emulsão em
ambos dos lados com a intensidade dc forma que a imagem de um lado era reforçada pela
imagem do outro lado. Assim, a densidade da imagem era dobrada e melhorava o valor
diagnóstico da radiografia.

Figura 14: uma “chapa” fotográfica Fonte: https://pt.slideshare.net/leonardosflor/historia-da-radiologia-dr-

A grande procura de placas fotográficas para uso em Radiografia, juntamente com a


necessidade de obtenção de radiografias de melhor qualidade e com um menor tempo de
exposição, levou à introdução por vários fabricantes, a partir de 1902, de placas especialmente
preparadas para este fim e que permitissem a obtenção de radiografias com melhor definição.
Estas eram genericamente designadas por placas de Raios X.

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Os defeitos durante a manufatura das placas eram um problema crítico porque afetavam
diagnóstico médico.
Durante um encontro da Sociedade Americana dos Raios Roentgen, em 1902, e com
Wolfram Fuchs, discursando sobre o diagnóstico do cálculo renal, afirmou: “Eu ainda não
encontrei um fabricante de placas cujos produtos não tenham qualquer defeito. Após o
negativo ser processado, nós encontramos manchas em todo lugar. As pedras mais difíceis
de serem localizadas são as menores. As grandes você as vê à distância. Pegue uma pedra
muito pequena, por exemplo, nesta radiografia. Você pode ver nitidamente o contorno do rim
e a sombra mais escura no centro, com muitas manchas mais escuras espalhadas.
Elas são visíveis até pelo paciente e isto não é bom. Eu normalmente uso duas placas,
uma em cima da outra, e exponho-as ao mesmo tempo com o envelope envolta delas. Desta
forma, embora as manchas (artefatos) ainda irão aparecer na placa, mesmo assim as manchas
não estão no mesmo lugar em ambas as placas. Desse jeito, você pode superar as dificuldades
dos defeitos das placas. Eu já falei com fabricantes de placas experientes sobre isto e eles
reconhecem, tentam remediar o problema, mas não conseguiram, pelos menos ainda, superá-
lo.”
As placas fotográficas para radiologia inicialmente eram inseridas em envelopes a prova
de luz e seladas. No entanto, descobriu-se que as placas se deterioravam pela interação entre
os químicos do papel e da emulsão. Isto levou ao desenvolvimento de envelopes duplos
separados, com o operador carregando a placa radiográfica de acordo com a necessidade,
primeira num envelope preto e depois num envelope de cor laranja ou vermelha para proteção.
Na realidade, a qualidade diagnóstica da maioria destas radiografias era simplesmente
confinada a descrição de aparências grosseiras.

Figura 14: Negativo obtido com uma placa de Raios X e negativo obtido com uma placa fotográfica
convencional. Ambas as placas tiveram a mesma duração de exposição e foram reveladas com a mesma
solução. Fonte: PEREIRA, 2012 .
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Em dezembro de 1896, apareceu o papel fotográfico específico para os Raios X, mas a
iniciativa fracassou porque eles exigiam tempo de exposição mais longo que o usado com
chapas de vidro e lhes faltava densidade.

Em 1889, George Eastman (1854-1932) introduziu os filmes de nitrato de celulose, que


possuíam uma emulsão sensitiva semelhante à usada nas placas secas, mas que, no entanto,
assentava sobre uma base de suporte de nitrato de celulose, em vez de vidro, oferecendo a
vantagem de serem flexíveis e mais leves.
Em 1913, Eastman lançou o primeiro filme específico para uso em radiologia, com
material sensível numa só face.
Somente no ano de 1914 ocorreu a virada para o uso de filmes porque faltou o vidro.
Nessa época, o vidro era fabricado na Bélgica e a Primeira Guerra Mundial interrompeu o
fornecimento desse material.
Com a invasão da Bélgica pelas tropas alemãs, aumentou a demanda por radiografias
para tratar os feridos de guerra. A necessidade de placas radiográficas tornou-se tão grande
que obrigou a criação de uma solução imediata, no caso, o filme radiológico.

Figura 15: Um “Petit Curie”, carro adaptado por Marie Curie para uso radiológico na Guerra
Fonte: https://hypescience.com/marie-curie-guerra/
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Mas cessada a guerra, foi difícil convencer os radiologistas a abandonar as chapas de
vidro em favor dos filmes. Esses só foram universalmente usados a partir da década de 20. O
longo uso das chapas de vidro criou a herança atávica do uso, ainda hoje comum, da
expressão “chapa radiográfica” como sinônimo de exame radiológico.
O ano de 1918 foi marcado por um avanço significativo no registo radiográfico, quando
foi introduzido o primeiro filme para uso exclusivo em fins radiográficos que possuía uma
camada de emulsão rápida em ambos os lados de um suporte de nitrato de celulose. O filme
“Dupli-Tized” da “Kodak”, permitindo uma considerável redução nos tempos de exposição,
como resultado de uma maior absorção da radiação pela emulsão dupla. Este filme ofereceu
uma outra vantagem nas práticas radiográficas: tornou possível, na prática, o uso do diafragma
de Potter-Bucky para o controle da radiação dispersa.

Figura 16: Alguns filmes Kodak com a tecnologia Dupli-Tized


Fonte: http://www.omnia.ie/index.php?navigation_function=3&europeana_query=Kodak+Ltd

O uso dos filmes avançou na década de 20, quando foi criada a colgadura uma espécie
de bastidor de metal para conter os filmes na posição vertical no processo de revelação,
fixação e lavagem das películas em tanques verticais. Contribuiu para o uso universal dos
filmes o aumento de sua sensibilidade e a redução de tempo de exposição.

Figura 15: Colgaduras Fonte: https://www.grupogrx.com.br/suporte-p-colgaduras-secas


Figura 16: revelação manual Fonte: http://jornaleletronicodaradiologia.blogspot.com/2015/09/
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03 O FILME RADIOGRÁFICO ATUAL

Para analisar a forma como o filme radiográfico responde aos diferentes fatores
determinados pela exposição à radiação, é preciso definir alguns conceitos, que permitem
traçar um perfil para esse comportamento. Conceitos, como exposição, densidade ótica, curva
característica, sensibilidade, detalhe radiográfico, véu, além do contraste.
Todos esses fatores possibilitam a melhor utilização do filme radiográfico e a obtenção
da imagem diagnostica com a maior qualidade possível, reduzindo sempre a dose de radiação
no paciente.

EXPOSIÇÃO
O primeiro conceito que analisaremos é bastante útil e se refere à exposição
propriamente dita.
Esta pode ser vinculada às condições impostas por determinada técnica em um dado
exame, como tensão, corrente e tempo selecionados. Também podemos definir exposição
como a quantidade de radiação gerada pela ampola radiográfica.
Para o nosso propósito atual, vamos definir exposição como a quantidade de fótons que
atinge certa área do filme e que provoca nele um determinado grau de escurecimento, após o
processamento químico.
A exposição é afetada por fatores como tensão aplicada à ampola, corrente e tempo,
todos vinculados à técnica empregada.

A expressão a seguir define a grandeza.

E=IxT

Onde:

E é a exposição, dada em uma unidade considerada (R, lumens, lux, mAs, etc.)

I é a intensidade da radiação considerada.

T é o tempo durante o qual se submete determinada estrutura a essa radiação.

DENSIDADE (GRAU DE ESCURECIMENTO)


Segundo Salgado (1994) densidade é o grau de enegrecimento ou de escurecimento
de um filme de Raios X quando sofre a ação da exposição e após o seu processamento
químico. Portanto a densidade depende da exposição e do processamento químico.

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DENSIDADE ÓTICA
É a grandeza que define o grau de transparência do filme. Esse conceito está
relacionado, na radiologia, à medição do grau de escurecimento de uma determinada área de
um filme radiográfico.

A quantificação dessa grandeza é feita através da aplicação de uma quantidade


conhecida de luz (I0) a um dos lados do filme processado, e da medição da quantidade de luz
que emerge do outro lado dele (I1),

Analisando o conceito de transparência dado pela densidade ótica, verificamos que não
importa a exposição a que o filme está sujeito, mas sim a relação entre a intensidade de luz
incidente e a intensidade transmitida. Assim, o mais importante na verificação do grau de
transparência de uma região do filme é medir a fração da luz incidente que consegue
atravessá-lo.

CURVA CARACTERÍSTICA

Cada tipo de filme se comporta de uma determinada maneira quando submetido à


radiação e à luz produzida pela tela intensificadora no momento da exposição.
Para conhecer a forma como cada um responde a essas condições de exposição, é
construída uma curva de resposta que mostra os diferentes graus de enegrecimento
produzidos sobre o filme, para níveis de exposição conhecidos. A cada exposição é atribuído
um grau de enegrecimento.
Cada filme, dependendo de sua sensibilidade à luz, mostrará um comportamento, ou
seja, um grau de enegrecimento para as mesmas exposições.
Filmes mais sensíveis produzem maior escurecimento que outros, submetidos às
mesmas condições de exposição.

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A Figura 12.2 mostra uma curva característica de um filme radiográfico e a tira
sensitométrica (ao lado), que indica o seu enegrecimento a diferentes exposições. O eixo
horizontal mostra o logaritmo das exposições relativas, onde cada exposição é feita com o
dobro do valor anterior (log 2 = 0,3).

SENSIBILIDADE DO FILME RADIOGRÁFICO

Sensibilidade é a medida da capacidade do filme para registrar a energia radiante, ou


como ele reage a esta exposição.
O parâmetro sensibilidade, também conhecido como velocidade, é aquele que
determina o comportamento do filme com relação a um determinado grau de exposição, bem
como o respectivo enegrecimento.
Filmes mais rápidos, ou mais sensíveis, precisam de menos exposição para produzir a
mesma densidade ótica que outros.
Um filme é três vezes mais sensível que outro se precisar de apenas um terço da
exposição que este precisa para produzir o mesmo enegrecimento.

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Importante salientar que a sensibilidade de um filme está diretamente relacionada com
o espectro de absorção luminosa da emulsão. Assim, a sensibilidade de um filme verde é maior
para a luz verde emitida por telas intensificadoras de terras-raras.
Cada filme, da mesma forma que responde à luz da tela intensificadora, exige uma luz
de segurança para ser manipulado dentro da câmara escura.
Filmes verdes devem ser operados sob luz vermelha, enquanto filmes azuis devem ser
manipulados sob luz âmbar ou vermelha.

CONTRASTE RADIOGRÁFICO
Contraste é a diferença em densidades entre duas áreas selecionadas do sujeito, ou
entre as várias partes da imagem. Está relacionado ao brilho ou escurecimento na imagem
entre uma área de interesse e sua vizinhança de fundo.

Figura : Variação de contraste de um objeto circular com mesma densidade óptica (tom de cinza)
em diferentes densidades ópticas de sua vizinhança
Fonte: FURQUIN, 2019

O contraste radiográfico é o resultado da influência do contraste do sujeito e do contraste


do filme.
Contraste do sujeito é a porção de intensidade de Raios X transmitida por áreas
selecionadas. É afetado pela espessura, composição atômica, radiação secundária e
Kilovoltagem (quanto mais alta a kilovoltagem, mais baixo o contraste)
As diferenças entre tons de cinza são utilizadas como informação na imagem médica e
servem para distinguir os diferentes tipos de tecidos, analisar as relações anatômicas e
algumas vezes quantificar funções fisiológicas. Quanto maior a diferença entre os tons de cinza
mais fácil é identificar as estruturas ou as interfaces entre elas (FURQUIN, 2019).

Temos três tipos de contraste:

BAIXO

ALTO

MÉDIO

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Baixo: quando no filme não há diferença entre preto e branco, predomínio do cinza.

Médio: quando no filme há preto, branco e cinza.

Alto: quando no filme há predominância de preto e branco.

DETALHE RADIOGRÁFICO
Detalhe radiográfico é a diferença de contrastes entre duas áreas selecionadas do filme.
O detalhe é traduzido pela clareza do contorno das estruturas radiografadas. E afetado por:
tamanho do ponto focal, distância objeto-filme, espessura da emulsão, contato tela
intensificadora-filme, movimento do paciente, radiação secundária.

VÉU
Véu de um filme é a densidade (grau de escurecimento) que provém de outras fontes
que não a fonte principal de exposição (Raios X). Essa densidade ou escurecimento não
desejada na emulsão é ocasionada por diversas fontes: exposição do filme ao calor, umidade
excessiva, vapores químicos, luz de segurança inapropriada, condições erradas de revelação
do filme.
É um processo que afeta a boa qualidade radiográfica.
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ESTRUTURA DO FILME

Um filme radiográfico é composto por uma emulsão fotográfica muito fina e uma base
plástica transparente que serve para dar sustentação à emulsão. A emulsão fica em suspensão
em gelatina fotográfica, o que permite sua melhor distribuição, em camadas de
aproximadamente 5 a 10 micrometros (mm) de espessura, evitando que ela se deposite
diretamente na base plástica do filme. A gelatina também protege a emulsão do contato
humano enquanto a imagem não é processada.

Figura 17: Estrutura do filme radiográfico de face simples. Fonte: SOARES, 2015

A base é coberta por uma camada bem fina, que permite a sua ligação à emulsão. Para
certos exames, como a mamografia e radiografias das extremidades, prefere-se usar o filme
de simples revestimento, associado a uma só́ tela intensificadora, para diminuir o borramento
na imagem.
Entretanto, o duplo revestimento diminui a exposição requerida para produzir uma
imagem satisfatória, além de reduzir a radiação no paciente.
Neste caso, a emulsão-gelatina, que contém um composto de prata, é colocada em
ambos os lados da base.

Figura 18: Estrutura do filme radiográfico de face dupla. Fonte: SOARES, 2015

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BASE

A base ou suporte do filme é uma camada composta de plástico transparente (poliéster


ou tri acetato de celulose) que cumpre com os requisitos de segurança contra incêndio. A
espessura é de aproximadamente 200 mícrons, podendo variar de 150 a 300 mícrons
conforme o fabricante ou o uso específico.

São características principais da base:

• Fornecer adequado grau de força, rigidez e planificação para o manuseio. •


Possuir boa estabilidade dimensional.
• Absorver pouca água, requisito importante durante o processamento do filme.

Recentemente, o poliéster tem sido preferido em relação ao tri acetato de celulose


devido a sua maior resistência mecânica contra amassamentos.
O poliéster é fabricado a partir de dois compostos químicos: etileno glicol e dimetil
tereftalato. Um polímero derretido é obtido com a mistura dos dois compostos em alta
temperatura e baixa pressão.

GELATINA

A gelatina desempenha muitas funções importantes, além de agir como um veículo para
manter os micros cristais de haleto de prata uniformemente distribuídos. Essa distribuição
chega a quase 50% do volume total, entre gelatina e micro cristais.
Assim, a gelatina é suscetível a temperaturas altas, que podem deixá-la muito mole a
ponto dos micros cristais se deslocarem para um ponto único, o que é muito comum, devido à
armazenagem vertical da caixa de filmes. A gelatina fornece razoável durabilidade à emulsão
antes e depois do processamento porquê é relativamente estável.

Também permite a rápida revelação da imagem porquê é facilmente penetrada pelas


soluções que com ela reagem, deixando-a menos densa. A camada possui espessura entre 3
e 5 μm.

A gelatina tem as seguintes vantagens:

• Distribuir os micro cristais de haleto;

• Fornecer durabilidade à emulsão;

• Revelar a imagem com maior rapidez.


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CAMADA ADESIVA

Por causa de uma impossibilidade da gelatina agregar-se à base plástica, já́ que ambas
possuem uma superfície muito lisa, faz-se necessário o uso de uma finíssima camada de
adesivo para unir a gelatina à base. Ela deve ser homogênea, para evitar artefatos na imagem,
e transparente, para que a luz branca do negatoscópio possa transpassá-la sem ser atenuada.
A camada adesiva também é chamada de substrato.

CAPA PROTETORA

Cada emulsão tem um revestimento de material protetor que diminui a possibilidade de


danos à superfície sensível do filme. Alguns revestimentos protetores também contém
compostos que melhoram o seu transporte (deslizamento) pelos rolos automáticos de filmes,
presentes nas processadoras mais modernas.

HALETO DE PRATA

Vista sob um microscópio, a emulsão é composta de inúmeros micro cristais ou grãos


fotográficos de haletos de prata suspensos em gelatina. Para a maioria dos filmes radiográficos
médicos, esses micro cristais possuem em média 1 μm de diâmetro, e há́ milhões deles em
um centímetro cúbico de emulsão.
O haleto de prata é uma molécula composta de prata e bromo, ou cloro, ou iodo –
átomos membros da família dos elementos halogêneos. Os micro cristais mais utilizados são
os de brometo de prata e contém pequenas quantidades de iodeto ou cloreto de prata que
melhoram o rendimento da absorção luminosa.Quando os micro cristais nessa emulsão
sensível absorvem a energia da luz, ou eventualmente da radiação X, ocorre neles uma
mudança física, que gera a formação de uma imagem latente, assim denominada por que não
pode ser detectada por métodos físicos comuns.
Entretanto, quando o filme exposto é processado em uma solução chamada de
revelador, ocorre uma reação química que agrupa os micros cristais de prata expostos em
diminutas massas de prata metálica negra, deixando os cristais não expostos essencialmente
inalterados. A prata, suspensa em gelatina, após o processo de fixação, será a imagem visível
na radiografia. Os átomos de prata, bromo e iodo formam uma molécula a partir de ligações
atômicas entre si. A prata possui um elétron na sua última camada (O). O bromo e o iodo
possuem sete elétrons nas suas últimas camadas (N e O, respectivamente).
Porém, os átomos são mais estáveis se possuírem oito elétrons na última camada.
Então, a prata cede seu elétron para o bromo ou o iodo, que se completam em um processo
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de ligação iônica. Assim, surgem na molécula do haleto íons positivos (Ag+) e íons negativos
(Bar- ou I-). Como a estrutura cristalina dos haletos não é rígida, os íons positivos tendem a se
deslocarem, saindo da estrutura cúbica do cristal.
Esse movimento dos átomos de prata, deixando suas ligações com os haletos, provoca
o aparecimento de prata intersticial [Ag+]. Ao mesmo tempo, uma lacuna negativa aparecerá
na rede cristalina. Esse fenômeno, muito comum nos haletos de prata, é conhecido como
Defeito de Frene. Essa movimentação toda acaba por desequilibrar localmente a neutralidade
do micro cristal, contribuindo para que a sua superfície se torne levemente negativa, pelo
acúmulo de lacunas deixadas e pelo fato dos átomos intersticiais de prata se agruparem mais
para o centro da estrutura.
Por fim, para que todo processo de formação da imagem possa ser desencadeado, um
elemento dopante, ou impureza, é agregado aos micro cristais: o sulfeto de prata [AgS].
Essa impureza será́ o ponto de convergência para elétrons e átomos de prata livres,
dando início ao processo de memorização dos pontos formadores da imagem latente.
O formato e a distribuição dos micro cristais na emulsão são fatores importantes para a
qualidade da imagem final. Cristais maiores e mais bem distribuídos garantem uma maior
absorção da radiação luminosa, permitindo, consequentemente, diminuir a dose no paciente.
Atualmente, a produção dos micros cristais de haleto evoluiu muito e de pequenas pedras,
quase que aleatoriamente distribuídas, os fabricantes conseguem espalhar grandes cristais
planos uniformemente pela emulsão. Por outro lado, essa característica influi diretamente na
velocidade do filme.

CORANTE ANTI-HALO

Nos filmes de dupla camada de emulsão, é misturado um corante especial na base do


filme para evitar o efeito halo. Ele ocorre quando um fóton de luz, ao interagir com a tela
intensificadora anterior, ultrapassa todo o filme e acaba interagindo com os haletos de prata
da camada posterior, ou vice-versa. O fóton atinge a tela posterior e a imagem é gravada na
camada anterior. Ou seja, há um grande percurso para o fóton de luz percorrer, o que
provocará um desvio do ponto onde ele deveria sensibilizar o filme. Trata-se de um dos tipos
de borramento, pois a imagem é gravada alguns milímetros longe do seu ponto correto. Com
o corante misturado à base, caso o fóton de luz não interaja com a camada de emulsão próxima
à tela intensificadora que o originou, este não atingirá a camada oposta, pois o corante irá
absorvê-lo

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04 IMAGEM LATENTE
Fundamental para o entendimento da produção da imagem em um filme radiográfico é
o conceito de imagem latente. Quando fótons de Raios X atravessam um objeto e chegam ao
filme radiográfico, eles alteram quimicamente os cristais fotossensíveis de haleto de prata da
emulsão do filme com os quais eles interagem. Desta forma, estes cristais são quimicamente
alterados, e o conjunto deles constitui a chamada imagem latente, que é invisível. As
alterações produzidas pelos fótons de Raios X (ou luz) tornam os cristais sensíveis a ação
química do processo de revelação, que converte a imagem latente em uma imagem visível ou
manifesta.É importante lembrar que a imagem já́ está formada, porém não pode ser visualizada
pelo operador, por isso, deve-se ter cuidado na manipulação.

Figura 19: A Imagem Latente e a sua Revelação. Fonte: BUSHONG, 2015

FORMAÇÃO DA IMAGEM LATENTE


A emulsão dos filmes radiográficos é constituída por cristais de haleto de prata, ou seja,
cristais de brometo e iodeto de prata que estão suspensos em uma gelatina sobre a base do
filme.
Estes cristais, arranjados sob a forma de treliça (Figura 1), são imperfeitos em vários
aspectos:

FIGURA : Cristal Halogenado de Prata

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A) Eles contêm alguns íons livres de prata nos espaços da treliça, que são denominados
de íons de prata intersticial.
B) Existem distorções físicas no arranjo regular entre os íons de prata e de brometo,
causadas pela presença de íons de iodeto, que são relativamente grandes e ocupam alguns
sítios do brometo.
C) Os cristais de haleto de prata são sensibilizados quimicamente pela presença de
compostos de enxofre sobre a sua superfície. Juntamente com as irregularidades físicas
(provocadas pelos íons de iodeto) eles compreendem os sítios de imagem latente, que
possuem uma função importante na formação da imagem (logo não são impurezas): eles
iniciam o processo de formação da imagem pela captura de elétrons gerados quando a
emulsão é irradiada. Existem muitos destes sítios de imagem latente em cada cristal.
Quando os cristais de haleto de prata são irradiados, os fótons de Raios X interagem
primeiramente com os íons de brometo. Estas interações resultam na remoção de elétrons dos
íons de brometo, com a produção de elétrons de alta velocidade e fótons dissipados (figura 2).
Pela perda do elétron removido, o íon brometo é convertido em um átomo de brometo.
Os elétrons que foram “arrancados” movem-se através do cristal, gerando mais átomos de
brometo, elétrons removidos (secundários) e fótons dissipados, até chegarem a um sítio de
imagem latente (também denominado de “armadilha de elétron”). No sítio então eles são
capturados, doando uma carga negativa ao mesmo.

FIGURA : Remoção de um elétron do íon Brometo

Estando o sítio negativamente carregado, ele atrai íons de prata livre intersticial (figura
3), que vai se tornar neutralizada e se precipita como um átomo de prata metálica (figura 4).

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FIGURA: Deslocamento do íon de Prata livre em direção ao sítio carregado negativamente
FIGURA: Formação de um átomo de Prata
Este ciclo de eventos ocorre muito rapidamente (um elétron pode viajar para uma
armadilha de elétrons em 10-11 segundos), desde que fótons de Raios X e elétrons
“arrancados” atinjam íons de brometo. O número de cristais afetados depende do número de
fótons de Raios X que atingem determinada área do filme. O conjunto destes átomos de prata
metálica nos sítios compreende a imagem latente.
Mesmo um elevado número de átomos de prata (prata metálica negra) em cada ponto
de sensibilidade não é suficiente para ser visualizado por meios ordinários, porém, é esta prata
metálica em cada sítio que torna o cristal sensível ao processo de revelação e formação da
imagem.Quanto maior é o número de átomos de prata metálica agregados mais sensível é o
cristal aos efeitos do revelador.
O revelador converte os cristais com prata metálica depositada nos sítios em grãos de
prata negra metálica que pode ser observada, ou seja, na imagem visível. Ag+

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TIPOS DE FILME
Uma das características requeridas de uma tela intensificadora é que não apresente
luminescência residual.
Significa que a imagem fluorescente é de curta duração.
Dessa forma, para que se tenha uma imagem duradoura, que possa ser examinada de
acordo com a conveniência, a imagem da luz da tela intensificadora é comumente transferida
para outro tipo de receptor: o filme radiográfico.
A radiografia, o registro duradouro de uma imagem de Raios X, é feita em um filme
especial por meio de um processamento fotográfico.
A radiografia abrange todos os elementos da fotografia: energia radiante, a matéria a
ser gravada, o filme fotossensível e o processo químico que torna a imagem latente visível e
duradoura.
Os fabricantes podem alterar muitas variáveis durante a fabricação de um filme a fim de
potencializar suas características de acordo com o uso que se deseja.
Assim, os filmes radiográficos podem ser divididos nos seguintes grandes grupos,
conforme sua utilização principal.

FILMES PARA EXPOSIÇÃO DIRETA

Apesar da pouca sensibilidade dos haletos de prata à radiação X, é possível produzir


uma imagem mediante a exposição direta aos fótons X de um filme especialmente preparado
para isso. Os fótons X converteriam os micro cristais de haleto de prata diretamente em prata
metálica, em um processo conhecido como fotolise.

FILMES PARA TELA INTENSIFICADORA

Todos os filmes radiográficos tem uma sensibilidade tanto para a luz quanto para os
Raios X, embora em proporções bem distintas. Isso fica evidente quando um filme para tela
intensificadora é exposto à radiação direta (radiação X sem tela intensificadora).
É necessária uma exposição de 50 a 100 vezes maior do que para a exposição do
mesmo filme, com a tela intensificadora.
Assim, o filme radiográfico é capaz de gravar tanto a imagem dos Raios X diretamente
quanto a imagem fluorescente produzida por telas intensificadoras. Dependendo do tipo de
tela intensificadora no qual os filmes serão usados, alguns são sensíveis à luz azul ou à
radiação ultravioleta.

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Outros tipos de telas emitem luz verde, o que necessita a fabricação de filmes sensíveis
à luz verde.

Os filmes absorvem muito mais luz do que a radiação X.


Em radiografias médicas, praticamente todas as exposições são feitas com o sistema
filme-tela intensificadora por causa das várias tensões utilizadas, da necessidade de reduzir a
exposição da radiação ao paciente e da possibilidade de utilizar um curto tempo de exposição,
o que diminui o borramento causado por movimento involuntário.
O uso de filmes sem telas para obtenção de imagens radiográficas é mais utilizados na
radiologia odontológica.
O sistema filme tela- intensificadora reduz a exposição do paciente à radiação e diminui
o barramento causado por movimento involuntário.

FILMES AZUIS:São os filmes mais antigos, e que aos poucos estão sendo substituídos pelos
filmes verdes. Como o nome sugere, esses filmes são muito sensíveis à luz azul emitida pelas
telas intensificadoras ditas azuis.

FILME ULTRAVIOLETA: São semelhantes aos filmes azuis, porém, também conseguem
absorver a luz ultravioleta emitida por alguns tipos de tela, como as feitas com flúor cloreto de
bário, estrôncio sulfato de bário, sulfato de bário, sulfureto de zinco e tanta lato de ítrio.

FILMES ORTOCROMÁTICOS Alguns dos fósforos de terras-raras emitem grande parte de


sua luz na região verde do espectro luminoso. Para se tirar vantagens dessa emissão de luz,
é necessário usar filmes ortocromáticos com a tela intensificadora.
Ortocromáticos significa que são sensíveis as luzes verde, azul e à radiação ultravioleta.
Quando se usam filmes ortocromáticos, deve-se selecionar filtros de segurança adequados na
câmara escura que levam em consideração a sensibilidade espectral desses filmes.

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TAMANHOS DE FILME

Por uma questão de facilidade de manuseio e confecção de telas intensificadoras,


chassis e porta-chassi, o tamanho dos filmes radiográficos foi padronizado. Atualmente,
existem 10 tamanhos distintos de filmes:

CUIDADOS COM O FILME RADIOGRAFICO

Devido a sensibilidade do filme radiográfico não exposto (virgem) a fatores físicos,


químicos e biológicos, alguns cuidados devem ser observados na armazenagem das caixas
fechadas.
• As caixas devem ser armazenadas na vertical, em um local impermeável e blindado
a radiação;
• A umidade relativa do ar do local da armazenagem deve estar entre 30 e 50%;
• A temperatura do local de armazenagem não deve sofrer variações bruscas e deve
estar entre 10 e 21°C;
• As caixas não podem ter contato com nenhum tipo de liquido (água ou substâncias
químicas).

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05 TELAS INTENSIFICADORAS (ÉCRANS)
Segundo SOARES (2015) desde o surgimento dos exames radiográficos, novas
tecnologias foram sendo buscadas a fim de melhorar a qualidade da imagem e diminuir a dose
no paciente. Apresentaremos agora a tela intensificadora, que é um elemento que contribuiu
muito para aperfeiçoar os exames e diminuir a dose de radiação no paciente.
As telas intensificadoras são acessórios usados em conjunto com os filmes radiográficos
como uma solução para a melhoria do nível de sensibilização do filme.

As telas intensificadoras radiográficas são partes do receptor convencional de imagem.


O receptor de imagem inclui o chassi, a tela intensificadora radiográfica e o filme radiográfico.
Embora alguns raios X alcancem a emulsão do filme, é realmente a luz visível das telas de
intensificação radiográfica que expõe o filme radiográfico. A luz visível é emitida do fósforo das
telas de intensificação radiográfica, que é ativado pelos raios X formadores de imagem que
emergem do paciente. (BUSHONG, 2012)
O uso de filmes para detectar raios X e formar a imagem de estruturas anatômicas é
ineficiente. Na verdade, menos de 1% dos raios X incidentes no filme radiográfico interage com
o filme e contribui para a imagem latente.
A maioria das radiografias é feita com o filme em contato com uma tela intensificadora
radiográfica porque o uso do filme por si só exige elevada dose no paciente. A tela radiográfica
de intensificação é um dispositivo que converte a energia do feixe de raios X em luz visível.
Essa luz visível, em seguida, interage com o filme radiográfico, formando a imagem latente.
Aproximadamente 30% dos raios X que atingem a tela de intensificação radiográfica
interagem com a tela. Para cada interação, grande quantidade de fótons de luz visível é
emitida.
SOARES (2015) considera um percentual de até 5% apenas dos raios incidentes sendo
absorvidos pelo filme e registrado como imagem. Os restantes 95% são, em princípio,
perdidos.
Com o uso de materiais e dispositivos mais sensíveis que os filmes, é possível
aproveitar boa parte destes 95% de radiação, aumentando a eficiência da aquisição da
imagem. Inicialmente, no processo de desenvolvimento dos filmes radiográficos, foram
associadas emulsões fotos- sensíveis cada vez mais eficientes para melhorar o poder de
absorção da radiação X.
Porém, os tempos e as doses envolvidos na produção de uma imagem radiográfica
eram ainda muito altos. A evolução da tecnologia para a produção de imagens radiográficas
levou ao desenvolvimento das chamadas telas intensificadoras, na década de 1930, que
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aumentaram consideravelmente o rendimento do processo de sensibilização do filme (de 10 a
100 vezes) e, ao mesmo tempo e na mesma proporção, permitiram a diminuição das doses
aplicadas a pacientes durante os exames radiológicos.
Sabe-se que os raios X tem a capacidade de fazer fluorescer certas substâncias
(principalmente os fósforos) que, ao receberem a radiação, também emitem radiação luminosa
de um determinado espectro, normalmente visível. A cor predominante emitida no espectro é
definida pela molécula de fósforo escolhida e pelo processo de fabricação dele.
No início do uso da radiografia como meio de diagnóstico, o estudo das partes
anatômicas era feito com telas fluorescentes, em um procedimento conhecido por fluoroscopia,
e não com filmes radiográficos. As telas continham uma substância – sulfato de zinco – que
produzia uma coloração amarelo-esverdeada, emitida quando da interação destas com a
radiação X.
Essa prática gerou a possibilidade de uso do princípio da fluoroscopia para o registro
de uma imagem em um filme fotográfico sensível à luz amarelo-esverdeada. Assim, surgiu a
primeira tela intensificadora. As telas intensificadoras, antigamente conhecidas por écrans (tela
em francês) ou écrans reforçadores, são acessórios usados em conjunto com os filmes
radiográficos para melhorar o nível de sensibilização do filme, já́ que ele é muito pouco sensível
aos raios X para registro de imagens radiográficas.
Mais tarde, foram desenvolvidas as telas compostas de tungstato de cálcio, que emitem
luz na região do azul e ultravioleta.

LUMINESCÊNCIA
Qualquer material que emita luz em resposta a alguma estimulação exterior é chamado
de material luminescente, ou fósforo, e a luz visível emitida é chamada de luminescência.
Certo número de estímulos, incluindo corrente elétrica (a lâmpada fluorescente),
reações bioquímicas (insetos, como o vaga-lume), luz visível (um mostrador de relógio) e raios
X (uma tela de intensificação radiográfica), causam luminescência nos materiais.
A luminescência é similar à emissão característica de raios X. Entretanto, a
luminescência envolve elétrons de camadas mais externas.
Em uma tela de intensificação radiográfica, a absorção de um único raio X causa a
emissão de milhares de fótons de luz.

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Figura: A luminescência ocorre quando um elétron de uma camada externa é elevado para um estado
excitado e retorna a seu estado normal com a emissão de um fóton de luz. Fonte: BUSHONG, 2012

Quando um material luminescente é estimulado, os elétrons das camadas externas são


levados para níveis de energia excitados. Isso cria um buraco nas camadas eletrônicas mais
externas, que é uma condição instável para o átomo. O buraco é preenchido quando o elétron
excitado retorna ao seu estado normal. Essa transição é acompanhada da emissão de um
fóton de luz visível.
Dois tipos de luminescência são identificados:

FLUORESCENCIA
Se a luz visível é emitida somente quando o fósforo estiver estimulado, o processo é
chamado de fluorescência.

FOSFORESCÊNCIA
Se o fósforo continua a emitir luz após a estimulação, o processo é chamado de
fosforescência.
Alguns materiais apresentam fosforescência por longos períodos após a estimulação.
Por exemplo, um mostrador de relógio estimulado por luz se desvanecerá lentamente em um
armário escuro. As telas de intensificação radiográfica apresentam fluorescência.
Atualmente, são usados outros tipos de fósforos – de sulfato de bário e de terras-raras
– que emitem radiação luminosa na cor verde. Os filmes para impressoras a laser são
sensíveis à luz vermelha e, por isso, não podem ser utilizados com telas intensificadoras na
falta de filmes verdes ou azuis.
A vantagem do uso das telas intensificadoras é evidente pela grande redução da dose
no paciente, pela diminuição do borramento por movimento – já́ que os tempos do exame são
reduzidos – e pelo aumento da vida útil do tubo, devido à aplicação de cargas menores (tensão
X corrente) à ampola.

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HISTÓRICO
Em janeiro de 1896, Campbell Swinton sugeriu a tomada de radiografias com o uso de
écrans reforçadores. Em abril, experimentalmente, ele constatou a possibilidade de se fazer
uma radiografia em alguns segundos, no lugar de minutos, com o uso de um écran fluorescente
em contacto com uma chapa fotográfica, mas verificou a perda de qualidade da radiografia.
Ele constatou que a menor granulação do écran melhora a resolução, mas aumenta o tempo
de exposição necessário para a obtenção da imagem.
A prioridade do uso de écrans reforçadores na prática médica é atribuída a Michael Pupin
de Chicago. Em fevereiro de 1896, ele precisou radiografar a mão de um caçador ferido com
grãos de chumbo. Como o paciente não podia suportar o longo tempo de imobilização
necessário para obter a radiografia, Pupin colocou um écran sobre a chapa fotográfica e
conseguiu, em alguns segundos, obter uma imagem aceitável.
No ano seguinte, o Dr. Max Levy propôs o uso de dois écrans em filmes com dupla
camada sensível. Apesar da evidente redução no tempo de exposição, muito tempo decorreu
até que os écrans reforçadores fossem usados rotineiramente. Atribui-se que a resistência ao
uso deve-se à qualidade dos primeiros écrans reforçadores, nos quais eram usados sais
naturais, cuja granulação não era uniforme e as impurezas de outros materiais que continham,
degradavam as imagens. Outro defeito dos primeiros écrans que foram usados era a o fato de
que o brilho nos sais persistia após cessar a exposição aos raios e degradava a qualidade das
radiografias.
O aperfeiçoamento dos écrans reforçadores se deve a Carl V. S. Patterson e sua empresa
Patterson Screen Co. Em 1910, a empresa começou a fabricar écrans com sais naturais de
tungstato de cálcio, mas, em 1916, Patterson lançou os écrans com tungstato de cálcio
sintético, eliminando os inconvenientes das impurezas e da granulação grosseira.
Em 1918, as radiografias já eram feitas com filmes entre um par de écrans: o écran
anterior (voltado para o tubo de Raios X) tinha cristais de granulação fina e o posterior com
cristais de granulação mais grossa, para compensar a atenuação dos Raios X ao atravessar o
filme, fazendo com que o brilho dos dois écrans fosse idêntico em cada lado da película.
Em 1921, Patterson lançou o écran lavável, protegendo a camada de cristais com uma
tela transparente, evitando o custo da substituição dos écrans sujos ou contaminados. Em
1924, a Patterson Screen Company lançou o écran com a marca “Par-Speed” que por décadas
foi usada pelo mundo como equipamento padrão. Finalmente, a qualidade dos écrans venceu
a resistência e seu uso tornou-se universal entre a década de 1930 e de 1940.

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O aperfeiçoamento dos écrans não cessou e foi mantida a pesquisa de cristais com
melhor fluorescência e, com isso, o tungstato de cálcio foi substituído pelo sulfato de bário e
chumbo.
Em 1971, a Kodak lançou um écran emissor de radiação ultravioleta. O avanço final na
qualidade dos écrans aconteceu quando eles passaram a ser fabricados com sais de terras
raras, como resultado das pesquisas realizadas por Buchanan, Finkelstein e Wichersheim, no
início dos anos 70, para encontrar materiais para as telas de televisão colorida. A partir de
1972 a 3 M lançou no comércio écrans com base nesses materiais, tais como, o oxissulfito de
gadolínio, o oxibrometo de lantânio, o oxissulfito de ítrio e o fluoreto de bário. (IRION, 2013)

NA ATUALIDADE

Certas substâncias, se submetidas a algum estímulo externo (tais como: calor, ionização,
reações químicas), podem converter a energia absorvida em radiação eletromagnética no
intervalo da luz visível. Essa conversão de energia é chamada de Luminescência.
Algumas substâncias, como o tungstato de cálcio (CaWO4) e oxisulfato de gadolíneo
(Gd2O2S), tornam-se fluorescentes à ação dos Raios X. A quantidade de luz emitida é
proporcional à quantidade de Raios X e, portanto, proporcional à dose recebida.
Na radiologia convencional o receptor radiográfico consiste de um filme em contato com
uma ou duas telas intensificadoras, já na mamografia o filme está em contato com apenas uma
tela intensificadora.

As telas intensificadoras, também chamadas écrans reforçadores são uma peça


cartonada, revestida em uma das faces por uma substância à base de um sal denominada
tungstato de cálcio.
Os chassis possuem duas telas intensificadoras montadas nas suas superfícies internas.
A introdução destas telas em sua estrutura é devido a sua propriedade de transformar os fótons

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de Raios X em fótons de luz, que sensibilizarão mais eficientemente o filme radiográfico.As
telas de intensificação radiográfica apresentam fluorescência.
A função dos écrans no sistema de detecção tela-filme é converter os Raios X em luz e
sensibilizar o filme durante a exposição. Como 98 % da energia que expõem o filme é energia
dos fótons de luz e os fótons de Raios X contribuem com aproximadamente 2% do total da
exposição, o tempo de exame é reduzido. A redução deste tempo não somente reduz a
radiação ao paciente, mas também prolonga a vida útil do tubo de Raios X.

ESTRUTURA

As telas de intensificação radiográfica assemelham-se a folhas flexíveis de plástico ou


de cartolina. Existem nos tamanhos correspondentes ao tamanho do filme. Geralmente, o filme
radiográfico é imprensado entre duas telas. O filme usado é chamado de filme de dupla
emulsão porque tem emulsão em ambos os lados da base. A maioria das telas tem quatro
camadas distintas:

Figura: Vista da seção transversal de uma tela intensicadora Fonte: BUSHONG, 2012. SOARES, 2015

CAMADA PROTETORA
A camada da tela de intensificação radiográfica mais próxima à película radiográfica é
a camada protetora aplicada à face da tela para possibilitar resistência à abrasão e aos danos
causados pelo manuseio. Essa camada igualmente ajuda a eliminar o acúmulo de eletricidade
estática e fornece uma superfície para a limpeza rotineira, sem danos ao fósforo ativo. A
camada protetora é transparente à luz.

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FÓSFORO
A camada ativa das telas intensificadoras, que converte a radiação X em radiação
luminosa, é a camada de fósforo. A palavra fósforo não representa o elemento químico fósforo
(15P), e sim moléculas que emitem radiação luminosa quando estimuladas. Essa propriedade,
conhecida por luminescência, é facilmente visualizada quando, estando o chassi aberto, a tela
intensificadora é colocada sob a radiação X e verifica-se o brilho inten- so emitido por ela,
geralmente nas cores azul ou verde.
A substância ativa da maioria dos fósforos utilizados antes de 1980 era o tungstato de
cálcio cristalino, montado em uma matriz de polímero. Na década de 1980 foram introduzidos
os fósforos baseados em óxidos de terras-raras, compostos por gadolínio, lantânio e ítrio.

CAMADA REFLETIVA
Entre o fósforo e a base existe uma camada refletora, de aproximadamente 25 μm de
espessura, que é constituída de uma substância brilhante, como óxido de magnésio ou dióxido
de titânio. Quando os raios X interagem com o fósforo, a luz é emitida de forma aleatória em
todas as direções. A camada refletora intercepta a luz dirigida em outros sentidos e reorienta
para o filme, realçando a eficiência da tela de intensificação radiográfica, quase dobrando o
número de fótons de luz que alcançam o filme.

Figura: tela sem camada refletiva e com camada refletiva Fonte: BUSHONG, 2012

BASE
A camada mais distante da película é a base. A base tem aproximadamente 1 mm de
espessura e serve principalmente como sustentação mecânica para a camada ativa do fósforo.
O poliéster é a matéria-prima mais comum em telas de intensificação radiográfica, justamente
como no filme radiográfico.

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COMBINAÇÕES TELA-FILME

As telas de intensificação radiográfica são quase sempre usadas em pares. A produção


da imagem latente é dividida quase uniformemente entre a tela dianteira e a traseira, com
menos de 1% de contribuição pela interação direta do raio X. Cada tela expõe a emulsão que
está em contato.

Figura: Chassi usado em mamografia com uma única tela Fonte: BUSHONG, 2012

A combinação de telas intensificadoras fluorescentes com o filme sensível à luz visível


resulta uma eficiência do conjunto de 50 a 100 vezes maior em relação ao filme simples,
permitindo que a exposição ou dose no paciente seja reduzida nos mesmos fatores,
comparada com a exposição requerida pela exposição direta (sem telas). (SOARES, 2015)

VANTAGENS DAS TELAS INTENSSIFICADORAS


1. Menor tempo de exposição, diminuindo assim a borrosidade da imagem devido ao
movimento do paciente.

2. Redução da dose de radiação para pacientes, operadores e público (pessoas na


sala de espera e demais funcionários).

3. Maior flexibilidade na seleção de tensão, permitindo ajustes ao contraste do sujeito.

4. Maior durabilidade da ampola, pela diminuição da exposição.

Sem as telas intensificadoras, a realização da maioria das radiografias médicas, como


as conhecemos hoje, seria impossível, já que o tempo necessário para obtê-las seria de muitos
minutos, o que provocaria desconforto e muitos artefatos de movimento (respiração, batimento
cardíaco, etc.).

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06 CHASSI
O chassi é o invólucro que protegerá o filme radiográfico da ação da luz e do manuseio
durante o exame. Como o filme é sensível à luminosidade, o chassi deve ser carregado, ou
seja, receber o filme radiográfico, dentro da câmara escura, sob luz de segurança. Além de
proteger o filme, o chassi tem por função sustentar e acondicionar a tela intensificadora para
que ela fique em contato direto com o filme.
Na aquisição do chassi, tenha em mente que ele é vendido sem a tela intensificadora,
pois ela deve ser adquirida conforme as características dos filmes radiográficos utilizados pelo
serviço de radiodiagnostico. O chassi tem uma vida útil indeterminada, desde que manuseado
com cuidado.
Estruturalmente, o chassi é uma caixa feita de metal ou resina plástica e possui dois
lados distintos. A tampa ou face posterior (costas) do chassi possui travas para manter a tampa
fechada e a pressão sobre o conjunto tela filme. A frente, ou face anterior, recebe a radiação
que ultrapassa o paciente. A tampa ainda possui uma lâmina de chumbo de 0,25 mm que serve
para impedir que a radiação prossiga seu caminho após interagir com o chassi.
Internamente, o chassi possui uma almofada, também no lado da tampa sobre a qual é
colada a tela intensificadora.
A almofada serve para apertar a tela intensificadora contra o filme radiográfico,
garantindo um perfeito contato entre ambos. Assim, evitam-se problemas de distorções na
formação da imagem no filme pela presença de ar entre filme e tela.
Deve-se sempre dedicar muita atenção ao colar as telas intensificadoras no chassi e na
almofada, seguindo as instruções do fabricante da tela e procedendo conforme as suas
recomendações.

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Figura: Corte mostrando as camadas que compõem um Chassi Fonte: SOARES, 2015

As partes do sistema chassi-tela-filme são as seguintes:


1. Parte anterior do chassi: feita de material radiotransparente.
2. Tela intensificadora superior: base ou substrato da tela, onde está depositada a
camada de fósforo.
3. Camada de fósforo: local onde os cristais de fósforo absorvem a radiação X e emitem
luz visível.
4. Filme: possui dupla emulsão e revestimento.
5. Tela intensificadora inferior: tem a mesma estrutura da superior, porém, é
posicionada de forma invertida.
6. Estrutura acolchoada: realiza a compressão do filme sob a tela, eliminando, dessa
forma, a possibilidade de formação de bolhas de ar ao fechar o chassi.
7. Lâmina de chumbo: absorve a radiação X que passa pela estrutura chassi-tela-filme
e que deve ser blo- queada, pois não é mais útil.
8. Parte posterior do chassi: local onde se encontram as travas de fechamento. Possui
tamanho menor que a parte anterior para que haja um encaixe perfeito.

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A REVELAÇÃO DOS FILMES
Além das qualidades inerentes às chapas de vidro ou aos filmes usados na radiologia,
na época do descobrimento dos Raios X as radiografias dependiam do processo de revelação
que estava sujeito à variação de muitos fatores.
Entre os fatores que influenciavam na revelação estavam a qualidade e o tempo de uso
dos reagentes químicos e a temperatura de revelação. Nessa época, usava-se o processo
manual de revelação, que era realizado em câmaras escuras, iluminadas com tênue luz
vermelha.
A revelação era um trabalho dito operador-dependente, isto é, quem trabalhava na
revelação decidia, na penumbra da luz vermelha, o momento de dar por encerrado o processo
químico de revelação.

Na revelação manual, portanto, não havia uniformidade na qualidade das radiografias


e, quando a chapa saía com má qualidade, o exame precisava ser repetido. A repetição dos
exames aumentava custos, submetiam o paciente e os técnicos à maior exposição aos raios,
aumentava o tempo de entrega das radiografias aos médicos e pacientes.
Esse conjunto de variáveis, que era de difícil controle, tornou a revelação automática
uma necessidade, especialmente para os serviços de grande demanda, os quais necessitavam
racionalizar a aquisição dos exames.
O primeiro protótipo de máquina processadora automática foi criado em 1928, pela firma
Pako Corporation com o nome de “Filmemachine”, produzido inicialmente para as forças
armadas americanas durante a Segunda Guerra Mundial. A máquina só foi lançada no
mercado em 1945. Era uma máquina em que os filmes eram colocados em colgaduras e tinha
um ciclo de revelação do filme (de seco para seco) de 40 minutos.
Em 1956, a Kodak lançou no mercado a máquina “Kodak-X-Omat” que já era uma
processadora de rolos, mais leve e de menor custo e logo foi seguida por outros fabricantes.

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Na medida em que melhorou a qualidade das emulsões dos filmes e o processo de
secagem rápida, já, em 1956, o ciclo seco-seco da revelação passou para pouco mais de um
minuto podendo atender os serviços de radiologia com grande demanda.

A NATUREZA DO PROCESSO DE REVELAÇÃO:

A revelação é a formação de uma imagem de prata metálica visível (negra) à partir da


imagem latente invisível, que se forma no filme após a sua exposição à luz e/ou aos Raios X
1. Os cristais que não foram expostos não sofrerão a ação do revelador e posteriormente
serão removidos do filme pelo fixador.
Na prática o revelador não é totalmente seletivoentre os cristais expostos e não
expostos
2. Com um substancial excesso no tempo de revelação, o revelador reduzirá os cristais
não expostos à prata metálica negra. Portanto, é mais correto dizer que a função do revelador
é reduzir à prata metálica os cristais expostos muito antes dos não expostos. A prata resultante
da redução dos cristais não expostos é chamada de fog
3. Na realidade, é necessário um tempo expressivo do filme no revelador para que este
aumento de densidade ocorra, por isso, é muito mais comum que as radiografias se tornem
“escuras” devido à superexposição do que à super-revelação. Neste aspecto, um bom
revelador é aquele que demonstra grande diferença nesta ação sobre os cristais expostos e
não expostos, produzindo assim radiografias com o mínimo de fog. A prata metálica da imagem
pode ser produzida apenas pela ação exclusiva da luz, sem a ação de um revelador. Se um
pedaço de filme for deixado exposto à luz, ele pode escurecer, porém este processo é muito
lento. O revelador amplifica esta ação da luz, e o resultado é que a sensibilidade deste
processo é aumentada em torno de um milhão de vezes. Por isso, na verdade, o revelador
produz quase todo o efeito, sendo a ação da luz ou Raios X apenas o processo de iniciação.
Assim, apesar da radiografia não ser possível sem a ação da luz e/ou Raios X, quem a torna
de utilização prática é a substância reveladora.
As variações de densidades nas radiografias são o resultado exposição não uniforme
do filme aos Raios X, e, consequentemente, aquelas áreas mais expostas terão maior número
de cristais a serem convertidos pelo revelador em prata metálica negra, ou seja, as imagens
radio lúcidas.

A AÇÃO DO REVELADOR

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A ação básica do revelador é reduzir à prata metálica (negra) os cristais expostos de
haleto de prata. Esta redução é realizada por meio da doação de elétrons aos íons de prata,
neutralizando assim suas cargas positivas e convertendo-os em prata metálica.
Como visto anteriormente, um cristal de haleto de prata exposto tem seus pontos de
sensibilidade, os quais contém átomos de prata. Quando o revelador entra em contato com
esta prata ele doa elétrons para neutralizar os íons de prata, atraindo mais íons de prata para
o ponto de sensibilidade, e estes são neutralizados à prata metálica até todo o cristal tornar-
se prata metálica negra. Os íons brometo que formavam a estrutura da treliça com a prata se
dispersam dentro da solução reveladora como íons livres de brometo (que vão se acumulando
na solução e promovendo ação restringente, colaborando assim para a inatividade química do
revelador), pois não têm mais a prata para mantê-los na estrutura da treliça.
A função dos átomos de prata nos pontos de sensibilidade é, além de iniciar e acelerar
o processo, tornar possível aos elétrons do revelador combinar com os íons de prata. Cada
cristal de brometo de prata da emulsão é circundado por uma barreira de íons de brometo
negativamente carregada, que tende a repelir os elétrons do revelador.
Um cristal exposto porém, tem uma “brecha” nesta barreira onde o ponto de imagem
latente é formado. É neste ponto que os íons negativos do revelador penetram.

OS CONSTITUINTES DO REVELADOR

Um agente revelador é uma substância capaz de transformar um haleto de prata em


prata metálica (negra). A conversão de um sal ou um óxido de um metal em metal é
denominada de redução química, e a conversão dos metais em seus óxidos ou sais é
denominada de oxidação.
Quando a redução ocorre, átomos ou moléculas ganham elétrons; quando a oxidação
ocorre, átomos ou moléculas perdem elétrons. Então, quando uma substância é reduzida pelo
ganho de elétrons, a outra é oxidada por dar elétrons a ela. Agentes reveladores são, assim,
agentes químicos de redução. Eles neutralizam os íons de prata no cristal de brometo de prata
quando cedem elétrons a eles.
Na medida que os agentes redutores do revelador perdem elétrons eles tornam-se
oxidados. A função de doar elétrons de um agente redutor pode ser medida, pois eles não
doam elétrons com igual liberdade. Aqueles que fazem isto com facilidade são considerados
como tendo alto potencial redutor. As propriedades das várias soluções diferem, embora seus
componentes básicos possam ser na maioria os mesmos.

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É a proporção destes componentes que na maioria das vezes altera os resultados
obtidos. O número de agentes reveladores utilizados para radiografia é bastante pequeno.
AGENTES REDUTORES – COMBINAÇÃO METOL / HIDROQUINONA METOL (Sulfato
de Parametilamino-fenol/CH4(OH)2(NH.CH3))
Este agente revelador inicia a redução com facilidade, e revela todos os grãos expostos,
incluindo aqueles que receberam apenas exposições pequenas. Uma vez a redução iniciada,
o processo continua mais lentamente. Sendo suscetível ao aumento da concentração de
brometo na solução pela revelação, o metol torna-se menos ativo com o uso rapidamente. Ao
contrário, na ausência de restringente no revelador, ele tende a promover velamento por falta
de seletividade entre os grãos expostos e não expostos.
É responsável pelo detalhe na imagem e sofre pouca influência da temperatura.
HIDROQUINONA (Quinona, P-dihidroxibenzeno /C6H4(OH)2) – este agente requer
uma solução fortemente alcalina para agir. Ela não inicia a redução tão rapidamente quanto o
metol, e tem menos efeito sobre os grãos que receberam pouca exposição, logo, sua função
é promover alto contraste. Uma vez a hidroquinona comece a agir nos grãos expostos a
revelação prossegue vigorosamente. Sofre maior influência da temperatura.
Reveladores que utilizam a combinação Metol e hidroquinona (MQ) produzem uma
densidade radiográfica maior do que a soma das duas densidades obtidas com o uso individual
de metol e hidroquinona. Este fenômeno é denominado de superaditividade e não é encontrado
em todas as combinações de agentes reveladores.

ALCALINIZANTES OU ACELERADORES

A presença de um álcali na solução reveladora possibilita o amolecimento mais rápido


da gelatina intumescida, absorvendo mais rapidamente a solução reveladora. A presença de
pouco álcali resulta em menor ação dos redutores, e muito álcali torna o revelador superativo
e sem controle, reduzindo cristais não expostos e produzindo fog. A amplitude de pH dos
reveladores radiográficos situa-se entre 10 e 12. Certos agentes redutores necessitam de
elevada alcalinidade. A hidroquinona é um deles, requerendo um pH de pelo menos 9. Os
alcalinizantes utilizados nos reveladores radiográficos são o Carbonato de sódio (mais utilizado
em radiologia, é um álcali fraco / (Na2CO3) ), Hidróxido de sódio (Soda Cáustica), Carbonato
de potássio e hidróxido de potássio.
Os hidróxidos são altamente alcalinos, e usados com a hidroquinona resultam em
reveladores de alta atividade e contraste. A única vantagem dos sais de potássio em relação
aos sais de cálcio é que sua alta solubilidade permite seu uso em maior concentração.

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RESTRINGENTES OU BALANCEADORES

Uma das qualidades de um bom agente revelador é sua habilidade de agir muito mais
rapidamente sobre os cristais de prata expostos do que nos não expostos. A função do
restringente (Brometo de Potássio / KBr) é checar a ação sobre os grãos não expostos,
prevenindo assim o fog. Ele age aumentando a barreira de íons de brometo carregados
negativamente que existe em torno dos cristais de brometo de prata.
Esta barreira de revelação existe em um estado completo em torno dos cristais não
expostos, e em estado parcial nos cristais expostos onde a imagem latente foi formada.
A solução deve ser precisamente composta assim que o restringente minimize
efetivamente o fog durante o processamento sem retardar o processo de revelação,
melhorando assim o contraste pela prevenção do velamento.

PRESERVATIVOS OU ANTIOXIDANTES

Os agentes redutores são facilmente oxidados e absorvem com facilidade o oxigênio do


ar. Uma substância química mais ávida pelo oxigênio do que os redutores então é incluída no
revelador para prevenir a oxidação do ar, mantendo assim a vida útil da solução e evitando a
sua descoloração.
O preservativo mais utilizado é o sulfito de sódio (Na2SO3), que não evita totalmente a
oxidação mas reduz a velocidade com que ela ocorre. Como resultado da oxidação, seja pelo
oxigênio do ar ou pela própria ação normal de revelação, os agentes reveladores produzem
certos produtos de oxidação.
Alguns deles podem acelerar o processo de adicional oxidação e os produtos finais são
insolúveis e possuem cor, contribuindo para o escurecimento da solução. A ação do sulfito de
sódio é formar sulfonatos com os primeiros produtos da oxidação. Estes sulfonatos são
incolores e comparativamente inertes, assim que a aceleração do processo é evitada, não
sendo formados os produtos da oxidação final que são escurecidos.

LAVAGEM INTERMEDIÁRIA

Após a revelação a gelatina amolecida da emulsão encontra-se saturada com o


revelador. Por isso é necessário uma lavagem intermediária de 20 segundos em água corrente
ou ácido acético, antes de levar o filme ao fixador.
Este procedimento tem duas funções:

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Cessar a revelação (com o uso do ácido acético isto ocorre quase imediatamente) e não
permitir que o revelador seja conduzido ao fixador neutralizando-o, pois o primeiro é alcalino e
o último é uma solução ácida.

A FIXAÇÃO

A primeira função do fixador é remover da emulsão por dissolução os cristais não


expostos, portanto não revelados. A presença destes cristais deixa a imagem radiográfica
“opaca”, sem condições de interpretação.
A outra função é endurecer a gelatina da emulsão, para que a radiografia fique
resistente, em condições de manipulação para o uso do profissional.

OS COMPONENTES DO FIXADOR

AGENTE CLAREADOR (SOLVENTE DA PRATA)

O solvente da prata mais utilizado é o hipossulfito (tiosulfato) de sódio. Este agente


forma complexos com os íons de prata que são dissolvidos em água. O agente clareador não
tem efeito, a curto prazo, sobre os grãos de prata metálica que foram reduzidos pelo revelador.
Porém, com o excesso de tempo da radiografia no fixador, gradualmente a imagem vai
perdendo a densidade, na medida que então os grãos de prata metálica vão sendo lentamente
dissolvidos pelo ácido acético do fixador.

ACIDIFICANTE

A solução fixadora contém ácido acético, com função de neutralizar qualquer


contaminação com remanescentes de revelador, que porventura ainda estejam presentes no
filme, e inibir definitivamente a ação dos agentes redutores prevenindo a formação de fog .

PRESERVATIVO

O Sulfito de Sódio tem função antioxidante, e sua ação é evitar a degradação do agente
clareador, que é instável e suscetível à oxidação. Além disso, forma complexos com resíduos
oxidados de revelador que contaminam a solução, não permitindo que estes manchem a
radiografia.

AGENTE ENDURECEDOR

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Este tipo de agente é incorporado ao fixador com objetivo de tornar a gelatina da
emulsão mais resistente às injurias mecânicas da manipulação do filme, e este endurecimento
também favorece um tempo de secagem mais curto.
O agente mais frequentemente empregado é o alúmen de potássio. A acidez da solução
fixadora realça sua capacidade de endurecer a gelatina.

A LAVAGEM FINAL

A lavagem final deve ser realizada em água corrente, com renovação em média de oito
vezes a capacidade do tanque por hora. Desta forma o tempo para esta etapa fica em torno
de vinte minutos à temperatura de vinte graus. Se a circulação de água é menor o tempo deve
ser aumente do, porém a permanência excessiva do filme na água tende a amolecer a
emulsão, mesmo tendo esta passado pelo tratamento endurecedor da solução fixadora.
O objetivo deste procedimento é remover os possíveis remanescentes das soluções de
processamento previamente utilizadas, assim como os sais de prata resultantes da dissolução
no processo de fixação, evitando assim que permaneçam no filme e futuramente sofram
oxidação, tornando a radiografia amarelada.

SECAGEM

A secagem dos filmes deve proceder em ambiente isento de poeira à temperatura


ambiente, ou em secadoras próprias para esta finalidade que utilizam sistema de aquecimento
do ar circulante, desde que a temperatura não exceda 49 graus centígrados.

07 A IMAGEM DIGITAL
Desde o descobrimento dos raios X em 1895, a radiologia tornou-se uma especialidade
imprescindível na medicina, sendo utilizada no diagnóstico, planejamento de tratamentos e
registro dos casos clínicos.Com o avanço tecnológico, algumas desvantagens da radiografia
convencional foram observadas como a alta dose de radiação requerida; a variabilidade na
qualidade da imagem obtida; o processamento radiográfico longo; a utilização de produtos
químicos tóxicos ao meio ambiente; a necessidade de um local próprio para o processamento
radiográfico e a impossibilidade de modificação da imagem depois de adquirida. A partir destas
desvantagens iniciou-se a busca de alternativas viáveis capazes de diminuir ou eliminar esses
problemas pontuados. Na década de 80 começou a comercialização de um sistema novo de
imagens digitais.

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Um sistema de Radiologia Digital possui os seguintes componentes:

- Sistema;

- Gerador de Raios X;

- Colimação;

- Suporte para o paciente;

- Grade Antidifusora;

- Controle Automatico de Exposição (AEC)

- Receptor de imagem;

- Processamento de Imagens;

- Conectividade;

- Exibição.
Comercializado: a partir de 1980 – Fuji (Sistema CR), 2000 (Sistemas DR)

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Para a obtenção da radiografia digital é necessária a utilização dos equipamentos
radiográficos convencionais, desde a técnica até a fonte de energia utilizada para a sua
obtenção. Entretanto, o método de obtenção da imagem é realizado através da substituição
do filme e do processamento convencional por receptores ou sensores e um computador.

Os sistemas de radiodiagnósticos digitais podem ser do tipo Radiodiagnósticos


Computadorizados (CR do inglês “Computed Radiography”) e Radiodiagnósticos Digital (DR
do inglês “Digital Radiography”).

O SISTEMA CR
Os sistemas CR são constituídos por placas de imagem (IP do inglês “imaging plate”)
que possuem um suporte de poliéster, uma camada de fósforo conhecida como IP, uma
camada protetora, dentre outros, ilustrado nas figuras abaixo.

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O CR é composto por uma estação de trabalho com programas de aquisição de
imagens, unidade de leitora e cassetes com placas de “fósforos” de diversos tamanhos.

O Sistema CR utiliza chassis eletrônicos semelhantes ao sistema convencional onde o


conjunto de filme-écran é substituído por um sistema de fósforos com características de
luminescência foto-estimulável. A placa de fósforo armazena a energia dos fótons de raios X.
Os elétrons armadilhados podem permanecer estáveis por algum tempo fazendo, dessa forma,
o armazenamento de uma imagem latente como uma distribuição espacial de elétrons
“presos”. O número de elétrons armadilhados é proporcional à quantidade de radiação
incidente sobre o material fotossensível. A Leitora possui um sistema mecânico que conduz o
cassete e o abre fazendo uma varredura com o laser infravermelho para estimular o fósforo a
liberar os elétrons em forma de luz, com comprimento de onda pertencente à região azul do
espectro.

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A luz azul emitida da superfície da placa é canalizada através de uma guia de luz (fibras
ópticas) até o tubo fotomultiplicador, e logo após, o sinal detectado é filtrado e convertido em
sinal elétrico analógico que posteriormente será amplificado e convertido em um sinal digital.
Uma transformação não linear, normalmente logarítmica, é aplicada ao sinal durante a
digitalização. Nos sistemas CR, uma vez adquirida a imagem, é preciso apagar a informação
residual. Isto é realizado liberando os elétrons ainda armadilhados utilizando um feixe intenso
de luz. Após este processo, a placa está pronta para ser utilizada novamente. O tempo de
digitalização varia segundo o número de fotomultiplicadores disponíveis para realizar a coleta
da luz emitida ponto ao ponto ou linha a linha utilizando uma fila de fotomultiplicadores.

Uma das principais limitações destes sistemas é que sua eficiência de detecção (DQE)
dos raios X é relativamente baixa. Embora os sistemas CR permitam obter imagens com doses
menores àquelas utilizadas nos sistemas convencionais, a qualidade da imagem para estas
doses é discutível, e com o tempo de uso, as placas de fósforo vão aumentando os ghosts,
diminuindo a capacidade de desarmadilhamento. Aumentando as doses, é possível melhorar
a qualidade da imagem, pois o número de fótons X detectados pelo sistema também aumenta.
Para melhorar a eficiência de coleta da luz, foi desenvolvido um sistema de dupla leitura, que
consiste em coletar a luz emitida quando os elétrons decaem a seu estado fundamental por
ambos os lados da placa.
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Resumindo o sistema CR:

Princípio de Operação (Exposição)

✓ Baseada no princípio de luminescência fotoestimulada;

✓ Simula a operação da tela intensificadora-filme;

✓ Placa de imagem foto-estimulável = PSP (photostimulable storage phosphor) ou


IP (imaging plate);

✓ Fósforo mais comum: flúor-brometo de bário com ativadores de európio


bivalente.

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Princípio de Operação (Leitura e Apagamento)

✓ É feita a leitura por um feixe de laser (infravermelho) muito fino;

✓ Estimula os elétrons capturados em armadilhas a emitirem a energia armazenada


como luz;

✓ A luz emitida por cada ponto da placa é detectada e convertida em sinal elétrico
e amplificado;

✓ Finalizando, a placa passa por um processo de “apagamento”, onde uma forte


luz força os elétrons a regressarem ao seu estado inicial (o IP pode ser
reutilizado).

Um conversor analógico-digital transforma este sinal elétrico em um sinal digital, ou seja,


a matriz de pixels que forma a imagem. O “pixel” (picture element ) é o menor elemento da
imagem, ao qual é atribuído um valor numérico, que por sua vez representa uma tonalidade
de cinza.

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A cada tom de cinza da imagem é atribuído um valor binário (combinações de “0” e “1”)
dependendo da quantidade de bits (dígitos binários) que formam a imagem. Por exemplo, uma
imagem de 8 bits possui 256 tons de cinza (256 combinações possíveis de “0” e “1”, arranjadas
em grupos de 8 algarismos, p.ex. 01101011), enquanto uma imagem de 12 bits consegue
produzir até 4096 tons de cinza diferentes (desta vez as combinações são feitas entre grupos
de 12 algarismos, p.ex. 110011010110), sendo este último utilizado em mamografia, por
permitir imagens de maior contraste (maior diferença entre os valores de pixel, ou tons de
cinza). O valor médio de pixel (VMP) é um valor de base decimal atribuído a um conjunto de
pixels em uma dada região de interesse (do inglês, Region of Interest, ROI), indicando o tom
de cinza médio da região analisada.

Dentro de um campo de exposição, é importante para a leitora distinguir a região útil da


imagem através das bordas do campo colimado, definindo os valores de pixel em um intervalo
apropriado. Um histograma é utilizado para atribuir valores de pixel de acordo com o sinal
captado pela IP. A sua forma depende da anatomia e das técnicas radiográficas em uso, ou
seja, se a identificação de seus valores máximos e mínimos for incorreta, o contraste da
imagem resultante será inapropriado.

A seleção e otimização dos parâmetros de processamento é uma tarefa árdua que


requereria muito tempo para ser executada, mesmo por profissionais experientes. Um
problema comum é que estes parâmetros ultrapassam os valores de utilidade clínica, podendo
levar a artefatos grosseiros de pós-processamento. Por esta razão, os parâmetros de
processamento não devem ser selecionados aleatoriamente, mas sim com a supervisão de

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um profissional capacitado pelo fabricante. Uma das limitações do sistema CR reside em sua
resolução de contraste, devido a vários fatores, como: limites físicos impostos pela composição
e espessura da IP, tamanho do foco do laser, desvanecimento do sinal da IP e espalhamento
de luz dentro do material, que contribuem para a modulação e perda do sinal. O diâmetro finito
do feixe laser contribui para a perda de definição da imagem. A resolução de contraste é
compreendida como a mínima diferença de intensidade em um sinal sem ruído, e que pode
ser representada entre os pixels da imagem. Sendo assim, ela depende do número total de
valores possíveis (níveis de quantização, ou seja, o número de bits usado para representar
cada pixel), bem como da amplitude do sinal relativa ao ruído de fundo (ganho do sistema, ou
seja, número de elétrons gerados por fóton de raios X incidente). A habilidade para detectar
um sinal específico em uma imagem é fortemente dependente do contraste inerente ao sujeito,
quantidade de ruído, condições de visualização (luz ambiente, etc.), processamento aplicado
à imagem e das limitações do observador em distinguir regiões de baixo contraste e objetos
de tamanho reduzido. A resolução de contraste da IP é similar à imagem do sistema filme-
écran, mas é limitada pelo ruído presente na imagem digital. Diferente do sistema
convencional, onde o contraste é limitado pela sensibilidade do filme, o contraste da imagem
do material fotoestimulável é limitado pelo nível de ruído presente na imagem.

O SISTEMA DR
Diferentemente dos sistemas CR, que necessitam apenas da substituição dos cassetes
ou receptores de imagem utilizados, os sistemas DR exigem a substituição do equipamento
de raios X por um novo, ou seja, possuem um alto custo de implantação. Este equipamento
utiliza uma matriz de elementos detectores de radiação (DDA, também conhecidas como “flat
panel”) no lugar do Bucky. O flat panel é uma estrutura de área plana formada por detectores
com circuitos integrados capazes de capturar o sinal eletrônico em sinal digital.

Estes elementos detectores podem ser separados em duas categorias: os de


conversão direta e os de conversão indireta. Na conversão indireta existe uma camada de
cristal cintilador de iodeto de Césio (CsI) ou de Oxisulfito de Gadolíneo (Gd2O2S), que converte
os raios X em luz, acoplado com um fotodiodo de silício-amorfo (a-Si). Na conversão direta
utiliza-se um fotocondutor de selênio-amorfo (a-Se) que converte diretamente em sinal digital.

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CONVERSÃO DIRETA
Na conversão direta, um fotocondutor de a-Se é utilizado como elemento absorvedor da
radiação incidente e a converte como carga coletada e armazena em um capacitor. Ao ser
ativado, o transistor de película fina (TFT – Thin Film Transistor) do pixel libera a carga coletada
pela linha de varredura da matriz convertendo-a em um sinal digital. O material fotocondutor
possui um número atômico elevado e com suas características de interação com a radiação
não necessita de um cintilador para converter o fóton incidente em luz visível. O detector com
conversão direta possui uma espessura menor que o detector de conversão indireta e permite
médias e altas energias.

O feixe de raios X transmitido incide sobre a camada de selênio gerando pares íons-
elétrons. A carga gerada é coletada aplicando-se um campo elétrico intenso entre um par de

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eletrodos, situados na superfície superior e inferior da camada de selênio. Este método
minimiza a dispersão, garantindo uma imagem de maior nitidez e resolução espacial. A carga
é lida por uma matriz ativa de TFT em contato direto com a superfície inferior do selênio,
lembrando que cada elemento da matriz TFT é um pixel e que seu tamanho individual é
aproximadamente 50µm.

CONVERSÃO INDIRETA
O funcionamento destes sistemas DR se baseia no duplo processo de conversão. Os
fótons de raios X são primeiramente convertidos em luz visível e depois em sinal elétrico. Um
fotodiodo é acoplado a cada pixel e toda a matriz é coberta por um material cintilador que
converte a energia do feixe em luz. Esses fótons de luz se chocam em um dispositivo de
fotodiodo no qual convertem em elétrons eu podem ativar os pixels da camada de silício
amorfo. Esta carga produzida pelo fotodiodo é armazenada em um capacitor e liberada após
a ativação do pixel pelo TFT. Ao ser ativado o endereço do sinal a partir da unidade
processadora de alta velocidade, essa carga acumulada é lida e direcionada para fora do
capacitor como um sinal elétrico.

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Em uma escala microscópica, o silício amorfo foi impresso com milhões de transistores
arranjados e acoplados quimicamente a um substrato de vidro monolítico. Cada sensor (pixel)
de a-Si desta matriz é utilizado no acúmulo de cargas geradas pela absorção de raios X e
fornece, através de linhas de varredura, cargas que serão amplificadas pelo sistema. O
componente de armazenamento destas cargas é um capacitor de matriz de fotodiodos
chaveada no circuito por um transistor de película fina (TFT). Uma vez acumulada a carga
neste capacitor de a-Si, o TFT é ativado por um sinal de unidade de processamento e a carga
é lida como um sinal elétrico. Ao desligar o TFT o capacitor volta a acumular cargas para uma
posterior leitura do pixel. O numero de cargas produzidas irá variar com a intensidade dos
fótons de luz penetrante, pulsos elétricos são criados e podem ser lidos pelo computador para
produzir uma imagem digital. Em grandes matrizes são produzidos milhares de sinais que
devem ser lidos de forma organizada para que a informação de cada um deles represente a
posição correta do pixel. Normalmente a varredura é feita de forma progressiva.

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Embora o a-Si tenha propriedades de melhor estrutura eletrônica que o a-Se, seu baixo
número atômico não permite converter fótons de radiação de altas energias. Por isso, os raios
X são convertidos em luz por um cintilador e a sua espessura é maior que a dos detectores de
conversão direta.

Um bom cintilador produz muitos fótons de luz para cada fóton de raios X recebido, ou
seja, de 20 a 50 fótons visíveis são produzidos por 1keV de energia. Este cintilador pode ser
granular como o fosforo Oxisulfito de Gadolínio (Gd2O2S – “GOS”) ou em um cristal como o
iodeto de césio. A combinação de ambos os cintiladores com o fotodiodo de a-Si possui uma
das maiores eficiência quântica de detecção (DQE). O DQE descreve a capacidade do
dispositivo de imagem para preservar a relação sinal-ruído do campo de radiação para o
resultado dos dados de imagem digital. Ele depende da tensão (kV) da fonte, da composição
e espessura do material utilizado e da composição do cintilador.

O CsI possui uma eficiência de absorção muito elevada e produzem também cerca de
duas vezes mais saída de luz do que uma tela de GOS, o que resultará em mais de quatro
vezes o sinal no fotodiodo para uma determinada dose. Na figura abaixo são mostrados os
comportamentos destes cintiladores em termos de quantidade e forma de emissão da luz
quando sensibilizados pelo feixe de radiação.

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