Você está na página 1de 18

UNIP

UNIVERSIDADE PAULISTA

Sérgio Henrique Ferreira Ramos

Trabalho para APS

Radioatividade e suas aplicações na indústria

São José dos Campos

2021

1
Índice

I. Introdução 03
II. Revisão 04
III. Aplicações na ciência e tecnologia 07
IV. Impactos produzidos na sociedade 12
V. Efeito no trabalho e na formação do aluno 16
VI. Conclusão 17
VII. Bibliografia 17

2
Introdução

A radioatividade pode proporcionar uma qualidade de vida melhor: emprego


na medicina, obtenção de energia elétrica dos reatores nucleares, produção de bens
de consumo a partir da energia nuclear, e assim por diante. No entanto a
radioatividade tem resíduos que são perigosos quando mal manipulados. O uso da
radiação para a obtenção de um serviço (como energia elétrica) ou de um produto
(como armas nucleares) produz resíduos que estão se acumulando como lixo
nuclear numa velocidade acelerada. A presença do lixo nuclear, em todo o mundo,
geralmente concentrado nas proximidades dos reatores, oferece risco à população.
Estamos sempre expostos à radioatividade, normalmente conhecida como a
radiação que vem do espaço ou emana da terra. De toda a radiação que recebemos,
87% tem origem natural. O restante provém principalmente de tratamentos médicos,
dentre eles os raios X.
Até o final do século XIX, se acreditava que o átomo era a menor partícula de
qualquer matéria e se assemelhava a esferas sólidas. A emissão espontânea de
radiações pelos núcleos atômicos mostrou que o átomo era composto de partículas
menores: os prótons , os elétrons e os nêutrons. O núcleo é constituído por prótons
e nêutrons e ao seu redor giram os elétrons. Descobriu-se que os átomos não são
todos iguais. O átomo de hidrogênio, por exemplo, o mais simples de todos, possui 1
próton e 1 elétron (e nenhum nêutron). Já o átomo de Urânio-235 conta com 92
prótons e 143 nêutrons.
Todas as coisas existentes na natureza são constituídas de átomos ou suas
combinações. O núcleo do átomo, é onde fica concentrada a massa, como o Sol, e
em partículas girando em seu redor, denominadas elétrons, equivalentes aos
planetas, que ficam na eletrosfera. Como o Sistema Solar, o átomo possui grandes
espaços vazios, que podem ser atravessados por partículas menores do que ele.
O número de prótons (ou número atômico) identifica um elemento químico,
comandando seu comportamento em relação aos outros elementos. O núcleo do
átomo é formado, basicamente, por partículas de carga positiva (Prótons) e de
partículas de mesmo tamanho, mas sem carga, denominadas nêutrons. A
radioatividade ocorre porque as forças de ligações do núcleo são insuficientes para
manter suas partículas perfeitamente ligadas.

3
Revisão
A descoberta da Radioatividade é atribuída basicamente a três pessoas, o
físico francês Antoine Henri Becquerel e ao casal Pierre Curie e Marie Curie,
ganhadores do Prêmio Nobel de Física em 1903. Em 1895, Becquerel ao deixar
acidentalmente uma rocha de urânio em um filme fotográfico notou que o filme havia
sido marcado por algo que era emitido pela rocha, essa nova propriedade da matéria
foi denominada de raios ou radiações. Notou que os sais de urânio emitiam uma
radiação capaz de atravessar papéis negros e outras substâncias opacas a luz.
Só então em 1896 incentivada por Antoine Henri Becquerel, a cientista Marie
Curie começou a estudar o material que produzia tais radiações. Posteriormente tais
estudos seriam introduzidos em sua tese de doutorado e então os termos radioativos
e radioatividade seriam denominados para caracterizar a energia liberada
espontaneamente por este novo elemento químico. Através de um equipamento que
seu marido e professor Pierre Curie havia inventado para detectar cargas elétricas
ao redor de amostras de minerais deu inicio ao seu estudo. Em 1898 ganhou um
minério de Urânio chamado “pechblenda”, que através de testes, percebeu que tal
material apresentava mais emissões radioativas do que se podia esperar de certa
quantidade de urânio. Assim, notou que essa amostra deveria conter outra
substancia para emitir radiação a mais. Verificou que quanto mais purificava o
material removendo as substancias conhecidas, mais a “pechblenda” ficava
radioativa. Através desses estudos, detectou dois novos elementos radioativos, o
Radium e o Polonium em 1901.
Marie Curie ao revelar suas descobertas, apresentou uma minúscula partícula
de puro sal de radio que pesava aproximadamente 0,1g e era um milhão de vezes
mais radioativo do que o urânio. Até esse momento, era desconhecido os perigos da
radioatividade.
No urânio, o núcleo do átomo possui 92 prótons, sendo por isso o elemento
químico natural mais pesado conhecido.
Em 1899, o físico inglês Rutherford identificou a natureza de dois tipos
distintos de radiações emitidas por elementos naturais: as partículas alfas (α) e as
partículas betas (β). Nesse mesmo ano o físico francês Villard descobriu um terceiro
tipo de radiação, que passou a ser denominado raios gama (y)
Comprovou-se que um núcleo muito energético, por ter excesso de partículas
ou de carga como por exemplo o próprio Urânio, tende a estabilizar-se, emitindo

4
algumas partículas. Assim, as radiações emitidas pelas substâncias radioativas são
principalmente partículas alfa, partículas beta e raios gama. A energia inicial com
que essas partículas são emitidas pelos núcleos radioativos varia de um isótopo –
emissor para outro. Quanto maior for a energia com que as partículas alfa são
emitidas, maior será o seu poder de penetração quando bombardeia outras
matérias. Em consequência, o poder de penetração das partículas no ar atmosférico
varia de um para outro isótopo emissor.
As partículas alfa, é um dos resultados de estabilização de um núcleo com
excesso de energia, constituído de um grupo de partículas positivas, contendo dois
prótons e dois nêutrons, e da energia a elas associada. Por terem massa e carga
elétrica maior que as outras, podem ser facilmente detidas, até mesmo por uma
folha de papel; elas em geral não conseguem ultrapassar as camadas externas de
células mortas da pele de uma pessoa, sendo assim praticamente inofensivas.
Entretanto, podem ocasionalmente penetrar no organismo através de um ferimento
ou por aspiração, provocando lesões graves.
As partículas beta são constituídas de partículas emitidas por um núcleo,
quando da transformação de nêutrons em prótons ou de prótons em nêutrons. São
capazes de penetrar cerca de um centímetro nos tecidos, ocasionalmente danos à
pele, mas não aos órgãos internos, a não ser que sejam engolidas ou aspiradas.
Raios gama, após a emissão de uma partícula alfa ou beta, o núcleo resultante
desse processo, ainda com excesso de energia, procura estabilizar-se, emitindo
esse excesso em forma de onda eletromagnética, da mesma natureza da luz,
denominada radiação gama. São extremamente penetrantes, podendo atravessar o
corpo humano, sendo detidos somente por uma parede grossa de concreto ou
metal. As radiações gama são semelhantes ao Raios X.
Os elementos radioativos possuem um período de tempo que seu átomo
precisa para desintegrar–se. Assim surgiu o termo meia vida, ou período de
semidesintegração como o tempo necessário para desintegrar a metade dos átomos
radioativos.
Após um tempo t, considerando o número de átomos radioativos inicial no, e a
meia-vida P, tem-se:
- O número de átomos não desintegrados n, será: n = no / 2x
- O tempo total decorrido: t = XP

5
A radioatividade está presente naturalmente no meio ambiente através da
radiação que vem do espaço e em algumas substancias. Sua aplicação estende-se
ao campo da medicina, agricultura, indústria, produção de energia, radioterapia, raio-
x, e também, porém menos benéfico, na produção de armas nucleares. O uso
crescente pelo homem, desse tipo de material aumentam o risco de exposição,
principalmente quando há acidentes com materiais radioativos.
A contaminação por um composto radioativo é um processo químico de
difusão desse composto no ar, de sua dissolução na água, de sua reação com outro
composto ou substância, de sua entrada no corpo humano ou em outro tecido vivo.
Os acidentes nucleares ocorridos em Windscale (Reino Unido – 1957), Chelyabinsk
(Rússia – 1957), Three Mile Island (Estados Unidos – 1979 e Chernobyl (Rússia –
1986), contribuíram significativamente para a liberação de radionuclídeos no meio
ambiente.
No Brasil, o caso mais conhecido ocorreu em Goiânia. Devido ao
“esquecimento” de forma irregular e irresponsável de um equipamento para
tratamento de câncer em uma clínica desativada. O equipamento foi retirado do local
por duas pessoas e aberto, ocasionando a morte de quatro pessoas de um total de
duzentos e quarenta e nove contaminadas que tiveram contato direto ou
indiretamente com o material. Pesquisas revelam que a poluição radioativa
compreende mais de 200 nuclídeos, sendo que do ponto de vista de impacto
ambiental, destacam-se o césio-137 e o estrôncio-90, devido às suas características
nucleares como alto rendimento de fissão e meia-vida longa. O césio, por ser
semelhante quimicamente ao potássio, tende a acompanhá-lo depositando-se
parcialmente nos músculos e o estrôncio, semelhante ao cálcio, deposita-se nos
ossos.
Os materiais radioativos que não são utilizados em virtude dos riscos que
representam são tratados de acordo com seu grau de periculosidade. Esses rejeitos
radioativos, são classificados quanto a rejeitos de baixa, média e alta atividade. Os
rejeitos de meia-vida curta são armazenados até atingirem os níveis de radiação
semelhante ao do meio ambiente e só então são liberados. Rejeitos de baixa
atividade, como luvas, aventais são colocados em sacos plásticos e guardados em
tambores ou caixas de aço, após classificação e respectiva identificação. Os
produtos de fissão, resultantes do combustível nos reatores nucleares, sofrem
tratamento especial em Usinas de Reprocessamento. Os materiais radioativos

6
restantes, sofrem tratamento químico e são vitrificados, guardados em sistemas de
contenção e armazenados em depósitos de rejeitos radioativos.
Assim, radioatividade é definida como a capacidade que alguns elementos
fisicamente instáveis possuem de emitir energia sob forma de partículas ou radiação
eletromagnética. O trifólio é o símbolo internacional que indica a presença de
radiação no entorno, este símbolo deve respeitado e não temido.

Aplicações na ciência e tecnologia


No início do século XX após a descoberta de Marie Curie, as pessoas
achavam que a radiação fazia bem para saúde. Acreditava-se que essa forma de
energia tinha propriedades curativas, energizastes, renovadoras, afrodisíacas, etc.
Isso porque era desconhecido até então seus efeitos a longo, médio e curto prazo.
Assim devido a falta de informação, logo surgiram os mais diversos produtos
radioativos à venda.
Este anúncio incluía os dizeres “100% natural” pois continha radio puro não
refinado. Atualmente, o uso da radioatividade estende-se a áreas diversificadas e
suas aplicações são as variadas possíveis.
- Saúde e terapia:
A terapia estuda e coloca em prática os meios necessários para aliviar ou
curar os doentes. Radioterapia, braquiterapia, aplicadores e radioisótopos são
exemplos de terapia.
A Radioterapia consiste em eliminar tumores malignos (cancerígenos)
utilizando radiação gama, raios X ou fontes de elétrons. O princípio básico é eliminar
as células cancerígenas e evitar sua proliferação, e estas serem substituídas por
células sadias. O tratamento é feito com aplicações programadas de doses elevadas
de radiação, com a finalidade de “matar” as células alvo e causar o menor dano
possível aos tecidos sadios intermediários. Como as doses aplicadas são muito
altas, os pacientes sofrem danos orgânicos significativos e ficam muito debilitados.
Por isso são cuidadosamente, acompanhados por terapeutas, psicólogos,
apoio quimioterápico e de medicação.
A radioterapia destrói o tumor, absorvendo energia da radiação. Os
irradiadores, denominados de bomba de cobalto, nada mais são que uma fonte
radioativa de cobalto-60 utilizada para tratar câncer de órgãos mais profundos. As
fontes de césio-137, já foram bastante utilizadas na radioterapia, mas estão sendo

7
desativadas, pois a energia da radiação gama emitida pelo césio-137 é
relativamente baixa. Graças à radioterapia, muitas pessoas com câncer são curadas
hoje em dia, ou se não, têm a qualidade de vida melhorada durante o tempo que lhe
resta de vida.
A Braquiterapia é um tratamento com elemento radioativo “perto” dos tecidos
e em locais específicos do corpo humano. Para isso são utilizadas fontes radioativas
emissoras de radiação gama de baixa e média energia, encapsuladas em aço inox
ou em platina, com atividade da ordem de dezenas de Curies. Os isótopos mais
utilizados são Irídio-192, Césio-137, Rádio-226. As fontes são colocadas próximas
aos tumores, por meio de aplicadores, durante cada sessão de tratamento. Sua
vantagem é afetar mais fortemente o tumor, devido à proximidade da fonte
radioativa, e danificar menos os tecidos e órgãos próximos. Devem ser manipuladas
por técnicos bem treinados e oferecem menor risco que a Bomba de Co-60.
Os Aplicadores são fontes radioativas betas emissoras distribuídas sobre uma
superfície, cuja geometria depende do objetivo do aplicador. O Estrôncio-90 é um
radionuclídeo, muito usado em aplicadores dermatológicos e oftalmológicos. O
princípio de operação é a aceleração do processo de cicatrização de tecidos
submetidos a cirurgias, evitando sangramentos. Alguns tratamentos utilizam
medicamentos contendo radioisótopos, inoculados no paciente por meio de ingestão
ou injeção, com a garantia de sua deposição preferencial em determinado órgão ou
tecido do corpo humano. Por exemplo, isótopos do iodo para o tratamento de câncer
na tireóide. Um paciente submetido a este tratamento torna-se uma fonte radioativa,
pois as radiações gama, além de acertar os tecidos alvo, podem sair com
intensidade significativa da região de deposição e atingir pessoas nas proximidades.
Neste caso, deve-se utilizar radioisótopos de meia-vida curta, para facilitar o breve
retorno do paciente à sua casa, sem causar irradiação significativa a seus familiares
ou pessoas próximas.
- Diagnóstico
O diagnóstico é responsável pela determinação e conhecimento da doença
através de seus sintomas. Radiografia, tomografia, mamografia e o mapeamento
com radiofármacos são muito úteis na medicina.
A radiografia é uma imagem obtida, após um feixe de raios X ou raios gama,
atravessar a região de estudo e interagir com uma emulsão fotográfica ou tela
fluorescente. Existe uma grande variedade de tipos, tamanhos e técnicas

8
radiográficas. As mais conhecidas são as de radiologia oral (periapicais,
panorâmicas), radiologia de tórax (pulmão, trato intestinal), de membros, de crânio,
cérebro e coluna. Para essas aplicações utilizam-se raios X com energia adequada.
O cuidado que se deve ter é que, devido ao caráter cumulativo da radiação
ionizante para fins de produção de efeitos biológicos, não se deve tirar radiografia
sem necessidade e, principalmente, com equipamentos fora dos padrões de
operação. O risco de dano é maior para o operador, que executa rotineiramente
muitas radiografias por dia. Para evitar exposição desnecessária, ele deve fica o
mais distante possível no momento do disparo do feixe ou protegido por um biombo
com blindagem de chumbo.
O princípio da tomografia consiste em ligar o tubo de raios X a um filme
radiográfico por um braço rígido que gira ao redor de um determinado ponto, situado
num plano paralelo à película. Assim, durante a rotação do braço, produz-se a
translação simultânea do foco e do filme. Os pontos do plano do corte dão uma
imagem nítida, enquanto que nos demais planos, a imagem sai “borrada”. Desta
forma, obtém-se imagens de planos de cortes sucessivos, como se fossem
observadas fatias secionadas, por exemplo, do cérebro.
A mamografia é um instrumento poderoso para a redução de mortes por
câncer de mama. Como o tecido da mama é difícil de ser examinado com o uso de
radiação penetrante, devido às pequenas diferenças de densidade e textura de seus
componentes como tecido adiposo e fibroglandular, a mamografia possibilita apenas
suspeitar e não diagnosticar um tumor maligno. O diagnóstico é complementado
com o uso de biópsia e ultra-sonografia.
O Mapeamento com Radiofármacos é comum. A marcação de aves e peixes
pela fixação de anéis identificadores em seu corpo, é usado para estudar os seus
hábitos migratórios e reprodutivos. O traçador radioativo tem o mesmo objetivo,
porém os elementos marcados são moléculas de substâncias que se incorporam ou
são metabolizadas pelo organismo do homem, de uma planta ou animal.
O Iodo-131 é usado para seguir o comportamento do Iodo-127, estável, no
transcurso de uma reação química in vidro ou no organismo. A molécula da vitamina
B-12 marcada com Cobalto-57, glóbulos vermelhos marcados com Cromo-51,
podem ser identificadas externamente por detectores, pois em termos metabólicos
tudo é igual ao material estável.

9
Utilizando o radioisótopo Tecnécio-99, em diferentes moléculas químicas,
pode-se realizar exames de medula óssea, pulmão, coração, tireóide, rins e cérebro.
Nestes exames, a radiação é emitida pelo paciente enquanto a atividade
administrada nele for significativa. Por isso, devem ser usados radioisótopos de meia
vida e tempo de residência pequeno.
- Indústria
- Radiografia Industrial
Os radioisótopos se mostraram extremamente úteis na indústria e, como
detectores eficazes, são atualmente empregados em muitos processos. Um dos
primeiros usos dos radioisótopos foi a radiografia. O conhecido aparelho de raios X
foi substituído por um emissor de raios gama, que é mais facilmente manejado,
embora deva ser contida numa espessa blindagem de chumbo, quando não está em
uso. Utilizam-se fontes de radiação gama, como o Césio-137 e o Cobalto-60 para
produzir uma imagem sobre um filme adequado, formada pelos raios que passam
através do objeto em exame. Uma radiografia industrial, que é obtida em poucos
segundos com o aparelho de raios X, pode exigir algumas horas com os raios gama.
Essa técnica permite testar um produto sem danificá-lo.
- Medidores Nucleares
É uma técnica que se baseia na atenuação dos raios gama, quando estes
passam através de um material qualquer. Pode-se assim determinar a espessura do
material e os dados obtidos podem ser retransmitidos às máquinas para controlar a
espessura dentro dos limites desejados. Entre os materiais produzidos por esse
método incluem-se vários tipos de papéis e metais, forros de vinil para paredes,
adesivos cirúrgicos, lonas para pneus, borrachas, zinco galvanizado, materiais para
assoalhos, adesivos, lixas, etc. As folhas de muitos desses materiais passam pelos
medidores a uma velocidade de centenas de metros por minuto.
Usando o mesmo princípio, medidores de densidade servem para medir e
controlar a produção e manufatura de tipos semelhantes de materiais. Outro tipo de
medidor é o medidor de nível, que emprega a refração dos raios gama por parte da
superfície envernizada de um tubo a fim de medir a espessura do verniz, ou a do
tubo, ou as superfícies em que só um lado é acessível. Esse tipo de medição pode
ser também usado para controlar a espessura da camada enferrujada de vigas e
colunas de aço. Muitas indústrias se defrontam com o problema de verificar se as
embalagens foram devidamente enchidas com os produtos.

10
A altura atingida pelo metal fundido nos altos-fornos tem sido controlada com
raios gama de Cobalto-60. Muitas indústrias usam processos de mistura, e usam
elementos traçadores, para determinar qual o grau de eficiência desses processos.
A indústria alimentícia usa muito os radioisótopos Manganês-56 e o Sódio-24
para testar seus produtos. O Sódio-24 também é usado para verificar se há
vazamentos em oleoduto. Ele é introduzido no oleoduto e seguido a
aproximadamente um quilômetro de distância por um detector preso a uma boia. O
detector contém um contador Gêiser e um pequeno gravador. No lugar do
vazamento terá saído um pouco do líquido radioativo. O contador registra a
radioatividade, gravando-a na fita.
A radioatividade permite medir exatamente o desgaste das máquinas, pode-
se até medir o desgaste de um automóvel que rodou 10 metros. As engrenagens
são antes colocadas num reator, para se tornarem radioativas, e depois recolocadas
no carro. Se este rodar numa pista de testes, uma parte mínima das engrenagens se
desgasta e os fragmentos são recolhidos no óleo e medindo a radioatividade do
óleo, pode-se determinar o grau de desgaste.
- Agricultura
Atualmente, os radioisótopos são importantes para os agricultores, não como
algo usado diretamente no cultivo da terra, mas devido a diversas possibilidades de
aplicação. Por exemplo, empregam-se elementos radioativos traçadores para
estudar os fertilizantes e o metabolismo dos minerais nas plantas, usam-se
fertilizantes marcados com Fósforo-32 para medir a quantidade de fosfato existente
no solo e o consumo de fósforo pelas plantas.
As radiações têm sua utilidade na luta contra os insetos. O método usado é o
da esterilização dos machos, e consiste no seguinte: insetos são criados em massa
e, antes que cheguem à maturidade, são esterilizados por meio de radiação
controlada. Em seguida são libertados na região infestada. O acasalamento
improdutivo dos machos com as fêmeas que estavam em liberdade acaba por levar
a extinção da espécie. Esta técnica foi empregada para acabar com as moscas das
frutas, que danificavam laranjas e outros frutos.
Os recursos mundiais de alimentos serão aumentados por meio de alterações
genéticas produzidas em algumas plantas pelas radiações. Entre as plantas assim
modificadas se incluem a soja, o arroz e o trigo. As radiações também servem para

11
impedir a deterioração dos cereais nos armazéns. Usa-se radiação controlada para
matar ou esterilizar insetos que atacam os grãos reduzindo a infestação.
- Geocronologia e Datação
Utilizando isótopos radioativos pode-se determinar a idade de formação e
modificação de elementos geológicos como rochas, cristalização, idade de fósseis e
formação de petróleo. Os principais isótopos utilizados em geocronologia e
paleontologia são: Urânio-238, Tório-232, Rubídio-87, Carbono-14 e Potássio-40.
- Geração de Energia
Os radioisótopos são utilizados como elementos para gerar energia térmica
ou elétrica. Além das baterias que geram corrente elétricas, existem os reatores
nucleares que podem gerar muita energia. O choque de um nêutron livre com o
isótopo Urânio-235 causa a divisão do núcleo desse isótopo em duas partes – dois
outros átomos – e ocasiona uma liberação relativamente alta de energia. Esse
fenômeno é a fissão nuclear.
- Pesquisas
Um ótimo exemplo de sua aplicação em pesquisa, foi a produção do
acelerador de partículas, pelo Laboratório Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN),
com objetivo é estudar e recriar o Big Bang, em escala reduzida. Esta pesquisa pode
confirmar ou mudar toda a teoria da Física sobre a estrutura da matéria. O
acelerador de partículas é um instrumento essencialmente construído utilizando uma
fonte de partículas carregadas expostas a campos elétricos que as aceleram. Após a
aceleração passam em seguida por um campo magnético que as desvia de suas
trajetórias focalizando-as e controlando as direções (defletindo-as).

Impactos produzidos na sociedade


Devido ao poder penetrante, as radiações podem provocar lesões no sistema
nervoso, na medula óssea e até a morte dos seres vivos, pois elas alteram a
estrutura celular. O grau de intensidade de alteração no interior da célula dependerá
do tipo de radiação incidente, da natureza do tecido ou do órgão afetado, da dose de
radiação aplicada e do tempo de exposição do tecido a uma mesma dose de
radiação. As partículas alfa (α) são praticamente inofensivas, uma vez que elas em
geral não conseguem ultrapassar as camadas externas de células mortas da pele de
uma pessoa. Entretanto, podem penetrar no organismo através de um ferimento ou
por aspiração, provocando lesões graves. As partículas beta (β) penetram cerca de

12
um centímetro na pele e podem danificá-la, mas não os órgãos internos, a não ser
que sejam engolidas ou aspiradas. Os raios gama (y) penetram o corpo humano,
sendo detidos somente por uma parede grossa de concreto ou metal.
Quando uma radiação atravessando um meio transforma os átomos em íons,
diz-se que é uma radiação ionizante. Esse tipo de radiação provoca queimadura,
câncer, defeitos genéticos em gerações futuras e até a morte.
O estudo dos efeitos das radiações vem sendo feito em pessoas expostas à
radiação em tratamentos médicos (radioterapia), que foram vítimas de acidentes
nucleares (acidente de Chernobyl), sobreviventes das bombas atômicas de
Hiroshima e Nagasaki dentre outros. A radiação atua de forma diferente,
dependendo do tipo de célula. As células cancerosas, que se dividem rapidamente e
não são especializadas, são bastante sensíveis, as nervosas, que se dividem mais
lentamente e são altamente especializadas, são mais resistentes. As crianças são
vulneráveis à radiação, e são mais susceptíveis antes do nascimento, pois nessa
fase suas células se multiplicam rapidamente.
Os efeitos das radiações são medidas em REM (Roentgen Equivalent Man).
O REM mede o efeito, sobre um dado organismo, provocado pela absorção de certa
quantidade de energia. Ele se refere a quantidade de radiação necessária para
produzir danos no tecido vivo. Um REM equivale a 0,01J/Kg (Joule por Quilograma).
Podem ser divididos em duas partes: efeitos somáticos e efeitos hereditários. Os
efeitos hereditários surgem somente no descendente da pessoa irradiada. Resultam
do dano causado pela radiação em dos órgãos reprodutores. Os efeitos somáticos
resultam de danos nas células do corpo e aparecem na própria pessoa irradiada,
mas não é fatal. A dosagem excessiva de radiação pode causar efeitos imediatos
como perda de apetite, emagrecimento, garganta dolorida ou ainda efeitos tardios
como úlcera, câncer, catarata, leucemia, esterilidade e envelhecimento precoce.
Um dos impactos produzidos e gerados, que trazem bastante transtorno, são
os materiais radioativos produzidos em Instalações Nucleares (Reatores Nucleares,
Usinas de Beneficiamento de Minério de Urânio e Tório, Unidades do Ciclo do
Combustível Nuclear), Laboratórios e Hospitais, nas formas sólida, líquida ou
gasosa, que não têm utilidade, não podem ser simplesmente “jogados fora” ou “no
lixo”, por causa das radiações que emitem. Esses materiais, que não são utilizados
em virtude dos riscos que apresentam, são chamados de Rejeitos Radioativos.

13
Os rejeitos radioativos precisam ser tratados, antes de serem liberados para o
meio ambiente, se for o caso. Eles podem ser liberados quando o nível de radiação
é igual ao do meio ambiente e quando não apresentam toxidez química. Rejeitos
sólidos, líquidos ou gasosos podem ser, ainda, classificados, quanto à atividade, em
rejeitos de baixa, média e alta atividade.
Os de meia-vida curta são armazenados em locais apropriados (preparados),
até sua atividade atingir um valor semelhante ao do meio ambiente, podendo, então,
ser liberados. Esse critério de liberação leva em conta somente atividade do rejeito.
É evidente que materiais de atividade ao nível ambiental mas que apresentam
toxidez química para o ser humano ou que são prejudiciais ao ecossistema não
podem ser liberados sem um tratamento químico adequado.
Rejeitos sólidos de baixa atividade, como partes de maquinário contaminadas,
luvas usadas, sapatilhas e aventais contaminados, são colocados em sacos
plásticos e guardados em tambores ou caixas de aço, após classificação e
respectiva identificação.
Já os produtos de fissão, resultantes do combustível nos reatores nucleares,
sofrem tratamento especial em Usinas de Reprocessamento, onde são separados
e comercializados, para uso nas diversas áreas de aplicação de radioisótopos. Os
materiais radioativos restantes, que não têm justificativa técnica e/ou econômica
para serem utilizados, sofrem tratamento químico especial e são vitrificados,
guardados em sistemas de contenção e armazenados em Depósitos de Rejeitos
Radioativos.
No Brasil, o acidente de Goiânia que envolveu uma contaminação radioativa,
isto é, existência de material radioativo em lugares onde não deveria estar presente
foi o mais expressivo até hoje no país. Segundo investigação, uma fonte radioativa
de césio-137 era usada em uma clínica da cidade de Goiânia, para tratamento de
câncer. Nesse tipo de fonte, o césio-137 fica encapsulado, na forma de um sal,
semelhante ao sal de cozinha, e “guardado” em um recipiente de chumbo, usado
como uma blindagem contra as radiações. Após vários anos de uso, a fonte foi
desativada, isto é, não foi mais utilizada, embora sua atividade radioativa ainda
fosse muito elevada, não sendo permissível a abertura do invólucro e o manuseio da
fonte sem cuidados especiais. A Clínica foi transferida para novas instalações, mas
o material radioativo não foi retirado, contrariando a Norma da CNEN. Toda firma
que usa material radioativo, ao encerrar suas atividades em um local, deve solicitar o

14
cancelamento da autorização para funcionamento (operação), informando o destino
a ser dado a esse material. A simples comunicação do encerramento das atividades
não exime a empresa da responsabilidade e dos cuidados correspondentes, até o
recebimento pela CNEN.
Na época, duas pessoas “retiraram sem autorização” o equipamento do local
abandonado, que servia de abrigo e dormitório para mendigos. A blindagem foi
destroçada, deixando à mostra um pó azul brilhante, muito bonito, principalmente no
escuro. E o “pozinho brilhante” foi distribuído para várias pessoas, inclusive
crianças...O material que servia de blindagem foi vendido a um ferro velho. O
material radioativo foi-se espalhando pela vizinhança e várias pessoas foram
contaminadas. A CNEN foi chamada a intervir e iniciou um processo de
descontaminação de ruas, casas, utensílios e pessoas.
Esse acidente radioativo resultou na morte de quatro pessoas, dentre 249
contaminadas. As demais vítimas foram descontaminadas e continuaram em
observação, não tendo sido registrados, até o momento, efeitos tardios provenientes
do acidente. Quanto aos objetos (móveis, eletrodomésticos etc.), foram tomadas
providências drásticas, em razão da expectativa altamente negativa e dos temores
da população. Móveis e utensílios domésticos foram considerados rejeitos
radioativos e como tal foram tratados. As casas foram demolidas e seus pisos, após
removidos, passaram também a ser rejeitos radioativos. Parte da pavimentação das
ruas foi retirada. Estes rejeitos radioativos sólidos foram temporariamente
armazenados em embalagens apropriadas, enquanto se aguardava a construção de
um repositório adequado.
A CNEN estabeleceu, em 1993, uma série de procedimentos para a
construção de dois depósitos com a finalidade de abrigar, de forma segura e
definitiva, os rejeitos radioativos decorrentes do acidente de Goiânia. O primeiro,
denominado Contêiner de Grande Porte (CGP), foi construído em 1995, dentro dos
padrões internacionais de segurança, para os rejeitos menos ativos. O segundo
depósito, visando os rejeitos de mais alta atividade, concluído em 1997, deverá ser
mantido sob controle institucional da CNEN por 50 anos, coberto por um programa
de monitoração ambiental, de forma a assegurar que não haja impacto radiológico
no presente e no futuro.
Importante: a irradiação por fontes de césio-137, cobalto-60 e similares não torna
os objetos ou o corpo humano radioativo.

15
Efeito no trabalho e na formação do aluno
O acelerado crescimento do conhecimento nos últimos anos tornou
impraticável o ensino tradicional baseado exclusivamente na transmissão oral de
informação. Em muitas disciplinas já não é possível, dentro das cargas horárias,
transmitir todo o conteúdo importante. Mais importante ainda, o conhecimento não é
acabado, e muito do que o estudante precisará saber em sua vida profissional ainda
está por ser descoberto.
O desafio da universidade hoje é formar indivíduos capazes de buscar
conhecimentos e de saber utilizá-los. Ao contrário de outrora, quando o importante
era dominar o conhecimento, hoje penso que o importante é "dominar o
desconhecimento", ou seja, estando diante de um problema para o qual ele não tem
a resposta pronta, o profissional deve saber buscar o conhecimento pertinente e,
quando não disponível, saber encontrar, ele próprio, as respostas por meio de
pesquisa.
Não será fazendo dos alunos meros depositários de informações que
estaremos formando os cidadãos e profissionais de que a sociedade necessita. Para
isto, as atividades, curriculares ou extracurriculares, voltadas para a solução de
problemas e para o conhecimento da nossa realidade, tornam-se importantes
instrumentos para a formação dos nossos estudantes. É dentro desta perspectiva
que a inserção precoce do aluno de graduação em projetos de pesquisa se torna um
instrumento valioso para aprimorar qualidades desejadas em um profissional de
nível superior, bem como para estimular e iniciar a formação daqueles com mais
vocação para a pesquisa. Para desenvolver um projeto de pesquisa é necessário
buscar o conhecimento existente na área, formular o problema e o modo de
enfrentá-lo, coletar e analisar dados, e tirar conclusões. Aprende-se a lidar com o
desconhecido e a encontrar novos conhecimentos. Os mecanismos institucionais
para esta inserção são os estágios curriculares e a iniciação científica. Precisamos
ampliar a iniciação científica como uma atividade curricular, valendo crédito e
devidamente avaliada, para possibilitar uma melhor formação dos nossos
estudantes.
A “Semana de Iniciação Científica” faz parte do esforço de valorização desta
atividade, porque dá ao aluno a oportunidade de expor o seu trabalho aos demais
membros da comunidade universitária. A participação de todos, com críticas e

16
sugestões aos trabalhos apresentados, representa uma grande contribuição à
formação dos alunos.

Conclusão
O conhecimento a respeito da estrutura do átomo e de suas características
torna possível uma boa compreensão sobre os fenômenos relacionados ao seu
núcleo, que representa a região mais energética de toda a matéria e corresponde à
menor parte do átomo (entre dez e cem mil vezes menor que ele), concentrando
praticamente toda a massa deste.
Neste momento, já somos capazes de entender melhor a respeito da
radioatividade, podendo então participar mais ativamente do mundo em que
vivemos, no qual as tecnologias estão cada vez mais próximas de nós, muitas
vezes, sem que a percebemos, com aplicações nas indústrias, hospitais, agricultura.
Todas as reações químicas elementares, bem como as ligações químicas inter-
atômicas responsáveis pela infinidade de substâncias conhecidas pelo ser humano,
ocorrem com alterações somente na eletrosfera; o núcleo, nesses e nos demais
casos, mantém-se “constantemente” inalterado; porém, quando ocorre a modificação
deste, sabemos que as consequências podem ser catastróficas.

Bibliografia
KENDALL, H. 100 Maiores descobertas científicas de todos os tempos: tradução
Sergio Viotti. 2ed. São Paulo: Ediouro Publicações, 2007.

CARDOSO, E.M. Radioatividade. Rio de Janeiro: Ministério da Ciência e


Tecnologia/Comissão Nacional de Energia Nuclear, 2003. 19p. Apostila educativa.

CARDOSO, E.M. Aplicações da Energia Nuclear. Rio de Janeiro: Ministério da


Ciencia e Tecnologia/Comissão Nacional de Energia Nuclear, 2003. 18p. Apostila
educativa.

CARVALHO, A.R.; OLIVEIRA, M.V.C. Princípios básicos do saneamento do


meio. 9 ed. São Paulo: Senac Editora, 2007.

17
ALMEIDA, E.V. A RADIOATIVIDADE E SUAS APLICAÇÕES. São Carlos:
USP/Instituto de Química, 2004. 23p. Trabalho de Conclusão de Curso

WIKIPEDIA. A enciclopédia livre. Disponível em: <http:// www.wikipedia.org.br>.

18

Você também pode gostar