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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Escola Superior de Ciências do Desporto

(ESCIDE)

LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DO DESPORTO

Níveis e Padrões de Actividade Física em Gestantes Residentes em Contextos


Rurais e Urbanos

Monografia Apresentada em Cumprimento Parcial dos Requisitos Exigidos Para a


Obtenção do Grau de Licenciatura em Desporto Adaptado e Saúde na Universidade
Eduardo Mondlane

Autora:

Nádia Adélia Cossa

Supervisor:

Prof. Doutor. Leonardo Nhantumbo

Maputo, Janeiro de 2019


UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Escola Superior de Ciências do Desporto

(ESCIDE)

LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DO DESPORTO

Níveis e Padrões de Actividade Física em Gestantes Residentes em Contextos


Rurais e Urbanos

Monografia Apresentada em Cumprimento Parcial dos Requisitos Exigidos Para a


Obtenção do Grau de Licenciatura em Desporto Adaptado e Saúde na Universidade
Eduardo Mondlane

Autora:

____________________________

Nádia Adélia Cossa

Supervisor:

Prof. Dr. Leonardo Nhantumbo

O Júri

Presidente: Supervisor: Oponente:

_____________________ __________________
______________________
Maputo, aos_______de___________ de 2019
Declaração de Honra

Declaro ser a autora desta Monografia, que constitui um trabalho original, nunca foi
submetido (no seu todo ou qualquer das suas partes) a outra instituição de ensino
superior para obtenção de um grau académico ou outra habilitação. Atesto ainda que
todas as citações estão devidamente identificadas. Acrescento que tenho consciência
de que o plágio é a utilização de elementos alheios sem referência ao seu autor
constitui uma grave falta de ética, que poderá resultar na anulação da presente
Monografia.

_________________________________

Nádia Adélia Cossa


Dedicatória
Agradecimentos

Este estudo não é apenas resultado de um empenho individual, mas sim de um


conjunto de esforços que o tornaram possível e sem os quais teria sido muito mais
difícil chegar ao fim desta etapa, que representa um importante marco na minha vida
pessoal e profissional. Desta forma, manifesto a minha gratidão a todos os que
estiveram presentes nos momentos de angústia, de ansiedade, de insegurança, de
exaustão e de satisfação.

Ao meu orientador, Prof. Doutor Leonardo Nhantumbo, pela forma como me orientou,
pelo entusiasmo e motivação. É de igual modo, importante referir, ainda, a
disponibilidade sempre manifestada, apesar do seu horário demasiado preenchido, o
seu apoio e confiança.

i
Epigrafe

“Talvez não tenhamos conseguido fazer o melhor, mas lutamos para que o melhor fosse feito.
Não somos o que deveríamos ser, não somos o que iremos ser. Mas Graças a Deus, não somos o
que éramos”.

(Martin Luther King)

“Ninguém ignora tudo,

Ninguém sabe tudo.

Por isso, aprenderemos sempre”

(Paulo Freire)

ii
Resumo

A gestação é um período de inúmeras mudanças e adaptações fisiológicas no corpo da


mulher, requerendo assim atenção e cuidados especiais para uma gravidez saudável.
A maioria das mulheres grávidas experimentam algum desconforto neste período,
proveniente dos efeitos negativos das alterações físicas e psicológicas, e a prática de
actividade física tem proporcionado melhor qualidade de vida para a mãe e para o feto.
Apesar de não haver estudos decisivos em relação ao padrão óptimo de actividade
física e exercícios durante a gestação há um consenso na literatura científica de que a
actividade física, realizada com uma intensidade leve a moderada proporciona
inúmeros benefícios e sobrepõem os riscos. Esse trabalho tem a finalidade de
desmistificar as falsas considerações sobre a actividade fisica, bem como incentivar a
essa população e os profissionais da área da saúde, a obterem informações
necessárias às suas intervenções em transmitir e oferecer de forma clara os benefícios
que o exercício físico proporciona à gestante. Em termos metodológico, realizou-se a
análise documental compostas por livros e artigos científicos que destacam não
somente os benefícios que o exercício físico proporciona no período gestacional, mas
também os cuidados a serem observados tanto pela futura mãe como pelos
profissionais da área da saúde em relação a ela, aplicação de questionário
complementada pelas entrevistas semi-estruturadas como principais técnicas do
processo de recolha de dados. Assim, para o tratamento estatístico e a análise dos
dados do questionário foram realizados com a utilização dos programas de informática
SPSS e Excel. Conclui-se, no entanto, que é comum a falta de informação sobre o
assunto no contexto moçambicano e é pertinente a preocupação com os chamados
“tabus”, ainda recorrentes nos dias actuais, principalmente no que se refere ao facto de
que é recomendável à mãe gestante não praticar nenhuma actividade física.

Palavras-chave: Actividade Física; Gestação; Benefícios, Exercicios Físicos, Mulheres


Gestantes.

iii
Abstract

Gestation is a period of innumerable changes and physiological adaptations in the


woman's body, thus requiring special attention and care for a healthy pregnancy. Most
pregnant women experience some discomfort in this period, due to the negative effects
of physical and psychological changes, and the practice of physical activity has
provided a better quality of life for the mother and the fetus. Although there are no
decisive studies regarding the optimal pattern of physical activity and exercise during
pregnancy, there is a consensus in the scientific literature that physical activity,
performed at a mild to moderate intensity, provides innumerable benefits and overlaps
the risks. This work has the purpose of demystifying false considerations about physical
activity, as well as encouraging this population and health professionals to obtain
information necessary for their interventions in transmitting and clearly offering the
benefits that physical exercise provides the pregnant woman. In methodological terms,
the documentary analysis was made up of books and scientific articles highlighting not
only the benefits that the physical exercise provides in the gestational period, but also
the care to be observed both by the future mother and the professionals of the health
area in questionnaire complemented by semi-structured interviews as the main
techniques of the data collection process. Thus, for the statistical treatment and analysis
of the questionnaire data were performed using the SPSS and Excel computer
programs. However, it is concluded that there is a common lack of information on the
subject in the Mozambican context and the concern with the so-called "taboos", still
recurrent today, is relevant, especially as regards the mother does not engage in any
physical activity.

Keywords: Physical Activity; Gestation; Benefits, Physical Exercises, Pregnant Women.

iv
Lista de abreviaturas

AC- Antes do Cristo

ACSM- American College of Sports Medicine

AF- Actividade Física

DC- Depois do Cristo

OMS- Organização Mundial da Saúde

SPSS- Pacote Estatístico para Ciências Sociais

v
Índice de gráficos e tabelas

Grafico 9: Amostra da frequência da prática de Actividades fisica nos contextos


distintos…………………………………………………………………………………………

Grafico 10: Amostra da duração da pratica de actividades fisica nos contextos


distintos…………………………………………………………………………………………

vi
Tabelas

Tabela 1: Amostra sobre o contexto onde vivem as gestantes…………………………27

Tabela 2: Amostra sobre a área em que trabalha……………………………………… 29

vii
Índice
Declaração de Honra..........................................................................................................i

Dedicatória..........................................................................................................................i

Agradecimentos..................................................................................................................i

Epígrafe..............................................................................................................................ii

Resumo.............................................................................................................................iii

Abstract.............................................................................................................................iv

Lista de abreviaturas..........................................................................................................v

Índice de gráficos..............................................................................................................vi

Capitulo I: Introdução.........................................................................................................1

1.1. Problema do estudo....................................................................................................2

1.2. Objectivos da pesquisa..............................................................................................3

1.2.1. Objectivo Geral........................................................................................................3

1.2.2. Objectivos específicos.............................................................................................3

1.3. Perguntas de pesquisa...............................................................................................4

1.4. Justificativa e relevância da pesquisa........................................................................4

1.5. Estrutura do trabalho..................................................................................................6

Capitulo II. Revisão de Literatura......................................................................................7

2.1. Actividade Fisica: perspectiva histórica e actual........................................................7

2.2. Sobre o conceito de Actividade fisica.........................................................................9


2.3. Tipologia de Actividade Fisica para Gestantes........................................................11

2.4. Beneficios de Actividade Fisica................................................................................13

2.5. Recomendação de actividade física na gestação....................................................15

2.6. Prevalências de actividade física durante a gravidez..............................................17

Capitulo III. Metodologia..................................................................................................20

3.1. Etapa 1: Revisão da Literatura.................................................................................21

3.2. Etapa 2: Pesquisa Documental................................................................................22

3.3. Etapa 3: Preparação dos Instrumentos de Recolha de Dados................................22

3.4. Etapa 4: Aplicação dos Questionários (Trabalho de Campo)..................................23

3.5. Etapa 5: Análise e Compilação dos dados...............................................................25

3.6. Etapa 6: Redacção do texto.....................................................................................26

3.7. Limitações do Estudo...............................................................................................26

Capitulo IV: Apresentação e Discussão dos Resultados................................................27

4.1. Caracteristicas das gestantes entrevistadas............................................................28

4.2. Conhecimento das mulheres gestantes sobre os riscos associados a inactividade


física no contexto rural e urbano.....................................................................................31

4.2.1. Conteúdos transmitidos as mulheres gestantes pelos profissionais dos centros de


saúde sobre as actividades físicas..................................................................................34

4.4. Adesão a prática de actividade física na gestação..................................................40


4.5. Influencia dos factores ambientais nos níveis e padrões de actividades físicas em
mulheres gestantes.........................................................................................................51

Capitulo V: Conclusão e recomendações.......................................................................54

5.1. Conclusão.................................................................................................................54

5.2. Recomendações.......................................................................................................57

Referências Bibliográficas...............................................................................................59

ANEXOS..........................................................................................................................64
Capitulo I: Introdução

A prática da actividade física durante a gestação vem sendo recentemente foco de


debates na comunidade. Contudo, o problema do baixo engajamento às práticas de
actividades físicas enquanto hábito ou prática regular desafia pesquisadores, pois
ainda que a exercitação corporal esteja vinculada a questões importantes como
educação, saúde, produtividade, bem-estar comunitário e qualidade de vida, os índices
de participação ainda não atingem os níveis esperados como defendem autores como
Nogueira e Palma (2003).

Ao retornar aos primórdios da humanidade, pode-se dizer que no período


convencionado como pré-histórico, o homem dependia de suas valências físicas para
sobreviver, e por isso era considerado um ser extremamente activo fisicamente
(Pitanga, 2002). Já nas últimas décadas, as sociedades modernas, marcadamente
industrializadas, estão repletas de novas tecnologias, que facilitam as tarefas da vida
diária e têm promovido novos estilos de vida. A inactividade física favorecida por esses
novos hábitos, contribui para a determinação multifacetada do aumento dos índices de
obesidade na população em geral, conforme referem Pimenta et al. (2012).

A explicação para a baixa adesão às actividades físicas é o número de barreiras que


dificultam a participação, ou seja, os obstáculos percebidos pelo indivíduo que podem
reduzir o seu engajamento em determinados comportamentos. Como o contexto é um
dos determinantes do estilo de vida, pessoas de uma mesma região geográfica,
separadas por apenas alguns quilômetros, podem ter estilos de vida completamente
diferentes, tanto em relação aos hábitos alimentares como aos de actividades físicas e
laborais, principalmente entre os meios rural e urbano (Glaner, 2002).

Poucos estudos populacionais foram conduzidos em áreas rurais. Ainda assim, as


pesquisas disponíveis mostram que essas comunidades também apresentam altas
prevalências de doenças e agravos não transmissíveis, apesar de seu estilo de vida
mais activo. A partir do conhecimento dos níveis de actividade física nas diferentes
populações, é possível elaborar políticas públicas de incentivo a essa prática,

1
adaptadas às questões sociais, ambientais e culturais de cada população. (Saba,
2001).

A mensuração dos níveis de actividade física em estudos populacionais tem sido


desafiadora, inclusive quanto à comparabilidade entre os estudos de Hallal et al.
(2007). Também, é difícil medir, com a mesma precisão, as actividades realizadas nos
diferentes domínios da actividade física – lazer, deslocamentos, actividades
ocupacionais e serviços domésticos. (Hallal e Anjos, 2007). Estudos sobre níveis de
actividade física em comunidades rurais apresentam desafios adicionais, relacionados
a diferenças culturais, baixa escolaridade, pobreza e dificuldade de acesso aos
serviços de saúde dessas populações (Bicalho et al., 2010).

1.1. Problema do estudo

Actualmente parece haver uma preocupação mundial crescente para qualidade e estilo
de vida bem como as consequências e efeitos nocivos à saúde que a inactividade física
pode causar. Segundo OMS (2004), a prática da Actividade Física está associada à
redução de mortes prematuras, doenças do coração, acidente vascular cerebral,
câncer de cólon e mama e diabetes tipo II. Também interfere de forma positiva na
prevenção ou redução da hipertensão arterial e da obesidade, auxilia na prevenção ou
redução da osteoporose, promove o bem-estar, reduzindo o estresse, a ansiedade e a
depressão. (Ibidem). Assim, a Actividade Física interage de forma positiva com as
estratégias para adopção de uma dieta saudável, desestimula o uso do tabaco, do
álcool, das drogas, reduz a violência e promove a integração social.

Ao falar de Actividade Física (AF) para a gestante, não é muito comum deparar com
gestantes praticando exercícios. A obesidade pré-gestacional e o ganho de peso
excessivo na gestação tornaram-se importantes problemas em Moçambique,
ampliando a relevância de estudos sobre actividades físicas de mulheres em idade
reprodutiva e de gestantes. Todavia, os benefícios da prática da actividade física, que
estão bem documentados na literatura (Dumith et al., 2012; Pereira e Spitzner, 2017),

2
transformam-na numa preocupação da agenda de saúde pública para o seu incentivo,
sendo, portanto, recomendada como uma estratégia de promoção da saúde para a
população. Na gestação não é diferente, contudo, existem dúvidas em relação a seu
benefício, visto que, muitas mulheres grávidas temem que a prática do exercício físico
possa acarretar alguma má formação do feto, ou provocar sangramentos ou até aborto.

Nesse sentido, a prática de exercício físico é uma das formas de melhorar a qualidade
de vida e a saúde materna, além de ajudar no controle do ganho peso gestacional e no
retorno ao peso no puerpério (Surita et al., 2014). Contudo, na gestação a adesão ao
exercício ainda é difícil, pois muitas mulheres têm receios e dúvidas quanto à
segurança da sua prática, necessitando de esclarecimentos e incentivos constantes,
que precisam ser feitos pelos profissionais que as atendem durante o pré-natal.

Embora existam controvérsias sobre a prática de actividade física no período


gestacional devido à possibilidade de ocorrência de lesão músculo-esquelética,
diminuição de glicose para feto, trabalho de parto prematuro, estes ocorrem na falta de
um acompanhamento profissional (Artal e Posner, 1999). Diante disso, pretende-se
com este trabalho avaliar o nível de actividade física nas mulheres gestantes em
contexto sociodemográfico distinto, contribuindo com a melhorias da qualidade de vida
das gestantes.

No entanto, a existência destes casos revela que as mulheres gestantes continuam a


não pratica da actividade fisica apesar de serem informadas sobre os seus efeitos.
Assim sendo, constitui um problema saber a percepção que estas mulheres possuem
sobre a pratica de actividade fisica e suas consequências. Com efeito, assumimos a
seguinte pergunta central do nosso trabalho:

 De que modo o contexto sociogeográfico influencia os níveis de actividade


física em mulheres gestantes?

3
1.2. Objectivos da pesquisa

1.2.1. Objectivo Geral

 Avaliar os níveis e padrões de actividade física habitual em mulheres gestantes


residentes em contexto sociogeográfico distinto.

1.2.2. Objectivos específicos

 Estabelecer um recorte bibliográfico acerca de aspectos essenciais inerentes à


prática da actividade física durante a gestação a partir da literatura da
especialidade;
 Comparar os níveis e padrões de actividade física habitual em mulheres
gestantes em função do contexto sociogeográfico;
 Aferir o conhecimento das mulheres gestantes acerca dos benefícios da prática
da actividade física durante a gestação, bem como os conteúdos às elas
transmitidos pelos funcionários dos centros de saúde sobre a actividade física
durante as consultas pré-natais.

1.3. Perguntas de pesquisa

1. O que emerge a partir da literatura da especialidade relativamente a


aspectos importantes referentes à prática da actividade física durante a
gestação?
2. Que diferencial existe nos níveis e padrões de actividade física entre
mulheres gestantes residentes em contextos urbanos e rurais?
3. Que nível de conhecimento as mulheres gestantes residentes em
contextos sociogeográficos distintos têm acerca dos benefícios da prática
da actividade física durante a gestação?

1.4. Justificativa e relevância da pesquisa

A escolha deste estudo se justifica, devido a importância da actividade física para as


gestantes, visto que, é comprovado que um maior nível de actividade física contribui
para melhoria do perfil lipídico e metabólico como também a redução da prevalência da
4
obesidade, ocasionando uma gestação mais saudável como refere Amaral (2018).
Nesse contexto, a actividade física é uma forte ferramenta da equipe de saúde na
promoção da saúde, principalmente para as gestantes, visto que, este público é maioria
na procura de serviços de saúde. Por essa razão, na agenda de prioridades da saúde
pública destacam-se as práticas de actividade física, reconhecidas como fator protector
de saúde, auxiliando na redução dos riscos à saúde e melhorando a qualidade de vida
dos sujeitos (Marchesini, 2010). Desta forma, as motivações para a satisfação desse
interesse neste estudo situa-se em três níveis: pessoal, social e académico.

A Nível pessoal, a satisfação de toda a curiosidade tem o seu ponto de partida. Nós
iniciamos com uma busca feita do estudo exploratória constatamos que os profissionais
de saúde realizavam palestras de conscientização junto das mulheres em idade fértil.
Desta feita desviamos o nosso interesse para mulheres gestantes no sentido de
explorar a suas percepções sobre a pratica de actividade física. Todavia, é curioso
notar a multiplicidade dos problemas de saúde, com que usualmente se debatem os
países mais desenvolvidos, estão associados a modificações constantes dos hábitos
de vida, nos quais se inclui uma redução dos níveis de actividade física e exercício que
conduzem a um estilo de vida cada vez mais sedentário, o qual tem na gestação um
factor fortemente potenciador.

Quanto a nível social, é pertinente desenvolver este estudo, na medida em que os seus
resultados poderão ser usados na reflexão sobre a importância da pratica de actividade
fisica para a sociedade no sentido de possibilitar um equilíbrio entre os anseios
individuais e os interesses da sociedade. E também, o papel dos profissionais de saúde
em geral e os Centros de Saúde de Santa Isabel e Alto-Maé em particular tenham um
conhecimento sobre os resultados das suas práticas de conscientização junto das
mulheres gestantes, no sentido de saberem até que ponto estão a alcançar os
resultados que pretendem com a transmissão de informações sobre a prática de
actividades física.

No nível académico, este tema é de extrema importância para a comunidade


académica visto que, em Moçambique, actualmente não existem muitos trabalhos

5
científicos realizados, que estejam relacionados com a actividade fisica nas gestantes.
Deste modo, o presente estudo constitui mais uma ferramenta para os diversos
interessados em adquirir conhecimentos na área da saúde.

Na mesma ordem das razões académicas, esperamos despertar interesse de outros


autores para que se dediquem ao estudo da pratica de actividade fisica em mulheres
gestantes, se tratando de um fenómeno que vem ganhando as proporções que viemos
assistindo nas sociedades contemporâneas e resulta em efeitos negativos para a vida
dessas mulheres e dos seus filhos quando não se pratica.

1.5. Estrutura do trabalho

No que concerne à estrutura da presente pesquisa, é composta por quatro (4) capítulos
onde: no primeiro capítulo, encontramos a introdução onde fazemos a apresentação do
estudo do desenho teórico, encontramos também a justificativa e relevância do estudo.

No segundo capítulo apresentamos a fundamentação teórica ou revisão de literatura de


todo o nosso estudo, onde é caracterizada as matérias e temáticas relacionadas com a
actividade fisica das mulheres gestantes.

No terceiro capítulo é apresentada a descrição de forma detalhada da metodologia que


foi utilizada para a composição do respectivo estudo, caracterização da amostra
utilizada, instrumentos para a recolha dos dados e aos procedimentos para a
respectiva análise.

No quarto e último capítulo, fazemos uma apresentação e discussão dos resultados


fazendo a comparação com estudos similares e a literatura apresentada na revisão
bibliográfica. No quinto, apresentamos a conclusão, através do parâmetro anterior
evidenciamos as principais conclusões do nosso estudo e as recomendações. Por fim,
são apresentadas as referências bibliográficas e os anexos.

6
Capitulo II. Revisão de Literatura

Nesta secção, apresentamos os diferentes pontos de vista de alguns pensadores, com


o intuito de recolher informação relevante sobre o tema em discussão, cuja
transversalidade assegura uma apropriação do seu âmago e tratamento posteriori por
parte do leitor da forma que melhor lhe convier. Esta revisão da literatura recaiu
sobretudo sobre a actividade fisica e a conexão entre a saúde e os exercícios físicos,
na medida em que, permitem a delimitação e identificação dos elementos a serem
privilegiados no momento da recolha e interpretação dos dados em torno do nosso
objecto de estudo.

2.1. Actividade física: perspectiva histórica e actual

Na Grécia Antiga, atribui-se grande importância às consequências que a prática da


actividade física continha para o corpo humano, observava-se a progressividade dos
exercícios, cuja continuidade contribuía para a conservação da saúde, tendo em linha
de conta, aspectos tais como: a idade das pessoas; os ventos; as estações do ano e a
situação individual de cada sujeito. Citaçao.

De acordo com Toscano et al. (2008) entre o século VII a.C. e até ao século V d.C., os
desportos e as actividades físicas alcançaram uma importância tal, que só
encontramos paralelo e comparação, muito provavelmente, com o que se verifica nos
dias de hoje. Contudo, isto só se aplicaria aos estratos mais elevados da sociedade
grega (aristocracia), já que através de documentos literários e artísticos, na Grécia
Antiga, existia grandes diferenças sociais e só os mais bem posicionados
economicamente podiam ter acesso aos prazeres e benefícios que o desporto lhes
oferecia. Os exercícios físicos não eram considerados, como parte do treino militar,
mas sim como algo lúdico, instituindo-se em 776 a.C. o início dos Jogos Olímpicos.

7
Em suma, na Grécia Antiga, a saúde independentemente do regime de vida de cada
indivíduo, era a consciência de um oportuno equilíbrio entre os alimentos (o que nutre)
e os exercícios físicos (o que gasta). Por isso, procurava-se conseguir um equilíbrio
saudável a partir da ginástica, que na obra de Hipócrates aparece dentro da dietética.

Do ponto de vista funcional e biológico, a actividade física pode ser considerada como
todo o movimento corporal, produzido por uma contração muscular, conduzindo a um
incremento substancial do gasto energético do indivíduo. Esta concepção mais
tradicional restringe a actividade física enquanto processo e a condição física enquanto
resultado. Contudo, uma consideração sob uma perspectiva mais abrangente, permite-
nos distinguir os aspectos quantitativos dos qualitativos da actividade física (Toscano et
al. 2008). Onde os quantitativos relacionam-se directamente com o consumo e
mobilização da energia necessária para a realização da actividade física, enquanto os
qualitativos estão intimamente relacionados com o tipo de actividade a realizar, o seu
propósito e o seu contexto social.

Na perspectiva de Santos (2015) por volta do ano 300 a.C. surge a ideia de actividade
física para as gestantes quando Aristóteles afirmou que, as mulheres, devido ao seu
estilo de vida sedentário tinham muitas dificuldades durante o parto. Assim, durante
varias décadas passadas, o exercício fisico foi sempre visto como factor negativo tanto
para a mãe, quanto para o desenvolvimento do fecto, sendo as grávidas aconselhadas
a reduzir ou cessar suas actividades físicas e profissionais, principalmente durante as
últimas etapas da gestação, pois se acreditava que poderia causar parto prematuro de
acordo com Santos (2015), Espírito Santo et al. (2014), Benevides et al. (2012),
Rodrigues et al. (2014) e Carvalhaes et al. (2013).

Na obstante, na actualidade está mais do que comprovado que a actividade física é um


dos principais agentes que se pode utilizar com intuito de manter a saúde e prevenir
doenças, sempre e quando a mesma esteja oportunamente dosificada e planeada,
segundo as necessidades do indivíduo e que de essa forma possam chegar a melhorar
as suas funções vitais (respiratória, cardiovascular e metabólica) como defende
Toscano et al. (2008).

8
A actividade física tem papel fundamental na manutenção da saúde física e mental dos
indivíduos. Desta maneira, as mulheres estão cada vez mais conscientes da
necessidade de praticar actividade física de forma contínua, ao longo dos anos, devido
aos inúmeros benefícios que acarretam como boa aptidão músculo-esquelética e
cardiorrespiratória, menor risco de obesidade e doenças cardíacas, retardo do
envelhecimento, bem-estar físico, emocional e mental, melhor autoestima, prevenção
de câncer de cólon e de mama, além de auxiliar no tratamento da osteopenia e
osteoporose como defende Fonseca e Rocha (2012). Com todas estas informações
sobre os benefícios da actividade física espera-se que as mulheres em sua fase fértil
mantenham seu programa de exercícios físicos.

Em resumo, nos dias de hoje é importante que se tenha em linha de conta que para o
nosso organismo beneficie dos efeitos positivos que a prática de actividade física tem
associados, no mesmo terão que se gerar certas alterações ou fenómenos de
adaptação que são necessários e imprescindíveis, do tipo muscular, cardíaco,
respiratório, para que a referida adaptação se produza com a normalidade desejada e o
organismo se adapte à actividade física.

2.2. Sobre o conceito de Actividade fisica

O termo actividade física, segundo alguns autores como Sallis e Owen (1999) é um
fenómeno/comportamento extremamente complexo, sendo hoje em dia definido como
um conjunto de comportamentos que inclui todo o movimento corporal, ao qual se
atribui um significado diferente de acordo com o contexto onde se realiza.

A actividade física é comumente definida como qualquer movimento corporal produzido


pelos músculos esqueléticos que derivem gasto energético (Amorim e Dantas, 2002).
Na mesma linha de pensamento, a actividade física compreende a totalidade do ser, o
que ultrapassa as melhorias motoras, juntando-se aos desenvolvimentos cognitivos, e
sociais, isto é, a actividade física acaba por ser um factor contra o vazio existencial da
sociedade moderna.

9
Na perspectiva de OMS (2012) entende-se por actividade física qualquer movimento
corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulte em gasto energético maior
que os níveis de repouso, incluindo não apenas o exercício físico (actividade física
planeada, estruturada, acompanhada e realizada de forma sistemática, com o objectivo
de melhorar ou manter a aptidão física), como também as actividades quotidianas,
laborais e de lazer.

Já para ACSM (2003) actividade física é definida como qualquer movimento corporal
produzido pela contração muscular esquelética que eleva substancialmente o dispêndio
de energia, no qual enquadram-se todos os movimentos, mesmo os realizados em
casa, no trabalho ou por lazer. Enquanto para Bouchard et al. (1994) definem
actividade física como um comportamento, e como tal, existe uma grande variabilidade
de suas formas entre os diferentes grupos de indivíduos.

A definição que mais consensos reúne na literatura actual segundo Oliveira e Maia
(2002), é a apresentada por Caspersen et al. (1985, apud Mota, 1999), que entende a
actividade física como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos
esqueléticos que resulte em dispêndio energético. Neste sentido, Fernandes (2002),
conclui que esta definição engloba toda a actividade física utilizada para nos
deslocarmos, tanto nas tarefas da vida diária, no trabalho, nas actividades praticadas
em tempos de lazer, nas actividades desportivas organizadas ou não, e no caso das
crianças e jovens, na escola.

Diferentemente de Nahas et al. (2005) afirmam que a definição de AF inclui os


exercícios físicos e os desportos, deslocamentos, actividades laborais, afazeres
domésticos, e outras actividades físicas no lazer. O autor salienta que, o termo
“exercício físico” tem sido usado no senso comum, como sinônimo de “actividade física”
por ter, de facto, grande número de elementos em comum. Mas para Carpensen (1985)
os dois termos não são sinônimos, visto que, exercício é uma subcategoria da
actividade física: é a actividade física planejada, estruturada, repetitiva e proposital no
sentido de ter como objectivo a melhoria ou manutenção de um ou mais componentes
físicos.

10
Já para Guedes et al. (2012) faz distinção entre a actividade fisica e aptidão fisica.
Onde afirma que, actividade física é entendida como todo e qualquer movimento
produzido pelo corpo, enquanto aptidão física é definida como atributo biológico voltado
para a capacidade de realizar esforço físico e movimentos específicos. No entanto, á
pratica de actividade física deve ser vista como componente multidimensional em que
inclui intensidade, duração, e frequência de movimento do corpo, já aptidão física
abrange diferentes componentes identificados e aperfeiçoados com a prática mais
eficaz do movimento, ou seja, prática essa voltada para a área desportiva. Desta forma,
estudos evidenciam e sugerem que tanto a prática de actividade física quanto o
exercício físico traz benefícios para a saúde (Ibidem, 2012).

Face as definições expostas pelos autores, comungam da mesma ideia segundo a


qual, a actividade física é definida por qualquer movimento como resultado de
contração muscular esquelética que aumente o gasto energético acima do repouso e
não necessariamente a prática desportiva. Portanto, a actividade física é um
comportamento que resulta em gasto energético, e é tipicamente quantificada em
termos de frequência (número de sessões) e duração (minutos por sessão), isto é, o
gasto energético reflecte o custo de energia ou a intensidade associada a uma
determinada actividade física e é uma função directa de todos os processos
metabólicos envolvidos na acção de mudança do requerimento de energia, para
suportar a contração muscular associada a esta actividade.

2.3. Tipologia de Actividade Fisica para Gestantes

No que concerne a tipologia de actividades fisicas, a OMS (2010) cita quatro tipos de
actividade física: aeróbia, força muscular, flexibilidade e equilíbrio. Mas, dentre elas,
destaca a actividade aeróbia e a de força muscular como sendo as mais benéficas para
a saúde.

Desta forma, a quantidade ou volume de actividade física aeróbia realizada é expressa


pela combinação de intensidade, duração e frequência. Onde o número de vezes ou
sessões pode ser definida por diferentes períodos, mas a frequência semanal é a mais
utilizada, assim, a duração referencia o tempo em minutos de cada sessão de

11
actividade. E a intensidade é dada pela magnitude do esforço necessário para realizar
a actividade (Ibidem, 2010).

A ideia supracitada é comungada pelo Barros (1999) ao afirmar que, os exercícios para
gestante deveriam incluir a combinação de actividades aeróbicas envolvendo grandes
grupamentos musculares e actividades que desenvolvessem força de determinados
músculos. Normalmente, acredita-se que uma musculatura abdominal forte possa
auxiliar no processo de expulsão da criança, isto é, a força muscular dos membros
superiores é também muito importante para carregar o bebê, que aumenta cada vez
mais o seu peso. Portanto, essas séries de exercícios para o assoalho pélvico,
favorecerão a ação de tipóia para apoiar os órgãos abdominais e os da pelve. Durante
o parto, os músculos do assoalho pélvico se esticam para permitir a passagem do
bebe.

Para Katz (1996) diferentemente da OMS (2010) e Barros (1999) propõe a natação
como uma actividade física mais indicada para a gestante, devido à propriedade
inerente do corpo na água, isto é, a flutuabilidade. Onde, os joelhos são beneficiados
quando fazem actividade física na água, por ser geralmente mais relaxante que outros
tipos de exercícios, sobretudo os exercícios de força como a musculação. Contudo, o
frequente aparecimento de edema é um efeito comum na gestação, porém
desconfortável e pode ser diminuído com a natação.

De uma formal geral, a implicação da água fria sobre o corpo serve também como
termorregulador, proporcionando ao feto a possibilidade de maior estabilidade frente à
elevação de temperatura e a subseqüente diminuição do fornecimento de sangue. A
água deve ficar entre 28ºC e 30ºC tida como a temperatura ideal durante a prática de
actividades aquáticas para gestantes. (Ibidem, 1996).

Para autores como Silveira e Segre (2012) propõe a prática da actividade física
moderada na gestação, na qual pode contribuir para menor ganho de peso, melhora da
capacidade funcional e diminuição da intensidade da dor lombossacra. Além disso, o
exercício dos músculos do assoalho pélvico, na gestação, reduz a prevalência de
incontinência urinária, durante a gestação e após o parto.

12
Nos estudos dos autores supracitado, verificou-se o exercício físico de média
intensidade, realizado durante a gestação, pode influenciar na via de parto, e observar
a adesão ao exercício entre primigestas com diferentes níveis de escolaridade, em dois
grupos, um Grupo Exercício, que praticou actividade física regular durante a gravidez, e
o Grupo Controle, que não praticou actividade física regular durante o mesmo período.
Os resultados mostraram que o grupo que praticou exercício regular teve maior número
de partos vaginais e as gestantes com melhor nível de escolaridade apresentaram
maior adesão ao programa de exercícios (Ibidem).

2.4. Beneficios de Actividade Fisica

Diversos são os benefícios da prática da actividade física na gestação, compreendendo


diversas áreas do organismo materno. Na perspectiva de Colditz et al. (1994) afirmam
que o exercício está indicado na redução e prevenção de lombalgias, em função da
alteração da coluna cervical que muda a postura correcta da gestante frente à
hiperlordose que comumente surge durante a gestação, em função do aumento do
útero na cavidade abdominal e o consequente desvio do centro gravitacional, isto é, o
exercício físico contribuirá para a adaptação de nova postura física, reflectindo-se em
maior aptidão para a gestante durante a prática da actividade física e do trabalho diário.
Portanto, as mulheres saudáveis com uma gravidez normal podem continuar com os
seus exercícios, cuja prática se dava antes da gravidez, podendo também iniciar uma
nova atividade física.

Para Hartmann (1999) a actividade física oferece vantagens durante a gestação nos
aspectos emocionais, colaborando para que a gestante torne-se mais auto-confiante e
satisfeita com a aparência, que eleve a auto-estima e apresente maior satisfação na
prática dos exercícios. Enquanto Gallup (1999) comenta que os aspectos relacionados
aos benefícios da actividade física durante o trabalho de parto: são relactivos às
demais alterações endócrinas ocorridas no período gestacional, que incidem nas
articulações e ligamentos pélvicos, permitindo maior flexibilidade. No mesmo diapasão
do autor, o estrogénio é aumentado e contribui para o relaxamento muscular,

13
facilitando o parto, suavizando as cartilagens e elevando o fluído sinovial com
consequências no alargamento das juntas, facilitando a passagem do feto.

Diferentemente de ACSM (2005) em artigo intitulado “the pregnant exercise: an


argument for exercise as a means to suport pregnancy” lista benefícios para a gestante
e para o bebê, e informa que mulheres que começam programa de exercícios no
segundo trimestre, não devem ser desencorajadas, mas não obtém todos os benefícios
listados:

a) Benefícios para as grávidas

 Redução dos riscos de desenvolver diabetes gestacional e dos riscos de


desenvolver hipertensão induzida pela gestação;
 Poucas intervenções obstetrícias (extração a vácuo e forceps);
 O aumento do bem-estar maternal, do senso de controle e aumento de energia;
 Melhora da auto-estima e sono;
 Retorno mais rápido do peso antes da gravidez;
 Controle do excesso de peso ganho;
 Diminui o tempo de retorno aos exercícios após o parto;
 Redução da perda de tecido ósseo durante a lactação; das complicações da
gravidez (hemorróidas, inchaço das pernas e dores nas costas) e do trabalho de
parto.

b) Benefícios para o bebê:

 Os bebês nascem menos gordos; com melhor perfil de risco cardiovascular na


maioridade;
 Os bebês têm redução na incidência de cólicas;
 Grande nível de desenvolvimento neurológico nas áreas da linguagem oral e
motoras (testado até a idade de 5 anos).

A prática da actividade física está relacionada não só a benefícios físicos, como


também psicológicos. Segundo Matsudo (2000) afirma que actividade física actua na

14
melhoria da auto-estima, do auto-conceito, da imagem corporal, das funções cognitivas
e da socialização. Além disso, destaca a actividade física como um importante factor
para a sensação de bem-estar, sendo capaz de diminuir estados de ansiedade e
depressão.

Diante destes beneficios, um aspecto importante da actividade física na perspectiva da


saúde é a sua regularidade, isto é, para que os benefícios sejam atingidos, a prática de
actividade física deve ser regular. Contudo, a redução do risco de doenças do coração
e câncer, por exemplo, requerem anos de participação em actividade física regular. No
entanto, outros benefícios como aumento da aptidão física, aumento da força muscular,
bem como redução de pressão arterial, podem ser comprovados somente com
semanas ou meses de prática de actividades fisicas. (Miles, 2007).

Portanto, vale ressaltar que os benefícios promovidos pela actividade física, não está
relacionado apenas ao aumento de peso, mas existe uma grande contribuição em todo
nosso metabolismo em função da manutenção de nossa saúde em geral, estudos
mostram ligações entre a prática de exercícios e aspectos específicos da saúde
psicológica, mais notadamente a ansiedade, estresse, depressão, humor e emoção,
auto-estima e disfunção psicológica.

Embora existam controvérsias sobre a prática de actividade física no período


gestacional devido à possibilidade de ocorrência de lesão musculoesquelética,
diminuição de glicose para o feto, trabalho de parto prematuro, estes ocorrem na falta
de um acompanhamento profissional (Artal e Posner, 1999). Diante disso, pretende-se
com este trabalho avaliar o nível de actividade física e verificar os resultados,
contribuindo com a melhorias da qualidade de vida das gestantes.

2.5. Recomendação de actividade física na gestação

Os primeiros estudos sobre os efeitos da prática de actividade física durante a


gestação centravam-se principalmente nos possíveis danos oferecidos à saúde
materna e do feto. No entanto, essas hipóteses não foram comprovadas ao longo do

15
tempo. Mas actualmente, é crescente o corpo de evidências que suportam a promoção
segura da prática de actividade física no período gestacional, visando benefícios à
saúde materna e infantil como defende Conceição (2016).

É recomendado que programas de composição corporal, cardiorrespiratório, força


muscular e flexibilidade façam parte de programas para gestantes. Como uma
recomendação mais recente o treinamento de musculação vem sendo recomendado
como parte do programa, sendo composto de preferência por exercícios de grandes
grupos musculares de baixo impacto, com duas (2) séries de 8 até 10 repetições com
frequência entre 2 e 3 vezes por semana (Leitão et al, 2000). A preocupação com
exercícios para a região pélvica e respiratórios é importante devido às alterações
posturais causadas pela gestação.

Na perspectiva de Matsudo (1998) traz as recomendações na base da opinião de um


grupo de obstetras que aconselharam a realização de exercícios aeróbicos, mas
solicitaram cautela na realização de actividades de alto impacto, como corrida, por
exemplo. Além disso, restrições na duração e intensidade foram recomendadas (não
mais do que 15 minutos para atividades vigorosas e frequência cardíaca de até 140
batimentos por minuto).

Já para Cit (2001) recomenda que as mulheres grávidas devem envolver-se em um


mínimo de 150 minutos por semana em actividades de intensidade moderada, mesmo
que não sejam fisicamente activas antes da gravidez. E o autor acrescentou que,
mulheres que já estão envolvidas habitualmente podem continuar a prática desde que
a progressão da actividade seja estabelecida por um profissional de saúde. Além disso,
apresentou evidências científicas relativas à segurança do exercício realizado em
intensidade moderada ao afirmar que ele não eleva o risco para o baixo peso ao
nascer, parto prematuro ou aborto.

As recomendações para esse subgrupo populacional (gestantes) são as mesmas


preconizadas para a população geral: ao menos 150 minutos por semana de actividade
física com intensidade moderada. Contudo, estudos de Silveira e Segre (2012) e Surita
et al. (2014) indicam que as grávidas saudáveis devem ser encorajadas a realizar

16
exercícios de intensidade leve a moderada, 3 a 5 vezes por semana, durante 30
minutos ou mais. Quanto ao tipo de actividade, todas podem ser consideradas:
aeróbicas, de força, alongamento, relaxamento ou dança.

Dentre as actividades físicas recomendadas estão as práticas costumeiras da gestante


antes da gravidez, observada a intensidade recomendada na faixa moderada, e que
não ofereçam risco à gestante ou ao feto. Exercícios planejados com objetivos
específicos para este período gestacional e desporto devem ser mais ponderados:
evitar os de contacto, saltos ou intensidade muito forte.

Em suma, as recomendações sobre actividade física durante a gestação têm variado e


avançado ao longo dos últimos anos e, atualmente, há evidências suficientes para
apoiar à promoção da atividade física. Todavia, algumas definições em relação à
intensidade e de especificidades para gestantes com risco de morbidades durante a
gravidez não estão presentes nas recomendações. A recomendação para prática de
exercícios para as gestantes é de que se mantenha a mesma actividade que se
praticava antes da gestação, não existindo uma actividade específica, podendo a
musculação trazer benefícios, sem aumentar o risco de lesão.

2.6. Prevalências de actividade física durante a gravidez

Neste subcapítulo procuramos trazer a prevalência de actividade fisica durante a


gravidez nos países desenvolvidos e menos desenvolvidos. Partimos do pressuposto
de Evenson e Wen (2010) reportaram a prevalência e as tendências de actividade
física em mulheres grávidas americanas no período de 1999 a 2006. No geral, as
mulheres das quais participaram no relataram praticar alguma actividade moderada a
vigorosa nos domínios do deslocamento, outras no doméstico, e no lazer. A actividade
física de deslocamento e de lazer mostrou-se estável ao longo do tempo, enquanto que
a doméstica aumentou no período analisado. Quando avaliadas as recomendações,
verificou-se que as mulheres cumpriram a recomendação para actividades físicas

17
moderadas a vigorosas. A caminhada foi o tipo de actividade física mais praticada no
lazer, de seguida de actividades recreacionais e de actividades aeróbicas. (Ibidem).

Resultado similar foi encontrado em estudo realizado na Irlanda, com uma coorte de
mulheres saudáveis sem contra-indicações para a prática. A actividade física foi
mensurada via questionário, o qual incluía questões sobre a quantidade de actividade
física realizada em uma semana habitual. De acordo com os dados, somente as
mulheres atendiam as recomendações actuais para a prática de actividade física na
gestação. (Dumith, 2012).

Na Dinamarca, estudo conduzido com 478 mulheres nulíparas mostrou diminuição no


tempo e na intensidade da actividade física durante a gestação em relação ao período
pré-gestacional. A actividade física foi colectada por meio de questionário auto-
administrado, no qual as mulheres foram questionadas em relação à: (1) participação
regular em desportos competitivos realizados várias vezes por semana (2) desportos
ou jardinagem pesada por pelo menos quatro horas por semana (3) caminhada,
ciclismo ou outra actividade leve por pelo menos quatro horas por semana 4) leitura,
tempo assistindo televisão ou outro envolvimento em actividades sedentárias.
(Domingues e Barros, 2007).

A actividade física de lazer foi categorizada em: moderada a vigorosa, leve ou


sedentária. A proporção de mulheres que participaram em desportos competitivos e em
actividades de intensidade moderada a vigorosa diminuiu ao longo dos três trimestres
da gestação, enquanto que a proporção de mulheres envolvidas em actividade
sedentária aumentou de 6% para 29% sustentam os autores Domingues e Barros
(2007).

No Brasil, as prevalências de actividade física no período gestacional são ainda mais


baixas. Dados de um estudo realizado com gestantes pertencentes à coorte de
nascimentos de 2004 da cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, indicaram que as
mulheres relataram se envolver em algum tipo de actividade física de lazer durante a
gravidez e apenas mulheres foram ativas durante toda a gestação. Assim como nos
países de renda alta, no Brasil, a actividade física mais praticada na gestação é a

18
caminhada, seguida de ciclismo e levantamento de pesos como defendem Carvalho e
Araújo (2007).

Portanto, Gaston e Gramp (2011) em revisão de 25 estudos sobre padrões e


determinantes da actividade física antes e durante a gestação, mostraram que as
prevalências variaram amplamente. O percentual de mulheres que relataram se
exercitar antes de engravidar variou de 63% para 87%, enquanto que no período
gestacional o intervalo aumentou drasticamente para 38% a 78%. No entanto, os
autores destacam as inconsistências e as marcantes diferenças na forma que a
actividade física foi quantificada e relatada.

19
Capitulo III. Metodologia

Área de estudo

O presente estudo foi realizado em dois contextos sociogeográficos distintos,


nomeadamente a Cidade de Maputo e Província do mesmo nome, correspondendo ao
contexto urbano e rural, respectivamente. Na Cidade de Maputo, o estudo foi realizado
no Centro de Saúde do Alto-Maé, enquanto na Província de Maputo, o estudo teve
lugar no Centro de Saúde de Santa Isabel, situado no distrito de Marracuene.

A cidade de Maputo está localizada no sul de Moçambique, a oeste da Baía de Maputo,


onde desaguam os rios Tembe, o Umbeluzi, o Matola e o Infulene. Está situada a uma
altitude média de 47 metros. Os limites do município se encontram entre as latitudes
25º49'09"S (extremo norte) e 26º05'23"S (extremo sul) e as longitudes 33°00'00"E
(extremo leste - considerada a ilha de Inhaca) e 32°26'15"E (extremo oeste). A cidade
de Maputo possui área de 346,77 quilómetros quadrados; uma população de 1.101.170
habitantes (Senso de 2017) e faz divisão com o distrito de Marracuene, a norte; o
município da Matola, a noroeste e oeste; o distrito de Boane, a oeste; e o distrito de
Matutuíne, ao sul; todos, pertencentes à província de Maputo (Perfil Estatístico do
Município 2004-2007 Maputo. Conselho Municipal de Maputo). Já a província de
Maputo possui uma área de 26.058km² e uma população de 2.507.098 habitantes,
distribuídos 4 municípios, nomeadamente Boane, Manhiça, Matola e Namaacha.

Tipo de estudo

Este estudo é exploratório do tipo descritivo-comparativa, com um delineamento


transversal. É descritivo na medida em que se propõe a inquirir a uma amostra de
gestantes com vista a descrever os dados referentes aos seus níveis e padrões de

20
actividade física, ao mesmo tempo que se pretende contrastar esses dados em função
do contexto sociogeográfico, já que um grupo das gestantes é urbano e outro rural, daí
a faceta comparativa do estudo. Por conseguinte, o seu delineamento é transversal em
razão da recolha de dados ter se realizado num único momento no tempo. Quanto ao
método de abordagem adoptado, o presente estudo é misto, i.e., quali-quantitativo, na
medida em que cruza os dois tipos de abordagens, nomeadamente a qualitativa e a
quantitativas. Com efeito, para responder à terceira questão de pesquisa deste estudo
por forma a operacionalizar o terceiro objectivo específico, a amostra foi submetida a
uma entrevista semi-estruturada, portanto, um procedimento eminentemente
qualitativo. Por conseguinte, os níveis e padrões de actividade física habitual da
amostra foi avaliada através de um questionário com questões fechadas, a partir do
qual foi possível proceder à uma análise quantitativa dos seus dados.

População e amostra do estudo

A população do presente estudo compreende o universo de gestantes em regime de


consultas pré-natal nas unidades sanitárias onde o presente estudo foi realizado, o qual
infelizmente não nos foi possível facultar. Contudo, e considerando a natureza
exploratória do presente estudo, optamos em recolher os dados ao máximo de
gestantes que através do seu consentimento livre informado anuiu ao estudo. Assim,
foram amostradas 30 mulheres gestantes, sendo 10 e 20 do meio rural e urbano,
respectivamente. A amostra foi seleccionada de forma casualística, portanto não
probabilística, na medida em que as mulheres gestantes seleccionadas no âmbito do
presente estudo são as que se fizeram presentes nas unidades sanitárias respectivas
no dia da entrevista. A Tabela 1 resume o essencial quanto à amostra e sua
distribuição consoante o contexto sociogeográfico.

Tabela 1: Distribuição da amostra em função do contexto sociogeográfico

Contexto n %
Sociogeográfico
Rural 10 33.3

21
Urbana 20 66.7
Total 30 100

Instrumento e procedimentos de recolha de dados

Para a recolha de dados foi usado como instrumento um questionário adaptado de


propostas disponíveis na literatura da especialidade para avaliar a actividade física em
mulheres gestantes (Listar Autores), e continha questões fechadas que, para além de
dados pessoais, pretendia capturar informações referentes aos níveis e padrões de
actividade física. As adaptações feitas ao instrumento de recolha de dados consistiram
em alguns ajustes linguístico-culturais no sentido de aproximar as questões contidas no
mesmo à realidade contextual de Moçambique, sem perder de vista os principais
aspectos que constituem as questões de pesquisa deste estudo. Terminada a
elaboração do questionário final, foi realizada a peritagem pelo orientador deste estudo,
ao que se seguiu a sua aplicação piloto, com o objectivo de procurar entender as
dificuldades associadas à sua aplicação e interpretação, assim como para averiguar os
possíveis erros. Após a análise dos resultados obtidos no teste piloto constatou-se o
questionário poderia confortavelmente ser administrado a partir do nível de adequação
e compreensão das questões revelado, sobretudo considerando a natureza do estudo
e nível a que se destina. Quanto à forma de administração, e considerando as
características da nossa amostra preterimos o auto-preenchimento a favor da sua
aplicação em forma de entrevista.

Procedimentos estatísticos
Os procedimentos estatísticos adoptados no âmbito deste estudo consistiram
fundamentalmente na análise de frequências. Visto que o questionário continha
questões fechadas, sendo maioritariamente variáveis categóricas qualitativas do tipo
politónico, para efeitos de análise estatística calcularam-se as frequências absolutas e

22
relativas observadas em todas as variáveis independentes. Todos os cálculos foram
efectuados no programa estatístico SPSS, versão 22.0, com um intervalo de confiança
de 95%, enquanto que as ilustrações gráficas foram feitas com o recurso à planilha de
cálculo Excel 2016 de Microsoft Office Edge.

Neste capítulo enunciamos os procedimentos que nos serviram de orientação para o


desenvolvimento da presente investigação. Deste modo, desenvolveremos uma
descrição dos métodos que utilizaremos para a realização empírica do nosso estudo.

Uma condição determinante numa pesquisa consiste em ordenar as perguntas de


investigação e as estratégias para respondê-las. Neste capítulo descrevemos os
caminhos ou procedimentos que foram usados para responder à pergunta de partida,
referimos os instrumentos e técnicas de recolha de dados que foram usados durante a
recolha de informação no campo, assim como o método usado para a interpretação da
informação recolhida e para a construção das conclusões. Portanto, “a metodologia é a
explicação do tipo de pesquisa, do instrumental utilizado (questionário, entrevista etc.),
do tempo previsto, da equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho, das formas de
tabulação e tratamento dos dados, enfim, de tudo aquilo que se utiliza no trabalho de
pesquisa”. (Gil, 2008: 78). No entanto, visto que o objectivo do estudo assenta em
questionários, optou-se pela utilização do método qualitativo.

Para a realização deste estudo, recorreu-se a abordagem qualitativa. De acordo com


Quivy e Campenhoudt (1998) a abordagem qualitativa fundamenta-se na compreensão
da realidade social, procurando apreender o seu objecto de estudo dentro do contexto
social onde ele ocorre, valorizando a sua relação com outros fenómenos. Busca-se
apreender o objecto na sua complexidade, incidindo de forma interpretativa nos
significados que os indivíduos constroem, atribuem a realidade e partilham dentre si ao
longo da interacção social.

23
Ao recorremos a abordagem qualitativa tivemos como base a ideia segundo a qual os
valores sociais são subjectivamente materializados embora sejam colectivamente
partilhados. Deste modo, a escolha da abordagem qualitativa foi possível aprofundar,
por meios dos próprios actores sociais, o contributo da actividade física internet na
promoção e o bem-estar da saúde das mulheres gestantes em Moçambique.

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, para obtenção dos resultados


esperados, foram desenvolvidas seis (6) etapas metodológicas: (i) Revisão
bibliográfica; (ii) documental; (iii) Trabalho do campo; (iv) Processamento de dados e
informações e (v) Análise dos resultados e (vi) redacção do texto.

3.1. Etapa 1: Revisão da Literatura

A revisão de literatura ou pesquisa bibliográfica teve como foco, essencial, a busca das
informações relativas à actividade física das gestantes em contexto rural e urbano. O
levantamento de informações bibliográficas foi realizado em livros, revistas científicas,
artigos, monografias, dissertações, teses, legislação, documentos institucionais, como
relatórios técnicos e outras publicações (como jornais nacionais e internacionais).

Na perspectiva de Quivy e Campenhoudt (1998) a analise bibliográfico consiste em


recolher informação junto de fontes nas quais os dados já passaram por uma
interpretação teórica, tais como artigos científicos, livros, revistas, entre. Para este
trabalho foi importante obter informação junto de fontes que tenham retratado sobre o
contributo da actividade física na promoção da saúde das mulheres gestantes e na
discussão dessa temática na realidade moçambicana.

Durante essa etapa, foram analisadas fotos, vídeos, dentre outros materiais contidos
nas informações bibliográficas pesquisadas. Destaca-se que, as informações
bibliográficas dessa etapa estiveram essencialmente ligadas à produção do referencial
teórico, assim como à produção de instrumentos que possibilitaram a realização do
trabalho de campo.

24
3.2. Etapa 2: Pesquisa Documental

Em segundo momento encontramos a fase documental, na qual Quivy e Campenhoudt


(1998) afirmam que é uma técnica secundária por meio da qual procede-se a recolha
de dados em fontes secundários em forma de documentos escritos, como registos,
actas, relatórios, legislação, escritura. Na mesma linha de pensamento encontramos
Goldenberg (2004) ao afirmar que a pesquisa documental é o recurso às fontes
documentais onde se podem encontrar documentos de primeira mão conservados em
arquivos de instituições públicas e privadas e os de segunda mão, tais como relatórios,
anuários, actas e outros dados estatísticos.

Foram ainda consultados artigos científicos, teses de mestrado e monografias que


tratam de temáticas relacionadas com actividade física com o objectivo de enriquecer a
linha teórica desenhada para a pesquisa. Com esta técnica pretendemos, obter
informação junto de documentos existentes que versam sobre o fenómeno em causa,
como é o caso do estatuto interno, regulamento, qualquer outro documento com
informação sobre o contributo da actividade física na promoção da saúde e bem-estar
das gestantes.

3.3. Etapa 3: Preparação dos Instrumentos de Recolha de Dados

Para realizarmos a recolha de dados tivemos como base as seguintes técnicas:


questionário e a entrevista semi-estruturada.

O questionário é uma técnica quantitativa em que se define uma sequência de


perguntas precisas, contendo alternativas de respostas a serem seleccionadas pelos
inquiridos (Gil, 2008). O questionário foi administrado directamente junto das mulheres
gestantes que apresentou maioritariamente perguntas fechadas, isto é, com
alternativas de respostas, deixando a liberdade do inquirido formular livremente a sua
resposta. A elaboração do questionário é em função das variáveis operacionalizadas
neste trabalho.

O questionário principal foi antecedido por um pré-teste, que permitiu verificar a


relevância das perguntas, sua harmonia com a realidade dos inquiridos e evitar que as

25
perguntas conduzam a uma direcção de confirmação de hipóteses. Assim, o pré-teste
facultou informações básicas sobre a actividade física das mulheres gestantes,
auxiliando na elaboração de perguntas objectivas que garantam que as respostas
foram facultadas e que não se beneficiaram de nenhuma parte da amostra.
Considerando a limitação do questionário sobre a profundidade da informação,
combinaremos com a entrevista semi-estruturada.

A entrevista é um método de recolha de informações que em princípio possibilita uma


troca de informações entre o entrevistado e o investigador, durante a qual o
investigador expressa as suas percepções de uma ocorrência ou de uma situação
através de perguntas abertas permitindo que o entrevistado a um grau máximo aborde
as informações com veracidade e profundeza (Quivy, 1998). Já para Guerra (2006) a
entrevista é a obtenção de informação de um entrevistado, sobre determinado assunto
ou problema, ou seja, a entrevista semi-estruturada consiste na realização de
perguntas abertas e susceptíveis de serem modificadas e aprofundadas ao longo das
entrevistas de modo a explorar alguns aspectos relevantes que foram emergindo.

Esta técnica permitiu-nos intervir durante a recolha de dados re-orientando os


interlocutores aos interesses do estudo. A entrevista semi-estruturada mostrou-se
apropriada pelo facto de permitir auxiliar o questionário no que tange a profundidade de
aspectos apresentados superficialmente nos questionários que se mostraram relevante
para a compreensão e análise da realidade em estudo. Ou ainda, a entrevista semi-
estruturada dando abertura de fala, para o investigador permitiu transformar respostas
em novas perguntas e identificar a existência de contradição nas respostas.

3.4. Etapa 4: Aplicação dos Questionários (Trabalho de Campo)

O universo da pesquisa foi composto por 30 mulheres gestantes que praticam as


actividades físicas informantes e que iam fazer consulta de pré-natal nos centros de
saúde em estudo, desta forma o questionário foi aplicado a todos eles, onde a pesquisa
se realizou de forma a abranger toda a amostra, onde todos os componentes do
universo são estudados em sua totalidade, facilitando desta forma a colecta de

26
informações, além disso, com esse total de respondentes é possível estudar todos os
sectores da saúde.

O trabalho de campo consistiu na realização de entrevistas semi-estruturadas e


questionários para o nosso grupo alvo que foi constituído por mulheres gestantes que
praticam as actividades físicas e funcionários de saúde. A definição da amostra para as
mulheres gestantes e bem como para os profissionais da saúde foi por acessibilidade
(conveniência), pois foram inquiridos apenas as gestantes disponíveis no decorrer do
trabalho no campo.

No que se refere aos questionários foram aplicados directamente, ou seja, os inquiridos


responderam e o investigador anotou as respostas nos respectivos lugares como forma
de garantir que haja um nível de respostas desejável e que se verifique o retorno de
todos os questionários. Atendendo a posteriori a utilização da entrevista, o questionário
apresentou na sua maior parte perguntas fechadas. A aplicação desta técnica foi
importante para construirmos o perfil sociodemográficos dos inquiridos e o seu
posicionamento quanto aos indicadores definidos, o que permitiu ter um maior controlo
da informação. Ou ainda, os questionários são uma boa forma de avaliar a actividade
física, por serem sensíveis às diferenças nos níveis de actividade física durante a
gravidez e ao evitarem que mulheres grávidas activas sejam classificadas como
sedentárias e vice-versa. Além disso são mais econômicos e fornecem informações
sobre o tipo e intensidade da actividade (Conceição, 2016).

As entrevistas foram feitas com recurso ao rádio gravador que permitiram reter todas
informações, isto é, reconhecendo as falhas deste aparelho, nos auxiliamos aos blocos
de notas, onde foram anotados aspectos relevantes inerentes ao contexto de entrevista
que devem ser observados durantes a interpretação dos resultados.

3.5. Etapa 5: Análise e Compilação dos dados

Os dados recolhidos com base no questionário foram organizados através da tabulação


como forma de permitir a contagem e a construção de categorias. A tabulação foi
acompanhada de apresentação gráfica como forma de permitir diferentes perspectivas

27
de leitura dos dados. Deste modo, recorremos ao uso das percentagens e das
frequências para a leitura destes dados.

Realizamos a organização dos dados quantitativos com recurso ao pacote informático


Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)1. O uso do programa consistiu,
numa primeira fase, na construção de uma base de dados na qual se definiu as
categorias de perguntas e repostas a partir das questões e opções do questionário
feito. Assim, as categorias se referiam ao perfil socio demográfico dos inquiridos e o
seu posicionamento quanto aos indicadores definidos, o que permitiu ter um maior
controlo da informação.

Para análise dos dados recolhidos com base nas entrevistas recorremos a análise do
conteúdo, tendo como base as categorias construídas a partir dos dados quantificados,
assim as respostas serão interpretadas tomando como base homogeneizadora e de
relevância as categorias construídas com os dados dos questionários mais
aprofundadas com base nos dados das entrevistas.

Fica evidente que, no primeiro momento foi feito a análise de dados recolhidos
mediante o questionário, que permitiu a construção de categorias. Depois foi realizada
a segunda interpretação, desta vez combinando os dados já escritos aos dados
recolhidos, tomando em consideração as entrevistas como forma de estabelecer uma
apresentação lógica dos resultados, ou seja, possibilitar a confrontação de diversas
ideias discutidas pelos outros autores sobre a temática.

3.6. Etapa 6: Redacção do texto

Simultaneamente às etapas mencionadas anteriormente, procedemos à redacção da


monografia, recorrendo ao Microsoft Office Word. Importa realçar que o
desenvolvimento da presente pesquisa foi acompanhado predominantemente à
distância, tendo sido utilizada a via electrónica para uma série de contactos e
discussões com o orientador. No decurso da investigação houve alguns encontros

1
SPSS (Statistical Package for Social Sciences ou traduzido em português como Pacote Estatístico para Ciências
Sociais) é uma aplicação de tratamento estatístico de dados, capaz de tornar a análise estatística de dados.

28
presenciais. Esta situação deveu-se ao factor tempo que o orientador não despunha
para os encontros face-a-face. Assim, a informação foi seleccionada, organizada e
interpretada tendo como base a contribuição de cada conteúdo para uma melhor e
profunda compreensão do objecto de estudo deste trabalho.

3.7. Limitações do Estudo

Durante a elaboração do presente trabalho, foram vividos alguns constrangimentos e


desafios aos quais a autora respondeu de forma assertiva e positiva. Observou-se a
completa ausência de estudos similares na área de estudo em causa no contexto
moçambicano, o que impossibilitou a comparação dos resultados obtidos com estudos
de terceiros. Esta limitação foi ultrapassada com uso de publicações maioritariamente
estrangeiras que escrevem sobre o assunto.

Outra dificuldade sentida pela autora, foi o facto da bibliografia disponível e específica
para este trabalho ser quase na sua integralidade de origem brasileira e portuguesa.
Assim, não se encontraram obras que refletissem a realidade dos niveis e padrões de
actividade fisica das mulheres gestantes no contexto rural e urbano.

Por ultimo, a limitação esteve relacionada a disponibilidade das mulheres gestantes


que praticam actividades físicas em participar do estudo, falando concretamente
daquelas mulheres que frequentam os centros em estudo e a dificuldade em interagir
com os mesmos no âmbito da recolha de dados. Como solução, não tivemos outra
opção que não fosse aguardar até que fôssemos recebidos, o que concorreu para que
alargássemos o tempo de realização do trabalho de campo.

29
Capitulo IV: Apresentação e Discussão dos Resultados

Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados obtidos após o


tratamento estatístico do questionário aplicado no estudo, o qual nesta apresentação
foi segmentado em partes diferenciadas para uma melhor organização da sua análise,
isto é, a organização foi feita seguindo os subcapítulos: i) conhecimento das mulheres
gestantes sobre os riscos associados a não prática das actividades físicas no contexto
rural e urbano; ii) conteúdos transmitidos as mulheres gestantes pelos funcionários dos
centros de saúde sobre as actividades físicas; iii) adesão a prática de actividade física
na gestação e iv) influencia dos factores ambientais nos níveis e padrões de
actividades físicas em mulheres gestantes. Os resultados serão apresentados sobre a
forma de tabelas e gráficos, procurando seguir a sequência e ordem da numeração das
perguntas do questionário mencionado.

4.1. Caracteristicas das gestantes entrevistadas

Trazemos nesta secção, os dados sociodemográficos das mulheres gestantes que


foram inquiridos com recurso aos questionários. Assim sendo, o perfil que aqui
construímos diz respeito a todos os informantes com os quais trabalhamos.

Desta forma, o perfil sociodemográfico das mulheres gestantes visa estabelecer o


conhecimento de alguns aspectos básicos como é o caso da idade, nível académico e

30
a função exercida pelos mesmos no seu local de trabalho. Podemos observar nos
gráficos abaixo indicados:

Tabela 1: Amostra sobre o contexto onde vivem as gestantes


 Variável Frequência Percentagem %
Zona Rural 10 33.3
Zona Urbana 20 66.7
Total 30 100

Fonte: elaborada pela pesquisadora a partir de dados de campo

Na tabela 1 trazemos os dados referentes ao local de residências das mulheres


gestantes. Os dados que apresentamos nesta figura revelam-nos que trabalhamos com
gestantes que, não obstante que realizavam o acompanhamento pré-natal nos centros
de saúde pesquisado, localizada na cidade de Maputo, encontram-se a residir tanto
nesta cidade, como fora desta. Como podemos observar na tabela acima o seguinte,
66,7% das inquiridas têm suas residências na Cidade de Maputo, na zona urbana
constituindo a maioria, e 33,3% têm as suas residências na Matola na zona rural,
constituindo, desde modo, a minoria dentro de uma amostra de 30 mulheres gestantes.

Gráfico 1: Amostra sobre a idade das mulheres gestantes

50.0
37.5

12.5

20 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 45 anos

Fonte: elaborado pela pesquisadora a partir de dados de campo

Na sequência, na figura 1, temos os dados referentes as idades das mulheres


gestantes inquiridas que apresentamos em intervalos, visto ter havido uma resistência

31
em dizer a idade específica. De acordo com os dados da figura em referência maior
parte de um total de 30 mulheres gestantes é constituída por inquiridos com idade
compreendidas entre o intervalo etário de 20 a 25 anos de idade, representando um
total de 50%. De forma crescente, a seguir temos os intervalos de 26 a 35 anos que
corresponde a 37,5% da mostra. Com uma menor representatividade percentual dentro
da amostra está um intervalo de 36 a 45 anos com 12,5%.

Como pode ser visto apenas 50% dos respondentes possuem idades de 20 até 25
anos, os demais possuem uma idade de 26 anos e no máximo acima de 45 anos,
supõe-se que os centros estudados a maior parte das pessoas que compõem a nossa
amostra possuem idades abaixo dos 25 anos e com isso podem ter mais conhecimento
sobre a pratica de actividade fisica no período gestacional. Portanto, os inquiridos têm
uma idade média que ronda nos 25 anos. No gráfico a seguir abordar a questão do
nível académico das mulheres gestantes nos dos centros em contexto distintos.

Gráfico 2: Amostra sobre o nível de escolaridade das mulheres gestantes

56.3

18.8
12.5 12.5

lo lo l r
cic cic na rio
1 2 is o p e
s su
do do ofi o
io io Pr sin
dar dar ico En
cu
n
cu
n
ecn
se se T
o o o
sin sin sin
En En En

Fonte: elaborado pela pesquisadora a partir de dados de campo

Os níveis de escolaridade das gestantes apresentados na figura 2, onde observamos


que maior parte apresenta o ensino superior (nível de licenciatura) completa com uma
representação de 56,2% dentro de um total de 30 inquiridas. O ensino técnico médio
profissional vem a seguir com uma representação percentual de 18,8%, seguindo o
ensino secundário do I e II ciclo ambos com 25% e divididos por 12,5% cada. De

32
acordo com estes dados podemos afirmar que o ensino superior acolhe a maior parte
dos elementos da nossa amostra, representando um total de – sem distinção de
frequência e conclusão – 56,2% num total de 30 gestantes inquiridas.

Em seguida apresentamos a tabela que versa sobre a área em que as gestantes se


encontram a trabalhar e os resultados estão ilustrados da seguinte maneira:

Tabela 2: Amostra sobre a área em que trabalha


 Categoria Frequência Percentagem%
Funcionário Público 6 20
Assalariado privado 8 26.7
Conta própria 5 16.7
Desempregado 5 16.6
Estudante 3 10
Nunca teve emprego 3 10
Total 30 100
Fonte: elaborado pela pesquisadora a partir de dados de campo

A situação actual das mulheres gestantes quanto a sua ocupação, apresentamos na


tabela acima na qual identificamos seis situações: funcionário público, assalariado
privado, conta própria, desemprego, estudante e nunca teve sempre. Quanto as suas
representações percentuais, os dados demonstram que o sector privado acolhe a maior
parte das mulheres gestantes com os quais trabalhamos, visto que, 26,7% delas
encontra-se na situação de assalariado privado, 20% na situação de funcionarias
publico, 16,7% na de conta própria, e 16,6% na de desemprego, 10% na de estudante
simplesmente e os restantes 10% nunca ter trabalhado (também não se encontra a
estudar).

33
4.2. Conhecimento das mulheres gestantes sobre os riscos associados a
inactividade física no contexto rural e urbano.

Nesta categoria partimos do pressuposto básico de Schutz (1979) ao afirmar que é ao


longo das suas experiências que os indivíduos acumulam o conhecimento a partir do
qual constroem e atribuem significados ao mundo no qual se encontram inseridos,
construindo, deste modo, sua percepção sobre este. Seguindo este raciocínio,
buscamos neste subcapítulo explorar os conhecimentos que as entrevistadas têm
sobre a inactividade fisica no período da gestação. Os três depoimentos que
apresentamos a seguir reflectem de forma directa todas outras entrevistadas:

“Eu penso que se não fizer exercicios, quando estiver gravida pode trazer varias
doenças para mim e o meu bebo. Para mim, posso ficar gorda com problemas de
Coração também e para o bebe pode sair mal deformado com doenças. Por isso é
importante fazer qualquer exercício.” (Mulher gestante 1, centro de saúde Alto Maé,
zona urbana).

“Ouvi no Hospital que devemos fazer exercicios para a saúde do nosso bebe e para
nós também. Caso não pratiquemos exercícios físicos podemos ter complicações
no dia do parto, assim, pode ser tardio ou cesariana por isso é importante fazer
actividades fisicas.” (Mulher gestante 4, centro de saúde Alto Maé, Zona urbana).

“Ya, já ouvi falar de actividade fisica. São aqueles exercicios que no hospital
mandam para fazer todos os dias, pode ser caminhada e correr um pouco. Dizem
que se nós as mulheres não fazermos os nossos bebes podem sair com problemas
de saúde, problemas de respiração.” (Mulher gestante 9, Centro de saúde de Santa
Isabel, Zona rural).

Os três depoimentos anteriormente apresentados demonstram que a inactividade fisica


na fase de gestação, sob ponto de vista das entrevistadas, podem causar mais efeitos
negativos. O conhecimento das gestantes, em relação aos riscos associados a
inactividade fisica, está relacionado ao modo como as informações sobre o assunto são
disponibilizadas para as mesmas. Nesse sentido, a AF existe como um instrumento
educativo de alto potencial, porém ainda é pouco entendida a sua importância, visto
que, pode se fazer necessária a participação de uma equipe multidisciplinar que ajude
no desempenho das actividades.
34
Podemos compreender o facto de diferentes posições anteriores, as entrevistadas
desta categoria conceberem o risco como destruição e perda, a partir de Schutz (1979)
que afirmou que os indivíduos apresentam um estoque de conhecimento não
homogéneo independentemente de vivenciarem todos as mesmas experiências, visto
que, a construção de significados ocorre por meio de experiência anteriores vivenciado
ao longo da trajectória individual.

Embora Figueiredo et al. (2004) afirmem que “a probabilidade de ocorrência e a


gravidade dos perigos e seus efeitos não são assim, as únicas componentes que os
indivíduos accionam no modo como percepcionam e avaliam o risco”, podemos
constatar neste caso específico que a percepção de risco é construída a partir dos
efeitos da inactividade fisica por parte das mulheres gestantes e não a partir das
respostas passíveis de serem dadas a esta realidade.

Estes depoimentos são representativos de todas as entrevistadas, visto que,


demonstram uma acção que todas afirmaram que podem accionar sobre a informação
da pratica de actividade fisica. Associar o risco as perdas levam as pessoas
procurarem minimizá-las e umas das formas de minimizam é a pratica de actividade
fisica no período da gestação. Isto revela um conhecimento sobre a magnitude dos
efeitos da inactividade fisica das mulheres gestantes o que faz com convivam com o
risco em relação as perdas que podem decorrer da sua ocorrência. Deste modo, a
população apresenta um elevado grau de confiança com relação as fontes de
informação dada sobre a inactividade fisica, pois estas podem lhes alertar para a
pratica das actividades para minimizar o risco que pode advir.

De um lado, encontramos mulheres gestantes que tem consciência dos riscos que
podem vir da inactividade fisica como observamos nos depoimentos acima
mencionados, de outro lado, encontramos mulheres gestantes que não tem noção dos
riscos que podem vir da inactividade fisica. Podemos observar nos depoimentos abaixo
transcritos:

“Eu desde que tive o meu primeiro filho, este é o segundo nunca ouvi um medico ou
enfermeira a falar de actividade fisica. O que sei é o que escuto das pessoas, dos

35
amigos, dos familiares, das rádios e das televisões.” (Mulher gestante 2, Centro de
saúde de Santa Isabel, Zona rural).

“Eu juro que não sei nada sobre isso, nunca estudei e como vou saber dessas
coisas? O que interessa é eu estar bem e o meu filho também e o resto não me
preocupa por que ninguém se preocupa comigo também. Eu tenho medo de
acontecer alguma coisa comigo e meu filho, mesmo que essas enfermeiras digam
algo não sigo.” (Mulher gestante 6, Centro de saúde de Santa Isabel, Zona rural).

Nos dois depoimentos acima transcritos mostram não conhecimento dos riscos
associados da inactividade fisica no período de gestação por parte das mulheres
entrevistadas. Nesta perspectiva, segundo Montenegro (2014) a pratica de actividade
fisica no período gestacional apresenta certo receio de medo e preocupação e assim
por muito anos essa modalidade foi inibida, mas hoje pode se dizer que a pratica é
aconselhável, já que tem como resultado excelentes vantagens para a saúde de
gestante e do feto, onde as actividades devem agir de acordo com o beneficio
proporcional.

Já associando ao posicionamento de Santos et al. (2007) afirmam o desconhecimento


da sociedade sobre as vantagens benéficas da pratica de actividade fisica durante a
gestação destaca a inactividade como grande responsável pelos altos casos de
retenção de peso apos parto, a causa pode ser a indisposição, o receio e o medo de
efeitos prejudiciais que o esforço fisico possa aparentar para a gravidez, já que a
pratica apresenta pouca compreensão diante das pessoas.

4.2.1. Conteúdos transmitidos as mulheres gestantes pelos profissionais dos


centros de saúde sobre as actividades físicas.

Nesta secção, procuramos trazer os conteúdos transmitidos pelos profissionais de


saúde para a pratica de actividade fisica. Assim sendo, os profissionais de saúde ao
acompanharem as actividades fisicas das gestantes devem estar atentos aos devidos
cuidados na elaboração e execução do programa de treinamento.

36
Desta forma, uma avaliação da condição física actual e do histórico de cada gestante
deve ser minuciosamente realizada, afim de conhecer suas limitações para a
realização de exercícios, isto é, esta avaliação poderá excluir de programas de
exercícios das gestantes que apresentem contra-indicações absolutas à sua prática.
Deve-se atentar também para sinais de interrupção do exercício, onde existem riscos
para mãe e/ou para o feto. De seguida apresentamos o gráfico que responde sobre a
intervenção dos profissionais de saúde as praticas de actividades fisicas pelas
gestantes:

Grafico 3: Amostra sobre recomendação dos profissionais de saúde da pratica de AF as gestantes

Raramente Nunca

12
10

Zo n a Ru r al Zo n a Urb an a

Fonte: elaborado pela pesquisadora a partir de dados de campo

Quando foram questionadas as gestantes sobre possível conversa relacionada à


prática de actividade física por profissionais de saúde, num universo de 30 informantes
dos dois contextos. O contexto urbano com 20 mulheres gestantes, 12 das quais
relataram que nunca houve troca de informações com o profissional de saúde durante
o atendimento pré-natal sobre a pratica de actividade fisica e 8 responderam que
raramente os profissionais trocaram informações sobre a pratica de actividades fisicas.
Já no contexto rural, das 10 gestantes inquiridas responderam que nunca não terem

37
recebido nenhuma recomendação referente à prática de actividade física por diferentes
profissionais de saúde durante o pré-natal

Diante destes resultados, pode-se perceber que a falta de apoio dos profissionais de
saúde, durante o período gestacional, no momento da realização das consultas pré-
natais, no que tange ao repasse de informações a respeito da pratica de actividades
fisica. Portanto, é no período pré-natal que o profissional que o realiza apresenta papel
relevante como educador em saúde, oferecendo apoio e segurança, fazendo com que
a mulher decida de forma segura o inicio da pratica de exercicios de modo a manter o
bem-estar da sua saúde e do seu filho que nascerá.

A importância da promoção do exercício físico no período gestacional é dada a maior


possibilidade de modificação para um estilo de vida ativo fisicamente o que implica em
melhores condições de saúde da população feminina, visto que evitaria desconfortos
gerados durante esse processo como defende Artal e O’toole (2003). Assim, de
seguida apresentamos dados referentes ao aconselhamento dos profissionais de
saúde sobre a pratica de actividades fisica durante a gravidez como podemos observar
no gráfico que se segue:

Grafico 4: Amostra sobre recomendação dos profissionais de saúde a pratica de AF pelas gestantes
durante a gravidez
Zona Rural Zona Urbana

10

10 10

C am i n h ad a N u n c a m e r e c o m e n d o u a l g u m a a c ti v i d a d e

Fonte: elaborado pela pesquisadora a partir de dados de campo

38
Relativamente à recomendação sobre a pratica de exercício durante a gravidez, as
mulheres gestantes apresentadas pelo maior número responderam que nunca forma
recomendadas a alguma actividade pelos profissionais de saúde. Assim, no contexto
urbano representado por 20 gestantes, 10 das quais responderam que os profissionais
de saúde recomenderam a pratica de actividade como é o caso de caminhada e as
restantes responderam que nunca receberam nenhuma recomendação por pate dos
profissionais de saúde. No contexto rural representado por 10 mulheres gestantes,
responderam que nunca receberam nenhuma recomendação por parte dos
profissionais de saúde sobre a pratica de actividade fisica durante a gravidez.

Algumas recomendações que antes da gravidez eram praticadas, durante a gravidez


as mulheres podem continuar se exercitando e usufruir benefícios de saúde até mesmo
das rotinas de exercícios leves a moderados, devem evitar o exercício na posição
supinada após o terceiro trimestre, devido estar associada com um menor débito
cardíaco na maioria das mulheres grávidas.

Durante ao desenvolvimento desse trabalho, foram apontados vários benefícios da


prática de exercícios físicos durante a gestação e são diversos e atingem diferentes
áreas do organismo materno. Assim, das recomendações dos profissionais a mulher
gestante há que apontar os beneficios durante a gestação. São citados como
benefícios do exercício físico durante a gravidez os seguintes: redução da gravidade e
frequência de dor nas costas associada à gravidez, ajudando a manter uma melhor
postura corporal, fornece um levantamento psicológico que ajuda a contrabalançar os
sentimentos de tensão, ansiedade e ou depressão que frequentemente ocorrem
durante a gestação, ajuda a controlar o ganho de peso, melhora a digestão e a
constipação, produz maior reserva de energia para satisfazer as necessidades da vida
diária e reduz “barriga pós-parto” (ACSM, 2003).

Depois de apresentamos as recomendações dos profissionais durante a gravidez, de


seguida apresentaremos os dados referentes as recomendações depois da gravidez
das gestantes e encontramos os seguintes resultados:

39
Grafico 5: Amostra sobre recomendação dos profissionais de saúde da pratica de AF pelas gestantes
depois da gravidez

Zona Urbana Zona Rural

7
6

5
3
2

Q u a l q u e r a c ti v i d a d e C am i n h ad a l o c al i zad a N u n c a m e r ec o m en d o u
a l g u m a a c ti v i d a d e

Fonte: elaborado pela pesquisadora a partir de dados de campo

Quando as mulheres gestantes foram questionadas sobre a recomendação dos


profissionais da pratica de actividades depois da gravidez, a o resultado indicavam que
os profissionais nunca tinham recomendado a pratica de exercicios físicos. Assim, as
mulheres gestantes do contexto urbano com uma amostra de 20 gestantes, 14
divididas por 7 responderam que foram recomendadas a pratica uma caminhada e
nunca foram recomendadas nenhuma actividade respectivamente e as restantes 6
responderam que foram recomendadas qualquer actividade. No contexto rural, com
uma amostra de 10 mulheres, 5 responderam que os profissionais nunca
recomendaram nenhuma actividade, 3 afirmaram que foram recomendadas a pratica
da caminhada e as restantes 2 responderam que foram recomendadas pelos
profissionais a pratica de qualquer tipo de actividades fisica.

Apesar dos profissionais recomendarem a prática de actividade física às gestantes, o


resultado apresentado no gráfico ainda é baixo comparado ao estudo de Bauer et al.
(2010), onde 90% dos médicos e enfermeiros recomendavam exercícios físicos às
suas pacientes, e 89% acreditavam que as mulheres previamente inativas poderiam
iniciar um programa de exercícios no período gestacional. Corroborando com estas
ideias, Joy, Mottola e Chambliss (2013) apontam a falta de informação sobre exercício
físico na gestação, a falta de tempo nas consultas de pré-natal para aconselhamento

40
sobre estilo de vida, o baixo nível de atividade física prévio a gestação, e a insegurança
da mulher e seu respectivo médico sobre a prática durante o período gestacional, como
sendo possíveis razões para justificar a baixa recomendação de exercício físico para
gestantes pelos médicos.

Para além das recomendações apresentadas nos graficos, as mulheres gestantes


afirmaram que existem mais recomendações dadas pelos profissionais de saúde.
Assim, podemos observar no seguinte depoimento dado pela entrevistada, Mulher
gestante, do centro de saúde de Alto Maé:

“A nutricionista explanou sobre a importância de uma boa alimentação e a


desmistificação de alguns hábitos alimentares, visando passar conhecimento sobre uma
alimentação equilibrada em nutrientes tanto para mãe quanto para seu bebê. A
profissional ressaltou a valorização dos produtos regionais do Maranhão e também da
importância do reaproveitamento alimentar, adequando a realidade ao contexto de vida
das gestantes carentes”.

De acordo com o depoimento acima transcrito, a OMS (2004) considera que o período
pré-natal apresenta claras oportunidades para atingir a mulher grávida com uma série
de intervenções e informações que podem ser vitais para a sua saúde e seu bem-estar
e, consequentemente, do seu bebé. Desta forma, a alimentação e o estado nutricional
no período da gestação e durante a gestação mostram-se fundamentais no sucesso da
gravidez, uma vez que o mau estado nutricional se encontra associado não só a
complicações na mãe como no feto.

Na mesma linha de orientação, em conversa com Mulher gestante, do centro de saúde


de Alto-Maé, sobre as recomendações dos profissionais de saúde informou-nos o
seguinte:

“O Fisioterapeuta também realizou uma palestra sobre os benefícios dessa actividade


física para as gestantes e praticou exercícios com as mesmas, trabalhando novamente a
respiração, postura, fortalecimento do corpo e não sobrecarga as articulações, é de
baixo impacto.”

41
Para gestantes, essa actividade ajuda no fortalecimento da musculatura do assoalho
pélvico, para vertebral lombar, a cintura e, preferencialmente, desenvolver grandes
grupos musculares. As mulheres grávidas apresentam um risco elevado de queixas
musculoesquelética, principalmente lombalgias, devido à mudança do centro de
gravidade. Durante esse processo ocorrem diversas alterações fisiológicas que vêm
acarretar desconforto a gestante, com isso o exercício físico tem o papel de minimizar e
prevenir esses desconfortos antes e após a gestação (Borg-Stein, Dugan e Gruber,
2005; Bennell, 2001). No mesmo diapasão, Falcone, Nascimento, Santos e Nóbrega
(2005) afirmam que a actividade física propicia à gestante superar suas ansiedades ou
minimizá-las, para que consiga encontrar o melhor caminho para viver a gestação com
mais equilíbrio e ter um parto tranquilo.

De acordo com os dados de campo, os profissionais de saúde se preocupavam em


recomendar a pratica de actividade fisica a gestantes. Desta forma, os profissionais
que trabalharem com gestantes, devem proporcionar a elas uma actividade física
agradável e segura, respeitando a individualidade e, principalmente, obedecendo
regras básicas de bom senso. Precisa-se ter em mente o processo que acontece
durante a gestação e que provoca profundas alterações metabólicas e hormonais,
modificando respostas às actividades físicas como defende Barros (1999).

4.4. Adesão a prática de actividade física na gestação

Com a aplicação do questionário procuramos também conhecer quais são as principais


razões que levam estas mulheres gestantes a praticar actividades fisica. Saba (2001)
destaca como determinantes da adesão à prática de actividades física os factores
pessoais, os factores ambientais e as características do exercício físico. As
características pessoais são factores inerentes ao indivíduo, e podem ser consideradas
pouco modificáveis. Os fatores ambientais englobam o apoio social e o ambiente
físico, como a presença de instalações adequadas, segurança pública, urbanismo,
variação climática, acessibilidade dos locais para a prática. Ainda de acordo com Saba

42
(2001), as características do exercício são o tipo, intensidade, duração e complexidade
da actividade física. De seguida apresentamos em graficos os resultados obtidos.

Grafico 6: Amostra sobre a pratica de actividades fisica nos contextos distintos


Sim Não

6
12

Zona Rural Zo n a Ur b an a

Fonte: elaborado pela pesquisadora a partir de dados de campo

Com base neste gráfico, as mulheres gestantes foram inquiridas sobre a prática das
actividades fisica no contexto rural e urbano. Num total de 30 inquiridos, onde estão
divididos em contextos da seguinte maneira: Contexto rural inquirimos 10 gestantes e o
urbano inquirimos 20 mulheres gestantes.

Começamos com a zona urbana, das 20 gestantes inquiridas, 12 das quais


responderam que praticam actividades fisica e 8 (oito) afirmaram que não praticam
actividades fisica. Já para a zona rural, com 10 mulheres inquiridas, 4 responderam
que praticam actividades e os restantes 6 afirmaram que não praticam nenhuma
actividade fisica.

No que se refere aos motivos pelos quais levam as mulheres da zona urbana a
inactividade fisica, alegam que o factor trabalho e não existe lugares perto das suas
residências para praticar as actividades fisicas mesmo que seja por 30 minutos. E as
mulheres que vivem na zona rural alegam não existir tempo suficiente para praticar

43
actividade fisica, visto que, não existem lugares para a pratica e se praticarem podem
provocar danos no seu feto.

Diante do exposto acima, fica evidente que nos dias de hoje é comummente aceite
que, a ausência de actividade física sistemática, conduz a problemas de insuficiência
motora, trazendo malefícios para a saúde, pelo que, torna-se extremamente necessário
fomentar e valorizar as práticas de actividade física, de forma a encaminhar os
diferentes tipos de populações para modos de vida saudáveis.

De acordo com Torre (1998) actividade física deve ser considerada como uma
componente decisiva de um estilo de vida saudável, na medida em que a realização de
actividade física sistemática e com certa intensidade, constitui um factor de protecção
da saúde e da prevenção de diferentes transtornos da mesma, pelos importantes
benefícios fisiológicos e psicológicos associados ao exercício físico.

Como se desprende do exposto acima, a actividade física é um elemento importante de


um estilo de vida saudável. Nesta linha de orientação, julgamos deveras decisivo e
importante aumentar a consciência e a participação quer das mulheres gestantes,
crianças ou adolescentes, quer dos adultos em programas regulares de actividade
física, pelo que, nos surge como um desafio a destacar, onde encontraremos vias e
formas que possibilitem ou facilitem uma influência positiva, em todos os escalões
etários, com o intuito de estabelecer a prática regular de actividade física como um
hábito de vida, na nossa sociedade.

Neste sentido, o gráfico apresentado de seguida ajuda-nos a caracterizar os tipos de


actividades fisica nos contextos distintos que compõem parte principal do corpus
documental do nosso estudo. Assim, apresentamos da seguinte maneira:

44
Grafico 7: Amostra sobre o tipo de actividade fisica nos contextos distintos
Zona Rural Zona Urbana

9
7

3
2

L eve S ed en t ar i o Mo d er ad a Vi go r o sa

Fonte: elaborado pela pesquisadora a partir de dados de campo

Conforme o gráfico acima, verificou-se que 30 gestantes que constitui a nossa amostra,
num total de 20 mulheres da zona urbana, sendo das quais 9 responderam que que
praticavam actividade do tipo “moderado”. Apesar de ter uma predominância
moderada, a actividade promove baixo gasto energético, isto é, actualmente, existe
uma ampla evidência de que o exercício moderado tem benefícios inquestionáveis para
a saúde física, psicológica e social, podendo contribuir de forma significativa para o
bem-estar geral do sujeito em todas as idades; 7 mulheres responderam que tem
praticado actividade do tipo leve e por ultimo encontramos 4 mulheres divididas em
duas que responderam praticam actividade do tipo sedentário e vigorosa.

Neste sentido, um número cada vez maior de pessoas tem vindo a recorrer à prática da
actividade física, como forma de procurar o seu bem-estar psicológico, face às novas
exigências e pressões colocadas pela sociedade moderna, caracterizada por novas
tecnologias e por novas formas de pressão e stresse (Cruz et al., 1996).

No contexto rural, das 10 inquiridas num total de 30 mulheres gestantes, 7


responderam que praticavam actividades do tipo sedentário e os restantes 3
responderam que praticavam as actividades fisicas do tipo leve. Dados semelhantes
com estudo de Carvalhaes et al. (2013), no qual a maioria das gestantes pesquisadas
eram sedentárias. Nesse contexto, Rodrigues, Barbosa e Silva (2012) frisam que a

45
prática de actividade física é de grande importância tanto para a saúde da mãe quanto
à do feto.

De acordo com os dados desta figura, representando maior parte de um total mulheres
gestantes inquiridas, 10 responderam que praticam actividades fisicas “leve”, enquanto
9 representado por inquiridas que afirmaram que a praticam actividades fisicas do tipo
“moderada”, 9 responderam que praticam actividades do tipo “sedentário” e as
restantes 2 responderam que praticam actividades “vigorosa”. Neste sentido, olhando
para as frequências que correspondem aos tipos de actividades fisicas praticadas
sugere-se que os profissionais dos centros de saúde possam incentivar aos seus
cidadãos na promoção e prática das actividades fisicas de modo a melhor a sua saúde
fisica e o bem-estar dos seus bebes.

Nesse contexto, Silveira e Segre (2012) ressaltam que existem vários benefícios para
gestantes que praticam actividade física, sendo elas: contribuir para o parto vaginal,
efeito protector contra parto prematuro, aumento do índice do líquido amniótico e
redução do edema nas gestantes e redução do risco de desenvolver diabetes
gestacional. A actividade física moderada, na gestação, pode contribuir para menor
ganho de peso, melhora da capacidade funcional e diminuição da intensidade da dor
lombossacra. Além disso, o exercício dos músculos do assoalho pélvico, na gestação,
reduz a prevalência de incontinência urinária, durante a gestação e após o parto.

Diante destes dados, associamo-nos nas ideias de Costa (2004) ao afirmar que o factor
considerado mais importante na pratica de actividade fisica é o tipo de actividade a ser
realizada, que deve ser completamente correcta e satisfatória, tendo a garantia
aprovada de um médico especialista. Neste sentido, para Botelho e Miranda (2011) a
caminhada é a pratica mais indicada principalmente para mulheres sedentárias que
iniciam os exercicios na fase gestacional sendo uma pratica de pouca intensidade e
que auxilia na habilidade fisica pode ser realizada em todo o período da gestação tanto
em locais abertos como em esteiras, sempre observando a hidratação e a temperatura
do corpo.

46
No gráfico que se segue, apresentamos os dados sobre a prática das actividades
fisicas nos vários domínios nos contextos em estudo.

Grafico 8: Amostra da actividade fisica nos vários domínios em contextos distintos


Zona Rural Zona Urbana

7
6

2 4 4

1 1
L azer D esl o c am en t o Tr ab al h o D o m e s ti c o

Fonte: elaborado pela pesquisadora a partir de dados de campo

Os dados do gráfico 8, que apresentamos em sequência dizem respeito a opinião das


inquiridas sobre a realização das actividades em vários domínios: Lazer, deslocamento,
trabalho e no domínio doméstico. gestão e manutenção das instalações desportivas.
Sendo assim, o contexto Urbano, com uma amostra de 20 mulheres gestantes
inquiridas, 7 das quais responderam que tem realizado as actividades fisicas
domesticas, 6 responderam que tem realizado as actividades no trabalho, 5 afirmaram
que que tem realizado as actividades fisicas de lazer e as restantes duas tem realizado
as actividades fisicas do deslocamento.

No contexto rural, onde inquirimos 10 mulheres gestante, 4 das quais responderam que
tem realizado actividade fisica do trabalho, 4 também responderam que tem realizado
as actividades no domínio doméstico, e as restantes duas responderam que tem
realizado as actividades de lazer e deslocamento respectivamente.

De acordo com os dados do gráfico, a actividade física doméstica foi mais frequente
nas mulheres gestantes com um total de 11 respondentes; em relação à actividade
física no trabalho foi respondido por uma amostra de 10 gestantes, 6 responderam que

47
praticavam as actividade física de lazer e por ultimo, 3 responderam que realizam as
actividades no domínio deslocamento, e essas mulheres foram mais activas.

As actividades rurais no domínio do trabalho podem diferir tanto em termos do grau de


mecanização do trabalho quanto em relação ao tipo de actividade desenvolvida (e.g.
agricultura extensiva, familiar ou de subsistência, pecuária, aquacultura, apicultura,
extractivismo vegetal, extractivismo mineral, dentre outras). Como podemos observar
no presente estudo, grande percentual dos moradores da área rural concentra suas
actividades físicas em outros domínios, como trabalho e doméstico. Devido ao trabalho
ser predominantemente realizado utilizando-se da força física na agricultura e grande
parte da população viver da agricultura de subsistência, as actividades nos domínios do
trabalho e doméstico podem se sobrepor.

No gráfico que se segue, procuramos mostrar a frequência da prática de actividades


fisica nos contextos distintos em estudo e isso podemos observar em seguida.

Grafico 9: Amostra da frequência da prática de Actividades fisica nos contextos distintos

Zona Urbana Zona Rural

5
3 3
2

1 -2 v ezesp o r sem an a 2 -3 v ezes p o r sem an a 4 -5 v ezes p o r sem an a 6 -7 v ezes p o r sem an a

Fonte: elaborado pela pesquisadora a partir de dados de campo

De acordo com o gráfico acima apresentado, questionamos sobre a frequência da


prática da actividade nos contextos em estudo. Desta maneira, apresentamos os dados
de acordo com as zonas em estudo. No contexto urbano, com um total de 20 mulheres
gestantes, 7 responderam que tem praticado as actividades fisicas 2 a 3 vezes por

48
semana, 6 afirmaram que praticavam as actividades 1 a 2 vezes por semana, 4
responderam que tem praticado 4 a 5 vezes por semana e as restantes 3 responderam
que praticam 6 a 7 vezes por semana.

No contexto rural, das 10 gestantes inquiridas, 5 das quais responderam que tem
praticada por 2 a 3 vezes por semana, 3 responderam que praticam as actividades 1 a
2 vezes por semana e as restantes 2 tem praticado as actividades 4 a 5 vezes por
semana.

De acordo com o gráfico acima, pode-se verificar que quase a metade das gestantes
analisadas praticam suas actividades de 2 a 3 vezes por semana (12), seguida por 9
mulheres que praticam actividades 1 ou 2 vezes por semana; 6 que fazem actividades
fisicas de 4 a 5 vezes e as restantes 3 responderam que tem praticada actividade fisica
6 a 7 vezes por dia.

Diante do exposto acima, podemo-nos associar ao American College of Obstetrician


and Ginecologist que recomenda manter a frequência cardíaca no máximo em 140 bpm
e realizar actividades de 2 a 3 vezes por semana, com duração de 30 minutos. As
gestantes analisadas exercitam-se conforme este padrão de segurança. No gráfico que
se segue analisamos os dados referentes duração da pratica de Actividades fisica nos
contextos distintos, como podemos observar a seguir:

Grafico 10: Amostra da duração da pratica de actividades fisica nos contextos distintos
Zona Rural Zona Urbana

2 7

4 5
3
1
Men o s d e 3 0 m i n u t o s 30 minutos a 1 hora De 1 hora a 2 hora por De 2 hora a 3 hora por
por dia por dia dia dia

Fonte: elaborado pela pesquisadora a partir de dados de campo

49
Quanto ao número de horas diárias referidas pelos indivíduos que afirmam praticar
actividade física, as mesmas variam entre um mínimo de menos de 30 minutos duas a
três horas máximo.

Na zona Urbana com um total de 20 mulheres gestantes, das quais 8 responderam que
praticavam a actividade fisica num período de 30 minutos a 1 hora, as 7 responderam
que praticavam a actividade fisica durante 1 hora a 2 horas por dia, 3 afirmaram que
praticavam actividades fisica durante 2 horas a 3 horas por dia e as restantes 2
mulheres gestantes responderam que praticam as actividades em menos de 30
minutos por dia.

Na zona rural, onde inquirimos 10 mulheres gestantes, 5 gestantes responderam que


praticavam as actividades durante 30 minutos a 1 hora por dia, 4 das quais
responderam que praticavam as actividades fisicas menos de 30 minutos por dia e a
restante uma respondeu que praticava as actividades fisicas durante 1 hora a 2 horas
por dia.

Como podemos observar no gráfico 7, os dados demonstram que dentre as 30


inquiridas, a maior parte deles (13 mulheres gestantes) afirmaram que praticavam
actividades fisicas num período de 30 minutos a 1 hora por dia, de seguida
encontramos 8 das inquiridas afirmaram que praticavam as actividades durante 1 hora
a 2 horas por dia, 6 gestantes afirmaram que praticavam actividades fisicas em menos
de 30 minutos diários e por último encontramos as mulheres que praticavam das
actividades fisicas com duração de 2 horas a 3 horas que são representadas por 3
mulheres gestantes. Podemos observar que, a prática das actividades fisica foi mais
apontada uma duracao de 30 minutos a 1 hora por dia e 1 hora a 2 horas por dia
respectivamente.

No gráfico que se segue apresentamos dados que revelam os motivos da pratica de


actividades fisica nos contextos distintos e os resultados apresentam-se da seguinte
maneira:

50
Grafico 11: Amostra sobre motivos que leva a pratica de actividades fisica nos contextos distintos
Zona Rural Zona Urbana

3
5
4
3
2
J á p r a ti c a v a P o r r ec o m en d aç ão N ão q u er o en go r d ar G o st o d e fazer
a c ti v i d a d e s a n t e s d a m éd i c a m u i t o n a gr av i d ez ex er c i c i o s
gest aç ãao

Fonte: elaborado pela pesquisadora a partir de dados de campo

Ao observamos para os dados da figura 11, podemos tecer algumas considerações


quanto ao motivo da prática das actividades fisicas em mulheres gestantes. De acordo
com este gráfico, a maior parte das inquiridas afirmaram que a prática das actividades
fisicas é pelo facto de que já praticavam antes da gestação e a menor parte a prática
está virada para o gosto de fazer os exercicios.

Com base nos dados oferecidos pelo gráfico 11, foram questionados os motivos sobre
a prática das actividades fisicas nos contextos em estudo. Na zona urbana, num total
de 20 mulheres inquiridas, 7 dos quais responderam que a pratica das actividades
fisicas é pelo facto de que já praticava antes da gestação, 7 também responderam que
foi pela recomendação médica, 4 responderam que é pelo gosto de praticar exercicios
e as restantes 3 responderam que não queriam engordar muito na gravidez.

Na zona rural, com 10 inquiridas nas quais 5 responderam que já praticavam as


actividades antes da gestação, 3 responderam que começaram a praticar as
actividades fisicas pela recomendação médica e as restantes duas responderam que
não queriam engordar muito na gravidez.

51
Num computo geral, quando questionadas a respeito dos motivos que as levaram a
iniciar a prática de actividades físicas durante a gestação, 12 responderam que já fazia
exercícios antes da gravidez e 10 começaram a exercitar-se por recomendação
médica. Este resultado mostra que cada vez mais os médicos e profissionais da área
estão recomendando actividade física e apresentando os possíveis benefícios para as
gestantes. De acordo com Baptista et al. (2003) a actividade fisica pode ser grande
contribuinte controle ou da ausência de diabete gestacional, aumento de massa
corporal pode ser significante para o surgimento da doença, e como na progressão da
gravidez a mulher passa a ter mais peso, a diabete pode ocorrer nos meses finais da
gestação.

Portanto, a prática de actividade na zona urbana depende, em grande parte, do


número, da diversidade das instalações e a sua acessibilidade, cabendo ao poder
público realizar um levantamento desses dados visando facilitar o planeamento de
acções voltadas ao Desporto. As infra-estruturas são factores decisivos, e devem ser
pensadas no sentido de integração na malha urbana, segundo critérios de distribuição
harmoniosa, de carências tipológicas e de qualidade estética, de forma a responder às
necessidades dos diversos tipos e níveis de prática de actividades fisica como defende
Constantino (1994, p. 68). No gráfico que a seguir apresentamos resultados que
revelam os motivos que levam as mulheres gestantes a não praticar actividades fisica
nos contextos distintos, como podemos observar:

52
Grafico 12: Amostra sobre motivos que levam a não praticar actividades fisica nos contextos distintos
Zona Rural Zona Urbana

3
8 2
7
4 5
1

Fonte: elaborado pela pesquisadora a partir de dados de campo

No gráfico 12, questionamos qual seria o principal motivo que levou a gestante a não
praticar actividade fisica na gestação. A zona urbana com um total de 20 gestantes, 8
afirmaram ser a falta de tempo o principal motivo, 7 das quais afirmaram não terem
sido liberadas pelo medico para a pratica de AF, 3 responderam que tinham medo que
aconteça alguma coisa com o bebe e as restantes 2 reconheceram ser falta de
conhecimento sobre a importância da actividade fisica na gestação.

Já para o contexto rural, numa amostra de 30 mulheres gestantes, das quais foram
inquiridas 10. Assim, 5 das quais responderam que tinham medo que aconteça alguma
coisa com o bebe, 4 afirmaram falta de conhecimento sobre a importância da
actividade fisica na gestação e a ultima respondeu que o motivo que levou a não
praticar AF é pela falta de tempo.

Olhando para os resultados fornecidos pelo gráfico, podemos sustentar que antes de
iniciar qualquer actividade física, a mulher grávida deve ser examinada por um médico,
para saber quais os exercícios devem ser evitados e quais são as actividades
indicadas para o seu caso. Para Alves (2009) a gestante só poderá praticar actividade
física se tiver autorização do seu médico, isto é, o programa de exercícios para a
gestante deve ser seguro e considerar todas as modificações fisiológicas e
psicológicas.

53
Depois de liberada pelo médico, a gestante poderá iniciar seu trabalho, de forma
Individualizada (personalizada) para a gestação, observando o nível de aptidão
anterior, o estado clínico, o interesse de actividade e a disponibilidade de
equipamentos para os exercícios. No entanto, devem ser observadas as devidas
recomendações para a suspensão dos exercícios, bem como as normas seguras para
execução.

4.5. Influencia dos factores ambientais nos níveis e padrões de actividades


físicas em mulheres gestantes

De acordo com os dados de campo, percebemos que existe vários condicionamentos,


de ordem económica, cultural e social que impeçam ou limitem o uso das instalações
desportivas, tais como a falta de hábitos desportivos, a condição socio-económica, o
problema de transporte e outros. Nos depoimentos que se seguem, apresentamos os
dados sobre os factores ambientais que influenciam na prática das actividades fisica
nos contextos em estudo.

“Os lugares para praticar as actividades aqui no bairro estão distantes, e os transportes
terminam muito cedo que podiam nos levar para lugares próprios para praticar certas
actividades. Assim, não temos como praticar as actividades com acompanhamento de
um instructor para além de aproveitar a caminhada.” (Mulher gestante 5, Centro de
saúde de Santa Isabel, Zona rural).

“Mesmo que queiramos praticar as actividades fisica, não temos os materiais


necessários. Isso implica procurarmos pessoas que entendem sobre os exercicios
físicos porque nós somos vulneráveis e precisamos de cuidados especiais” (Mulher
gestante 3, Centro de saúde de Santa Isabel, Zona rural).

De acordo com os dados de campo, podemos perceber que as entrevistadas alegam


falta de materiais necessários e transportes que possam locomover de um lugar para
outro para a pratica das actividades fisicas. Desta forma, podemos frisar que os
problemas relacionados com os transportes e as deslocações são uma das principais
razões invocadas para o abandono de programas de actividade física e desportiva. Os

54
comportamentos de actividade física dependem da existência de oportunidades de
prática, tanto na forma de incentivos espaciais, como dos equipamentos e materiais
necessários, não esquecendo a importância da existência de agências de participação
social, onde se incluem os clubes desportivos (Coelho e Silva, 2001).

Efectivamente existe uma associação entre a proximidade de equipamentos sociais


para actividade física e desporto, e a frequência com que as mulheres gestantes fazem
exercício. Mas não é só a existência de infraestruturas para a prática desportiva que
promove estilos de vida mais activos, isto é, a própria configuração paisagística revela-
se determinante do estilo de vida como defendem Sallis et al. (2000).

Para além da associação dos meios de transportes e espaciais que influenciam para a
prática de actividade fisica encontramos outras que passamos a apresentar nos trechos
que se seguem:

“No bairro de Alto Maé tem muitas escolas com instalações desportivas, mas não tem
iluminação e pisos bons para praticarmos os exercicios físicos. Isso condiciona a pratica

de actividade fisica.” (Mulher gestante 4, centro de saúde Alto Maé, Zona urbana ).

“Aqui na zona tem problemas de iluminação, onde as ruas e as escolas tem esse
problema. Esses lugares são os únicos para praticar qualquer actividade fisica. Mas para
aqueles que tem muito dinheiro podem se inscrever nas academias e ginásios para

terem um acompanhamento adequado dos especialistas .” (Mulher gestante 12, centro

de saúde Alto Maé, zona urbana).

De acordo com os depoimentos, fica evidente que a presença ou ausência de


iluminação numa dada instalação pode aumentar ou diminuir a frequência de uso da
mesma, assim como poderá aumentar ou diminuir a segurança da prática de
determinadas modalidades em certos períodos do dia. Vários critérios podem ser
utilizados para avaliar uma instalação quanto à iluminação, no entanto, optamos
apenas por considerar a presença ou a ausência da mesma.

Os depoimentos acima transcritos mostram que os parques desportivos escolares não


possuem iluminação eléctrica, o que significa que o uso e a exploração plena desses

55
recintos, principalmente no período noturno, é inviável. Assim, observou-se que as
poucas instalações iluminadas, a maior parte são ginásios e pavilhões e que as
instalações sem iluminação são constituídas por espaços improvisados e campos de
futebol.

Na perspectiva de Seabra et al. (2008) no seu estudo concluiu que os factores


ambientais têm uma contribuição significativa na variação dos níveis de actividade
física, o que representa um sinal claro de que esses factores poderão conduzir a
alterações no comportamento das populações e na sua adesão a estilo de vida mais
ativos e saudáveis. Contudo, as variáveis ambientais são particularmente importantes
ao se estudar o nível de actividade física, visto que, esse comportamento depende de
condições apropriadas assim como espaço disponível para a sua prática.

Os pesquisadores como Parks et al. (2003) nos seus estudos concluíram que os
indivíduos residentes em áreas rurais eram menos activos que os urbanos nos
momentos de lazer, embora em cada área, os indivíduos de menor condição socio-
económica também se mostraram menos propensos a praticar actividade física. Na
mesma linha do pensamento dos autores, afirmaram que podem haver efeitos de
interação particular entre os factores social e ambiental, e que o grau dessas
interacções pode variar entre as áreas urbanas e rurais, já que as características
sociais podem se apresentar de formas diferentes em cada meio.

Diante deste pressuposto, com os dados de campo foi evidenciado que nas zonas
urbanas com maiores quantidades de lugares apropriados para a prática de exercícios
estão relacionadas a um maior número de indivíduos activos, sendo que nas cidades,
os indivíduos mais pobres que praticam exercícios usam as ruas, parques e shoppings
como locais de realização para as práticas corporais, enquanto espaços específicos,
como academias e ginásios, foram apenas relatados por pessoas de classes sociais
mais altas.

56
Capitulo V: Conclusão e recomendações

Realizar uma pesquisa científica exige muito cuidado, abnegação e responsabilidade


por parte de quem a elabora. Neste âmbito elaborar esse trabalho foi desafiador, pois,
até certo ponto, exigiu muita persistência e considerável esforço. Ao mesmo tempo, da
nossa parte, o desejo de descobrir factos que outrora eram desconhecidos ou que não
se tinham base para serem reforçados ou refutados manteve em nós sempre uma
chama acesa. Assim, com elementos recolhidos, analisados e os resultados obtidos
permite-nos destacar e apresentar as seguintes conclusões:

5.1. Conclusão

Neste trabalho podemos inferir que se compõe de duas partes distintas, a primeira
parte é teórica e a segunda parte é prática, que em conjunto se complementam. Ao
longo da realização desse estudo adquiriu-se uma rica experiência, tendo em conta
que possibilitou uma análise da iniciação à pesquisa científica, em que se constata as
semelhanças e controvérsias dos pesquisadores, isto é, o estudo serviu para
engrandecer e amadurecer os conhecimentos curriculares adquiridos ao longo do
curso, e de permitir um contacto com a realidade social do grupo alvo que compõe o
nosso estudo.

Para a realização deste trabalho, usou-se várias técnicas de recolha de dados e a


principal foi o guião de entrevistas que foi aplicado a todos os entrevistados. Ao aplicar
essa técnica, nossos entrevistados foram muito simpáticos, respondendo as questões
com toda a tranquilidade e entusiasmo, não obstante ser um pouco extenso, isto é,
alguns entrevistados chegaram a oferecer seus contactos, no caso de eventual
necessidade de algum esclarecimento. Porém, houve o caso excepcional de uma
delas, em que, no final da entrevista, mostrou-se um pouco apreensiva, não só por ter
considerado o guião extenso e um pouco repetitivo, mas sobretudo, porque se sentia
pressionada pelo tempo, devido a outros compromissos agendados. Consciente da
situação, pediu desculpas, confessando que, em outras condições poderia ter prestado
uma melhor entrevista.

57
Devido a todo o conteúdo estudado durante este trabalho pode se afirmar que o
exercício físico tem papel crucial para a gestante, contribuindo de forma incisiva para
uma gravidez tranquila, saudável, segura e, principalmente, um período de alegrias,
satisfações e sensações de bem-estar e prazer imensuráveis tanto para as gestantes
bem como para a sociedade em geral.

É evidente a importância do exercício físico durante o período gestacional, onde


inúmeros benefícios são proporcionados a saúde da gestante antes e após gravidez,
evitando assim vários desconfortos durante esse processo. Dentre os inúmeros
benefícios listados neste estudo, o que recebe destaque, por meio da actividade física,
se refere à melhora da postura, quando a mulher passa a suportar melhor o seu peso
corporal e adquire melhor ampliação do seu equilíbrio, a maior flexibilidade muscular
proporciona maior facilidade no parto, pois passam a ter mais controle sobre os
músculos, tanto para contrair quanto para relaxar. Este item é considerado o principal
ponto de referência para que os médicos que acompanham a gravidez reconheçam a
importância e a necessidade de incluir nas suas orientações a prática de actividade
física pelas gestantes.

Assim, é fundamental o papel dos profissionais de saúde na educação, não só das


grávidas, mas também da população em geral, para promoção de estilos de vida
saudáveis como a prática de exercício físico regular. Desta forma, na gravidez é
importante informar as mulheres para reforçar os aspectos benéficos do exercício físico
no bem-estar da grávida e do futuro bebé, na tentativa de incentivar para o inicio e
manutenção da prática de actividade física, isto é, de referir que são necessários mais
incentivos à intervenção dos profissionais de saúde na modificação dos estilos de vida
na gravidez e nos cuidados pré-natais oferecidos, uma vez que os estudos mostram
que a principal fonte de informação é a comunicação social.

Olhando para a pratica de actividade fisica nos dois contextos, fica claro que com o
crescente processo de urbanização, a especulação imobiliária, o excesso de veículos
motorizados nas vias públicas e o importante aumento da violência, têm determinadas
intensas restrições à actividade física em todas camadas da sociedade. Somam-se a

58
isso as mudanças nos padrões alimentares, como a redução do consumo de frutas e
hortaliças, o aumento da ingestão de produtos industrializados pode contribuir a
inactividade fisica.

Com base nos dados de campo, afirmamos que com o passar do tempo, os contrastes
marcantes entre o meio rural e o meio urbano tendem a desaparecer devido à
urbanização crescente observada nos contextos rurais, no entanto, estes dois meios
mantêm, mesmo assim, alguns traços distintos entre as populações. Existe uma maior
acessibilidade à via pública e aos vários espaços socioeducativos e uma maior
liberdade de exploração de espaços por parte de todas camadas ou faixa etaria do
meio rural. Por outro lado, no meio urbano há maior oferta de espaços para a pratica de
desportivos que são pouco utilizados pelas varias camadas ou faixa etaria.

Cabe salientar que actualmente são poucos os estudos relacionados à prática de


actividades físicas durante a gestação. Apenas como ponto de partida, o presente
estudo serve como parâmetro para que se desperte nos educadores físicos, o interesse
de aprofundar outros estudos, como por exemplo, as abordagens sobre à pratica de
actividade fisica para as gestantes, independente das modalidades escolhidas,
contribuindo para a descrição mais ampla e adequada para lidar com esta população
especial, valorizando ainda mais a actuação do educador físico como um agente
importante da área da saúde.

Para finalizar, consideramos que os nossos objectivos foram na sua generalidade


alcançados, apesar de todas as limitações inerentes a esta Monografia. Porquanto, os
nossos resultados acabaram por responder ao propósito da questão base, tal como a
pertinência do estudo levado a cabo, esperamos ter dado um contributo significativo, no
propósito de alertar para a importância da prática da actividade física na promoção da
saúde, na adopção de estilos de vida positivos e na obtenção de melhores níveis de
bem-estar psicológico e fisico das gestantes.

59
5.2. Recomendações

No presente estudo depois de ter sido feita a discussão dos resultados e tiradas
conclusões através do trabalho de campo, constatou-se que a prática de actividades
fisica é benéfica para a saúde das gestantes, no toca ao bem-estar da mãe e do feto.
Diante disso, avançam-se as seguintes recomendações:

Esperamos, com este trabalho, ter contribuído para a reflexão sobre a efectivação das
acções de promoção da saúde para gestantes. Entretanto, vários estudos ainda
precisam ser desenvolvidos com essa temática, oferecendo maior investimento em
Educação em Saúde. Essas acções merecem continuidade para que causem impacto
na qualidade de vida das gestantes e possam contribuir para a qualificação dos centros
de saúde.

No que toca ao papel dos profissionais de saúde, recomenda-se que cabe agora aos
profissionais da área de saúde modificar está situação que se apresenta de forma
preocupante, através da sensibilização da sociedade visando à mudança de hábitos
adquiridos, pois o esclarecimento quanto a este estilo de vida pode sim ser revertido,
produzindo assim uma visão e uma mudança aos hábitos de vida e consequentemente
uma melhor qualidade de vida das gestantes e a população em geral;

Com isso, é importante que as gestantes mantenham-se actualizadas sobre os


benefícios do exercício físico durante a gravidez no sentido de promover saúde e
qualidade de vida para as futuras mães e consequentemente para o bebê. Assim
recomenda-se que todas as gestantes desde que estejam sendo acompanhadas por
profissionais pratiquem exercícios físicos antes e após a gravidez para que possa
proporcionar ao feto e a si própria uma melhor qualidade de vida, evitando dessa forma
os possíveis desconfortos indesejáveis durante esse período;

É importante que outros estudos sejam realizados comparando os efeitos de diferentes


tipos de exercício na gestação, ou mesmo entre grupos de gestantes praticantes e não
praticantes de qualquer actividade física, de modo avaliar as repercussões dos
exercícios nas gestantes e no feto. E ainda, é muito importante que sejam tomadas

60
precauções com relação ao tipo de actividade a ser praticada, sua intensidade, carga,
local de realização e posição adequada no qual a gestante deve permanecer durante a
prática, para que não prejudique a saúde de ambos.

Cabe ressaltar também a importância do incentivo de órgãos de saúde pública para


sensibilizar a participação dos profissionais de saúde em pesquisas, para que juntos
possam desenvolver acções que mantenham as mulheres activas não apenas no
período gestacional, mas estimular a prática de actividade física em qualquer momento
da vida;

Por fim, seria interessante que futuros trabalhos, nesta ou noutras populações,
comprovem a solidez dos nossos resultados, nomeadamente perceber se com outras
populações, a forma como estas variáveis se relacionam e se os resultados são
idênticos. Por outro lado, efectuar um trabalho, nesta área, englobando uma amostra
superior e mais diversificada, recorrendo a outros centros do país, de modo a efectuar
possíveis comparações com gestantes de diferentes contextos, também poderia ser
interessante.

61
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Disponível em http://www.who.int/features/factfiles/physical_activity/en/

66
ANEXOS

67
Anexo 1. Instrumentos de recolha de dados

Este questionario tem como objectivo principal fazer o levantamento de informação


para a elaboração da monografia cujo título é “Níveis e padrões de actividade física em
gestantes residentes em contextos rurais e urbanos”. A sua opinião é muito importante
para a realização do trabalho e asseguro desde já a confidencialidade da informação
que me fornecer. O preenchimento deste questionário poderá levar cerca de 15
minutos. Agradeço desde já a sua colaboração.

Entrevista semi-estruturada para mulheres gestantes

1. Dados sociodemográficos

1. Idade

2. Estado civil

3. Residência

4. Nível de escolaridade

5. Profissão

6. Remuneração

2. Motivações para a pratica de actividades físicas

1. O que é que te levou a iniciar com a pratica de actividades físicas?

2. Quais são os tipos de actividades que costumas praticar?

3. Com que frequência praticas as actividades?

4. Em que circunstâncias ou ocasiões práticas os exercícios físicos?

68
5. Quais são as necessidades que procuras satisfazer com a pratica de actividades
físicas?

3. Conhecimento das mulheres gestantes sobre os riscos associados a não


pratica das actividades físicas

1. Alguma vez ouviste de alguma coisa que pode acontecer as pessoas que não
praticam as actividades físicas?
2. O que é que dizem que podem acontecer as pessoas que não praticam os
exercícios físicos no período da gestação?
3. Na sua opinião, o que pode a acontecer em particular para as mulheres que não
praticam as actividades físicas?
4. O que é que dizem no Centro de Saúde sobre as mulheres gestantes que não
praticam os exercícios físicos?
5. Qual é a sua opinião sobre o que dizem da pratica de exercícios físicos no
Centro de Saúde?
6. De tudo que apreendeste o que foi que mais gostaste? (diz por que)
7. Qual é a importância do que dizem no Centro de Saúde para a saúde das
mulheres?
8. E para a saúde dos bebés qual é a importância do que dizem sobre a pratica de
exercícios físicos?
9. Nas suas experiências o que foi que aconteceu contigo como resultado da não
pratica das actividades físicas?
10. Que achas que mais pode acontecer, mas que ainda não aconteceu contigo ou
com o seu bebé?

4. Conteúdos transmitidos nas palestras sobre actividade fisica

1. Como são definidos os conteúdos sobre a pratica de actividade fisica no Centro


de Saúde?
2. Quem são o grupo-alvo desses conteúdos?
3. Quais são os meios usados para a transmissão desses conteúdos ao seu grupo-
alvo?

69
4. O que é que procuram transmitir as mulheres sobre actividade fisica?
5. Qual é o objectivo que se pretende alcançar ao transmitir essa informação?
6. Quais são os riscos aos quais uma mulher em gestação está exposta a não
pratica de actividade fisica?
7. Para além da transmissão da informação o que mais se tem feito no Centro de
Saúde para ajudar as mulheres no controlo desse risco?
8. Quais são os cuidados que as mulheres devem tomar quanto prática de
actividade fisica:

a) Antes da gravidez

a) Ao longo da gravidez

c) Depois da gravidez

9. Como é que as mulheres têm respondido a essa intervenção dos profissionais de


saúde no centro?

70
Anexo 2: Inquérito para as mulheres gestantes

1. Você prática algum tipo de actividade fisica?

1. Sim. [ ]. Qual? ________________________________

2. Não [ ]

2. Com que frequencia voce prática esta actividade?

1. 1 - 2 vezes por semana [ ]

2. 2 - 3 vezes por semana [ ]

3. 4 - 5 vezes por semana [ ]

4. 6 - 7 vezes por semana [ ]

3. Qual a duração de cada sessão de exercicios?

1. Ate 30 minutos [ ]

2. 30 - 45 minutos [ ]

4. 45 - 60 minutos [ ]

5. Mais de uma hora por sessão [ ]

4. Qual o principal motivo que a levou a iniciar a prática da actividade fisica


durante a sua gestação?

1. Já praticava actividades antes da gestação [ ]

2. Por recomendação médica [ ]

3. Não quero engordar muito na gravidez [ ]

4. Gosto de fazer exercicios [ ]

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5. Outros. _____________________________________

5. Você percebeu alguma melhoria no seu estado fisico com a prática de


actividade fisica?

1. Sim. [ ]. Qual? ____________________________________

2. Não [ ]

6. As sessões da actividade fisica são acompanhadas por um profissional?

1. Nunca [ ]

2. Raramente [ ]

3. As vezes [ ]

4. Sempre [ ]

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