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Barbalet, J. M. A Cidadania. Editorial Estampa, Lisboa. 1989.

Barbalet (1989) analisou a expansão dos direitos sociais e a igualdade económica no contexto da
sociedade capitalista, marcada pelas classes sociais, baseando se na obra de Marshall intitulada
Cidadania e classe social. Segundo Marshall (Barbalet, 1989) ao garantirem se os direitos
universais para todos através da expansão da cidadania para todos os cidadãos (e não só aos
pobres), a linha da desigualdade não só eleva se, como também, a estrutura total da desigualdade
modifica-se.

Assim, notamos com base no argumento de Marshall que mesmo com o alargamento dos direitos
sociais, não se pode falar de igualdade económica entre os cidadãos, isto porque à medida que os
direitos estão acessíveis a todos (tanto pobres, como ricos) que a prior já estão desiguais, cria-se
novas desigualdades. Salvo os direitos de cidadania social, podem alterar o panorama das
desigualdades. Devido à concessão de segurança social, e de um rendimento baseado na situação
de mercado do beneficiário, os trabalhadores já não encaram a opção entre emprego ou morrer a
fome, pois que o desemprego não significa indigência destes.

Neste sentido, de acordo com Barbalet (1989) a cidadania social, altera o poder dos capitalistas,
particularmente, o dos patrões nas negociações com os trabalhadores. Assim, a expansão da
segurança social tem sido importante para a redução dos riscos de desemprego, ao ser uma
alternativa de meio de subsistência para os trabalhadores.

Assim, podemos observar que a segurança social garantida pela cidadania social (o simples facto
pertencer a um país) embora seja universal, não pode alterar a estrutura social de forma a
igualizar as classes sociais. Como assevera Barbalet (1989) a estrutura de classe não pode ser
alterada por direitos sociais universais que apenas consideram os arranjos de distribuição e
ignoram as instituições de poder económico e social que preservam o domínio e a exploração de
classe. Assim, em vez de alterar a estrutura de classe, a cidadania tende a legitimar, contribuindo
para o declínio da identidade e do ressentimento de classe (idem, p.92).

Assim, em Marshall compreendemos que a expansão da cidadania através da expansão dos


direitos sociais tinha como objectivo a igualdade económica entre os indivíduos, mas este ideal
não chega a se atingir porque os direitos de cidadania são definidos em função do status social
dos indivíduos na estrutura social. Assim, todos os cidadãos podem gozar de cidadania, mas esta
variara em função da classe social do indivíduo.

Marx (apud Barbalet 1989) ao defender que a sociedade civil é redundante por legitimar a
posição do Estado, os casos analisados revelam que a sociedade civil pode ir ou não contra o
Estado em defesa dos interesses dos indivíduos. Porém, estes indivíduos não são assumidos
como simples beneficiários, mas sim, devem trzer elementos a construção da sociedade civil
como um espaço de participação e de construção de sujeitos.

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