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Roberto Da Matta1.
Na primeira parte do livro Da Matta busca explicar a Antropologia como uma Ciência. Onde
inicia sua argumentação estabelecendo a diferença entre “ciências naturais” e “ciências sociais”,
ao afirmar que é importante na contextualização de um dos campos da Antropologia, a
Antropologia Social ou Cultural. Assim, as ciências naturais se dedicam ao estudo de factos
simples, que possuem suas causas facilmente identificadas e isoladas, podem ser vistos e
reproduzidos em laboratórios. Apesar de serem facilmente observados, classificados e
explicados, os fenómenos das ciências naturais, geralmente, encontram problemas na sua
aplicação: “[...] nada mais simples e bem-vindo do que o isolamento de um vírus e nada mais
complexo do que esse próprio isolamento permitindo a realização de guerras bacteriológicas e de
contaminação.
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DA MATTA, R. (2000), Relativizando, uma introdução à antropologia social, Rio de Janeiro:
Rocco.
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fornecida por uma experiência, suas reconstruções não são completas e dependem de
documentos, observações e são sujeitas a subjectividade do observador, sua educação,
preconceitos, sua experiência de vida e seus interesses.
Além das diferenças já citadas entre os dois tipos de ciências, o autor destaca o facto de que nas
ciências naturais existe um distanciamento entre o sujeito que observa e o objecto observado.
Esse distanciamento impede que o observado conteste o observador e que mude seu
comportamento por causa das teorias criadas a seu respeito. Já nas ciências sociais, como disse
Lévi-Strauss, o observador e o observado estão no mesmo patamar, ambos fazem parte do
universo das experiências humanas e que esta observação de uma cultura diferente é possível
perceber, tomar ciência, da própria cultura. Através da comparação feita, é possível relativizar o
sistema ao qual pertencemos. Sendo assim, nas ciências sociais os fenómenos são avaliados pelo
investigador sob sua própria óptica e sob a óptica da sociedade estudada, com o próprio nativo.
Para Da Matta, a antropologia possui três campos distintos: i) a Antropologia Biológica, vendo o
homem como um ser biológico, enfatizando seu físico, sua carga genética, seu percurso
evolutivo e sua interacção com outros seres vivos; ii) a Arqueologia, que se encarrega do estudo
das sociedades do passado, valendo-se de pistas deixadas por elas, como artefactos de cerâmica,
cemitérios e escritos, para remontar o sistema em que viviam e; iii) a Antropologia Cultural ou
Social, que defende a ideia de que a cultura e a sociedade formada por um povo não foram
originadas apenas através de uma superação de obstáculos impostos pelo ambiente ou por outros
grupos, mas também a partir da reflexão e criação feitas pelo Homem.
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são importantes porque permitem a diferenciação das civilizações, dos sistemas produtivos e dos
regimes políticos e o último plano, pertence à Antropologia Cultural ou Social, o tempo a que se
refere é o da história actual e os factos e as sociedades passam a serem vistos de uma forma
complexa e racional.
Nesta segunda parte do livro, Da Matta afirma que Antropologia e história são os pontos de
destaque, onde ele critica a pesquisa antropológica realizada dentro de um escritório (onde o
pesquisador não fazia pesquisa de campo). Outra crítica que Da Matta apresenta é a necessidade
de compreensão do outro e que é mais importante focar nas semelhanças que nas diferenças,
Onde o presente não é necessariamente explicável pelo passado.
Neste sentido, Roberto da Matta pretende nos mostra que, da mesma forma que a antropologia já
estabeleceu como culturas lidam e representam certos problemas fundamentais, bem como
aqueles relativos à esfera produtiva, fisiológica, religiosa, etc., de forma diferente, o mesmo pode
ser estendido para a questão do tempo e da história: Se todo grupamento humano permanente
tem uma ideia e uma noção muito clara da duração do tempo em sua inevitável passagem, nem
todas concebem o tempo do mesmo modo ou o tomam como uma ‘categoria de entendimento’,
como uma ideologia que serve para expressar sua própria identidade.
A definição de que o passado deve ser oposto ao presente é ilusória. Assim, a falta de um
trabalho de campo abre portas para especulações e suposições, trazendo afirmações sobre uma
cultura e/ou sociedade baseada em achismos. Ao colocar a sociedade em evidência, onde ela
representa o estágio “final” (evoluída) enquanto o outro é atrasado, porém justifica-se seu atraso
pelo tempo ou falta de acesso à civilização, como Origem, substância, individualidade e um fim.
Quando se compara historiador com o etnólogo temos um pequeno impasse: o historiador pode
ver uma sociedade, porém seu registo vai prevalecer a linha histórica, ou seja, o tempo irá
determinar a sociedade, enquanto o etnólogo irá visualizar e compreender a sociedade, seu
tempo, seus costumes, etc. Ao tratar a antropologia, Da Matta traz Lévi-Strauss e sua
metodologia de analisar, pesquisar uma sociedade e exercer a antropologia sem hierarquização,
sem utilizar a sociedade do observador como a mais evoluída, onde tudo pode ser relativizado.
Teorizando as duas vertentes da história da antropologia, o evolucionismo e o funcionalismo.
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Partindo desta perspectiva, Da Matta explica a antropologia na história, trazendo Malinowski,
onde Etnologia e historicismo como vertente principal, que deve-se tomar consciência da
sociedade pesquisada e sua compreensão. O tempo é igualitário onde nenhum membro deste
grupo pode “avaliar” o outro e sim, ver e poder falar do passado e do presente com igualdade,
conhecendo a sociedade e seus costumes, acções, tradições, entre outros sobre o tempo e sua
história.