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Trabalho e direito: uma relação possível?

Pinto (2015) reflexão em torno da dignidade e dos direitos do trabalhador em Moçambique sobre
referência da Doutrina social da Igreja (DSI). A reflectir sobre o trabalho em Moçambique
implica referir-se, incontornavelmente, a crise ocupacional que caracteriza o mercado de trabalho
moçambicano que afecta não só os que estão no desemprego, como também os que se encontram
empregados, negando a ambos o acesso a um trabalho digno e construtivo para a auto-realização
enquanto ser humano doptado das dimensões moral, antropológica e social.

O mercado de trabalho em Moçambique caracteriza-se, de um lado, por uma massa de indivíduos


economicamente activos excluída, vivendo desprovida do trabalho como uma fonte digna e
necessária para a sua sobrevivência e por trabalhadores sujeitos a baixos salários e condições
degradantes de trabalho, e, do outro lado, pela existência de um quadro legal no qual estão
definido, assegurados e com base no qual são promovidos a dignidade e dos direitos válidos para
todos os trabalhadores no país, tais como o direito a greve, a um salário justo, a repouso, a
ambiente de trabalho favorável a pessoa humana.

Pinto afirma (2015), que a crise financeira internacional que afecta a económica moçambicana, a
crescente decadência do sistema capitalista moçambicano baseado na exploração e na
especulação, a centralização do capital são factores inerente ao mercado moçambicano que
concorrem para os trabalhadores vejam a sua dignidade e direitos atropelados, estando
submetidos excesso de horas de trabalho, condições precárias de trabalho, deformando a sua
personalidade, bem como dimensão humana.

A aplicação dos instrumentos legais concebidos para a assegurar a sua dignidade e observância
dos seus direitos dos trabalhadores é a solução, isto é, uma efectiva harmonia entre o trabalho e
do direito em Moçambique, poderia conduzir a sua superação dos problemas enfrentados no
mercado de trabalho moçambicano. A hesitação das estruturas competentes no seu dever de
respeitar e aplicar os direitos humanos e a realização de escolhas arbitrárias, feita em nome da
cultura e da tradição, que conduzem a diferentes formas de descriminação e de injustiça.

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Reflexão baseada no resumo da fonte: Pinto, A. O. (2015). Dignidade e direitos dos trabalhadores em
Moçambique: leitura teológica – moral. Maputo: Imprensa Universitária.
Neste sentido, afirma Pinto (2015), a relação entre o trabalho e o direito é caracterizada por um
fosso que os separa, transformando-os em fenómenos em conflito em Moçambique. A mudança
do foco do capital para o homem é uma condição sem a qual o direito e o trabalho não podem
relacionar-se efectivamente reciprocamente, pelo que, urge a emergência de uma nova postura
baseada numa ética social estimulada e fundamentada na DSI. Para o efeito, é indispensável que
o trabalhador seja repensado na sua dimensão antropológica, de pessoa, humana e social,
submetendo o trabalho ao serviço da satisfação das suas necessidades e da sua família, da sua
auto-realização e do seu empenho na materialização do projecto de Deus para o mundo.

É preciso considerar que o trabalho é uma actividade definida por Deus a serviço dos projectos
para o mundo e para o homem feito a sua imagem. Desta forma, a sua união com o direito é
desejável como necessária, pois, caso contrário, o homem está condenada a precariedade. A DSI
oferece um quadro de preceitos que oferecem um quadro para a construção de uma ética social
em Moçambique cuja interiorização, defesa e materialização transformam o trabalho num espaço
de direito dos trabalhadores e da sua dignidade.

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