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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DE SÃO PAULO - UCAM

PÓS-GRADUAÇÃO EAD
CINESIOLOGIA BIOMECÂNICA E TREINAMENTO FÍSICO

MARRUAN LUIS MARIANO

OS BENEFÍCIOS DA MUSCULAÇÃO NO PROCESSO DE


ENVELHECIMENTO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

SÃO PAULO
2018
MARRUAN LUIS MARIANO

OS BENEFÍCIOS DA MUSCULAÇÃO NO PROCESSO DE


ENVELHECIMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentada como requisito parcial à
obtenção do título de Especialista em
Cinesiologia, Biomecânica e Treinamento
Físico, da Pós-Graduação EAD, da
Universidade Candido Mendes - UCAM.

Orientador: Prof. Dr. Renata Gomes


Navarro Kachvartanian.

SÃO PAULO
2018
Ministério da Educação
Universidade Candido Mendes - UCAM
UCAM
Pós-Graduação EAD em Cinesiologia Biomecânica e Treinamento
Físico

TERMO DE APROVAÇÃO

OS BENEFÍCIOS DA MUSCALAÇÃO NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

por

MARRUAN LUIS MARIANO

Este(a) Trabalho de Conclusão de Curso TCC foi apresentado(a) em 07 de Julho de


2018 como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em
Cinesiologia, Biomecânica e Treinamento Físico. O(a) candidato(a) foi arguido(a)
pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após
deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

__________________________________
Renata Gomes Navarro Kachvartanian
Prof.(a) Orientador(a)

___________________________________
(escreva aqui o nome do membro titular)
Membro titular

___________________________________
(escreva aqui o nome do membro titular)
Membro titular
“Aos meus pais, irmãos, minha esposa
Jeniffer e a toda minha família que, com
muito carinho e apoio, não mediram
esforços para que eu chegasse até esta
etapa de minha vida.”

“Se quer viver uma vida feliz, amarre-se a


uma meta, não às pessoas nem às
coisas.”
Albert Einstein.
AGRADECIMENTOS

Certamente estes parágrafos não irão atender a todas as pessoas que


fizeram parte dessa importante fase de minha vida. Portanto, desde já peço
desculpas àquelas que não estão presentes entre essas palavras, mas elas podem
estar certas que fazem parte do meu pensamento e de minha gratidão.
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Renata Gomes Navarro Kachartanian,
pela sabedoria com que me guiou nesta trajetória.
Aos meus colegas de sala.
A Secretaria do Curso, pela cooperação.
Gostaria de deixar registrado também, o meu reconhecimento à minha
família, pois acredito que sem o apoio deles seria muito difícil vencer esse desafio.
Enfim, a todos os que por algum motivo contribuíram para a realização desta
pesquisa.
A vida já é curta, mas nós tornamo-la
ainda mais curta, desperdiçando tempo.
(Victor Hugo, France, 1885)
RESUMO

O objetivo deste artigo é realizar uma analise de como a pratica da


musculação pode beneficiar seus praticantes na busca por um envelhecimento com
uma melhor qualidade de vida. O envelhecimento consiste em um processo natural
do ser humano, fator este que acarreta uma serie de perdas funcionais e biológicas,
fazendo com que o os idosos tenham uma grande dificuldade em realizar atividades
de seu cotidiano, como o simples ato de sentar e levantar ou locomover-se de
maneira segura. A busca por uma melhor qualidade da transcende qualquer faixa
etária, porém nota-se que a população de idosos vem aumentando de maneira
significava ao longo do tempo, com isso da se importância da elaboração de uma
ergonomia voltada para as necessidades especificas desta faixa etária. A
musculação tem muito a contribuir com a melhora ou a manutenção das
capacidades físicas dos idosos, pois com sua pratica regular proporcionam inúmeros
benefícios como o aumento da força muscular, reduz os níveis de obesidade, auxilia
no controle arterial, promove a interação social geralmente afetada por
consequência da imobilidade entre outros. Portanto a musculação pode contribuir
nos aspectos físicos e sociais dos idosos para que os mesmos desfrutem desta
etapa de suas vidas de forma mais agradável.

Palavras - Chave: idosos, musculação, qualidade de vida.


ABSTRACT

The purpose of this literature review is to conduct an analysis of how the


practice of weight training can benefit their practitioners in the search for an aging
with a better quality of life. Aging is a natural process in the human being, a factor
that leads to a series of functional and biological losses, causing the older people
have great difficulty in conducting their daily life activities, such as the simple act of
sitting and standing around or If a secure manner. The search for a better quality
transcends any age group, however note that the elderly population is increasing so
meant over time, it is the importance of developing a focused ergonomics to the
specific needs of this age group. The weight has a lot to contribute to improving or
maintaining the physical capabilities of older people, as with his regular practice
provides numerous benefits such as increased muscle strength, reduce obesity
levels, aids in blood control, promotes social interaction generally affected as a
consequence of immobility among others. So the weight can contribute to the
physical and social aspects of the elderly for them to enjoy this stage of their lives
more enjoyable.

Key - words: elderly, weight, quality of life.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Resultado no processo de envelhecimento . Erro! Indicador não definido.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................13
2 MÉTODO ..............................................................................................................14
3 ANÁLISE DOS RESULTADOS.............................................................................15
4 ENVELHECIMENTO.............................................................................................16
5 OS BENEFICIOS DA MUSCULAÇÃO ASSOCIADOS AO ENVELHECIMENTO .20
5.1 OS ASPECTOS FÍSICOS DO ENVELHECIMENTO.........................................21
5.2 ASPECTOS SOCIAIS NO ENVELHECIMENTO ..............................................25
5.3 ASPECTOS SUBJETIVOS DO ENVELHECIMENTO .......................................28
6 CONCLUSÃO .......................................................................................................30
REFERÊNCIAS .......................................................................................................31
13

1 INTRODUÇÃO

1.1 A expectativa de vida da população vem aumento, porém o processo de


envelhecimento gera inúmeras alterações fisiológicas e neuromusculares (ALMEIDA
et al 2014). Diversos fatores afetam o processo de envelhecimento, sejam fatores do
meio ao qual o idoso esta inserido ou aspectos genéticos podendo desencadear
uma série de patologias, acarretando diversas perdas funcionais dificultando as
atividades rotineiras. Estas alterações físicas contribuem para que o idoso sinta-se
cada vez mais afastado do seu meio de convivência tornando-o cada vez mais
dependente de outros para realizar atividades como se vestir ou locomover-se tendo
como conseqüência quadros depressivos ou levando estes indivíduos a estados de
acamamento (MATSUDO; MATSUDO; BARROS, 2001).
Ao longo do tempo vem se tornando cada vez mais evidente os benefícios que
a prática de atividades físicas realizada de maneira regular e bem orientada pode
proporcionar ao publico da terceira idade atuando de maneira efetiva em aspectos
como, ganho de massa de muscular, melhora dos níveis de força, possibilitando
uma melhor locomoção destes indivíduos, combate o sedentarismo, reduz os níveis
de obesidade, contribuindo para que o mesmo possa retornar ao seu meio social de
maneira mais ativa e prazerosa ( PINTO et al. 2008).
Segundo Nahas (2003 apud Coelho; Natalli; Barragine, 2010) por muito tempo
a utilização da musculação como metodologia de treinamento para este faixa etária
se caracterizou como um tabu, porém com o avanço das pesquisas nesta área de
atuação chegou se a compreensão de que são diversos os benefícios que a
musculação pode proporcionar tanto nos aspectos físicos, fisiológicos, mentais e
sociais, sendo assim tem se evidenciado cada vez mais que os exercícios resistidos
aliados a um estilo de vida mais saudável possibilitam um envelhecimento mais
prazeroso visando uma maior longevidade.
O objetivo deste artigo é estabelecer os benefícios que a pratica da
musculação pode proporcionar aos indivíduos da terceira idade, contribuindo para
um estilo de vida mais ativo e saudável.
14

2 MÉTODO

As informações contidas neste estudo foram obtidas através da realização de


uma revisão bibliográfica utilizando de pesquisa em artigos científicos, livros e
conteúdo obtido na internet, a mesma enquadrou-se como explicativa com
abordagem qualitativa. A pesquisa explicativa preocupa-se em identificar os fatores
que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos (GIL, 2007).
Ou seja, este tipo de pesquisa aclara o porquê das coisas através dos efeitos
oferecidos.
Para Fonseca (2002), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a
um espaço mais intenso das relações, dos processos e dos fenômenos que não
podem ser diminuídos à operacionalização de variáveis. A faceta desta pesquisa é a
Fenomenologia, para Gil (2007) neste tipo de pesquisa há uma apreensão central no
dado em si (fenômeno, fato, etc.) e não tendo em vista algo desconhecido que se
encontre por trás do fenômeno. O autor ainda afirma que o sujeito da pesquisa é
reconhecido como importante no processo de construção do conhecimento.
Segundo (Schutz; Santana; Santos, 2011) a análise crítica mediante a
relevância do conteúdo deve sempre ser analisada de maneira consciente para que
os objetivos propostos sejam alcançados.
15

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Com um programa de treinamento bem elaborado e adaptado as


necessidades dos idosos a musculação tem muito a contribuir para que os idosos
possam desfrutar de uma vida mais ativa (FARIAS; TERESA; JUNIOR 2009).
Com o passar dos anos é evidente a perda de força muscular fato este que
gera uma grande perda de mobilidade afetando a locomoção destes indivíduos
acarretando danos que ultrapassam os físicos, ocasionados por falta de
socialização. Outros fatores como as quedas também reduzem muito devido a
melhora do equilíbrio e propriocepção que a prática de exercícios resistidos podem
proporcionar entre outros benefícios (PINTO et al. 2008).
A prescrição de exercícios para a melhor idade deve sempre ser adequado a
necessidade que cada faixa etária necessita e sempre ser bem orientado de forma a
proporcionar o bem-estar físico e mental.
16

4 ENVELHECIMENTO

O processo de envelhecimento vem ganhando cada vez mais atenção nos


dias atuais, fato este se faz evidente, pois com a alta demanda tecnológica e com o
entendimento dos benefícios de hábitos de vida saudáveis, ocorreu que a
expectativa de vida ao longo do tempo foi aumentando. Estima se que a projeção do
número de idosos será de 1,2 bilhões em 2020 em todo mundo.

Segundo o Instituto brasileiro de Geografia e Estatística o Brasil terá com 11%


da população contemplando a idade acima de 60 anos, fato este que em 2025
tornará o Brasil como o 6º país com maior número de idosos chegando a 15% da
população. Com o a expectativa de vida aumentada torna se evidente a necessidade
de estabelecer diretrizes para que este público possa desfrutar desta fase da vida
com qualidade de vida. (Camarano et al. (2002) apud COELHO; NATALLI;
BARRAGINE, 2010).
Por se tratar de um processo natural, o envelhecimento ocorre de maneira
gradual e continua, fatores como genética e suas pré-disposições, fatores de âmbito
social a qual o indivíduo está inserido e fatores de caráter econômicos podem
influenciar neste processo (SCHEIDER e IRIGARY 2008).
Segundo Alves e Cols (2004 apud Pinto et al. 2008) no processo de
envelhecimento, as perdas funcionais e das capacidades físicas ocorrem de maneira
progressiva fazendo com que o organismo perca sua funcionalidade. A perca de
independência funcional faz com que ocorra o aumento do sedentarismo, e
consequentemente com uma menor mobilidade contribui para o surgimento de
doenças que podem levar o idoso ao acamamento, fazendo com que o mesmo se
torne se limitado ao executar suas atividades diárias e do envolvimento social.
Por ser multidimensional o envelhecimento promove várias alterações de
caráter morfológico, funcional bioquímico, psicológico e social (ALMEIDA et al.
2014).
A abordagem cronológica, biológica, fisiológica, psicológica e social do
envelhecimento auxilia na visão de como este processo afeta a todos. No aspecto
cronológico os anos vividos são levados em consideração como determinante para
definir se o indivíduo contempla a terceira idade ou não. Instituições como
17

Organização Mundial de Saúde e o Estatuto do Idoso Brasileiro se baseiam na idade


cronológica como aspecto determinante para a classificação dos indivíduos, e tem
com base que indivíduos que alcancem a idade de sessenta anos ou acima deste
número são classificados como idosas.
Contudo limitar todo o processo que envolve o envelhecimento apenas a
contagem numérica de anos é muito simplória levando em consideração todas as
alterações biológicas e fisiológicas que este processo carrega consigo (SCHEIDER
e IRIGARY 2008).
No âmbito biológico o envelhecimento atribui consigo inúmeras alterações,
fato este que desde o nascimento até o falecimento o organismo passa por um
processo de envelhecimento inevitável a existência humana. Com isso o organismo
tornar se mais suscetível a patologias, sendo de caráter genético ou sobre influência
do meio externo ao qual o indivíduo vive. Entre inúmeros fatores a perca funcional e
sistêmica dos órgãos, e a renovação celular serem menos efetiva nesta faixa etária
contribuem para diversas limitações (MATSUDO; MATSUDO; BARROS 2000).
Embora a determinação do envelhecimento segundo a idade cronológica seja
a mais usual, essa tem significado apenas legal ou social, não sendo o melhor
critério para determinar em qual estágio do processo de envelhecimento se encontra
o indivíduo, pois as fases cronológicas do ser humano nem sempre correspondem
ao processo de envelhecimento natural (OMS, 2005).
Os aspectos fisiológicos que envolvem o público da terceira idade se
caracterizam por alterações que promovem o declínio da funcionalidade em
sistemas como cardiovascular, na composição corpórea com o aumento de gordura
e perda de massa óssea, perda de massa muscular e força, perda sensório motora,
redução hormonal, gastrointestinal, respiratório, no sistema nervoso, queda
considerável no apetite sexual e a pele perde sua capacidade elástica tornando a
flácida ( NETTO, 2004).
O fator psicológico e social que a dependência ocasionada pela perca
funcional e de mobilidade pode gerar no idoso, aliado a políticas públicas de saúde
de baixa qualidade, fatos estes acumulados, podem fazer com que o idoso passe a
se isolar se desvinculando de sua rotina diária, fato este que pode levar a conflitos
internos e desencadear um quadro depressivo (MATSUDO; MATSUDO; BARROS,
2001).
18

O envelhecimento pode conter os aspectos segundo a idade; biológica,


psicológica e sociológica. Pode-se dizer que a idade biológica está ligada ao
envelhecimento orgânico. “Cada órgão sofre modificações que diminuem o seu
funcionamento durante a vida” (CANCELA, 2008 p.02). A idade psicológica
relaciona-se com as consequências comportamentais em resposta às mudanças do
ambiente em que vive. Já idade social é determinada pela cultura e pela história de
um país.
O envelhecimento deve ser entendido como uma fase de redução das
capacidades de sobrevivência, constituindo-se em um processo dinâmico e
progressivo, no qual ocorrem modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e
psicológicas segundo Papaléo Neto (2006), na qual trazem consigo diminuição das
capacidades funcionais, alterando a força, a resistência e flexibilidade, ocasionando
uma progressiva redução da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio
ambiente (MATSUDO, 2006).
As mudanças físicas são visíveis com o envelhecimento e com isso provoca: a
diminuição das capacidades físicas como força muscular, agilidade, flexibilidade,
coordenação, equilíbrio entre outras; as modificações anátomo-fisiológicas como
hipotrofia cerebral e muscular, diminuição da elasticidade vascular e muscular,
concentração de tecido adiposo, tendência à redução de cálcio pelos ossos, desvios
de coluna, altura, densidade óssea, volume respiratório, frequência cardíaca
máxima, débito cardíaco, consumo máximo de oxigênio (Vo2máx) e as alterações
psicossociais que provocam depressão, isolamento social e baixa autoestima
(MAZINI FILHO et. al., 2009).
19

Figure 1 - Resultados no processo de envelhecimento

Portanto é de suma importância a necessidade da participação de indivíduos


da terceira idade em atividades que busquem melhorar as capacidades físicas e
sociais para que a qualidade de vida seja preservada.
Para Matsudo (2006) a redução da força e da massa musculoesquelética
(sarcopenia) são os principais fatores responsáveis pela diminuição da mobilidade e
funcionalidade do indivíduo que está envelhecendo. A figura 01 simplifica os efeitos
que ocorrem no processo de envelhecimento, de acordo com o Colégio Americano
de Medicina Esportiva (ACSM, 2003).
20

5 OS BENEFICIOS DA MUSCULAÇÃO ASSOCIADOS AO ENVELHECIMENTO

Ao longo da história a musculação vem ganhando cada vez mais adeptos a


sua pratica, devido ao amplo leque de possibilidades que possibilita. A musculação
durante a sua história sempre foi envolvida por muitos mitos, onde se restringia sua
prática apenas aos atletas de levantamento de peso, porém com a evolução na
pesquisa cientifica a musculação acabou sendo desmistificada e seus inúmeros
benefícios passaram a contemplar não só o cenário esportivo, mais tornou-se uma
atividade de grande importância no processo de manutenção e melhora das
qualidades físicas ( PINTO et al. 2008).
Nos dias atuais a musculação transcende os aspectos apenas estéticos,
embora seja um dos objetivos mais buscados nas salas de musculação. Contudo os
benefícios da pratica da musculação se realiza de forma segura, periodizada e
sistematizada são inúmeros (ALMEIDA et al. 2014).
Segundo Mota e Cols (2003 apud Pinto et al. 2008) como método efetivo de
treinamento a musculação atua no desenvolvimento musculoesquelético, sendo que
sua prescrição pode ser voltada a prevenção, reabilitação de lesões e para melhora
da aptidão física.
Já Costa (2004 apud Pinto et al. 2008) enfatiza que a musculação combate o
sedentarismo, controla a pressão arterial, a diabete mellitus, a aterosclerose,
osteoporose, combate obesidade e contribui no processo de socialização.
A musculação fundamenta-se em trabalhar contra um resistência seja ela
exercida por aparelhos com cargas, elásticos, tensores, barras, ou aparelhos que
utilizam de ar comprimido ou realizando movimento onde a gravidade exerçam força
contraria, com o objetivo de desenvolvimento muscular ( PINTO et al. 2008 apud
COELHO; NATALLI; BARRAGINE, 2010).
Com o aumento da população idosa muitos são os que estão aderindo à
musculação como atividade física para manter ou melhorar suas capacidades físicas
através do treinamento resistido que contribui de maneira eficaz e segura no
processo de envelhecimento, pois além de contribuir no desenvolvimento das
aptidões físicas sua aplicação como método de treinamento pode atingir desde
pessoas que busquem um melhor desempenho, ou com grandes debilidades físicas
21

por utilizar de movimentos controlados e seguros se bem aplicados consistem em


uma atividade com um baixo nível de lesões e traumas. Outro fator importante é a
capacidade de adaptação que a musculação contempla para que a individualidade
biológica seja sempre preservada (ALMEIDA et al. 2014).
Para as pessoas com idade avançada a musculação pode proporcionar uma
grande gama de benefícios como fortalecimento muscular, fator este que contribui
para que ocorra melhora mobilidade, equilíbrio e locomoção fator este que influencia
diretamente na relação intersocial, além da melhora da flexibilidade, controle dos
níveis de glicose, controle da pressão arterial, mantém os níveis adequados de
glicose, colesterol e melhora a circulação periférica NAHAS (2003 apud COELHO;
NATALLI; BARRAGINE, 2010).

5.1 OS ASPECTOS FÍSICOS DO ENVELHECIMENTO

Para que o processo de aumento da massa muscular ocorra com eficiência,


Silveira Júnior (2001) observa que não basta oferecer o estímulo do treinamento
físico, também é necessário manter o organismo em situação metabólica favorável.
Esta situação é a predominância do anabolismo sobre o catabolismo, ou seja, das
reações de síntese sobre as reações de degradação de matéria. Alimentação e
repouso (sono) são variáveis muito importantes nesse processo. O aumento da
ingestão calórica, juntamente com a ingestão adequada de proteína (1,6 a 1,8
gramas por quilo de peso corporal) e ingestão reduzida de gorduras, sobretudo, as
saturadas, é o princípio alimentar mais importante para ganhos de massa muscular
durante o treinamento de força. A ingestão adequada e regular de carboidratos é um
fator importante no treinamento de força, pois esse nutriente, além de ser o principal
combustível energético para o sistema nervoso central e para o exercício, possui a
função de ajudar na preservação das proteínas teciduais, evitando ou amenizando a
gliconeogênese realizada pelo fígado para a transformação da proteína ou gordura
em glicose, quando os níveis de glicose ou as reservas de glicogênio estiverem
baixos.
Em condições extremas, esse processo acarreta uma redução significativa da
massa corporal magra e sobrecarga renal. Podem-se destacar alguns tipos de
adaptações básicas ao treinamento de força, as de ordem neural, metabólica e
22

fisiológica e as de ordem morfológica. Dependendo da metodologia empregada


(força, resistência de força ou potência), certas adaptações serão mais enfatizadas
que outras, associando ênfase adaptativa à capacidade biomotora treinada.
Atualmente, tem-se atribuído grande importância ao treinamento de força para a
manutenção da saúde, na população em geral. Tendo em vista essa importância, o
entendimento dos mecanismos responsáveis pelas adaptações decorrentes do
treinamento dessa capacidade motora torna-se primordial para a sua maximização.
Pode-se afirmar que a prática permanente de atividade física melhora as condições
gerais do ser humano e seus resultados são significativos com a intensidade
adequada, respeitando a individualidade biológica, melhorando os benefícios a
médio e longo prazo, obtendo-se um menor desgaste físico, mais segurança e
saúde.
Não poderia passar despercebida uma melhora na mobilidade articular e,
principalmente, na sociabilidade e questão emocional (mais vontade de viver),
observada com mais intensidade no grupo de maior idade. Há certo consenso sobre
a influência positiva do exercício físico com sobrecarga, inclusive na terceira idade.
Mulheres e homens experimentam importantes adaptações fisiológicas e de
desempenho ao treinamento de resistência independentemente da idade. Um
estudo com homens idosos e sadios (com média de 68 anos) demonstra a
impressionante plasticidade do músculo esquelético humano. Os homens treinaram
por 12 semanas utilizando exercícios com resistência pesada, isocinéticos e com
pesos livres.
O treinamento fazia aumentar o volume dos músculos e a área em corte
transversal do bíceps braquial (13,9%) e do braquial (26,0%) enquanto a hipertrofia
aumentava em (37,2%) nas fibras musculares tipo II. Aumentos de 46% no torque
máximo e de 28.6% na produção total de trabalho acompanhavam as adaptações
celulares. Os homens mais velhos experimentam aprimoramentos percentuais
nessas variáveis semelhantes aos seus congêneres mais jovens, em resposta a um
rápido programa de treinamento de resistência periodizado com alta potência.
Respostas ao treinamento igualmente impressionantes ocorrem para as pessoas
idosas. Os residentes de asilo (com média de 87,1 anos) treinaram por 10 semanas
com um exercício resistido de alta intensidade. Para as 63 mulheres e 37 homens
que participaram a força muscular aumentou em media 113%. Os aumentos de força
mantinham também paralelismo com a velocidade da marcha 11,8% e velocidade
23

para subir escadas 28,4% (MATSUDO, 2005). Algumas situações em que os


exercícios com peso devem ter prioridades em relação aos aeróbicos: artrite severa,
inabilidade para suportar o peso corporal, ulcerações no pé, desordem de equilíbrio,
amputação, doença pulmonar obstrutiva crônica severa, alto risco de isquemia
(MATSUDO, 2001).
Qualquer melhora, mesmo de maneira limitada, é extremamente significativa na
qualidade de vida e na diminuição dos riscos de doenças relacionadas ao
envelhecimento (CAMPOS, 2000). De acordo com Matsudo (2001) e Okuma (2002)
a capacidade funcional é considerada requisito primordial para a habilidade do idoso
de viver em condições de independência podendo, desta forma, realizar tarefas
simples e complexas do cotidiano sem necessitar a ajuda de ninguém. A
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) define
funcionalidade como um termo que abrange todas as funções do corpo, atividades e
participação. As funções e estruturas do corpo são as funções fisiológicas dos
sistemas orgânicos do corpo. Atividade significa a execução de tarefas ou ações
pelo indivíduo, enquanto participação seria o envolvimento do indivíduo em
situações do seu dia-a-dia.
Em contrapartida, os aspectos negativos das estruturas e funções do corpo,
atividades e participação, respectivamente denominados como deficiências,
limitações da atividade e restrições da participação, recebem o nome de
incapacidade. Fried et al. (2004) define incapacidade como dificuldade ou
dependência na realização de atividades essenciais para uma vida independente,
incluindo atividades de autocuidado e aquelas consideradas importantes para a
qualidade de vida do indivíduo. Incapacidade pode ser definida, em alguns contextos
ampliados à saúde, como um fenômeno social. Jette (2003) relata em seu trabalho
que, tradicionalmente, as medidas de incapacidade utilizadas em pesquisas
gerontológicas são organizadas sobre o construto de atividades do dia-a-dia, das
quais fazem parte as atividades básicas e instrumentais de vida diária. As
incapacidades físicas ocorrem com frequência em idosos. Estima-se em torno de
20% a 30% o número dos indivíduos acima de 70 anos que vivem na comunidade e
que relatam incapacidades para realizar tarefas que requeiram o uso da mobilidade
e da deambulação, atividades de vida diária (AVD’s) e atividades instrumentais de
vida diária (AIVD’s). Essas incapacidades aumentam proporcionalmente com a
idade, a partir de 65 anos (FRIED et al., 2004).
24

Incapacidades físicas ao final da vida são resultantes das alterações fisiológicas


do processo de envelhecimento, de doenças e problemas associados, cujo impacto
pode ser modificado não só por fatores sociais, econômicos e comportamentais,
como também pela possibilidade de acesso aos cuidados médicos (FRIED et al.,
2004). Doenças e a presença de co-morbidades, fraqueza muscular, alterações de
equilíbrio ou diminuição da tolerância ao exercício e a fragilidade por si só são
identificados como fatores de risco para a incapacidade física e podem agir de forma
independente ou sinergicamente (FRIED et al., 2004). Bons níveis de aptidão física
em idosos têm se mostrado indicador importante sobre a melhoria de vários
aspectos físicos e funcionais, por exemplo, bons parâmetros de composição
corporal, controle de peso, capacidade funcional e condicionamento físico
melhorado (MATSUDO, 2005; VALE; NOVAES; DANTAS., 2005; ZAGO; GOBBI,
2003). Outro aspecto relacionado aos benefícios que a atividade física regular pode
proporcionar aos idosos está na prevenção de quedas, pois conforme Dantas (2005)
a atividade física auxilia em alguns elementos indispensáveis para que o idoso
previna-se de eventuais quedas: fortalecimento dos músculos das pernas e costas;
melhora dos reflexos, bem como a sinergia motora das reações posturais;
velocidade de andar; incremento da flexibilidade; manutenção do peso corporal;
melhora da mobilidade e diminuição do risco de doença cardiovascular. Guimarães e
Farinatti (2005) revelaram, em um estudo realizado com mulheres idosas, os fatores
que causam eventuais quedas em idosas, observou-se que a variável flexibilidade
possuiu uma associação significante com as quedas.
Shephard (2003), afirma que são inúmeros os argumentos que encorajam os
idosos a praticarem atividades físicas e manterem um estilo de vida ativo durante a
velhice, pois além das questões relativas aos domínios físicos e funcionais, a prática
de atividade física pode proporcionar aos idosos benefícios nos aspectos mais
subjetivos como o social e o psicológico. Erbolato (2002) afirma que na velhice é
normal que exista uma diminuição dos contatos sociais, provocando estado de
solidão nos idosos. Porém, o engajamento de indivíduos desta faixa etária em
programas de atividades físicas poderá proporcionar a ampliação do círculo de
amizades e, desta forma, contribuir no processo de integração social e elevando a
auto-estima do idoso.
25

5.2 ASPECTOS SOCIAIS NO ENVELHECIMENTO

O processo de envelhecimento ocorre com todos os seres vivos, mas é com o


ser humano que este processo acarreta desconforto, pois o tema velhice vem
carregado de preconceitos. Para Monteiro (2001) e Okuma (1998), os atributos
negativos ditados pela sociedade priorizam as características biológicas e físicas.
Meirelles (2000) e Okuma (1998) completam dizendo que na nossa sociedade atual
ser velho tem uma grande conotação negativa. O processo de envelhecer carrega
um estereótipo social negativo muito grande, fundamentando uma idéia errada de
que obrigatoriamente o envelhecimento causa “incompetência comportamental”.
Nessa desvalorização o idoso diminui a sua participação no meio social, gerando um
sentimento de inutilidade, levando-o a apresentar problemas orgânicos e
psicológicos, ocasionando o isolamento social. Segundo Lorda e Sanchez (2001) na
3ª idade as muitas mudanças no ambiente social do idoso exigem dele uma
constante adaptação. Existe por parte de alguns idosos a negação do seu próprio
envelhecimento, provocando muitas atitudes, sendo que, algumas delas, prejudiciais
a manutenção do seu lado psicológico, entre elas: o isolamento, levando-o a evitar
contato com pessoas da mesma idade e fazer-se de vítima. Além do receio da
senilidade, as pessoas não aceitam o envelhecimento devido também a falta de uma
“razão de ser” da velhice, por não encontrarem um papel para ele mesmo na
sociedade. A própria sociedade, ao mesmo tempo em que o marginaliza por
considerá-lo incapaz e improdutivo, impede que ele volte a ser capaz e produtivo.
Isso ainda continua muito comum, mas existem alguns focos da sociedade que tem
dado alguma chance para os idosos poderem mostrar sua verdadeira capacidade
dependendo muito do próprio idoso se sentir bem e pronto para poder se reintegrar
à sociedade.
A maioria dos idosos não consegue continuar desempenhando uma vida ativa,
mesmo com uma saúde muito boa. Este é o primeiro impacto do envelhecimento
para o indivíduo: a perda de seus papéis sociais e o vazio experimentado por não
encontrar funções. Sente angústia, decepção e sofrimento. Geis (2003) destaca que
a solidão é um outro desafio para os idosos. Com a aposentadoria, perde-se o grupo
social do trabalho, a viuvez acontece e, geralmente, os filhos já estão casados,
deixando uma imensa sensação de vazio. O exercício físico é um instrumento de
prevenção e manutenção da saúde psicossocial do idoso, pois, através de
26

atividades prazerosas, as limitações próprias da idade se dissipam ou minimizam,


colaborando para a integração social, desenvolvimento do espírito de equipe,
restaura a independência e autonomia, promove a inclusão e maior habilidade frente
às tensões, desinibe e desbloqueia, contribui para diminuir a ansiedade, a tristeza, a
solidão e a impaciência. Nos últimos anos houve um interesse científico
representativo pela temática do envelhecimento, destacando a importância da
prática regular de atividades físicas e uma intervenção nutricional adequada. Há
uma tendência ao envelhecimento global e que a maioria dos efeitos degenerativos
do envelhecimento é devido ao sedentarismo, imobilidade e desadaptação social.
Esse é o grande desafio para todas as áreas do conhecimento: atribuir qualidade de
vida a essa população, que não só tem possibilidades de viver mais, porém merece
viver com qualidade, dignidade e, principalmente, estimulando a auto-estima para a
superação de pequenos desafios (OKUMA, 2002).
O termo “qualidade de vida” engloba diversos aspectos da vida de uma pessoa,
tendo em vista, a população em geral. Do ponto de vista emocional, essa expressão
é feita a uma pessoa que tem um grau de satisfação elevado com a vida. Segundo
Nahas (2001), a qualidade de vida pode ser desenvolvida em diferentes aspectos do
cotidiano, em relação aos parâmetros: sócio-ambientais (moradia, transporte,
segurança, assistência médica, trabalho e remuneração, educação, lazer, meio
ambiente saudável) e individuais (hereditariedade, hábitos alimentares, controle de
estresse, atividade física e comportamento preventivo). Para que um indivíduo tenha
uma boa qualidade de vida é necessário que ele tenha saúde, que segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), significa bem estar físico, social e psíquico.
Silveira Júnior (2001) afirma que a modalidade mais adequada para diminuir a
incapacidade muscular e suas consequências na 3° terceira idade é a musculação,
pois aumenta ou melhora os níveis de força, preservam os tecidos musculares e
previnem e auxiliam o tratamento da osteoporose. Ressalta ainda que, a intenção
não é transformar o idoso em atleta, mas fazer o suficiente para que ele consiga
subir uma escada, levantar de uma cadeira, caminhar com segurança, realizar as
tarefas de seu cotidiano, que se tornam mais difíceis de serem realizadas devidas
principalmente à perda de força e equilíbrio.
Dessa forma ele se torna mais auto-confiante melhorando dessa forma sua vida
de uma forma geral. Segundo Leite (2000), a atividade física regular torna o idoso
mais dinâmico e com menor incidência de doenças. Com isso o indivíduo da terceira
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idade terá melhor qualidade de vida e autoestima. Uma das atividades mais
recomendadas para o idoso é a musculação, a qual mantém e até mesmo pode
aumentar a força muscular, melhorando os movimentos básicos diários. Diante
disso, a atividade física parece ser sem dúvida, um dos meios para se evitar que o
homem passe por um processo normal de envelhecimento para um envelhecimento
mais saudável. Através desta pratica, muito dos problemas dos idosos podem ser
amenizados, proporcionando-lhes uma vida saudável e tranquila. Em uma pesquisa
realizada por Matsudo et al., (2004), as pessoas do sexo feminino com mais de 50
anos de idade realizavam atividade física por: indicação médica (38,3%), amigos
(33,3%), familiares (10,4%), procura por companhia (10,4%). Pode-se perceber
através destes dados a preocupação do idoso com sua saúde ou recuperação em
primeiro lugar. Os autores assinalam a importância que os idosos atribuem a sua
saúde, preocupados em buscar uma vida com mais qualidade. O “fazer amigos”
também é um dado importante, que é abordado por Geis (2003), quando idoso se
torna participante de uma atividade física ele não busca somente a saúde, mas
também a socialização. A atividade física pode ser um meio contra o isolamento
social e a solidão, auxiliando contra o tédio, podendo compensar a redução das
relações sociais e oferecer a substituição do “status” ora determinado pela atividade
e posição profissional.
A capacidade de interagir socialmente é fundamental para o idoso, para que ele
possa conquistar e manter as redes de apoio social e garantir maior qualidade de
vida. As influências sociais da família e amigos são de extrema importância à
manutenção da atividade física, pois esse suporte social incentiva o praticante a
manter o interesse em continuar fisicamente ativo. O envelhecimento é um processo
natural, onde o organismo perde suas funções, e apresenta alterações como
cabelos grisalhos, pele flácida e com manchas, perda de massa muscular e peso.
Entretanto, muitos idosos querem mostrar que sua idade não influencia a sua auto-
estima e sua imagem social. Neste sentido é importante separarmos o conceito de
idade cronológica e psicológica, definido-as na forma em que o individuo interage
com o meio e aceita seu processo de envelhecimento. Assim também pode ser
avaliada a idade cronológica (números de anos transcorridos desde o nascimento) e
social de acordo com o modo em que o indivíduo consegue ter sua adaptação na
sociedade (PAPALÉO NETTO; CARVALHO FILHO; SALLES, 2006). Gáspari e
Schwartz (2005) ressaltam que fatores subjetivos como valores, atitudes e emoções
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são considerados importantes no enredo social, enfatizando que vivências no lazer


possibilitam uma oportunidade para que as relações sociais aumentem. Esses
autores realizaram um estudo com 20 idosos participantes do Programa Ativa
“Idade”: uma proposta de ação educativa, no âmbito do lazer, da cidade de Araras –
São Paulo, tendo como objetivo principal identificar aspectos emocionais na
percepção de idosos durante vivências do lazer. As respostas confirmam a hipótese
de que experiências no lazer são capazes de contemplar a gama de necessidades e
expectativas do homem no aspecto emocional e psicológico, contribuindo assim, no
contexto social.

5.3 ASPECTOS SUBJETIVOS DO ENVELHECIMENTO

Atualmente o envelhecimento abrange um amplo campo de pesquisas e


estudos, pois este possui uma dimensão existencial que se reveste de
características biopsíquicas e socioculturais, por isso, sua análise deve ser realizada
com base na dimensão biológica, sociológica e subjetiva (SHEPARD, 2003).
Mudanças no comportamento sociocultural já é presente, ou seja, o Brasil, um pais
jovem que conta com 8% de sua população tendo mais de 60 anos, segundo
epidemiologistas, em meados do ano 2025, ocupará a sexta posição mundial em
número de idosos e a primeira posição da América Latina. Para isso, os idosos
necessitam de cuidados e uma boa qualidade de vida, tornando-a prazerosa, digna
e confortável. Sintomas depressivos podem aparecer em decorrência de diversas
patologias, em vigência do uso de vários medicamentos, ou após o início de outras
doenças psiquiátricas como: transtorno obsessivo compulsivo ou síndrome do
pânico.
A qualidade de vida é considerada como a percepção do indivíduo de sua
posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais vive e em
relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Atualmente
pessoas com mais de 60 anos estão exercendo papel ativo na sociedade e
desenvolvem atividades que não eram comuns, até pouco tempo atrás, devido ao
preconceito, estigmas e visão de incapacidade destes sujeitos pela sociedade, no
qual inclui também a prática de atividades físicas (SILVA JÚNIOR; VELARDI, 2009).
Evidências científicas comprovam a importância da atividade física como um recurso
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fundamental no processo preventivo de doenças, melhora dos níveis de aptidão


física, diminuição nos percentuais de gordura corporal, manutenção das
capacidades funcionais. Além disso, a prática da atividade física regular tem sido
descrita na literatura como um excelente meio de atenuar a degeneração provocada
pelo processo de envelhecimento nos domínios físicos, psicológicos e sociais
(CAPODAGLIO et al., 2006; MATSUDO et al., 2004).
Em relação aos aspectos subjetivos, Matsudo et al. (2004) e Okuma (2002)
afirmaram que a prática de atividade física é de fundamental importância neste
estágio da vida, e, através dela, o idoso poderá obter benefícios tais como: melhora
do auto-conceito; melhora da auto-estima; melhora da imagem corporal; contribui no
desenvolvimento da auto-eficácia; diminuição do estresse, ansiedade; melhora da
tensão muscular, insônia; diminuição do consumo de medicamentos; melhora das
funções cognitivas e da socialização. De acordo com o Posicionamento Oficial de
Exercício e Atividade Física para Pessoas Idosas do American College Of Sports
Medicine (ACSM) a prática da atividade física regular é considerada uma ferramenta
indispensável nos aspectos psicológicos do envelhecimento, principalmente em
relação à depressão, ansiedade e estresse que são consideradas questões de
saúde pública. Segundo Okuma (1998), a atividade física é considerada como um
importante recurso para os idosos lidarem com situações de estresse. A autora
aborda dois pontos, um referente ao maior bem estar físico resultante da atividade
física, o que os levou a se sentirem mais fortalecidos e dispostos para enfrentar
difíceis eventos da vida, o outro se refere à atividade física como atividade
desafiadoras. A auto-estima é entendida como positiva e negativa, a positiva,
segundo Branden (2001), é aquela que existe a partir da valorização pessoal, de
atitudes positivas em relação a viver e ser feliz, para que se possa desfrutar da vida.
A negativa indica que o indivíduo sente medo de assumir riscos, do fracasso, sente-
se incapaz e incompetente para realizar algo, vive se criticando, achando defeitos
em si mesmo. Em relação ao círculo de amizades a auto-estima negativa leva a
pessoa a se afastar do seu grupo social por sentir-se incapaz de manter um
relacionamento profundo e significativo, levando-a ao isolamento. Segundo Erbolato
(2002), na velhice é normal que exista uma diminuição dos contatos sociais,
provocando estado de solidão nos idosos. Porém, o engajamento de indivíduos
desta faixa etária em programas de exercícios pode proporcionar a ampliação do
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círculo de amizades e, desta forma, contribuir no processo de integração social e


elevando a auto-estima do idoso.

6 CONCLUSÃO

Com base no texto pode-se afirmar que, com um programa de treinamento


bem elaborado e adaptado as necessidades dos idosos a musculação tem muito a
contribuir para que os idosos possam desfrutar de uma vida mais ativa (FARIAS;
TERESA; JUNIOR 2009).
Na parte subjetiva a musculação é de grande importância já que através de
melhorias fisiológicas como aumento muscular e melhor funcionamento das
articulações o idoso é capaz de voltar a realizar atividade que antes não fazia. O fato
mais importante para essa melhoria é a conquista da independência. A musculação,
praticada em local socializador, pode auxiliar no relacionamento. Portanto, analisar a
terceira idade de forma isolada é um equívoco, esse grupo tem que ser visto nessas
três vertentes (físico, social e subjetivo), já que estão intrinsecamente interligados.
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