Ministério da Educação Universidade Federal do Amazonas Departamento de Física
Desafios multidisciplinares e a Física aplicada a problemas
brasileiros: O caso do acidente radiológico de Goiânia Walter Castro Jr.
Ensino Remoto 2020
Radiações Ionizantes e Não Ionizantes Em física, radiação (do termo latino radiatione) é definida como qualquer processo de emissão e propagação de energia, seja por intermédio de fenômenos ondulatórios (ondas eletromagnéticas), ou por meio de partículas dotadas de energia cinética (fótons). Radiações não ionizantes radiações cuja energia é insuficiente para ionizar átomos ou moléculas, ou seja, possuem energia inferior a 10 ou 12𝑒𝑉. Portanto, a radiação não ionizante refere-se à radiação eletromagnética que possui comprimento de onda maior que 100𝑛𝑚 (ou ainda, com frequências menores que 3 × 1015 𝐻𝑧), abrangendo todo o espectro eletromagnético com frequências iguais ou inferiores às do ultravioleta próximo. Radiações ionizantes radiações cuja energia é superior à energia de ligação dos elétrons de um átomo com o seu núcleo, ou seja, cuja energia é suficiente para ionizar átomos ou moléculas. Espectro eletromagnético apresentando as regiões de radiações ionizantes e não ionizantes. As radiações ionizantes existem no Planeta Terra desde a sua origem, sendo, portanto um fenômeno natural. No início, as taxas de exposição às radiações ionizantes eram incompatíveis com a vida. Com o passar do tempo, os átomos radioativos instáveis foram evoluindo para configurações cada vez mais estáveis, através da liberação do excesso de energia armazenada nos seus núcleos. A interação das radiações ionizantes com a matéria é um processo que se passa em nível atômico. Ao atravessarem um material, as radiações ionizantes transferem energia para as partículas que forem encontradas em sua trajetória. Caso a energia transferida seja superior à energia de ligação do elétron com o restante da estrutura atômica, este é ejetado de sua órbita. O átomo é momentaneamente transformado em um íon positivo. Quando um átomo perde elétrons toda a estrutura molecular pode ficar comprometida pelo rearranjo instantâneo de elétrons, na busca de uma configuração mais estável. Esta busca pode resultar numa perda de identidade química para a molécula envolvida e na geração, no sistema irradiado, de moléculas estranhas a ele. Por exemplo, supondo que determinada molécula A (proteína, açúcar, etc.), com características particulares que lhe permitisse realizar determinada função 𝐹, seja irradiada com radiação ionizante capaz de promover a modificação da molécula A, a função 𝐹 poderá deixar de ser executada. Um fato de suma relevância é o das radiações ionizantes não serem perceptíveis aos sentidos humanos, o que nos impossibilita de identificá-las no ambiente sem o emprego de instrumentos específicos. A descoberta da radioatividade
Antoine Henri Becquerel (1852–1908)
O ano de 1896 foi o ano da descoberta da radioatividade pelo físico
francês Becquerel. Ele “esqueceu” um pequeno pedaço de uma rocha de urânio sobre um filme fotográfico virgem, e descobriu que o filme foi velado (marcado) por “alguma coisa” que saía da rocha, na época denominada raio ou radiação. Após cuidadosas observações, sob condições controladas, ele concluiu que se tratava de um novo tipo de radiação, cuja emissão não necessitava de estímulos externos. Essa emissão espontânea foi denominada radioatividade, e os elementos que apresentavam essa propriedade foram chamados de elementos radioativos. Pierre Curie (1859–1906) Marie Skłodowska Curie (1867-1934)
As experiências mais importantes nesse novo campo da Física
foram desenvolvidas pelo casal Pierre Curie e Marie Curie. Após numerosos e cuidadosos procedimentos de separação de minérios radioativos, o casal comunicou a descoberta de outros dois elementos espontaneamente radioativos e ainda desconhecidos. Esses elementos foram denominados posteriormente de Polônio (Po) e Rádio (Ra). Ernest Rutherford (1871–1937)
Realizando experimentos com urânio radioativo, Rutherford
identificou em 1899 dois tipos de radiação: o primeiro foi nomeado raios alfa (𝛼); o segundo raios beta (𝛽). Um ano mais tarde descobriu-se um terceiro tipo: os raios gama (𝛾). Cada um desses tipos de radiação (𝛼, 𝛽 e 𝛾) comporta-se de maneira diferente quando na presença de campos elétricos e magnéticos. As deflexões dos raios 𝛼 e 𝛽 mostraram que, quando submetidos a um campo elétrico ou magnético, estes eram constituídos por partículas que possuíam massa e carga elétrica, ao passo que os raios 𝛾 não possuíam nem massa e nem carga elétrica. As radiações 𝛼, 𝛽 e 𝛾
Um núcleo atômico muito energético (radioativo), por ter excesso de
partículas ou de carga, tende a estabilizar-se, emitindo algumas partículas (partículas 𝛼 ou 𝛽) ou fótons (radiação gama). Fonte: CARDOSO et al., p.15. Um dos processos de estabilização de um núcleo com excesso de energia é o da emissão de um grupo de partículas, constituídas por dois prótons e dois nêutrons, e da energia a elas associada. É a partícula 𝛼 ou radiação 𝛼, na realidade núcleos de hélio (He), um gás chamado “nobre”, por não reagir quimicamente com os demais elementos. Fonte: CARDOSO et al., p.15. Outra forma de estabilização, quando existe no núcleo um excesso de nêutrons em relação a prótons, é através da emissão de uma partícula negativa, um elétron, com carga −𝑒, resultante da conversão de um nêutron em um próton. É a partícula 𝛽 negativa, ou elétron. No caso de existir excesso de cargas positivas (prótons), é emitida uma partícula 𝛽 positiva, chamada pósitron, com carga +𝑒, resultante da conversão de um próton em um nêutron. Fonte: CARDOSO et al., p.15. Geralmente, após a emissão de uma partícula 𝛼 ou 𝛽, o núcleo resultante desse processo, ainda com excesso de energia, procura estabilizar-se, emitindo esse excesso em forma de onda eletromagnética, da mesma natureza da luz, sem carga elétrica, mas com energia muito maior, denominada radiação gama 𝛾. Fonte: CARDOSO et al., p.16. Decaimento radioativo e meia-vida Um núcleo com excesso de energia tende a estabilizar-se, emitindo partículas 𝛼 ou 𝛽. Em cada emissão de uma dessas partículas, há uma variação do número de prótons no núcleo, isto é, o elemento se transforma ou se transmuta em outro, de comportamento químico diferente. Essa transmutação também é conhecida como desintegração radioativa, termo não muito adequado, porque dá a ideia de desagregação total do átomo e não apenas da perda de sua integridade. Um termo mais apropriado é decaimento radioativo, que sugere a diminuição gradual de massa e atividade. Cada elemento radioativo, seja natural ou obtido artificialmente, se transmuta (se desintegra ou decai) a uma velocidade que lhe é característica. Para se acompanhar a duração (ou a “vida”) de um elemento radioativo foi preciso estabelecer uma forma de comparação. O tempo que leva para um elemento radioativo ter sua atividade reduzida à metade da atividade inicial foi denominado meia-vida (𝑇1 2 ) do elemento. Para cada meia-vida que passa, a atividade de um elemento radioativo vai sendo reduzida à metade da anterior, até atingir um valor insignificante, que não permite mais distinguir suas radiações das emitidas pelo meio ambiente. O número 𝑁 de núcleos radioativos (núcleos capazes de emitir partículas) diminui com o tempo 𝑡, segundo a lei exponencial: 𝑁 = 𝑁0 𝑒 −𝜆𝑡 𝑁0 = 𝑁0 𝑒 −𝜆𝑇1 2 2 1 𝓁𝑛 = −𝜆𝑇1 2 ⇒ 𝓁𝑛 2 = 𝜆𝑇1 2 2 𝓁𝑛 2 0,693 𝑇1 2 = = 𝜆 𝜆 A constante 𝜆 tem dimensão de 𝑠 −1 e caracteriza a fração de núcleos que decaem na unidade de tempo, isto é, determina a taxa de decaimento radioativo. O número de desintegrações que ocorrem em uma dada amostra radioativa durante um segundo, chamado ATIVIDADE da amostra. A unidade de medida de atividade mais antiga é o 𝑐𝑢𝑟𝑖𝑒 (𝐶𝑖), que expressa a atividade de 1𝑔 do elemento rádio: 1𝐶𝑖 = 3,7 × 1010 𝑠 −1 A unidade SI para atividade é o 𝑏𝑒𝑐𝑞𝑢𝑒𝑟𝑒𝑙 (𝐵𝑞): 1𝐵𝑞 = 1𝑠 −1 = 2,7 × 10−11 𝐶𝑖 Tabela 1 – Meia-vida de alguns elementos. Fonte: CARVALHO e OLIVEIRA, 2017, p.14. Nome do elemento Símbolo 𝑻𝟏 𝟐 238 Urânio-238 𝑈 4,5 milhões de anos 226 Rádio-226 𝑅𝑎 1600 𝑎𝑛𝑜𝑠 137 Césio-137 𝐶𝑠 30,2 𝑎𝑛𝑜𝑠 131 Iodo-131 𝐼 8,0 𝑑𝑖𝑎𝑠 99𝑚 Tecnécio-99 metaestável 𝑇𝑐 6,0ℎ Iodo-128 128𝐼 25𝑚𝑖𝑛 Prata-110 110𝐴𝑔 24,6𝑠 Radônio-217 217𝑅𝑛 1𝑚𝑠 Variação do número de núcleos radioativos com o tempo. Fonte: CARVALHO e OLIVEIRA , 2017, p.13. Os raios X
Wilhelm Conrad Roentgen (1845-1923)
Os raios X, assim chamados por seu descobridor Wilhelm Roentgen, em
1895, porque sua natureza era então desconhecida, são radiações eletromagnéticas com comprimento de onda 𝜆 ≤ 1,0Å. Os raios X apresentam propriedades típicas das ondas eletromagnéticas como polarização, interferência e difração, da mesma forma que a luz e todas as outras radiações eletromagnéticas. São radiações da mesma natureza da radiação 𝛾 (ondas eletromagnéticas), com características idênticas. Só diferem da radiação 𝛾 pela origem, ou seja, os raios X não são emitidos pelo núcleo do átomo. Os raios X são emitidos quando elétrons, acelerados por alta voltagem, são lançados contra átomos do material do anticátodo (anodo) e sofrem frenagem, perdendo energia. Não têm, pois, origem no núcleo do átomo. Fonte: CARDOSO et al. p. 47. Poder de penetração das radiações na matéria
O poder de penetração das emissões radioativas na matéria difere muito de uma
para outra. As partículas 𝛼 mal atravessam uma folha de papel; partículas 𝛽 conseguem penetrar alguns milímetros de alumínio. Entretanto, radiação 𝛾 pode penetrar alguns centímetros de chumbo. Por esse motivo, materiais radioativos são guardados em recipientes de grossas paredes de chumbo e locais onde eles são manipulados são revestidos com lâminas de chumbo nas paredes e nas portas. Fonte: CARVALHO e OLIVEIRA , 2017, p.10. Tabela 2 – Alcance das partículas 𝛼 e 𝛽 no ar, no tecido humano e no alumínio. Fonte: OKUNO et al. 1982, p.10.
0,01 0,23 0,27 × 10−3 0,1 12,0 1,51 × 10−2 4,3 × 10−3 0,5 150 0,18 5,9 × 10−3 1,0 420 0,50 0,15 2,0 840 1,00 0,34 3,0 1260 1,50 0,56 Os raios 𝛾 são ondas eletromagnéticas extremamente penetrantes. Portanto, eles interagem com a matéria pelo efeito fotoelétrico, pelo efeito Compton, ou pela produção de pares, e nesses efeitos são emitidos elétrons ou pares elétron-pósitron que, por sua vez, ionizam a matéria. Um fóton de radiação 𝛾 pode perder toda ou quase toda energia numa única interação, e a distância que ele percorre antes de interagir não pode ser prevista. Tudo que se pode prever é a distância que a radiação 𝛾 tem 50% de chance de interagir com a matéria. Essa distância se chama camada semirredutora. (OKUNO et al., 1982). Tabela 3 – Camada semirredutora no tecido humano e no chumbo para os raios X ou . Fonte: OKUNO et al. 1982, p.10. Energia 𝑀𝑒𝑉 Camada semirredutora 𝑐𝑚 Raios X ou 𝜸 Tecido humano Chumbo 0,01 0,13 4,5 × 10−4 0,05 3,24 0,8 × 10−2 0,10 4,15 1,1 × 10−2 0,50 7,23 0,38 1,00 9,91 0,86 5,00 23,10 1,44 Unidades de radiação Três grandezas físicas são definidas para medir a radiação: Exposição, Dose Absorvida e Dose Equivalente. Exposição Os raios X ou gama, ao interagir com os átomos de um meio, produzem elétrons ou pares elétron-pósitron. A exposição (𝑋) é definida para esses raios, tendo o ar puro e seco como meio de interação. É expressa como (OKUNO et al., 1982): 𝑄 𝑋= 𝑚 onde 𝑄 é a soma das cargas elétricas de todos os íons de um mesmo sinal, produzidos no ar, quando todos os elétrons e pósitrons liberados pelos fótons da radiação X ou 𝛾, num elemento de volume de ar cuja massa é 𝑚, são completamente freados no ar. A unidade de exposição é o 𝑟𝑜𝑒𝑛𝑡𝑔𝑒𝑛 (𝑅): 1𝑟𝑜𝑒𝑛𝑡𝑔𝑒𝑛 = 1𝑅 = 2,58 × 10−4 𝐶 𝑘𝑔. Dose Absorvida Sendo a exposição 𝑋 definida em termos de ionização das partículas de ar, ela não é adequada para descrever a energia de qualquer tipo de radiação absorvida por qualquer tipo de meio. As mudanças químicas e biológicas que ocorrem, por exemplo, no tecido exposto à radiação 𝛾 dependem da energia absorvida pelo mesmo. Dessa forma, foi introduzida a grandeza dose absorvida, 𝐷, definida pela “International Commission on Radiation Units and Measurements” (ICRU) como sendo a energia 𝐸 absorvida da radiação pela massa 𝑚 do absorvedor (OKUNO et al., 1982): 𝐸 𝐷= 𝑚 A unidade oficial de dose absorvida recomendada pela ICRU de 1950 a 1975 foi o 𝑟𝑎𝑑 (radiation absorbed dose), definida como: 1𝑟𝑎𝑑 = 100𝑒𝑟𝑔 𝑔 = 1,00 × 10−2 𝐽 𝑘𝑔 O 𝑟𝑎𝑑 foi definido de tal forma que uma exposição à radiação X ou 𝛾 de 1𝑅 resultasse numa dose absorvida pelo tecido mole ou água de aproximadamente 1𝑟𝑎𝑑, isto é, 𝑟𝑎𝑑 =1 𝑅 independentemente da energia da radiação. Mas isso nem sempre é verdade para outros meios. Em 1975, a ICRU adotou para a unidade de dose absorvida o 𝑔𝑟𝑎𝑦 (𝐺𝑦) no Sistema Internacional de Unidades (OKUNO et al., 1982): 1𝐺𝑦 = 1𝐽 𝑘𝑔 A relação entre o 𝐺𝑦 e o 𝑟𝑎𝑑 é dada por: 1𝐺𝑦 = 100 𝑟𝑎𝑑 A dose média de radiação natural absorvida pela população mundial é de 2,6𝑚𝐺𝑦 𝑎𝑛𝑜. Dose Equivalente Os efeitos químicos e biológicos que ocorrem num meio exposto à radiação dependem não só da energia absorvida pelo meio, mas também do tipo de radiação incidente e da distribuição da energia absorvida. Por exemplo, para a mesma dose absorvida por um meio, o dano será tanto maior quanto maior for a densidade de ionização produzida pela radiação no meio. Para se levar em conta esses fatos, foi introduzida a grandeza dose equivalente 𝐻, definida como o produto da dose absorvida 𝐷 pelo fator de qualidade 𝑄 e pelos fatores de modificação 𝑁: 𝐻 =𝐷∙𝑄∙𝑁 sendo 𝑄 e 𝑁 adimensionais. O fator de qualidade 𝑄 leva em conta que a radiação que produz maior número de ionizações no tecido, por unidade de comprimento, causa maior dano biológico do que aquela que produz menor número de ionização por unidade de comprimento (OKUNO et al., 1982). Tabela 4 – Fatores de qualidade para diferentes tipos de radiação. Fonte: OKUNO et al. 1982, p.23. Tipo de radiação Fator de qualidade 𝑸 raios X, raios gama e elétrons 1 nêutrons e prótons 10 partículas alfa e de carga superior a 1 20 A unidade de dose equivalente, adotada pela ICRU até 1975, foi o 𝑟𝑒𝑚 (roentgen equivalent men): 1𝑟𝑒𝑚 = 1𝑟𝑎𝑑 ∙ 𝑄 ∙ 𝑁 Para fótons 𝑄 = 𝑁 = 1 e, portanto 1𝑟𝑒𝑚 = 1𝑟𝑎𝑑. Em 1975, a unidade adotada pela ICRU foi mudada para o 𝑠𝑖𝑒𝑣𝑒𝑟𝑡 (𝑆𝑣): 1𝑆𝑣 = 1𝐺𝑦 1𝑆𝑣 = 100𝑟𝑒𝑚 Em resumo, para raios X, raios 𝛾 e elétrons um 𝑔𝑟𝑎𝑦 é igual a um 𝑠𝑖𝑒𝑣𝑒𝑟𝑡. Para radiação incidente X ou 𝛾 a dose absorvida pelo tecido mole é praticamente igual à exposição. Portanto, para fatores artificiais de maior uso, o 𝑟𝑜𝑒𝑛𝑡𝑔𝑒𝑛, o 𝑔𝑟𝑎𝑦 e o 𝑠𝑖𝑒𝑣𝑒𝑟𝑡 possuem praticamente os mesmos valores. Constituição dos seres vivos Os seres vivos são constituídos, principalmente, por átomos de carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O) e nitrogênio (N). Estes átomos, combinados entre si, constituem a base das moléculas biológicas. Tabela 5 – Composição aproximada do ser humano. Fonte: NOUAILHETAS et al., p.6. Massa Material molecular 𝑔 𝑘𝑔 𝑚𝑜𝑙é𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑘𝑔 % de moléculas % em massa 𝑔 𝑚𝑜𝓁 H2O 18 600 2 × 1025 97,9 60 Proteínas 104 170 1 × 1021 0,01 17 Gorduras 800 150 1 × 1023 0,5 15 Osso mineral 130 40 2 × 1023 0,98 4 Sais 66 10 1 × 1023 0,5 1 Glicogênio 104 20 1 × 1019 0,0001 2 Carboidratos 180 10 3 × 1022 0,15 1 Efeitos biológicos da radiação Os efeitos biológicos da radiação podem ser classificados quanto ao mecanismo de ação: direto ou indireto. Direto ocorre quando a radiação age sobre uma biomolécula importante como DNA, principal constituinte dos cromossomos do núcleo da célula. A radiação pode danificar a molécula de DNA e isso pode levar a aberrações cromossômicas. Indireto ocorre quando a radiação age na molécula da água, que compõe cerca de 70% das células. A molécula da água é quebrada (radiólise) e formam-se radicais livres como a hidroxila (OH) e produtos oxidantes como o peróxido de hidrogênio (água oxigenada). Estes produtos são muito reativos e atacam moléculas importantes para o funcionamento celular como o DNA. Os efeitos biológicos podem ainda ser classificados quanto a sua natureza, em reações teciduais e efeitos estocásticos. Reações teciduais ocorrem quando uma alta dose de radiação causa a morte celular de um número muito grande de células de um determinado tecido ou órgão a ponto do mesmo ficar com seu funcionamento prejudicado. Efeitos estocásticos são alterações que surgem nas células normais, sendo os principais o efeito cancerígeno e o efeito hereditário. O primeiro ocorre em células somáticas, ou seja, o câncer ocorre na pessoa que recebeu a radiação, e o último em células germinativas, portanto pode ter seu efeito passado para os descendentes de quem foi irradiado. Os efeitos estocásticos são probabilísticos, portando não aparecem em todas as pessoas irradiadas. Diferentemente das reações teciduais, os efeitos estocásticos podem ser causados por qualquer dose de radiação, alta ou baixa. Efeitos das radiações ionizantes nos seres humanos O efeito das radiações ionizantes em um indivíduo depende basicamente da dose absorvida (alta/baixa), da taxa de exposição (crônica/aguda) e da forma da exposição (corpo inteiro/localizada). Qualquer dose absorvida, inclusive das doses provenientes de radiação natural, pode induzir câncer ou matar células. A questão é de probabilidade de dano, probabilidade de mutações precursoras de câncer e número de células mortas. Quanto maiores as taxas de dose e as doses absorvidas, maiores as probabilidades de dano, de mutações precursoras de câncer e de morte celular. Tabela 6 – Efeitos de uma radioexposição aguda em adulto. Fonte: NOUAILHETAS et al., p.32.
Forma Dose Absorvida 𝐺𝑦 Sintomatologia
Infraclínica < 1𝐺𝑦 Ausência na maioria dos casos. Reações gerais leves 1 − 2𝐺𝑦 Astenia, náuseas, vômitos (3 a 6ℎ). Após a exposição; sedação em 24ℎ. Hematopoiética leve 2 − 4𝐺𝑦 Função medular atingida; linfopenia, leucopenia, trobopenia, anemia; recuperação em 6 meses. Hematopoiética grave 4 − 6𝐺𝑦 Função medular gravemente atingida. 𝐷𝐿50 4 − 4,5𝐺𝑦 Morte de 50% dos indivíduos irradiados. Gastrointestinal 6 − 7𝐺𝑦 Diarreia, vômitos, hemorragias, morte 5 ou 6 dias. Pulmonar 8 − 9𝐺𝑦 Insuficiência respiratória aguda, coma e morte entre 14 e 36ℎ. Cerebral > 10𝐺𝑦 Morte em poucas horas por colapso. Tabela 7 – Sintomas induzidos por exposições agudas localizadas. Fonte: NOUAILHETAS et al., p.33. Dose absorvida 𝐺𝑦 Sintomatologia >4 Epilação temporária 16 − 20 Epilação definitiva 6 − 12 Radiodermite eritematosa que se manifesta oito dias após a exposição por dor e vermelhidão; frequentemente substituída por pigmentação acentuada. 16 − 20 Radiodermite exudativa (bolhas, lesões) que regride em 5 ou 6 semanas. 25 Radiodermite e radionecrose que se manifesta por eritema precoce, dor e exudação; o processo evolui para uma ulceração do tecido. 2 Catarata: quanto maior a dose, maior a velocidade do estabelecimento do processo; conjuntivite aguda de pouca gravidade. 0,3 Esterilidade temporária do homem. 5 Esterilidade definitiva do homem. 3 Esterilidade temporária da mulher. 6−8 Esterilidade definitiva da mulher. Uma contaminação, radioativa ou não, caracteriza-se pela presença indesejável de um material em determinado local, onde não deveria estar. A irradiação é a exposição de um objeto ou de um corpo à radiação, sem que haja contato direto com a fonte de radiação. A irradiação por fontes de césio-137, cobalto-60 e similares (emissores alfa, beta e gama), usadas na medicina e na indústria, não torna os objetos ou o corpo humano radioativos. Isso só é possível em reatores nucleares e aceleradores de partículas. Portanto, irradiação não contamina, mas contaminação irradia! Fonte: CARDOSO et al., p.32. O acidente radiológico de Goiânia Um acidente é considerado nuclear, quando envolve uma reação nuclear ou equipamento onde se processe uma reação nuclear. Um acidente com uma fonte radioativa, como o do césio-137 ocorrido em Goiânia em setembro de 1987, é um acidente radioativo (ou radiológico). A violação de uma cápsula de chumbo contendo césio-137, elemento químico de uso corriqueiro à época em aparelhos de radioterapia, que foi removida de uma unidade abandonada de radioterapia, em Goiânia, deu origem a um acidente radiológico. O acidente radiológico afetou a saúde de centenas de pessoas que tiveram algum contato com a substância radioativa e provocou quatro mortes. Uma mulher, uma criança e dois jovens morreram cerca de um mês após receber altas doses de radiação. O elemento químico césio, cujo nome vem do latim caesius, que significa céu azul, foi descoberto em 1860. O césio-137, uma das formas radioativas desse metal, é um subproduto das usinas nucleares obtido pela fissão do urânio-235. Na cápsula do acidente de Goiânia, havia “apenas” 19𝑔 de césio- 137. A atividade de 1𝑔 de césio-137 é de cerca de 87𝐶𝑖. A unidade de medida de atividade mais antiga é o 𝑐𝑢𝑟𝑖𝑒 (𝐶𝑖), que expressa a atividade de 1𝑔 do elemento rádio: 1𝐶𝑖 = 3,7 × 1010 𝑑𝑒𝑠𝑖𝑛𝑡𝑒𝑔𝑟𝑎çõ𝑒𝑠 𝑠 = 3,7 × 1010 𝑠 −1
Logo, 1𝑔 de césio-137, cuja atividade é de 87𝐶𝑖, produz cerca de:
87𝐶𝑖 = 3,2 × 1012 𝑠 −1 A unidade SI para atividade é o 𝑏𝑒𝑐𝑞𝑢𝑒𝑟𝑒𝑙 (𝐵𝑞): 1𝐵𝑞 = 1𝑠 −1 = 2,7 × 10−11 𝐶𝑖 Na cápsula do acidente de Goiânia, havia “apenas” 19𝑔 de césio- 137. Sabendo que a meia-vida do césio-137 é de 30,2 anos, depois de duas meias-vidas:
Portanto, mesmo depois de duas meias-vidas, os 4,75𝑔 de césio-
137 que restam ainda possuem uma atividade de: 4,75𝑔 × 87𝐶𝑖 𝑔 ≅ 4,13 × 102 𝐶𝑖 4,13 × 102 𝐶𝑖 × 3,7 × 1010 𝑑𝑒𝑠𝑖𝑛𝑡𝑒𝑔𝑟𝑎çõ𝑒𝑠 𝑠 ≅ 1,52 × 1013 𝑠 −1 A atitude de Maria Gabriela Ferreira, de 37 anos, foi decisiva para que a tragédia com o césio-137 em Goiânia não ganhasse maiores proporções. Foi ela quem levou a capsula com o césio-137 dentro de um saco para a Vigilância Sanitária. A "heroína" era a esposa de Devair Alves Ferreira, dono do ferro-velho onde a substância radioativa foi removida de dentro de um aparelho de radioterapia, que havia sido encontrado em uma clínica desativada, no centro da cidade. Sua dose absorvida foi de 5,7𝐺𝑦, ou 570𝑟𝑒𝑚, ficando doente cerca de três dias depois de entrar em contato com o césio-137. Desenvolveu hemorragia interna, principalmente nos membros, nos olhos e no trato digestivo, além da perda de cabelo. Foi a primeira vítima a morrer, no dia 23 de outubro de 1987, às 11h55. Fonte: http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/09/considerada-heroina-vitima-do-cesio-evitou-que-contaminacao-fosse- maior.html Leide das Neves Ferreira, que ingeriu partículas de césio-137, morreu aos 6 anos de idade, às 18 horas do dia 23 de outubro de 1987 (no mesmo dia que a tia Maria Gabriela). Ela ganhou o pó brilhante do pai, Ivo Alves Ferreira, brincou com o césio e depois comeu ovo com as mãos sujas. Das quatro vítimas fatais, Leide foi atingida com maior grau de contaminação com a dose absorvida de 6,0𝐺𝑦, ou 600𝑟𝑒𝑚. Ela desenvolveu gradualmente inchaço na parte superior do corpo, perda de cabelo, danos nos rins, pulmões e hemorragia interna. Quando uma equipe internacional chegou a tratá-la, ela estava confinada a um quarto isolado no hospital Marcílio Dias no Rio de Janeiro porque os funcionários estavam com medo de chegar perto dela. A mãe dela, dona Lourdes, quase não conseguiu enterrar a filha: a multidão que atirava pedras contra o caixão, revestido de chumbo, precisou ser contida. Fonte: http://aredacao.com.br/noticias/91961/cesio-137-30-anos-de-traumas-na-pele-e-na-alma Israel Batista dos Santos, 22 anos, trabalhava no "ferro-velho" onde foi aberta a cápsula. Contaminado com a dose absorvida de 4,5𝐺𝑦 ou 450𝑟𝑒𝑚, ele desenvolveu doença respiratória grave e complicações linfáticas. Acabou por ser internado no hospital Marcílio Dias no Rio de Janeiro, morrendo seis dias depois, em 27 de outubro de 1987. Fonte: http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/09/ Admilson Alves de Souza, 18 anos, também trabalhava no "ferro-velho" onde foi aberta a cápsula contendo o césio-137. Contaminado, sua dose absorvidade foi de 5,3𝐺𝑦, ou 530𝑟𝑒𝑚. Desenvolveu lesão pulmonar, hemorragia interna e danos ao coração, falecendo no dia 28 de outubro de 1987. Fonte: http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/09/ Devair Alves Ferreira, dono de um ferro-velho, comprou a peça com a cápsula de césio-137 em 18 de setembro de 1987. Ele se encantou pelo brilho azul do pó misterioso, só revelado no escuro. Na sequência, ele e a esposa, Maria Gabriela, adoecem. Recebem visitas, que são apresentadas ao césio-137 e levam fragmentos do material para casa. No recorte de jornal (foto), Devair aparece na janela de um hospital em Goiânia. Sobreviveu à morte logo após o acidente apesar de ter recebido a dose de 7,0𝐺𝑦 ou 700𝑟𝑒𝑚 de radiação. Os efeitos corporais incluíram a perda de cabelo e problemas em diversos órgãos. Sentindo-se culpado por abrir a cápsula, tornou-se alcoólatra e contraiu câncer pela radiação, morrendo 7 anos depois, em 1994. Fonte: http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/09 Odesson Alves Ferreira visitou o irmão Devair, já doente. Apresentado ao material misterioso, ele colocou uma pequena fração do material com césio-137 na palma da mão esquerda, esfregou com o indicador direito, mas não se interessou. "Tive sorte porque ainda era dia, não vi o tal brilho encantador", conta. Odesson teve o dedo indicador da mão direita amputado enquanto o indicador da mão esquerda foi atrofiado por causa do contato com a substância. Era caminhoneiro e motorista de ônibus. Foi obrigado a se aposentar aos 32 anos... É o presidente da Associação das Vítimas do Césio 137 (AVCésio). Fonte: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/09/25/vitimas-do-cesio- 137-voltam-a-receber-remedios-e-pedem-assistencia-medica-para-todos.htm Mitos e verdades sobre a radioatividade A radioatividade surgiu durante a Segunda Guerra Mundial essa afirmação é falsa. Elementos radioativos existem na Terra desde a sua formação. Os radionuclídeos de meia-vida curta decaíram com o tempo, restando os que têm meia-vida maior que a idade da Terra (urânio, polônio, rádio, etc.) A ideia de que a radioatividade surgiu durante a Segunda Guerra Mundial vem, talvez, do fato de que, durante o conflito, foi desenvolvida a bomba atômica, que usa a fissão do urânio para gerar uma grande quantidade de energia; essa fissão tem como subproduto uma série de elementos radioativos. No entanto, no início do século XX (e, portanto, antes dessa guerra), já existiam aplicações da radioatividade na Medicina. Qualquer material exposto à radiação se torna radioativo isso depende das circunstâncias, e é preciso fazer uma distinção entre radiação ionizante e não ionizante. Assim, a radiação não ionizante nunca é capaz de gerar material radioativo. Pequenas exposições a essa radiação podem ser benéficas, mas ela pode causar danos, se a exposição for muito intensa. Os danos são de natureza diferente dos provocados pela radiação ionizante. Esses tipos de radiação não são capazes de interagir com núcleos e gerar elementos radioativos. Já a radiação ionizante tem energia suficiente para arrancar elétrons dos átomos ou interagir diretamente com os núcleos. No caso de interação com os núcleos, podem ser gerados núcleos instáveis, que decaem para um estado de mais baixa energia emitindo fótons ou partículas; porém, isso depende do tipo de radiação, da sua intensidade e do tipo de material irradiado. Um material que se torne radioativo será radioativo para sempre essa é mais uma falsa afirmação. Suponhamos que um objeto foi irradiado com nêutrons ou partículas carregadas, e que alguns de seus átomos se transformaram em radioisótopos. Nesse caso, existe a possibilidade de se fazer uma extração química ou física dos elementos em questão, e o resto do objeto não será radioativo. Mesmo que esse procedimento não seja possível, a radioatividade não dura “para sempre”, já que radioisótopos têm meias-vidas bem definidas. Depois de decorridas entre 5 e 10 meias-vidas, considera-se que não há mais atividade desse elemento. Apenas se a meia-vida do elemento formado for muito longa é que o objeto será radioativo por um longo período. Uma pessoa que sofreu danos por radiação pode contaminar outras pessoas essa afirmação nem sempre é verdadeira. Os danos por radiação vão desde queimaduras na pele até lesões internas e alterações no DNA. As lesões não são transmitidas; somente alterações nas células reprodutivas podem gerar algum efeito danoso nos descendentes. Em geral, as pessoas que sofreram danos por radiação devem ser isoladas porque sua imunidade fica diminuída; são as outras pessoas do seu entorno que podem contaminá-las com micro- organismos que elas não serão capazes de combater. Se for contaminada por ingestão ou inalação de algum radioisótopo, e se este continua em seu organismo, a pessoa estará radioativa; neste caso, as pessoas de seu entorno precisam se proteger, e as secreções devem ser isoladas, por um período equivalente a 5 a 10 meias-vidas do radioisótopo. No caso da meia-vida biológica para o elemento em questão ser menor que a sua meia-vida física, a pessoa será descontaminada mais rapidamente. Qualquer nível de radiação faz mal à saúde isso não é verdade. Nosso organismo recebe continuamente radiação ionizante proveniente de fontes naturais, existentes na superfície do globo terrestre ou vindas do espaço. Estamos adaptados para conviver com essa radiação de fundo, e se atribuem a ela as mudanças genéticas que provocaram a evolução do ser humano. Em doses baixas, portanto, a radiação pode ser inócua ou até benéfica. Em doses elevadas, a radiação ionizante pode provocar destruição de células ou modificações no DNA. Além disso, a radiação pode ser usada como instrumento de diagnóstico ou de tratamento de vários problemas de saúde, sendo nesse caso benéfica, desde que seu uso seja controlado. Por outro lado, radiação não ionizante pode ser benéfica e até necessária ao desenvolvimento dos seres vivos: as plantas absorvem radiação visível, infravermelha e ultravioleta, em pequenas doses, para realizar a fotossíntese, em que transformam água e gás carbônico em matéria orgânica; pessoas precisam de pequenas doses dessas mesmas radiações, provenientes do Sol, para o bom funcionamento do seu corpo. Pessoas que recebem a mesma dose de radiação apresentam o mesmo tipo de dano tal afirmação não é verdadeira. Verifica-se que o dano causado pela radiação é diferente para cada pessoa, dependendo de diversos fatores: idade, sexo, estado físico. As crianças são mais sensíveis à radiação porque seus órgãos estão em fase de crescimento, e alguns efeitos biológicos podem ter resposta com intensidade ou tempo diferentes dos de um adulto. O estado físico do indivíduo exposto à radiação tem a ver com sua radiossensibilidade. Uma pessoa sadia, resistente, bem alimentada, tem sua resposta aos possíveis danos da radiação atenuada quando comparada à de uma pessoa fraca, subalimentada e com deficiência imunológica. Símbolo internacional que indica a presença de radiação ionizante.
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), pela Portaria No 3214, de
08/07/1978, estabelece o seguinte código para o uso de cores em áreas de risco: AMARELO-OURO Indica cuidado; é usado em corrimãos, parapeito, diferenças de níveis, partes salientes, cavaletes, empilhadeiras, placa de aviso. PÚRPURA Deverá ser usada para indicar os perigos provenientes das radiações eletromagnéticas penetrantes de partículas nucleares. VERMELHO Indica equipamentos de proteção e combate a incêndios e portas e saídas de emergência. Referências CARDOSO, E. M.; ALVES, I.P.; BRAZ, C.; PESTANA, S. Apostila Educativa Aplicações da Energia Nuclear. Comissão Nacional de Energia Nuclear. Rio de Janeiro, 18p. Comissão Nacional de Energia Nuclear. Rio de Janeiro, 42p. Disponível em: <http://www.cnen.gov.br/index.php/component/content/article?id=128>. Acesso em: 01/05/2018. CARVALHO, R.P. e OLIVEIRA, S.M.V. Aplicações da energia nucelar na saúde. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Comissão Nacional de Energia Nuclear. Rio de Janeiro, 42p. Disponível em: <http://www.cnen.gov.br/index.php/component/content/article?id=128>. Acesso em: 01/05/2018. NOUAILHETAS, Y., ALMEIDA, C.E.B. e PESTANA, S. Apostila Educativa Radiações Ionizantes e a Vida. Comissão Nacional de Energia Nuclear. Rio de Janeiro, 42p. Disponível em: <http://www.cnen.gov.br/index.php/component/content/article?id=128>. Acesso em: 01/05/2018. OKUNO, E.; CALDAS, I.L.; CHOW, C. Física para Ciências Biológicas e Biomédicas. Harbra, São Paulo, 1982, 490p.