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BIOFÍSICA

Vanessa de Souza
Machado
Força e Pressão
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
„„ Caracterizar os conceitos de força e pressão.
„„ Identificar como ocorre a força no corpo humano.
„„ Descrever como a pressão atua no corpo humano.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar, dois conceitos da física, força e pres-
são, caracterizá-los, e identificar como eles atuam no corpo humano.

Conceitos da física, força e pressão


A pressão se trata da força aplicada a uma área e sua medida é em Pascal (Pa).
Ela é representada pela equação abaixo:

P = F/A
Existem vários tipos de pressão, como a hidrostática, que é a pressão que um
fluido exerce sobre outro; a pressão atmosférica, que é a pressão que o peso do
ar exerce sobre a superfície e depende da altitude do local; pressão osmótica,
que é a pressão externa aplicada a uma solução mais concentrada para evitar
a osmose, ou seja, a diluição da mesma e pressão sanguínea, pressão exercida
na parede das artérias para que ocorra o fluxo sanguíneo.
No ambiente, situações extremas de baixa pressão de oxigênio afetam
o corpo humano, podendo causar distorções na visão, redução da visão no
escuro, confusão mental, falta de coordenação motora, respiração ofegante,
náusea e dor de cabeça e até edemas pulmonares e cerebrais.
A força é uma interação entre dois corpos, medida em Newton (N). Ela
produz variação de velocidade, portanto, uma variação da aceleração. Ao
contrário do que se pensa, a força não ocorre somente quando há movimento:
em uma estrutura, como um prédio, estão sendo exercidas forças de ação in-
visível para que ele se mantenha de pé mesmo estando estático. A força está
relacionada também às três leis de Newton:

1ª Lei de Newton - Princípio da Inércia


“Um corpo em repouso tende a permanecer em repouso, e um corpo em
movimento tende a permanecer em movimento.”
Um corpo só tende a alterar seu estado de inércia se uma força for aplicada
a ele. Um objeto só se moverá se for empurrado.

2ª Lei de Newton - Princípio Fundamental da Dinâmica


“Força é sempre diretamente proporcional ao produto da aceleração de um
corpo pela sua massa.”
Quando aplicamos uma mesma força em dois corpos de massas diferentes,
a aceleração não é a mesma. A mesma força aplicada a dois objetos de massas
diferentes não causa a mesma aceleração, pois um é mais pesado do que o
outro e exige maior força.

3ª Lei de Newton - Princípio da Ação e Reação


“As forças atuam sempre em pares: para toda força de ação, existe uma
força de reação.”
Quando aplicamos uma força em algum objeto, a força de ação, este objeto
está aplicando uma força contrária a nós, a força de reação.
O corpo humano é formado por moléculas biológicas que, em sua maioria,
estão unidas por ligações covalentes. Essas ligações são muito fortes, tor-
nando essas moléculas estáveis, pois para quebrá-las é necessária muita
energia. Portanto, a força dessas ligações entre as moléculas que formam
nossos órgãos, sistemas e corpo permitem que sejamos seres estáveis.
Outra força interessante é a força coesiva da água em estado líquido. Essa
força coesiva é a capacidade de as moléculas de água resistirem à separação
quando colocadas sob tensão. É através dela que a água circula das raízes das
plantas até as folhas, assim, evaporando e puxando uma nova coluna de água.
Figura1. Pressão e força sendo aplicadas ao chão para que o corpo se movimente e
representação dos músculos.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/male-muscular-system-running-on-
-red-5014773 16?src=1jxrxAUn0ITMnBRFpc-QTA-1-98.

Saiba Mais
Para entender um pouco mais como estes dois conceitos, pressão e força, atuam no
corpo humano, leia o texto “Comportamento subagudo da pressão arterial após o trei-
namento de força em hipertensos controlados”
(DE LIMA, 2005).
Pressão no corpo humano

Sistema respiratório
Quando falamos do sistema respiratório, precisamos entender que existem
3 tipos de pressões que atuam em lugares diferentes. A pressão alveolar, a
intrapleural e a transpulmonar.

„„ Pressão alveolar: esta pressão ocorre dentro dos alvéolos (estrutura es-
ponjosa do pulmão). Para que o ar entre nos pulmões, a pressão alveolar
deve diminuir, exercendo uma força que impulsiona o ar para dentro.
Durante a inspiração, a pressão do ambiente é maior do que a pressão
nos alvéolos. Quando a pressão nos alvéolos se torna maior do que a
pressão externa, o ar é expulso no processo chamado expiração.
„„ Pressão intrapleural: é a pressão encontrada na cavidade pleural. Essa
pressão é negativa, ou seja, menor do que a pressão do ambiente ex-
terno; isso causa a aderência entre as pleuras (membranas que revestem
o pulmão). Quando a pressão se torna mais negativa, o pulmão tende a
se expandir. Quando essa pressão se torna menos negativa, o pulmão
tende a se retrair.
„„ Pressão transpulmonar: é a diferença de pressão entre o interior dos
alvéolos e a superfície do pulmão. Portanto, quanto maior a pressão
transpulmonar, maior a quantidade de ar que entra nos pulmões.

Sistema circulatório
A circulação sanguínea ocorre devido à pressão exercida pelo sangue contra
a parede das artérias. Sem essa força, não seria possível que o sangue circu-
lasse por todo o corpo. Neste processo estão envolvidas a pressão estática,
pois depende da altura da coluna em relação ao pé; a pressão dinâmica, pois
o sangue circula com diferentes velocidades nas veias, artérias e capilares e,
por fim, a pressão mecânica, em virtude do coração que, ao bombear o sangue
para o corpo, exerce pressão. Ainda, há variações de pressão sanguínea pelo
corpo devido à sua viscosidade e devido à pressão do sangue arterial (sangue
rico em oxigênio) ser maior que a do sangue venoso (sangue rico em gás car-
bônico). Isto ocorre, pois o sangue arterial tem auxílio do coração para ser
bombeado para o resto do corpo; já o sangue venoso, não.
A pressão arterial pode alterar com base nas atividades realizadas pela
pessoa durante o dia. Ela aumenta quando as pessoas realizam atividades fí-
sicas e baixa quando o corpo está calmo ou quando se dorme. Além disso,
também é normal que ocorra um ligeiro aumento da média da pressão arterial
com o passar dos anos, de cada indivíduo.
A pressão alta contínua nos vasos causa danos e está relacionada também
com derrames cerebrais. Muitas vezes, quando o sangue é bombeado com
força contra a parede de um vaso sanguíneo, os músculos da parede perdem
a elasticidade e estas se tornam mais espessas, estreitando o canal. Com a
formação de coágulos, devido ao acúmulo de gordura nos vasos, onde as cé-
lulas sanguíneas se aderem, os vasos são bloqueados impedindo a circulação,
aumentando a pressão e rompendo os vasos. Quando os vasos se rompem, o
sangue se espalha pelos tecidos, matando as células ao redor.

Visão
Um dos fatores que pode causar o glaucoma é o aumento da pressão intrao-
cular. O humor aquoso é um líquido transparente que circula dentro do olho.
Ele possui a função de nutrir as estruturas internas do olho e, se por algum
problema não for bem drenado, acaba aumentando a pressão ocular. O glau-
coma pode causar danos irreversíveis ao nervo óptico se for diagnosticado
tarde. Quem possui glaucoma pode ter desde a perda da visão periférica e, em
casos mais extremos, pode causar a perda total da visão.

Audição
As vezes, há o desequilíbrio entre a pressão ambiental e a pressão da cavi-
dade do ouvido médio, como quando subimos a serra. Este desequilíbrio pode
provocar um barotrauma. O barotrauma pode causar desde sintomas leves até
graves:

„„ De leve a severa dor no ouvido


„„ Sensação de ouvido cheio
„„ Zumbido com baixo volume e zumbido muito intenso
„„ Diminuição da audição
„„ Perda grave da audição
„„ Vertigens
„„ Rupturas do tímpano

Saiba Mais
Para saber mais sobre a pressão arterial e como o esporte pode ajudar na sua regu-
lação, leia o texto “Exercício físico e o controle da pressão arterial” (MONTEIRO, 2004).

Figura2. Glaucoma ocorre quando o humor aquoso (liquido interno do olho, transparen-
te) não é drenado suficientemente, fazendo com que a pressão ocular aumente

Fonte: https://www.shutterstock.com/image-illustration/glaucoma-healthy-eye-detailed-structu-
re-3270 6230 6.

Força no corpo humano


Existem forças que atuam no corpo humano, as forças fundamentais, sendo 3
principais para o corpo humano, as gravitacionais, eletromagnéticas e nucle-
ares fortes. As outras forças são derivadas das forças fundamentais, podendo
ser elásticas, forças de atrito, forças tensoras e forças normais. Entenderemos
cada uma destas forças abaixo:
„„ Gravitacionais: são as forças de interação entre massas; é através destas
forças que nosso corpo se mantém preso à Terra, pois a gravidade está
sempre puxando para baixo.
„„ Eletromagnéticas: são as forças de interação entre cargas elétricas;
cada célula do corpo humano possui um campo eletromagnético aju-
dando a regular as funções importantes e mantê-lo saudável.
„„ Nucleares fortes: forças de interação entre nêutrons ou prótons que
mantêm a estabilidade nuclear. Elas mantêm o núcleo unido, evitando
que os prótons desse núcleo não se separem devido à sua carga igual.
Sem estas forças, os prótons destruiriam o próprio núcleo, não havendo
células e, muito menos, a vida.
„„ Forças elásticas: forças de deformação, que podem ser de tração (ação
de duas forças com sentidos de afastamento), compressão (ação de duas
forças com sentidos de aproximação), flexão (ação de três forças, duas
no mesmo sentido e uma no sentido contrário) e torção, (ação de pares
de força em sentidos opostos).
„„ Forças de atrito: originadas através do contato de dois corpos. Essa é
a força que se opõe ao movimento, ou seja, é uma força de resistência.
As forças de atrito que atuam entre superfícies em repouso relativo são
chamadas de forças de atrito estático, em contraposição às forças de
atrito cinético, que acontecem entre superfícies que têm movimento
relativo. Sem essa força, não conseguiríamos caminhar. Quando an-
damos, empurramos o chão para trás com os pés, assim, o chão exerce
uma força contrária à pessoa, empurrando-a para frente.

A resistência física de um osso se dá pelas forças internas que se opõem


às forças externas, mantendo o corpo em equilíbrio. Através dos arranjos de
lâminas trabeculares, o osso ganha força interior para estar em equilíbrio.

Forças envolvidas no escoamento do ar pelas vias aéreas.


„„ Forças elásticas da parede torácica e dos pulmões
„„ Resistência viscosa do ar
„„ Resistência promovida pela turbulência
„„ Resistência oferecida durante a alteração de volume e forma dos órgãos
„„ Forças de atrito
„„ Forças necessárias para vencer a inércia dos sistemas móveis
„„ Forças Bernoulli (uma relação inversa entre a velocidade (V) do fluxo
aéreo e a pressão que o gás exerce sobre a parede interna da tubulação
que o contém).

Força muscular
O tecido muscular é composto de células semelhantes que cumprem tarefas
especializadas. Uma única célula muscular não pode gerar muita força, mas
várias combinadas formam um tecido que pode se contrair, gerando força e
movimento consideráveis. Através da atração ou da repulsão de cargas elé-
tricas em sua estrutura, o tecido muscular, por meio de proteínas que mudam
de configuração, proporcionando contrações no músculo e gerando força. As
fibras no músculo estriado conectam-se aos tendões e formam feixes. Essas
fibras possuem fibras menores chamadas miofibrilas, com filamentos de pro-
teínas. Esses filamentos podem apresentar a forma grossa, sendo compostas
de miosina, e a forma fina, sendo compostas de actina. Durante a contração,
uma força elétrica de atração faz as bandas deslizarem juntas (actina desliza
sobre a miosina), gerando força necessária para fazer os movimentos.

Alavancas
Para entendermos as alavancas no corpo humano, precisamos entender seu
conceito na física. O conceito de alavanca, na física, é uma barra rígida que
gira em torno de um ponto fixo ou pivô através da ação de forças potentes e
resistentes. No corpo humano, são conjuntos estruturais de sustentação for-
mados por ossos articulados entre si. Quando comparado à física, o segmento
corporal envolvido no movimento representa a haste rígida, a articulação re-
presenta o ponto fixo, a força muscular representa a força potente e o peso dos
segmentos corporais envolvidos no movimento representa a força resistente.
Nosso movimento nas articulações se deve ao sistema de alavancas. Essas ala-
vancas são divididas em 3 classes: na primeira, chamada de interfixa, o pivô
está localizado entre o braço de resistência e o de força. Na segunda, chamada
de inter-resistente, onde o braço de resistência fica localizado entre o pivô e o
braço de força. Na terceira e última, chamada de interpotente, o braço de força
fica localizado entre o pivô e o braço de resistência.
Saiba Mais
Para saber mais sobre a importância do estudo da biomecânica nas aulas de educação
física e o que são as alavancas corporais, leia o texto “A Biomecânica na Educação Física
escolar: adaptação e aplicabilidade” (DAGNESE et al., 2004).

Figura3. Composição do músculo, fibras musculares, miofibrilas, actina e miosina.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/muscle-anatomy-199867766?src=0QKzjO-
CqGO dQhh0jJuHDuA-1-2.
Referência
EU SOU 12por8. Hipertensão. Disponível em: http://www.eusou12por8.com.br/. Aces-
so em: 09 de mar. 2017.

GLOBO. Fortalecer os músculos é importante para proteger ossos e articula-


ções. Disponível em: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/03/fortalecer-os-mus-
culos-e-importante-para-proteger-ossos-e-articulacoes.html. Acesso em: 15 mar. 2017.

INSTITUTO DE OFTALMOLOGIA DO RIO DE JANEIRO – IORJ. Glaucoma. Disponível em:


< http://www.iorj.med.br/tipos-de-glaucoma/>. Acesso em: 15 mar. 2017.

OOCITIES. Pressão Osmótica. Disponível em: http://www.oocities.org/gutsantos/


qui/fisqui/ preosm.htm. Acesso em: 09 mar. 2017.

RODAS DURÁN, José Enrique. Biofísica: fundamentos e aplicações. São Paulo: Prentice
Hall, 2003. 318p.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Entendendo a pressão arterial. Dispo-


nível em: https://www.ufmg.br/ciencia paratodos/wp-content/uploads/2013/12/pag-
14-Ciencia.pdf. Acesso em: 13 mar. 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. As quatro forças fundamentais


da natureza. Disponível em: http://www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20032/Humberto/.
Acesso em: 08 mar. 2017.
Conteúdo:

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