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Hidroterapia

Professora Juliana Barros Ferreira


Hidroterapia
Conceito:

 A Fisioterapia Aquática, Hidroterapia ou Hidrocinesioterapia.

 Utiliza os princípios físicos da água e seus efeitos fisiológicos.

 Tratamento utilizado há muitos séculos, porém somente no início dos anos 80


foi reconhecido como terapia de reabilitação efetiva que começou a ser
difundida na área da saúde, tendo aplicação em várias patologias.

 Intervenção não-farmacológica e não-invasiva, que envolve diversas técnicas,


utiliza as propriedades físicas da água como uma importante ferramenta, que
fornece um ambiente ideal para indivíduos com limitações na terapia em
solo.
Hidroterapia
 Sabemos que uma bolinha de isopor colocada na água boia, porém, uma de mesmo
tamanho, mas de chumbo, afunda.
 Qual a diferença entre a bolinha de isopor e a de chumbo?
Propriedades físicas da água

Flutuabilidade Tensão
superficial

Pressão Viscosidade
hidrostática
Princípios físicos da água
 Flutuação/ empuxo:

 Quando coloca-se um corpo totalmente mergulhado na água (ou outro


líquido),duas forças atuam sobre ele.

 Próprio peso ( P ), a outra é o empuxo ( E ).

 Mergulhando-se uma pedra em um líquido qualquer, temos a sensação de que


ela parece mais leve, isto ocorre devido ao empuxo que "empurra" a pedra
para cima e precisamos uma força menor para sustentá-la.

 Ocorre empuxo porque a pressão do líquido na parte inferior do corpo é maior


do que na superior. O valor do empuxo que a água exerce sobre um corpo
nela mergulhado é igual ao peso da água deslocada pelo corpo.
Hidroterapia

 Princípio de Arquimedes
 "Todo corpo mergulhado em um líquido recebe um empuxo vertical, para
cima, igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo"
 O empuxo em um corpo está relacionado ao peso do fluido deslocado e não
com o peso do corpo imerso.

 Afinal, porque os navios não afundam?

 Eles são construídos em um formato especial, para que ocupem bastante


espaço dentro da água e que a maior quantidade dela seja deslocada. Assim,
o peso da água deslocada pelo navio será maior do que o peso do próprio
navio, ou seja, a força peso do navio fica menor que a força de empuxo,
fazendo o navio boiar ou flutuar sobre a água.
Hidroterapia
 Como a gravidade age de cima para baixo e o empuxo de baixo para cima,
podendo ser forças iguais ou opostas, o corpo permanece em equilíbrio.
Porém, se essas duas forças forem desiguais, o corpo sofre movimentos
rotacionais para que elas entrem em equilíbrio novamente, o que se
denomina metacentro.

 Ruoti, Morris e Cole (2000), “refere-se à teoria do equilíbrio de qualquer


objeto flutuando na água”, não é uma propriedade física da água, mas é um
fenômeno importante na Hidroterapia, pois alguns pacientes possuem
diferenças de composição corporal entre segmentos ou hemídios corporais,
como, por exemplo, a diferença de tônus muscular, em tecidos moles ou
ossos, e amputações.

 Caromano e Nowotny (2002) citam que “se os centros não estiverem na


mesma linha vertical, as duas forças atuando sobre o corpo farão com que ele
gire até atingir uma posição de equilíbrio estável”.
Princípios físicos da água

O quadril e os membros inferiores possuem maior


densidade, pois são constituídos em quase sua totalidade
de ossos e músculos longos e volumosos, por isso, tendem
a afundar.

Como a cabeça e tronco por terem em sua constituição


líquido e ar respectivamente, tendem a flutuar e o quadril
se torna um eixo no qual os membros inferiores se apóiam
e afundam, realizando um movimento rotacional vertical
até que o seu equilíbrio seja encontrado.
Princípios físicos da água
 Pressão hidrostática

 Lei de Pascal (Pa) é a pressão do líquido sobre o corpo imerso e sua unidade é
expressa em Newtons por metro quadrado (N/m2 ), ou milímetros de
mercúrio (mmHg).

 A pressão de um líquido ou fluido é exercida igualmente sobre todas as áreas


da superfície de um corpo, mas varia conforme sua profundidade ou
densidade.

 Redução do edema, contribui para o retorno venoso , auxilia no


desenvolvimento da coordenação motora e melhora o suporte e a sustentação
do corpo em situações que requerem maior equilíbrio.

 Fortalece músculos inspiratórios e auxilia na expiração


Princípios físicos da água
 Viscosidade

 O atrito que ocorre entre as moléculas de um líquido.


 Oferece resistência ao movimento.

 800 vezes maior que no ar (em solo) e é inversamente proporcional à


temperatura, isto é, a viscosidade diminui conforme a água é aquecida.

 A viscosidade promove resistência tridimensional com movimentos lentos, o


que favorece a propriocepção, a cocontração e uma maior estabilização
postural e dos movimentos de segmentos corporais.
Princípios físicos da água
 Tensão superficial
 Fenômeno que ocorre em todos os líquidos, ela se caracteriza pela formação
de uma espécie de membrana elástica em suas extremidades.
 Força por unidade de comprimento

 Maior na superfície da água  relativo ao equipamento

MARCHA MARCHA
FRONTAL LATERAL
Princípios físicos da água
 Densidade
 O ser humano apresenta uma diferença positiva entre a densidade relativa da
água e a do corpo humano, o corpo ao ser colocado na água, é forçado para
cima por uma força igual ao volume de água deslocado e flutuará.

Materiais Densidade (G/CM³)


Água pura (4ºC) 1,00
Água pura (0ºC – gelo) 0,92
Água do mar (10ºC e 3,3% salinidade) 1,03
Ar 0,001
Corpo humano (média) 0,97
Massa magra (Ossos e músculos) 1,10
Tecido adiposo 0,90
Hidromecânica
 Propriedades físicas e características do líquido em movimento

 Hidrostática e hidrodinâmica

 Forças no movimento da água (COUNSILMAN, 1968 apud KISNER; COLBY,


2009): propulsivas e resistivas

 Componentes do fluxo: - Fluxo laminar


- Fluxo turbulento
- Arrasto ( velocidade resistência)
Hidromecânica
 Fluxo laminar: a velocidade permanece constante dentro de uma corrente
líquida, com suas camadas deslizando uma sobre as outras, sendo que as mais
externas permanecem estáveis em relação às internas, que se movem com
maior rapidez.

 Fluxo turbulento: é desalinhado e descontínuo e provoca um movimento


irregular pelo fato de sua velocidade ultrapassar uma velocidade crítica.

 Laminar a resistência de fricção é diretamente proporcional à velocidade,


enquanto que no fluxo turbulento é maior, ou seja, é diretamente
proporcional ao quadrado da velocidade.

 Portanto a manutenção do equilíbrio ou o deslocamento em meio líquido dá-


se mais facilmente quando em fluxo laminar.
Hidroterapia
 Quando um objeto se move na água, é criada uma diferença de pressão, que
fica maior na frente e menor atrás desse objeto.

 São criados redemoinhos, os quais são provocados pela viscosidade do líquido


e pela turbulência, que arrastam o objeto para trás e esse fenômeno é
denominado força de arrasto.

 Representam maior dificuldade de locomoção e equilíbrio do indivíduo


quando seus movimentos ocorrerem fora de um fluxo uniforme.
Termodinâmica
 Calor específico  Quantidade de calorias

 A velocidade de mudança de temperatura depende da massa e do calor específico do


objeto (KISNER; COLBY, 2009).

 A água retém 1.000 vezes mais calor comparada ao ar

 Quando um corpo encontra-se submerso em água aquecida ou não, é submetido a uma


temperatura diferente da sua e, como a água é maior condutora de calor que o ar,
acontece uma transferência de calor mais rá- pida entre o corpo e o meio líquido.

 Condução de temperatura da água é 25 vezes maior


Centro de flutuação

 Centro de gravidade (ar – L2) e centro de flutuação (água – esterno)

 Ponto de referência de um objeto imerso

 Localizado no esterno

 As forças verticais que não interseccionam com este centro, ocasiona rotação
(KISNER; COLBY, 2009)

 A posição do paciente depende da localização dos flutuadores


Efeitos fisiológicos e psicológicos da
imersão em água aquecida

 Sistema psicológico:

 Restauração da autoestima e da independência


 Redução das tensões
 Diminuição da ansiedade
 Desenvolvimento de habilidades e desempenhos
Efeitos fisiológicos e psicológicos da
imersão em água aquecida

 Sistema circulatório

 Auxilia no retorno venoso; Aumenta DC; Diminuição da P. diastólica

 Sistema respiratório

 Aumento do trabalho respiratório (Imersão até o pescoço)


Efeitos fisiológicos e psicológicos da
imersão em água aquecida
 Sistema musculoesquelético

 Maior distribuição de oxigênio;


 Maior eficiência na remoção de produtos tóxicos do metabolismo muscular;
 Redução do espasmo muscular.

 Sistema nervoso

 Liberação de catecolaminas
 Auxilia o sistema vestibular
 Diminuir a percepção de dor
Efeitos fisiológicos e psicológicos da
imersão em água aquecida
 Sistema renal

 Aumentam a diurese: fluxo sanguíneo renal; sistemas reguladores e sistema


hormonal.
Temperatura
X
exercício terapêutico
Temperatura e exercício terapêutico

 Exercícios de alta intensidade  temperaturas baixas


 Exercícios de baixa intensidade  Temperaturas elevadas
 Os pacientes são incapazes de manter aquecimento central em temperaturas
abaixo de 25ºC.
 Temperaturas acima de 37ºC  Aumenta demandas cardiovasculares
 Temperaturas recomendadas (26ºC a 33ºC)
Temperatura e exercício terapêutico

Treinamento cardiovascular e exercício


aeróbico
• 26ºC e 28ºC

Treinamento aeróbico intenso (80% da


FCM)
• 22ºC e 26ºC
Indicações para o exercício aquático

 facilitar exercícios de ADM


 iniciar o treinamento resistido
 Facilitar descarga de peso
 Melhorar a aplicação de técnicas manuais
 Prover acesso tridimensional ao paciente
 Facilitar exercícios cardiovasculares
 Iniciar simulação de atividades funcionais
 Minimizar risco de lesão ou recidiva
 Favorecer relaxamento do paciente
Precauções e contraindicações

 Precauções:

 Medo da água
 Distúrbios neurológicos
 Convulsões
 Disfunção cardíaca
 Feridas abertas pequenas e cateteres
Precauções e contraindicações

 Contraindicações:

 Insuficiência cardíaca e angina instável


 Disfunção respiratória (capacidade vital < 1L)
 Doença vascular periférica grave
 Perigo de sangramento ou hemorragia
 Doença renal grave
 Feridas abertas, colostomia e infecções de pele
 Incontinência urinária ou fecal
 Doenças transmissíveis pela água e pelo ar
 Convulsões não-controladas
Precauções e contraindicações
Equipamentos para
exercícios aquáticos
Colares, coletes, anéis, cintos e coletes
Barras e halteres flutuadores
Luvas palmares e nadadeiras
Halter, caneleiras e pés de pato
Espaguetes, prancha e banco
Trampolim, step e pranchas de
propriocepção
Esteira, bicicletas e elípticos
Técnicas de terapia
aquática
Técnicas de terapia aquática

 Conceito Halliwick

 Método dos anéis de Bad Ragaz

 Hidrocinesioterapia

 Watsu
Hidroterapia em
ortopedia e
traumatologia
Reabilitação aquática das afecções da
coluna
 Mobilização (Pompagens)
Reabilitação aquática das afecções da
coluna
 Flexibilidade e mobilidade

 Contribui na melhora do encurtamento muscular (DANTAS, 2005)

 Mobilidade pélvica (anteroversão e retroversão)


Reabilitação aquática nas afecções do
joelho
 Protocolo de Cohen (2011)  Reconstrução de LCA

Vídeo

Protocolo de reabilitação para MMSS


Vídeo
Hidroterapia nas lesões
musculoesqueléticas em atletas
 Estratégias para alcançar os objetivos:

 REEQUILÍBRIO MUSCULAR E POSTURAL (Viscosidade e turbulência)


- Contração concêntrica (contra empuxo)
- Contração excêntrica (a favor da flutuação)
- Cadeia cinética aberta e fechada
 RESTAURAÇÃO DA PROPRIOCEPÇÃO
 CONDICIONAMENTO FÍSICO
Referências bibliográficas

 COHEN, M. Fisioterapia aquática. Barueri, SP: Manole, 2011.


 SACCHELLI, T.; ACCACIO, L.M.P.; RADL, A.L.. Fisioterapia aquática. Barueri, SP: Manole,
2007.
 KISNER, C.; COLBY, L.A.. Exercícios terapêuticos: Fundamentos e Técnicas. 5 ed. Barueri,
SP: Manole, 2009.
 BECKER, B.; COLE, A.J. Terapia aquática moderna. São Paulo: Manole, 2000.
 FERNANDES, R.C. Doença do disco intervertebral em trabalhadores da perfuração de
petróleo. Cad. Saúde Pública, 2000, jul-set; 16(3): 661-9.
 WALLER, B. LAMBECK, J. Therapeutic aquatic exercise in the treatment of low back pain: a
systematic review. Clin Rehabil, 2009; 23(1): 3-14.
 WAJCHEMBERG, M. Reabilitação precoce de atletas utilizando hidroterapia após o
tratamento cirúrgico de hérnia discal lombar: relato preliminar de 3 casos. Acta Ortop Bras,
2002; 10(2): 48-57.

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