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A-AA+

 Radioproteção

 Aula 1 - Blindagens

20 minutos

 Aula 2 - Efeitos produzidos pela radiação

23 minutos

 Aula 3 - Limites de exposição

21 minutos

 Aula 4 - Proteção em radiologia

20 minutos

 Referências

5 minutos

Aula 1
BLINDAGENS
Nesta aula, você vai aprender a diferenciar as fontes radioativas
naturais e artificiais, vai conhecer a diferença entre radiação X,
gama, alfa e beta e, pensando em sua segurança no ambiente de
trabalho, vamos aprender como são feitas as blindagens dos
diferentes tipos de radiação.
20 minutos
INTRODUÇÃO
Caro estudante, nesta aula você vai ter contato não somente com conceitos novos sobre
física radiológica de forma teórica, mas também com temas que serão úteis no seu
cotidiano em um setor de imagens médicas de um hospital. Você vai aprender a
diferenciar as fontes radioativas naturais e artificiais, vai conhecer a diferença entre
radiação X, gama, alfa e beta e, pensando em sua segurança no ambiente de trabalho,
vamos aprender como são feitas as blindagens dos diferentes tipos de radiação. Esses
conceitos acompanharão você ao longo da sua trajetória de trabalho. Bons estudos!

RADIOPROTEÇÃO
A radiação tem origem natural ou artificial. A natural é proveniente de elementos
radioativos encontrados na natureza, como em solos, rochas, sedimentos e minérios. A
radiação artificial é gerada em aceleradores lineares, tubos de raios X (como mostra a
Figura 1) e irradiadores de radioisótopos. Essas radiações podem ser aplicadas em
diversas áreas: na medicina, em radiodiagnóstico, radioterapia e medicina nuclear, e na
indústria, como medição de fluxo, densidade, volume e irradiação de alimentos.

Figura 1 | Produção de raios X


Fonte: Suzana (2017, [s. p.]).

A imagem mostra a produção de raios X por processo artificial. Os elétrons são


acelerados por um campo elétrico intenso, pois a ampola de vidro é a vácuo, e a
diferença de potencial em relação à energia cinética dos elétrons é bastante alta. Essa
alta energia cinética faz com que os elétrons colidam com o alvo – no caso da imagem,
o alvo é de tungstênio –, gerando os raios X, que sairão pela janela do tubo. Como
estamos falando em radiodiagnóstico, o efeito que predomina é o fotoelétrico.
O processo de aceleração das partículas ocorre da seguinte forma: dentro do tubo de
raios X estão o cátodo e o ânodo. Cátodo é onde fica um filamento que, quando
alimentado com corrente elétrica gera calor, e quando esse calor excede um certo nível,
começa a emitir elétrons desse filamento – é processo termoiônico. Devido à diferença
de potencial, esses elétrons vão em direção ao alvo (ânodo), e após se chocarem com
este, inicia-se o processo de produção de raios X.
O efeito fotoelétrico ocorre quando um elétron atinge átomos de um material, retirando
elétrons de camadas mais internas e cedendo toda sua energia nesse processo. Após essa
colisão, o elétron que antes estava ligado ao átomo é ejetado da estrutura atômica. A
ejeção do elétron gera uma vacância nesse local, e o elétron da camada mais externa
migra para a lacuna, preenchendo esse espaço. Nessa trajetória ocorre a emissão de um
fóton de raios X, como mostra o esquema da Figura 2:

Figura 2 | Ilustração do efeito fotoelétrico


Fonte: Wikipedia.

A radiação gama ocorre quando núcleos de átomos instáveis emitem essa radiação para
estabilizar. É um processo de desexcitação do núcleo.
A diferença entre os raios X e raios gama é apenas na sua origem. Os raios gama são
emitidos pelos núcleos de átomos instáveis, e os raios X têm sua origem na eletrosfera.
A radiação alfa (α) ocorre quando um elemento radioativo – normalmente elemento com
número atômico (Z) maior que 83 – emite uma partícula com carga +2 e número de
massa igual a 4. Essa partícula também é chamada de núcleo do átomo de hélio, como
mostra a Figura 3:

Figura 3 | Ilustração do decaimento alfa (�)


Fonte: Connor (2020, [s. p.]).

Há dois tipos de decaimento beta: o decaimento �+ e o decaimento �−. O


decaimento �− ocorre quando um núcleo instável está com excesso de nêutrons,
gerando conversão desse nêutron em um elétron que será ejetado do núcleo com um
antineutrino, que não tem carga nem massa. Já o decaimento �+ ocorre quando há um
excesso de prótons dentro no núcleo. O próton será convertido em um pósitron, que será
ejetado do núcleo junto com um neutrino, que não tem carga nem massa. Veja a Figura
4:

Figura 4 | Ilustração do decaimento beta (�)

Fonte: Francisco (2009, [s. p.]).


CONHECENDO OS EFEITOS E SUAS INTERAÇÕES
A radiação artificial é produzida artificialmente. Os aceleradores lineares e os reatores
nucleares são ferramentas para obtenção dos mesmos efeitos das radiações naturais. A
radiação artificial (como a de uma ampola de raios X) não oferece risco à população se
não estiver sendo alimentada por uma fonte de eletricidade. O descarte desse material é
mais simples do que equipamentos com elemento natural selado. As chances de erro por
manuseio e posterior acidente com o elemento radioativo é zero: a radiação artificial
otimizou o procedimento, diminuindo possíveis danos.
A interação da radiação com a matéria é um assunto bastante explorado na área do
radiodiagnóstico, pois os efeitos fotoelétrico, Compton e formação de pares ocorrem em
níveis de energia diferentes, como mostra a Figura 5:

Figura 5 | Gráfico de energia número atômico (Z) por energia (MeV), para os diferentes efeitos
da radiação com a matéria. Efeito fotoelétrico, Efeito Compton e produção de pares

Fonte: Sá et al. (2017, [s. p.]).

O efeito fotoelétrico é predominante para baixas energias e para elementos de número


atômico alto. O efeito Compton tem maior predominância em baixas energias e número
atômico baixo, e energia intermediária com alto número atômico. Por fim, a formação
de pares ocorre em energia alta, acima de 1,022 MeV.
Tempo, distância e blindagem interferem na dose da seguinte maneira:
Tempo: a dose recebida é proporcional ao tempo de exposição e a taxa de dose. Por
exemplo, se temos uma fonte emitindo 1mSv/h, significa que em 1 hora o meio receberá
1mSv; em meia hora 0,5 mSv; em 6 minutos 0,1 mSv e assim sucessivamente.
A intensidade da radiação diminui com o quadrado da distância.
A espessura da blindagem depende do tipo de radiação da atividade da fonte e da taxa
de dose aceitável após a blindagem. Há níveis de dose aceitáveis que acabam
ultrapassando a barreira. Não somente a espessura é importante, mas também com que
tipo de fonte radioativa se está lidando. Por exemplo, se o meio estiver sendo
bombardeado com partículas alfa, não precisará de um colete de chumbo, pois uma
simples folha de papel já bloqueia. É importante conhecer que tipos de blindagem é
aplicada para as diferentes radiações, corpusculares e eletromagnéticas. Veja a Figura 6:

Figura 6 | Poder de penetração das radiações ionizantes

Fonte: Dias ([s. d.], [s. p.]).

As partículas alfas são facilmente bloqueadas por uma simples folha de papel. Já a
partícula beta necessita de uma lâmina de alumínio, e a radiação gama é bloqueada por
um bloco de chumbo ou concreto.
O poder de ionização não é diretamente proporcional ao alcance da partícula. Partículas
carregadas, como as partículas alfa e beta, ionizam muito o meio que atravessam – por
isso o alcance é mínimo, porque a interação é alta. Já as radiações gama e X não têm
carga nem massa, e ionizam indiretamente a matéria do meio que estão atravessando. O
alcance dessas ondas eletromagnéticas é bastante alto.

O DIA A DIA DO TÉCNICO EM RADIOLOGIA


Fontes artificiais de radiação
Os chamados geradores de radiação são os que produzem radiação de forma artificial:

 Tubos de raios X, aceleradores de partículas, fonte de nêutrons, irradiadores de


radioisótopos.
 Fontes seladas: não há contato direto com a fonte. O material radioativo está
encapsulado de forma a não dispersar o material em condições normais de uso.

Geradores de raios X
Geram radiação sem o uso de elementos radioativos. Equipamentos que produzem
radiação sem o uso de materiais radioativos têm alimentação a eletricidade, que é
utilizada para acelerar partículas.
Principais fontes radioativas artificiais:
 Radiação gama: cobalto-60, césio-137, irídio-192.
 Radiação beta: estrôncio-90, fósforo-32, crípton-85.
 Radiação alfa: polônio-210, frâncio-227, amerício-241.

Aplicação na medicina nuclear


As fontes não seladas são utilizadas como traçadores ou para marcarem compostos, e
são fracionadas.
Principais fontes que podem ser fracionadas:

 Carbono-14
 Hidrogênio-3
 Técnécio-99m
 Fósforo-32
 Enxofre-35
 Flúor-18
 Iodo-313
 Gálio-778

Aplicação na radioterapia
A radioterapia fazia o uso de elementos radioativos de forma selada, ou seja, o elemento
radioativo ficava encapsulado. Um feixe era disparado de acordo com a abertura de uma
janela do equipamento, como Cs-137 (césio). Porém, com o avanço da tecnologia, o uso
predominante para tratamento é feito com aceleradores lineares. Esses equipamentos
utilizam feixes eletromagnéticos (raios X de alta energia) capazes de destruir ou impedir
que células tumorais se multipliquem.

Aplicação no radiodiagnóstico
No radiodiagnóstico é utilizada a produção de raios X de forma artificial; o que
modifica em cada modalidade é a energia empregada do feixe eletromagnético, que
varia de acordo com a espessura da área do corpo que se deseja obter a imagem médica.
Por exemplo, na mamografia, a faixa de energia utilizada é de 18 a 35 keV. Nos
equipamentos de raios-X digital ou computadorizado, a faixa de energia utilizada é de
40 a 150keV. Na tomografia de cabeça, por exemplo, a dose empregada equivale a 100
radiografias. O que muda é a energia empregada, e consequentemente a dose.
Os elementos radioativos (radiação natural) são utilizados na medicina nuclear. Um
técnico que trabalhe nesse setor deve conhecer os tipos de decaimento radioativo, o
tempo de meia-vida de uma amostra e os tipos de blindagens adequados para aquele tipo
de radiação. Isso porque o setor que manipula radiofármacos, ou seja, que tem contato
direto com o elemento radioativo.
Já no radiodiagnóstico e na radioterapia, os aceleradores lineares são mais utilizados,
como dito anteriormente; o que diferencia essas modalidades é a faixa de energia
empregada e a aplicação: radiodiagnóstico é para diagnóstico, e radioterapia, para
tratamento. É importante conhecer o tipo de material mais empregado para blindar esse
tipo de radiação. Nas clínicas e hospitais, normalmente usa-se colete de chumbo,
acompanhado de protetor de gônadas, protetor de tireoide e de córnea.
VIDEOAULA
O vídeo abordar assuntos de extrema importância para a sua vivência em um ambiente
hospitalar. Diferencie radiação artificial de natural, compreenda como ocorrem as
radiações alfa, beta, gama e raios X e cuide da sua segurança e de todos que trabalham
com você, conhecendo e diferenciando as blindagens utilizadas para cada fonte
radioativa.

Videoaula

Saiba mais
Prezado estudante, para aprimorar nosso conhecimento segue a indicação de leitura de
um artigo: Proposta de método de inspeção de radioproteção aplicada em instalações
de medicina nuclear. O objetivo deste artigo é implantar um método de inspeção
imparcial e eficiente, visando a utilização de radiações ionizantes no campo da medicina
nuclear.
Link: https://www.scielo.br/j/rb/a/7C4GsmzZ5YnGRNZBcG5rhwn/?
format=pdf&lang=pt.
Aula 2
EFEITOS PRODUZIDOS PELA RADIAÇÃO
Nesta aula você vai aprender os tipos de efeitos produzidos pelas
radiações ionizantes, como é realizado o tratamento de pessoas
contaminadas e como é feito o descarte de rejeitos radiativos.
23 minutos
INTRODUÇÃO
Caro estudante, nesta aula você vai ter contato não somente com conceitos novos sobre
física radiológica de forma teórica, mas também com temas que serão úteis no seu
cotidiano em um setor de imagens médicas de um hospital. Você vai aprender os tipos
de efeitos produzidos pelas radiações ionizantes, como é realizado o tratamento de
pessoas contaminadas e como é feito o descarte de rejeitos radiativos. Além disso, vai
estudar como se prevenir de acidentes com radiação ionizante e como estabelecer a
diferença entre indivíduo irradiado e contaminado. Se você pretende trabalhar em um
ambiente hospitalar, atente-se a esta aula, pois esses conceitos podem garantir a sua
segurança e a de toda a equipe.

EFEITOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES


Neste momento, você já sabe o que significa radiação e conhece tanto a radiação
ionizante e a radiação não ionizante. Vamos começar a pensar em diferentes alcances
para cada energia em trânsito. A radiação sai de um lugar de origem e atravessa objetos
onde irá sofrendo o processo de atenuação até que essa radiação perca toda a sua
energia. Portanto alcance está diretamente ligado a energia, quanto maior a energia,
maior será o alcance.

Efeitos biológicos das radiações ionizantes


Radiações ionizantes, no contexto biológico, são aquelas capazes de ejetar os elétrons
orbitais dos átomos de C, H, O e N. A quantidade de energia depositada por uma
radiação ionizante ao atravessar um material depende da natureza química do material e
de sua massa específica. É importante ressaltar que a absorção de radiações ionizantes
pela matéria é um fenômeno atômico e não molecular.
A transferência linear de energia (TLE) é a grandeza utilizada para caracterizar a
interação das radiações ionizantes com a matéria. É definida como "a quantidade de
energia dissipada por unidade de comprimento da trajetória" e pode ser expressa em
KeV/mm.
As radiações ionizantes de natureza eletromagnética são os raios X (originado nas
camadas eletrônicas) e os raios G (originados no núcleo atômico).
As radiações ionizantes de natureza corpuscular mais utilizadas são os elétrons, as
partículas alfa, nêutrons e prótons.
A energia de uma radiação pode ser transferida para o DNA modificando sua estrutura,
o que caracteriza o efeito direto.
Efeitos indiretos ocorrem em situações em que a energia é transferida para uma
molécula intermediária (água por exemplo) cuja radiólise acarreta a formação de
produtos altamente reativos, capazes de lesar o DNA.
A diferença entre radiação não ionizante e radiação ionizante é que a ionizante tem
energia suficiente para ionizar o meio que atravessa. A energia de uma onda
eletromagnética é determinada pela constante de Planck, multiplicada pela frequência
da onda, como mostra a equação a seguir:

�=ℏ×�

(Eq. 1)

Onde E é a energia; ℚ={�� ; �,�∈ℤ, �≠0} é a constante de Planck que é igual


a 6,62×10−34; e � é a frequência da onda. Essa energia deve ser maior do que a
energia do elétron ligado ao átomo. Se a energia da onda for superior à energia de
ligação do elétron em seu orbital, ocorrerá o processo de ionização.
Além disso, onde há prestação de serviço de imagens médicas, há orientação dos órgãos
de vigilância, os quais exigem que os danos não sejam superiores às vantagens que o
exame oferece (as doses devem ser tão baixas quanto razoavelmente exequíveis).
Como a radiação ionizante ioniza o meio que atravessa, é importante entender como
ocorre processo de interação da radiação com a matéria. Existe a radiação diretamente
ionizante e a indiretamente ionizante.
A diretamente ionizante é a do tipo corpuscular, que tem massa e/ou carga. Como
exemplo temos as partículas alfa, beta, prótons, pósitrons e elétrons.
A indiretamente ionizante não tem massa nem carga; são fótons de raios X e gama.
Destacam-se três processos: efeito Compton, efeito fotoelétrico e formação de pares.
CONHECENDO OS EFEITOS E SUAS INTERAÇÕES
Diferença entre irradiação e contaminação
É comum as pessoas confundirem irradiação e contaminação. A irradiação é empregada
para indicar a exposição externa de organismos, ou parte de organismos, a radiação
ionizante. Já a contaminação se refere à presença indesejável de material radioativo
dentro de um organismo ou material, ou em suas superfícies externas.
Desse modo, a irradiação externa de um corpo pode ocorrer a distância, sem a
necessidade de contato íntimo com o material radioativo.
A contaminação, no entanto, implica o contato com o material radioativo de uma fonte
não selada. Resumindo, uma pessoa irradiada não oferece perigo para outros indivíduos,
apenas ela sofreu os danos da radiação. Já pessoas contaminadas oferecem risco a outras
pessoas, pois ela se torna uma fonte radioativa, e os efeitos da contaminação são mais
severos.

A proteção radiológica de pacientes


A utilização da radiação ionizante para fins diagnósticos ou terapia deve ser feita sob
prescrição médica, em hospital ou clínica, por equipe médica habilitada no uso de fontes
radioativas.
Essas diretrizes são previstas nas diretrizes básicas de proteção radiológica estabelecidas
pela CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear (BRASIL, 2014).
Cabe ressaltar que os limites de doses não se aplicam a exposições médicas de pacientes
nem de acompanhantes e voluntários que eventualmente assistem esses pacientes.
Contudo, as doses devem ser restritas de forma que seja improvável que um
acompanhante ou voluntário receba mais que 5mSv durante o período de exame
diagnóstico ou tratamento do paciente.
No caso de crianças, a dose deve ser restrita para não exceder 1mSv.
A Agência Internacional de Energia Atômica estabelece níveis de referência de dose
para nortear os diversos procedimentos de diagnóstico em medicina nuclear,
empregando diferentes radiofármacos, bem como exames envolvendo tomografia
computadorizada, radiografias e fluoroscopia.

Gerência de rejeitos radioativos


O descarte/gerência de rejeitos radioativos tem como principal objetivo a proteção dos
seres humanos e a preservação do meio ambiente, limitando, assim, possíveis impactos
radiológicos para gerações futuras. A gerência consiste em técnicas de coleta,
tratamento, acondicionamento, manuseio, segregação, transporte, armazenamento,
controle e dispensa.
De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (UFGRS, 2006), a gerência
de rejeitos radioativos está fundamentada em nove princípios:

 Princípio 1: Proteger a saúde humana.


 Princípio 2: Proteger o meio ambiente.
 Princípio 3: Proteger além das fronteiras do país.
 Princípio 4: Proteger gerações futuras.
 Princípio 5: Não transferir ônus indevidos às gerações futuras.
 Princípio 6: Estabelecer no país estrutura legal apropriada.
 Princípio 7: Minimizar a geração de rejeitos.
 Princípio 8: Levar em consideração a interdependência entre geração e gerência
de rejeitos.
 Princípio 9: Garantir a segurança de instalações de gerenciamento de rejeitos
radioativos.

As autoridades de cada país estabelecem limites de dose, que devem respeitados. Os


limites de dose individuais são baseados na presença de uma instalação nuclear.
Assim, um valor correspondente a apenas uma fração do limite de dose individual para
o público é normalmente adotado pela autoridade competente, valor esse que
corresponde a uma restrição de dose relacionada ao material radioativo a ser
dispensado.
A norma da CNEN-NN-8.01 (BRASIL, 2014) estabeleceu valores de atividade e
concentração para materiais radioativos sólidos e líquidos.

APLICAÇÃO DOS PERIGOS DA RADIAÇÃO


Como já foi dito, a contaminação radioativa é o contato e a retenção o material
radioativo, geralmente em forma liquida ou em pó. Esse evento pode ocorrer de forma
inalatória, penetração de algum orifício da pele ou ingestão. A contaminação pode ser
externa ou interna.
Em relação a acidentes com compostos radioativos em ambiente hospitalar, as diretrizes
são as seguintes: agências credenciadas ordenam que todos os hospitais tenham
protocolos e que o pessoal seja treinado para tratar contaminação radioativa. No
momento em que se identifica uma contaminação radioativa em um paciente, deve-se
isolá-lo imediatamente em uma área designada, iniciar o processo de descontaminação e
notificar um oficial de segurança em radiação do hospital. Além disso, informar oficiais
da saúde pública, equipes de materiais perigosos e agências executoras das leis
apropriadas para investigar a fonte da radioatividade.
Inicialmente, as áreas superficiais devem ser tratadas com cobertura de filmes plásticos
para facilitar a descontaminação. Instrumentos de medição de radiação (como um
contador Geiger) e demais devem estar prontamente disponíveis.
Todos os equipamentos que tiverem contato com o quarto ou paciente (incluindo os
equipamentos utilizados na ambulância) devem ficar isolados até que os níveis de
radiação não ofereçam perigos a sociedade.
Os profissionais envolvidos no processo de descontaminação e transporte dos pacientes
precisam seguir as precauções padrão, usando capas, máscaras, roupões, luvas e
proteção nos calçados.
Fica evidente a necessidade de conhecer a fundo os tipos de blindagens a serem
utilizadas em diferentes tipos de radiação. Conhecer com que tipo de contaminação
você está lidando determinará os procedimentos de descontaminação.
Todas as proteções usadas nesse processo devem ser colocadas em sacos ou recipientes
especialmente identificados. Dosímetros devem monitorar a exposição à radiação.
O paciente contaminado não fica em quartos normais do hospital. Assim como as salas
das áreas radiológicas, os quartos que acolhem pessoas contaminadas têm as paredes
blindadas e o esgoto dos banheiros controlados (não fica junto do esgoto municipal).
Tudo que o paciente toca, excreta e veste é controlado, para que colocar outras pessoas
em risco.
A contaminação externa ocorre pela pele ou roupa, e pode cair em objetos ou no solo,
contaminando outras pessoas e objetos. A contaminação interna, por sua vez, ocorre
quando o material radioativo age dentro do corpo do indivíduo. A contaminação interna
é muito séria, pois o indivíduo contaminado internamente torna-se uma fonte radioativa.
Conhecer os instrumentos de medição de cada tipo de radiação, as diretrizes impostas
por órgãos de vigilância em casos de acidente, os diferentes protocolos de
descontaminação para diferentes tipos de elementos radioativos e como descontaminar
um paciente sem se contaminar são assuntos que farão diferença em seu ambiente de
trabalho, pois sua profissão, a depender da área hospitalar em que você trabalha, tem as
responsabilidades aumentadas quando há uso de radiações ionizantes.

VIDEOAULA
O vídeo abordar assuntos de extrema importância para a sua vivência em um ambiente
hospitalar. Saber os tipos de efeitos produzidos pela radiação é importante, pois cada
tipo de radiação oferece um risco diferente para o indivíduo contaminado. Assim, você
saberá como tratar um paciente contaminado sem colocar a sua saúde em risco, além de
conhecer o descarte de material radioativo.

Videoaula

Saiba mais
Caro estudante, chegou o momento de aprimorar seu conhecimento, para isso o
fundamental é sempre estar atualizado, desta forma segue a sugestão de leitura de um
artigo: Efeitos da radiação solar crônica prolongada sobre o sistema imunológico de
pescadores profissionais em Recife (PE), Brasil.
Neste artigo, você aprenderá que existe um consenso de que a exposição à radiação
ultravioleta determina alterações no sistema imunológico da pele, o que permite que se
avente a hipótese de que a exposição prolongada e crônica ao Sol pode representar uma
das maiores agressões ambientais à saúde humana.
Link: https://www.scielo.br/j/abd/a/cgQyZpvM3K4BZKsXm3qFSCM/?
format=pdf&lang=pt.
Aula 3
LIMITES DE EXPOSIÇÃO
Nesta aula, você vai aprender as diferentes formas de blindagem
para os diferentes tipos de radiações ionizantes, aprenderá os
limites de doses em determinados tecidos e órgãos, além de
conhecer os limites utilizados para o tratamento de tumores
epiteliais.
21 minutos
INTRODUÇÃO
Caro estudante, nesta aula você vai ter contato não somente com conceitos novos sobre
física radiológica de forma teórica, mas também com temas que serão úteis no seu
cotidiano em um setor de imagens médicas de um hospital. Você vai aprender as
diferentes formas de blindagem para os diferentes tipos de radiações ionizantes,
aprenderá os limites de doses em determinados tecidos e órgãos, além de conhecer os
limites utilizados para o tratamento de tumores epiteliais.

EFEITOS DAS BLINDAGENS A RADIAÇÕES IONIZANTES


Sabemos que a radiação ionizante utilizada sem controle pode causar inúmeros danos
biológicos, portanto, uma das formas mais comuns para se evitar a radiação de fuga de
clínicas, hospitais, laboratórios e consultórios que trabalham com essa radiação é a
blindagem contra a radiação.
Blindagem
A blindagem é definida como qualquer proteção ou barreira física. A blindagem contra
radiação ionizante tem o mesmo o princípio, porém é feita para barrar os raios com altas
energias.
Essa blindagem é uma medida de segurança obrigatória, regulamentada pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) referente à Portaria 453/98, substituída
recentemente pela RDC 330.
A radiação não ionizante possui uma energia relativamente baixa, e não oferece risco
aos seres humanos. É composta pelas ondas de rádio, calor e som.
A radiação ionizante é aplicada nos exames de diagnóstico, em equipamentos de raios-
X, tomografia computadorizada, mamografia, densitometria óssea, e em tratamentos,
como no caso da radioterapia.
Também é usada em outros procedimentos, tanto na medicina humana quanto na
veterinária, com o intuito de facilitar o diagnóstico e tratar inúmeros problemas, como
tumores e fraturas.
Porém, como se trata de algo que pode ocasionar danos teciduais, é importante conhecer
a dosagem, o tempo de exposição e o tipo de radiação, para não colocar os pacientes em
risco, submetendo-os a doses desnecessárias.
Sem a blindagem correta o paciente fica exposto a risco, pois aumenta-se a dose de
forma desnecessária. Existem as blindagens inerente aos aparelhos, aquelas que blindam
a saída de feixes que não contribuirão para a imagem ou tratamento, e as blindagens
adicionais, colocadas segundo o exame a ser feito. Tudo para que o paciente receba
apenas a dose necessária para que o exame ou tratamento ocorra.
As blindagens são imprescindíveis para a proteção de acompanhantes, pacientes e
principalmente dos profissionais que estão trabalhando com esse tipo de radiação todos
os dias.
Como é feita a blindagem?
O material mais utilizado no caso de radiação eletromagnética é o chumbo, devido à alta
capacidade de propagação e alcance dessas radiações, gama e radiação X.
Esse material está presente nos lençóis de chumbo, mantas protetoras, paredes, portas,
biombos, visores da central de comando e em vários outros equipamentos de proteção
radiológica.
O ferro e o concreto também servem para bloquear a passagem das radiações, porém,
para uso pessoal, são inviáveis. Os materiais são usados nas paredes das salas.
Limiar de dose é o limite de dose, e em caso de extrapolar esse limite, danos
irreversíveis à estrutura são causados. Quando não há um limiar para o dano causado
para a radiação, tratamos como efeito probabilístico, como os efeitos estocásticos. Nesse
tipo de efeito, trabalhamos com a probabilidade de futuramente ocorrer um dano
biológico. Quando há um limiar de dose e esse limiar é ultrapassado, ocorre o efeito
determinístico. Nesse caso, há morte celular no local da lesão e o dano causado é
irreversível. Cada órgão tem um limite de dose para que não haja o efeito
determinístico, como mostra o Quadro 1:

Quadro 1 - Efeitos determinísticos – Limiares de dose (ICRP 103 – Efeitos teciduais)


Dose total Dose total recebida em Taxa de dose anual
recebida numa exposições fracionadas se a exposição for
exposição única e ou prolongadas no prolongada
Tecido Efeito
breve (Sv) tempo (Sv). (Sv/ano)

- Esterilidade
temporária
0,15 0,4

Testículo - Esterilidade Não determinado


permanente 3,5 – 6,0 2,0

Ovário Esterilidade 2,5 – 6,0 6,0 >0,2

- Opacidade 0,5 – 2,0 5 >0,1

Cristalino
- Cataratas 5,0 >8 >0,15

Depressão
hematopoiética
Medula óssea 0,5 Não determinado >0,4
Fonte: Santiago ([s. d.], [s. p.]).

CONHECENDO OS EFEITOS E SUAS INTERAÇÕES


A espessura e material da blindagem dependem do tipo de radiação da atividade da
fonte e da taxa de dose aceitável após a blindagem. Há níveis de dose aceitáveis que
acabam ultrapassando a barreira. Não somente a espessura é importante, mas também
com que tipo de fonte radioativa se está lidando. Por exemplo, caso um corpo seja
bombardeado com partículas alfa, não será necessário o uso de um colete de chumbo,
uma simples folha de papel basta. É importante conhecer que tipo de blindagem é
aplicada para as diferentes radiações, corpusculares e eletromagnéticas. Veja a Figura 1:

Figura 1 | Poder de penetração das radiações ionizantes


Fonte: Dias ([s. d.], [s. p.]). Fonte: Prepara ENEM. Disponível
em: https://www.preparaenem.com/quimica/calculo-particulas-alfa-beta.htm. Acessado em
24/12/2021.

As partículas alfa são facilmente bloqueadas por uma simples folha de papel. Já a
partícula beta necessita de uma lâmina de alumínio, e a radiação gama é bloqueada por
um bloco de chumbo ou concreto.
O poder de ionização não é diretamente proporcional ao alcance da partícula. Partículas
carregadas, como as partículas alfa e beta, ionizam muito o meio que atravessam – por
isso o alcance é mínimo, porque a interação é alta. Já as radiações gama e X não têm
carga nem massa, e ionizam indiretamente a matéria do meio que estão atravessando. O
alcance dessas ondas eletromagnéticas é bastante alto.
Os danos causados pelo excesso de radiação são:

 Efeitos somáticos: surgem nas células do próprio indivíduo, e não passam para
seus descendentes.
 Efeitos genéticos: são transferidos aos descendentes.

O período de latência é o intervalo de tempo entre a irradiação e o aparecimento dos


sintomas causados pela radiação. Esse tempo pode ser de até 40 anos. No caso da
leucemia, a frequência passa por um máximo de cinco a sete anos.
Qual é o limite de dose para causar danos irreversíveis dos diferentes tecidos do corpo?

 Doses > 50 GY: danificam o sistema nervoso, causando morte em poucos dias.
 Doses < 8GY: ocasionam sintomas da doença causada por radiação (síndrome
aguda da radiação: náusea, vômitos, diarreia, cólicas intestinais, salivação,
desidratação, fadiga, apatia, letargia, sudorese, febre, dor de cabeça, pressão
baixa, problemas na medula óssea).

Tumores epiteliais
Normalmente são tratados em baixas energias. A energia do feixe é diretamente
relacionada com a penetrabilidade do feixe. Já que estamos falando de lesão epitelial, na
parte da superfície do corpo, os níveis de energia não são elevados.
Os limites de radiação de cada tecido, quando comparados aos níveis de dose
empregados no radiodiagnóstico, são bastante altos. A faixa de energia empregada no
radiodiagnóstico é baixa, e a dose empregada não chega perto dos limites dos órgãos ou
tecidos. Contudo, a radioterapia trabalha com o limiar de dose, pois o objetivo desse
tratamento é matar o tumor de um determinado local.

APLICAÇÃO E COTIDIANO EM UM SETOR DE RADIOLOGIA


Na rotina hospitalar, você vai trabalhar com uma equipe multidisciplinar, e todos devem
estar cientes dos protocolos de proteção radiológicas. Dentro de um setor de radiologia,
os diferentes tipos de profissionais são denominados para a proteção radiológica como
IOE.
O que é um IOE?
IOE significa Indivíduo Ocupacionalmente Exposto. A prática de IOE envolve a
exposição normal ou potencial de indivíduos a quaisquer atividades humanas que
introduzam fontes de exposição, vias de exposição adicionais ou que estendam a
exposição a mais pessoas. De acordo com a obrigatoriedade, o IOE deve utilizar um
dosímetro, que mede a dose recebida em um intervalo de tempo, e deve receber um
adicional de 30% de seu salário, que corresponde à periculosidade. Qual é o limite
tolerável de exposição à radiação? A dose de exposição ocupacional é de
responsabilidade do profissional da área de radiologia, não podendo o profissional
aceitar dose que ultrapasse o limite anual estabelecido pela Comissão Nacional de
Energia Nuclear – CNEN (BORGES, 1997).
Cada tecido tem seus próprios limites definidos, portanto, para o cálculo da estimativa,
cada tecido ou órgão tem um fator de ponderação para determinar a dose efetiva ou para
o cálculo de todo o corpo, de acordo com a Comissão Internacional de Proteção
Radiológica – ICRP (CENEN, 2018).
Os fatores da ICRP 60 são estabelecidos na norma NN 3.01, que são as Diretrizes
Básicas de Proteção Radiológicas da CNEN estabelecidas no ano de 2011. (CENEN,
2014).
Os valores dos limites variam com o tempo, e dependem do estado de desenvolvimento
da prática de radioproteção no mundo ou em um determinado país, dos limites de
detecção dos equipamentos que medem as grandezas operacionais vinculadas às
grandezas primárias estabelecidas em norma e das prioridades estabelecidas pelos
grupos humanos em determinada época.
A lei deve ser estritamente observada. Dessa forma, acidentes de trabalho, que podem
causar danos a pessoas, materiais e meio ambiente, são evitados. É importante saber que
a radiação – especialmente a radiação ionizante – pode causar diferentes efeitos
biológicos nas pessoas a ela expostas, dependendo da dose de exposição. Se você deseja
evitar todos os efeitos da radiação ionizante no local de trabalho, precisa de serviços de
proteção radiológica cuidadosamente preparados. Um plano de proteção radiológica
detalhado e eficaz é essencial, quando se trabalha em uma indústria ou hospital que os
utiliza. No processo, de acordo com a regulamentação da CNEN (2018), todos os
profissionais expostos à radiação devem estar totalmente protegidos.
A ANVISA, CNEN, ICRP possuem os protocolos de proteção radiológica bem
detalhados. Além de conhecer os danos causados pela radiação, a interação da radiação
com a matéria e os tipos de blindagens para os diferentes tipos de radiações ionizantes,
você deve conhecer quais órgãos de vigilância fiscalizam esse tipo de trabalho e quais
as normativas e diretrizes propostas por eles.

VIDEOAULA
O vídeo aborda assuntos de extrema importância para a sua vivência em um ambiente
hospitalar. Conhecer os tipos de efeitos produzidos pela radiação, as diferentes formas
de blindagens e para que elas existem, além de saber quem são os indivíduos
ocupacionalmente expostos (IOEs) em conhecer os limites de doses estabelecidos pelos
órgãos de vigilância, certamente fará de você um melhor profissional.

Videoaula

Saiba mais
Prezado estudante, para aprimorar seus estudos, e compreender um pouco mais sobre
quantidade de doses de radiação, segue a sugestão de leitura do artigo: Estudo de dose e
risco relativo de indivíduos ocupacionalmente expostos em procedimentos
intervencionistas.
Este artigo científico estima a dose ocupacional efetiva e o risco relativo de mortalidade
por leucemia e câncer digestivo, por meio do estudo de dose nas regiões anatômicas
mais radiossensíveis (cristalino, tireoide, tórax e gônadas) dos profissionais envolvidos
em procedimentos de angiografia intervencionista.
Disponível em: https://www.rbfm.org.br/rbfm/article/view/213. Acesso em: 11 mar.
2022.
Aula 4
PROTEÇÃO EM RADIOLOGIA
Nesta aula você irá aprender como funciona a proteção dos
pacientes, as proteções para o operador e o funcionamento da
biossegurança em radiologia.
20 minutos
INTRODUÇÃO
Caro estudante, nesta aula você vai ter contato não somente com conceitos novos sobre
física radiológica de forma teórica, mas também com temas que serão úteis no seu
cotidiano em um setor de imagens médicas de um hospital. Nesta aula você irá aprender
como funciona a proteção dos pacientes, as proteções para o operador e o
funcionamento da biossegurança em radiologia. Não perca esta aula: os assuntos
abordados são importantes para sua segurança em um setor de radiologia hospitalar.

EFEITOS DAS BLINDAGENS A RADIAÇÕES IONIZANTES


Se você está estudando para se tornar um profissional em um setor de radiologia, é
importante conhecer os cuidados básicos que você precisa saber para não colocar a sua
saúde e de outros em risco. Uma delas é a blindagem de fontes radioativas.
Primeiro, é importante desmascarar todos os mitos que as pessoas têm sobre a radiação,
trabalhando ou não com uma fonte radioativa. O medo vem da falta de conhecimento,
por isso é perfeitamente normal sentir-se apreensivo quando ouvir falar de radiação. Na
verdade, a radiação precisa ser tratada com cautela. A exposição a níveis excessivos
pode levar a danos celulares e até a morte, mas isso raramente acontece porque a
legislação brasileira é muito rígida quanto à proteção radiológica na segurança do
trabalho. Entenda de uma vez por todas que se você seguir as normas de proteção contra
radiação, estará mais exposto à radiação ao voar em um avião do que ao trabalhar ao
lado de um medidor de radiação.
A proteção radiológica coloca três fatores importantes para serem considerados para os
trabalhadores que utilizam radiação ionizante em sua rotina, são elas:

 Tempo de exposição a fontes radioativas.


 Distância das fontes radioativas.
 Blindagem de fontes radioativas.

O que é blindagem de fonte radioativa?


Os trabalhadores que utilizam fontes ou geradores de radiação ionizante em seu
cotidiano, devem ter procedimentos técnicos cuidadosamente projetados para atingir os
objetivos da missão e mantê-los protegidos contra exposição desnecessária ou acidental.
Em alguns casos, principalmente quando se opera com fontes fortes ou altos níveis de
radiação, além de colimadores, aventais, labirintos e outros equipamentos que
bloqueiem a radiação, como os EPIs. Uma blindagem de fonte é qualquer material que é
colocado entre uma fonte radioativa e uma pessoa, objeto ou ambiente para atenuar a
quantidade de radiação emitida pela fonte radioativa. A escolha do material de
blindagem depende do tipo de radiação, atividade da fonte e taxas de dose aceitáveis
fora do material de blindagem.
É importante que todo IOE (Indivíduo Ocupacionalmente Exposto) que irá trabalhar
com uma fonte radioativa seja treinado, dosimetrado (utilize o dosímetro), ciente dos
riscos, equipamentos adequados para que ocorra a monitoração fiel das dosagens de
radiação.
Dependendo da dose e da forma de resposta, a radiação pode ter uma variedade de
efeitos biológicos em indivíduos expostos à radiação. Portanto, a melhor forma de evitar
os efeitos das radiações ionizantes em um ambiente de trabalho é por meio de serviços
de proteção radiológica bem preparados. Caso sua equipe possua um IOE, é necessário
desenvolver um plano de proteção radiológica detalhado e eficaz para que todos os
profissionais expostos à radiação recebam proteção adequada de acordo com as normas
da CNEN.
O uso de EPIs (equipamentos de proteção individuais) e o treinamento adequado dos
técnicos do setor de radiologia garantem a segurança tanto dos profissionais quanto dos
pacientes.

CONHECENDO OS TIPOS DE PROTEÇÕES INDIVIDUAIS


Toda e qualquer exposição da radiação ionizante é um risco aos profissionais que atuam
cotidianamente nessa área e aos pacientes. Nenhum limiar de dose é tratado como se
não trouxesse danos a saúde. Portanto, os equipamentos devem estar calibrados e com
as manutenções preventivas e preditivas em dia.
A proteção radiológica deve ser buscada não somente pelos órgãos de segurança ou pelo
supervisor de radioproteção, mas também pelos profissionais que trabalham na área,
garantindo a proteção não somente da sua própria saúde, como também de todos os
pacientes que passam pelo setor.
EPIs utilizados
 Protetores de tireoide: como a glândula é sensível à radiação, é essencial que
profissionais da área de radiologia usem o protetor em seu dia a dia. É colocado
em volta do pescoço.
 Aventais de chumbo: o mais conhecido EPI, cujo objetivo é proteger toda a
região do tórax e abdômen. Pode ser usado tanto pelos profissionais quanto pelo
paciente, dependendo do exame de imagem. Pensa cerca de cinco quilos.
 Óculos plumbíferos: óculos com chumbo em sua composição. As lentes
recebem uma mistura de vidro e chumbo que consegue garantir a visibilidade e
proteger o profissional ao mesmo tempo.
 Protetor de gônadas: esse órgão tão sensível e responsável pela produção das
células germinativas deve ser muito protegido. A exposição desses órgãos à
radiação ionizante pode causar esterilidade.

Todos os equipamentos de proteção devem ser registrados pela Agência Nacional de


Vigilância Sanitária (ANVISA), pois é esse órgão que vai assegurar a eficiência do
equipamento.
A segurança do paciente é de responsabilidade do técnico em radiologia. Portanto, esse
profissional, deve ter o suporte do hospital ou clínica, tanto no quesito processo do
exame como na infraestrutura local.
O técnico deve estar atento à identificação do paciente, ao preparo e às condições de
saúde, ter certeza de que os equipamentos utilizados estão calibrados corretamente e
dentro dos padrões estabelecidos e posicionar corretamente o paciente. Tudo isso para
que não seja feito exame errado e o paciente tenha que ser submetido a novo exame,
sendo submetido a uma dose desnecessária.
Toda tecnologia que utiliza a radiação ionizante traz custo e risco para a sociedade. Sua
aplicação na medicina e na indústria não foge dessa regra. A radiação ionizante pode ser
prejudicial à saúde humana quando não aplicada corretamente. Logo, as atividades de
radioproteção seguem três princípios fundamentais:

 Justificativa da prática: os benefícios gerados pelo uso da radiação devem ser


maiores que os danos causados na sua aplicação. No radiodiagnóstico, essa
justificação é feita para cada indivíduo considerando sua necessidade.
 Otimização da proteção radiológica: o intuito é preservar a segurança e a
saúde dos indivíduos expostos à radiação ionizante. Isso é valido para
profissionais, pacientes e público geral.
 Limitação de doses individuais: esse conceito é aplicado aos IOEs (indivíduos
ocupacionalmente expostos) e para o público em geral. Não é aplicado para os
pacientes. Os limites são calculados anualmente.

Considera-se proteção radiológica a prevenção de acidentes nos locais de trabalho.


Todos os riscos devem ser considerados e analisados no projeto das instalações e nas
aplicações, Sempre a fim de minimizar a probabilidade de ocorrência de acidentes.

APLICAÇÃO E COTIDIANO EM UM SETOR DE RADIOLOGIA


Os riscos que existem em uma clínica de radiologia sem biossegurança adequada, são
silenciosos e podem levar a problemas de longo prazo. A exposição contínua sem o uso
de EPIs tem a capacidade de alterar o DNA das células humanas. Também pode levar ao
câncer ou outras complicações, como infertilidade, catarata e eritema. Isso ocorre
porque o sistema reprodutor, olhos, tireoide e medula óssea são os órgãos mais sensíveis
à radiação. A evolução tecnológica não só melhorará a qualidade da imagem dos
equipamentos de diagnóstico por imagem, mas também melhorará a biossegurança dos
profissionais e pacientes expostos por meio de uma série de ações e EPIs. Novos
equipamentos foram e estão sendo desenvolvidos para realizar exposições com cada vez
menos radiação ionizante. No entanto, as preocupações com a biossegurança e o uso
profissional de EPI não podem ser ignorados.

Biossegurança em radiologia
É um conjunto de medidas desenvolvidas para garantir que profissionais e pacientes
fiquem seguros em relação a possíveis riscos da radiação ionizante. Já sabemos que a
exposição à radiação ionizante sem proteção adequada pode causar inúmeros danos
biológicos, como eritema, infertilidade, catarata e o desenvolvimento de neoplasias
malignas.
Porém, o maior desafio é quanto a pessoas que continuamente ficam expostas aos riscos
oferecidos pelas radiações ionizantes, como os profissionais em radiologia. A radiação é
silenciosa, inodora, incolor e indolor, e muitos profissionais acabam negligenciando os
cuidados durante o cotidiano.
Logo, é importante não descuidar da proteção. Trabalhar com cautela, preocupando-se
com a biossegurança é a única maneira de garantir que os benefícios do uso da radiação
ionizante superem os riscos causados por ela.
A biossegurança não inclui apenas as medidas para prevenir os danos causados pela
radiação ionizante aos seres humanos, mas também inclui medidas que minimizam os
danos causados por contaminação ao meio ambiente. Um descarte de material
radioativo sem os cuidados necessários, pode colocar em risco o meio ambiente por
muitos anos, através das contaminações dos solos, águas e plantio (contaminação), além
da preocupação com a exposição (irradiação).
Guarde muito bem esses conceitos de proteção radiológica e biossegurança, pois como
já falado anteriormente e sempre é válido relembrar. A radiação ionizante é danosa para
a nossa saúde e nunca deve ser negligenciada. Normalmente temos o costume de achar
que se fizermos uma vez ou outra, não iremos sofrer com os danos, mas para você que
irá trabalhar em um setor por muitos anos, não pode subestimar o poder de dano da
radiação ionizante. Tenha sempre em mente a sua segurança e de todos os profissionais
da área de imagens. Pois você será o principal profissional que poderá minimizar
possíveis acidentes de acordo com a sua conduta. Você é o responsável por manusear,
posicionar o paciente e seguir com os procedimentos da proteção radiológica.

VIDEOAULA
O vídeo aborda assuntos de extrema importância para a sua vivência em um ambiente
hospitalar. Saber como funciona a blindagem nos diferentes tipos de EPIs
(equipamentos de proteção individuais), compreender o papel do técnico em radiologia
no setor de imagens médicas e conhecer os conceitos de biossegurança tornará você um
profissional diferenciado, capaz de proteger sua saúde e a de todos do setor.

Videoaula
Saiba mais
Caro estudante, quando falamos sobre os equipamentos de proteção, é fundamental o
conhecimento de cada um deles, e para qual finalidade de proteção são utilizados. Desta
forma segue a indicação da leitura do artigo: Avaliação dos riscos ocupacionais de
trabalhadores de serviços de radiologia.
Link: https://www.scielo.br/j/rb/a/v4YRRyM8gDG9q7F48mntrnt/?
format=pdf&lang=pt.
REFERÊNCIAS
5 minutos

Aula 1
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Aula 2
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TAUHATA, L.; SALATI, I.; PRINZIO, R. di; PRINZIO, A. R. di. Radioproteção e
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Aula 3
BORGES, J. C. Borges. Avaliação do contexto legal das atividades com radiações
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Aula 4
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Radioproteção e Dosimetria Comissão de Energia Nuclear do Rio de Janeiro, Rio de
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