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FÍSICA DAS RADIAÇÕES,

RADIOPROTEÇÃO E
EFEITOS BIOLÓGICOS DA
RADIAÇÃO
Gustavo Paulo
Tec. Em radiologia
Clique para editar o estilo do
Tec. Em radioterapia
subtítulo mestre
O que é Medicina Nuclear?
 Modalidade da Medicina direcionada ao estudo, através do
uso da radiação, de anomalias metabólicas e funcionais;
Ela também pode envolver procedimentos terapêuticos, mas
tem no diagnóstico de patologias funcionais sua principal
ação.
O que é Radiação?
 Propagação de energia através de partículas ou Ondas
Eletromagnéticas.
Radiação
 Não ionizante: Não possui energia
suficiente para arrancar elétrons de um
átomo.

 Ionizante: Possui energia suficiente para


arrancar elétrons de um átomo.

 MEDICINA NUCLEAR: raios gama e


partículas carregadas
Estrutura da Matéria
 Matéria => Moléculas => Átomos => Partículas
Subatômicas
Estrutura Da Matéria
Estrutura Da Matéria
 Nucleons:

Núcleo: As cargas positivas se repelem,


porém a força nuclear forte mantém o
núcleo unido. FNF é cerca de 100 vezes
maior que a força de repulsão dos
prótons.

Para retirar um nucleon do núcleo é


necessário romper a força de ligação
nuclear.
Estabilidade Do Núcleo
 Núcleos estáveis tem uma razão ótima entre o nº de
prótons e nêutrons.

Linha de Estabilidade
Classificação dos Elementos
Núcleos Instáveis
 Ocorrerá um reajuste para tentar atingir a estabilidade,
ejetando uma parte do seu núcleo o emitindo energia em
forma de fótons (raios gama).

 Processo conhecido como Decaimento Radioativo.

 O tipo de decaimento irá depender de qual das regras de


estabilidade nuclear foi violada.

Razão p/n instável


Nº apropriado de Nucleons, porém
Massa Nuclear excessiva
excesso de energia.
Decaimento Radioativo
 Massa Nuclear Excessiva:
Em algumas circunstâncias, o núcleo do
átomo instável pode se dividir em
fragmentos menores, e geralmente libera
de 2 a 3 nêutrons.

FISSÃO NUCLEAR
Decaimento Radioativo
 Razão p/n instável:
 i) Excesso de Nêutrons

Nêutron se transforma em próton, liberando β−(négatron) e


um antineutrino.
Decaimento Radioativo
 Razão p/n instável: Emissão de pósitron
 ii) Excesso de Prótons

Captura Eletrônica

Próton se transforma em nêutron, liberando β+(pósitron) e


um neutrino.
Decaimento Radioativo
 Razão p/n instável: Emissão de pósitron
 ii) Excesso de Prótons

Captura Eletrônica

Próton se transforma em nêutron, através da


captura de um elétron da camada mais interior.
Decaimento Radioativo
 Nº apropriado de Nucleons, porém excesso de
energia:

Núcleo se encontra em um estado excitado, portanto é


necessário que ocorra uma transição isomérica

Emissão Gama Conversão Interna


Decaimento Radioativo
 Nº apropriado de Nucleons, porém excesso de
energia:

Emissão Gama
Decaimento Radioativo
 Nº apropriado de Nucleons, porém excesso de
energia:
Conversão Interna

Quando a emissão de um elétron de um átomo


causa a emissão de um segundo elétron, este
segundo elétron é chamado elétron Auger.
Esquema de Decaimento
Interação dos Fótons Com a Matéria

Efeito Compton Produção de Pares

Efeito Fotoelétrico
Interação dos Fótons Com a Matéria

Efeito Compton
Interação dos Fótons Com a Matéria

Efeito Fotoelétrico
Interação dos Fótons Com a Matéria

Efeito Fotoelétrico

Raio X Característico
Interação dos Fótons Com a Matéria

Produção de Pares
Interação dos Fótons Com a Matéria
Probabilidade de Interação
Atenuação dos Fótons na Matéria
Poder de Penetração da Radiação
 Descreve o potencial de penetração em um meio material.
Poder de Penetração da Radiação
 Medicina Nuclear: Diagnóstico X Terapia

 Na medicina nuclear diagnóstica raios gama (tecnécio-99m,


índio-111, tálio-201, iodo-123 e gálio-67) ou radioisótopos
emissores de pósitrons (flúor-18, carbono-11, nitrogênio-13 e
oxigênio-15) são utilizados.

 Na terapia, principalmente raios beta emissores de


radioisótopos (iodo-131, rênio-186/188, ítrio-90, estrôncio-89
e samário-153) são utilizados.
Radioatividade

A radioatividade é definida como a


capacidade que alguns elementos
fisicamente instáveis possuem de emitir
energia sob forma de partículas ou radiação
eletromagnética.
Lei do Decaimento Radioativo
 Função que descreve quantos núcleos radioativos
existem em uma amostra a partir do conhecimento do
número inicial de núcleos radioativos e da taxa de
decaimento.
Lei do Decaimento Radioativo
 A taxa de mudanças dos átomos instáveis em um determinado
instante é denominada ATIVIDADE.

Constante de Decaimento
Lei do Decaimento Radioativo
 Meia Vida: A(t) = A(0)/2

 Vida Média: média


aritmética do tempo de
vida de todos os átomos
de uma determinada
massa deste isótopo.
Como consequência, a
vida média é o tempo
médio que um isótopo
instável leva para decair.
História da Radiação Ionizante
Descoberta dos Raios-x
Descoberta da Radioatividade
Descoberta da Radioatividade
Divulgação Do Uso da Radiação
Descoberta de “tratamentos”
HISTÓRIA
HISTÓRIA
USO
INDISCRIMINADO
DA RADIAÇÃO
Primeiros Usos Da Radiação
Primeiros Usos Da Radiação
Primeiros Usos Da Radiação
Primeiros Usos Da Radiação
Primeiros Usos Da Radiação
Primeiros Usos Da Radiação
Efeitos Obsevados
MEDO DA
RADIAÇÃO!
Efeitos Observados
Efeitos Observados
Efeitos Observados
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
 A radiação perde energia para o meio
provocando ionizações
 Os átomos ionizados podem gerar:
Alterações moleculares

Danos em órgãos ou tecidos

Manifestação de efeitos biológicos


EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
MECANISMOS DE AÇÃO
 Possibilidades da radiação incidindo em uma
célula:
 Passar sem interagir
 Atingir uma molécula:
 Não produzir dano
 Produzir dano.
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
MECANISMOS DE AÇÃO
Possibilidades da radiação incidindo em uma célula:
- Atingir uma molécula:
- Produzir dano:

 Reversível
 Irreversível
Pode ou não levar à indução de efeito biológico
 morte celular
 reprodução - perpetuação do dano.
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
MECANISMOS DE AÇÃO
 A cada possibilidade está associada uma
probabilidade diferente de zero

 O fenômeno da indução de efeitos biológicos pela


interação da radiação com organismos vivos é de
natureza PROBABILÍSTICA.
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
PROPRIEDADES DOS EFEITOS
SEQUÊNCIA DE EVENTOS
 Estágio físico:
- Ocorre para tempos  10-13 segundos
- Estágio de absorção e deposição de energia
- Excitação e ionização dos compostos.
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
PROPRIEDADES DOS EFEITOS
SEQUÊNCIA DE EVENTOS
 Estágio físico-químico:
- Ocorre para tempos de 10-13 a 10-12 segundos
- Quebra de ligações
- Radiólise da água - formação de radicais livres
- Começa o dano químico - radicais livres começam
a reagir.
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
PROPRIEDADES DOS EFEITOS
SEQUÊNCIA DE EVENTOS
 Estágio químico:
- Ocorre para tempos de 10-12 a 10-7 segundos
- Continua a reação dos radicais livres
- Formação de produtos tóxicos
- Começam os danos ao RNA e DNA
- Enzimas são inativadas e ativadas.
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
PROPRIEDADES DOS EFEITOS
SEQUÊNCIA DE EVENTOS
 Estágios químico e biológico coincidem:
- Ocorre para tempos de 10-3 a 10 segundos
- Formação de radicais secundários e peróxidos
orgânicos
- Muitas reações bioquímicas são interrompidas
- Começa o reparo do DNA
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
PROPRIEDADES DOS EFEITOS
SEQUÊNCIA DE EVENTOS
 Estágio biológico:
- Ocorre para tempos de minutos a anos
- Completa-se a maioria das reações
- Diminui a mitose das células irradiadas
- São bloqueadas as reações bioquímicas
- Rompimento de membrana celular.
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS
BIOLÓGICOS
 Classificam-se conforme sua variação quanto:
- ao tempo de manifestação
- ao tipo de célula atingida
- à quantidade de energia depositada
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS
BIOLÓGICOS QUANTO AO
TEMPO DE MANIFESTAÇÃO:
 Efeitos Imediatos:
- característicos de exposições a doses elevadas
(Lesões severas ou letais);
- manifestam-se em, no máximo, dois meses (seres
humanos)
- Exemplos: eritema, síndrome aguda.
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS
BIOLÓGICOS QUANTO AO
TEMPO DE MANIFESTAÇÃO:
 Efeitos Tardios:
- característicos de exposições a pequenas doses
- manifestam-se em anos ou dezenas de anos
(seres humanos)
- Exemplo: câncer.
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS
BIOLÓGICOS QUANTO AO
TIPO DE CÉLULA ATINGIDA:
 Efeitos Somáticos:
- alterações provocadas pela interação da radiação
ionizante com qualquer célula do organismo,
exceto as reprodutivas
- manifestam-se no próprio indivíduo irradiado
- Exemplos: câncer, catarata.
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS
BIOLÓGICOS QUANTO AO
TIPO DE CÉLULA ATINGIDA:
 Efeitos Genéticos (hereditários):
- Alterações provocadas pela interação da radiação
ionizante com as células reprodutivas do
organismo.
- Manifestam-se nos descendentes do indivíduo
irradiado
- Exemplos: mutações genéticas.
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS
BIOLÓGICOS QUANTO À
QUANTIDADE DE ENERGIA DEPOSITADA:
 Efeitos Estocásticos:
- Ocorrem com doses pequenas de radiação
- Não apresentam um limiar de dose para sua
ocorrência
- A probabilidade de ocorrência aumenta com o
aumento da dose
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS BIOLÓGICOS
QUANTO À
QUANTIDADE DE ENERGIA DEPOSITADA:
 Efeitos Determinísticos (não-estocásticos):
- Ocorrem com doses elevadas de radiação
- Apresentam um limiar de dose para sua
ocorrência
- A gravidade do efeito aumenta com o aumento da
dose.
- Exemplos: eritema, catarata.
RELAÇÃO ENTRE OS EFEITOS
BIOLÓGICOS E O SURGIMENTO DA
PROTEÇÃO RADIOLÓGICA
A observação dos efeitos biológicos que começaram
a surgir começaram a impor medidas de proteção!

 Osefeitos observados derivados dos grandes eventos


nucleares (Chernobyl, Hiroshima, etc) serviram de
base para compor as normas de Proteção
Radiológica que hoje existem, assim como os
limites de dose!
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
RADIOPROTEÇÃO
FILOSOFIA DA PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

Proteção dos indivíduos, de seus


descendentes, da humanidade como um todo
e do meio ambiente contra os possíveis danos
provocados pelo uso da radiação ionizante.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
RADIOPROTEÇÃO
FILOSOFIA DA PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

 Estabelecimento de princípios básicos:


- Princípio da justificação
- Princípio da otimização
- Princípio da limitação de doses
- Prevenção de Acidentes.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
RADIOPROTEÇÃO
JUSTIFICAÇÃO
Qualquer técnica que faça uso da radiação
ionizante tem que ser justificada em relação
a outras técnicas de modo a produzir um
benefício líquido positivo.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
RADIOPROTEÇÃO
JUSTIFICAÇÃO - EXEMPLOS
 Emprego de material radioativo luminescente
em mostradores de relógio
 Uso de tomógrafo computadorizado (emissão
de raios X) ou de equipamento de ressonância
magnética para obter a mesma informação
diagnóstica.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
RADIOPROTEÇÃO
OTIMIZAÇÃO
As exposições à radiação ionizante devem ser
mantidas “tão baixas quanto razoavelmente
exeqüível” (Princípio ALARA - As Low As
Reasonably Achievable), levando-se em
consideração fatores econômicos e sociais.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
RADIOPROTEÇÃO
OTIMIZAÇÃO - EXEMPLOS
 Utilizar armário embaixo da bancada de
manipulação para o armazenamento de rejeitos
radioativos - desnecessário?
 Acréscimo indefinido de placas de chumbo em
parede de sala onde se faz uso de equipamento
emissor de raios X.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
RADIOPROTEÇÃO
LIMITAÇÃO DAS DOSES
Os limites de dose, tanto para trabalhadores
com radiação quanto para indivíduos do
público, devem ser respeitados.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
RADIOPROTEÇÃO
LIMITAÇÃO DAS DOSES - FILOSOFIA
Os limites de dose foram estabelecidos para
evitar a ocorrência de efeitos determinísticos
(abaixo dos limiares) e minimizar as
probabilidades de ocorrência de efeitos
estocásticos a níveis considerados seguros.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
RADIOPROTEÇÃO
LIMITAÇÃO DAS DOSES - FILOSOFIA
 Indústria que não faz uso da radiação ionizante:
- Índices seguros: 1 morte para cada 10000
trabalhadores por ano.
 Uso da radiação ionizante:
- Dose cuja probabilidade de levar à morte respeite
os mesmos índices
- Fator adicional de segurança.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
RADIOPROTEÇÃO
PERDA DE EXPECTATIVA DE VIDA POR DIVERSAS CAUSAS (1979)
(Estudo com população norte americana)

Causa Redução (em dias)


Ser solteiro 3500
Fumante, sexo masculino 2250
Doença cardíaca 2100
Ser solteira 1600
Obeso, 30 % acima do normal 1300
Trabalhar em mina de carvão 1100
Câncer 980
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
RADIOPROTEÇÃO
PERDA DE EXPECTATIVA DE VIDA POR DIVERSAS CAUSAS (1979)
(Estudo com população norte americana)

Causa Redução (em dias)


Fumante, sexo feminino 800
Hemorragia cerebral 520
Acidentes com veículos 207
Alcoolismo 130
Diabetes 95
Acidentes no trabalho 74
Trabalhador com radiação 40
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE
RADIOPROTEÇÃO
Evolução dos Limites Anuais de
Dose Equivalente
FATORES DE PROTEÇÃO
RADIOLÓGICA
FATORES QUE SEMPRE TENHO À
DISPOSIÇÃO:
 Tempo
- Exposição é instantânea
 O mito do “rapidinho” - caso do acidente em
instalação de esterilização
- Quanto menor o tempo de exposição, menor a
dose.
FATORES DE PROTEÇÃO
RADIOLÓGICA
FATORES QUE SEMPRE TENHO À
DISPOSIÇÃO:
 Blindagem
- Adequada ao tipo de radiação:
 Chumbo para Gama
 Acrílico ou Lucite para Beta
 Materiais hidrogenados para nêutrons.
- A eficiência da blindagem depende da energia
da radiação incidente.
Blindagem
FATORES DE PROTEÇÃO
RADIOLÓGICA
FATORES QUE SEMPRE TENHO À
DISPOSIÇÃO:
 Distância
- Fator Geométrico - Lei do inverso do quadrado
da distância.
- Atenuação no Ar
 Muito importante para radiação alfa e beta
 Não desprezível para radiação gama de
baixa energia.
www.cnen.gov.br
LIMITES DE DOSE
Referências Bibliográficas
 1. Eisber&Resnick . Fisica Quantica Ed. Campus (20a
tiragem, 1979)
 2. J. Sorenson, M. E. Phelps. Physics in Nuclear
Medicine (2nd Ed.). W.B. Saunders Co.
 3. ATTIX, F.H. Introduction to radiological physics and
radiation dosimetry. John Wiley & Sons, New York,
1986.
 4. GANDHI, O.P. Biological effects and medical
applications of eletromagnetic energy. Prentice Hall,
New York, 1991.
 5. JOHNS, H.N.; CUNNIGHAN, J.R. The physics of
radiology. Charles C. Thomaz Pu-blisher, Illinois, USA,
1983.

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