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O PAPEL DO TÉCNICO DE

SEGURANÇA DO TRABALHO NA
GESTÃO DE SSO

Leia o texto a seguir e faça um resumo dos aspectos que achar


relevantes! Depois responda ao Fórum desta semana. Bons
estudos!

Pesquisado por: Prof. Fabrício Varejão

Quais as responsabilidades da Segurança do Trabalho?


A Segurança do Trabalho atua de diversas formas dentro de uma
empresa, sempre orientada pelos seus objetivos. Por isso, esses
profissionais ou equipes, têm diversas responsabilidades, como:

• Conhecer todos os detalhes da legislação da Segurança


do Trabalho, como suas normas técnicas, bem como o
papel do empregador e dos empregados;
• Estudar e reconhecer todo o ambiente de trabalho, com
suas particularidades;
• Promover palestras e treinamentos para os
colaboradores, visando a conscientização e as boas
práticas;
• Realizar análises das causas de acidentes de trabalho e
de doenças ocupacionais, sugerindo e implantando
medidas corretivas;
• Conhecer, entregar e monitorar o uso Equipamentos de
Proteção Individuais (EPI’s);
• Conhecer, entregar e monitorar o uso dos Equipamentos
de Proteção Coletiva (EPC’s);
• Manter a equipe responsável em constante melhoria no
que tange análises, correções ou manutenção de ações
promovidas;
• Aplicar ações relacionadas à área de medicina do
trabalho, como exames médicos de PCMSO, vacinações
obrigatórias, entre outras;
• Registrar e guardar todas as informações, seguindo as
normas vigentes.

Além disso, há responsabilidades também no âmbito do poder


público, que deve legislar e fiscalizar, bem como ao empregador,
que deve cumprir com as normas estabelecidas em suas empresas,
assim como ao colaborador, que precisa seguir as determinações.

Profissionais envolvidos na Segurança do Trabalho

Em uma empresa que possui o Serviço Especializado em


Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), a
constituição da equipe é por profissionais com formação na área
prevencionista, como:

• Técnico Segurança do Trabalho;


• Engenheiro Segurança do Trabalho;
• Auxiliar Enfermagem do Trabalho;
• Enfermeiro do Trabalho; e
• Médico do Trabalho.

Entenda como cada um deles atua na Segurança do Trabalho na


empresa:

• Engenheiro e Técnico Segurança do Trabalho:


• Organiza programas de prevenção de
acidentes;
• Orienta a CIPA;
• Treina os colaboradores quanto ao uso de
EPIs, registra e exige o uso do mesmo;
• Elabora planos de prevenção de riscos
ambientais;
• Realiza a inspeção de segurança, laudos
técnicos, organizando e ministrando palestras
e treinamentos.

• Médico e Enfermeiro do Trabalho:


• Previne doenças;
• Realiza consultas médicas;
• Trata ferimentos;
• Ministra vacinas;
• Faz exames de admissão, periódicos e
demissionais.

Além destas, para todos os casos, pode haver outras


responsabilidades de acordo com as exigências da atividade da
empresa.

Segurança do Trabalho: legislações

A lei que regulamenta as atividades da Segurança do Trabalho é


a Portaria GM nº 3.214, de 08 de junho de 1978, do Ministério do
Trabalho. Ela estabelece as Normas Regulamentadoras, também
conhecidas como NR’s.

São as NR’s que normatizam as atividades da Segurança do


Trabalho nas empresas e são obrigatórias tanto para organizações
privadas, quanto públicas. A lei atinge também os órgãos públicos
da administração direta e indireta, o poder legislativo e judiciário
que sejam regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

Segurança do Trabalho: Normas Regulamentadoras (NR’s)

As Normas Regulamentadoras determinam como deve ser


desenvolvido o trabalho da Segurança do Trabalho em cada tipo de
empresa, como deve ser o dimensionamento do SESMT e as
sansões e penalidades em casos de descumprimento da lei.
Atualmente, as NR’s são:

• NR 1 – Disposições Gerais

A nova NR-1 prevê a obrigatoriedade do PGR e o GRO, onde esses


documentos substituirão o PPRA, obrigatório a partir de março de
2021.

• NR 3 – Embargo ou Interdição

Determina que todo estabelecimento pode ser interditado ou


embargado caso comprova risco iminente para o trabalhador. Neste
caso, os trabalhadores deverão continuar a receber seus benefícios
normalmente.

• NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de


Segurança e em Medicina do Trabalho

Estabelece o dimensionamento do SESMT, onde há a


obrigatoriedade da criação dos SESMT nas empresas, para corrigir
e atenuar os potenciais riscos para oferecer uma qualidade de vida
melhor para o profissional.

• NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

Regulamenta as regras para a criação e os procedimentos a seres


adotados pelas empresas para o funcionamento da CIPA –
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, a fim de prevenir os
Acidentes do Trabalho.

• NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

Determina as obrigações dos empregadores e empregados


referente aos EPI´s, orientando sobre os tipos de equipamentos que
o empregador deve fornecer ao colaborador, como e quando deve
fazer isso. Na NR-6 consta, ainda, a lista completa dos EPIs para
cada tipo de proteção.

• NR 7 – Programas de Controle Médico de Saúde


Ocupacional (PCMSO)

Estabelece a obrigatoriedade dos exames ocupacionais que servem


para atestar a saúde física dos trabalhadores, afinal, é com base no
PCMSO que se pode realizar o acompanhamento da saúde do
trabalhador.

• NR 8 – Edificações

Define as boas práticas necessárias para a segurança e integridade


física de todos os trabalhadores que atuam nas Edificações.

• NR 9 – Programas de Prevenção de Riscos Ambientais

Determina a obrigação da criação do Programa de Prevenção de


Riscos Ambientais — PPRA para empresas que admitam
funcionários em regime CLT. Assim, é possível evitar potenciais
riscos no ambiente de trabalho.

• NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em


Eletricidade

Determina as obrigações de todos aqueles que trabalham com


energia elétrica. Consequentemente, visa diminuir os índices de
Acidentes Ocupacionais causados por choques elétricos.

• NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e


Manuseio de Materiais

Trata sobre as medidas preventivas para todo tipo de material ou


equipamento de transporte, como guindastes, elevadores, etc. O
intuito é minimizar os riscos de Acidentes de Trabalho.

• NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e


Equipamentos

Define as obrigatoriedades sobre os locais de instalação, máquinas


e equipamentos que serão utilizados por trabalhadores. A NR-12
define, ainda, as regras de manutenção de maquinário, entre
outros.

• NR 13 – Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações

Estabelece todas as medidas de proteção do que se refere às


caldeiras, vasos de pressão e tubulações. Isso vale desde a
instalação, manutenção e até a inspeções e vistorias de segurança.

• NR 14 – Fornos

Determina as medidas de segurança para os trabalhadores que


atuam diretamente com fornos industriais, observando as
legislações estaduais e municipais, além de federais.

• NR 15 – Atividades e Operações Insalubres

Estabelece os limites de tolerância para o risco que pode ser


identificado no ambiente de trabalho que, de acordo com a análise
do responsável técnico e com base nessa NR, caso ultrapasse os
limites de tolerância, o trabalho pode ser considerado insalubre, ou
seja, a exposição a esse risco pode vir a causar algum dano a
saúde do trabalhador.

• NR 16 – Atividades e Operações Perigosas

Trata sobre as responsabilidades do empregador e os direitos dos


trabalhadores que atuam em situações perigosas. De acordo com a
exposição, o colaborador pode ou não ter direito a receber um
adicional salarial.

• NR 17 – Ergonomia

Visa unir as condições de trabalho com as questões


psicofisiológicas dos trabalhadores, a fim de fornecer um ambiente
de trabalho confortável que evite a possibilidade de doenças
ocupacionais.

• NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na


Indústria da Construção

Constam todas as medidas de proteção a serem executadas na


indústria da construção civil. Essas medidas deverão ser tomadas
antes, durante, até a finalização da obra, visando a proteção de
todos que trabalham naquele local.

• NR 19 – Explosivos

Visa atenuar os riscos de quem trabalha diretamente com


explosivos, definindo as obrigatoriedades não só para o manuseio,
como também para o controle e armazenamento desses materiais.

• NR 20 – Segurança e Saúde no Trabalho com


Inflamáveis e Combustíveis

Define as boas práticas a serem realizadas pelos empregadores e


trabalhadores que atuam com inflamáveis e combustíveis, desde o
armazenamento, até o manuseio.

• NR 21 – Trabalho a Céu Aberto

Trata a respeito das condições de trabalho para todos os


trabalhadores que atuam a céu aberto, a fim de assegurar a
proteção contra todo tipo de intempérie que possa prejudicar sua
saúde.

• NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração

Orienta sobre as obrigatoriedades que asseguram a saúde e a


segurança física dos trabalhadores na área da mineração.

• NR 23 – Proteção Contra Incêndios

É a NR que deve ser seguida por todas as empresas, pois define as


condições de segurança contra possibilidade de incêndios, como as
saídas de emergência, indicações de saída, sinalizações, entre
outros.

• NR 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais


de Trabalho;

Deve ser seguida por todas as empresas, já que determina as


condições básicas de conforto necessárias para a qualidade de vida
dos trabalhadores.

• NR 25 – Resíduos Industriais

Trata a respeito da eliminação de todo tipo de resíduo industrial que


pode oferecer riscos à saúde do trabalhador, como resíduos
tóxicos, radioativos, gasosos ou sólidos, riscos biológicos, entre
outros.

• NR 26 – Sinalização de Segurança

Regulamenta as cores utilizadas nas sinalizações de segurança dos


ambientes de trabalho, a fim de identificar as zonas de perigo,
organizar o local de trabalho e prevenir acidentes ocupacionais.

• NR 28 – Fiscalização e Penalidades

Trata sobre a fiscalização trabalhista da Segurança e Medicina do


Trabalho nas empresas, bem como as possíveis penalidades para o
não cumprimento das outras NR’s.

• NR 29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário


Define as medidas de segurança que deverão ser adotadas pelas
empresas atuantes no trabalho portuário, tanto para trabalhadores
atuantes em terra como em alto mar.

• NR 30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário

Objetiva determinar as medidas de segurança adotadas por


empresas do trabalho aquaviário, isto é, embarcações comerciais
para o transporte de pessoas ou mercadorias.

• NR 31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura,


Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura

Trata sobre as medidas a serem aplicadas no ambiente e na


metodologia de trabalho para tornar compatível o desenvolvimento
das atividades com a segurança e saúde dos trabalhadores.

• NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em


Estabelecimentos de Saúde

Define as obrigatoriedades que poderão proporcionar segurança


àqueles que trabalham em estabelecimentos da área da saúde,
recomenda as medidas preventivas e a capacitação para o trabalho
seguro.

• NR 33 – Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços


Confinados

Determina as medidas de controle de risco que deverão ser


obrigatoriamente adotadas pelos empregadores que realizem
trabalhos em espaços confinados. Essa norma visa proteger os
trabalhadores que atuam nesses lugares, mesmo que
indiretamente.

• NR 34 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na


Indústria da Construção e Reparação Naval

Define quais os requisitos mínimos de conforto e qualidade de vida


para os trabalhadores da indústria naval. Além disso, também
regulamenta a obrigatoriedade por parte das empresas de tomarem
as medidas de segurança.

• NR 35 – Trabalho em Altura
Determina todos os requisitos para o empregado poder realizar o
trabalho em altura com segurança, definindo as medidas de
segurança que devem ser adotadas, como os EPIs, por exemplo.

• NR 36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas


de Abate e Processamento de Carnes e Derivados

Regulamenta os processos de identificação, avaliação e controle


dos riscos encontrados na indústria do abate e processamento de
carnes.

• NR 37 – Segurança e Saúde em Plataformas de Petróleo

Visa estabelecer todas as medidas protetivas que deverão ser


tomadas pelos empregadores relacionados às plataformas de
petróleo, a fim de minimizar os potenciais riscos e promover a
segurança do trabalho.

TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

Dados do Ministério da Previdência Social confirmam: o número de


acidentes de trabalho no Brasil, além de muito elevado, vem
crescendo a cada ano. Só em 2008, foram 764.933 trabalhadores
acidentados. Do total de acidentes, 2.757 resultaram em mortes. O
número de pessoas que ficaram permanentemente incapacitadas
para o trabalho também chama atenção: foram mais de 12 mil. A
quantidade total de acidentes ainda engloba os que ficaram
incapacitados para o trabalho por mais de 15 dias (332.725), por
menos de 15 dias (313.310) e os que receberam assistência médica
(104.070).
Nesse contexto, e diante dos esforços para garantir o direito à
saúde do trabalhador, a atuação dos profissionais técnicos em
segurança do trabalho vem ganhando destaque. No entanto,
mesmo que esses profissionais estejam inseridos no eixo
tecnológico da formação em ambiente, saúde e segurança da
classificação do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, do
Ministério da Educação, sua atuação ainda está pouco inserida nas
políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente,
os técnicos atuam majoritariamente nos quadros de segurança do
trabalho em empresas privadas.
A própria definição do Catálogo Nacional indica essa segmentação,
não explicitando a atuação do profissional, que é considerado da
área da saúde, pelo SUS. Segundo o texto, os técnicos em
segurança do trabalho atuam “em ações prevencionistas nos
processos produtivos com auxílio de métodos e técnicas de
identificação, avaliação e medidas de controle de riscos ambientais
de acordo com as normas regulamentadoras e princípios de higiene
e saúde do trabalho”. A definição ressalta ainda que o técnico
desenvolve ações educativas na área de saúde e segurança do
trabalho, e que orienta a utilização dos Equipamentos de Proteção
Individual (EPIs) e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs). O
profissional é capacitado também para coletar e organizar
informações de saúde e segurança do trabalho, para executar os
Programas de Prevenção de Riscos Ambientais das empresas e
para analisar acidentes, recomendando medidas de prevenção e
controle. No item ‘possibilidades de atuação’, o Catálogo refere-se a
instituições públicas e privadas, fabricantes e representantes de
equipamentos de segurança.
Legislação e setor privado
A legislação de segurança do trabalho no Brasil é composta por
normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho, que são um
anexo à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e devem ser
cumpridas por empresas privadas, públicas e órgãos públicos de
administração que possuam empregados regidos pela CLT. A
norma regulamentadora nº 4 (NR4) estabelece que as instituições
devem manter obrigatoriamente Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho, para promover a
saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho.
Ainda de acordo com a NR4, esses serviços devem ser
dimensionados de acordo com a gradação de risco da atividade e o
número de empregados do estabelecimento. As empresas
compõem seus quadros de segurança do trabalho com equipes
multidisciplinares compostas por técnicos de segurança do trabalho,
engenheiros de segurança do trabalho, médicos do trabalho e
enfermeiros do trabalho.
Na legislação brasileira há também leis complementares, como
portarias e decretos, que tratam do assunto. A própria Constituição
Federal define, em seu artigo 1°, o valor social do trabalho como um
dos princípios do Estado de Direito, e assegura, no artigo 7°, o
direito ao trabalho seguro e a obrigação do empregador pelo custeio
do seguro de acidente de trabalho. A fonte desse custeio é a
tarifação coletiva das empresas, feita a partir de taxas de 1%, 2%
ou 3% sobre o total de remunerações pagas aos trabalhadores, a
depender do enquadramento das atividades e do número de
empregados das empresas.
O mecanismo dessa tarifação foi modificado em janeiro deste ano,
quando entrou em vigor a nova metodologia do FAP, o Fator
Acidentário de Prevenção. Agora, o número de acidentes de
trabalho que as empresas registram passa a definir os percentuais
de contribuição com o Seguro Acidente de Trabalho (SAT), que
poderão ser reduzidos à metade em empresas com menor
acidentalidade ou duplicados para as empresas que registrarem
maior número de acidentes. Os novos percentuais serão aplicados
a partir de 1° de setembro, com base nos dados obtidos desde a
entrada em vigor do novo mecanismo. “A nova metodologia do FAP
é responsável pelo crescimento da demanda por técnicos em
segurança do trabalho. Penalizando os empresários
financeiramente, há uma preocupação maior com a prevenção de
acidentes”, avalia Mauro Godinho, coordenador do curso técnico em
segurança do trabalho do Centro Federal de Educação Tecnológica
do Rio de Janeiro (Cefet – RJ).
SUS e a saúde do trabalhador
“É possível que os profissionais técnicos em segurança do trabalho
atuem pelo SUS, e também é possível que tenham uma formação
mais ampla. Hoje, os cursos existentes tendem a direcionar para o
mercado das empresas. Uma formação mais ampla compreende a
necessidade de participação dos trabalhadores nos programas e
ações relacionadas à prevenção dos agravos e das condições
adversas do trabalho. Essa é a transformação de uma perspectiva
gerencial para uma perspectiva participativa e includente dos
trabalhadores nos processos de gestão desses programas. Outra
questão é a necessidade de uma relação multiprofissional nessas
práticas”. A avaliação é de Jorge Machado, professor da Escola
Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz),
tecnologista da Fiocruz/Brasília e assessor técnico do
Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do
Trabalhador do Ministério da Saúde (DSAST/SVS/MS).
Como exemplo dessa possibilidade, Jorge Machado cita a
experiência da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Trabalhador (Renast), uma estratégia de organização da saúde do
trabalhador no SUS que agrega vários serviços. A Renast organiza
a atenção primária, com núcleos de saúde do trabalhador
municipais e uma rede sentinela de vigilância de agravos
relacionados ao trabalho, que compõe uma rede de assistência e de
vigilância epidemiológica. A Rede tem também funções de
promover ações de atenção integrada à saúde do trabalhador e a
relação com as outras redes assistenciais do SUS. “A Renast tem
hoje 180 centros de referência e em muitos deles há técnicos de
segurança do trabalho, que compõem bem a equipe. Eles realizam
atividades de inspeção em locais de trabalho e estão engajados em
programas junto com a equipe de saúde pública. Mas ainda persiste
o problema de formação com um viés restrito, muito ligado ao
cumprimento das normas técnicas do Ministério do Trabalho e
Emprego”, conta.
Há, ainda, a discussão de como garantir objetivamente a
implementação das políticas públicas de saúde do trabalhador nos
locais de trabalho. O artigo 200° da Constituição Federal
estabelece: “compete ao SUS executar ações de vigilância sanitária
e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador”. O tema
ainda está garantido na Lei Orgânica da Saúde, que em seu artigo
6° inclui no campo de atuação do SUS a execução de ações de
saúde do trabalhador.
No entanto, segundo Jorge Machado, mesmo com as inspeções
realizadas pela Renast, essa ainda é uma perspectiva a ser
alcançada: “Há uma disputa de longo prazo para discutirmos a
inserção e a regulação dos serviços de saúde nas empresas. O
SUS não tem regulação direta desses serviços, que são de saúde.
Precisamos avançar nessa permeabilidade de políticas voltadas
para o trabalhador dentro das empresas, e o técnico de segurança
do trabalho seria um dos atores desse processo. Mas é preciso ter
uma regulação técnica que faça com que a prática tenha outro tipo
de foco, pautado pela saúde
do trabalhador”.
Segundo o professor, a questão vem sendo discutida amplamente,
inclusive na construção da Política Nacional de Segurança e Saúde
do Trabalhador, desenvolvida conjuntamente pelos Ministérios do
Trabalho, da Previdência Social e da Saúde. “Mas isso ainda está
como diretriz política, não foi implementado”, conta. Ele avalia que o
caminho para essa garantia é justamente a organização da ação de
vigilância da saúde do trabalhador desenvolvida hoje pelos centros
de referência da Renast. “Uma das funções dos centros é organizar
essa ação, que tem uma atuação intersetorial. Existem vários
programas a partir de situações que são questões de saúde pública
e já estão sendo acompanhadas, como o trabalho rural, a
intoxicação por agrotóxico, a exposição ao benzeno, o acidente fatal
e grave e o trabalho infantil”.

Formação e regulamentação
Diante do crescimento da demanda por técnicos para a composição
dos quadros de segurança do trabalho nas empresas, surge a
preocupação com a qualidade da formação dos profissionais.
Segundo Elias Bernardino, presidente da Federação Nacional dos
Técnicos em Segurança do Trabalho (Fenatest), há uma
proliferação de cursos sem condições adequadas na área: “Há
muitos cursos sendo criados sem laboratórios, bibliotecas e até
mesmo sem docentes, sendo ministrados por instrutores. Temos
um trabalho de fiscalização, pedimos que os sindicatos denunciem
às secretarias de educação dos municípios e estados e ao
Ministério da Educação esse tipo de curso, ou que procurem a
nossa Federação para que façamos a denúncia. Já tivemos mais de
cinco cursos fechados a partir dessas denúncias”, conta. No que se
refere à regulamentação, os técnicos hoje se registram diretamente
no Ministério do Trabalho e Emprego, mas parte da categoria, como
a Federação Nacional, reivindica a criação de um conselho
profissional específico para os técnicos de segurança do trabalho.
Por: Leila Leal (EPSJV/Fiocruz).
QUADRO RESUMO DE ATRIBUIÇÕES DO TÉCNICO DE
SEGURANÇA DO TRABALHO

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