Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Introdução à Higiene Ocupacional
Agentes Físicos – Calor e Pressões Anormais.
Caro Aluno(a)!
Normalmente com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
Introdução ao tema
A International Occupational Hygiene Association (IOHA) define Higiene Ocupacional
como: “A disciplina de antecipar, reconhecer, avaliar e controlar riscos para a saúde no
ambiente de trabalho com o objetivo de proteger a saúde e bem estar do trabalhador e
proteger a comunidade como um todo.”
A antecipação visa identificar potenciais riscos no local de trabalho, antes que ocorra.
6
• investigação para que sejam averiguadas as causas da doença relacionada, o que
também é necessário.
• dentre as atividades ligadas à saúde ocupacional, salientamos que a assistência deve
ser realizada por meio de inspeção de saúde e monitoramento biológico;
• treinamento e educação - todas as informações devem ser passadas aos colabo-
radores junto ao treinamento das medidas corretas de controle, para que posam
evitar os riscos;
• os métodos aperfeiçoados de reconhecimento são obtidos por meio de atividades
de pesquisa, com isso desenvolvemos a avaliação e o controle de exposição.
7
7
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
Leitura Obrigatória
A higiene ocupacional
Analisando a história e suas tendências, podemos notar um avanço geral no
entendimento e controle dos riscos à saúde, mesmo sabendo que ainda precisamos de
muitas respostas. Contudo, as atividades industriais no mundo vêm crescendo, junto aos
avanços tecnológicos, significando, assim, que o número de pessoas expostas aos novos
riscos aumenta, devido ao crescimento tecnológico introduzido no local de trabalho. A
Organização Mundial de Saúde estima no mundo que:
• são 2.000.00 de mortes relacionadas ao trabalho por ano, sendo por doenças a
causa maior; esse número é considerado uma estimativa inferior do número real,
devido à falta de dados disponíveis;
• são 386.000 mortes a cada ano pela exposição a partículas transportadas pelo ar:
(asma: 38.000; COPD: 318.000; pneumoconioses: 30,000). Isso totaliza quase
6,6 milhões de DALYs (ano de vida ajustado pela incapacidade) (asma: 1.621.000;
COPD (doença pulmonar obstrutiva crônica): 3 733.000, pneumoconioses:
1.288.000) em decorrência de exposição a partículas transportadas pelo ar;
• são 152.000 mortes por ano por carcinógenos no local de trabalho: (câncer pulmo-
nar: 102.000; leucemia: 7.000; mesotelioma maligno: 43.000) e aproximadamen-
te 1,6 milhão DALYs (câncer pulmonar: 969.000; leucemia: 101.000; mesotelio-
ma maligno: 564.000) em decorrência de exposição a carcinógenos ocupacionais;
• 37% da dor lombar são atribuídos à ocupação, com variação em dobro entre
regiões. Estima-se que a dor lombar relacionada ao trabalho cause 818.000 DALYs
perdidos anualmente.
COPD: Doença pulmonar obstrutiva crônica, que é a bronquite crônica e enfisema, duas
doenças geralmente coexistentes dos pulmões nas quais as vias aéreas se tornam estreitas.
DALYs: São os anos de vida ajustados pela incapacidade – a soma de anos de vida potencial
perdidos em decorrência de mortalidade prematura e anos de vida produtiva perdidos em
decorrência de incapacidade.
8
• “Prevenção da doença” - recomenda-se ser entendida por um sentido amplo,
conduzida à prevenção e ao controle das exposições inadequadas a agentes
ambientais, tornando-se um passo anterior à variação da saúde.
• A atuação da higiene ocupacional de maneira conclusiva deve-se à maneira de
evitar que os colaboradores contraiam doenças no local de trabalho, por meio de
intervenções, atuando predominantemente por meio da medicina ocupacional.
• Os agentes ambientais considerados na higiene ocupacional são chamados de físicos,
químicos e biológicos, tendo em vista que dentre eles existem fatores considerados
que também causam doenças e desconfortos, como, por exemplo, o stress.
• Os agentes físicos são, de maneira ampla, uma forma de energia que explora o
colaborador na utilização dos processos e equipamentos por meio dos ruídos,
vibrações, calor/ frio (interações térmicas), radiações ionizantes e não ionizantes,
pressões anormais.
• Os agentes químicos, de dimensão físico-química, são classificados em: gases,
vapores, aerodispersóides (poeiras, fumos, névoas, neblinas, fibras). Entendemos
os agentes químicos como substâncias puras, compostos ou produtos (misturas) que
entram no organismo por diferentes vias, expondo o colaborador. Cada caso tem
sua toxicologia específica, sendo também possível agrupá-los em famílias químicas,
quando de importância toxicológica (hidrocarbonetos aromáticos, por exemplo).
• As “vias de acesso” ou de contato com o organismo, consideradas tradicionalmente,
são a via respiratória (inalação), de maior importância, seguida da via dérmica,
denominada cutânea (através da pele intacta) e digestiva (ingestão).
• Os agentes biológicos são representados por todas as classes de microrganismos
patogênicos (algumas vezes adicionados de organismos mais complexos, como
insetos e animais peçonhentos): vírus, bactérias, fungos. Vale lembrar que merecem
uma ação mais específica em relação a outros agentes.
• Para realização dos processos de antecipação, o reconhecimento, a avaliação e
o controle dos agentes ambientais, são necessárias múltiplas ciências, tecnologias
e especialidades. Para a avaliação e o controle, é importante a engenharia; na
avaliação, também se exige o domínio dos recursos instrumentais de laboratório
(química analítica); no entendimento da interação dos agentes com o organismo, a
bioquímica, toxicologia e a medicina. A compreensão da exposição do trabalhador
a certo agente passa pelas características físicas e/ou químicas, necessitando, assim,
do uso dessas ciências básicas.
• O reconhecimento é um alerta; a adequada avaliação levando-se a uma decisão de
tolerabilidade; os riscos intoleráveis sofrem uma ação de controle.
• É necessário conhecer a intolerabilidade dos valores de referência existentes, e com
isso os limites de exposição.
• O objetivo final da atuação em higiene ocupacional é a maximização da eliminação
dos riscos nos ambientes de trabalho; sendo eles de exposição a médio ou longo
prazo, basicamente o objetivo é manter as taxas de exposição mais baixas possíveis.
9
9
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
• No caso dos agentes que não são medidos a longo ou médio prazo, chamados de
exposições agudas (curto prazo), obtemos variações e formas de exposição diferenciadas.
10
que se conhece na atualidade de sua emissão. Frequentemente, os LE são rebaixados
e raramente aumentados (ou seja, houve alguma superestimação do risco).
• Os LE no contexto técnico-legal são chamados de Limites de Tolerância e são
abordados na LEI 6514/77 e nas Normas Regulamentadoras (NR’s). É claro
que, nesse caso, muitas considerações técnicas complementares não podem ser
enunciadas. O uso do LT está associado à caracterização ou não da insalubridade
associada a um agente ambiental e ao pagamento do respectivo adicional.
11
11
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
12
se baseia é o de capturar o contaminante no seu ponto de origem (ato contínuo à
sua geração), antes que o mesmo atinja a zona respiratória do trabalhador, usando
para isso a menor quantidade de ar possível. O contaminante assim capturado
é levado por tubulações ao exterior, ou ao sistema de coleta do contaminante.
Um sistema de ventilação local exaustora compreende várias partes básicas. A
primeira delas é a tomada de ar ou captor, que deve ter a forma mais adequada
de adaptação à máquina ou processo que gera o contaminante. Em geral se
desconhecem características intrínsecas de sistemas de sucção, tais como a de
que as superfícies isométricas de captura têm seu poder drasticamente reduzido
ao afastar-nos da boca da tubulação. Assim, para uma boca cilíndrica, a uma
distância da mesma igual ao seu diâmetro, a velocidade do ar ingressante é de
apenas 7% da velocidade na boca. Do exposto, deduz-se que a tomada de ar
deve estar tão acercada quanto possível da fonte de produção de contaminante.
A parte seguinte do sistema compõe-se das tubulações ou condutos, através dos
quais circula o ar aspirado. A velocidade do ar nos mesmos deve ser calculada
de modo que o contaminante não se deposite no seu interior por sedimentação.
Quando o contaminante é tóxico e a sua dispersão na atmosfera pode contaminar
outras áreas de trabalho ou a vizinhança, ou, ainda, quando o mesmo possuir
alto valor intrínseco, o sistema deve incluir um dispositivo de coleta, localizado
num ponto do sistema antes que o ar evacuado seja lançado na atmosfera.
Os sistemas existentes de uso mais generalizado são os ciclones, câmaras de
sedimentação, filtro de mangas, precipitadores eletrostáticos, processos úmidos,
lavadores, entre outros, e seu uso e escolha dependem de parâmetros como:
granulometria do material, vazão a manipular, molhabilidade, toxicidade,
explosividade, ação corrosiva do contaminante, etc. Outro elemento constituinte
dos sistemas de ventilação é, obviamente, o ventilador, o qual é colocado em
geral, mas não necessariamente, após o sistema coletor. A razão dessa forma
de instalação é que desse modo todo o sistema se encontrará em pressão
negativa, evitando a fuga de ar contaminado ou semicontaminado à atmosfera.
Esse arranjo também é favorável, quando o contaminante tem ação erosiva ou
corrosiva, o que poderia diminuir sensivelmente a vida útil do ventilador. Logo
depois de instalados, os sistemas de ventilação devem ser verificados quanto à
operação, observando-se as especificações de projeto, como vazões, velocidades
nos dutos, pressões negativas, entre outras. Os parâmetros de operação devem
ser verificados periodicamente como medida usual de manutenção.
g) Manutenção - rigorosamente, não se pode considerar este como um método
de prevenção no sentido estrito da palavra, mas constitui parte e complemento
especialmente importante de qualquer dos anteriores, não só quando se trata dos
equipamentos de controle de riscos ambientais, mas também de equipamentos
e instalações em geral na empresa. É frequente, devido ao pouco conhecimento
do industrial de seus problemas ambientais, que a ação das medidas adotadas
se esterilize com o tempo, por falta de uma manutenção adequada. Programas
e cronogramas de manutenção devem ser seguidos à risca, respeitando-se os
prazos propostos pelos fabricantes e projetistas de equipamentos.
h) Ordem e limpeza - boas condições de ordem e limpeza e asseio geral ocupam
uma posição chave num sistema de proteção ocupacional. Basicamente, é mais
13
13
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
14
atividade específica do trabalhador na empresa, cotejam-se aspectos operacionais,
de compleição, de habilidade e de destreza, de atenção e percepção, de
susceptibilidade individual, alergênicos, etc., com os requerimentos e os fatores
de risco de tais funções ou atividades. As características devem ser ditadas pelo
médico, assessorado de dados técnicos específicos. Os exames médicos periódicos
dos trabalhadores possibilitam, além de um controle de saúde geral do pessoal, a
detecção de fatores que podem levar a uma doença profissional, assim como serão
uma forma de avaliar a efetividade dos métodos de controle empregados. Outros
exames importantes são aqueles necessários à mudança de função; ao retorno ao
trabalho após tempo dilatado de afastamento e o exame demissional.
d) Limitação de exposição - a redução dos períodos de trabalho torna-se
importante medida de controle onde todas as outras medidas possíveis forem
inefetivas, impraticáveis (técnica, física ou economicamente) ou insuficientes
no controle de um agente, por não se lograr, desse modo, a eliminação ou
redução do risco a níveis seguros. Assim, a limitação de exposição ao risco,
dentro de critérios técnicos bem definidos, pode tornar-se uma solução efetiva e
econômica em muitos casos críticos. São exemplos típicos desse procedimento
os controles de exposições ao calor intenso, a pressões anormais, ao ruído e às
radiações ionizantes.
O profissional ocupacional estará, mais que muitos outros técnicos, sempre atuando
num contexto técnico-legal. Os dois grandes ambientes, inter- relacionados, mas não
necessariamente coerentes do ponto de vista das determinações e critérios, são o
trabalhista e o previdenciário. As ações adequadas do ponto de vista técnico sempre
serão subsídios ao atendimento legal, mas, ao contrário, o simples atendimento legal não
implica necessariamente uma adequação total da ação técnica de prevenção e controle
das exposições ocupacionais. A lei, é claro, pede o mínimo, nem sempre o suficiente, e
muitas vezes não foca as causas ou privilegia a prevenção. É bom lembrar.
15
15
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
Também pode ser definida segundo critérios da ACGIH, como “a ciência e a arte
devotada ao reconhecimento, avaliação e controle dos fatores ambientais e estresse
originados do ou no local de trabalho, que podem causar doença, comprometimento à
saúde e bem-estar, ou significante desconforto e ineficiência entre os trabalhadores, ou
membros de uma comunidade”.
Tempo de exposição
É correto afirma que quanto maior o tempo de exposição, maiores são as possibilidades
de se contrair uma doença ocupacional. O tempo de uma exposição é determinado por
meio de análise, contendo a tarefa exercida pelo colaborador e suas particularidades,
jornada de trabalho, descanso e a movimentação, lembrando que devem ser consideradas
diversas variações durante sua jornada.
O corpo humano reage de diferentes maneiras, assim não podemos considerar que
tal fator é eficiente para todos, por isso a medida de tolerância é sempre de 50%, devido
à variação de resposta por organismo.
16
Fato interessante é que na maioria dos locais de trabalho, a exposição simultânea de
dois agentes ou mais é normal, formando o que chamamos de exposições combinatórias,
ocorrendo, assim, a interação entre eles, ocasionando a modificação dos agentes. Com
esses agentes combinados, pode ocorrer a potenciação dos efeitos; nesse caso, a análise
tem que ser bastante criteriosa e realizada com seus efeitos combinados, e não em ações
separadas, fornecendo, assim, uma visão melhor das necessidades e especificidades dos
possíveis danos à saúde dos colaboradores no local de trabalho, por isso é considerada
uma etapa crucial para elaboração dos procedimentos.
Avaliando qualitativamente
A avaliação qualitativa é o estudo das condições de trabalho que visa coletar o
máximo de informações necessárias para que sejam feitos os procedimentos do
levantamento quantitativo. Para obter o reconhecimento qualitativo, é necessária a
análise de dados criteriosos, como: planta do local, fluxograma dos processos, dos
agentes, dos trabalhadores, dos horários de trabalho, das atividades realizadas, das
movimentações de trabalhadores e materiais, das matérias-primas, dos equipamentos
e processos, dos ritmos de produção, das condições ambientais, do tipo de iluminação
e estado das luminárias, da identificação dos riscos e ponto de origem da dispersão,
do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) por parte dos trabalhadores, da
existência ou não de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), do estado em que se
encontram os equipamentos, dentre outros. Todas essas informações são necessárias
para estabelecer o procedimento correto ao levantamento quantitativo; é importante,
caso já esteja em funcionamento a empresa, que um profissional familiarizado com
os processos e métodos utilizados preste uma assessoria, assim a coleta de dados e as
dúvidas que surgirem durante o levantamento são esclarecidas rapidamente. Todas essas
informações são contidas em um documento técnico, porém existem exceções, em caso
de riscos imediatos à saúde; com ações preventivas e óbvias não se faz necessário o
levantamento quantitativo, e sim a devida prevenção imediata.
Avaliando quantitativamente
Com base na avaliação qualitativa, que representa as condições reais nas quais se encontra
o ambiente de trabalho, inicia-se a formulação das estratégias de amostragem necessárias
para fornecerem as informações sobre os diferentes agentes agressivos presentes nos
locais, ou seja, a intensidade dos agentes físicos ou a concentração dos agentes químicos
existentes no local analisado. Após realização do levantamento quantitativo, obtemos
os dados necessários para montagem dos procedimentos de controle das exposições.
Depois de implantados os procedimentos de controle, o correto é a realização de um novo
levantamento para verificação da eficácia dos procedimentos adotados.
17
17
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
Nesse caso, vale ressaltar que somente poderia ser conhecida a exposição real
através da medição, de forma instantânea e contínua, durante toda sua vida, tornando-se
inviável. Portanto, o profissional responsável pela execução da avaliação precisa formar
uma estratégia para coleta de amostras com certa duração e frequência, conseguindo,
assim, criar uma representatividade lógica da exposição ao colaborador. Nesse ponto,
há necessidade de um bom conhecimento técnico em higiene ocupacional e, sobretudo,
bom senso para ponderar e utilizar uma estratégia adequada, compatível com o que é
tecnicamente necessário e o praticamente realizável.
18
segurança devem manter as concentrações e intensidades em níveis inferiores ao nível
de ação. Em uma exposição, é possível apresentar uma dose/ resposta; através da curva
gaussiana, observamos o efeito de uma exposição para uma determinada população,
porém é correto afirmar que nem todos os expostos responderão de maneira uniforme
a uma dose X. Essa não uniformidade é dada às diferenças na susceptibilidade individual,
ou seja, à variação biológica dentro da mesma espécie.
Barotrauma
É um acidente derivado da incapacidade de se equilibrar a pressão no interior das
cavidades pneumáticas do organismo com a pressão ambiente em variação.
19
19
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
Medidas de controle
O anexo 6 da NR-15 da portaria 3214 do Ministério do Trabalho estabelece critérios
para o planejamento das compressões e descompressões, o limite superior de pressão,
que é de 3,4 kgf/cm2, e o período máximo de trabalho para cada faixa de pressão.
20
Compressão
A compressão deve ser elevada à pressão de 0,3 kgf/cm2 no primeiro minuto,
fazendo-se a seguir a observação dos sintomas e efeitos nos colaboradores. A partir daí,
com uma taxa de no máximo 0,7 kgf/cm2 por minuto, aumenta-se a pressão até o valor
de trabalho. Em caso de qualquer problema notado durante a etapa da compressão, a
mesma tem que ser interrompida de imediato.
Descompressão
Para a descompressão, além da pressão de trabalho, é necessário ter um período
de permanência nessa pressão. Na descompressão a pressão será reduzida a uma taxa
inferior a 0,4 kgf/cm2 por minuto até o primeiro estágio, dado na tabela a ser utilizada.
Conforme indicação da tabela, mantém-se a pressão por um período de intervalo.
O anexo 6 exige a sinalização dos locais de trabalho sob pressão através de uma placa
de identificação, com 4 cm de altura e 6 cm de largura, em alumínio de 2 mm, com os
dizeres pré-determinados.
21
21
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
A altitude causa alguns efeitos no organismo, uma vez que dependendo da altitude
temos uma pressão atmosférica e uma pressão parcial do oxigênio. Seguem os efeitos
para conhecimento:
1. A curto prazo:
a) hiperventilação (taquipnéia) estimulada pela baixa PO2, que diminui o % de
saturação da hemoglobina;
b) maior eliminação de CO2, que baixa a PCO2 e aumenta o pH, provocando
a alcalose respiratória;
c) tonturas, vertigens e enjoo.
2. A médio prazo:
a) excreção de HCO3- pela urina para baixar o pH até o normal;
b) perda de H2O, que provoca desidratação e diminui o volume plasmático;
c) hemoconcentração - aproximação das hemácias para facilitar o transporte
de O2 por um processo difusional.
3. A longo prazo:
a) secreção de eritropoietina pelo rim, estimulando a medula óssea a fazer
eritropoiese (reposição dos eritrócitos);
b) aumento de volume sanguíneo - recuperação da capacidade de transporte de
O2 com o sangue com mais hemácias que o normal à nível do mar.
22
Trabalhos submersos
Para os trabalhos submersos, como a atividade de soldagem em plataformas marítimas,
que expõem os trabalhadores a pressões específicas de acordo com a profundidade, após
um certo período de trabalho pressurizado, caso seja necessária a descompressão, esta
se dará conforme as tabelas do anexo 6 da NR-15, que propõe que após a realização
das tarefas, o mergulhador deverá subir a uma velocidade não maior que 0,33m/s, isto
é, 3 segundos para cada metro de subida. As tabelas de descompressão para atividades
submersas têm 6 colunas com as seguintes características:
• 1ª Coluna - profundidade máxima atingida durante o mergulho em metros. Quando
a profundidade é um valor intermediário na tabela, devemos adotar imediatamente
o superior.
• 2ª Coluna - indica o tempo de permanência no fundo contado em minutos. O
tempo de fundo é contado no instante em que se deixa a superfície para descida,
até o momento em que se deixa o fundo para retornar à superfície.
• 3ª Coluna - tempo de subida até a primeira etapa da descompressão, em minutos
e segundos.
• 4ª Coluna - indica os tempos em minutos de permanência em cada etapa da
descompressão. A falta de indicação significa que não precisa de parada àquela
profundidade.
• 5ª Coluna - indica o tempo em minutos e segundos, para chegar à superfície após
deixar o fundo. Esse tempo é a soma dos tempos das etapas de descompressão, do
deslocamento entre o fundo e a primeira etapa, dos deslocamentos entre etapas e
entre a última etapa e a superfície.
• 6ª Coluna - indica os grupos de repetição que deverão ser utilizados nos cálculos da
descompressão de um eventual mergulho repetitivo. Está relacionada à quantidade
de tecido hipersaturados de N2 após cada mergulho.
23
23
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
O organismo humano tem sobrecarga térmica resultante de dois tipos, sendo: uma
carga externa (ambiental) e outra interna (metabólica). A carga externa é resultante
de trocas por condução/ convecção e radiação e a carga metabólica é resultante do
metabolismo basal e da atividade física.
• Condução: troca térmica entre dois corpos em contato, geralmente sólidos. No
organismo, essas trocas são muito pequenas, geralmente por contato com o corpo
com ferramentas e superfícies.
• Convecção: troca térmica realizada geralmente entre dois fluidos por diferença
de densidade provocada pelo aumento da temperatura. Geralmente, utilizamos a
expressão condução/ convecção para esse tipo de troca.
• Radiação: concebida através da emissão de radiação infravermelha, os corpos de
maior temperatura tendem a perder calor para corpos de menor temperatura numa
tentativa de equilíbrio. As trocas por radiação correspondem a 60% das trocas totais.
• Evaporação: consiste na troca de calor produzida pela evaporação do suor, através
da pele. Quando um líquido passa para o estado gasoso, ganha energia interna (a
entalpia de vaporização da água é de 590 Cal/grama), assim, absorve o calor da
pele, resfriando-a. Essa troca térmica é ainda facilitada, pois nesse momento, está
acontecendo a vasodilatação periférica.
Pelo mecanismo de trocas térmicas, o organismo ganha ou perde calor para o meio
ambiente, conforme a equação do equilíbrio térmico: M +/- C +/- R – E = S
Onde:
• M - Calor produzido pelo metabolismo, sendo um calor sempre ganho (+).
• C - Calor ganho ou perdido por condução/ convecção.
24
• R - Calor ganho ou perdido por radiação (+/-).
• E - Calor sempre perdido por evaporação (-).
• S - Calor acumulado no organismo (sobrecarga).
• S > 0 hipertermia.
• S < 0 hipotermia.
25
25
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
A insolação, obtida da exposição ao sol com muita intensidade por certo período,
ocasiona a elevação de calor. Claro que existem diversos fatores que contribuem; entre
eles, doenças crônicas, como diabetes, problemas cardiovasculares, obesidade e outros.
Existem alguns macetes caso não haja um médico ou profissional da saúde na local;
por exemplo, imersão à água com gelo, seguida de massagem da pele resfriada para
estimulação sanguínea.
26
Cãibras de calor
São dores agudas nos músculos, em particular os abdominais, coxas e principalmente
nos músculos que sofreram atividade física intensa, ocasionadas por falta de cloreto de
sódio perdido pela sudorese intensa, sem a devida reposição e/ ou aclimatização.
A reposição hídrica e salina deve ser feita, mas com orientação e acompanhamento
médico, evitando uma possível hipertensão por falta de controle adequado.
Aclimatização
A aclimatização é a adequação do organismo a um ambiente quente. Quando um
colaborador se expõe ao calor intenso pela primeira vez, tem sua temperatura interna
elevada expressivamente, ocasionando um aumento do ritmo cardíaco e baixa sudorese,
gerando um desconforto, com tonturas, náuseas, desmaios etc.
27
27
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
Conforto térmico
Consideram-se, para que haja conforto térmico nos ambientes de trabalho, a
temperatura, velocidade e umidade relativa do ar, além do metabolismo gasto nas tarefas
executadas.
Velocidade do ar
A movimentação do ar é de suma importância para o conforto térmico, pois aumenta
as trocas de calor, bem como possibilita a retirada de ar quente e umidade e a insuflação
de ar frio nos ambientes.
Pode ser realizada com outro equipamento que serve para medir a velocidade do ar,
que é o catatermômetro, que é usado em sistemas de refrigeração. É um termômetro de
álcool com um bulbo maior que o normal e possui um depósito na parte superior e duas
marcas de referência em sua haste. Devido à sua alta sensibilidade, presta-se para medir
velocidades de 0,25 m/s ou menores.
Umidade relativa do ar
A umidade relativa do ar é a relação em porcentagem da quantidade real de vapor
de água que o ar contém e a quantidade que o ar poderia conter se estivesse saturado à
mesma temperatura. A umidade relativa do ar é medida através de um psicrômetro, que
é constituído por dois termômetros, um de bulbo seco e outro de bulbo úmido.
28
proporcional à sua umidade relativa, resfriando o bulbo úmido. Com as duas
temperaturas, entramos na carta psicrométrica e obtemos a umidade relativa.
Quanto menor for a diferença entre as duas temperaturas, maior será a umidade
relativa do ar.
Existem tabelas nas quais entramos com a temperatura de bulbo seco e a de bulbo
úmido; com a diferença entre ambos, obtemos a umidade relativa do ar.
b) de aspiração: o ar é forçado a passar pelos dois bulbos, através de uma ventoinha
mecânica ou elétrica.
Os dois primeiros (TE e TEC) são chamados de Índice de Conforto Térmico, pois
levam em consideração apenas as variáveis ambientais.
29
29
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
Figura 1
Fonte: ELEFANT. Ábaco de temperatura efetiva (sensação térmica).
EVAPORAÇÃO REQUERIDA
I S T = --------------------------------------------------------- x 100
Se o IST for maior que 100%, o ambiente é insalubre, sofrendo o colaborador uma
sobrecarga térmica, pois o calor trocado por evaporação será maior que a máxima
evaporação possível.
No entanto, se o IST é menor que 100% não significa que tudo esteja bem, para cada
porcentagem da evaporação necessária sobre a máxima evaporação possível, indica
uma situação de perda no rendimento.
30
Quando Ereq = Emax, significa que o IST = 100%, isto é, a quantidade de calor
que o corpo pode perder é igual à quantidade de calor que deve perder, para manter o
equilíbrio térmico, tornando-se uma situação crítica, tolerada por até 8 horas de trabalho
por colaboradores jovens, aclimatados e em excelente estado de saúde.
O IST é difícil de ser calculado, no entanto é muito útil para estudos sobre a
exposição ao calor, em particular quando se projeta e avalia a eficiência das medidas
de controle ambiental.
Esse índice deve ser medido através do conjunto chamado árvore dos termômetros,
que é composto de três termômetros:
• Tbs - Termômetro de bulbo seco.
• Tbn - Termômetro de bulbo úmido natural.
• Tg - Termômetro de Globo.
O IBUTG para ambientes internos sem carga solar é calculado a partir da medição
de duas temperaturas: Tbn e Tg.
Para ambientes externos com carga solar, o IBUTG é calculado a partir de três
medições: Tbs, Tbn e Tg.
O Termômetro de Globo é formado por uma esfera de cobre de 6”, pintada de preto
fosco, ficando o bulbo do termômetro no centro dessa esfera, e serve para avaliar o calor
radiante. O IBUTG leva ainda em consideração o tipo de atividade desenvolvida (LEVE,
MODERADA e PESADA).
31
31
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
Possui uma haste formada por dois tubos concêntricos de alumínio, passando pelo
tubo central, o termômetro; e o externo serve de reservatório de alimentação de água
para embeber o tecido do globo.
32
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists)
ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists). Traduzido por
ABHO – Associação Brasileira de Higiene Ocupacional- 2007
Vídeos
Videoaula – 10 riscos físicos. Condições hiperbáricas
Mauro Paulo Perito. Videoaula – 10 riscos físicos. Condições hiperbáricas
https://goo.gl/wCdHtD Acesso em: 23 abr. 2016.
Leitura
Avaliação do conhecimento das normas de segurança no trabalho por trabalhadores em
tubulões pressurizados
ALVES, Manuel Messias Pereira; FORNARI, João Victor; BARNABÉ, Anderson Sena;
FERRAZ, Renato Ribeiro Nogueira. Avaliação do conhecimento das normas de
segurança no trabalho por trabalhadores em tubulões pressurizados
http://goo.gl/lVTsUl Acesso em: 23 abr. 2016.
NR 15 – Atividades e operações insalubres
NR 15 – Atividades e operações insalubres. Anexo nº 6 – Trabalhos sob condições hiperbáricas.
http://goo.gl/xq4EOI Acesso em: 23 abr. 2016.
Congresso SST Sintra 2011
Promoção da segurança e saúde do trabalho na manutenção e reparação seguras em
trabalho hiperbárico. Congresso SST Sintra 2011. Manutenção e reparação seguras.
25 e 26 de outubro de 2011. Curso 2.
http://goo.gl/5hoo3c Acesso em: 23 abr. 2016.
IV Simpósio Maringaense de Engenharia de Produção
SILVA, Taís Larissa da; ALMEIDA, Vitor de Cinque. Influência do calor sobre a saúde
e desempenho dos trabalhadores. IV Simpósio Maringaense de Engenharia de
Produção. 2010.
http://goo.gl/gq0lhW Acesso em: 23 abr. 2016.
Estresse ocupacional causado pelo calor
SPILLERE, Julie Ingrid; FURTADO, Taise Spadari. Estresse ocupacional causado pelo
calor. Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, Criciúma, abr. 2007.
http://goo.gl/wbXCwH Acesso em: 23 abr. 2016.
33
33
UNIDADE
Introdução à Higiene Ocupacional – Agentes Físicos Calor e Pressões Anormais
Referências
Apostila PECE – Lacasemim – 2014 Equipe Usp <http://pt.slideshare.
net/IZAIASDESOUZAAGUIAR1/apostila-engenharia-de-segurana-do-
trabalho?qid=662a72c0-3c53-4e29-bd38-783154d229a8&v=&b=&from_search=2>
acesso: 23/04/2016
34