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Higiene Ocupacional

Agentes Químicos e Agentes Biológicos

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Esp. Erika Gambeti Viana de Santana

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Agentes Químicos e Agentes Biológicos

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução ao tema
• Leitura Obrigatória
• Material Complementar

Fonte: iStock/Getty Images


Objetivos
• Apresentar os agentes químicos e biológicos. Falar sobre a exposição do trabalhador a
esses agentes, limites de tolerância à exposição, avaliação quantitativa e qualitativa e
classificação e medidas de controle.

Caro Aluno(a)!

Normalmente com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além
de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Agentes Químicos e Agentes Biológicos

Introdução ao tema
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima em 35 milhões anuais os
casos de doenças relacionadas ao trabalho por exposição a substâncias químicas, com a
ocorrência de 439.000 mortes, abrangendo, entre outras relacionadas, 36.000 óbitos
por pneumoconioses, 35.500 óbitos por doenças respiratórias crônicas, 30.700 óbitos
por doenças cardiovasculares e 315.000 óbitos por câncer (ILO, 2004). A Organização
Mundial da Saúde, por sua vez, cita que esses cânceres provocam uma perda anual de
1,4 milhão de anos de vida saudável e que as intoxicações agudas por produtos químicos
sejam responsáveis por outros 7,5 milhões de anos de vida saudável perdidos pela
população mundial (WHO, 2002). Claro que há muito para se conhecer e discutir sobre
o controle e prevenção desses problemas, que não são recentes, porém observamos
que devido à amplitude e ao aumento da inclusão constante de novas substâncias no
mercado, tendem a aumentar essas margens de óbitos.

No mundo, são produzidos aproximadamente 70 mil produtos químicos, alguns deles


são padronizados e utilizados na fabricação de uma grande quantidade de produtos.
Devido à inúmera quantidade de substâncias existentes no mercado que podem
apresentar algum efeito tóxico, os procedimentos e critérios para análise e avaliação
variam de acordo com a sua classificação. Os métodos são diferenciados para cada tipo
de produto, sendo eles com funções orgânicas ou inorgânicas. Essa grande variedade
resulta em uma dificuldade maior para o reconhecimento dos mesmos em comparação
ao que é feito para os agentes físicos. Isso ocorre devido à caracterização diferenciada
por produto, como, por exemplo, solubilidade (na água ou ar), pH (indicação de acidez),
concentração, propriedades de alerta (com ou sem odor, por exemplo), estado físico,
volatilidade, reatividade e níveis de toxicidade, agindo de modo diferenciado em diversos
órgãos do organismo, variando de acordo com a via de penetração (respiratória, pele ou
ingestão) e o tempo de exposição a que o colaborador está submetido ao agente. Pode
ainda ocorrer falha na avaliação, devido às condições climáticas que acabam agravando
o risco, como, por exemplo, dias de chuva ou dias de frio intenso.

Classificamos os agentes químicos de acordo com a sua estrutura física, em outras


palavras, por estado físico, como os aerodispersoides (particulados na forma sólida ou
líquida), gases e vapores. Podem ser divididos também conforme seu efeito e dano causado
ao organismo humano, desde uma simples sensação de desconforto até um câncer.

Como vemos, a presença de substâncias potencialmente tóxicas num ambiente de


trabalho impõe que a exposição à qual os colaboradores estão expostos seja avaliada
sistematicamente. Com isso, a implantação de medidas preventivas faz-se necessária,
denominada de procedimentos de monitoração. Mas o que significa monitoração?

Um comitê misto, constituído pela Comissão da Comunidade Européia (CCE),


Occupational Safety and Health Administration (OSHA) e National Institute for
Occupational Safety and Health (NIOSH), define a monitoração como “atividade
sistemática, contínua ou repetitiva relacionada à saúde e desenvolvida para implantar
medidas corretivas sempre que se façam necessárias”.

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Existe uma monitoração ambiental empregada há muito tempo e uma biológica de
aplicação mais recente. A primeira foi definida num seminário internacional realizado
em Luxemburgo, em 1980, como “a medida e a avaliação de agentes no ambiente para
que se estime a exposição ambiental e o risco à saúde por comparação dos resultados
com referências apropriadas”, e a monitoração biológica definida como a “medida e a
avaliação de agentes químicos ou de seus produtos de biotransformação, em tecidos,
secreções, excreções, ar exalado ou alguma combinação desses para estimar a exposição
ou risco à saúde quando comparado com uma referência apropriada”.

Nesse caso, as referências apropriadas são esclarecidas com os limites de exposição,


tolerância do agente no âmbito de trabalho e o limite de tolerância biológico.

Para que seja realizada a monitoração biológica, utiliza-se sangue, urina e ar expirado
entre as amostras biológicas importantes. Nesses materiais, podemos verificar também
as alterações biológicas precoces dadas à exposição. A variável a ser medida chama-se
indicador biológico.

Após absorção, seguida a uma exposição, a avaliação é obtida através dos indicadores.
Esses indicadores fornecem os níveis de alterações sofridos por um órgão, conhecido
como indicadores de feito.

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Agentes Químicos e Agentes Biológicos

Leitura Obrigatória
Agentes químicos
Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que
possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos,
névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição,
possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo pela pele ou por ingestão.
(NR-9 do MTE — 9.1.5.2).

Portanto, podemos afirmar que os riscos químicos são riscos causados pelas
substâncias químicas presentes no ambiente de trabalho, na condição de matéria-prima,
produto intermediário, produto final ou como material auxiliar, os quais, em função das
condições de utilização, poderão entrar em contato com o corpo humano, interagindo
em ação localizada, como no caso de queimadura ou irritação da pele, ou em ação
generalizada, quando for levado pelos fluidos internos, chegando aos diferentes órgãos
e tecidos do organismo.

Um agente químico perigoso é:


a) qualquer agente químico classificado como substância ou mistura perigosa,
de acordo com os critérios fundamentados na legislação aplicável sobre
classificação, embalagem e rotulagem de substâncias e misturas perigosas,
estando ou não a substância ou mistura classificada nessa legislação, tratando-
se de substâncias ou misturas que só preencham os critérios de classificação
como perigosas para o ambiente;
b) qualquer agente químico que não necessariamente preencha os critérios de
classificação como perigoso nos termos do parágrafo anterior, implicando riscos
para a segurança e saúde dos colaboradores devido às suas propriedades físico-
químicas ou toxicológicas e à forma como é utilizado ou se apresenta no local de
trabalho, incluindo qualquer agente químico sujeito a um valor limite de exposição
profissional estabelecido no Decreto-Lei n.º 24/2012, de 6 de fevereiro.

São compreendidos em três classes de perigo os agentes químicos, sendo elas:


• perigo físico: os agentes químicos aptos de causarem acidentes, como: explosivos,
inflamáveis, comburentes, corrosivos;
• perigo para a saúde: os agentes químicos suscetíveis de causar diversos efeitos,
por exemplo doenças profissionais, queimaduras, intoxicações, podendo ser tóxicos
ou muito tóxicos, corrosivos, sensibilizantes, irritantes, mutagênicos, cancerígenos,
tóxicos para a reprodução;
• perigo para o ambiente: são os agentes químicos que podem ser tóxicos para o
meio aquático e a camada do ozônio.

Entendemos como contaminantes químicos todos os agentes capazes de provocar os


efeitos adversos no local de trabalho, indiferentemente da atividade onde os colaboradores

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estejam expostos aos agentes químicos, gerando, assim, risco à saúde. As principais vias
de penetração no organismo humano são:
a) via respiratória;
b) via percutânea;
c) via digestiva.

Avaliação dos riscos dos agentes químicos


O empregador deve identificar os agentes químicos perigosos existentes nos locais de
trabalho e avaliar os seus riscos, tendo em conta:
a) as suas características perigosas;
b) as informações pertinentes à segurança e à saúde, as quais devem ser descritas
em fichas de dados de segurança de acordo com a legislação aplicável sobre
classificação, embalagem e rotulagem das substâncias e misturas perigosas junto
a outras informações suplementares necessárias à avaliação do risco, sendo
fornecidas pelo fabricante aos usuários do seu produto;
c) a natureza, o grau e a duração da exposição;
d) a presença simultânea de vários agentes químicos perigosos;
e) as condições de trabalho sobre a presença desses agentes, incluindo a sua
quantidade;
f) os valores limite de exposição profissional estabelecidos nos anexos I, II e III do
Decreto-Lei n.º 24/2012, de 6 de fevereiro;
g) estabelecidos em legislação especial, os valores limites de exposição profissional
a agentes cancerígenos ou mutagênicos e ao amianto;
h) o efeito das medidas de prevenção implementadas ou a implementar;
i) os resultados disponíveis sobre a vigilância da saúde efetuada.

LTs – Limites de Tolerância


Limite de Tolerância é a intensidade ou concentração máxima em que se pode ficar
exposto a um agente químico ou físico, para que este não cause danos à saúde do
trabalhador que está exposto, durante o período laboral.

NR-15 — anexo 11
Características dos LTs do anexo 11 – NR 15:
• LTs para jornada de 48 horas semanais;
• valor teto para algumas substâncias;
• valor máximo associado aos limites tipo média ponderada (VM = LT x FD, conforme
o anexo. FD: fator de desvio);

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• não se estabelecem critérios para medições;


• para asfixiantes simples avalia-se o teor de oxigênio do ambiente, devendo ser
menor ou igual a 18% em volume.

Absorção pela pele


Os agentes químicos absorvidos por via cutânea necessitam principalmente durante o
seu manuseio de luvas adequadas, lembrando que o restante do corpo deve ser protegido
conforme a variação de substância ou atividade, seguida por seus EPI´s recomendados,
indicados na tabela para cada substância.

Asfixiante simples
Quando existe a presença dessas substâncias no ambiente de trabalho, o volume
mínimo de concentração do oxigênio deve ser de 18%, conforme valor indicado na
tabela do limite de tolerância.

Valor teto do limite de tolerância


Esse limite é o valor máximo, o qual não pode ser utilizado em momento algum
durante o período de trabalho. Para cada substância existe um valor indicado.

Média ponderada do limite de tolerância


É a concentração média ponderada existente durante a jornada de trabalho, isto é,
podemos ter valores acima do fixado, desde que sejam compensados por valores abaixo
dele, gerando, assim, a média ponderada, igual ou inferior ao limite de tolerância.

OBS: Essas oscilações para cima não podem ser indefinidas, devendo respeitar um
valor máximo que não pode ser ultrapassado.

Esse valor máximo é obtido por meio da aplicação do fator de desvio: VALOR
MÁXIMO — LT X FD.

Limites de tolerância definidos pela ACGIH - aspectos principais


dos TLV® da ACGIH
Tipos de limites
Limite de exposição do TWA (time weighted average)/ ACGIH — (média ponderada
pelo tempo) — a concentração média ponderada pelo tempo para uma jornada normal
de 8 horas diárias e 40 horas semanais, esse é o período em que os indivíduos podem
estar expostos repetidamente, durante os dias, sem sofrer efeitos e danos à saúde.

Limite de Exposição Tipo Valor Teto (LE — TETO) — para esse LE não são permissíveis
exposições acima do valor fixado em nenhum momento da jornada de trabalho.

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Na ACGIH, o conceito correspondente é o do limite de exposição Ceiling — TLV
— C (Limite de Exposição Valor Teto) – é a concentração que não pode ser excedida
durante nenhum momento da exposição do colaborador.

Limite de Exposição tipo STEL — Limite de Exposição suplementar, tipo média


ponderada no tempo, associado a um LE — MP tipo TWA — ACGIH — com as
seguintes características:
• a base de tempo do STEL é de 15 minutos;
• Limite de Exposição – Exposição de Curta Duração (TLV — STEL) — é a
concentração a que os colaboradores podem estar expostos por um período curto
sem sofrer:
1. irritação;
2. lesão tissular crônica ou irreversível;
3. narcose em grau suficiente para aumentar a predisposição a acidentes,
impedir autossalvamento ou reduzir significativamente a eficiência no trabalho,
cuidando-se para que o limite de exposição – média ponderada (TLV—TWA)
não seja ultrapassada. O STEL não é um limite de exposição independente, mas
sim um limite suplementar ao limite de exposição média ponderada, nos casos
em que são reconhecidos efeitos tóxicos agudos para substâncias cujos efeitos
tóxicos são primordialmente de natureza crônica. Os STELs são recomendados
apenas nos casos em que já foram relatados efeitos tóxicos em seres humanos
ou animais como resultado de exposições elevadas em curtos períodos. Um
STEL é definido como uma exposição média ponderada pelo tempo durante
15 minutos, que não pode ser excedida em nenhum momento da jornada de
trabalho, mesmo que a concentração média ponderada para 8 horas esteja
dentro dos limites de exposição – média ponderada.

Exposições acima do TLV–TWA, mas abaixo do STEL, não podem ter duração
superior a 15 minutos, nem se repetir mais de 4 vezes ao dia. Deve existir um intervalo
mínimo de 60 minutos entre as exposições sucessivas nessa faixa. Pode-se recomendar
um período médio, diferente dos 15 minutos, desde que garantido por observação dos
efeitos biológicos.

Excursões acima dos valores do TLV–TWA para substâncias que não admitem
STEL ou TLV-C
Os valores de concentração das exposições do colaborador acima do TLVTWA podem
exceder três vezes esse valor por um período total máximo de 30 minutos durante toda
a jornada de trabalho diária, porém, em hipótese alguma, podem exceder cinco vezes o
TLV–TWA, garantindo-se, entretanto, que o TLV-TWA adotado não seja ultrapassado.

Quando se dispõe de dados toxicológicos para estabelecer o STEL para uma


substância específica, esse valor tem prioridade sobre o limite da exposição calculada a
partir da regra descrita, não importando seu grau de efeitos.

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Técnicas de avaliação de agentes ambientais – apêndice


Carcinogênicos
O Comitê de Limites de Tolerância de Substâncias Químicas classifica certas
substâncias encontradas em ambientes de trabalho como carcinogênicas dentro das
seguintes classes, resumidamente:

A1 — Carcinogênico humano confirmado

Fundamentada em evidências epidemiológicas ou clínicas, relativa a humanos expostos.

A2 — Carcinogênico humano suspeito

O agente está evidenciado como carcinogênico, mas os dados são conflitantes ou


insuficientes; ou o agente é carcinogênico em animais, considerado relevante quanto à
exposição de colaboradores.

A3 — Carcinogênico animal confirmado com relevância desconhecida

para seres humanos

O agente é carcinogênico em animais, nas formas e parâmetros não considerados


relevantes quanto à exposição de colaboradores. Segundo dados epidemiológicos, não
são confirmados o aumento de riscos em humanos. Estudos afirmam que o agente não
é provável de causar câncer em humanos, exceto em condições especiais.

A4 — Não classificável como carcinogênico humano

Não existem dados adequados que possam redundar na classificação da


carcinogenicidade do agente quanto a humanos ou animais.

A5 — Não suspeito como carcinogênico humano

Com base em avaliação epidemiológica bem executada, podemos afirmar os


não suspeitos.

Misturas
Necessita de atenção especial a aplicação dos TLVs para determinar os riscos à saúde
que podem ser associados com exposições a misturas de duas ou mais substâncias.

Exemplo:

O ar contém 400 ppm de acetona (TLV, 500 ppm), 150 ppm de acetato de séc-butila
(TLV, 200 ppm) e 100 ppm de metil etil cetona (TLV, 200 ppm).

400/500 + 150/200 + 100/200 = 0,80 + 0,75 + 0,5 = 2,05.

O limite de exposição (TLV) foi excedido.

Conheça mais sobre as Técnicas de avaliação de agentes ambientais - apêndice” no link:


http://goo.gl/d4oUy

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Classificação dos agentes químicos
Os agentes químicos são classificados mais por sua dimensão físico-química que
por sua característica individual; são eles gases, vapores e aerodispersoides (estes
últimos são subdivididos ainda em poeiras, fumos, névoas, neblinas, fibras); podemos
entender os agentes químicos como todas as substâncias puras, compostos ou produtos
(misturas) que podem entrar em contato com o organismo por uma multiplicidade
de vias, expondo o trabalhador. Cada caso tem sua toxicologia específica, sendo
também possível agrupá-los em famílias químicas, quando de importância toxicológica
(hidrocarbonetos aromáticos, por exemplo).

Gases e vapores
Gás: definimos gases as substâncias que a 25 graus centígrados e pressão barométrica
de 760 mm de Hg encontram-se no estado gasoso.

Um gás pode ser liquefeito por resfriamento ou aumento da pressão ou, então, por
combinação de ambos os processos. Alguns gases são: monóxido de carbono, dióxido
de carbono, nitrogênio, fosfina, arsina, fosfogênio.

Vapor: quando uma substância normalmente é líquida ou sólida a 25 graus


centígrados e 760 mm de Hg e passa ao estado gasoso por mudanças de temperatura
ou pressão, ou ambos ao mesmo tempo, dizemos que se trata de um vapor. Logo, um
vapor é um gás, o qual está próximo do seu ponto de condensação. Alguns exemplos
incluem vapores de benzeno, tolueno, percloroetileno, metanol, mercúrio, disulfeto de
carbono, acetona etc.

Tanto os gases como os vapores formam com o ar misturas consideradas como


soluções na atmosfera e tendem a ocupar todo o espaço de um recipiente ou recinto.

Na visão da Higiene Industrial, gases e vapores são tratados juntos devido ao seu
comportamento similar. Os métodos utilizados para sua amostragem nos locais de
trabalho, assim como sua posterior análise laboratorial, são frequentemente iguais.

Pressão de vapor
Ocorre constantemente que os líquidos convergem ao vapor, isto é, tendem a
vaporizar, e esse fenômeno está relacionado com a pressão de vapor. Definida como
aquela pressão de equilíbrio que as moléculas do líquido exercem quando escapam da
superfície líquida e se transformam em vapor, essa pressão depende de dois fatores:
a) da natureza do líquido;
b) da temperatura.

É necessário esclarecer que indiferentemente da quantidade de líquido disponível, a


pressão de vapor não sofre influência. Dessa maneira, o gás liquefeito de petróleo (GLP)
possui a mesma pressão (se mantida a temperatura) até que as últimas gotas de líquido
vaporizem dentro do botijão.

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Agentes Químicos e Agentes Biológicos

Outro parâmetro importante na geração e dispersão de vapores é a velocidade na


qual um líquido vaporiza, sendo que essa velocidade depende:
• da área da superfície do líquido;
• da temperatura do líquido;
• da movimentação do ar.

Ocorre influência no comportamento dos gases e vapores nos locais de trabalho


devido à formação de misturas com o ar, diferindo a densidade do ar muito pouco para
a mistura, permitindo a formação de uma mistura bastante homogênea, a qual pode se
movimentar no ambiente pela ação de correntes de ar e da chamada ventilação vertical
provocada por focos térmicos.

Em locais com correntes de ar reduzidas, a dispersão é lenta e homogênea, diferente


em casos de locais com correntes de ar regulares, cuja facilidade de dispersão é facilitada
e a sua mistura dificultada.

Solventes orgânicos
É uma substância química ou uma mistura capaz de dissolver outros materiais,
como borrachas, resinas, tintas, vernizes etc. Muitas vezes usados também como
desengraxantes, para limpeza de peças e de ambientes muito sujos.

A maioria dos solventes usados em processos e atividades é de natureza orgânica e


possui inúmeras propriedades comuns.

Podemos destacar algumas delas:


• são líquidos voláteis de elevada pressão de vapor;
• trata-se de uma mistura de vários componentes, às vezes bastante complexa quando
se trata de componentes derivados de petróleo;
• geralmente são substâncias inflamáveis, que podem formar misturas explosivas;
• geralmente são substâncias pouco polares e pouco solúveis em água.

Com essas características, os solventes têm facilidade para evaporar e misturar-se


com o ar dos locais de trabalho, atingindo, assim, concentração bastante elevada.

Devido à sua natureza química ser bastante variada, eles são classificados em vários
grupos, de acordo com suas propriedades químicas; a seguir exemplificaremos os
mais utilizados.
a) Hidrocarbonetos alifáticos (cadeia aberta): pentano, hexano, cortes leves de
destilados do petróleo usados nas gasolinas e querosene.
b) Hidrocarbonetos cíclicos (cadeia fechada): ciclohexano, meticiclohexano,
alfa-pireno.
c) Hidrocarbonetos aromáticos (que contêm o anel benzênico): benzeno,
tolueno, xileno, etilbenzeno, estireno, para-xileno,orto-xileno.

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d) Hidrocarbonetos halogenados (contêm substâncias desse grupo ligadas, ou
seja, flúor, cloro, bromo ou iodo): tetracloreto de carbono, diclorometano, 1,1,1
tricloroetano, percloroetileno, clorofórmio, tricloroetileno, freons.
e) Álcoois: metanol, etanol, álcool isopropílico, butanol.
f) Glicóis: etileno glicol, dietilenoglicol.
g) Éteres: éter etílico, éter isopropílico.
h) Ésteres: acetato de etila, acetato de amila, acetato de metila, metacrilato de metila.
i) Cetonas: acetona, metil etil cetona, metil isopropil cetona, ciclohexanona.
j) Aldeídos: aldeído fórmico, aIdeído acético.

É necessário atentar-se sobre os solventes e justamente pela vasta utilização deles


nos ambientes de trabalho. Temos de conhecê-los bem para que possamos saber como
avaliá-los e controlá-los, uma vez que a maioria das substâncias ou compostos são
tóxicos, em graus variados, causando prejuízo à saúde dos trabalhadores.

Classificação dos gases e vapores


Os gases e vapores são classificados de acordo a sua ação sobre o organismo humano
em três grupos importantes:
• irritantes;
• anestésicos;
• asfixiantes.

Não existe uma regra para que os sintomas sejam únicos, cada organismo responde
de uma forma. Essa classificação baseia-se no efeito mais importante, isto é, mais
significativo sobre o organismo. Por exemplo, sabemos que a maioria dos solventes está
classificada como anestésica; no entanto, qualquer pessoa que já esteve exposta a um
solvente do tipo (álcool, thinner, acetona) percebeu que essas substâncias também têm
como propriedade irritar as vias respiratórias superiores.

Gases e vapores irritantes


Há uma grande quantidade de gases e vapores classificados nesse grupo, diferenciados
por suas propriedades físico-químicas, possuindo uma característica comum: produzem
inflamação nos tecidos com os quais entram em contato direto, tais como a pele, a
conjuntiva ocular e as vias respiratórias. O modo de ação dos gases e vapores irritantes
é determinado, principalmente, pela sua solubilidade.

Já quanto aos irritantes gasosos altamente solúveis em água, o nariz e a garganta


são os que mais sofrem com sua ação, ao passo que nos pouco solúveis, o efeito
maior é nos pulmões, pois é nesse local que a substância vai se solubilizar. Quanto aos
gases de solubilidade moderada, os efeitos são mais ou menos uniformes em todo o
trato respiratório.

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Agentes Químicos e Agentes Biológicos

Esse grupo de gases e vapores irritantes divide-se em:


• Irritantes Primários: aqueles cuja ação principal sobre o organismo é a irritação
local e que, de acordo com o local de ação, distinguem-se em:
• Irritantes de ação sobre as vias respiratórias superiores: formam o grupo de
mais alta solubilidade na água, localizando sua ação nas vias respiratórias superiores,
isto é, garganta e nariz.
Exemplos: ácidos fortes, tais como: ácido clorídrico ou muriático, ácido sulfúrico,
ácido nítrico; álcalis fortes, tais como: amônia e soda cáustica.
• Irritantes de ação sobre os brônquios: essas substâncias têm moderada solubilidade
em água e, por isso, quando inaladas, podem penetrar mais profundamente nas
vias respiratórias, produzindo sua irritação, principalmente, nos brônquios.
Exemplos: anidrido sulfuroso e cloro.
• Irritantes de ação sobre os pulmões: esses gases apresentam baixa solubilidade
na água, podendo, portanto, alcançar os alvéolos pulmonares, onde produzirão a
sua ação irritante intensa.
Exemplos: gases nitrosos (principalmente NO2 e sua forma dímera N2O4).
Esses gases são produzidos no arco elétrico (solda elétrica), por combustão de
nitratos, no uso de explosivos e no uso industrial de ácido nítrico; fosgênio — gás
incolor, originado por decomposição térmica de tetracloreto de carbono e outros
derivados halogenados.
• Irritantes atípicos: apesar de sua baixa solubilidade, essas substâncias possuem
ação irritante sobre as vias respiratórias superiores. Isso ajuda como advertência
para o pessoal exposto, fazendo com que as pessoas se afastem imediatamente do
local contaminado.
Exemplos: acroleína ou aldeído acrílico (gás liberado pelos motores diesel);
gases lacrimogêneos.
• Irritantes Secundários: apesar de possuírem efeito irritante, possuem ação tóxica
generalizada sobre o organismo.
Exemplo: gás sulfídrico.

Gases e vapores anestésicos


O efeito anestésico deve-se à ação do sistema nervoso central, que sofre uma
alteração. É válido ressaltar que essas substâncias são introduzidas em nosso organismo
pela via respiratória, alcançando o pulmão, do qual são transferidas para o sangue, que
as distribuirá para o resto do corpo. Muitas delas também podem penetrar pela pele
intacta, alcançando a corrente sanguínea.

Conforme sua ação sobre o organismo, os anestésicos podem ser divididos em:
• Anestésicos primários: são as substâncias que não produzem outro efeito além da
anestesia, mesmo em exposições repetidas a baixas concentrações.
Exemplos: hidrocarbonetos alifáticos (butano, propano, etano etc.), ésteres,
aldeídos, cetonas.

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• Anestésicos de efeitos sobre as vísceras: em caso de exposições a esse grupo,
ocorrem normalmente danos ao fígado e aos rins.
Exemplos: hidrocarbonetos clorados, tais como tetracloreto de carbono.
• Anestésicos de ação sobre o sistema formador de sangue: esse tipo de
substância costuma se acumular, de preferência, nos tecidos graxos, medula óssea
e sistema nervoso.
Exemplos: hidrocarbonetos aromáticos, tais como tolueno, xileno, benzeno.

É válido lembrar que a substância que representa o maior risco é o benzeno, que em
exposições repetidas a baixas concentrações pode produzir uma anemia irreversível,
podendo chegar a uma leucemia. Os homólogos tolueno e xileno têm efeitos anestésicos
similares aos do benzeno, mas possuem efeitos tóxicos consideravelmente menores.
Há muito tempo, tanto o xileno como o tolueno eram recomendados para substituírem
o benzeno; todavia, atualmente o tolueno já não se recomenda mais, pois este teve
seu limite de tolerância reduzido à metade e está classificado como uma substância
carcinogênica classe A4 pela ACGIH.
• Anestésicos de ação sobre o sistema nervoso: álcoois (metílico e etílico), ésteres
de ácidos orgânicos, dissulfeto de carbono.

No geral, os álcoois são altamente solúveis na água, fato que determina a sua
eliminação de forma lenta. No caso do álcool etílico, a lenta eliminação contrapõe-se à
rápida oxidação dentro do ciclo de combustão dos açúcares, e raramente são inaladas
quantidades suficientes para produzir anestesia.

O álcool metílico, diferentemente do etílico, é eliminado lentamente pelo organismo,


o que favorece a sua ação tóxica, que está dirigida, principalmente, sobre o nervo ótico.

Unidades de medida
Avaliações químicas sem as unidades de medida são infundadas, por exemplo as
unidades utilizadas para gases e vapores, o ppm (partes de vapor ou gás por milhão de
ar contaminado, em volume) ou mg/m³ (miligramas por metro cúbico de ar).

Aerodispersoides
Como o próprio termo descreve, aerodispersoide aplica-se a uma dispersão de sólidos
ou líquidos no ar, na forma de partículas de tamanho reduzido geradas e projetadas no
ambiente de trabalho mediante diversos processos industriais, e que podem se manter em
suspensão por um longo tempo, permitindo a inalação do contaminante pelos expostos.

Subdivididas em:
• Poeiras: são partículas sólidas produzidas pelo rompimento mecânico de sólidos,
como ocorre em processos de moagem, atrito, impacto etc., ou por dispersão
secundária, como o arraste ou agitação de partículas sedimentadas, como, por
exemplo: poeira de sílica, carvão, talco, farinha etc.

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Agentes Químicos e Agentes Biológicos

• Fumos: são partículas sólidas produzidas por condensação ou oxidação de vapores


de substâncias sólidas em condições normais, como, por exemplo: fumos de
soldagem, fumos presentes em fundições, processos de spray metálico a quente.
• Névoas: são partículas líquidas produzidas por ruptura mecânica de líquidos, como,
por exemplo: névoas de água, de ácido sulfúrico, alcalinas, de pintura, névoas de
lagoas de aeração forçada no tratamento de efluentes.
• Neblinas: são partículas líquidas produzidas por condensação de vapores de
substâncias que são líquidas à temperatura normal.
• Fibras: são partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de sólidos, que se
diferenciam das poeiras porque têm forma alongada, com um comprimento de 3 a
5 vezes superior ao seu diâmetro.

Tabela - Tipos de Poeiras:


Tipo de poeira Tamanho aproximado (μm)
Sedimentável 10 ≤ ϕ ≤ 150
Inalável ϕ ≤ 10
Respirável ϕ ≤5
Visível ϕ > 40
Fonte: SOTO, José Manoel Gana. Higiene Ocupacional. Revista Proteção, out./nov.

Na Higiene Ocupacional, o conceito usado para definir o tamanho de partículas


deriva da velocidade de queda da partícula no ar em repouso, quando esta atinge o
equilíbrio (força da gravidade igual à força da resistência aerodinâmica exercida pela
atmosfera) e desce com velocidade constante, conhecida como velocidade terminal
de sedimentação.

Define-se o Diâmetro Aerodinâmico Equivalente como o diâmetro de uma esfera


hipotética de densidade unitária (1g/cm3), a qual tem a mesma velocidade terminal de
sedimentação da partícula no ar, independente do seu tamanho geométrico, forma e
densidade real.

Esse conceito é o mais utilizado atualmente para se definir o tamanho das partículas,
por ser esse o modelo que se adapta à capacidade de penetração e probabilidade de
deposição das partículas no sistema respiratório.

Poeira respirável
A parcela de partículas que são inaladas e que têm a possibilidade de penetrar e se
depositar além dos bronquíolos terminais é chamada de fração respirável, responsável
por induzir doenças do grupo das pneumoconioses. O tamanho das partículas com tal
propriedade oscila entre 0,5 micrometro a 10 micrometros.

Os equipamentos de amostragem de poeiras buscam simular, da forma mais


aproximada possível, o que acontece no trato respiratório quando da inalação de
partículas. O material a ser coletado pelo mostrador somente deverá coletar partículas
que possam penetrar no trato respiratório (poeira respirável). Dessa forma, a amostragem
será representativa da exposição ocupacional.

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Temos diversos modelos de equipamentos de amostragem baseados nas curvas de
deposição pulmonar. Porém, as mais usadas são as do Conselho de Pesquisas Médicas
da Grã-Bretanha (BMRC), da Comissão de Energia Atômica (AEC) dos Estados Unidos
e a curva da ACGIH, a qual modificou as anteriores, permitindo a seleção de 80% das
partículas com densidade unitária e diâmetro de dois micrometros. Os equipamentos
de amostragem com separadores ciclônicos baseiam-se na curva adotada pela ACGIH.

Avaliação dos gases e vapores


Amostras de curta duração (“instantâneas”): são realizadas em um curto espaço
de tempo e os resultados correspondem à concentração existente nesse intervalo.

Vantagens:
·· registrodas concentrações mais altas e mais baixas durante a jornada de
trabalho, quando podem ser antecipados os momentos máximos e mínimos
de exposição;
·· cálculoda concentração média, por meio da média estatística das amostragens
instantâneas (para adequado uso estatístico, as amostras devem ser aleatórias
– vide capítulo sobre Estratégia de Amostragem);
·· éfundamental quando se avalia a concentração de substâncias que tenham
valor teto ou valor máximo associado ao LT tipo média ponderada e TLV–C
da ACGIH.

Amostragem contínua: é aquela realizada por um período de tempo que varia de


frações de hora até uma jornada de trabalho, com uma ou mais amostras.

Vantagem:
·· fornececomo resultado a média ponderada das condições existentes no
período de avaliação no ambiente.

Desvantagem:
·· não há registro das variações da concentração durante o período, o que
impossibilita a determinação das máximas concentrações, não podendo ser
verificado se o valor máximo ou valor teto foi ultrapassado.

Instrumentos utilizados e metodologia


Aparelhos de leitura direta
São os que fornecem, imediatamente, no próprio local em que está sendo analisada,
a concentração do contaminante. Podem ser equipamentos dedicados a um ou poucos
contaminantes, geralmente com células ou sensores eletroquímicos convenientes; podem
também ser usados tubos detectores reativos ou colorimétricos, com bombas acopladas
(bomba universal, para todos os tubos).

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UNIDADE
Agentes Químicos e Agentes Biológicos

Os tubos detectores colorimétricos ou indicadores colorimétricos são os mais


conhecidos e utilizados. São dispositivos de leitura direta que utilizam métodos químicos
e fornecem a concentração existente no ambiente pela alteração da cor, ocorrida devido
a uma reação química.

Incidem fundamentalmente em passar uma quantidade conhecida de ar por meio de um


reagente, o qual sofrerá alteração de cor, caso a substância contaminante esteja presente.

A concentração do contaminante é demonstrada:


• pela comparação da intensidade e extensão da alteração de cor resultante, com
escalas padronizadas, que podem estar tanto gravadas no próprio tubo, como
impressas na carta informativa que o acompanha;
• por checagem da cor obtida com cores padrão.

Para que o ar passe por meio do reagente, são utilizadas bombas aspiradoras, que
podem ser tanto do tipo pistão como do tipo fole. É válido lembrar que quando utilizamos
uma bomba aspiradora de determinado fabricante, devemos utilizar os tubos indicadores
da mesma marca; caso contrário, poderemos obter concentrações com erros.

Tubos de carvão ativado, sílica gel e outros meios convenientes de retenção


Esses amostradores são sempre utilizados com uso de uma bomba. A amostragem
incide em passar um determinado volume de ar conhecido, por intermédio de bomba
gravimétrica calibrada com vazão adequada, por tubo de carvão ativado ou sílica gel. Tanto
para a vazão adequada como para o tipo de tubo a ser utilizado, devem ser consultadas
as metodologias específicas de cada contaminante. A amostra é posteriormente enviada
para análise de laboratório. Os tubos de carvão ativado são utilizados para coleta dos
vapores orgânicos (benzeno, tolueno, xileno, tricloroetileno, acetona etc.) e os tubos de
sílica gel para outras substâncias (tais como anilina, ácidos, aminas etc.).

Assim, tornam-se um dos amostradores que requerem maiores cuidados, pois


consistem em passar um volume de ar conhecido, por meio de bomba gravimétrica
calibrada, por um líquido absorvente específico para cada tipo de contaminante a
ser coletado. Nesse caso, podem ocorrer acidentes com a solução dentro do circuito
interno da bomba, vindo esta a ser danificada pela solução absorvedora. Para evitar
esse problema, o que se costuma fazer é utilizar sempre um amostrador vazio próximo à
tomada de vácuo da bomba; ele funcionará como um retentor (trap) de líquido em caso
de sua sucção indesejada para fora do amostrador principal.

Amostragem com retenção em filtros de PVC, éster de celulose ou fibra de vidro


Seguindo os passos da amostragem citada acima, seu objetivo é fazer passar um
volume de ar conhecido, utilizando bomba gravimétrica devidamente calibrada,
conforme método utilizado para o contaminante, por meio de filtros específicos (PVC,
éster celulose ou fibra de vidro). O filtro contendo o contaminante será analisado em
laboratório por meio de análise química específica, segundo a metodologia.

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Monitores passivos (OVM)
Chamados de monitores passivos ou, como no comércio especializado nos Estados
Unidos, Organic Vapor Monitors, são dispositivos de coleta de amostras de gases e
vapores que se fundamentam no fenômeno de difusão - adsorção, sem usar bombas de
sucção ou outro mecanismo que forneça a passagem forçada de ar.

Durante a coleta da amostra, podemos distinguir as seguintes fases:


• fase de difusão-permeação;
• fase de adsorção.

A difusão é caracterizada pela passagem das moléculas do gás ou vapor de um


ambiente de maior concentração para um ambiente isento ou de baixa concentração
de contaminante, por intermédio de um meio permeável (Lei de Henry). Na parte
posterior da câmara de difusão, é colocada uma placa ou disco de carvão ativo, ou outro
adsorvente específico, onde se completa a fase de adsorção.

Procedimento de amostragem
Baseado no monitor passivo da empresa 3M, que apresenta no mercado quatro tipos
diferentes, quais sejam: OVM 3500, OVM 3520, específico para formaldeído, OVM
3721 e um específico para Óxido de Etileno, o OVM 3551. Recomenda-se consultar o
catálogo da 3M ou a página da internet do fabricante ou do laboratório que fará a análise.

Avaliação de aerodispersoides
Recursos instrumentais:
Bombas de sucção — amostradores para poeiras e fumos: Existem vários modelos
desses equipamentos, que são de pequeno porte e podem ser levados individualmente
pelo trabalhador na sua cintura, quando se deseja coletar amostras pessoais. Os
equipamentos mais modernos têm introduzido reguladores eletrônicos de fluxo, com
capacidade de vazão de 1 litro/min a 4 litros/min. As bombas são alimentadas por
baterias de níquel-cádmio recarregáveis e possuem regulação eletrônica de fluxo,
conseguindo-se variações pequenas de vazão e, portanto, volumes de ar coletados mais
precisos, o que é de grande importância numa amostragem.

A vazão de amostragem dependerá do volume de ar necessário para se coletar uma


massa de material particulado suficiente para efetuar as análises.

Sistema filtrante (filtros, porta filtros e suportes)


• Filtros: como exemplo, o filtro utilizado na coleta de poeira contendo sílica livre é de
PVC (cloreto de polivinila), com 5 μm de poro e 37 mm de diâmetro, que permite a
captação de partículas relevantes do ponto de vista de retenção no tecido pulmonar
(0,5μm a 10μm). O material filtrante (PVC) é o mais indicado para a coleta desse

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UNIDADE
Agentes Químicos e Agentes Biológicos

tipo de poeira, devido à sua alta eficiência de coleta; não é higroscópico e não
interfere no método de análise química da sílica livre, já que o teor de cinzas, após
a calcinação, é muito pequeno.

Já para a coleta de poeiras metálicas ou fumos, utiliza-se como sistema filtrante um


filtro de éster de celulose tipo AA, com 0,8 μm de poro e 37 mm de diâmetro, sendo o
filtro mais indicado por não interferir no método de análise por absorção atômica, devido
à sua pureza (baixos traços de metais), fácil solubilização e alta eficiência de coleta.
• Porta filtros: porta filtros ou “cassetes” são constituídos de poliestireno, podendo
possuir dois ou três corpos, que deverão ser bem vedados, após a preparação dos
filtros, com bandas de celulose ou teflon, para que não ocorra a contaminação
das amostras.
• Suportes: são as placas de prata ou papelão de 25 mm ou 37 mm de diâmetro,
utilizadas para apoiar os filtros dentro do cassete.

Os suportes de prata já não são muito utilizados atualmente e devem passar por
um processo de limpeza após a sua utilização. Já os de papelão são descartados após
coletas, evitando, assim, a contaminação.
• Separadores de partículas: para que ocorra a separação de partículas, é utilizado
um miniciclone, com a função de selecionar as partículas de acordo com suas
dimensões, isto é, as partículas maiores que 10 μm não passam pelo filtro. O
ciclone de nylon de 10 mm de diâmetro é o mais comum.

Aspectos específicos de avaliação de aerodispersoides


Poeiras minerais contendo sílica livre cristalizada e poeiras não classificadas de
outra forma:
• Poeira total: é toda poeira em suspensão existente no ambiente de trabalho: são
as poeiras respiráveis e não respiráveis.
• Poeira respirável: é aquela cujo diâmetro equivalente é menor que dez micrometros
e obedece à curva de porcentagem de penetração na região alveolar de acordo com
o quadro do item 4, Anexo 12 da NR-15.

O conceito de poeira respirável é baseado na sua capacidade de penetração no trato


respiratório. Para isso, as avaliações de verificação do dano à saúde são obtidas através
das amostragens da poeira respirável, pois representam aquelas partículas que penetram
nos pulmões. A Norma Brasileira estabelece a atividade como insalubre quando quaisquer
dos limites de tolerância forem ultrapassados.

Na avaliação de PNOC (Partículas Não Classificadas de Outra maneira), as análises


deverão ser realizadas da mesma maneira descrita para poeiras minerais, observando-se
suas peculiaridades. A seguir, as etapas para a avaliação de poeiras.

O laboratório se encarregará de preparar os filtros para as amostragens em campo.


Basicamente, essa preparação consiste em:

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• dessecar o filtro durante 24 horas;
• determinar o peso inicial do filtro em balança de precisão de 0,00001g;
• montar o filtro e o suporte no cassete e vedá-los com fita de celulose ou teflon;
• codificar os filtros.

Amostragem de campo
Obtida através da calibração da bomba na vazão adequada. Nas amostragens de
poeira total, recomenda-se a vazão inicial de 1,5 l/min, enquanto nas amostragens de
poeira respirável a vazão é de 1,7 l/min. A calibração pode ser realizada no calibrador
do tipo de bolha de sabão ou calibrador automático, conforme já falado (lembrando que,
no caso de poeira respirável, deve-se adotar o sistema de coleta de um separador de
partículas adequado (ciclone)).

O colaborador deve ter a bomba instalada em sua cintura, de maneira que não
atrapalhe suas atividades normais da função e marcar na folha de campo a hora inicial,
se a bomba não acumular automaticamente esse dado.

Quanto ao tempo de amostragem, ocorrerá em função do tipo de poeira coletada


(total ou respirável) e da sensibilidade do método analítico. Importante o entrosamento
com o laboratório que vai realizar as análises nessa fase.

Ao fim da amostragem, deve-se retirar a bomba, marcar o tempo final e, em seguida,


fazer a calibração final, calculando a média da vazão.

Durante o período da coleta, é aconselhável o acompanhamento do colaborador,


observando e analisando o funcionamento normal da bomba, reconhecimento das
fontes principais de poeira, análise das atividades desenvolvidas no posto de trabalho,
registro das medidas de controle existentes ou que poderão ser adotadas, entre outros.

Observação: No laboratório, o porta filtro será desmontado e novamente dessecado


durante 24 horas, e em seguida será pesado e analisado.

Agentes biológicos
Riscos biológicos
Podemos considerar como riscos biológicos os que acontecem por conta de exposição
do homem com os microorganismos, causando diversos tipos de doenças. Diversos
tipos de trabalhos fazem com que o ser humano fique em contato direto com os riscos.
Por exemplo, indústrias de alimentos, coleta de lixo, hospitais, trabalhos em esgoto,
ambulatórios e laboratórios, IML e outros. Para se estabelecer o tipo de insalubridade,
é feita uma avaliação qualitativa. Alguns desses microrganismos são as bactérias, os
fungos, os vírus os protozoários, entre outros.

Tuberculose, febre amarela e malária são algumas doenças causadas por microor-
ganismos em locais de trabalho.

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UNIDADE
Agentes Químicos e Agentes Biológicos

Agentes patogênicos e suas classificações


Os agentes patogênicos podem ser classificados por grupos de risco numerados de
um a quatro, considerando o grau de periculosidade, conforme Diretiva 90/679 da
Comunidade Econômica Europeia de 26/11/1990:
• Classe 1 de risco (baixo risco): nesse grau incluem-se os agentes biológicos que não
causam doenças nas pessoas ou nos animais, como, por exemplo, o lactobacillus sp.
• Classe 2 de risco (risco moderado): nesse grau temos os agentes biológicos que
causam infecções tanto nos homens quanto nos animais, que podem se propagar
para a comunidade, mas a disseminação é limitada no meio ambiente, e existem
medidas eficazes para tratá-los; por exemplo, o Schistosoma mansoni.
• Classe 3 de risco (alto risco): nesse grau estão inclusos os agentes biológicos que
são transmitidos por vias respiratórias e que causam tanto problemas em animais
quanto no homem; são letais, mas existem tratamentos e prevenções. Apresentam
riscos a comunidade e ao meio ambiente e podem se propagar entre as pessoas;
por exemplo, o Bacillus Anthracis.
• Classe 4 de risco (alto risco): nesse grau estão inclusos os agentes que são
transmitidos por vias respiratórias e outras formas que são desconhecidas. Não
se tem ainda medidas para combater as infecções que são ocasionadas por esses
agentes. Podem causar doenças em humanos e animas com nível de gravidade alta,
e podem se disseminar por toda uma comunidade e também no meio ambiente,
como, por exemplo, os vírus, inclusive o vírus ebola.
• Classe 5 de risco (alto risco): nesse grau temos os agentes biológicos de doenças
animais não existentes no nosso país, esses não são de importância para o homem,
mas podem gerar perdas econômicas no ramo de produção de alimentos.

Observações sobre a classificação dos agentes biológicos:


1. Quando temos que mais de uma espécie é patogênica, serão destacadas as mais
importantes, as demais serão apresentadas pelo gênero mais spp, isso indica
que animais de outras espécies também podem ser patogênicos.
2. Os parasitas são classificados e têm medidas de contingenciamento apenas nos
estágios em que são infecciosos para os homens e para os animais.
3. Na área NB-4 serão manipulados os agentes que forem inclusos na classe
especial; se não transitarem pelo país ainda, deverá ser restrita sua importação,
necessitando de autorização prévia das autoridades competentes. Se forem
detectados no território, estes deverão ser tratados no NB e apresentados os
critérios de sua avaliação de risco.
4. Estão sendo considerados apenas os agentes biológicos que causam riscos e
efeitos aos indivíduos sadios. Não foram considerados efeitos em indivíduos
com patologia prévia, portadores de transtornos, gravidez, fazendo uso de
medicação e lactação.

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Vírus
Com seu tamanho microscópico, o vírus é a forma mais simples de vida, é formado
por material genético, DNA ou RNA e uma cobertura proteica. Seu ciclo vital passa
necessariamente por um hospedeiro; nesse caso, para que haja sua reprodução, é
necessário que ele penetre em algum ser vivo.

Quando o ser vivo é infectado, o vírus injeta seu material genético nas células do
hospedeiro. Uma vez dentro da célula, o material genético interfere no desenvolvimento
das células do hospedeiro e se serve da estrutura biológica da célula para fazer cópias
de si mesmo em número suficiente para romper as paredes, ficando, assim, livre para
infectar novas células.

O organismo tem como principal defesa natural contra os vírus a formação de


anticorpos das células B, produzidos pela medula óssea. Outra substância natural eficaz
é o interféron, que recentemente passou a ter produção comercial; sua atuação é alterar
a suscetibilidade das células ao vírus, que ativa as células de defesa do organismo. Hoje
temos no mercado poucas drogas que se mostram eficazes no tratamento de um número
limitado de vírus. A principal terapia atualmente é a prevenção pela imunização, que
induz a formação de anticorpos no organismo que o vírus ataque. Têm sido um item de
intensa pesquisa e estudos os vírus que causam o câncer.

Avaliação dos agentes biológicos


Adotando a metodologia de pesquisa higiênica, em primeiro lugar temos que identificar
o contaminante; em segundo lugar, coletar a amostra, da forma mais representativa
possível; e em terceiro lugar, avaliar o problema de higiene exposto.

Os contaminantes biológicos são em sua maioria microrganismos vivos, geralmente


de tamanho microscópico, sem cheiro e cor, impossibilitando-nos de detectá-los por
meio de nossos sentidos.

Existem também os contaminantes biológicos transportados por partículas de pó


ou suspensão no ambiente de trabalho. Temos os encontrado na água, nas matérias-
primas, equipamentos utilizados nas indústrias, na superfície da pele dos trabalhadores,
nas superfícies de trabalho, etc.

Tendo em vista suas características e necessidades vitais, os tipos de contaminantes


biológicos aerotransportados conseguem ter formas resistentes ao ar seco. Porém, ao
mesmo tempo, nesses ambientes podem encontrar aerossóis formados por gotículas
que contenham microrganismos em condições de umidade adequadas para a sua
sobrevivência. Considerando essas características, a amostragem deve ser feita com um
equipamento que permita uma ampla faixa de coleta e que assegure a sobrevivência dos
organismos coletados.

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UNIDADE
Agentes Químicos e Agentes Biológicos

Então, como podemos perceber, a avaliação dos agentes biológicos consiste na


comparação de resultados de medições e critérios adotados que contenham uma série
de fatores:
• efeitos individuais e coletivos e tipo de contaminante;
• contaminação e suas causas;
• canais de entrada;
• tempo de exposição;
• proteção utilizada e real eficiência;
• melhorias técnicas adotadas;
• tipo de atividade.

As vias de ingresso dos agentes biológicos


As vias são as mesmas que dos agentes químicos, só que as vias parental e digestiva
são tão importantes quanto a respiratória:
• Respiratória (pulmões, boca e nariz);
• Digestiva (tubo digestivo e boca);
• Percutânea (pele);
• Parenteral (arranhões, feridas e cortes).

Técnicas de amostragem ambiental


São conhecidas várias técnicas para coleta de microrganismos existentes no ar
que respiramos, para que seja feita uma avaliação no ambiente de trabalho, como:
sedimentação, coleta em meio líquido, filtração, impactação, etc.
• Sedimentação: é a exposição de placas de Petri ao ambiente durante um certo
tempo, tornando-se o método mais sensível de avaliar a contaminação biológica no
ar. Incide na distribuição de zonas escolhidas para a amostragem, placas de Petri
que contenham meios de cultura adequados e durante um tempo controlado.

Vantagens:
• custo baixo;
• manipulação fácil.

Desvantagens:
• não é possível avaliar os microrganismos quantitativamente;
• não são permitidas correntes de ar no ambiente;
• uma quantidade de microrganismos morre seca se os tempos de amostragem
forem mais de 20 minutos;
• se os microrganismos tiverem menos de 3 micrometros, não poderão
ser coletados.

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• Coleta em meio líquido (impinger): é realizada de maneira com que o ar amostrado
passe através de um meio líquido contido em um recipiente de lavagem (impinger),
em seguida é feita a contagem do número de microrganismos segundo métodos
microbiológicos habituais.

Vantagens:
• é possível determinar o número de microrganismos;
• não tem risco da morte dos microorganismos por secagem.

Desvantagem:
• para amostragem do material é necessário um certo tempo;
• pode acontecer a contaminação do líquido, e com isso gerar erros.
• Filtração: nesse método, o ar amostrado passa através de um filtro de gelatina. Em
seguida, o filtro é colocado em uma placa com um meio de cultura, ou dissolvido
por um líquido apropriado, efetuando a contagem por métodos apropriados.

Vantagens:
• é adequado para coleta de microrganismos aerotransportados;
• permite a avaliação quantitativa.

Desvantagens:
• permite um volume máximo de coleta de 250 litros (valores maiores promovem
a secagem do ar, produzindo alterações nos microrganismos);
• não consegue detectar contaminações inferiores a 1 unidade formadora de
colônias por metro cúbico de ar ( ufc/m³), que é o limite máximo permitido
nas unidades dotadas de fluxo laminar;
• alguns microrganismos são sensíveis à passagem de ar durante o processo
de filtração.
• Impactação: nesse método, um determinado volume de ar sofre um choque sobre
um meio de cultura. Vários equipamentos baseados nesse princípio são encontrados
no mercado.
• Coletor de Andersen: Trata-se de um dispositivo de coleta formado por seis placas
circulares de impactação, dotadas de orifícios com diâmetros progressivamente
decrescentes, e o ar que passa de uma placa para outra sofre uma aceleração,
variando o tamanho das partículas que se sedimentarão por impactação.

Desvantagens:
• possui baixa sensibilidade (acima de 7 ufc/m³).
• Coletor de fenda: através de uma fenda estreita, mediante uma turbina, o ar é
aspirado, sendo conduzido a uma placa de cultura dotada de movimento de rotação.
• Coletor RCS (Sistema Centrífugo Reuter): certo volume de ar amostrado é
impulsionado por uma hélice sobre uma cinta de plástico portadora de alvéolos
justapostos que contêm o meio de cultura adequado.

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UNIDADE
Agentes Químicos e Agentes Biológicos

As partículas e microrganismos aerotransportados são projetados pela ação da força


centrífuga sobre o meio de cultura.

Vantagens:
• grande amplitude de medição;
• tempo de trinta segundos a cinco minutos;
• vazão de quarenta litros/minuto;
• sensibilidade de manipulação;
• baixos níveis sonoros: 49 dB(A);
• grande reprodutibilidade dos valores obtidos.

Desvantagens:
• medições prolongadas em condições de ar seco e alta temperatura podem
secar o meio de cultura;
• é difícil avaliar a quantidade de ar que entra e sai pelo mesmo ponto.
• Dispositivo SAS (Sistema de Ar Superficial): no dispositivo SAS, o ar amostrado
passa através de uma superfície perfurada a uma velocidade pré-estabelecida,
durante certo período, para ser conduzido sobre uma placa de Petri.

Vantagens:
• facilidade de manejo;
• baterias de alimentação recarregáveis;
• o técnico pode selecionar os meios de cultura adequados;
• ampla faixa de medição (tempo de 5 minutos para 15 unidade de 20 segundos
e vazão de 90 a 180 litros/minuto);
• as placas de Petri utilizadas permitem realizar amostragens de superfície.

Desvantagens:
• medição em ambientes muito secos e com temperaturas e velocidades de
ventos altos podem ocasionar o ressecamento do meio de cultura.

Técnicas de amostragem em superfícies


São utilizadas as técnicas quando há possibilidade de contaminação dos equipamentos
de trabalho, roupas, mobiliário, elementos de construção que, por suas características
ou como consequência de desinfecção ineficiente, atuem como possíveis depósitos de
contaminantes biológicos.
• Placa de contato: a placa é um meio de cultura solidificado. Coloca-se a placa sobre
a superfície a ser avaliada e se pressiona, mantendo-a imóvel durante o contato.
• Esfregaço: ocorre quando passamos um chumaço de algodão estéril sobre a
superfície a ser avaliada. Esse método objetiva amostrar locais de difícil acesso
pelas placas de contato.

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Medidas de controle
Para se obter as medidas de controle, há uma hierarquia a ser seguida, adotando-se
primeiramente as mais eficientes, que são as que se referem à fonte, seguida das medidas
em relação ao percurso, no caso de as medidas relativas à fonte não serem suficientes.
Por fim, se essas medidas ainda forem insuficientes, as relativas aos colaboradores
devem ser tomadas.

Medidas adotadas na fonte


Referente a essas medidas, a contaminação tem por objetivo evitar a presença de
microrganismos, ou evitar que passem para o meio ambiente.
• Seleção dos equipamentos de trabalho;
• Substituição de microrganismos;
• Modificação do processo;
• Encerramento do processo.

Medidas corretivas adotadas no percurso


As medidas visam evitar a proliferação dos contaminantes no meio ambiente.
• Limpeza e desinfecção;
• Ventilação;
• Controle de vetores;
• Sinalização.

Medidas preventivas adotadas para o colaborador


As medidas adotadas em relação ao colaborador complementam as medidas relativas
à fonte e à trajetória dos contaminantes.
• Informação sobre os riscos;
• Treinamentos nos métodos de trabalho aplicáveis;
• Diminuição do número de pessoas expostas;
• Roupas de trabalho produzidas para que não acumulem resíduos, como, por
exemplo, roupas sem bolsos, sem dobras nas costuras etc.
• Acompanhamento médico.

Esterilização por vapor (autoclavagem)


As autoclaves utilizam calor úmido na forma de vapor saturado sob pressão para
destruir microrganismos. Esse processo é dependente da temperatura, do período,
contato e umidade para ser efetivo e o mais eficiente método para a destruição dos
riscos biológicos ou resíduos infecciosos.

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UNIDADE
Agentes Químicos e Agentes Biológicos

Tendo a temperatura recomendada de 121°C a 123°C, que é atingida na pressão de


15 psi (libra por polegada quadrada), o período necessário para a esterilização é de 30
minutos, depois de atingido a temperatura ideal.

Todas as áreas de carga devem ter contato com o vapor. Sacos e recipientes devem
ser abertos para a total penetração do vapor.

É essencial para a máxima transferência de calor a saturação do vapor. Bolsões de


ar ou suprimento inadequado de vapor podem causar uma falha na esterilização. A
água pode ser adicionada aos recipientes para auxiliar a umidade. Vale ressaltar que as
autoclaves têm microrganismos vivos e vapor pressurizado. Queimaduras podem ocorrer
quando as portas não forem fechadas corretamente ou quando forem abertas existindo
pressão de vapor na câmara.

Embalagens que contenham resíduos infecciosos devem ser armazenadas no


laboratório quando transportadas para a autoclave, que seja realizada em recipientes
secundários e rígidos, à prova de vazamentos e com tampa selada. O recipiente
secundário deve ser rotulado com os dizeres “Resíduo biológico perigoso” ou com o
símbolo internacional de risco biológico com as palavras “Risco biológico” na tampa e
nas laterais, de forma que possa ser visto de qualquer ponto em que esteja o indivíduo,
indicando o laboratório de origem também.

Desinfetantes químicos
São utilizados para descontaminar superfícies utilizadas com experimentos biológicos.
Os desinfetantes químicos e sua seleção é feita com base em alguns dados:
• natureza do agente biológico;
• o tipo de superfície a ser desinfetada;
• o tempo de contato necessário para a inativação do agente biológico;
• o volume do desinfetante necessário para a desinfecção;
• a toxidade do desinfetante químico;
• a possibilidade de reação do desinfetante com a carga.

Quando fizer uso de um desinfetante químico, lembre-se de que você está


manipulando produtos que podem ser tóxicos, inflamáveis, corrosivos e
carcinógenos. Utilize sempre proteção adequada.

Como selecionar desinfetantes químicos


É essencial para a segurança e a qualidade do serviço de desinfecção a seleção correta
dos desinfetantes químicos.

A seguir, questões importantes na utilização de produtos químicos para a desinfecção:


• Ele é inativado por média orgânica?
• É afetado por água quente?

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• Deixa resíduos?
• É corrosivo?
• Irrita a pele, os olhos e os pulmões?
• É toxico (por absorção da pele, ingestão ou inalação)?
• Possui meia vida efetiva maior que uma semana?

Possíveis aplicações do produto:


• superfícies de trabalho;
• limpeza de vidraria;
• desinfecção de superfícies de equipamentos estacionários ou portáteis;
• líquidos tratados para descarte (amostra de culturas, culturas em placas de Petri,
amostra de sangue, urina entre outras).

Composto de cloro desinfetante


O cloro geralmente utilizado na forma de hipocloritos é um desinfetante universal,
sendo ativo contra todos os microrganismos, incluindo esporos de bactérias. As
aplicações em potenciais do cloro no laboratório como desinfetante são:
• superfícies de trabalho;
• vidraria contaminada;
• descontaminação de superfície de equipamentos fixos ou portáteis;
• líquidos tratados para descarte.

Diversos compostos ativos de cloro são disponíveis em várias concentrações,


porém a mais utilizada no campo de desinfecção química é o hipoclorito de sódio. Os
branqueadores de roupa são soluções de hipoclorito de sódio a 5,25% ou a 52.500 ppm
(partes por milhão).

As soluções de cloro gradativamente perdem a atividade; assim, soluções novas


devem ser preparadas frequentemente. Soluções diluídas devem ser repostas a cada 24
horas. A estabilidade das soluções de cloro é afetada pelos seguintes fatores:
• concentração de cloro;
• presença de concentração de catalisadores como cobre ou níquel;
• PH da solução;
• temperatura da solução;
• presença de material orgânico;
• radiação ultravioleta.

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UNIDADE
Agentes Químicos e Agentes Biológicos

Legislação brasileira sobre agentes biológicos – NR 15 anexo 14


São considerados dois graus de insalubridade para agentes biológicos, grau máximo
e grau médio, que são caracterizados por avaliação qualitativa através de inspeção nos
locais de trabalho.

Características do grau máximo de insalubridade


São considerados de grau máximo os trabalhos ou operações em contato
permanente com:
• pessoas que estão isoladas devido a doenças infectocontagiosas, passando pelo
mesmo processo os objetos de seu uso não esterilizados adequadamente;
• dejetos de animais com algum tipo de doença infectocontagiosa, em decomposição,
couro, pele ou sangue etc.;
• esgotos (galerias)
• lixo urbano

Características do grau médio de insalubridade


A seguir veremos alguns dos locais de trabalho que se encaixam nesse grau, sendo
os trabalhos realizados em contato permanente com animais infectados ou pacientes.
• Grande parte desse nível se encontra em hospitais, ambulatórios, enfermarias e
postos de saúde, até mesmo dentro de uma ambulância. Por isso salientamos a
importância do manuseio dos objetos utilizados nesses pacientes, devido à falha ou
falta de esterilização adequada.
• Temos também os laboratórios que são especializados na preparação de vacinas
e soro, tendo em vista que são realizados por experiências em animais infectados
com diferentes substâncias.
• Basicamente em locais onde ocorrem análises clínicas em geral, autopsias, de
anatomias e histoanatomopatologia, ou até mesmo posterior, caso de exumação
(cemitérios), por exemplo.
• Estábulos e cavalariças.
• Resíduos de animais em processo de decomposição ou deteriorados.

Material elaborado com autorização.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists).
Limites de segurança.
http://www.acgih.org/ Acesso em: 26 abr. 2016.

Livros
Riscos químicos
SOTO, José Manoel Osvaldo Gana; et al. 2. ed. São Paulo: Fundacentro, 1985.

Higiene ocupacional: agentes biológicos, físicos e químicos


SPINELLI, Robson. 5. ed., p. 95. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2006.

Agentes químicos na higiene ocupacional - reconhecimento, avaliação e controle


VENDRAME, Antonio Carlos.

Leitura
Manual do trabalhador
KULCSAR NETO, Francisco; et al. Sílica. São Paulo: FUNDACENTRO, 1995, 43 p.
http://goo.gl/nvYGTP Acesso em: 02 mai. 2016.
Norma de Higiene Ocupacional. Procedimento técnico. Coleta de material particulado sólido
suspenso no ar de ambientes de trabalho. NHO 08
SANTOS, Alcinéa Meigikos dos Anjos; et al. FUNDACENTRO.
http://goo.gl/clBZuG Acesso em: 02 mai. 2016.
Ciência & Saúde Coletiva
SOUZA, Vladimir Ferreira de; QUELHAS, Osvaldo Luís Gonçalves. Avaliação e controle
da exposição ocupacional à poeira na indústria da construção. 8(3): 801-807, 2003.
http://goo.gl/WIkoEj Acesso em: 02 mai. 2016.

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Referências
ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists). Limites de
segurança. Disponível em: <http://www.acgih.org/>. Acesso em: 26 abr. 2016.

AIHA (American Industrial Hygiene Association). Disponível em: <http://www.aiha.


org>. Acesso em: 02 mai. 2016.

ARAUJO, Adely Fátima Dutra Vieira; et al. Identificação de fatores de riscos ocupacionais
no processo de abate de bovinos. Cad. Pesq., São Luís, v. 19, n. 3, set./dez. 2012.
Disponível em: <http://www.pppg.ufma.br/cadernosdepesquisa/uploads/files/
Artigo%206(40).pdf>. Acesso em: 02 mai. 2016.

CDC – CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. The National


Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH). Disponível em: <www.cdc.
gov/niosh>. Acesso em: 02 mai. 2016.

FIOCRUZ. Radiação. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_


virtual/radiacao.html>. Acesso em: 02 mai. 2016.

ISEGNET. Avaliação de agentes ambientais químicos e físicos. Disponível em:


<http://www.isegnet.com.br/siteedit/site/site_antigo/arquivosartigos/AGENTES_
AMBIENTAIS.pdf>. Acesso em: 02 mai. 2016.

Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional - Método NIOSH S93 Modificado


— Cromatografia de gás.

Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional - Método NIOSH 7903 —


Cromatografia de íons.

Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional - Método: NIOSH 1501 —


Cromatografia a gás.

Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional - Método NIOSH 2546 –


Cromatografia de gás.

Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional - Método NIOSH 3506 —


Espectrofotometria de absorção no visível.

Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional - Método: NIOSH 0500 – Gravimétrico.

Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional -Método: NIOSH 0600 — Gravimétrico.

Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional - Método: NIOSH 7602 –


Espectrofotometria de infravermelho.

Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional - Método: NIOSH 7400 – Microscopia.

Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional - Método: NIOSH publicação


DHHS n° 75-118 — Amostragem com elutriador vertical.

Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional -Método OSHA — ID 121.

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PORTARIA 3214 / 78- Ministério do Trabalho Norma Regulamentadora - NR 15 e
seus anexos.

PORTARIA 3214 / 78 Ministério do Trabalho - NR-15 Anexo 6. Ministério do Trabalho.

PORTARIA 3214 / 78 Ministério do Trabalho - NR-09. Ministério do Trabalho

RESOLUÇÃO da ANVISA nº 104/2002.

Apostila SESI: Brasilia 2007 http://www.cpn-nr18.com.br/uploads/documentos-


gerais/tcnicas_de_avaliao_de_agentes_ambientais_.pdf acesso: 04/05/2016

SANTOS, Alcinéa Meigikos dos Anjos; et al. FUNDACENTRO. Norma de Higiene


Ocupacional. Procedimento técnico. Coleta de material particulado sólido
suspenso no ar de ambientes de trabalho. NHO 08. Disponível em: <http://www.
cplp.org/Admin/Public/DWSDownload.aspx?File=Files%2FFiler%2FMIC_IT%2FFic
heiros%2FBiblioteca%2FNormas%2FNormas_de_Higiene_Ocupacional.pdf>. Acesso
em: 02 mai. 2016.

SCHATZMAYR, H. G.; BORBA, C. M. Classificação de agentes de infecções humanas


e animais quanto ao seu risco biológico. In: Encontro Nacional de Comissões Internas
de Biossegurança, 2., 2004, Rio de Janeiro. Resumos. Brasília: MCT/CTNBio/
Fiocruz, 2004. p. 43-48.

SPINELLI, Robson. Higiene ocupacional: agentes biológicos, físicos e químicos. 5. ed.,


p. 95. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2006.

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