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ESPORTES
RADICAIS E NA
NATUREZA
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

SUMÁRIO

UNIDADE I .................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO AOS ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA ......................................... 5
1.1 ORIGEM DAS PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA ........................................... 5
1.2 CONCEITO ........................................................................................................ 6
1.3 MODALIDADE: CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS........................................ 9
1.4 MODALIDADES DE AVENTURA PRATICADAS EM DIFERENTES CONTEXTOS ..... 10
1.5 MODALIDADES DE AVENTURA NAS ESCOLAS .................................................. 10
UNIDADE II ................................................................................................................. 12
ESPORTES RADICAIS X EXPORTES NA NATUREZA – SLACKLINE/ ESCALADA/ CORRIDA
DE ORIENTAÇÃO/ STAND UP/ PARKOUR ..................................................................13
2.1 SLACKLINE ......................................................................................................13
2.2 ESCALADA ......................................................................................................16
2.3 CORRIDA DE ORIENTAÇÃO ...............................................................................18
2.4 SKATE ............................................................................................................19
2.5 LE PARKOUR .................................................................................................. 24
UNIDADE III ................................................................................................................ 27
ESPORTES RADICAIS NO AMBITO ESCOLAR ............................................................ 28
3.1 POSSIBILIDADES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS DAS ATIVIDADES CORPORAIS DE
AVENTURA .......................................................................................................... 28
3.2 CULTURA DE MOVIMENTO CORPORAL E ESPORTES DE AVENTURA ................ 28
3.3 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES CORPORAIS DE AVENTURA NA ESCOLA
............................................................................................................................ 30
3.4 ATIVIDADES CORPORAIS DE AVENTURA: AÇÃO TRANSFORMADORA ............... 32
3.5 EDUCAÇÃO FÍSICA E AS PRATICAS CORPORAIS DE AVENTURA NA BNCC ........ 34
UNIDADE IV ................................................................................................................ 39
ESPORTE NA NATUREZA E RELAÇÕES COM O AMBIENTALISMO .............................. 40
4.1 RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE ESPORTE NA NATUREZA E AMBIENTALISMO .... 40
4.2 ESPORTE NA NATUREZA DE OUTRAS ATIVIDADES DE AVENTURA .................. 43
4.3 IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DO ESPORTE NA NATUREZA RESPEITANDO O MEIO
AMBIENTE ........................................................................................................... 45
4.4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................. 48
4.5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ............................ 54

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 59

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

UNIDADE I

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

INTRODUÇÃO AOS ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA


1.1 ORIGEM DAS PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA
O ser humano, ao longo de sua evolução, sempre foi movido por práticas
envolvendo desafios e aventuras. Antigamente, tendo-se em vista a forte relação
humana com a natureza, técnicas e equipamentos foram criados pelo homem como
forma de superação às adversidades naturais. Essas criações serviram de base para as
atividades de aventura praticadas hoje em dia, sejam elas para lazer ou para
competições esportivas. “Muitos dos esportes modernos tomaram forma a partir de
atividades ancestrais sendo então institucionalizados com regras específicas e por
entidades gestoras” (CANTORANI; PILATTI, 2005). Inicialmente, as energias humanas se
manifestaram como experiências de aventura para sobreviver e controlar o meio
ambiente. Os povos primitivos obviamente levavam vidas aventureiras, porém eram
limitados pelas condições em que viviam, de modo que não podiam apreciar essa
aventura ou procurá-la deliberadamente. Entretanto, com o início da agricultura, de leis,
cidades e governos, prevaleceu na sociedade uma relativa ordem e segurança. Por conta
disso, a aventura não desapareceu, porém foi deslocada da população em geral para as
atividades de guerreiros, comerciantes, marinheiros e exploradores (EWERT;
HOLLENHORST, 1990). Um dos primeiros relatos documentados de aventura data de
2600 a.C., no qual foi anunciado 40 carregamentos de cedro exportados do Líbano para
o Egito. No entanto, a primeira viagem documentada a mares desconhecidos ocorreu em
2500 a.C., com uma expedição com duração de quatro anos do Egito para uma terra
misteriosa, em busca de bens importados.
Em contra partida, na Grécia, as atividades de escalar montanhas, caçar e andar
a cavalo eram aspectos importantes da educação de uma criança, pois a aventura era
vista como uma forma de preparar física e emocionalmente os jovens como cidadãos e
soldados. Além disso, o conceito de lazer também surgiu na Grécia Antiga, uma vez que
foram os gregos que lançaram as bases para a realização de atividades aparentemente
inúteis e improdutivas na época, como aventuras (EWERT; HOLLENHORST, 1990). Na
Idade Média, os interesses comerciais europeus levaram à busca de uma rota marítima
para o Extremo Oriente. Desde então, a riqueza foi acumulada, a religião foi estabelecida
e novas terras foram exploradas, porém a busca pela aventura não parou, mas sim
ganhou um novo significado. A apreciação da aventura passou a ser considerada um
passatempo da classe de lazer. Mesmo na América, com a expansão da civilização, que
havia isolado o morador urbano de riscos e dificuldades, as viagens de aventura
apresentaram uma alternativa à vida civilizada. Com isso, ações legislativas importantes
para a recreação de aventura foram criadas, como a proteção de áreas selvagens,
corredores de rios e trilhas, possibilitando oportunidades para que muitas pessoas
pudessem experimentar a aventura. Além disso, várias organizações que oferecem
viagens e experiências em ambientes naturais foram formadas durante esse período,
incrementando o sentimento pela vida aventureira (EWERT; HOLLENHORST, 1990). O
processo de busca pela natureza também causou um importante reflexo na área
esportiva.

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

De modo geral, foi a partir dos anos 70 que se observou um crescente


desenvolvimento das práticas corporais de aventura, tanto em relação à diversificação
quanto à maior atenção para a organização das modalidades (COSTA, 2000; MARINHO;
BRUHNS, 2003). Esse amplo crescimento dos esportes e das atividades de contato com
a natureza gerou regulamentações de procedimentos, por meio da criação de
Associações Internacionais, organizações de jogos e eventos, visto que essas atividades
constituíam uma área de exploração de mercado. Assim, os esportes de aventura
evoluíram e, hoje, são considerados “modernos”. Os esportes modernos possuem várias
características que os afastam de seus princípios e objetivos lúdicos, como
oportunidades competitivas, presença de regras, racionalização, internacionalização,
organização, impulso para a quantificação e busca de recordes (XAVIER et al., 2011). No
Brasil, a consolidação dessas atividades ocorreu um pouco mais tarde, por volta da
década de 80, porém, atualmente, suas práticas se equiparam às dos demais países.
Desde então, as modalidades de aventura são realidade no Brasil, sendo
amplamente apresentadas em eventos relacionados a surfe, skate, paraquedismo,
corrida de aventura e muitos outros. Além disso, diversos documentários sobre
expedições e reportagens ecoturísticas são divulgados, uma vez que são atrativos para
diferentes faixas etárias da população (FRANCO, 2008). Como consequência dessa
evolução, observa-se uma diminuição do nível de riscos envolvidos, pois, devido à
demanda, conta-se com empresas especializadas em equipamentos de segurança cada
vez mais sofisticados.
Além do âmbito esportivo, social e econômico, as práticas corporais de aventura
atualmente vêm ganhando atenção na educação, mais especificamente na área da
educação física. De acordo com Betrán e Betrán (2006), a temática das atividades de
aventura é uma área recente para a educação física, uma vez que essas atividades
podem ocorrer sem distinção de gênero, habilidades motoras, questões culturais e
interesses competitivos. Quando tratadas pelo ponto de vista pedagógico, pode-se
considerar uma prática com ambiental e para a aprendizagem das modalidades. Com
base nisso, diversos autores defendem as práticas corporais de aventura não apenas
como forma de lazer e competição, e sim como objeto de estudo, por proporcionarem
possibilidades educacionais e serem formadoras de cidadãos (HYDER, 1999; FREIRE;
SCHWARTZ, 2005). Portanto, embora a experiência de aventura tenha sido desprendida
de seu valor utilitário inicial por um mundo cada vez mais civilizado e modernizado, a
aventura não desapareceu da sociedade contemporânea, passando por uma evolução
relatava a propósito e valor. Atualmente, é considerada uma forma viável de recreação e
esporte ao ar livre, sendo desfrutada por milhões de participantes em milhares de locais
em todo o mundo (EWERT; HOLLENHORST, 1990).

1.2 CONCEITO
As atividades de aventura podem ser consideradas como as diversas práticas
manifestadas, em diferentes locais naturais (terra, água ou ar), cujas características se
diferenciam dos esportes tradicionais, tais como as condições de prática, os objetivos,
a própria motivação e os meios utilizados para o seu desenvolvimento, além da

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necessidade de inovadores equipamentos tecnológicos possibilitando uma fluidez entre


os praticantes e o meio ambiente (MARINHO, 2004). Com base nessa definição, percebe-
se que as práticas corporais de aventura possuem particularidades que não se observam
comumente nos demais esportes. No entanto, devido ao fato de que as práticas
esportivas tradicionais são caracterizadas por regras institucionalizadas e atividades
motoras focadas em recordes, competições e desempenho, esse tipo de atividade
recebe influências também de outros sentidos (sensações, sentimentos, intuições, etc.)
(ARMBRUST; SILVA, 2012), de modo que a conceituação nessa área apresenta constante
conflito e mutação. Atualmente, a literatura apresenta dificuldades em unir termos e
conceitos sobre a área, apesar de grande parte dos autores concordarem que as
atividades de aventura estão em contraposição aos esportes tradicionais. Desse modo,
há um grande questionamento acerca da utilização do termo esporte para definir essas
práticas.
Tubino (2001) considera três tipos de enfoque para o esporte moderno:
a) Esporte — rendimento: voltado à competição e ao treinamento.
b) Esporte — participação: refere-se às atividades realizadas por prazer e lazer.
c) Esporte — educação: utilizado como uma ferramenta educacional.
Para melhor entendimento do conceito de esporte, a Carta Europeia do Desporto
(1992, documento on-line) define esporte como: “[...] todas as formas de atividades
físicas que, através de uma participação organizada ou não, têm por objetivo a expressão
ou o melhoramento da condição física e psíquica, o desenvolvimento das relações
sociais ou a obtenção de resultados na competição a todos os níveis.” Com base nesse
conceito, é possível considerar as práticas corporais de aventura como um tipo de
esporte com características singulares, apresentando duas vertentes: uma mais
atrelada à competição e outra mais vinculada à expressão lúdica. No âmbito da
competição, o esporte de aventura apresenta a necessidade de determinado nível de
força para a sua prática, bem como maiores habilidades motoras, treinamentos
específicos, carga horária de treinamento elevada e compromisso com a atividade. O
esporte é praticado com base em regras fixas, visando a eleger sempre o melhor
(FREIRE, 2006). Já na forma de lazer, não há exigências em relação ao esporte, portanto,
não há a necessidade de treinamento prévio para sua experimentação, nem de
treinamentos específicos. É considerada uma prática irregular, visando ao prazer do
praticante (FREIRE, 2006). Apesar de a mídia apresentar principalmente as atividades
com caráter competitivo, caracterizando tais práticas a um processo esportivo, a sua
principal essência na sociedade possui características lúdicas, carregadas de emoções,
buscando diferentes formas de conviver com o risco. Além disso, é importante destacar
que, nessas atividades, não existe um rigor separando a competição da não competição,
pois ambas podem existir em uma mesma prática (MARINHO, 2006). Em virtude dessas
discussões sobre a temática, diferentes propostas têm sido apresentadas na tentativa
de definir as práticas corporais de aventura, entre elas as quais se destacam as
seguintes (MELO, 2009):

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

1. Atividades de ar livre: contemplam a atividade física em meio natural, em um


ambiente saudável.
2. Movimentos naturalista, de Hébert, e escotista, de Baden-Powell: o objetivo
básico desses movimentos é a defesa do retorno à natureza como forma de contrariar a
decadência moral e física dos europeus.
3. Desportos californianos: essa designação deve-se à origem geográfica e
cultural desses desportos, que surgem nos anos 60 (séc. XX), na Califórnia, nos Estados
Unidos. Possuem uma filosofia pacifista e ecologista, em que os praticantes procuram
uma harmonia com a natureza, por meio de uma prática livre e emocional, que se opõe à
perspectiva competitiva.
4. Atividades de ar livre e exploração: conjunto de atividades que estabelecem
contato entre o indivíduo, a natureza e os seus elementos naturais.
5. Atividades físicas de natureza: desenvolvimento de atividades com o objetivo
de progredir (com ou sem equipamentos) na natureza, estando presente um risco
relativo, associado à incerteza do meio. Nessa perspectiva, o praticante não pretende se
integrar ao meio, sendo este apenas o local de prática das atividades.
6. Esportes de aventura: englobam as atividades físicas, praticadas em meio
natural, que respeitam um conjunto de regras e são praticadas com o constante
aparecimento de situações imprevistas, sendo conotados com um forte sentido de risco
e incerteza.
7. Esportes radicais: abrangem as modalidades que configuram uma grande
descarga de adrenalina, na tentativa de alcançar objetivos exigentes, os quais estão,
normalmente, associados a fatores de risco. Essas práticas estão relacionadas com
habilidades “radicais” que dependem de equipamentos que permitam utilizar a força da
gravidade para proporcionar o maior número de soluções possíveis e que possam
superar as forças da natureza.
8. Esportes extremos: associados às atividades relacionadas com feitos
grandiosos, excessivos ou imoderados, as quais são levadas ao extremo para atingir os
limites.
9. Esportes de deslize: atividades que recorrem à utilização das energias da
natureza como um meio de propulsão, proporcionando o deslizamento na água, no ar ou
na terra.
Apesar dos diferentes conceitos propostos, a relação com a natureza é uma
característica fundamental dessas modalidades, visando à busca da liberdade e à
integração dentro da natureza e com a natureza. Essas atividades unem temas
relacionados com natureza e ecologia, associando a ideia de preservação da natureza ao
sentimento de aventura e risco, uma vez que a natureza contempla e proporciona essas
sensações, as quais são consideradas um dos fatores de motivação para a prática.
Portanto, a relação com a natureza poderá ter duas vertentes (MOREIRA, 2007): a) o
interesse ecológico, com a descoberta, identificação e análise do envolvimento natural,

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

tendo como objetivo a conservação e o equilíbrio da natureza; e b) a atividade física, em


que o confronto com a natureza e a sua exploração é efetuado por meio do domínio de
diferentes técnicas. Em relação à natureza, termo utilizado por muitos autores para
nomear essas práticas, é importante considerar: 1) o seu maior ou menor grau de
aventura pela exposição aos riscos objetivos, de acordo com o local de prática; 2) a
modalidade praticada e o grau de experiência dos praticantes; 3) o caráter ecologista
que está presente nessas modalidades; e 4) as características de evasão presentes na
maioria das modalidades, como a procura por emoção e o desejo de fuga à rotina e ao
estresse do dia a dia. Portanto, as práticas corporais de aventura podem ser
consideradas as principais atividades capazes de proporcionar uma aproximação com a
natureza, tendo como principal motivação a imprevisibilidade do meio para satisfazer a
experiência do ser humano relativa ao risco e à incerteza, a qual está associada à
sensação de prazer.
Com base nas discussões apresentadas, de forma mais abrangente, define-se
práticas de aventura como todas as atividades físicas e corporais que se realizam em
contato com a natureza, as quais podem apresentar um formato organizado ou não. Seus
principais objetivos podem abranger desde o desempenho físico, a obtenção de
resultados competitivos até a recreação e o lazer, porém sempre visando à preservação
do meio natural.

1.3 MODALIDADE: CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS


Diversas modalidades de aventura são praticadas, tanto na natureza quanto em
ambientes urbanos, e outras tantas continuam aparecendo e sendo criadas com base
nas modalidades antigas. Como consequência, várias são as possibilidades de
classificação: por impacto no meio ambiente, características motoras envolvidas, níveis
de perigo, tipos e quantidades de equipamentos, tipo de energia envolvida, entre outras.
Devido ao grande número de modalidades e suas especificidades, cada classificação
deixa de contemplar algum aspecto específico. Com base na classificação espanhola, as
modalidades de aventura foram organizadas e divididas em três grandes meios: terra,
água e ar (BETRÁN, 2003; FRANCO, 2008). Modalidades terrestres: trekking (ou
caminhada), escalada, skatismo, esqui, trenó, mountain bike (pedalar em trilhas), caving
ou espeleologia (exploração de cavernas). Modalidades aquáticas: canoagem, rafting
(descida de corredeiras em bote inflável), canyoning (exploração de um rio ou cânion),
mergulho, cascading (descida de cachoeiras), surfe, windsurf (prancha à vela), kitesurf
(surfista preso com sua prancha a uma espécie de pipa). Modalidades aéreas:
paraquedismo, bungee jump (salto de uma plataforma preso por cordas elásticas), rope
swing (salto pendular preso por corda), asa delta, balonismo, paragliding ou parapente
(aeroplano, semelhante ao paraquedas, sendo possível controlar sua ascendência e
direção).
Além dessa classificação, alguns autores sugerem uma subdivisão dentro de cada
meio, devido às peculiaridades de cada tipo de esporte. Os esportes podem divididos
em: de ação ou aventura. Os esportes de ação estão relacionados com movimento,

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

atitude ou comportamento, ao passo que os de aventura são relacionados com o


desconhecido e imprevisível (PEREIRA; ARMBRUST; RICARDO, 2008).
Os esportes de ação e aventura também podem ser divididos quanto às suas
características sobre aspectos históricos, sociais, de riscos, faixas etárias e campos
específicos da educação física , como habilidades motoras e capacidades físicas
predominantes (PEREIRA; ARMBRUST; RICARDO, 2008).

1.4 MODALIDADES DE AVENTURA PRATICADAS EM DIFERENTES


CONTEXTOS
Para quem tem a oportunidade, as práticas corporais de aventura estão
amplamente disponíveis em parques especializados, que promovem a possibilidade de
se vivenciar experiências aventureiras aliadas às condições necessárias. Em geral, as
atividades oferecidas contam com sistemas de gestão de segurança, instrução de
procedimentos em que o participante possui uma orientação das atividades e do
manuseio de equipamentos. Entre as práticas de aventura oferecidas nesses parques,
destacam-se: o paintball, o arvorismo, a escalada, a eco trilha, a tirolesa e o rafting.
Os esportes de aventura em meio urbano também estão em evidência,
proporcionando a prática de aventura também àqueles que não têm a possibilidade de
estar em contato com a natureza e vivenciar sua imprevisibilidade. Todavia, como as
atividades de aventura não são caracterizadas apenas pela prática em meio natural, mas
também pelo fato de proporcionarem sensação de risco, adrenalina e prazer, vários
esportes desse gênero podem ser realizados em meio às cidades. Portanto, há uma
variedade de modalidades de aventura urbanas, como o skate, o rapel com a descida
feita em paredões artificias ou prédios, o parkour, a base jumping (entre prédios,
antenas, pontes, etc.), o paintball, a escalada feita em prédios e pontes, o slackline e o
BMX (bicicross). Nesse contexto, seja em meio às árvores ou entre os prédios, as
atividades de aventura podem ser aderidas em diferentes meios a partir das mais
diversas modalidades, pois o importante é que essas práticas sejam realizadas com
segurança e que promovam, acima de tudo, bem-estar ao praticante.

1.5 MODALIDADES DE AVENTURA NAS ESCOLAS


As práticas corporais de aventura são atividades que podem fazer parte dos
conteúdos preconizados pela educação física na escola, uma vez que são capazes de
conduzir ao desenvolvimento de padrões motores novos em contato com a natureza.
Entre as vantagens de sua implantação nos currículos, destaca-se o fato deste tipo de
ambiente (campos acidentados, montanhas, rios) produzir certa incerteza motora,
exigindo maior coordenação e aprendizado de novas técnicas e proporcionando uma
oportunidade de aprimoramento da educação ambiental, pois o contato com o meio
ambiente pode desenvolver no aluno a consciência e a necessidade de preservação
(BETRÁN; BETRÁN, 2006). As atividades de aventura na escola, além de possibilitarem
diversas situações corporais, possuem uma grande importância pedagógica, devido ao
seu potencial interdisciplinar, sendo discutidos temas como esporte, meio ambiente,
qualidade de vida, lazer, risco, comportamento, espaço e lugar (BETRÁN, 1995).

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), referente ao conteúdo


curricular da educação física, as práticas corporais de aventura devem fazer parte dos
objetivos de aprendizagem nos ciclos escolares, tanto no ensino fundamental quanto no
ensino médio. No Documento, essas atividades foram organizadas dentro das práticas
corporais e descritas como: práticas realizadas na natureza e/ou no meio urbano que
sejam desafiadoras e provoquem vertigem e risco controlado (MARTINELI et al., 2016). O
conteúdo dessas atividades a ser ensinado nas escolas dependerá da estrutura e das
adaptações possíveis, além do conhecimento e do interesse do professor. Atividades
populares, como patins, mountain bike, skate, slackline, corridas de orientação e enduro
a pé, podem facilmente ser desenvolvidas na escola. Além disso, com um pouco mais de
estudo e conhecimento, o professor poderá iniciar trabalhos em outras modalidades,
como a escalada esportiva e rapel, arborismo e le parkour, que são adaptáveis às
estruturas da maioria das escolas (CÁSSARO, 2008). Nesse contexto, a estruturação da
disciplina deve conter três dimensões principais para o ensino das atividades de
aventura, incluindo conceitos, procedimentos e atitudes sobre o tema, com o objetivo
de proporcionar um aprendizado integral.
Sendo assim, os profissionais, ao inserirem o conteúdo sobre práticas de
aventura na disciplina de educação física, contribuirão com a formação dos alunos,
ampliando os conhecimentos destes acerca das práticas esportivas.

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

UNIDADE II

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

ESPORTES RADICAIS X EXPORTES NA NATUREZA – SLACKLINE/


ESCALADA/ CORRIDA DE ORIENTAÇÃO/ STAND UP/ PARKOUR
2.1 SLACKLINE
O desenvolvimento motor pode ser conceituado como processos de mudanças
que ocorrem ao longo da vida. Pesquisadores da área de desenvolvimento investigam os
processos que levam ao ap Slackline, ilustrado na figura 1, é um esporte de equilíbrio que
utiliza uma fita de nylon esticada entre dois pontos fixos, permitindo ao praticante andar
e fazer manobras. Também conhecido como corda bamba, significa "linha folgada" e
pode ser comparado ao cabo de aço usado por artistas circenses, porem sua flexibilidade
permite criar saltos e manobras inusitadas.
O desporto iniciou-se nos anos 1980 nos campos de escalada do Vale de Yosemite,
EUA. Os escaladores passavam semanas acampando em busca de novas vias de
escalada e nos tempos vagos esticavam as suas fitas de escalada, através de
equipamentos, para equilibrar-se e caminhar. No Brasil, o esporte popularizou nas praias
do Rio de Janeiro em 2010, espalhando-se por todo o Brasil. Em agosto de 2015 foi
fundada a International Slackline Association com o objetivo de incentivar e organizar o
esporte, em nível global, através da cooperação entre entidades nacionais.

Figura 1. Slackline
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Slackline

Modalidades:
• Soulline: Com distância curta da fita e altura bem baixa, é uma modalidade para
iniciantes.
• Yogaline: Nesta modalidade, em vez de manobras, pratica-se posturas
derivadas yoga sobre a fita, com concentração.

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

• Trickline: Geralmente praticado a partir de 1 metro ou mais de altura, com uma


fita de 50 mm de espessura, o trickline permite a realização de manobras com
saltos e equilíbrio extremo, exigindo bastante preparo físico e treino.
• Longline: Esta modalidade exige do praticante bastante condicionamento
físico, pois quanto maior o comprimento da fita mais força muscular e
equilíbrio são necessários, e também requer bastante concentração para
manter-se na fita e vencer as suas dificuldades.
• Waterline: É a pratica do Slackline sobre as águas, seja em piscinas, rios ou
praias. Nesta modalidade, também é permitido o uso de uma fita tubular.
• Highline: Praticado em alturas superiores a 5 metros. Esta modalidade requer
muita experiência e conhecimento de alpinismo, pois é necessário utilização
de equipamentos de segurança e conhecimento técnico de sistema de
redução, como uma cadeira de montanhistas chamada "baudrier", presa ao
corpo do praticante com uma corda de escalagem e mosquetão que aguenta 2
toneladas de peso e uma segunda fita ou cabo de aço.
• Baseline: A modalidade baseline é o highline sem o baudrier, onde o praticante
vaicom uma mochila de paraquedas nas costas, caso caia da fita. O praticante
desta modalidade tem que ser paraquedista.
O slackline está dividido em dois exercícios: De movimento- Andar sob a corda
ou arriscar uma nova manobra; Estáticos- sentar, tentar uma nova posição, levantar um
pé etc. A região abdominal e os braços são exigidos em todo tempo de treino pois
trabalham de forma contínua. Como não é um esporte de alto impacto, as articulações
são mais preservadas (HUBER, KLEINDL; 2010).
Segundo Portela em 2011, um treino de slackline em média consome de 400 a 700
calorias. Também é notado em praticantes um fortalecimento imediato da musculatura
como um todo, em especial a musculatura interna dos membros inferiores e reforço nas
articulações do tornozelo e joelho. Dentre os benefícios oferecidos pelo slackline
destacam-se:
Equilíbrio: A configuração do sistema de equilíbrio do indivíduo no slackline é dada
pela combinação dos pontos de ancoragem da fita, dos pontos de apoio do indivíduo
sobre a fita e do centro de massa alinhados pela força da gravidade (KELLER; 2012). Além
disso, a elasticidade da fita solicita reconfigurações posturais constantes com o uso de
braços e pernas para manter a estabilidade (HUBER; KLEINDL, 2010). Durante a execução
no slackline há uma relação direta entre a dinâmica corporal e a dinâmica externa
proporcionada pela fita que se move em resposta à aplicação de forças e ao desequilíbrio
do corpo. Há um atraso natural na resposta motora devido ao tempo de processamento
da informação pelo sistema nervoso, e a adaptação da correta quantidade de força
aplicada para estabilização e controle motor sobre a fita (PAOLETTI; MAHADEVAN, 2012).
Nesse esporte corpo e mente articulam-se como unidade inseparável conscientizando
sobre os limites e criando alternativas para superá-los. Um estudo feito por MAHAFFLEY
em 2009 demonstra que uma das tarefas mais importantes do sistema do controle

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

postural humano é o equilíbrio do corpo sobre a pequena base de apoio fornecida pelos
pés. Os resultados desse estudo apontam correlação entre a variação da área de
deslocamento do centro de gravidade e o centro de pressão. No slackline isso indica que
o controle sobre o ponto de apoio dos pés na fita influencia fortemente a obtenção do
equilíbrio na fita (SEGAL; 2006).
Concentração: A concentração é importantíssima no slackline, pois sem ela o
praticamente não consegue permanecer em cima da fita (KELLER; 2012). Devido ao
esporte exigir muito equilíbrio do corpo, automaticamente a concentração é trabalhada.
Se a mente não estiver focada na postura corporal o praticamente cai da fita (PAOLETTI,
MAHADEVAN; 2012). O equilíbrio emocional também é estimulado através da dedicação,
tentativas, quedas e repetições, reforçando a autoestima e encorajamento quanto ao
medo e vergonha, fatores estes que podem afastar o indivíduo do esporte. (MAHAFFLEY;
2009)
Psicológicos: A prática do slackline estimula as capacidades cognitivas, como o
desenvolvimento do raciocínio lógico além de exercitar a capacidade de planejamento e
aprimorar competências como a atenção, disciplina e determinação (PORTELA, 2011).
Segundo HEIFRICH et al. 2012, os benefícios mentais são semelhantes aos oferecidos no
yoga, trabalhando calma e concentração de forma gradativa e continua.
Posturais: Cada pessoa possui características individuais de postura que podem
ser influenciadas por alguns fatores, anomalias congênitas, adquiridas, má postura,
obesidade, má alimentação, atividades físicas sem orientação entre outras (GUYTON;
HALL, 1998). Uma boa postura ajusta nosso sistema musculoesquelético distribuindo e
equilibrando todo o esforço de nossas atividades diárias favorecendo a menor
sobrecarga em cada segmento corporal (LAZZAROTTI et al. 2010). Os benefícios
posturais oferecidos pelo slackline se dão graças ao envolvimento de diversos grupos
musculares na cintura pélvica e escapular durante o exercício (HUBER, KLEINDL; 2010).
Nas mulheres, além de prevenir a incontinência urinária e prolapso, a melhoria da região
pélvica traz benefícios durante a gravidez, auxílio no trabalho de parto e recuperação do
períneo (PORTELA, 2011).
Musculares: É muito comum durante a prática de atividade física os
agrupamentos musculares se dividirem entre os que realizam o movimento, os que vão
auxiliar ou estabilizá-lo e os que se opõem ao mesmo (POWERS; 2005). Sendo assim os
agonistas são aqueles músculos que realizam o movimento, sinergistas os que auxiliam
e estabilizam e antagonistas os que se opõem a ação (LAZZAROTTI et al. 2010). O perfeito
funcionamento entre esses grupos musculares resulta em um forte fator de proteção
contra torções articulares, principalmente de tornozelo e joelhos. Além disso, ato de
subir na fita, recebe inúmeros estímulos proprioceptivos, aumento nas percepções de
localização e espaço, na forma estática e principalmente na forma dinâmica (DONATO et
al.; 2008). O slackline exige uma otimização no uso da musculatura agonista, sinergista e
antagonista, e quanto mais ele desenvolver sua habilidade de se manter sobre a fita, mais
aumentará a capacidade de responder a um estímulo, e quanto mais rápido consegue
reagir a um estímulo, mais tempo consegue ficar sobre a fita, gerando um ciclo virtuoso

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

onde, ao final, o praticante estará mais protegido de lesões torcionais não traumáticas
(PORTELA, 2011).
Força: Entre os principais benefícios oferecidos pelo slackline, destacam-se a
melhoria no controle corporal e coordenação motora (KELLER; 2012). Seus efeitos
positivos em relação ao fortalecimento de articulações se assemelham aos
treinamentos funcionais (MAHAFFEY, 2009). Durante a execução, muitos músculos são
solicitados. O quadríceps e glúteo para a tarefa de atravessar a fita, e os músculos mais
internos e os estabilizadores logo em seguida com o balançar do praticante na travessia
(POWERS; 2005). Devido ao modo com que os músculos são trabalhados, o esporte age
de forma profilática nos episódios de lesões em membros inferiores diminuindo novos
surgimentos ou amenizando complicações (HUBER, KLEINDL; 2010)
O Slackline vem se desenvolvendo de forma muito ampla, fomentando além da
profissionalização, se tornando um potencial grande de mercado. Hoje se apresenta
como um elemento constituinte da cultura corporal de movimento em dimensão
mundial, influenciando nos hábitos de lazer e esportivos. Mediante a este cenário torna-
se fundamental novos estudos envolvendo diferentes especialidades do meio esportivo
que apresentem de forma clara como o slackline está se configurando nos dias de hoje,
conhecer a perspectiva de seus adeptos, as exigências do esporte no âmbito fisiológico,
psicológico, nutricional entre outros e com isso sejam elaboradas diversas estratégias
para suportes futuros.

2.2 ESCALADA
Escalar é um gesto motor caracterizado pelo ato de subir em algo, perpassando
desde objetos até os mais diferentes relevos existentes. Sendo assim, a escalada
acompanha o ser humano desde o momento em que este começou a se deslocar
(PEREIRA, 2018). Historicamente, a escalada tem seus primeiros registros no século XVII,
na Europa, conquistando os territórios mais altos e montanhosos, criando um novo estilo
de vida e de prática corporal daqueles que lá viviam, evoluindo quanto a métodos e
equipamentos ao longo dos anos. No final do século XX, houve uma inovação importante
para a difusão do esporte de escalada, que são as paredes artificiais. Essas paredes
permitem a comparação de rendimento de atletas, uma vez que foram pensadas
especialmente para competições (PEREIRA, 2019). Dessa forma, criou-se a escalada
esportiva indoor, ilustrada na Figura 2, e o circuito mundial teve início em 1989. Desde
então, os campeonatos espalharam-se pelo mundo, tal qual ocorre com a quase
totalidade de atividades corporais nas quais se pode mensurar esforços e desempenhos,
ganhando o status de esporte olímpico em 2016 (PEREIRA, 2019).

16
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Figura 2. Escalada Indoor


Fonte: https://viajabi.com.br/escalada-indoor-sp-casa-de-pedra/

Para realizar este esporte de alto risco embutido (principalmente em sua


modalidade ao ar livre) são necessários equipamentos de proteção, como: arnês,
capacete, tênis de escalada, magnésio, mosquetão, cordas dinâmicas, fitas, cordeletes,
oito e fita express.

• Arnês: uma espécie de cinto que une o escalador a uma corda, devendo ser
ajustado ao corpo, garantido, assim, a segurança. Esse equipamento auxilia na
prevenção de acidentes durante o esporte.
• Capacete: existe um tipo específico para esta modalidade, sendo de uso
obrigatório para se evitar acidentes.
• Tênis de escalada: são sapatos firmes nos pés, feitos de material resistente e
antiderrapante, permitindo o total movimento dos pés. Normalmente, os
escaladores usam o tênis de um número menor para garantir a firmeza ao pé.
• Magnésio: é um pó utilizado em diversas modalidades esportivas nas quais é
necessário utilizar as mãos para se segurar a alguma estrutura. Esse material
impede que a transpiração das mãos faça o atleta escorregar. Por isso, é
importante que o atleta de escalada carregue consigo um saco contendo este
material, que deve estar junto ao corpo e de fácil acesso para que ele use
quando houver necessidade.
• Mosquetão: é uma peça metálica em forma de aro, com uma abertura em mola
para a fixação e o fecho. Um mosquetão de segurança tem sempre um
dispositivo rosqueado, que impede que este se abra inadvertidamente.
• Cordas dinâmicas: é o principal equipamento de segurança da escalada. Estas
são presas ao corpo com o auxílio do mosquetão e do cinto, ficando também
presas à parede que está sendo escalada, garantindo que mesmo que o

17
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

escalador escorregue ele não sofra um acidente grave e fatal. É importante


ressaltar que devem ser utilizadas cordas específicas aprovadas pela
Federação Internacional de Montanhismo.
• Fitas: são indicadores que, quando fixados na superfície escalada, marcam a
distância percorrida.
• Oito: essa peça de metal possui um formato semelhante ao número oito. Serve
para provocar atrito com a corda caso o escalador precise descer a parede com
segurança.
• Fita express: esta fita tem de 10 a 20 centímetros de comprimento, possui
mosquetões nas pontas e é feita de um material muito resistente. Uma
extremidade fica presa à rocha e, a outra, à corda usada pelo escalador.
• Cordelete: são cordas mais finas que ficam presas à cintura do escalador e
servem como material de apoio para montar uma parada ou realizar subidas
verticais nas pedras.

2.3 CORRIDA DE ORIENTAÇÃO


Corrida de orientação, orientação ou esporte de orientação são nomes utilizados
para a mesma modalidade esportiva. A primeira aparição deste esporte foi em 1850, nos
países Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia, mas somente no século XX a
orientação começou a ser mais difundida como uma modalidade esportiva, devido aos
esforços do major Ernest Killander, que detém o título de “pai” da orientação (PALMER,
1997). No Brasil, esta prática corporal chegou por meio dos militares, na década de 1970,
ganhando milhares de adeptos desde então (KRICHHOF, 2018). A orientação é um esporte
no qual os competidores navegam, ou seja, se deslocam de forma independente pelo
terreno, normalmente na natureza, podendo ser adequada ao espaço disponível.
Os competidores, auxiliados somente por um mapa e uma bússola, devem visitar,
no menor tempo possível, uma série de pontos de controle marcados no terreno, sendo
uma espécie de caça ao tesouro em que é necessário unir todas as pistas na ordem
correta para chegar ao fim, conforme apresentado na Figura 3.
O percurso, definido pela localização dos pontos de controle, não é revelado aos
competidores antes de sua partida. A orientação pode ocorrer individualmente ou em
grupos, sendo que, quando em grupos, é necessário que todos os competidores estejam
juntos durante toda a duração da partida (CBO, 2019).

18
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Figura 3. As sinalizações na orientação


Fonte: https://www.esportividade.com.br/evento/corrida-de-orientacao-iv-etapa-do-xxi-campor

Esta modalidade possui quatro vertentes, sendo elas a competitiva, turística,


pedagógica e ambiental (LEMOS et al., 2008).
• Competitiva: busca formar atletas para competições esportivas da
modalidade.
• Turística: focada no lazer, na diversão e no entretenimento.
• Pedagógica: busca uma melhor qualidade do ensino, visando à evolução,
motivação e formação integral do aluno.
• Ambiental: focada na preservação e na conscientização ambiental,
buscando, durante o trajeto, fazer o mínimo de impacto no local.
Por conta de suas características, a orientação possui uma utilização bastante
prática e segura para ambientes escolares e clubes. Portanto, esta é uma atividade que
pode ser adaptada para ambientes internos e jardins, onde cada ponto seja uma pista,
feita de maneira lúdica, estimulando todos os participantes a unir forças para se alcançar
o objetivo.

2.4 SKATE
Essa modalidade esportiva é praticada por 12 milhões de pessoas no mundo,
sendo utilizado como meio de transporte ou atividade física, de lazer ou de competição.
Na modalidade competitiva, são julgadas as habilidades de manobras e de equilíbrio,
assim como o controle do skate (STUBBS, 2012).
Além disso, o skate foi a primeira modalidade do mundo a ser classificada como
“radical”, sendo um dos primeiros esportes radicais a se popularizar. A Figura 4 ilustra
esta modalidade. O principal equipamento necessário para a prática é o skate em si.

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

O skate é uma prancha curva que pode variar de tamanho. A curva dianteira é
conhecida como nose, e a traseira, tail. Embaixo da prancha são fixadas quatro rodas
pequenas, com cerca de 5cm de diâmetro. Uma parte importante é o eixo, que liga as
rodas à prancha.
O esporte foi inventado na Califórnia, nos Estados Unidos. O crescimento do "sidewalk
surfing", ou em português "surfe no asfalto", se deu de uma maneira tão grande que
muitos dos jovens da época se renderam ao novo esporte chamado "skate". Surgiam,
então, os primeiros skatistas da época. Em 2016, foi anunciado pelo Comitê Olímpico
Internacional (COI) que o skate, a partir de 2020 nas olimpíadas de Tóquio, no Japão, será
um esporte olímpico.
As primeiras medalhas da história nos Jogos Olímpicos foram na modalidade
street, sendo o ouro para o japonês Yuto Horigomi, a prata, para o brasileiro Kelvin
Hoefler e, o bronze, para o norte-americano Jagger Eaton.
Sobre a participação feminina, tem-se alguns fatos. Peggy Oki, 1965, primeira
skatista mulher que se sabe, era do grupo Z-Boys. Já a primeira mulher a se tornar
skatista profissional foi Andressa McGee, no ano de 1965, no mesmo ano foi capa da
revista Life Magazine. E Letícia Bufoni, uma skatista profissional brasileira, fez uma
propaganda de desodorante feminino na qual ela anda de skate com salto alto e vestido
vermelho, descendo um corrimão de rockslide.
A estrutura do skate:
O skate é formado por diversas partes que constituem o seu "corpo" são elas:
shape, trucks, rodas, rolamentos, parafusos de base e lixa.
• Shape: é a base do skate, geralmente feito de madeira, ele é composto por várias
e finas camadas de madeira, dependendo de sua qualidade o shape pode ser mais ou
menos resistente;
• Trucks: são dois equipamentos de ferro, que se encaixam no shape, assim eles
sustentam o skate e dão equilíbrio;
• Rodas: são quatro rodas feitas de poliuretano, que podem variar entre 50 e
60mm;
• Rolamentos: vão dentro das rodas e sem eles seu skate não anda de jeito
nenhum;
• Parafusos de base: eles prendem o shape ao truck;
• Lixa: fica grudada na parte de cima do shape. A lixa deixa o skate mais aderente,
e isso permite que as manobras sejam feitas com mais facilidade.
(Todas as peças citadas acima são essenciais e necessárias para que o skate
"funcione")
Modalidades:

20
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

• Street / Skate de rua: No skate de rua (street), os praticantes utilizam a


arquitetura da cidade, por exemplo bancos, escadas, corrimãos e a calçada
(elementos do mobiliário urbano) como obstáculos para executar suas
manobras e se expressar. É com folga a modalidade mais difundida e popular
do skate. O street é também a modalidade preferida de diversas tribos ou
grupos de skatistas.
• FreeStyle: Modalidade onde o skatista apresenta vários movimentos em
sequência, geralmente no chão. O freestyle é considerado uma das primeiras
modalidades do skate, na qual os esqueitistas fazem manobras de chão, em
sequências com kickflip, 360 flip, inward heelflip, hardflip, sem obstáculos.
onde o melhor skatista de freestyle foi Rodney Mullen.
Vert ou Vertical
• Half-Pipe: A modalidade vertical é praticada em uma pista com curvas
(transições), com 3,40 m ou mais de altura, três metros de raio e quarenta
centímetros de verticalização, geralmente possuem extensões. A pista, que
apresenta a forma de U, é chamada de half-pipe e pode ser feita de madeira ou
concreto. O conceituado skatista Tony Hawk ficou famoso por suas grandes
habilidades nos half-pipes. Tornou-se o que é graças à sua mãe, que comprava
batatas fritas para ele sobreviver nos treinos da sua escolinha de skate, onde
começou a praticar o esporte aos 3 anos de idade. Aos 6 anos, já tinha o
patrocínio da Volcom, Vans, Element,entre outras. Nessa idade, já fazia flips e
grinds pela cidade, onde se machucava muito. Um desses machucados,
consequente de um flip "mal chutado", afastou-o do esporte durante um ano,
pois ele quebrou sua perna direita e ralou todo o joelho esquerdo, o que
demorou muito para curar.
• Bowl: É praticado em piscinas vazias de fundo de quintal, que com suas
paredes arredondadas são verdadeiras pistas de skate. Na realidade as pistas
de skate em forma de Bowl (bacia) são inspiradas nas piscinas, que tinham a
transição redonda: azulejos e coping. O fundo redondo das piscinas
americanas é para o caso de a água congelar as paredes não arrebentarem,
pois nesse caso o gelo se deslocaria para cima, não fazendo pressão nas
paredes. Na década de 1970, alguns skatistas da Califórnia, mais precisamente
de Santa Mônica, se aventuraram a andar em piscinas vazias, e assim foi criada
o Bowl (também conhecido como Pool Riding ou Bowl Riding) que atualmente é
uma modalidade underground praticada por alguns skatistas que gostam de
transições rápidas. Recentemente, em 1999, a Vans (uma marca de tênis para
skatistas) inaugurou uma das maiores pistas da América, onde a atração
principal é uma réplica da famosa piscina Combi Pool que ficava na extinta
pista de Pipeline em Upland. E já promete outra pista para breve, sempre com
a inclusão de bowls no seu desenho.
• Big Air: Modalidade criada por Danny Way outro que foi adaptada e atualmente
é a principal competição do X Games. Colocando modalidades que também

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

refletem parte do que os skatistas querem mostrar para o mundo, como o fim
da disputas do skate park e mostrar disputas de street skate, em obstáculos
que verdadeiramente reproduzem o que os skatistas de street fazem.
• Downhill Speed: Modalidade onde o atleta desce uma ladeira fazendo
manobras em alta velocidade. Como muitos devem saber, um dos inventores
do downhill-slide foi Clifford Coleman, um californiano de Berkeley que hoje
tem 54 anos e continua praticando e muito o downhill-slide. Ele e seus amigos
de sessão começaram a criar a arte de deslizar (Slide) por volta de 1965, mas
somente em 1975 é que se encontraram num evento e puderam compartilhar
suas experiências vividas nestes 10 anos e exibiram os primeiros slides em pé
(Stand-up) de que se tem notícia. Com o passar dos anos, Cliff começou a
desenvolver outro tipo de Slide, o Slide de mão, agachado, o qual poderia ser
executado em velocidades maiores proporcionando uma maior segurança
no Downhill, visto que este slide poderia ser utilizado como uma espécie de
freio na descida de ladeiras maiores e/ou mais íngremes. Desenvolvendo a
habilidade dos skatistas de descer ladeiras cada vez maiores e mais rápidas
(naquela época).
• Downhill Stand-up: Tem, como finalidade, descer a montanha (ladeira)
imprimindo velocidade, os equipamentos necessários para a pratica
do Downhill speed são (macacão de couro, tênis, luva com casquilho, capacete
fechado, e um skate próprio para velocidade), o recordista mundial de
velocidade é o canadense Micho Erban. Micho chegou a 130km/h na ladeira
no Canadá. Ano que também deu um enorme destaque aos speeds brasileiros
junto ao ranking mundial da IGSA (Associação Internacional de Esportes de
Gravidade). Com destaque no 5º lugar para Luiz Lins (T2) e o 10º lugar à Juliano
Cassemiro (Lilica), em um total de aproximadamente 450 pessoas de várias
partes do mundo.
• Downhill Slide: Consiste em descer ladeira executando manobras de slide,
com um skate maior, chamado Longboard. Com características, bem próximas
à modalidade Downhill Slide, no long, o estilo clássico do surfe é mais
explorado, no aproveitamento das laterais das pistas e do próprio shape. Hoje,
com o desenvolvimento técnico não apenas dos equipamentos mais leves, mas
da execução das manobras, o longboard downhill consegue equilibrar
agressividade, velocidade e o clássico ao mesmo tempo. Essa modalidade é a
que mais comporta mulheres entre as demais encontradas na ladeira. No
Brasil, a skatista Christie Aleixo tem destaque e é considerada uma das
melhores no mundo nesta modalidade, além de praticar o speed e o slalom.
• Minirrampas ou Miniramps: As miniramps são populares em todo o mundo,
pois, devido à pouca altura que elas possuem, as manobras são executadas
com uma maior facilidade. Nesta modalidade, há uma mistura de street com
vertical. Na realidade, as miniramps são um mini half pipe, onde as paredes não
chegam ao vertical. Elas variam de 1 a 2 metros e 10cm de altura. São
excelentes para se aprender manobras, principalmente as que utilizam bordas,

22
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

onde os trucks ou as rodas permanecem em contato com o coping (detalhe de


acabamento feito por um cano, inspirado nos bowls). Essas pistas são
facilmente construídas. O risco de se machucar em uma manobra é bem
pequeno e é uma prática necessária para a evolução de qualquer skatista.

Figura 4. Skate
Fonte: https://faktalink.dk/titelliste/skat

O esporte oferece ao praticante vários benefícios ao corpo, como fortalecimento


do sistema respiratório e também o aeróbico.
Segundo Alvaro Luiz Penteado Santos (2012), o skate exige músculos de todo o
corpo, o trabalho das pernas é intenso, principalmente joelhos e panturrilhas,
tonificando os músculos por meio da realização de saltos, agachamentos, giros e chutes.
O skate também trabalha o abdômen, glúteos e coxas, além dos braços que são
bastantes utilizados, em decorrência dos impulsos para se locomover e o reflexo de
apoiar as mãos no chão para evitar quedas.
Para Thiago Zanoni Neves “Pino” (2014), a prática do skate favorece o exercício
aeróbico devido à impulsão e remadas pelas ruas ou em direção a algum obstáculo. Ele
estimula a flexibilidade, coordenação e a concentração por meio da realização de
manobras.
Na revista Boa Forma, edição 333/Julho 2014, antes do esporte, o skate é uma
diversão, que o praticante não percebe que está fazendo um exercício físico. Além disso,
ele ensina a superar os medos e combate a depressão. Para os iniciantes no esporte, a
queima é de 500 calorias em uma hora de atividade. Na evolução de manobras,
velocidade e curvas esse gasto calórico aumenta consideravelmente.
De acordo com Alvaro Luiz Penteado Santos (2012), outro benefício do skate é o
social, pois ao contrário de muitos esportes, o skate não tem idade inicial ou limite, não

23
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

há classe social, condição física ou técnica, o objetivo é se divertir e, embora seja um


esporte individual, os skatistas costumam praticar o esporte em grupos a fim de
aprender novas manobras e estreitar laços de amizade. Na competição o principal
objetivo é competir com você mesmo e todos torcem em prol de boas manobras e
superação do skatista.

2.5 LE PARKOUR
O Parkour ilustrado na figura 5, é uma atividade que surgiu na França, no final do
século XX. Seu criador foi o francês David Belle, praticante de algumas modalidades de
ginástica desde a infância (SERIKAWA, 2006; PEREIRA e ARMBRUST, 2010). David se
inspirou em seu pai Raymond Belle, que atuava como oficial da elite de bombeiros, em
Paris. Ele executava as missões mais difíceis de salvamento, cargo ocupado devido a sua
condição física privilegiada e seu treinamento baseado no método de treinamento de
George Hérbert, conhecido como Método Natural.
Esse estilo partiu da observação dos gestos apresentados por tribos africanas,
ao lutar, correr e caçar, utilizando o próprio corpo, como seus ancestrais faziam. Foi
então que Hérbert, contrariando os métodos de ginástica preconizados no seu tempo,
formatou esse novo sistema, no qual o indivíduo imita os movimentos utilizados para o
deslocamento no meio ambiente, tais como em árvores, pedras e locais mais baixos que
exigem o uso de quatro apoios, carregar objetos, agarrar-se em algo, ou rastejar-se
(STRAMANDINOLI et al, 2012). Tem-se como inspiração para o Parkour George Hérbert,
com o Método Natural, Raymond com seu treinamento militar de salvamento e,
finalmente, o maior precursor do Parkour, David Belle, na virada do século XX para o XXI.
Ele reuniu todos os conhecimentos adquiridos para criar um esporte de aventura de
origem francesa, chamado de Le Parkour (Le= o e Parkour= percurso).

Figura 5. Parkour
Fonte: http://www.seguinte.inf.br/mobile/noticias/3--neuronio/200_Parkour:-
tudo-para-ser-modalidade-olimpicaY

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

A ideia do criador do Parkour é a do indivíduo percorrer ou traçar um objetivo


utilizando os próprios recursos, alcançá-lo da melhor maneira possível, independente
dos obstáculos que aparecerem no caminho, sejam eles urbanos, ou não. Durante o
deslocamento, o traceur (praticantes do Parkour do gênero masculino), ou traceuse
(praticantes do gênero feminino), lança mão de movimentos como: transposições com
apoio das mãos, com giro, com as pernas, deslocamentos e saltos variados e
aterrissagens, amortecendo com os membros inferiores e também com rolamentos.
Alguns desses gestos foram batizados com nomes curiosos, tais como: tic-tac,
King Kong, equilíbrio do gato, salto de precisão, dentre outros (PEREIRA, 2001).
No Brasil, o PK começou a ser praticado, segundo Serikawa (2006), por volta do
ano de 2004, muito provavelmente pela inspiração dos vídeos divulgados pela internet.
Jovens paulistas e brasilienses começaram a praticar e a estudar as proposições de
David Belle. Stramandinoli et al (2012) salienta que a Associação Brasileira de Parkour foi
criada no ano de 2005, com objetivo de divulgar o esporte, promover encontros,
estabelecer regras de conduta e manter características como esporte livre, sem intuito
competitivo e que estimulasse a autos superação.
Encarado por muitos como uma filosofia de vida, o Le Parkour traz uma série de
ganhos para o corpo e para a mente.
Benefícios do Parkour: Incentiva a disciplina do praticante, Aumenta a sensação
de bem-estar, Melhora o equilíbrio físico e mental, Ajuda no controle dos níveis de glicose
no sangue, Dá mais agilidade e dinamismo , Desenvolve a coordenação motora, Eleva a
autoestima, Fortalece os músculos, Melhora a concentração, Melhora a consciência
corporal, Melhora o condicionamento físico, Melhora a flexibilidade e resistência física,
Melhora o sistema cardiorrespiratório e automotor, Promove uma sensação de bem-
estar, Proporciona diversão, Reduz o estresse, Reduz os sintomas de ansiedade e
depressão.
Podendo ser praticado por pessoas de todas as idades, o Le Parkour traz
benefícios para todas as faixas etárias. Se, para os adultos, pode ser um exercício e ao
mesmo tempo um jeito de se divertir, para as crianças, é uma forma de aprimorar a
coordenação motora e estimular o exercício físico. Transforma o mundo em uma espécie
de playground, no qual os praticantes são convidados a explorar o próprio corpo e o
ambiente ao redor. Para alguns, funciona até mesmo como uma forma de vencer o medo
de altura, de desequilíbrio ou de ser julgado. Para outros, como um meio de aumentar a
interação social, visto que pode ser feito em grupo.
O Le Parkour outdoor, é a original do Parkour e acontece ao ar livre, em cenários
urbanos como parques, praças e ruas. Um convite para explorar a cidade de ângulos
diferentes. O Le Parkour indoor, como o nome sugere, acontece em espaços cobertos
como academias e galpões, por exemplo. Neste caso, é oferecido por estabelecimentos
que possuem estrutura própria para ensinar a modalidade.

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Nessas escolas de Parkour, são inseridos obstáculos móveis como caixotes,


pneus e rampas e obstáculos fixos como barras e paredes. No entanto, são usados de
acordo com a proposta de cada aula.
Mesmo não existindo regras em sua versão original, existem recomendações a
serem seguidas pelos praticantes, com o objetivo de preservar a integridade física e o
ambiente.
Em aulas, é possível que existam regras condicionais para dar mais dinamismo
aos movimentos como, por exemplo, não colocar o pé no chão. Mas a tendência é que a
gente venha a conhecer as regras do Parkour no futuro, visto que foi reconhecido como
esporte no Reino Unido e competições possuem diretrizes. Porém, ainda variam de
disputa para disputa. A principal regra, sem dúvida, é fazer o percurso de obstáculos no
menor tempo possível.
Principais movimentos do Le Parkour;
• Big Jump: Big Jump é um salto dado de um lugar com pelo menos três metros de
altura, mas também pode ser um salto longo em distância. Para amortecer o
impacto da queda, o praticante deve seguir esse movimento de Le Parkour com
cambalhota ou usando as mãos como apoio.
• King Kong Vault: King Kong Vault é uma transposição onde o praticante usa as
mãos para impulsionar o corpo. É o mesmo movimento que um gorila faria, o que
dá origem ao seu nome.
• Rolamento: Indicado para finalizar grandes saltos e, assim, reduzir o impacto na
queda, o rolamento é um movimento mais básico. Porém, exige cuidado para que
um dos ombros não fique inclinado demais para dentro ao tocar o chão: isso evita
contusão.
• Salto de Precisão: Como o nome entrega, Salto de Precisão é uma manobra em
que o traceur deve saltar de um ponto a outro e ficar estático na aterrissagem.
Exige controle e bastante treino, visto que geralmente é realizada em lugares
mais arriscados.
• Tic tac: Tic Tac é um movimento que lembra um drible no futebol. O praticante
apoia o pé na parede para ganhar impulso e sai ligeiro em uma direção diferente
da qual estava seguindo. Pode ser feito em árvores, lixeiras, paredes, postes ou
outros elementos que ajudem o traceur a ganhar altura.
• Wall Run: Wall Run ou escalada é um movimento empregado para se atingir um
obstáculo em alta velocidade, usando um dos pés para dar impulso vertical. O
traceur toma impulso e se joga na parede com velocidade, apoiando o pé bem alto
e dando mais um passo na vertical para agarrar o topo. É feito em muros e
paredes.

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

UNIDADE III

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

ESPORTES RADICAIS NO AMBITO ESCOLAR


3.1 POSSIBILIDADES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS DAS ATIVIDADES
CORPORAIS DE AVENTURA
Discussões sobre a importância da interligação entre meio ambiente e as práticas
corporais em espaços abertos (esportes de aventura) vêm conquistando cada vez mais
espaço em diversos âmbitos nos últimos anos. Com as novas mídias, tornou-se mais
amplo o contato com esses esportes, possibilitando que jovens atletas alcancem
grandes posições em campeonatos de esporte não convencionais mundo afora.
Além disso, foram incluídos nas Olimpíadas de 2020 esportes de aventura como
surf, skate e escalada esportiva, estimulando ainda mais a prática dessas modalidades.
Essas práticas corporais são amplamente debatidas no ramo dos esportes e lazer, porém
pouco disseminadas nos espaços escolares. Na busca da diversificação das aulas de
educação física escolares, com incentivo à renovação diária, é possível aplicar práticas
corporais de aventura com o oferecimento de novas vivências corporais aos alunos, para
que superem barreiras pessoais, além de possibilitar um trabalho interdisciplinar e o
desenvolvimento de habilidades motoras.

3.2 CULTURA DE MOVIMENTO CORPORAL E ESPORTES DE


AVENTURA
A educação física passou por diversas fases e mudanças até chegar ao modo
como apresentado nos dias atuais: no decorrer do tempo, foram realizadas diversas
modificações, mas ainda há espaço para reformulações. Um dos conhecimentos
específicos da área é o ensinamento da cultura corporal do movimento. O universo que
compreende essa cultura representa a construção de todos os sentidos de movimento
do ser humano, com adaptações ao contexto histórico-social conforme o grupo no qual
está inserido. Cabe ressaltar que a construção desse indivíduo pode se dar
coletivamente, porém o desenvolvimento é individual, em clubes esportivos, nas escolas
ou no cotidiano (BENTO, 2004). E a educação física deve proporcionar esse universo por
meio das manifestações dos inúmeros movimentos corporais, por esportes, danças ou
jogos (GAYA; GAYA, 2013). A maneira como o ser humano se expressa deriva da cultura
em que está inserido, ou seja, a associação entre o meio social e o corpo e a cultura
corporal do movimento de cada indivíduo é repetidamente realizada durante a vida como
um conhecimento passível de modificar, abrindo espaço para a criação de novos
movimentos e sentidos. Com isso, as variadas expressões de cultura corporal do
movimento devem ser abordadas no âmbito escolar como conteúdo primordial na
construção e na formação pessoal, com a possibilidade de adaptar materiais e espaços
conforme o que está disponível para a prática (BRACHT; ALMEIDA, 2003).
São três vertentes comuns para o andamento das práticas corporais o movimento
corporal (como elemento essencial), o item cultural interligado ao lazer e ao
entretenimento para o cuidado com a saúde e a forma corporal e a organização interna
(de maior e menor grau). Assim, práticas corporais compreendem atividades praticadas
fora das obrigações laborais, higiênicas e domésticas, buscadas por finalidade, em que

28
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

o indivíduo tem acesso a experiências de que não dispunha, promovendo um


conhecimento individual. Para isso, é interessante evidenciar a multiplicidade de
significados conferidos por diferentes sociedades para as diversas manifestações de
cultura corporal de movimento. E, nesse sentido, a educação física promove a
possibilidade de engrandecer o conhecimento cultural e as experiências de crianças e
adolescentes, por meio de saberes corporais e lúdicos no contexto de saúde e lazer
(OLIVEIRA, 2004).
Hoje, a educação física (escolar ou geral) é reconhecida como uma área destinada
ao conhecimento da cultura corporal de movimento, propondo a ideia de não atuar com
o corpo de maneira apenas mecânica (físico), mas também utilizando outras
perspectivas, como a relação entre corpo, mente, estético, religioso e emocional.
Assim, deve ser concebida como introduzir e incorporar a cultura corporal do
movimento, unindo a capacidade de adicionar os demais objetivos educacionais do
corpo e sua diversidade estética e de movimentos, aperfeiçoando a formação do cidadão
que a utilizará em esportes, danças, jogos na procura de qualidade de vida e prática
corporal para a vida toda, além da construção social, moral e cultural (OLIVEIRA, 2004).
A prática de esportes de aventura, conforme mostra a Figura 1, tem se expandido
socialmente, tanto ezm relação ao número de pessoas que os conheça quanto de
praticantes ativos, sobretudo por adolescentes e jovens adultos. Essas práticas de
aventura abrangem a utilização do meio natural.

Figura 1. Exemplos de esportes de aventura.


Fonte: https://www.istockphoto.com/br/vetor/esportes-de-
aventura-%C3%ADcones-preto-series-gm165926496-21518015

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

O termo “esportes de aventura” surgiu de diversas outras nomenclaturas


discutidas na área do marketing, no final dos anos 1980. A palavra “aventura” é derivada
do latim e significa “o que está por vir”, o que remete ligeiramente à sensação do esporte
de aventura, que lida com o imprevisível e o desconhecido.
A educação física possibilita relacionar o meio ambiente com as práticas
corporais, que, dentro da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), são organizadas da
seguinte forma: brincadeiras, esportes, exercícios físicos, ginástica, lutas, práticas
corporais alternativas, práticas corporais de aventura e dança.
A Educação Física contém uma série de possibilidades para enriquecer a experiência das
crianças, jovens e adultos na Educação Básica, permitindo o acesso a um vasto universo
cultural. Esse universo compreende saberes corporais, experiências estéticas,
emotivas, lúdicas, agonísticas que se inscrevem, mas não se restringem, à racionalidade
típica dos saberes científicos que comumente orienta as práticas pedagógicas na
escola. Experimentar e analisar as diferentes formas de expressão que não se alicerçam
apenas nessa racionalidade é uma das potencialidades desse componente (BRASIL,
2016, p. 102).
Além dos esportes convencionais, é afirmada a necessidade de contemplar diferentes
formas culturais de movimento. Assim, a BNCC para a educação física foi reorganizada
em ciclos que permitem uma flexibilidade pedagógica, completando as aulas com
diferentes culturas e etapas para um maior engajamento na inserção de diferentes
modalidades, em diferentes idades e respeitando sempre a individualidade motora e
cognitiva dos alunos

3.3 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES CORPORAIS DE AVENTURA


NA ESCOLA
A educação física escolar objetiva desenvolver e aprimorar aspectos cognitivos,
sociais, motores e afetivos dos alunos, produzindo um grande campo de ações, e tem
como base o movimento humano e sua relação com a cultura e a educação mental,
emocional e social, em uma transcorrência entre corpo e espírito para desenvolver
diferentes formas de expressão por intermédio do corpo para institucionalizar disciplina
e cooperação (BARBANTI, 2005). Com isso, é justificável a importância da educação
física na identificação de aspectos de movimento corporal, cabendo ao professor
assumir a função de promover a proximidade com o espaço e interação com os alunos, o
que possibilita um maior desenvolvimento no ensino-aprendizagem para que todos os
alunos, independentemente de suas individualidades, participem da sociedade em
iguais oportunidades de cultura de movimento corporal (SANTOS, 2003) Figura 2.

30
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Porém, para incluir novos conteúdos escolares, é preciso superar diversas


barreiras de tradições impostas nas práticas esportivas escolares, além das dificuldades
de um país subdesenvolvido ou em desenvolvimento de aplicá-las por carências de locais
e materiais para a prática esportiva não convencional. A corporeidade compreende um
dos aspectos mais importantes a trabalhar em aulas com prática de esportes de
aventura (proporcionando diferentes vivências, como exploração de novos sentidos,
novos movimentos durante a experimentação da prática) (FRANCO, 2010). Há muitas
razões para inserir esportes de aventura no âmbito escolar, como a educação com a
proposta de preservar o meio ambiente, aspecto bem difundido pela mídia, porém pouco
explorado ainda nesse contexto, além de tornar as aulas mais interessantes. Ainda, a
realização dessas atividades vem sendo cada vez mais disseminada na sociedade por
seus benefícios físicos, como fuga da rotina diária e contato com a natureza.
A prática de modalidades diferentes das tradicionais possibilita a elaboração de eixos
pedagógicos preconizados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (trabalhar valores
quanto à cultura corporal de movimento: respeito às diferenças e limites individuais,
cooperação, superação de limites próprios, desenvolvimento de habilidades motoras
diversas, etc.) (FRANCO, 2010). Para isso, é importante o olhar treinado para encontrar

31
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

locais e materiais para a prática de diversos esportes de aventura, recriando locais não
utilizados e fornecendo novas habilidades motoras, como paredes para escalada,
quadras para prática de slackline, alguns obstáculos para o parkour, etc., sempre visando
à sustentabilidade e à segurança. Durante o processo de aprendizagem, é indispensável
ter um amplo conhecimento de saberes, os quais abrangem formação social e humana,
já que, por meio das atividades com os métodos dos esportes de aventura, é possível
direcionar caminhos de aprendizagem. Na pedagogia da aventura proposta pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), os
pilares na educação da sociedade são aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender
a viver com os outros e aprender a ser (BRASIL, 2006).
O ensino do esporte de aventura no contexto escolar está fortemente interligado à
estimulação de diferentes conhecimentos. Segundo Pereira e Ambrust (2010), a prática
pedagógica desses esportes baseia-se em:
• Dimensões conceituais: fator/conhecimento — abordagem histórica das
modalidades e os locais que podem ser utilizados para a sua prática, além de
objetivos, motivos de realização, equipamentos e manobras de cada
modalidade;
• Dimensões procedimentais: fazer/como fazer — maneira de realização das
técnicas que compõem cada movimento de cada esporte e técnicas de
segurança, processo de ensino pedagógico, adaptações do esporte para cada
faixa etária e materiais possibilitados por cada escola;
• Dimensões atitudinais: valores e formação — amplo conhecimento sobre
regras, ética, normas de segurança e risco de cada modalidade, além das
relações sociais e psicológicas necessárias para a prática (confiança,
superação, coragem, trabalho em equipe).
Além das etapas dimensionais, há três momentos específicos do processo de
desenvolvimento dos alunos: experimentação (momentos da prática de determinado
esporte que despertarão curiosidade e promoverão desafios); resolução de problemas
(surgindo a situação desafiadora, o aluno será instigado a resolver o problema); e
organização (da solução motora, social e afetiva dos elementos desafiadores e do
refinamento das possibilidades para solucionar) (PEREIRA; AMBRUST, 2010).
Os esportes de aventura ainda não alcançaram seu total potencial dentro do currículo da
educação física escolar em virtude da falta de conhecimento das grandes possibilidades
de adaptação de locais para a sua prática. Porém, analisando os cursos de formação de
professores de educação física no Brasil, esportes e atividades de aventura não são
fortemente abordados, o que refletiu na própria atuação dos futuros profissionais da
área. Nessa direção, é interessante que o profissional tenha clareza das condições e
possibilidades de realização de esportes de aventura em diversos locais, podendo contar
com a adaptação das modalidades.

3.4 ATIVIDADES CORPORAIS DE AVENTURA: AÇÃO


TRANSFORMADORA

32
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Em virtude de a área da educação física ser tão ampla e aberta, tem-se a clareza
da necessidade de expor os alunos a conhecimentos de cultura corporal de movimento
e a todas as diferentes formas de abordagem, proporcionando, desse modo, novas
experiências e possibilidades de práticas esportivas e lazer, além de saúde física e
mental. Ao traçar essas inter-relações corporais pelas diferentes práticas corporais, e
tendo em vista que o esporte de aventura cria uma ligação com o meio ambiente,
evidencia-se a importância de propor esportes de aventura em âmbito escolar, em que
discussões, dúvidas e curiosidades surgidas podem motivar a prática extracurricular
(GALVÃO; RODRIGUES; SILVA, 2005). Além disso, acredita-se que nenhum dos
conteúdos propostos pela educação física tradicional é tão próximo de abordagens do
atual contexto social como com a prática de esportes de aventura, visto que, além da
troca de informações desportivas, há a possibilidade de promover a educação ambiental,
representando mais uma oportunidade de discussões sobre sustentabilidade (FRANCO;
CAVASINI; DARIDO, 2014). São muitas as modalidades e formas de ensinamentos de
esportes de aventura em meio escolar, como, segundo Paiva e França (2007), as
interligações criadas entre corpo humano, saúde e qualidade de vida, por exemplo, por
trilhas (trekking) em meio ambiente aberto e natural, quando há forte interação com
fauna e flora local, permitindo conhecimentos como biologia e ecologia, alcançando,
além dos benefícios corporais, a transversalidade de conteúdo.
Na dimensão teórica, é possível abordar aspectos históricos das modalidades,
equipamentos para prática e segurança, atletas famosos, locais geográficos para
prática e cuidados ambientais, e, na prática, programas educacionais ao ar livre parecem
proporcionar aos alunos experiências formadoras em situação de distanciamento
familiar. Por meio dessas atividades, demonstra-se a importância da cooperação entre
colegas, a comunicação e as demais habilidades sociais a fim de resolver os problemas
resultados da prática, atividades que permitem ao aluno combinar aspectos físicos,
emotivos e intelectuais. Em uma dimensão de atitudes, são aplicados valores como
respeito às normas de segurança, liderança, gestão de conflitos, etc., capazes de
promover um pensamento crítico e reflexivo.
Assim, a educação física ao ar livre é vista com bons olhares por promover
aspectos positivos para crianças e jovens (GREGG, 2009). Como mais um exemplo de
atividades a propor no ambiente escolar, Auricchio (2009) aponta que a escalada é uma
modalidade que vigora em diversas escolas da cidade de São Paulo, que, com a aderência
dos alunos, passaram a adquiri paredes de escalada e demais equipamentos de
segurança. Nesse mesmo sentido, Franco (2011) apresentam diversos planos de práticas
corporais de aventura com a inserção de esportes, como corrida de orientação, parkour,
arvorismo, trekking e slackline, alcançando grande aderência e engajamento dos alunos,
bem como dos professores, com a chance de explorar situações de cooperação, ética e
sustentabilidade. Assim, sugere-se que brincar e jogar podem ser empregados como
instrumento pedagógico para o desenvolvimento dos estudantes.
Em síntese, em seu processo de inserção na escola, os esportes de aventura têm
demonstrado um potencial transformador em diversos aspectos pessoais e físicos, além
de um grande potencial de aprendizado, proposto de uma maneira renovadora e

33
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

interdisciplinar. Cabe ao professor buscar unir os conteúdos, promovendo o ensino da


cultura corporal do movimento em esportes não convencionais, o que promoverá
benefícios para todos (GREGG, 2009).
Em suma, a interligação entre práticas corporais de aventura e as aulas de
educação física escolar promove estímulos positivos para todas as etapas da vida
(ensino infantil ao médio), o que mostra a pertinência de os professores terem propostas
que favoreçam o desenvolvimento individualizado ao acervo cognitivo, motor e afetivo-
social das crianças e dos jovens. Esportes de aventura ou esportes radicais são ótimos
norteadores na renovação de conteúdos e práticas de movimentos corporais escolares,
favorecendo a produção de conhecimentos e valores importantes para a formação do
indivíduo, além de aproximarem o aluno do meio ambiente, trazendo a cultura corporal
do movimento de forma transversal.

3.5 EDUCAÇÃO FÍSICA E AS PRATICAS CORPORAIS DE AVENTURA NA


BNCC
A Educação Física é o componente curricular que tematiza as práticas corporais
em suas diversas formas de codificação e significação social, entendidas como
manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos
grupos sociais no decorrer da história. Nessa concepção, o movimento humano está
sempre inserido no âmbito da cultura e não se limita a um deslocamento espaço-
temporal de um segmento corporal ou de um corpo todo.
Nas aulas, as práticas corporais devem ser abordadas como fenômeno cultural
dinâmico, diversificado, pluridimensional, singular e contraditório. Desse modo, é
possível assegurar aos alunos a (re)construção de um conjunto de conhecimentos que
permitam ampliar sua consciência a respeito de seus movimentos e dos recursos para o
cuidado de si e dos outros e desenvolver autonomia para apropriação e utilização da
cultura corporal de movimento em diversas finalidades humanas, favorecendo sua
participação de forma confiante e autoral na sociedade.
É fundamental frisar que a Educação Física oferece uma série de possibilidades
para enriquecer a experiência das crianças, jovens e adultos na Educação Básica,
permitindo o acesso a um vasto universo cultural. Esse universo compreende saberes
corporais, experiências estéticas, emotivas, lúdicas e agonistas, que se inscrevem, mas
não se restringem, à racionalidade típica dos saberes científicos que, comumente,
orienta as práticas pedagógicas na escola. Experimentar e analisar as diferentes formas
de expressão que não se alicerçam apenas nessa racionalidade é uma das
potencialidades desse componente na Educação Básica. Para além da vivência, a
experiência efetiva das práticas corporais oportuniza aos alunos participar, de forma
autônoma, em contextos de lazer e saúde.
Há três elementos fundamentais comuns às práticas corporais: movimento
corporal como elemento essencial; organização interna (de maior ou menor grau),
pautada por uma lógica específica; e produto cultural vinculado com o
lazer/entretenimento e/ ou o cuidado com o corpo e a saúde.

34
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Portanto, entende-se que essas práticas corporais são aquelas realizadas fora
das obrigações laborais, domésticas, higiênicas e religiosas, nas quais os sujeitos se
envolvem em função de propósitos específicos, sem caráter instrumental.
Cada prática corporal propicia ao sujeito o acesso a uma dimensão de
conhecimentos e de experiências aos quais ele não teria de outro modo. A vivência da
prática é uma forma de gerar um tipo de conhecimento muito particular e insubstituível
e, para que ela seja significativa, é preciso problematizar, desnaturalizar e evidenciar a
multiplicidade de sentidos e significados que os grupos sociais conferem às diferentes
manifestações da cultura corporal de movimento. Logo, as práticas corporais são textos
culturais passíveis de leitura e produção.
Esse modo de entender a Educação Física permite articulá-la à área de
Linguagens, resguardadas as singularidades de cada um dos seus componentes,
conforme reafirmado nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
de Nove Anos (Resolução CNE/CEB nº 7/2010)37.Na BNCC, cada uma das práticas
corporais tematizadas compõe uma das seis unidades temáticas abordadas ao longo do
Ensino Fundamental.
Cabe destacar que a categorização apresentada não tem pretensões de
universalidade, pois se trata de um entendimento possível, entre outros, sobre as
denominações das (e as fronteiras entre as) manifestações culturais tematizadas na
Educação Física escolar.
Na unidade temática Práticas corporais de aventura, exploram-se expressões e
formas de experimentação corporal centradas nas perícias e proezas provocadas pelas
situações de imprevisibilidade que se apresentam quando o praticante interage com um
ambiente desafiador. Algumas dessas práticas costumam receber outras
denominações, como esportes de risco, esportes alternativos e esportes extremos.
Assim como as demais práticas, elas são objeto também de diferentes classificações,
conforme o critério que se utilize. Neste documento, optou-se por diferenciá-las com
base no ambiente de que necessitam para ser realizadas: na natureza e urbanas. As
práticas de aventura na natureza se caracterizam por explorar as incertezas que o
ambiente físico cria para o praticante na geração da vertigem e do risco controlado,
como em corrida orientada, corrida de aventura, corridas de mountain bike, rapel,
tirolesa, arborismo etc. Já as práticas de aventura urbanas exploram a “paisagem de
cimento” para produzir essas condições (vertigem e risco controlado) durante a prática
de parkour, skate, patins, bike etc.
Ressalta-se que as práticas corporais na escola devem ser reconstruídas com
base em sua função social e suas possibilidades materiais. Isso significa dizer que as
mesmas podem ser transformadas no interior da escola. Por exemplo, as práticas
corporais de aventura devem ser adaptadas às condições da escola, ocorrendo de
maneira simulada, tomando-se como referência o cenário de cada contexto escolar.
É importante salientar que a organização das unidades temáticas se baseia na
compreensão de que o caráter lúdico está presente em todas as práticas corporais,
ainda que essa não seja a finalidade da Educação Física na escola. Ao brincar, dançar,

35
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

jogar, praticar esportes, ginásticas ou atividades de aventura, para além da ludicidade,


os estudantes se apropriam das lógicas intrínsecas (regras, códigos, rituais,
sistemáticas de funcionamento, organização, táticas etc.) a essas manifestações, assim
como trocam entre si e com a sociedade as representações e os significados que lhes
são atribuídos. Por essa razão, a delimitação das habilidades privilegia oito dimensões
de conhecimento:
• Experimentação: refere-se à dimensão do conhecimento que se origina pela
vivência das práticas corporais, pelo envolvimento corporal na realização das
mesmas. São conhecimentos que não podem ser acessados sem passar pela
vivência corporal, sem que sejam efetivamente experimentados. Trata-se de
uma possibilidade única de apreender as manifestações culturais tematizadas
pela Educação Física e do estudante se perceber como sujeito “de carne e
osso”. Faz parte dessa dimensão, além do imprescindível acesso à experiência,
cuidar para que as sensações geradas no momento da realização de uma
determinada vivência sejam positivas ou, pelo menos, não sejam
desagradáveis a ponto de gerar rejeição à prática em si.
• Uso e apropriação: refere-se ao conhecimento que possibilita ao estudante
ter condições de realizar de forma autônoma uma determinada prática
corporal. Trata-se do mesmo tipo de conhecimento gerado pela
experimentação (saber fazer), mas dele se diferencia por possibilitar ao
estudante a competência43 necessária para potencializar o seu envolvimento
com práticas corporais no lazer ou para a saúde. Diz respeito àquele rol de
conhecimentos que viabilizam a prática efetiva das manifestações da cultura
corporal de movimento não só durante as aulas, como também para além delas.
• Fruição: implica a apreciação estética das experiências sensíveis geradas
pelas vivências corporais, bem como das diferentes práticas corporais
oriundas das mais diversas épocas, lugares e grupos. Essa dimensão está
vinculada com a apropriação de um conjunto de conhecimentos que permita
ao estudante desfrutar da realização de uma determinada prática corporal
e/ou apreciar essa e outras tantas quando realizadas por outros.
• Reflexão sobre a ação: refere-se aos conhecimentos originados na
observação e na análise das próprias vivências corporais e daquelas realizadas
por outros. Vai além da reflexão espontânea, gerada em toda experiência
corporal. Trata-se de um ato intencional, orientado a formular e empregar
estratégias de observação e análise para: (a) resolver desafios peculiares à
prática realizada; (b) apreender novas modalidades; e (c) adequar as práticas
aos interesses e às possibilidades próprios e aos das pessoas com quem
compartilha a sua realização.
• Construção de valores: vincula-se aos conhecimentos originados em
discussões e vivências no contexto da tematização das práticas corporais, que
possibilitam a aprendizagem de valores e normas voltadas ao exercício da
cidadania em prol de uma sociedade democrática. A produção e partilha de

36
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

atitudes, normas e valores (positivos e negativos) são inerentes a qualquer


processo de socialização. No entanto, essa dimensão está diretamente
associada ao ato intencional de ensino e de aprendizagem e, portanto,
demanda intervenção pedagógica orientada para tal fim. Por esse motivo, a
BNCC se concentra mais especificamente na construção de valores relativos
ao respeito às diferenças e no combate aos preconceitos de qualquer
natureza. Ainda assim, não se pretende propor o tratamento apenas desses
valores, ou fazê-lo só em determinadas etapas do componente, mas assegurar
a superação de estereótipos e preconceitos expressos nas práticas corporais.
• Análise: está associada aos conceitos necessários para entender as
características e o funcionamento das práticas corporais (saber sobre). Essa
dimensão reúne conhecimentos como a classificação dos esportes, os
sistemas táticos de uma modalidade, o efeito de determinado exercício físico
no desenvolvimento de uma capacidade física, entre outros.
• Compreensão: está também associada ao conhecimento conceitual, mas,
diferentemente da dimensão anterior, refere-se ao esclarecimento do
processo de inserção das práticas corporais no contexto sociocultural,
reunindo saberes que possibilitam compreender o lugar das práticas corporais
no mundo. Em linhas gerais, essa dimensão está relacionada a temas que
permitem aos estudantes interpretar as manifestações da cultura corporal de
movimento em relação às dimensões éticas e estéticas, à época e à sociedade
que as gerou e as modificou, às razões da sua produção e transformação e à
vinculação local, nacional e global. Por exemplo, pelo estudo das condições que
permitem o surgimento de uma determinada prática corporal em uma dada
região e época ou os motivos pelos quais os esportes praticados por homens
têm uma visibilidade e um tratamento midiático diferente dos esportes
praticados por mulheres.
• Protagonismo comunitário: refere-se às atitudes/ações e conhecimentos
necessários para os estudantes participarem de forma confiante e autoral em
decisões e ações orientadas a democratizar o acesso das pessoas às práticas
corporais, tomando como referência valores favoráveis à convivência social.
Contempla a reflexão sobre as possibilidades que eles e a comunidade têm (ou
não) de acessar uma determinada prática no lugar em que moram, os recursos
disponíveis (públicos e privados) para tal, os agentes envolvidos nessa
configuração, entre outros, bem como as iniciativas que se dirigem para
ambientes além da sala de aula, orientadas a interferir no contexto em busca
da materialização dos direitos sociais vinculados a esse universo.
Vale ressaltar que não há nenhuma hierarquia entre essas dimensões, tampouco
uma ordem necessária para o desenvolvimento do trabalho no âmbito didático. Cada
uma delas exige diferentes abordagens e graus de complexidade para que se tornem
relevantes e significativas.

37
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Considerando as características dos conhecimentos e das experiências próprias


da Educação Física, é importante que cada dimensão seja sempre abordada de modo
integrado com as outras, levando- se em conta sua natureza vivencial, experiencial e
subjetiva. Assim, não é possível operar como se as dimensões pudessem ser tratadas de
forma isolada ou sobreposta.

38
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

UNIDADE IV

39
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

ESPORTE NA NATUREZA E RELAÇÕES COM O AMBIENTALISMO


4.1 RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE ESPORTE NA NATUREZA E
AMBIENTALISMO
Com o aumento da procura de esportes na natureza por praticantes que buscam
se distanciar dos padrões sociais mudando seus hábitos para melhorar a sua qualidade
de vida, vem à tona uma discussão sobre a importância ou não dessas práticas como
meio de preservação ambiental. Os praticantes de esporte na natureza são
impulsionados por ideias de preservação e de integração com o meio natural,
procurando se manter mais tempo em contato com a natureza, além de aventuras e
emoções com a maior liberdade possível (BETRÁN; BETRÁN, 1995).
Por vezes, as pessoas procuram as atividades de contato com a natureza não
apenas como uma forma de melhorar a saúde ou realizar uma prática de lazer, mas
também como uma maneira de promover ações de preservação ambiental, fator
essencial para o equilíbrio e a sustentabilidade do ambiente de prática. A aproximação
com esses ambientes favorece a reaproximação do homem com a natureza buscando
influenciar para uma nova consciência ecológica (ROHDE, 2002).
Podemos considerar que existe uma série de impactos positivos sobre o
ambiente para os praticantes e a sociedade em geral: conscientização da necessidade
de preservar os recursos naturais, formação da cidadania ambiental, melhorias
estruturais nos locais de práticas, crescimento da economia local, compartilhamento de
informações entre os praticantes ou não sobre a importância da manutenção dos locais
de prática, conhecimentos de novas áreas para proteção ambiental, etc. (MAROUN;
VIEIRA, 2007). Todavia, quando não há um planejamento de manejo das áreas voltadas
para as práticas, pode haver grandes impactos negativos (BARROS; DINES, 2000).
Nessa perspectiva, para que os esportes na natureza se desenvolvam em áreas
naturais, Pimentel e Saito (2010) defendem a importância de um engajamento entre
setores públicos e privados, bem como a participação da comunidade local, levando-se
em consideração os aspectos a seguir.
• Formação de profissionais com conhecimento na área em que serão
realizadas as práticas, sobre fenômenos naturais que poderão interferir na
atividade, além das condições climáticas e dos procedimentos para evitar
exposição a riscos, orientando sobre educação ambiental e os possíveis
impactos.
• Análise da possibilidade de desenvolvimento do ecoturismo e do turismo de
aventura, pensando em uma maneira de envolver a população local na busca
da sustentabilidade, além do auxílio no planejamento dos projetos a serem
implantados na região, desenvolvimento econômico, respeito aos
ecossistemas e respeitos às diferentes manifestações culturais.
• O poder público deve ter também responsabilidade em criar estratégias para
a implementação de políticas de lazer na natureza em parceria com o setor

40
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

privado e da população, bem como planos para fiscalizar áreas naturais e


articulação com confederações, federações e associações dos esportes
realizados na natureza, a fim de diminuir problemas quanto à
regulamentação, à certificação e à normalização dos esportes de aventura,
promovendo conscientização dos participantes.
O poder público tem papel fundamental na construção de ações e normatização
contra os possíveis impactos causados pelos esportes na natureza. Contudo,
atualmente, poucas são as discussões referentes a esse problema, já que grande parte
dos interesses nos governos está pautada em questões corporativas e econômicas.
Mesmo com a criação em 2005 de normas técnicas regulamentando as atividades de
turismo de aventura pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), esse tema
não é tratado com a devida importância — se, por um lado, os esportes de aventura
transformaram-se em um eficiente catalisador de desenvolvimento econômico (o mais
correto seria chamar de crescimento), aliando turismo, esporte e natureza, por outro, em
virtude de suas características, seria imprescindível estar presente nas propostas de
políticas públicas para o setor a ideia da sustentabilidade, isto é, desenvolvimento
econômico aliado ao desenvolvimento social e à preservação do meio ambiente
(VERONEZ et al., 2012).
No Brasil, as questões relacionadas à política socioambiental e à gestão ambiental
sofreram mudanças a partir do início da década de 1980, momento a partir do qual foram
elaboradas legislações e conselhos referentes ao ambiente nos níveis estaduais e
municipais, como durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, em foram promulgadas diversas diretrizes com ações que
garantissem o “desenvolvimento sustentável”, documento chamado de “Agenda 21”,
elaborado com a colaboração de diversas organizações e governos de 179 países e que
visa a estabelecer um novo padrão de desenvolvimento que tenta conciliar interesses
aparentemente divergentes, como a defesa do meio ambiente, a promoção de justiça
social e o desenvolvimento econômico (VERONEZ et al., 2012).
A Agenda 21 não é um documento referente especificamente ao esporte, embora
contenha um conjunto de princípios e diretrizes baseados no conceito de
sustentabilidade que podem servir como base para ações de preservação ambiental
dentro dos esportes na natureza. Destacam-se nas diretrizes: “A participação da
população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de conservar o
ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal)” e “A preservação dos recursos
naturais (água, oxigênio, etc.)”. Tais metas também devem ser perseguidas por
propostas de políticas públicas direcionadas ao segmento do esporte de aventura
(VERONEZ et al., 2012). Todavia, é preciso que os governantes, a comunidade e as
iniciativas privadas ampliem suas ações para além do desenvolvimento econômico,
promovendo o desenvolvimento social e a proteção ao meio ambiente.
O desenvolvimento dos esportes na natureza não pode ser analisado de maneira
isolada. O turismo, o esporte e o lazer são setores importantes e que, juntos, podem
influenciar positivamente a criação da sustentabilidade e o desenvolvimento
socioeconômico de uma localidade. Pela criação de empregos, geração de renda, venda

41
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

de equipamentos e diversificação das instalações necessárias para dar suporte à


realização das mais diversas atividades, configura-se um aumento das movimentações
financeiras (CORIOLANO; MORAIS, 2011).
Economicamente, a operação turística que envolve os esportes na natureza
promove uma série de benefícios tanto para os municípios que os recebem quanto para
seus praticantes; contudo, existem impactos negativos em realizar esportes na
natureza, como casos de saturação do ambiente, estacionamentos inadequados,
lugares superlotados, produção excessiva de lixo e compactação do solo,
principalmente em virtude do desenvolvimento do turismo ligado a essas atividades
(DIAS; MELO; ALVES JÚNIOR, 2007). Diante disso, o aumento da procura desses esportes
na natureza muitas vezes acarreta reações negativas à sociedade e à natureza, o que leva
a necessidade de analisá-los considerando seus impactos positivos e negativos.
Define-se o impacto ambiental como qualquer ação ou atividade que influencia ou
modifica significantemente outra. No caso dos esportes na natureza, podem ocasionar
impactos diretos e indesejáveis o acúmulo de sujeira, a contaminação e a erosão do solo
e a utilização do meio natural de modo insustentável. Os impactos indiretos consistem
na contaminação derivada da produção dos equipamentos, na alteração da paisagem, na
proliferação de acessos e no aumento das águas residuais. Além disso, Machado e
Schwartz (2004) afirmam que os impactos podem ser classificados em econômicos,
sociais e ambientais, como a utilização dos espaços em períodos curtos, promovendo
um fluxo desordenado (p. ex., finais de semana e feriados), o que potencializa os
impactos ao ambiente. A Figura 1 mostra o esporte na natureza praticado de maneira
consciente, visando a reduzir os possíveis impactos negativos causados.

Figura1. Representação de esporte na natureza e a utilização de garrafas de acrílicos ou aço


inoxidável (inox) para evitar o uso insustentável de garrafas PET.
Fonte:https://carajasojornal.com.br/cidades/parauapebas/item/8124-e-seguro-reutilizar-a-
garrafinha-descartavel-de-agua-mineral.html

42
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Embora o impacto ambiental provocado pelos esportes radicais seja considerado


qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou
em parte, das atividades, dos produtos ou dos serviços de uma organização, há
atividades realizadas dentro do meio capazes de produzir pequenas erosões, mas cuja
repetição — e conforme o número de participantes —, pode deixar de ser desprezível.
Funollet (1995) exemplifica pelo efeito produzido pela utilização do magnésio em
escaladas, que, além do impacto visual, altera a composição das camadas mais externas
das rochas. Em resumo, os esportes na natureza e o ambientalismo se relacionam de
uma maneira positiva e negativa, dependendo do impacto dos primeiros no ambiente:
estes podem ser em maior ou menor grau, de acordo com fatores como a própria
atividade, o número de participantes, a conscientização, as condutas realizadas durante
a prática, a fragilidade do ecossistema e os meios técnicos e mecânicos utilizados,
capazes de minimizar ou não os impactos possíveis e, por meio deles, realizar ações
voltadas à sustentabilidade.

4.2 ESPORTE NA NATUREZA DE OUTRAS ATIVIDADES DE AVENTURA


As mudanças sociais resultadas de todos os campos das relações humanas —
globalização, tecnologia, meio ambiente, comportamento, etc. — se refletem na
qualidade de vida das pessoas. Atualmente, um aspecto que tem chamado a atenção são
as atividades de risco praticadas como lazer, esporte ou educação, que apresentam
diferentes definições distintas ou próximas das mais conhecidas: atividades de aventura
na natureza, esportes de aventura e esportes radicais (TAHARA, 2004). As atividades de
aventura apresentam três âmbitos diferentes de atuação — o turístico-recreativo, o de
rendimento--competição e o educativo-pedagógico —, utilizando o componente radical
ou aventura com distintas conotações: utilitária (caça e pesca para subsistência;
canoagem para deslocamento); lúdica (na forma “descompromissada” e de livre adesão
em busca de prazer e divertimento); de competitividade, com a procura de resultados
tanto individuais quanto de grupos (atualmente existem corridas de aventura que fazem
parte do calendário mundial de competições) (PAIXÃO; TUCHER, 2010).
Diante disso, o primeiro conceito a definir é o de esportes radicais, considerados
atividades de risco associadas ao movimento humano, que se refere aos sentimentos
criados nos participantes, já que não têm certeza dos resultados e das consequências.
Os esportes radicais surgiram a partir de um viés voltado à autorrealização, ao lazer e à
melhora da qualidade de vida, buscando fugir dos esportes mais voltados a competição
e rendimento (PAIXÃO; TUCHER, 2010). Essas práticas são realizadas em ambientes
naturais (terrestre, aéreo e aquático) e classificadas como esporte radical de aventura,
quando o objetivo do praticante se relaciona ao desconhecido ou ao inesperado (p. ex.,
prática de montanhistas, mergulhadores, canoístas, etc.), e esporte radical de ação, que
se caracteriza por certas manobras durante a prática (p. ex., skate, patins, bicicleta), em
busca do movimento perfeito; porém, essas duas terminologias estão inter-
relacionadas.
O Quadro 1 caracteriza os esportes de ação e aventura quanto às habilidades motoras e
às capacidades físicas predominantes nessas modalidades, além de procurar identificar as
diferenças entre elas, com o objetivo de reconhecê-las melhor, e não de separá-las.

43
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Esportes radicais

CARACTERISTICA AÇÃO AVENTURA

Habilidade Predomina a estabilização Predomina a locomoção

Capacidade Predomina a força potente ; As Predomina a resistência;


Física manobras exigem força e A estratégia e a escolha
velocidade ;
ganham importância ;

Surgimento Como atividade de lazer e uso do Como expedição ou


tempo livre exploração (militar,
econômica ou científica)

Etimologia Manifestação de força e energia, Experiências arriscadas,


movimento, comportamento e incomuns, perigosas e
atitude imprevisíveis

Objetivo O lazer é o principal motivo; Forte relação entre lazer e


turismo;
As competições promovem
Usado como educação ;
eventos de grande importância;

Local Urbano e natureza; Natureza e urbano;

Espaços construídos e eventos da Espaços naturais (a meta é


natureza (onda, vento) sair de um ponto e chegar
a outro)

Publico Média entre 15 e 25 anos Média entre 25 e 35 anos

Perigo Socorro mais próximo; Socorro mais distante;

Menor ação do clima; Maior ação do clima ;

Organização Existem regras, associações e Existem regras,


formação de tribos; associações, e formação
de equipes ;

Mídia Busca captar a manobra; Busca captar uma história;


Relaciona-se ao público-

44
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Relaciona-se ao público-alvo na alvo na ecologia, na


atitude, na vestimenta, no qualidade de vida e no
comportamento e na linguagem ; meio ambiente ;

Fonte: Pereira, Armbrust (2010). p.18-19.

Nessa perspectiva, relacionamos dois termos que parecem ser semelhantes,


porém têm peculiaridades: os esportes de aventura e as Atividades Físicas na Natureza
(AFAN). Quando usamos o termo “esporte de aventura”, estamos relacionando-o à
competição, que exige determinados níveis de força para a sua prática (FREIRE, 2006).
Além disso, esses esportes têm uma característica bastante atraente e persuasiva,
voltada ao contato com a instabilidade do ambiente natural e experimentações baseadas
em algum risco controlado, proporcionando grandes emoções.
Ainda, considera-se que o esporte de aventura utiliza energia proveniente dos
elementos da natureza, como vento, ondas térmicas, correntezas, declives de montanha
(surf, rafting, canoagem, asa-delta, ski, etc.), ou, ainda, de uma força energética exterior,
promovida por uma máquina motorizada (motociclismo, automobilismo, ultraleve, ski
náutico). Assim, por meio de intensa fusão entre o corpo do praticante e a força
energética da natureza, torna-se possível a realização do movimento, levando-o a
associar seu desempenho a um equilíbrio dinâmico na efetivação da prática com êxito
(COSTA, 2000).
Já as AFAN são consideradas práticas mais recreativas e de contemplação dos
ambientes naturais, em que as pessoas não necessitam de aptidão física específica para
iniciar a prática. Elas conseguem despertar o instinto aventureiro e têm uma ligação
profunda com a natureza, representando uma atividade de lazer realizada no tempo livre
(BETRÁN; BETRÁN, 1995). Contudo, não são deixadas de lado as possibilidades de
desenvolver a competição e a educação, porém são mais realizadas como uma forma de
lazer. Atividades como estas proporcionam a tensão prazerosa do desafio, tanto físico e
motor quanto emocional, elementos fundamentais para o equilíbrio mental diante de um
modo de vida repleto de tensões sérias (BRUHNS, 2000).
Por fim, essas atividades ou esportes de aventura, mesmo com significados
diferentes, buscam proporcionar aos seus participantes sentimentos de
autorrealização, liberdade, superação, emoção, desafio e prazer. E, quando essas
práticas se dão na natureza, possibilitam a aproximação entre as pessoas e o meio
ambiente por meio dos elementos naturais, como sol, vento, montanha, rios, vegetações
densas e desmatadas, lua, chuva e tempestade.

4.3 IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DO ESPORTE NA NATUREZA


RESPEITANDO O MEIO AMBIENTE
O maior contato com a natureza tem sido apontado como um dos principais
motivos que levam as pessoas a praticar as atividades físicas de aventura na natureza,

45
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

além da reação ao urbano (BETRÁN; BETRÁN, 1995), da busca da superação dos limites
próprios, do grupo e do meio, da busca de liberdade e do prazer de adaptar-se e integrar-
se ao dinamismo da natureza. O desenvolvimento das atividades físicas de aventura na
natureza tem grande importância e deve ser incentivado, ao se pensar no
desenvolvimento econômico da região. Entretanto, é preciso observar que existem
aspectos negativos no desenvolvimento desse importante e emergente setor, tornando-
se relevante considerar os impactos ambientais promovidos por essas modalidades.
Essas práticas corporais ocorrem em diferentes ambientes naturais e, pela
crescente demanda imposta no contexto atual sobre repensar as ações ligadas às
questões de preservação do meio ambiente, podem propiciar elementos para refletir e
considerar uma abordagem da educação ambiental. O interesse pelas atividades
desperta a sensibilidade da opinião pública em relação aos temas ambientais, exigindo
atitudes responsáveis no uso das áreas naturais. Muitas vezes, o ecoturismo acontece
associado às atividades de aventura, segmentos em ascensão. Os impactos podem
surgir com a alocação da infraestrutura para o turismo, o incorreto manejo dos resíduos
gerados pela atividade e a expansão das atividades de forma amadora, desavisada e
inadequada, provocando danos irreversíveis (CORIOLANO; MORAIS, 2011).
Quando estruturados e gerenciados, os esportes na natureza possibilitam uma
sustentabilidade sociocultural, que permite que o controle e a gestão de recursos sejam
voltados à comunidade e à sustentabilidade ecológica, garantindo desenvolvimento e a
preservação ambiental. Betrán (2003) aponta para a valorização ético-ambiental que
deve acontecer entre o ser humano e o meio que ele utiliza, com uma preocupação
quanto à preservação por entidades, organizadores de eventos esportivos e praticantes
de esportes da natureza, já que o desconhecimento sobre as consequências da
interferência da prática esportiva na natureza impede a efetivação de medidas de
minimização de impactos ambientais negativos. Pode-se atribuir a isso o despreparo e
amadorismo dos organizadores, a falta de infraestrutura no local em que se realizam as
atividades, a utilização de mão de obra sem conhecimento técnico e a utilização de
equipamentos inadequados, além do acirramento de uma disputa esportiva (PAIXÃO;
TUCHER, 2010).
Alguns dos impactos negativos promovidos por esses esportes estão
relacionados à saturação dos ambientes naturais e aos problemas derivados dela, como
estacionamentos inadequados, lugares lotados, produção excessiva de lixo e
compactação do solo. Como dito, há os impactos diretos, indesejáveis e mais
significativos, em que estariam o acúmulo de sujeira, a contaminação e a erosão do solo
e a utilização do meio natural de forma insustentável, e indiretos, correspondentes à
contaminação derivada da produção dos equipamentos, à alteração da paisagem, à
proliferação de acessos e ao aumento das águas residuais. Esses impactos poderão ser
classificados em econômicos, sociais e ambientais (MACHADO, 2005). Supondo-se que
as atividades de menor impacto são realizadas no meio aéreo e as de maior no meio
terrestre, aquelas que utilizam o próprio corpo ou animais para gerar propulsão são
menos impactantes, mas devem ser realizadas individualmente ou em pequenos grupos
— o mountain bike utiliza propulsão mecânica e é considerado responsável por sérios

46
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

impactos ambientais, principalmente pelo grande número de praticantes e as possíveis


erosões formadas em sua prática; já a asa-delta é um exemplo de esporte na natureza
que provoca pouco impacto na natureza por ter o vento como elemento primordial.
Algumas ações podem ser adotadas pelos praticantes em favor do meio
ambiente, como:
• planejamento da montagem da estrutura do campeonato de modo a não
ocasionar impactos ambientais no ecossistema;
• instalação de sanitários ecologicamente corretos;
• lixeiras para a coleta seletiva;
• divulgação de mensagens educativas pela locução do evento;
• estudos sobre o ecossistema local.
Além disso, torna-se importante observar outros aspectos, como (PUPU, 2000;
ROHDE, 2002):
• conservação e aumento da integridade natural dos locais visitados;
• eficiência de recursos naturais (água, flora, fauna, energia);
• garantia de que o descarte do lixo tenha impacto mínimo, ambiental e
estético;
• desenvolvimento de programas de reciclagem do lixo;
• apoio a fornecedores que seguem a ética de conservação;
• apoio às políticas ambientais da região visitada;
• trabalho em rede para trocas de informações a respeito de práticas e
posturas de uso da natureza;
• divulgação de diretrizes para aumento da consciência ambiental dos
consumidores;
• apoio à educação e ao treinamento ambiental para a equipe envolvida;
• capacitação de guias que respeitem ambientes e culturas locais;
• consumo de produtos locais que beneficiem comunidade evitando o
comércio de artefatos de espécies ameaçadas;
• não perturbação da vida selvagem; „ manutenção dos veículos nas rotas
indicadas;
• aceite de regras e normas de uso de áreas naturais;
• concordar com os padrões de segurança estabelecidos.

47
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Diante desse cenário, o esporte na natureza pode ser considerado uma prática
que valorize a cultura humana e, ao mesmo tempo, utilizada como meio para incentivar
uma maior preservação do ambiente, já que os praticantes mais assíduos têm
consciência sobre a importância de uma boa relação entre a sua prática e a natureza,
respeitando o espaço. Para isso, é necessário reconhecer as expressões culturais
construídas na história, reconhecendo e respeitando os limites éticos de conduta
humana, além dos limites físicos do ambiente da prática, um processo que requer um
conhecimento dos espaços disponíveis, dos desejos e das necessidades da cidade da
prática e da mobilização de vários setores da sociedade. Assim, o esporte passa a
representar uma prática cultural da vida humana, impossível de ser dissociado das
atividades naturais e de sobrevivência: o trabalho, a cultura e o lazer.

4.4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL


Sabe-se que o homem transforma e adapta o ambiente de acordo com as suas
necessidades, contudo essas modificações podem implicar consequências drásticas,
motivo pelo qual muitas nações têm investido em leis rígidas para que os recursos
naturais sejam preservados por muitos anos. Por exemplo, você sabia que, em alguns
países, a fabricação de automóveis a combustão será proibida a partir de 2030? Este é
um exemplo de medidas governamentais ecologicamente conscientes. Nesse sentido, é
necessário, no contexto das práticas corporais de aventura, conhecer a influência do ser
humano e da sociedade no meio ambiente, além das leis e sua importância nesse
processo.
Em toda a sua existência, o ser humano tem feito o uso dos recursos naturais para
sobreviver. Contudo, hoje a sociedade vive um momento de crise ambiental: a partir da
era industrial, a composição da atmosfera, cursos de rios e dos solos foi alterada em
virtude do uso inconsciente e descontrolado da natureza, a despeito da evolução de
muitas áreas, principalmente a da saúde, nos últimos 100 anos, com a melhora na
expectativa de vida, da qualidade de vida, entre outros aspectos positivos (MORIMOTO;
SALVI, 2009).
No período pré-histórico, os seres humanos, até então nômades, retiravam da
natureza a fonte da sua sobrevivência, mas sem provocar quase nenhuma modificação
na natureza, já que a pequena população e os recursos em excesso permitiam que os
homens conseguissem usufruir do meio ambiente de maneira sustentável, ou seja, a
proporção entre o uso e a renovação da fonte estava em equilíbrio. Foi somente alguns
séculos atrás, quando o homem deixou de ser nômade, passando a cultivar grãos, criar
animais e se fixar em um local, que os recursos necessários começaram a ser retirados
de uma área menor (DUARTE, 2007).
Com o passar do tempo, e o aumento da população, começaram a existir
conglomerados de pessoas, como vilas, vilarejos e cidade, até se formarem os grandes
centros ou metrópoles, contudo os recursos da natureza se mantinham os mesmos: o
equilíbrio sustentável começou a ser abalado. Aos poucos, os problemas, antes apenas
individuais ou de pequenos grupos, tornaram-se grandes, exigindo a atenção dos

48
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

governos. Somado às necessidades de desenvolvimento tecnológico e científico, a


sociedade foi afetada pela diminuição ou pela falta de recursos (DUARTE, 2007).
Em resumo, no período primitivo o planeta funcionava como um ecossistema
equilibrado, em que tudo que era consumido ou retirado logo crescia novamente. Mas,
com o aumento populacional, houve uma mudança no comportamento do homem diante
da natureza, ou seja, na pré-história, o homem fazia parte do equilíbrio e, agora, passou
a controlar, em tese, o equilíbrio, desde a construção de diques ou barragens até a
emissão de gases poluentes que modificam a composição da atmosfera (ANTUNES,
2000).
A compreensão da relação entre homem e natureza de que se tem conhecimento
parte dos chamados filósofos da natureza, a partir de uma compreensão um tanto quanto
mítica para explicar a realidade. Assim, desde a Grécia antiga, eles compartilhavam a
visão de que tudo faz parte da natureza: o homem, a sociedade, o mundo exterior e até
mesmo os deuses (SOFFIATI, 2000). Considerado o primeiro estudioso da natureza, Tales
de Mileto, afirmava que a água era um elemento essencial para a vida.
Ainda na Grécia antiga, surgiu um conceito diferente da relação entre homem e
natureza, quando se filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles começaram a valorizar
o homem e seus pensamentos, com até mesmo certo desprezo pelos elementos físicos.
Diferentemente das visões anteriores, em que se considerava o pensamento mítico, e
não o filosófico, teve início a visão do antropocentrismo, colocando o homem no centro
de tudo (SOFFIATI, 2000).
Essa visão se modificou na Idade Média, sob forte influência judaico-cristão,
quando o homem passou a ocupar uma posição intermediária entre a natureza e Deus,
em que, por efeito do desenvolvimento do monoteísmo, diversos valores, até então
místicos, dos bens naturais foram apontados para uma unidade única chamada Iaveh
(Yaweh, Javé, Jeová ou Deus), dando-se origem ao conceito de teocentrismo-
antropocentrismo e da história (DUARTE, 2007).
A posição da relação entre homem e natureza se modificou no período chamado
Revolução Científica, que ocorreu na Europa Ocidental entre os anos 1550 e 1700,
baseada em uma ideia racionalista e utilitarista na qual o homem não faz parte da
natureza, mas é colocado no centro do universo (DUARTE, 2007). Dessa maneira, a
relação homem-natureza sofre uma modificação, uma vez que, ao saber pensar,
conhecer, investigar e questionar, consegue controlar a natureza, pensamento no qual o
meio ambiente se torna mero instrumento do homem, o que, de fato, ainda o é para
muitos (MORIMOTO; SALVI, 2009).
A partir desse período, a situação começou a sair do controle, visto que o homem
passou a usar a natureza mais do que ela suporta. Diante disso, a preocupação hoje não
é apenas ter ou não os recursos naturais disponíveis, mas garantir a sobrevivência
humana na terra, a partir de uma relação sustentável entre homem e natureza. De fato,
para Martins (2002) a sociedade atual está de certa maneira “redescobrindo” o lugar em
que vive, já que durante muitos anos a exploração desequilibrada dos recursos naturais
promoveu consequências quase irreversíveis na biodiversidade.

49
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

A sociedade moderna é guiada pelo crescimento econômico a qualquer custo,


deixando em segundo plano o desenvolvimento sustentável, o que leva à necessidade de
buscar compreender a relação entre homem e natureza a partir da avaliação do estilo de
vida, do modelo econômico, das indústrias, do comércio e de outros elementos que
compõem a estrutura atual da civilização, para que o meio ambiente não seja entendido
apenas como um local de extração de recursos, mas também como um sistema vivo no
qual uma sociedade sobrevive (DUARTE, 2007).
O ambientalismo é um conceito que surgiu nos anos 1970 em meio à crise do
petróleo, época em que havia uma preocupação eminente: a falta de recursos naturais
que suportam o modelo econômico. Para alguns pesquisadores daquele momento, antes
de compreender um problema ecológico, a escassez dos recursos era um problema para
as indústrias. De fato, as pesquisas eram impulsionadas e patrocinadas por empresários,
e não ambientalistas. Um famoso estudo da década de 1970, denominado The Limits to
Growth, analisou a relação entre os níveis de produção e consumo, concluindo que se
fosse dada continuidade ao formato vigente da época, uma crise economia avassaladora
aconteceria e a própria vida dos seres humanos estaria em perigo (JATOBA; CIDADE;
VARGAS, 2009).
Reconhecendo o problema, líderes mundiais se reuniram para a realização da
primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo em 1972,
em que foi proposta uma adequação ambientalista ao crescimento econômico, visto
que, quanto maior a produção de bens e produtos, maior seria o impacto ambiental.
Porém, a maioria dos países em desenvolvimento rejeitou a proposta, pois estava
recebendo muito investimento externo, que, por sua vez, melhorava seus indicadores de
crescimento. Esses países argumentavam que, sem o crescimento econômico, não
havia a possibilidade de acabar com a pobreza, que, até então, era um problema muito
maior que a poluição do ambiente (JATOBA; CIDADE; VARGAS, 2009). Apesar de não ter
obtido sucesso absoluto em razão dos interesses conflitantes, essa conferência da ONU
de 1972 deu início a uma empreitada para que o crescimento econômico se desse de
maneira atrelada à conservação ambiental, influenciando na formação da sociedade
contemporânea. A conscientização da população a respeito do uso adequado dos
recursos naturais vem se transformando, desde políticos, que criam leis para a defesa
do meio ambiente, até o consumidor, que dá preferência aos produtos ecologicamente
corretos (JATOBA; CIDADE; VARGAS, 2009). Para Pierri Estades (2001), as discussões e
os relatórios elaborados nessa conferência serviram de base para a definição do
conceito de desenvolvimento sustentável adotado oficialmente na Rio-92. Pelos efeitos
da crise dos anos 1970, as pretensões ambientalistas consistiam em buscar soluções
sem que o modelo econômico da época sofresse modificações drásticas. Com raízes no
ecologismo, a ideia era equilibrar o crescimento econômico e a preservação do meio
ambiente.
A ECO-92, também chamada de Rio-92, foi a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que reuniu mais de 100 chefes de Estado
de 180 países para debater formas de desenvolvimento sustentável. Suas bases já eram
discutidas desde 1972, quando a ONU organizou uma conferência em Estocolmo, na

50
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Suécia. Teve tanta visibilidade e adesão de países que a reunião seguinte, em


Johanesburgo, na África do Sul, foi apelidada de Rio+10, evento que deu origem à Agenda
21, a qual propõe práticas e técnicas de desenvolvimento sustentável para nações,
estados e cidades.
A preocupação com o desenvolvimento sustentável foi tema da Cúpula de Terra,
realizada em Johanesburgo em 2002, que teve como objetivo analisar as ações dos
compromissos firmados em 1992. Passados 10 anos, ficou claro que, durante esse
período, houve um declínio nos indicadores socioambientais, além ajuda financeira
menor dos países ricos aos países pobres. Portanto, quando o tema ambientalismo for
tratado, deve-se considerar também as questões sociais, como fome, pobreza, moradia
etc., contexto em que o aspecto social, com o meio ambiente e o econômico, torna-se
um elemento essencial para a sustentabilidade (JATOBÁ; CIDADE; VARGAS, 2009).
Entre os diferentes tipos de ambientalismo, o mais equilibrado e moderado se
apoia no desenvolvimento sustentável, também denominado eco desenvolvimento.
Entende-se ambientalismo como uma corrente de pensamentos e movimentos sociais
engajados na defesa do meio ambiente, com medidas de proteção ambiental que
influenciam no desenvolvimento de hábitos e valores de toda a sociedade, enfatizando a
produção e o consumo de bens de modo sustentável (PEPPER, 1996). Segundo autores
como Pepper (1996) e Robert, Parris e Leiserowitz (2005), as principais propostas
ambientalistas, com base no desenvolvimento sustentável, são:
• Produzir bens e tecnologias realmente necessários para a humanidade.
• Buscar a reversão dos danos ambientais já produzidos, se possível.
• Estabelecer objetivos para o desenvolvimento, considerando a capacidade do
planeta, já que este não suportará um crescimento infinito da população
humana, com todas as suas respectivas demandas.
• Promover a consciência de que o homem não é o centro do universo.
• Promover a compreensão de que apenas a riqueza material não é um bom
indicador de desenvolvimento humano ou social, tornando-se preciso
considerar outros fatores.
A partir do estudo deste tópico, pudemos compreender mais sobre o
ambientalismo e a sua complexidade. Quando se discute a respeito da preservação do
meio ambiente, notamos que o assunto deve abranger questões políticas, econômicas e
sociais, ou seja, as políticas públicas devem influenciar as ações de indústrias e
corporações para que haja o menor impacto possível no ambiente, como também
questões sociais para que as pessoas tenham acesso à moradia e ao alimento
(FERREIRA, 1999). Alguns acordos já foram propostos para esse propósito, como o
Protocolo de Kyoto (elaborado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas de 2005, objetivando que os países mais industrializados sejam obrigados a
reduzir a emissão de gases em 5%) e a Agenda 21 (desenvolvida na Conferência Rio-92,

51
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

com a principal finalidade de promover o desenvolvimento sustentável, sobretudo por


medidas sociais).
Mais recentemente, no ano de 2015, chefes de Estado se reuniram para a
Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, considerada uma oportunidade
histórica e sem precedentes para reunir os países e a população global e decidir sobre
novos caminhos, melhorando a vida das pessoas em todos os lugares. Foram tomadas
decisões que determinarão o curso global de ação para acabar com a pobreza, promover
a prosperidade e o bem-estar para todos, proteger o meio ambiente e enfrentar as
mudanças climáticas. Nessa assembleia, os países tiveram a oportunidade de adotar a
nova agenda de desenvolvimento sustentável e chegar a um acordo global sobre a
mudança climática. As ações tomadas em 2015 resultaram nos novos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), que se baseiam nos oito Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM). As Nações Unidas trabalharam junto aos governos, à
sociedade civil e a outros parceiros para aproveitar o impulso gerado pelos ODM e levar
à frente uma agenda de desenvolvimento pós-2015 ambiciosa (ORGANIZAÇÃO DAS
NAÇÕES UNIDAS, 2016).
O Brasil é considerado um dos países com leis ambientais mais avançadas. Desde
a década de 1930, são elaborados leis, códigos e decretos que protegem a fauna e flora
brasileira. O primeiro documento publicado foi o Código de Águas, pelo interesse em usar
a água como fonte de energia por meio de hidrelétricas. Outra data importante na
história de políticas públicas voltada ao meio ambiente foi a criação do Parque Nacional
do Itatiaia em 1937, marcando a primeira área ambientalmente protegida (MOURA, 2016).
Quanto à legislação ambiental e à prática de esportes de aventura, existem três
documentos principais: a Lei dos Crimes Ambientais (Lei no. 9.605/1998), o Novo Código
Florestal Brasileiro (Lei no. 12.651/2012 e a Lei no. 9.985/2000), que institui o Sistema
Nacional das Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). O conhecimento dessas leis
é essencial para que o profissional de educação física consiga exercer a sua profissão
sem cometer nenhum crime, começando pela Lei dos Crimes Ambientais, a partir da qual
o desmatamento um crime é considerado crime. Assim, qualquer dano causado a
elementos do ambiente como flora, fauna, recursos naturais e patrimônio cultural é
passível de pena. O desmatamento promove um desequilíbrio que afeta todo o meio
ambiente, gerando problemas como aquecimento global, poluições, emissão excessiva
dos raios ultravioleta, enchentes, etc. Ou seja, ao praticar qualquer modalidade, o
profissional deve se atentar para não causar nenhum dano ao ambiente.
Para Bahia (2014), cabe ao profissional, ao propor e executar atividades nesses
ambientes (praia, mata, rio, lago ou qualquer outro local), atentar-se à legislação vigente
para que não descumpra com nenhuma lei. As práticas corporais de aventura são
exercícios considerados excelentes principalmente pela interação homem-natureza,
devendo desenvolver, além dos aspectos fisiológicos, questões de conscientização
ambiental por parte dos praticantes (BAHIA, 2014). Muitas práticas corporais de aventura
são realizadas em área de preservação permanente, reservas legais ou unidades de
conservação da natureza.

52
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Assim, ter conhecimento do Novo Código Florestal Brasileiro (Lei no. 12.651/2012)
é imprescindível. Após anos de discussão política, essa legislação, publicada em maio de
2010, reserva ao proprietário de terras a manutenção e preservação das áreas
denominadas área de preservação permanente (APP) e reserva legal (RL). As APP
constituem espaços de terras que lei, a “[...] função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico
de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (art.
3o, II, da Lei no. 12.561/2012). Para as RL, o proprietário deve preservar e manter intacta
de 20 a 80% da área, variando de acordo com a localização e o bioma que ela pertence
(MOURA, 2016). Além das áreas citadas, muitas práticas são desenvolvidas em unidades
de conversação da natureza, que correspondem a espaços territoriais e seus recursos
ambientais (atmosfera, águas interiores, superficiais e subterrâneas, estuários, mar
territorial, solo, subsolo, elementos da biosfera, fauna e flora), incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes (BRASIL, 2000). Além disso, trata-
se de locais que fazem parte do patrimônio ambiental e cultural do país, de extrema
relevância para a manutenção da diversidade biológica, incluindo a conservação de
ecossistemas e habitat naturais e a manutenção e recuperação de populações de
diferentes espécies em seus meios naturais.
Essas unidades são de responsabilidade do SNUC e dividem-se em dois grupos:
proteção integral, em que podem ser realizadas atividades recreativas, de turismo, de
pesquisa, etc. Quando os recursos naturais podem ser usados indiretamente; e uso
sustentável, em que os recursos naturais podem ser usados desde que de forma
sustentável, incluindo, portanto, atividades que coletam e usam os recursos naturais. O
órgão responsável por fiscalizar, gerir e monitorar essas unidades é o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), criado em 27 de agosto de 2007
(NUNES; ROCHA, 2019).
Percebe-se que a prática de esportes na natureza exige um mínimo de
conhecimento das leis que asseguram os ambientes em que geralmente se realizam
essas atividades. É necessário refletir sobre até que ponto se pode praticar esportes
sem ocasionar danos à natureza. Na verdade, essas práticas deveriam ser sempre
acompanhadas da promoção da educação ambiental, para que, além dos benefícios
físicos e psicológicos do esporte, se alcance uma conscientização ambiental (NUNES;
ROCHA, 2019).
Diante do que foi apresentado, é possível perceber que a relação entre o homem
e natureza vem mudando ao longo dos anos — de um período em que a natureza era
colocada como algo mítico, passando pelo antropocentrismo até os dias atuais, em que
se considera que o homem faz parte de um ecossistema que precisa ser usado de
maneira equilibrada. Em outras palavras, a relação homem-natureza atualmente é
balizada pelo pensamento de que o comportamento, o modelo econômico, a produção
de bens e serviços e outros elementos que compõem a estrutura atual da civilização seja
desenvolvida de modo sustentável.
A relação com a natureza, sobretudo dada de maneira negativa, fez com que a
sociedade pensasse em um modo de usar os recursos naturais adequadamente, com o

53
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

objetivo de preservar o planeta para as futuras gerações. Isso levou à realização de


eventos como a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente em 1972, e, 20
anos mais tarde, a Rio-92, que, com a premissa de adequar o crescimento econômico à
preservação do ambiente, tornaram-se marcos para o surgimento do conceito de
“desenvolvimento sustentável”, tão influente na sociedade contemporânea.
Por fim, os esportes de aventura se tornam tão diferentes e especiais pelo
ambiente em que são praticados, e, diferentemente de quadras, pistas e piscinas,
existem leis ambientais que asseguram esses locais de prática, que precisam ser
conhecidas pelo profissional de educação física, a fim de que essas atividades não se
tornem crimes, além de torná-las muito mais significativas, envolvendo a
conscientização ecológica dos alunos.

4.5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA


Ao constatar que o homem é um componente da natureza, possuindo os mesmos
elementos em sua composição física, sendo que a diferença está na sua capacidade de
pensar e interferir nos processos, surge uma reflexão da relação homem com o meio
ambiente, especialmente no que diz respeito à forma de retirar o seu sustento e buscar
a satisfação de suas necessidades, o que tem modificado suas atitudes ao longo dos
últimos anos.
Houve um aumento significativo da consciência sobre os limites da natureza,
uma vez que, depois de tanta degradação em todos os países, o homem tem buscado
conhecer mais sobre o meio ambiente para respeitar seus limites.
Os primeiros movimentos considerando a contribuição do processo educativo
relacionados à questão ambiental ocorreram em meados da década de 60.
Para Dias (1992), a expressão "Educação Ambiental" teria surgido durante um
encontro de educadores na conferência de Keele, na Inglaterra em 1965. Segundo o
autor, educação ambiental implica em consciência a respeito dos processos
socioambientais emergentes, sendo importante a participação dos cidadãos na tomada
de decisões e a transformação dos métodos de pesquisa e formação a partir de uma
ótica holística e enfoques interdisciplinares.
Portanto, a Educação Ambiental foi identificada como um elemento crítico para
a promoção de um novo modelo de desenvolvimento, dada a sua natureza
interdisciplinar, polifacetada e holística, reunindo os elementos necessários para
contribuir decisivamente com a promoção das mudanças de rota que a humanidade
carece (CHAO, 2004; DIAS, 2003).
A Educação Ambiental é um processo por meio do qual as pessoas aprendem
como funciona o ambiente, como dependemos dele, como o afetamos e como
promovemos a sua sustentabilidade. Busca desenvolver nas pessoas conhecimentos,
compreensão, habilidades e motivação para adquirir valores, mentalidades e atitudes
necessárias para lidar com questões ou problemas ambientais e, além disso, encontrar
soluções sustentáveis para esses problemas.

54
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Mesmo assim, vários autores apresentam questões como: Qual é a verdadeira


contribuição da EA no enfrentamento da degradação ambiental? Qual é a correlação
existente entre o aumento da consciência ecológica e a diminuição da degradação
ambiental? A EA influencia no controle da crise ambiental? Caso sim, como e quando?
Apesar destas e de muitas outras questões permanecerem sem respostas, a
tendência da inclusão da dimensão ambiental na Educação, conquistando todos os
espaços pedagógicos disponíveis na estrutura educacional, tem como premissa básica
a crença cristalizada de que a educação ambiental atua numa relação causal e linear
entre o aumento de uma consciência ecológica e a diminuição da degradação ambiental,
mesmo ainda não possuindo base científica consistente.
A Lei nº 6.938/81 (BRASIL, 1981), que institui a Política Nacional de Meio Ambiente
no seu artigo 2, inciso X, que trata da EA, atesta a necessidade de promover a EA a todos
os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para
participação ativa na defesa do meio ambiente.
A Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), no seu capítulo VI, artigo 225,
inciso VI, que trata da EA, também afirma que se deve promover a educação ambiental
em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente.
Finalmente, a Lei no 9.795/99 (BRASIL, 1999), que institui a Política Nacional de
EA, em seu artigo 2, afirma que a educação ambiental é um componente essencial e
permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em
todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.
Quanto a educação formal, a EA também deve constar dos currículos de
formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas.
Com isso, fica destacado a necessidade da inclusão da dimensão ambiental na
Educação, em todos os espaços pedagógicos disponíveis, estando implícito nesse
pressuposto, a premissa do aumento da consciência ecológica através da EA.
Mas, como poderemos discutir a questão ambiental em cada área de
conhecimento, respeitando a tendência da inclusão da dimensão ambiental de forma
transversal na grade curricular? Ou seja, como cada área de conhecimento pode
contribuir para uma discussão da questão ambiental? Como a dimensão ambiental vai
entrar no currículo da História, da Geografia, da Biologia, da Matemática, da Sociologia,
da Educação Física?
Muito se tem pesquisado a respeito da implementação deste tema no currículo
escolar. Quanto à abordagem deste na Educação Física Escolar, percebe-se a escassez
e, portanto, a necessidade de pesquisas que venham a contribuir para o aprofundamento
relativo à Educação Ambiental na Educação Física Escolar.

55
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Para reflexão, podemos partir de algumas questões como: O lugar ocupado pela
EA na disciplina de Educação Física contribui para a construção de conhecimentos
ambientais? Os conhecimentos construídos através das aulas de Educação Física
promovem mudanças de atitudes com relação à preservação ambiental? Qual conotação
curricular os professores que ministram a disciplina de Educação Física, atribuem à EA?
Como organizar o planejamento para promover a inclusão da EA no currículo escolar? E
como o professor de Educação Física integra seu trabalho com o dos professores de
outras disciplinas e com o currículo escolar como um todo?
De acordo com Rodrigues e Darido (2006), mesmo com a divulgação dos
Parâmetros Curriculares Nacionais brasileiros sobre necessidade de se trabalhar a
temática relacionada ao Meio Ambiente nas aulas de Educação Física, essas temáticas
ainda não são recorrentes.
Segundo os PCNs, a principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é
contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na
realidade sócio-ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem estar de
cada ser humano na sociedade local e global, desenvolvendo nos alunos uma postura
crítica diante da realidade e das informações veiculadas pela mídia ou trazidas da rua.
Como aponta Medina (2000), a introdução da dimensão ambiental no sistema
educacional exige um novo modelo de professor. A formação e a continuação do mesmo,
é a chave da mudança que se propõe, tanto pelos novos papéis que os professores terão
que desempenhar no seu trabalho, como pela necessidade de que sejam os agentes
transformadores de sua própria prática.
Em muitos casos, a EA ainda é praticada de modo artesanal, sem
profissionalismo, isto é, muito em nível de sentimento do professor, com pouca ou
nenhuma formação em termos de capacitação e de recursos.
A mudança pedagógica exige compreensão sólida da natureza do conhecimento
que se deseja constituir, pois professores não abrem mão do que estão ensinando
enquanto acreditarem que a ciência é um conjunto de verdades descoberta por
cientistas, e que o importante é memorizá-los (MALDANER, 2000 apud FENSTERSEIFER,
200-).
Para Caparroz e Bracht (2007), o professor de Educação Física deve ser autor de
sua prática e não um mero reprodutor do que foi pensado por outros. O professor deve
construir sua prática com referências em ações/experiências e em reflexões/teorias,
desde que esse processo se dê de maneira autônoma e crítica, indicando a importância
de uma formação inicial e continuada, além de bem estruturada, em Educação
Ambiental, que ajude o professor na reflexão de sua ação, tanto prática quanto teórica.
A Educação Física Escolar deve levar os alunos a se perceberem integrantes,
dependentes e agentes transformadores do ambiente, identificando seus elementos e
as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente,
buscando ampliar de uma visão biológica, para dimensões afetivas, cognitivas e
socioculturais.

56
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

Quanto aos conteúdos trabalhados na Educação Física Escolar, segundo


Rodrigues e Darido (2006), podem ser temas e possibilidades de trabalho nas aulas de
Educação Física que abordem a temática ambiental: o meio ambiente, a temperatura e
aulas de Educação Física; Educação Física, lazer e espaço natural; Espaços disponíveis
para as aulas de Educação Física; Saúde e natureza; Esportes de aventura e o meio
ambiente, entre outros.
Como vimos, a questão ambiental é foco de grandes preocupações na atualidade.
O ser humano é o único no planeta capaz de destruir a natureza, esquecendo-se que a
vida no planeta só foi possível devido à harmonia dos elementos naturais.
A EA é enfocada nos PCNs no sentido de fortalecer sua prática, seja pela sua
aplicabilidade na instituição escolar, seja pelo estímulo onde diferentes profissionais da
área educacional percebam que não é possível conceber uma educação comprometida
com a continuidade da vida humana desacompanhada de sua dimensão ambiental.
Portanto, segundo Sousa (2007), a EA seria um processo que tem o papel de
desenvolver uma população consciente, preocupada com o meio ambiente e com os
problemas que lhe são associados. Uma população dotada de conhecimentos,
habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e
coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção
dos novos.
De acordo com essa definição, várias questões estão envolvidas nessa
temática, não apenas as ligadas à problemática do ambiente natural, mas também o bem
estar no meio urbano, envolvendo o destino do lixo, a reciclagem, o problema da água, a
preservação da cultura para que gerações futuras possam desfrutá-las.
Afinal de contas, apenas uma consciência ecológica genuína é objeto único da
educação ambiental? Apenas a dimensão moral apresenta condições de proteger a
natureza? Apenas a motivação ecocêntrica deve ser considerada eficaz para a proteção
ambiental?
Para Freire (1982), educar-se é conscientizar-se, e que "conscientização"
significa desvelamento crítico das instâncias de dominação existentes na realidade e
transformação dessa mesma realidade rumo a uma sociedade sem opressores nem
oprimidos.
Nesse contexto, o papel da Educação Física como um dos veículos de Educação
Ambiental é significativo e urgente, pois deve considerar o homem como parte do meio
ambiente, ou seja, não basta se preocupar apenas em catar latinhas de alumínio e
reciclar, substituir os combustíveis fósseis por combustíveis renováveis. É preciso
perceber também os problemas sociais além da degradação ambiental, como a questão
da fome, da má distribuição de renda, das doenças e da intolerância humana, entre
outros.
Para resolver os problemas ambientais, é necessário mais do que separar o lixo
para reciclagem ou fechar a torneira enquanto se escova os dentes. Refletir sobre o

57
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

nosso comportamento e as relações que temos com a natureza e com as pessoas


também é parte fundamental desse processo.
Sendo assim, a temática ambiental sendo abordada nas aulas de Educação
Física Escolar através dos esportes de aventura praticados na natureza, consiste num
mútuo conscientizar-se, feito de reflexão e ação, visando a construção dessa ordem
socioambiental sustentável, lembrando que, segundo Savater (2000), não se pode
ensinar nada se nem o professor acredita na verdade do que está ensinando e que é
verdadeiramente importante sabe-lo.
Este indivíduo denominado “professor” é permeado por sua história de vida,
suas emoções, seu corpo e personalidade, pela cultura e por seus pensamentos como
educador, que tem como um de seu objetivos mostrar aos alunos que, através da
Educação Física e da escola, ele irá construir conhecimentos importantes para sua vida.
Fica claro que muito mais importante do que impor aos professores de
Educação Física a abordagem da temática ambiental em suas aulas, é a necessidade de
formar (como também a continuidade desta formação) tais professores com conteúdos
práticos e teóricos adequados para sua atuação docente, dando subsídios para que os
mesmos possam modificar e/ou adaptar suas aulas conforme as necessidades ou
particularidades do seu espaço de ação.
Acredito na possibilidade de se trabalhar os conteúdos da EA nas aulas de
Educação Física, porém, é necessáriouma maior atenção, e porque não, o
desenvolvimento de propostas que embasem melhor esta prática, garantindo o
aprendizado dos alunos de maneira prazerosa e crítica. Está reflexão deve partir de todos
os espaços educacionais, porém, parte das universidades a maior responsabilidade de
pensar sobre a formação dos futuros professores e sobre os meios para esses
professores formarem cidadãos que interagem com o meio ambiente.
Os esportes de aventura como conteúdo abordado nas aulas de Educação Física
Escolar, apresentam um grande potencial para que o professor faça seus alunos
perceberem de maneira crítica a relação homem e natureza. Este potencial nasce de
maneira favorecida pelo fato destes esportes colocarem os indivíduos em contato com
a natureza e por estes tomarem consciência de que este espaço natural pode ser
usufruído de maneira responsável e prazerosa.
É claro que se torna ingênuo o fato de pensar que apenas a prática dos esportes
de aventura junto à natureza, por si só, é suficiente para a compreensão das questões
ambientais. Embora exista entre os praticantes um envolvimento com as questões
ambientais, o que determinará o nível reflexivo sobre uma ou outra questão é a reflexão
crítica e atenta realizada pelos indivíduos e estimulada pelos professores de Educação
Física, na busca de uma melhor qualidade de vida e de um meio ambiente mais
equilibrado.

58
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htm.

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ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA

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