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ESPORTES
RADICAIS E NA
NATUREZA
ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA
SUMÁRIO
UNIDADE I .................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO AOS ESPORTES RADICAIS E NA NATUREZA ......................................... 5
1.1 ORIGEM DAS PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA ........................................... 5
1.2 CONCEITO ........................................................................................................ 6
1.3 MODALIDADE: CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS........................................ 9
1.4 MODALIDADES DE AVENTURA PRATICADAS EM DIFERENTES CONTEXTOS ..... 10
1.5 MODALIDADES DE AVENTURA NAS ESCOLAS .................................................. 10
UNIDADE II ................................................................................................................. 12
ESPORTES RADICAIS X EXPORTES NA NATUREZA – SLACKLINE/ ESCALADA/ CORRIDA
DE ORIENTAÇÃO/ STAND UP/ PARKOUR ..................................................................13
2.1 SLACKLINE ......................................................................................................13
2.2 ESCALADA ......................................................................................................16
2.3 CORRIDA DE ORIENTAÇÃO ...............................................................................18
2.4 SKATE ............................................................................................................19
2.5 LE PARKOUR .................................................................................................. 24
UNIDADE III ................................................................................................................ 27
ESPORTES RADICAIS NO AMBITO ESCOLAR ............................................................ 28
3.1 POSSIBILIDADES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS DAS ATIVIDADES CORPORAIS DE
AVENTURA .......................................................................................................... 28
3.2 CULTURA DE MOVIMENTO CORPORAL E ESPORTES DE AVENTURA ................ 28
3.3 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES CORPORAIS DE AVENTURA NA ESCOLA
............................................................................................................................ 30
3.4 ATIVIDADES CORPORAIS DE AVENTURA: AÇÃO TRANSFORMADORA ............... 32
3.5 EDUCAÇÃO FÍSICA E AS PRATICAS CORPORAIS DE AVENTURA NA BNCC ........ 34
UNIDADE IV ................................................................................................................ 39
ESPORTE NA NATUREZA E RELAÇÕES COM O AMBIENTALISMO .............................. 40
4.1 RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE ESPORTE NA NATUREZA E AMBIENTALISMO .... 40
4.2 ESPORTE NA NATUREZA DE OUTRAS ATIVIDADES DE AVENTURA .................. 43
4.3 IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DO ESPORTE NA NATUREZA RESPEITANDO O MEIO
AMBIENTE ........................................................................................................... 45
4.4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................. 48
4.5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ............................ 54
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REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 59
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UNIDADE I
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1.2 CONCEITO
As atividades de aventura podem ser consideradas como as diversas práticas
manifestadas, em diferentes locais naturais (terra, água ou ar), cujas características se
diferenciam dos esportes tradicionais, tais como as condições de prática, os objetivos,
a própria motivação e os meios utilizados para o seu desenvolvimento, além da
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UNIDADE II
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Figura 1. Slackline
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Slackline
Modalidades:
• Soulline: Com distância curta da fita e altura bem baixa, é uma modalidade para
iniciantes.
• Yogaline: Nesta modalidade, em vez de manobras, pratica-se posturas
derivadas yoga sobre a fita, com concentração.
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postural humano é o equilíbrio do corpo sobre a pequena base de apoio fornecida pelos
pés. Os resultados desse estudo apontam correlação entre a variação da área de
deslocamento do centro de gravidade e o centro de pressão. No slackline isso indica que
o controle sobre o ponto de apoio dos pés na fita influencia fortemente a obtenção do
equilíbrio na fita (SEGAL; 2006).
Concentração: A concentração é importantíssima no slackline, pois sem ela o
praticamente não consegue permanecer em cima da fita (KELLER; 2012). Devido ao
esporte exigir muito equilíbrio do corpo, automaticamente a concentração é trabalhada.
Se a mente não estiver focada na postura corporal o praticamente cai da fita (PAOLETTI,
MAHADEVAN; 2012). O equilíbrio emocional também é estimulado através da dedicação,
tentativas, quedas e repetições, reforçando a autoestima e encorajamento quanto ao
medo e vergonha, fatores estes que podem afastar o indivíduo do esporte. (MAHAFFLEY;
2009)
Psicológicos: A prática do slackline estimula as capacidades cognitivas, como o
desenvolvimento do raciocínio lógico além de exercitar a capacidade de planejamento e
aprimorar competências como a atenção, disciplina e determinação (PORTELA, 2011).
Segundo HEIFRICH et al. 2012, os benefícios mentais são semelhantes aos oferecidos no
yoga, trabalhando calma e concentração de forma gradativa e continua.
Posturais: Cada pessoa possui características individuais de postura que podem
ser influenciadas por alguns fatores, anomalias congênitas, adquiridas, má postura,
obesidade, má alimentação, atividades físicas sem orientação entre outras (GUYTON;
HALL, 1998). Uma boa postura ajusta nosso sistema musculoesquelético distribuindo e
equilibrando todo o esforço de nossas atividades diárias favorecendo a menor
sobrecarga em cada segmento corporal (LAZZAROTTI et al. 2010). Os benefícios
posturais oferecidos pelo slackline se dão graças ao envolvimento de diversos grupos
musculares na cintura pélvica e escapular durante o exercício (HUBER, KLEINDL; 2010).
Nas mulheres, além de prevenir a incontinência urinária e prolapso, a melhoria da região
pélvica traz benefícios durante a gravidez, auxílio no trabalho de parto e recuperação do
períneo (PORTELA, 2011).
Musculares: É muito comum durante a prática de atividade física os
agrupamentos musculares se dividirem entre os que realizam o movimento, os que vão
auxiliar ou estabilizá-lo e os que se opõem ao mesmo (POWERS; 2005). Sendo assim os
agonistas são aqueles músculos que realizam o movimento, sinergistas os que auxiliam
e estabilizam e antagonistas os que se opõem a ação (LAZZAROTTI et al. 2010). O perfeito
funcionamento entre esses grupos musculares resulta em um forte fator de proteção
contra torções articulares, principalmente de tornozelo e joelhos. Além disso, ato de
subir na fita, recebe inúmeros estímulos proprioceptivos, aumento nas percepções de
localização e espaço, na forma estática e principalmente na forma dinâmica (DONATO et
al.; 2008). O slackline exige uma otimização no uso da musculatura agonista, sinergista e
antagonista, e quanto mais ele desenvolver sua habilidade de se manter sobre a fita, mais
aumentará a capacidade de responder a um estímulo, e quanto mais rápido consegue
reagir a um estímulo, mais tempo consegue ficar sobre a fita, gerando um ciclo virtuoso
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onde, ao final, o praticante estará mais protegido de lesões torcionais não traumáticas
(PORTELA, 2011).
Força: Entre os principais benefícios oferecidos pelo slackline, destacam-se a
melhoria no controle corporal e coordenação motora (KELLER; 2012). Seus efeitos
positivos em relação ao fortalecimento de articulações se assemelham aos
treinamentos funcionais (MAHAFFEY, 2009). Durante a execução, muitos músculos são
solicitados. O quadríceps e glúteo para a tarefa de atravessar a fita, e os músculos mais
internos e os estabilizadores logo em seguida com o balançar do praticante na travessia
(POWERS; 2005). Devido ao modo com que os músculos são trabalhados, o esporte age
de forma profilática nos episódios de lesões em membros inferiores diminuindo novos
surgimentos ou amenizando complicações (HUBER, KLEINDL; 2010)
O Slackline vem se desenvolvendo de forma muito ampla, fomentando além da
profissionalização, se tornando um potencial grande de mercado. Hoje se apresenta
como um elemento constituinte da cultura corporal de movimento em dimensão
mundial, influenciando nos hábitos de lazer e esportivos. Mediante a este cenário torna-
se fundamental novos estudos envolvendo diferentes especialidades do meio esportivo
que apresentem de forma clara como o slackline está se configurando nos dias de hoje,
conhecer a perspectiva de seus adeptos, as exigências do esporte no âmbito fisiológico,
psicológico, nutricional entre outros e com isso sejam elaboradas diversas estratégias
para suportes futuros.
2.2 ESCALADA
Escalar é um gesto motor caracterizado pelo ato de subir em algo, perpassando
desde objetos até os mais diferentes relevos existentes. Sendo assim, a escalada
acompanha o ser humano desde o momento em que este começou a se deslocar
(PEREIRA, 2018). Historicamente, a escalada tem seus primeiros registros no século XVII,
na Europa, conquistando os territórios mais altos e montanhosos, criando um novo estilo
de vida e de prática corporal daqueles que lá viviam, evoluindo quanto a métodos e
equipamentos ao longo dos anos. No final do século XX, houve uma inovação importante
para a difusão do esporte de escalada, que são as paredes artificiais. Essas paredes
permitem a comparação de rendimento de atletas, uma vez que foram pensadas
especialmente para competições (PEREIRA, 2019). Dessa forma, criou-se a escalada
esportiva indoor, ilustrada na Figura 2, e o circuito mundial teve início em 1989. Desde
então, os campeonatos espalharam-se pelo mundo, tal qual ocorre com a quase
totalidade de atividades corporais nas quais se pode mensurar esforços e desempenhos,
ganhando o status de esporte olímpico em 2016 (PEREIRA, 2019).
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• Arnês: uma espécie de cinto que une o escalador a uma corda, devendo ser
ajustado ao corpo, garantido, assim, a segurança. Esse equipamento auxilia na
prevenção de acidentes durante o esporte.
• Capacete: existe um tipo específico para esta modalidade, sendo de uso
obrigatório para se evitar acidentes.
• Tênis de escalada: são sapatos firmes nos pés, feitos de material resistente e
antiderrapante, permitindo o total movimento dos pés. Normalmente, os
escaladores usam o tênis de um número menor para garantir a firmeza ao pé.
• Magnésio: é um pó utilizado em diversas modalidades esportivas nas quais é
necessário utilizar as mãos para se segurar a alguma estrutura. Esse material
impede que a transpiração das mãos faça o atleta escorregar. Por isso, é
importante que o atleta de escalada carregue consigo um saco contendo este
material, que deve estar junto ao corpo e de fácil acesso para que ele use
quando houver necessidade.
• Mosquetão: é uma peça metálica em forma de aro, com uma abertura em mola
para a fixação e o fecho. Um mosquetão de segurança tem sempre um
dispositivo rosqueado, que impede que este se abra inadvertidamente.
• Cordas dinâmicas: é o principal equipamento de segurança da escalada. Estas
são presas ao corpo com o auxílio do mosquetão e do cinto, ficando também
presas à parede que está sendo escalada, garantindo que mesmo que o
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2.4 SKATE
Essa modalidade esportiva é praticada por 12 milhões de pessoas no mundo,
sendo utilizado como meio de transporte ou atividade física, de lazer ou de competição.
Na modalidade competitiva, são julgadas as habilidades de manobras e de equilíbrio,
assim como o controle do skate (STUBBS, 2012).
Além disso, o skate foi a primeira modalidade do mundo a ser classificada como
“radical”, sendo um dos primeiros esportes radicais a se popularizar. A Figura 4 ilustra
esta modalidade. O principal equipamento necessário para a prática é o skate em si.
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O skate é uma prancha curva que pode variar de tamanho. A curva dianteira é
conhecida como nose, e a traseira, tail. Embaixo da prancha são fixadas quatro rodas
pequenas, com cerca de 5cm de diâmetro. Uma parte importante é o eixo, que liga as
rodas à prancha.
O esporte foi inventado na Califórnia, nos Estados Unidos. O crescimento do "sidewalk
surfing", ou em português "surfe no asfalto", se deu de uma maneira tão grande que
muitos dos jovens da época se renderam ao novo esporte chamado "skate". Surgiam,
então, os primeiros skatistas da época. Em 2016, foi anunciado pelo Comitê Olímpico
Internacional (COI) que o skate, a partir de 2020 nas olimpíadas de Tóquio, no Japão, será
um esporte olímpico.
As primeiras medalhas da história nos Jogos Olímpicos foram na modalidade
street, sendo o ouro para o japonês Yuto Horigomi, a prata, para o brasileiro Kelvin
Hoefler e, o bronze, para o norte-americano Jagger Eaton.
Sobre a participação feminina, tem-se alguns fatos. Peggy Oki, 1965, primeira
skatista mulher que se sabe, era do grupo Z-Boys. Já a primeira mulher a se tornar
skatista profissional foi Andressa McGee, no ano de 1965, no mesmo ano foi capa da
revista Life Magazine. E Letícia Bufoni, uma skatista profissional brasileira, fez uma
propaganda de desodorante feminino na qual ela anda de skate com salto alto e vestido
vermelho, descendo um corrimão de rockslide.
A estrutura do skate:
O skate é formado por diversas partes que constituem o seu "corpo" são elas:
shape, trucks, rodas, rolamentos, parafusos de base e lixa.
• Shape: é a base do skate, geralmente feito de madeira, ele é composto por várias
e finas camadas de madeira, dependendo de sua qualidade o shape pode ser mais ou
menos resistente;
• Trucks: são dois equipamentos de ferro, que se encaixam no shape, assim eles
sustentam o skate e dão equilíbrio;
• Rodas: são quatro rodas feitas de poliuretano, que podem variar entre 50 e
60mm;
• Rolamentos: vão dentro das rodas e sem eles seu skate não anda de jeito
nenhum;
• Parafusos de base: eles prendem o shape ao truck;
• Lixa: fica grudada na parte de cima do shape. A lixa deixa o skate mais aderente,
e isso permite que as manobras sejam feitas com mais facilidade.
(Todas as peças citadas acima são essenciais e necessárias para que o skate
"funcione")
Modalidades:
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refletem parte do que os skatistas querem mostrar para o mundo, como o fim
da disputas do skate park e mostrar disputas de street skate, em obstáculos
que verdadeiramente reproduzem o que os skatistas de street fazem.
• Downhill Speed: Modalidade onde o atleta desce uma ladeira fazendo
manobras em alta velocidade. Como muitos devem saber, um dos inventores
do downhill-slide foi Clifford Coleman, um californiano de Berkeley que hoje
tem 54 anos e continua praticando e muito o downhill-slide. Ele e seus amigos
de sessão começaram a criar a arte de deslizar (Slide) por volta de 1965, mas
somente em 1975 é que se encontraram num evento e puderam compartilhar
suas experiências vividas nestes 10 anos e exibiram os primeiros slides em pé
(Stand-up) de que se tem notícia. Com o passar dos anos, Cliff começou a
desenvolver outro tipo de Slide, o Slide de mão, agachado, o qual poderia ser
executado em velocidades maiores proporcionando uma maior segurança
no Downhill, visto que este slide poderia ser utilizado como uma espécie de
freio na descida de ladeiras maiores e/ou mais íngremes. Desenvolvendo a
habilidade dos skatistas de descer ladeiras cada vez maiores e mais rápidas
(naquela época).
• Downhill Stand-up: Tem, como finalidade, descer a montanha (ladeira)
imprimindo velocidade, os equipamentos necessários para a pratica
do Downhill speed são (macacão de couro, tênis, luva com casquilho, capacete
fechado, e um skate próprio para velocidade), o recordista mundial de
velocidade é o canadense Micho Erban. Micho chegou a 130km/h na ladeira
no Canadá. Ano que também deu um enorme destaque aos speeds brasileiros
junto ao ranking mundial da IGSA (Associação Internacional de Esportes de
Gravidade). Com destaque no 5º lugar para Luiz Lins (T2) e o 10º lugar à Juliano
Cassemiro (Lilica), em um total de aproximadamente 450 pessoas de várias
partes do mundo.
• Downhill Slide: Consiste em descer ladeira executando manobras de slide,
com um skate maior, chamado Longboard. Com características, bem próximas
à modalidade Downhill Slide, no long, o estilo clássico do surfe é mais
explorado, no aproveitamento das laterais das pistas e do próprio shape. Hoje,
com o desenvolvimento técnico não apenas dos equipamentos mais leves, mas
da execução das manobras, o longboard downhill consegue equilibrar
agressividade, velocidade e o clássico ao mesmo tempo. Essa modalidade é a
que mais comporta mulheres entre as demais encontradas na ladeira. No
Brasil, a skatista Christie Aleixo tem destaque e é considerada uma das
melhores no mundo nesta modalidade, além de praticar o speed e o slalom.
• Minirrampas ou Miniramps: As miniramps são populares em todo o mundo,
pois, devido à pouca altura que elas possuem, as manobras são executadas
com uma maior facilidade. Nesta modalidade, há uma mistura de street com
vertical. Na realidade, as miniramps são um mini half pipe, onde as paredes não
chegam ao vertical. Elas variam de 1 a 2 metros e 10cm de altura. São
excelentes para se aprender manobras, principalmente as que utilizam bordas,
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Figura 4. Skate
Fonte: https://faktalink.dk/titelliste/skat
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2.5 LE PARKOUR
O Parkour ilustrado na figura 5, é uma atividade que surgiu na França, no final do
século XX. Seu criador foi o francês David Belle, praticante de algumas modalidades de
ginástica desde a infância (SERIKAWA, 2006; PEREIRA e ARMBRUST, 2010). David se
inspirou em seu pai Raymond Belle, que atuava como oficial da elite de bombeiros, em
Paris. Ele executava as missões mais difíceis de salvamento, cargo ocupado devido a sua
condição física privilegiada e seu treinamento baseado no método de treinamento de
George Hérbert, conhecido como Método Natural.
Esse estilo partiu da observação dos gestos apresentados por tribos africanas,
ao lutar, correr e caçar, utilizando o próprio corpo, como seus ancestrais faziam. Foi
então que Hérbert, contrariando os métodos de ginástica preconizados no seu tempo,
formatou esse novo sistema, no qual o indivíduo imita os movimentos utilizados para o
deslocamento no meio ambiente, tais como em árvores, pedras e locais mais baixos que
exigem o uso de quatro apoios, carregar objetos, agarrar-se em algo, ou rastejar-se
(STRAMANDINOLI et al, 2012). Tem-se como inspiração para o Parkour George Hérbert,
com o Método Natural, Raymond com seu treinamento militar de salvamento e,
finalmente, o maior precursor do Parkour, David Belle, na virada do século XX para o XXI.
Ele reuniu todos os conhecimentos adquiridos para criar um esporte de aventura de
origem francesa, chamado de Le Parkour (Le= o e Parkour= percurso).
Figura 5. Parkour
Fonte: http://www.seguinte.inf.br/mobile/noticias/3--neuronio/200_Parkour:-
tudo-para-ser-modalidade-olimpicaY
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locais e materiais para a prática de diversos esportes de aventura, recriando locais não
utilizados e fornecendo novas habilidades motoras, como paredes para escalada,
quadras para prática de slackline, alguns obstáculos para o parkour, etc., sempre visando
à sustentabilidade e à segurança. Durante o processo de aprendizagem, é indispensável
ter um amplo conhecimento de saberes, os quais abrangem formação social e humana,
já que, por meio das atividades com os métodos dos esportes de aventura, é possível
direcionar caminhos de aprendizagem. Na pedagogia da aventura proposta pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), os
pilares na educação da sociedade são aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender
a viver com os outros e aprender a ser (BRASIL, 2006).
O ensino do esporte de aventura no contexto escolar está fortemente interligado à
estimulação de diferentes conhecimentos. Segundo Pereira e Ambrust (2010), a prática
pedagógica desses esportes baseia-se em:
• Dimensões conceituais: fator/conhecimento — abordagem histórica das
modalidades e os locais que podem ser utilizados para a sua prática, além de
objetivos, motivos de realização, equipamentos e manobras de cada
modalidade;
• Dimensões procedimentais: fazer/como fazer — maneira de realização das
técnicas que compõem cada movimento de cada esporte e técnicas de
segurança, processo de ensino pedagógico, adaptações do esporte para cada
faixa etária e materiais possibilitados por cada escola;
• Dimensões atitudinais: valores e formação — amplo conhecimento sobre
regras, ética, normas de segurança e risco de cada modalidade, além das
relações sociais e psicológicas necessárias para a prática (confiança,
superação, coragem, trabalho em equipe).
Além das etapas dimensionais, há três momentos específicos do processo de
desenvolvimento dos alunos: experimentação (momentos da prática de determinado
esporte que despertarão curiosidade e promoverão desafios); resolução de problemas
(surgindo a situação desafiadora, o aluno será instigado a resolver o problema); e
organização (da solução motora, social e afetiva dos elementos desafiadores e do
refinamento das possibilidades para solucionar) (PEREIRA; AMBRUST, 2010).
Os esportes de aventura ainda não alcançaram seu total potencial dentro do currículo da
educação física escolar em virtude da falta de conhecimento das grandes possibilidades
de adaptação de locais para a sua prática. Porém, analisando os cursos de formação de
professores de educação física no Brasil, esportes e atividades de aventura não são
fortemente abordados, o que refletiu na própria atuação dos futuros profissionais da
área. Nessa direção, é interessante que o profissional tenha clareza das condições e
possibilidades de realização de esportes de aventura em diversos locais, podendo contar
com a adaptação das modalidades.
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Em virtude de a área da educação física ser tão ampla e aberta, tem-se a clareza
da necessidade de expor os alunos a conhecimentos de cultura corporal de movimento
e a todas as diferentes formas de abordagem, proporcionando, desse modo, novas
experiências e possibilidades de práticas esportivas e lazer, além de saúde física e
mental. Ao traçar essas inter-relações corporais pelas diferentes práticas corporais, e
tendo em vista que o esporte de aventura cria uma ligação com o meio ambiente,
evidencia-se a importância de propor esportes de aventura em âmbito escolar, em que
discussões, dúvidas e curiosidades surgidas podem motivar a prática extracurricular
(GALVÃO; RODRIGUES; SILVA, 2005). Além disso, acredita-se que nenhum dos
conteúdos propostos pela educação física tradicional é tão próximo de abordagens do
atual contexto social como com a prática de esportes de aventura, visto que, além da
troca de informações desportivas, há a possibilidade de promover a educação ambiental,
representando mais uma oportunidade de discussões sobre sustentabilidade (FRANCO;
CAVASINI; DARIDO, 2014). São muitas as modalidades e formas de ensinamentos de
esportes de aventura em meio escolar, como, segundo Paiva e França (2007), as
interligações criadas entre corpo humano, saúde e qualidade de vida, por exemplo, por
trilhas (trekking) em meio ambiente aberto e natural, quando há forte interação com
fauna e flora local, permitindo conhecimentos como biologia e ecologia, alcançando,
além dos benefícios corporais, a transversalidade de conteúdo.
Na dimensão teórica, é possível abordar aspectos históricos das modalidades,
equipamentos para prática e segurança, atletas famosos, locais geográficos para
prática e cuidados ambientais, e, na prática, programas educacionais ao ar livre parecem
proporcionar aos alunos experiências formadoras em situação de distanciamento
familiar. Por meio dessas atividades, demonstra-se a importância da cooperação entre
colegas, a comunicação e as demais habilidades sociais a fim de resolver os problemas
resultados da prática, atividades que permitem ao aluno combinar aspectos físicos,
emotivos e intelectuais. Em uma dimensão de atitudes, são aplicados valores como
respeito às normas de segurança, liderança, gestão de conflitos, etc., capazes de
promover um pensamento crítico e reflexivo.
Assim, a educação física ao ar livre é vista com bons olhares por promover
aspectos positivos para crianças e jovens (GREGG, 2009). Como mais um exemplo de
atividades a propor no ambiente escolar, Auricchio (2009) aponta que a escalada é uma
modalidade que vigora em diversas escolas da cidade de São Paulo, que, com a aderência
dos alunos, passaram a adquiri paredes de escalada e demais equipamentos de
segurança. Nesse mesmo sentido, Franco (2011) apresentam diversos planos de práticas
corporais de aventura com a inserção de esportes, como corrida de orientação, parkour,
arvorismo, trekking e slackline, alcançando grande aderência e engajamento dos alunos,
bem como dos professores, com a chance de explorar situações de cooperação, ética e
sustentabilidade. Assim, sugere-se que brincar e jogar podem ser empregados como
instrumento pedagógico para o desenvolvimento dos estudantes.
Em síntese, em seu processo de inserção na escola, os esportes de aventura têm
demonstrado um potencial transformador em diversos aspectos pessoais e físicos, além
de um grande potencial de aprendizado, proposto de uma maneira renovadora e
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Portanto, entende-se que essas práticas corporais são aquelas realizadas fora
das obrigações laborais, domésticas, higiênicas e religiosas, nas quais os sujeitos se
envolvem em função de propósitos específicos, sem caráter instrumental.
Cada prática corporal propicia ao sujeito o acesso a uma dimensão de
conhecimentos e de experiências aos quais ele não teria de outro modo. A vivência da
prática é uma forma de gerar um tipo de conhecimento muito particular e insubstituível
e, para que ela seja significativa, é preciso problematizar, desnaturalizar e evidenciar a
multiplicidade de sentidos e significados que os grupos sociais conferem às diferentes
manifestações da cultura corporal de movimento. Logo, as práticas corporais são textos
culturais passíveis de leitura e produção.
Esse modo de entender a Educação Física permite articulá-la à área de
Linguagens, resguardadas as singularidades de cada um dos seus componentes,
conforme reafirmado nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
de Nove Anos (Resolução CNE/CEB nº 7/2010)37.Na BNCC, cada uma das práticas
corporais tematizadas compõe uma das seis unidades temáticas abordadas ao longo do
Ensino Fundamental.
Cabe destacar que a categorização apresentada não tem pretensões de
universalidade, pois se trata de um entendimento possível, entre outros, sobre as
denominações das (e as fronteiras entre as) manifestações culturais tematizadas na
Educação Física escolar.
Na unidade temática Práticas corporais de aventura, exploram-se expressões e
formas de experimentação corporal centradas nas perícias e proezas provocadas pelas
situações de imprevisibilidade que se apresentam quando o praticante interage com um
ambiente desafiador. Algumas dessas práticas costumam receber outras
denominações, como esportes de risco, esportes alternativos e esportes extremos.
Assim como as demais práticas, elas são objeto também de diferentes classificações,
conforme o critério que se utilize. Neste documento, optou-se por diferenciá-las com
base no ambiente de que necessitam para ser realizadas: na natureza e urbanas. As
práticas de aventura na natureza se caracterizam por explorar as incertezas que o
ambiente físico cria para o praticante na geração da vertigem e do risco controlado,
como em corrida orientada, corrida de aventura, corridas de mountain bike, rapel,
tirolesa, arborismo etc. Já as práticas de aventura urbanas exploram a “paisagem de
cimento” para produzir essas condições (vertigem e risco controlado) durante a prática
de parkour, skate, patins, bike etc.
Ressalta-se que as práticas corporais na escola devem ser reconstruídas com
base em sua função social e suas possibilidades materiais. Isso significa dizer que as
mesmas podem ser transformadas no interior da escola. Por exemplo, as práticas
corporais de aventura devem ser adaptadas às condições da escola, ocorrendo de
maneira simulada, tomando-se como referência o cenário de cada contexto escolar.
É importante salientar que a organização das unidades temáticas se baseia na
compreensão de que o caráter lúdico está presente em todas as práticas corporais,
ainda que essa não seja a finalidade da Educação Física na escola. Ao brincar, dançar,
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Esportes radicais
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além da reação ao urbano (BETRÁN; BETRÁN, 1995), da busca da superação dos limites
próprios, do grupo e do meio, da busca de liberdade e do prazer de adaptar-se e integrar-
se ao dinamismo da natureza. O desenvolvimento das atividades físicas de aventura na
natureza tem grande importância e deve ser incentivado, ao se pensar no
desenvolvimento econômico da região. Entretanto, é preciso observar que existem
aspectos negativos no desenvolvimento desse importante e emergente setor, tornando-
se relevante considerar os impactos ambientais promovidos por essas modalidades.
Essas práticas corporais ocorrem em diferentes ambientes naturais e, pela
crescente demanda imposta no contexto atual sobre repensar as ações ligadas às
questões de preservação do meio ambiente, podem propiciar elementos para refletir e
considerar uma abordagem da educação ambiental. O interesse pelas atividades
desperta a sensibilidade da opinião pública em relação aos temas ambientais, exigindo
atitudes responsáveis no uso das áreas naturais. Muitas vezes, o ecoturismo acontece
associado às atividades de aventura, segmentos em ascensão. Os impactos podem
surgir com a alocação da infraestrutura para o turismo, o incorreto manejo dos resíduos
gerados pela atividade e a expansão das atividades de forma amadora, desavisada e
inadequada, provocando danos irreversíveis (CORIOLANO; MORAIS, 2011).
Quando estruturados e gerenciados, os esportes na natureza possibilitam uma
sustentabilidade sociocultural, que permite que o controle e a gestão de recursos sejam
voltados à comunidade e à sustentabilidade ecológica, garantindo desenvolvimento e a
preservação ambiental. Betrán (2003) aponta para a valorização ético-ambiental que
deve acontecer entre o ser humano e o meio que ele utiliza, com uma preocupação
quanto à preservação por entidades, organizadores de eventos esportivos e praticantes
de esportes da natureza, já que o desconhecimento sobre as consequências da
interferência da prática esportiva na natureza impede a efetivação de medidas de
minimização de impactos ambientais negativos. Pode-se atribuir a isso o despreparo e
amadorismo dos organizadores, a falta de infraestrutura no local em que se realizam as
atividades, a utilização de mão de obra sem conhecimento técnico e a utilização de
equipamentos inadequados, além do acirramento de uma disputa esportiva (PAIXÃO;
TUCHER, 2010).
Alguns dos impactos negativos promovidos por esses esportes estão
relacionados à saturação dos ambientes naturais e aos problemas derivados dela, como
estacionamentos inadequados, lugares lotados, produção excessiva de lixo e
compactação do solo. Como dito, há os impactos diretos, indesejáveis e mais
significativos, em que estariam o acúmulo de sujeira, a contaminação e a erosão do solo
e a utilização do meio natural de forma insustentável, e indiretos, correspondentes à
contaminação derivada da produção dos equipamentos, à alteração da paisagem, à
proliferação de acessos e ao aumento das águas residuais. Esses impactos poderão ser
classificados em econômicos, sociais e ambientais (MACHADO, 2005). Supondo-se que
as atividades de menor impacto são realizadas no meio aéreo e as de maior no meio
terrestre, aquelas que utilizam o próprio corpo ou animais para gerar propulsão são
menos impactantes, mas devem ser realizadas individualmente ou em pequenos grupos
— o mountain bike utiliza propulsão mecânica e é considerado responsável por sérios
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Diante desse cenário, o esporte na natureza pode ser considerado uma prática
que valorize a cultura humana e, ao mesmo tempo, utilizada como meio para incentivar
uma maior preservação do ambiente, já que os praticantes mais assíduos têm
consciência sobre a importância de uma boa relação entre a sua prática e a natureza,
respeitando o espaço. Para isso, é necessário reconhecer as expressões culturais
construídas na história, reconhecendo e respeitando os limites éticos de conduta
humana, além dos limites físicos do ambiente da prática, um processo que requer um
conhecimento dos espaços disponíveis, dos desejos e das necessidades da cidade da
prática e da mobilização de vários setores da sociedade. Assim, o esporte passa a
representar uma prática cultural da vida humana, impossível de ser dissociado das
atividades naturais e de sobrevivência: o trabalho, a cultura e o lazer.
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Assim, ter conhecimento do Novo Código Florestal Brasileiro (Lei no. 12.651/2012)
é imprescindível. Após anos de discussão política, essa legislação, publicada em maio de
2010, reserva ao proprietário de terras a manutenção e preservação das áreas
denominadas área de preservação permanente (APP) e reserva legal (RL). As APP
constituem espaços de terras que lei, a “[...] função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico
de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (art.
3o, II, da Lei no. 12.561/2012). Para as RL, o proprietário deve preservar e manter intacta
de 20 a 80% da área, variando de acordo com a localização e o bioma que ela pertence
(MOURA, 2016). Além das áreas citadas, muitas práticas são desenvolvidas em unidades
de conversação da natureza, que correspondem a espaços territoriais e seus recursos
ambientais (atmosfera, águas interiores, superficiais e subterrâneas, estuários, mar
territorial, solo, subsolo, elementos da biosfera, fauna e flora), incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes (BRASIL, 2000). Além disso, trata-
se de locais que fazem parte do patrimônio ambiental e cultural do país, de extrema
relevância para a manutenção da diversidade biológica, incluindo a conservação de
ecossistemas e habitat naturais e a manutenção e recuperação de populações de
diferentes espécies em seus meios naturais.
Essas unidades são de responsabilidade do SNUC e dividem-se em dois grupos:
proteção integral, em que podem ser realizadas atividades recreativas, de turismo, de
pesquisa, etc. Quando os recursos naturais podem ser usados indiretamente; e uso
sustentável, em que os recursos naturais podem ser usados desde que de forma
sustentável, incluindo, portanto, atividades que coletam e usam os recursos naturais. O
órgão responsável por fiscalizar, gerir e monitorar essas unidades é o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), criado em 27 de agosto de 2007
(NUNES; ROCHA, 2019).
Percebe-se que a prática de esportes na natureza exige um mínimo de
conhecimento das leis que asseguram os ambientes em que geralmente se realizam
essas atividades. É necessário refletir sobre até que ponto se pode praticar esportes
sem ocasionar danos à natureza. Na verdade, essas práticas deveriam ser sempre
acompanhadas da promoção da educação ambiental, para que, além dos benefícios
físicos e psicológicos do esporte, se alcance uma conscientização ambiental (NUNES;
ROCHA, 2019).
Diante do que foi apresentado, é possível perceber que a relação entre o homem
e natureza vem mudando ao longo dos anos — de um período em que a natureza era
colocada como algo mítico, passando pelo antropocentrismo até os dias atuais, em que
se considera que o homem faz parte de um ecossistema que precisa ser usado de
maneira equilibrada. Em outras palavras, a relação homem-natureza atualmente é
balizada pelo pensamento de que o comportamento, o modelo econômico, a produção
de bens e serviços e outros elementos que compõem a estrutura atual da civilização seja
desenvolvida de modo sustentável.
A relação com a natureza, sobretudo dada de maneira negativa, fez com que a
sociedade pensasse em um modo de usar os recursos naturais adequadamente, com o
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Para reflexão, podemos partir de algumas questões como: O lugar ocupado pela
EA na disciplina de Educação Física contribui para a construção de conhecimentos
ambientais? Os conhecimentos construídos através das aulas de Educação Física
promovem mudanças de atitudes com relação à preservação ambiental? Qual conotação
curricular os professores que ministram a disciplina de Educação Física, atribuem à EA?
Como organizar o planejamento para promover a inclusão da EA no currículo escolar? E
como o professor de Educação Física integra seu trabalho com o dos professores de
outras disciplinas e com o currículo escolar como um todo?
De acordo com Rodrigues e Darido (2006), mesmo com a divulgação dos
Parâmetros Curriculares Nacionais brasileiros sobre necessidade de se trabalhar a
temática relacionada ao Meio Ambiente nas aulas de Educação Física, essas temáticas
ainda não são recorrentes.
Segundo os PCNs, a principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é
contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na
realidade sócio-ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem estar de
cada ser humano na sociedade local e global, desenvolvendo nos alunos uma postura
crítica diante da realidade e das informações veiculadas pela mídia ou trazidas da rua.
Como aponta Medina (2000), a introdução da dimensão ambiental no sistema
educacional exige um novo modelo de professor. A formação e a continuação do mesmo,
é a chave da mudança que se propõe, tanto pelos novos papéis que os professores terão
que desempenhar no seu trabalho, como pela necessidade de que sejam os agentes
transformadores de sua própria prática.
Em muitos casos, a EA ainda é praticada de modo artesanal, sem
profissionalismo, isto é, muito em nível de sentimento do professor, com pouca ou
nenhuma formação em termos de capacitação e de recursos.
A mudança pedagógica exige compreensão sólida da natureza do conhecimento
que se deseja constituir, pois professores não abrem mão do que estão ensinando
enquanto acreditarem que a ciência é um conjunto de verdades descoberta por
cientistas, e que o importante é memorizá-los (MALDANER, 2000 apud FENSTERSEIFER,
200-).
Para Caparroz e Bracht (2007), o professor de Educação Física deve ser autor de
sua prática e não um mero reprodutor do que foi pensado por outros. O professor deve
construir sua prática com referências em ações/experiências e em reflexões/teorias,
desde que esse processo se dê de maneira autônoma e crítica, indicando a importância
de uma formação inicial e continuada, além de bem estruturada, em Educação
Ambiental, que ajude o professor na reflexão de sua ação, tanto prática quanto teórica.
A Educação Física Escolar deve levar os alunos a se perceberem integrantes,
dependentes e agentes transformadores do ambiente, identificando seus elementos e
as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente,
buscando ampliar de uma visão biológica, para dimensões afetivas, cognitivas e
socioculturais.
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REFERÊNCIAS
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