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O SUS como desafio para a formação em Psicologia

SCARCELLI, I. R.; JUNQUEIRA, Virgínia. O SUS como desafio para a formação em Psicologia. Psicol. Cienc.
prof., Brasília, v. 31, n. 2, 2011. Disponível em: <https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=282021811018>.
Acesso em: 25/10/2022. Scarcelli - Professora do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). Junqueira - Graduação em Medicina pela
Universidade Federal de Minas Gerais (1973), mestrado em Medicina Preventiva (1991) e doutorado em
Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2004).

O presente texto tem como finalidade contribuir para a compreensão da implementação do SUS e sua
estruturação ao longo dos anos. Apontando assim políticas públicas que não contribuem para o seu
desenvolvimento e financiamento, bem como o desenvolvimento das atividades da Psicologia dentro do
seu âmbito. Segundo os autores, essa dificuldade é baseada pelo formato da estruturação da saúde,
vinculada ao jogo de interesses presentes em sua estruturação, onde todas suas perspectivas foram e são
baseadas em um modelo teórico. Deste modo, a estruturação do SUS, fica à mercê de políticas que dão
brechas para a não centralização de recursos financeiros que deviam ser exclusivos da área da saúde.
Desde o início com a chegada da reforma sanitária, psiquiátrica e a implementação do SUS as estratégias
de suas estruturações não foram vistas com boas olhos, principalmente para empresários e indústrias
farmacêuticas que temiam a uma ameaça à exploração mercantil. Os autores ainda acrescentam que
apesar dos grandes avanços, deixar de lado outras vertentes (não consideradas mensuráveis), faz com
que muitos conceitos sejam difundidos e limitados, o que ocasiona na limitação da compreensão do
conceito de saúde. Ou seja, é notável uma falta de questionamento sobre as políticas e governos públicos,
a sociedade como um todo não reconhece e não estuda profundamente sobre os processos e projetos a
serem implantados, o que gera uma certa forma uma ambiguidade, pois ao mesmo tempo que a grandes
avanços teóricos a prática anda permanece imutável, por falta de estruturas e distribuições de verbas
adequadas. Para exemplificar a importância do estudo os projetos e processos, os autores utilizaram como
exemplo os conceitos fundamentais e princípios organizativos do SUS: Universalidade (acesso a todas as
pessoas); Igualdade: (equidade); Integralidade (proteção, a promoção e a recuperação); descentralização
(municipalização); regionalização (hierarquização da atenção). Ao olhar esses conceitos ficam nítido que
muitos deles acabam não atendendo todo a sociedade (como é proposto), sendo por falta de verbas,
profissionais, estrutura física e falta de implementação de todos os processos, e dentro da saúde mental
podemos citar a falta de amplitude do serviço. Após a leitura do texto, é possível entender o contexto
histórico por traz da saúde pública, possui muitos impasses na estruturação e implementação do SUS.
Com essa perspectiva fica clara a dificuldade de estabelecer campanhas que giram em torno da promoção
da saúde, pois exige da sociedade um posicionamento muito além do que os indivíduos foram
acostumados (contestar projetos e práticas já implantadas) , e pensando nesse histórico é primordial
investir em campanhas progressistas, que invistam na reeducação da sociedade e suas visões no âmbito
da saúde, começando incialmente no processo de formação de profissionais, principalmente no âmbito
da Psicologia que precisa se colocar nesse espaço com mais imposição. Por fim esse texto não se trata de
um simples artigo, mas sim tem uma grande reflexão filosófica, fundamentada em fatos, que devem ser
analisados com cautela, o que contribui para o desenvolvimento de uma atitude crítica a cerca da saúde
e suas vertentes. Desta maneira, o texto é de grande valia para profissionais da saúde e futuros psicólogos
interessados em explorar essa área.

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