Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BRASÍLIA – DF
2022
JULIANA SILVA DE MIRANDA
BRASÍLIA – DF
2022
JULIANA SILVA DE MIRANDA
BANCA EXAMINADORA
BRASÍLIA – DF
13 de junho de 2022
Dedico este trabalho a todas as crianças
portadoras de alergias alimentares, em
especial as que possuem alergia a
proteína do leite de vaca. E principalmente
as mães dessas crianças, que sofrem e
abdicam de seus trabalhos e vida para
acompanhá-los no decorrer do tratamento,
além de batalharem pela melhora do
estado de saúde de seus filhos.
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
There has been a significant increase in the number of cases of food allergies both in
Brazil and in the world. Although it is known that allergies can be triggered by different
types of foods, epidemiological data show that the most common allergy among all
groups of age is cow's milk protein allergy (CMPA). Thus, the present study was
concerned with bringing the best form of nutritional treatment to children under 2 years
old with CMPA. This allergy, for being a pathology of difficult diagnosis, depends on
the clinical history, skin tests and some biochemical parameters. Patients face many
difficulties in performing assertive treatment. The objective of the present study was to
present the nutritional treatment options that have greater scientific support, for that,
the methodology used was a literature review, using articles in English, Portuguese
and Spanish, in addition, it was used a national and international consensus and
guidelines. Through the study carried out, it was possible to see that children with
CMPA have difficulties both in the diagnosis and in the nutritional treatment of the
disease, as it requires a restrictive diet, which in some cases may not be feasible, being
necessary to resort specific formulas for this public.
Keywords: Food allergy. CMPA. Nutritional treatment. Infant formula. Cow’s milk.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
AA Alergia alimentar
APLV Alergia a proteína do leite de vaca
FAA Fórmula á base de aminoácidos
FEH Fórmula extensamente hidrolisada
Hg Hemoglobina
IDR Ingestão diária recomendada
IgE Imunoglobulina E
OMS Organização mundial da saúde
TGI Trato gastrointestinal
TPO Teste de provocação oral
VCM Volume corpuscular médio
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2. ALERGIA Á PROTEÍNA DO LEITE DE VACA ................................................. 15
2.1 SINTOMATOLOGIA E DIAGNÓSTICO ...............................................................16
2.1.1 Reações mediadas por IgE...............................................................................16
2.1.2 Reações não mediadas por IgE........................................................................16
2.1.3 Reações mistas.................................................................................................17
3. IMPLICAÇÕES DA APLV NO ESTADO NUTRICIONAL E O TRATAMENTO
NUTRICIONAL UTILIZADO...................................................................................... 20
3.1 TRATAMENTO NUTRICIONAL NA APLV...........................................................23
3.1.1 Fórmulas extensamente hidrolisadas................................................................23
3.1.2 Fórmulas à base de aminoácidos......................................................................24
4. TRATAMENTOS ALTERNATIVOS ................................................................... 25
4. 1 FÓRMULA A BASE DE SOJA.............................................................................25
4.2 FÓRMULA A BASE DE PROTEÍNA HIDROLISADA DO ARROZ.......................26
4.3 USO DE BEBIDAS A BASE DE PRODUTOS VEGETAIS...................................27
4.4 LEITE DE OUTRAS ESPÉCIES DE MAMÍFEROS..............................................27
4.5 SUPLEMENTAÇÃO DE CÁLCIO E VITAMINA D................................................28
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 31
REFERÊNCIAS..........................................................................................................32
13
1. INTRODUÇÃO
tratar e diminuir os sintomas dessa alergia em crianças menores de dois anos. Para isso,
esse estudo traz abordagens como: o conceito da patologia, sinas e sintomas, as formas
de diagnóstico, as consequências da alergia para a criança e apresentar formas de como
a alimentação pode proporcionar uma nutrição adequada nesses casos, além de
discursões sobre a importância do acompanhamento nutricional afim de manter o estado
nutricional adequado e proporcionar um crescimento saudável nesse público. Por último,
será apresentado as formas de dietoterapia mais estudada na literatura das últimas
décadas.
Foi realizado uma revisão de literatura das últimas duas décadas por meio de artigos
científicos nacionais e internacionais, diretrizes de sociedades renomadas e livros e
monografias que trazem a abordagem da APLV em seus diversos campos, como desde
o diagnóstico até a dietoterapia especifica para esse caso. Foi selecionado apenas
trabalhos na língua inglesa, portuguesa e espanhola, além disso, foi utilizado para a
pesquisa os seguintes descritores: alergia a proteína do leite de vaca, tratamento
nutricional, crianças menores de dois anos, tanto em inglês como em português e
espanhol. Os artigos, diretrizes, livros e monografias tinha como critério descrever e
analisar a alergia a proteína do leite de vaca e trazer abordagens referentes ao
tratamento dietoterápico.
O profissional nutricionista tem um papel crucial no tratamento da alergia a
proteína do leite de vaca, pois a prescrição da dietoterapia é de competência exclusiva
desse profissional. Sabe-se que com um tratamento nutricional adequado é possível
estabilizar e posteriormente eliminar os sintomas da alergia e além disso evitar
possíveis deficiências nutricionais. Portanto é importante que se tenha um adequado
tratamento nutricional com uma dieta de exclusão de alguns alimentos alergênicos e
que essa assegure um crescimento saudável e um adequado estado nutricional.
15
Esse tipo de reação ocorre dentro de minutos ou até duas horas após a ingestão do
alérgeno. São as manifestações mais comuns nas AA e as mais graves, caracterizadas
por urticária, angioedema, dermatite atópica, síndrome oral alérgica, podendo
desencadear ou não anafilaxia (MIWA, 2018). Decorrem de sensibilização a alérgenos
alimentares com formação de anticorpos específicos da classe IgE, que se fixam a
receptores de mastócitos e basófilos (SOLÉ et al, 2018). Podem ser incluídas nesse tipo
de reação os sintomas respiratórios como broncoespasmos, asma ou coriza. Também
podem estar presentes ou não os sintomas gastrointestinais.
Esse tipo de reação não é mediado por anticorpos da classe IgE, com o aparecimento
dos sintomas tardiamente sendo dentro de mais de duas horas até dias depois do contato
com o alérgeno e envolvem majoritariamente o sistema gastrointestinal, mas também
podem envolver reações dermatológicas. Os mecanismos imunológicos envolvidos
ainda permanecem obscuros (SOLÉ et al, 2012). A hipersensibilidade é mediada
basicamente por células.
17
Envolve características tanto imediata como tardias, envolve reações clinicas como
esofagite eosinofílica, gastrite eosinofílica, enterocolite eosinofílica, dermatite atópica e
asma. São mediados por IgE, com participação de linfócitos T, eosinófilos e citocinas
pró-inflamatórias e mecanismos celulares complexos demonstrados pela presença de
linfócitos CD8 no epitélio (SOLÉ et al, 2018).
de anafilaxia causada por leite nos diferentes estudos varia de 10,9% casos graves que
requerem mais de uma dose de epinefrina (BARRIOS et al, 2014).
2018) provocada pela exclusão de alimentos lácteos e seus derivados, grupo que
compõe a principal fonte desse mineral.
Quanto a avaliação antropométrica, esta deve ser realizada com os parâmetros
preconizados pela organização mundial de saúde (OMS) para crianças de 0 a 5 anos,
sendo divididas entre os seguintes índices antropométricos: Peso para idade, P/I; peso
para estatura, P/E; IMC para idade, IMC/I e estatura para idade, E/I. Esses parâmetros
e suas classificações do estado nutricional estão presentes na orientação para coleta de
dados antropométricos do SISVAN, documento elaborado pelo ministério da saúde em
2011.
Figura 2- Classificação do estado nutricional de crianças menores de 5 anos para cada índice
antropométrico, segundo recomendações do SISVAN
Além do mais, é necessário dar a devida atenção ao aspecto psicossocial que envolve
não somente as crianças, mas também toda a família que está envolvida no tratamento,
pois todos os membros da família são afetados em sua rotina, como alterações no
padrão alimentar e etc (GOMES, 2017). É fundamental que a equipe multidisciplinar que
acompanha os portadores de APLV monitore e avalie as inadequações da dieta de
exclusão e se necessário suplementar nutrientes em caso de deficiência, para evitar
déficits que causam prejuízo no desenvolvimento e crescimento infantil (LINS et al,
2022).
22
É conhecido que o suporte oferecido por toda a família e a comunidade em que a criança
está inserida é fundamental no sucesso do tratamento. Devendo ser oferecido uma rede
de apoio para mães, o restante dos familiares e outros cuidadores (professores, vizinhos,
comunidade). É importante que os cuidadores sejam informados quanto à ocorrência da
APLV e a aquisição de tolerância ao leite e seus derivados, tendo ciência de que a
doença pode não persistir pelo resto da vida se for aplicado a correta intervenção e o
tratamento poderá ser por período limitado.
Ainda sobre o estudo de YONAMINE et al, 2013, p. 6 em relação a participação do
profissional nutricionista no tratamento da APLV:
Neste contexto, a atuação de nutricionista na equipe multiprofissional
que lida com pacientes com APLV é de fundamental importância pela
facilitação no entendimento de termos presentes nos rótulos, na pesquisa
constante de variações nos constituintes de produtos de uso rotineiro e na
atualização de listas de produtos que devem ser evitados, pela consulta junto
aos serviços de atendimento ao consumidor (SACs) de cada indústria
alimentícia. Sua função não se restringe apenas a fornecer receitas
alternativas, mas a instruir os pacientes e familiares de maneira a incutir em
suas rotinas todos os passos que se referem aos cuidados com a
alimentação.
4. TRATAMENTOS ALTERNATIVOS
Por se tratar de uma proteína vegetal, a soja tem um valor biológico menor se
comparado com a proteína do leite de vaca. A proteína de soja contém quantidades
menores de aminoácidos como lisina, metionina e prolina (TZIFI; GRAMMENIATES;
PAPADOPOULOS, 2014). De acordo com VERDUCCI et al, 2019, p.9 “As fórmulas
atuais de soja são complementadas com quantidades de aminoácidos como metionina,
taurina e carnitina. Não são deficientes em ferro, zinco, cálcio, fósforo”. Fórmulas a base
de soja são bem toleradas por quem possui APLV e podem ser uma alternativa a
fórmulas extensamente hidrolisadas e de aminoácidos. Crianças com APLV também
podem apresentar reação alérgica a proteína da soja.
Em crianças com alergia ao leite de soja, não mediado por IgE,
manifestações clínicas são mais frequentes do que as reações mediadas por
IgE. A frequência de reações adversas à soja tem sido estimada em <1% em
crianças alimentadas com fórmula láctea de soja, considerando que a
ocorrência de alergia ao leite de vaca foi encontrada em 3,4% na população
pediátrica geral. (TZIFI; GRAMMENIATES; PAPADOPOULOS, 2014, p.39).
As fórmulas infantis à base de soja não são indicadas para crianças menores de 6
meses, pois estas possuem altos níveis de fitoestrógenos, que agem como estrógenos
endógenos, que podem interferir no sistema reprodutivo, e também contém altos
níveis de fitatos, que interferem no metabolismo de alguns nutrientes, sendo
prejudiciais. (DUPONT, et al, 2011). “O outro problema a ser considerado é o uso de
soja transgênica nas fórmulas. O Departamento de Agricultura dos EUA registra que
até 93% das lavouras de soja são transgênicas” (VERDUCCI, et al, 2019, p.9).
26
Com isso, infere-se que a fórmula com proteína extensamente hidrolisada do arroz
pode ser utilizada em crianças com APLV durante o tratamento e deve ser monitorado
27
O leite de outros mamíferos como búfalo, cabra, ovelha, entre outros não deve ser
utilizado na nutrição de crianças, independente de possuírem ou não APLV, pois
28
Por serem os dois dos micronutrientes mais afetados, o cálcio e vitamina D precisam
de atenção quanto ao seu déficit, pois esses nutrientes são muitos importantes no
crescimento infantil e adequado estado nutricional As fontes principais de cálcio na
dieta humana advêm do leite e seus derivados, por isso há a presença de deficiência
desse mineral em quem precisa excluir esses alimentos da alimentação como é o caso
de crianças com APLV que já fizeram a introdução alimentar ou de mães que
amamentam seus filhos e precisam excluir da dieta para evitar reações nos lactentes.
Por conta da exclusão de diversos alimentos com potencial alergênicos, outro
micronutrientes que apresenta deficiência é a vitamina D, mineral essencial na
absorção intestinal do cálcio, impactando ainda mais no metabolismo corporal
(COZZOLINE, 2018).
“A ingestão dietética recomendada (IDR) para cálcio e vitamina D são 200 mg e 400
unidades internacionais (UI) (10 g) por dia, respectivamente, nos primeiros seis meses
da vida; 260mg e 400 UI em lactentes entre seis e 12 meses” (VERDUCCI, et al, 2019,
p. 10). A maioria das fórmulas especificas para APLV possuem suplementação desses
micronutrientes.
É necessário avaliar de tempos em tempos cálcio e vitamina D conteúdo
na quantidade de leite dado e na dieta do lactente restante. Caso o consumo
da fórmula especial é inferior a 500 mL/dia é necessária suplementação com
500 mg/dia de cálcio 400 UI de vitamina D devem ser administrados desde o
nascimento até o primeiro ano de vida. Depois, é apropriado continuar a
suplementação com 600 UI/dia. (VERDUCCI, el al, 2019, p.10).
Se for necessário, deve ser avaliado as concentrações séricas para fazer as devidas
correções na dieta da criança. A dieta da mãe que amamenta também deve ser
acompanhada e avaliada com vista a evitar possível deficiência, e se necessário,
suplementada com as recomendações das IDR’s para garantir um aporte adequado
desses dois micronutrientes tanto para a mãe quanto para a criança através do leite
materno.
29
No tocante a introdução alimentar em crianças com APLV, esta deve ser feita a partir
dos seis meses como recomenda a OMS para todas as crianças, desde que seja
observado os sinais adequados que indicam que a criança já esteja pronta para
receber a introdução alimentar.
Não há restrição à introdução de alimentos contendo proteínas
potencialmente alergênicas (ovo, peixe, castanhas, amendoim) a partir do
sexto mês, estejam os lactentes em aleitamento materno ou em uso de
fórmula infantil. O atraso na introdução de alguns alimentos alergênicos pode
inclusive prejudicar o desenvolvimento de tolerância oral. Deve-se evitar
apenas a introdução simultânea de dois ou mais alimentos fontes de proteína.
(FILHO, C.T.L, 2021, p. 15).
A introdução de proteínas com potencial alergênico deve ser feita de forma gradual e
exclusiva como referido anteriormente para caso ocorra uma possível reação, seja
possível identificar qual tenha sido o alimento desencadeador da reação. Em relação
a remissão da APLV, ocorre comumente nos primeiros 2 e 3 anos de vida da criança.
E essa recuperação varia de indivíduo para indivíduo e depende do tipo de reação
que a criança apresente (DUPONT et al, 2011)
A recuperação espontânea da APLV nem sempre é uma recuperação
completa, e a dose diária de leite/produtos lácteos tolerados pela criança
podem ser limitados. A atual opção terapêutica é projetada para acelerar a
aquisição situação de tolerância dos mesmos, o que parece ser facilitado pela
exposição repetida ao leite de vaca. (DUPONT et al, 2011, p. 335).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
SOLÉ, Dirceu, SILVA LR, COCCO RR, et al. Consenso Brasileiro sobre Alergia
Alimentar: 2018 - Parte 1 - Etiopatogenia, clínica e diagnóstico. Documento
34
YONAMINE, Glauce Hiromi et al. Percepção dos familiares de pacientes com alergia
ao leite de vaca em relação ao tratamento. Rev. bras. crescimento desenvolv.
hum., São Paulo, v. 23, n. 1, p. 58-64, 2013.