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1CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA


CURSO DE NUTRIÇÃO

Bruna Vereda Diniz Rossi


Isabele Sumil Martins
Thamires da Silva Bezerra

A INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO FAMILIAR NA FORMAÇÃO DE HÁBITOS


ALIMENTARES NA PRIMEIRA INFÂNCIA

Rio de Janeiro
2023
Bruna Vereda Diniz Rossi
Isabele Sumil Martins
Thamires da Silva Bezerra

A INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO FAMILIAR NA FORMAÇÃO DE HÁBITOS


ALIMENTARES NA PRIMEIRA INFÂNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação em Nutrição do
Centro Universitário Augusto Motta como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Nutrição

Orientador:

Rio de Janeiro
2023
Bruna Vereda Diniz Rossi

Isabele Sumil Martins

Thamires da Silva Bezerra

A INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO FAMILIAR NA FORMAÇÃO DE HÁBITOS


ALIMENTARES NA PRIMEIRA INFÂNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação em Nutrição do
Centro Universitário Augusto Motta como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Nutrição

Aprovado em: (data)

(Orientador(a) com a titulação)


(Instituição que está
vinculado)

(Nome com titulação)


(Instituição que está
vinculado)

(Nome com titulação)


(Instituição que está
vinculado)
RESUMO
ROSSI, Bruna. MARTINS, Isabele. BEZERRA, Thamires. A influência da alimentação
familiar na formação de hábitos alimentares na primeira infância. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação em Nutrição). Centro Universitário Augusto Motta, 2023.

De acordo com a NBR 6028, os resumos devem ser apresentados conforme segue: 3.1 O
resumo deve ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões do documento. A
ordem e a extensão destes itens dependem do tipo de resumo (informativo ou indicativo) e do
tratamento que cada item recebe no documento original. 3.2 O resumo deve ser precedido da
referência do documento, com exceção do resumo inserido no próprio documento. 3.3 O
resumo deve ser composto de uma sequência de frases concisas, afirmativas e não de
enumeração de tópicos. Recomenda-se o uso de parágrafo único. 3.3.1 A primeira frase deve
ser significativa, explicando o tema principal do documento. A seguir, deve-se indicar a
informação sobre a categoria do tratamento (memória, estudo de caso, análise da situação
etc.).3.3.2 Deve- se usar o verbo na voz ativa e na terceira pessoa do singular. 3.3.3 As
palavras-chave devem figurar logo abaixo do resumo, antecedidas da expressão Palavras-
chave: separadas entre si por ponto e finalizadas também por ponto. 3.3.4 Devem-se evitar:
a)símbolos e contrações que não sejam de uso corrente; b)fórmulas, equações, diagramas etc.,
que não sejam absolutamente necessários; quando seu emprego for imprescindível, defini-los
na primeira vez que aparecerem. 3.3.5 Quanto a sua extensão os resumos devem ter: a) de 150
a 500 palavras os de trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e outros) e relatórios técnico-
científicos; b) de 100 a 250 palavras os de artigos de periódicos; c)de 50 a 100 palavras os
destinados a indicações breves. (Este texto tem 253 palavras).

Palavras-chaves:
Norma técnicas; Resumo; Trabalho de conclusão de curso; Artigo;
Relatórios técnico-científicos.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BLW_________________________Baby Led-Weaning
BLISS________________________Baby Led Introduction to Solids
IAT_____________________________Introdução Alimentar Tradicional
MS___________________________Ministério da Saúde
OMS_________________________Organização Mundial da Saúde
SCIELO______________________Scientific
SBP_________________________ Sociedade Brasileira de Pediatria
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 7
2. OBJETIVOS 8
2.1 Objetivo Geral 8
2.2 Objetivo Específicos 8
3. JUSTIFICATIVA 9
4. METODOLOGIA 10
5. REVISÃO 11
5.1 Alimentação Infantil 11
5.1.1 Papel do Nutricionista 13
5.1.2 Baby Led-Weaning (BLW) 15
5.1.3 Baby Led Introduction To Solids (BLISS) 17
5.1.4 Método Tradicional 19
5.2 Interferência dos Hábitos Alimentares Familiar na introdução alimentar 21
5.2.1 Uso de telas 23

REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO

Os primeiros anos de vida de uma criança são cruciais para garantir o


crescimento e desenvolvimento adequado, visto que os comportamentos e hábitos
alimentares adquiridos na infância tendem a permanecer na vida adulta (MENDONÇA,
2020). Assim, a introdução alimentar é um marco importante, pois é o momento em que
a criança apresenta o seu primeiro contato com os alimentos (BRASIL, 2019).
Os primeiros anos de vida da criança o momento da refeição é considerado o
principal foco de interação entre pais e filhos, iniciando-se este processo com a
amamentação (APARÍCIO, 2016) . Durante esta fase, ocorre o desenvolvimento do
paladar e, mais tarde, com a introdução de novos alimentos, inicia-se a aprendizagem de
novos sabores e consistências (NICKLAUS, 2016) . Este período é determinante, uma
vez que é através da ingestão repetida e variada que a criança conhece novos sabores,
exercita o seu paladar e aprende a gostar e a associar sabores com reações ou sensações
de satisfação (APARÍCIO, 2016).
Existem três métodos que os pais podem escolher para introduzir os alimentos
sólidos: O método Baby Led-Weaning (BLW), onde o bebê é encorajado a se auto
alimentar com as mãos, promovendo sua autonomia e auxiliando no desenvolvimento
motor. O método Baby Led Introduction to Solids (BLISS), onde os alimentos são
cortados em pedaços maiores para reduzir o risco de engasgo e aumentar a ingestão de
alimentos ricos em ferro e calorias. O método tradicional, que envolve a oferta de
alimentos amassados com o garfo, é ofertado sem que estejam misturados como papa
passando gradualmente à refeição familiar até a idade de um ano (BRASIL, 2019).
Os pais e cuidadores são as primeiras referências que uma criança possui, logo
desempenham um importante papel na formação do hábito alimentar infantil (MELO et
al., 2017). As escolhas alimentares parentais, em relação à quantidade e qualidade dos
alimentos podem determinar o comportamento alimentar das crianças (SILVA, COSTA,
GIUGLIANI, 2016).

Para garantir uma alimentação equilibrada para as crianças, os pais devem criar
uma rotina alimentar saudável com a inclusão de legumes, vegetais e frutas na dieta da
família. Alimentos ultraprocessados, ricos em calorias e pobres em vitaminas e
minerais, estão associados ao desenvolvimento da obesidade infantil. É importante
enfatizar que alimentos naturais, descascados, plantados e colhidos, são fontes ricas de
vitaminas e minerais essenciais para a saúde das crianças, conforme Instituto Nacional
da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente (2022).
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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivos Geral

Analisar a influência da rotina familiar nos hábitos alimentares e na saúde da criança


na primeira infância e a importância de uma introdução alimentar adequada.

2.2 Objetivos Específicos

 Relatar a importância da introdução alimentar;


 Analisar a influência da alimentação familiar na formação de
hábitos alimentares na primeira infância;
 Identificar as estratégias utilizadas para a introdução alimentar;
 Diferenciar as estratégias para a alimentação na primeira
infância e suas consequências para a formação de hábitos
alimentares.
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3. JUSTIFICATIVA

O tema da alimentação saudável é de extrema importância para a saúde humana,


visto que a má alimentação pode acarretar em diversas doenças, como a obesidade,
desnutrição, síndrome metabólica e doenças crônicas. Segundo Dantas e Silva
(2019), tais doenças podem ser evitadas se a criança adquirir hábitos alimentares e uma
rotina saudável desde a primeira infância, respeitando sua cultura, raça e etnia. Por isso,
é fundamental que haja a conscientização sobre a importância de uma alimentação
adequada e balanceada desde cedo, com o objetivo de prevenir problemas de saúde a
longo prazo.
Nesse contexto, torna-se relevante a realização de estudos e pesquisas que visem
compreender os hábitos alimentares da população infantil, bem como a identificação de
possíveis fatores que possam influenciar esses hábitos, para que se possa propor
intervenções eficazes na promoção de uma alimentação saudável e, consequentemente,
na prevenção de doenças relacionadas à má alimentação.
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4. METODOLOGIA

O estudo consiste em uma revisão bibliográfica de artigos, livros, guias e manuais


que abordam sobre o tema de introdução alimentar complementar.

Os estudos foram identificados nas bases de dados da Scientific Electronic Library Online
(Scielo), e Google Acadêmico, e nos sites da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do
Ministério da Saúde (MS). A busca foi realizada de Abril de 2023 à Junho de 2023, e considerou
também livros e sites oficiais. Tendo como critérios inclusivos artigos e publicações, escritos na
linguagem portuguesa dos últimos 10 anos (2013 a 2023), com base nos seguintes descritores:
nutrição infantil; introdução alimentar complementar; métodos de introdução alimentar, BLW,
tradicional e BLISS.
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5. REVISÃO

5.1 Introdução Alimentar

A alimentação infantil inicia-se com o aleitamento materno (AM), conforme preconizado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), exclusivo durante o primeiro semestre de vida e, após esse
período, complementado por outros alimentos pelo menos até os dois anos de idade (WHO, 2008;
BRASIL, 2019).

A partir do sexto mês de vida, as necessidades nutricionais da criança já não são mais supridas
somente com o leite materno, sendo necessária a introdução alimentar, que fornece para a criança
energia, proteínas, vitaminas e minerais. (OLIVEIRA; AVI, 2017; BRASIL 2019). Desse modo, é de
suma importância que a alimentação complementar seja adequada nutricionalmente para prevenir
morbimortalidades como desnutrição e sobrepeso. A correta introdução da alimentação complementar
e a sua continuidade refletem o ganho de peso adequado, bem como o controle da obesidade na
infância, adolescência e fase adulta (STADLER, et al., 2016).

Espera-se que a introdução alimentar ocorra de forma lenta e gradual, respeitando a


individualidade do bebê e da família. Ela deve atender as necessidades energéticas em
complementação ao leite materno além de ser variada, garantindo aporte nutricional de vitaminas e
minerais necessários para o crescimento do bebê (SCARPATTO; FORTE, 2018).

A alimentação é fundamental para a promoção da saúde da criança. Os primeiros anos de


vida, especialmente os dois iniciais, são caracterizados por: crescimento acelerado; a saúde;
desenvolvimento de habilidade para receber, mastigar e digerir alimentos, assim como de
autocontrolar o processo de ingestão de alimentos; e para estabelecer padrões saudáveis de
alimentação que podem durar a vida toda (BRASIL, 2019).

Sendo a primeira infância é uma etapa de intenso desenvolvimento infantil e formação de


hábitos, a introdução da alimentação complementar precisa deve ser oferecida na perspectiva da
alimentação adequada e saudável, devendo ocorrer de maneira regular, respeitando os horários e as
particularidades da criança, com a introdução de alimentos variados, in natura e minimamente
processados, de forma atrativa sensorialmente e provendo as refeições junto à família. (BRASIL,
2014; BRASIL, 2019).

A educação alimentar inicia-se muito cedo, logo nos primeiros meses de vida, quando são
construídos os hábitos alimentares, como espaçamento entre refeições e ritmo de deglutição. O
comportamento alimentar é determinado pela interação da criança com o alimento e o ambiente. A
criança aprende a gostar ou não de alimentos pela sua ingestão repetida, associando os sabores dos
alimentos com reação afetiva do contexto social e a satisfação fisiológica da alimentação. Aprende
também: o que comer; quando comer; por que certas substâncias são comestíveis e outras não.
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(LIMA et al.,2012)

O Guia Alimentar para Crianças Menores de 2 Anos, elaborado pelo Ministério da Saúde do
Brasil, é o documento de referência que oferece orientações sobre a alimentação adequada e
saudável para bebês e crianças nessa faixa etária. Ele é baseado em evidências científicas e
diretrizes nutricionais e tem como objetivo promover o crescimento e desenvolvimento saudáveis,
prevenir a desnutrição e o sobrepeso, e estabelecer hábitos alimentares saudáveis desde cedo,
conforme quadro 1.

Quadro 1.

Recomendação Características

Nutrientes Essenciais As crianças precisam de uma variedade de nutrientes, incluindo


proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas, minerais e fibras para
crescerem e se desenvolverem adequadamente

Amamentação O aleitamento materno é amplamente recomendado para bebês nos


primeiros meses de vida, pois o leite materno fornece uma nutrição ideal
e ajuda a construir a imunidade.

Introdução de Após cerca de seis meses de idade, os bebês geralmente começam a ser
alimentos Sólidos introduzidos a alimentos sólidos, como purês de vegetais, frutas e grãos,
em adição ao leite materno ou fórmula.

Diversificação de É importante oferecer uma variedade de alimentos para as crianças, para


Dieta garantir que elas obtenham todos os nutrientes de que precisam. Isso
inclui frutas, vegetais, proteínas magras, grãos integrais e produtos
lácteos.

Limitação de É importante limitar a ingestão de alimentos ricos em açúcares, gorduras


Açúcares e Alimentos saturadas e alimentos processados, pois eles podem contribuir para
Processados problemas de saúde, como obesidade e cáries dentárias.
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Hidratação Manter as crianças hidratadas é fundamental. A água é a melhor opção,


especialmente em climas quentes.

Respeitar as Cada criança é única, e suas preferências alimentares podem variar. É


Preferências importante respeitar essas preferências e criar um ambiente alimentar
Individuais positivo.

Educação Alimentar Ensinar as crianças sobre a importância de uma alimentação saudável e


envolvê-las na preparação de alimentos pode ajudar a desenvolver
hábitos alimentares saudáveis.

Evitar Restrições Restringir excessivamente a dieta de uma criança pode levar a problemas
Excessivas nutricionais. É importante encontrar um equilíbrio entre promover
escolhas alimentares saudáveis e permitir alguma flexibilidade.

Ainda que haja algumas recomendações do início da introdução alimentar ser iniciado entre
4 e 6 meses, a Sociedade Brasileira de Pediatria sugere que seja iniciada após o 6º mês, quando o
desenvolvimento psicomotor e os sistemas digestivo e renal estão maduros para a inclusão de
alimentos que não sejam líquidos. A recomendação para crianças que não estão em aleitamento
materno é a mesma. (SBP, 2021)

A introdução alimentar é o processo pelo qual um bebê começa a receber alimentos sólidos
além do leite materno ou da fórmula. Existem vários métodos e abordagens para introdução
alimentar, e a escolha pode depender das preferências dos pais, das recomendações de profissionais
de saúde e do desenvolvimento do bebê. Aqui estão alguns métodos comuns de introdução
alimentar. Baby Led-Weaning (BLW), Baby Led Introduction to Solids (BLISS) e Método
tradicional. (SBP, 2021)

5.1.1 Papel do nutricionista na introdução alimentar

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (BRASIL, 2014) e o Ministério da saúde


(BRASIL, 2015), a introdução alimentar é uma fase crucial no desenvolvimento de um ser humano,
marcando a transição da nutrição exclusiva por meio do leite materno ou fórmula para a inclusão de
alimentos sólidos em sua dieta. Durante esse período, que normalmente inicia por volta dos seis
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meses de idade, o nutricionista desempenha um papel fundamental na promoção da saúde,


crescimento e desenvolvimento saudável da criança.

A introdução alimentar é um marco importante que influenciará os hábitos alimentares futuros da


criança, bem como sua saúde a longo prazo. Nesse contexto, o nutricionista atua como um guia e
educador, fornecendo orientações precisas e baseadas em evidências para os pais e cuidadores.

Seu papel inclui:

O nutricionista realiza uma avaliação individualizada da criança, levando em consideração fatores


como histórico médico, alergias alimentares, preferências e desafios específicos. Isso permite que o
plano alimentar seja adaptado às necessidades únicas da criança.

Orientação sobre o momento adequado: É crucial introduzir alimentos sólidos no momento


certo, levando em consideração o desenvolvimento da criança. O nutricionista pode fornecer
orientações sobre quando iniciar a introdução alimentar, respeitando as diretrizes da Organização
Mundial da Saúde (OMS).

O nutricionista ajuda os pais a escolher alimentos adequados, equilibrando os nutrientes essenciais


para o crescimento e desenvolvimento. Isso inclui a introdução gradual de alimentos ricos em
ferro, vitaminas, minerais e proteínas.

O nutricionista pode aconselhar sobre a prevenção de alergias alimentares, incentivando a


introdução segura de alimentos potencialmente alergênicos.

O nutricionista desempenha um papel educativo crucial ao orientar os pais sobre a importância de


criar um ambiente alimentar positivo, estimulando a diversificação alimentar e evitando a oferta
excessiva de alimentos processados e açucarados.

O nutricionista acompanha o progresso da criança ao longo da introdução alimentar, ajustando o


plano conforme necessário e respondendo a quaisquer preocupações dos pais.

O papel do nutricionista na introdução alimentar é essencial para garantir que a criança receba os
nutrientes necessários para um crescimento saudável e desenvolva hábitos alimentares positivos
desde cedo. A orientação e a educação fornecidas por esses profissionais desempenham um papel
crucial na promoção de uma vida saudável e na prevenção de problemas de saúde a longo prazo.
Portanto, buscar a orientação de um nutricionista é uma etapa importante para pais e cuidadores
durante a introdução alimentar de seus filhos.
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5.1.2 Método Baby Led-Weaning (BLW)

O Baby-Led Weaning (BLW), em português significa desmame guiado pelo bebê e é uma
abordagem de introdução alimentar para bebês que permite que a criança se alimente de forma
autônoma e explore alimentos em pedaços em vez de receber alimentos em purês ou papas. Nesse
método, os pais oferecem alimentos adequados à idade da criança em pedaços ou tiras, e o bebê tem
a liberdade de pegar, tocar, cheirar, mastigar e comer esses alimentos por conta própria, usando suas
habilidades motoras e de coordenação. (ARANTES et al., 2018.)

O BLW é uma abordagem de introdução alimentar que promove a independência da criança,


permitindo que ela explore e consuma alimentos sólidos em pedaços desde os seis meses de idade,
com base em sua capacidade de desenvolvimento motor e coordenação. (ARANTES et al., 2018.)

Os alimentos devem ser os mesmos que a família consome, tornando a criança parte das
refeições em família. Além disso, ele enfatiza o respeito pela autorregulação alimentar da criança,
permitindo que ela decida quanto deseja comer. (GOMEZ et al., 2019.)

Ele deve ser iniciado após os cinco sinais de prontidão, que são: diminuição do reflexo de
protusão da língua, sentar sem apoio, ter interesse nos alimentos que a família come, segurar objetos
com as mãos e levar até a boca e ter no mínimo 6 meses. A introdução alimentar pelo meteórico
BLW deve ser iniciada apenas quando todos os sinais de prontidão forem alcançados. Nesse
momento, a criança já desenvolveu habilidades motoras que permitem segurar e levar alimentos à
boca com segurança. Os cuidadores escolhem alimentos apropriados para a idade, incluindo frutas
maduras, legumes cozidos e proteínas macias, todos preparados em pedaços grandes e bem cozidos
para evitar riscos de engasgo. (MENDONÇA et al., 2023.)

Durante as refeições em família, os alimentos são dispostos ao alcance do bebê em seu prato
ou cadeira de alimentação, permitindo que ele tenha autonomia para pegar, explorar e comer os
alimentos por conta própria. Os pais ou cuidadores desempenham um papel essencial ao
supervisionar de perto o bebê durante as refeições, garantindo sua segurança e estando preparados
para agir rapidamente em caso de engasgo. (SILVA, 2021.)

A preocupação em relação ao risco de engasgamento é uma das maiores fontes de


insegurança tanto para famílias como para profissionais de saúde quando se trata da prática do
Baby-Led Weaning (BLW) na alimentação de crianças. Em um estudo abrangendo 1.151 crianças, a
pesquisa conduzida por Brown (2018), não encontrou associações significativas entre o método de
alimentação utilizado, a frequência de uso de colher (especialmente para aqueles que adotaram uma
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abordagem adaptada) e ocorrências de engasgamento. No entanto, observou-se que bebês cujos pais
relataram episódios de engasgamento e que seguiam a abordagem tradicional experimentaram uma
incidência consideravelmente maior de engasgamento ao consumir alimentos sólidos e purês em
comparação com bebês orientados pelo BLW. (BROWN, 2018.)

Um princípio fundamental do BLW é o respeito à autorregulação do bebê, evitando


pressioná-lo a comer mais do que deseja. Conforme o bebê se acostuma com a introdução alimentar,
uma variedade de alimentos saudáveis pode ser oferecida, como frutas, legumes, proteínas e grãos.
É de grande importância que o bebê participe das refeições em família, pois a imitação desempenha
um papel crucial em seu aprendizado. Isso contribui para a criação de um ambiente positivo que
favorece a continuação do método. Além disso, os pais devem observar os sinais de saciedade do
bebê e respeitar seu ritmo alimentar, interrompendo a oferta de alimentos quando ele não estiver
mais interessado. (ARANTES, et al., 2018.)

Segundo Gomez e colaboradores (2018) o método BLW apresenta como benefícios a


prevenção da obesidade, devido a identificação da saciedade, a melhora do desenvolvimento de
habilidades motoras, o estímulo à interação com os alimentos e o aprimoramento dos aspectos
sensoriais. Apesar dos benefícios no desenvolvimento alimentar infantil, de acordo com o
Departamento de Nutrologia da SBP (2017), ainda não há evidências e trabalhos publicados
suficientes para afirmar que este método seja a única forma correta de introdução alimentar,
podendo ser utilizado a forma que o bebê e a família se adaptem melhor. Para a aplicação e
adaptação do método é necessário um tempo de evolução física que pode variar de 6 a 7 meses.
Logo, dependendo do bebê e de acordo com sua evolução, pode-se alternar entre o método
convencional (papinhas e purê) e o BLW ou simplesmente manter apenas aquele que melhor se
adequou, tanto o bebê quanto os pais ou cuidadores (RAMOS; MEDEIROS; NEUMANN, 2020).

Um estudo realizado por Townsend e Pitchford (2011) identificou que bebês alimentados
pelo método BLW possuíam um percentil de IMC mais próximo do ideal, enquanto os bebês
alimentados pelo método tradicional tinham maior probabilidade de serem classificadas com
sobrepeso. O estudo também relata que bebês alimentados pelo BLW tiveram maior preferência na
escolha de alimentos saudáveis, que podem ajudar a prevenir a obesidade, quando comparados aos
alimentados pelo método tradicional. (TOWNSEND E PITCHFORD, 2011).

No quadro informativo a seguir, são apresentadas as vantagens do BLW, tais como o


estímulo à autonomia desde a primeira infância, a prevenção da obesidade infantil e o fomento da
participação em refeições em família. Além disso, são abordados os desafios que podem surgir ao
adotar o BLW, como o risco de engasgo, a bagunça e o desperdício de comida, a necessidade de
supervisão constante, a resistência inicial por parte dos pais e a dificuldade em atender às
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necessidades nutricionais.

Quadro 2. Vantagens e desvantagens do método BLW

Vantagens Desvantagens

Promoção de hábitos alimentares saudáveis, Pais ou cuidadores devem supervisionar de


pois fomentar que os bebês tenham um papel perto o bebê durante as refeições para garantir
ativo na seleção e no controle de alimentos, o sua segurança, exigindo atenção constante.
que pode resultar em escolhas alimentares mais (BROWN, 2018.)
saudáveis no futuro. (GOMEZ, et al., 2018.)

Estimula o desenvolvimento das habilidades A prática do BLW frequentemente resulta em


motoras dos bebês, incluindo habilidades bagunça e desperdício de comida, o que pode
motoras finas e o desenvolvimento oral, à ser desafiador para os pais, que precisam lidar
medida que eles manipulam os alimentos, o que com a limpeza e o descarte de alimentos não
é relevante para o crescimento saudável. consumidos. (ARANTES, et al., 2018):
(ARANTES, et al., 2018.)

Pode auxiliar na prevenção da obesidade O BLW pode ser desafiador para garantir que
infantil, já que capacita bebês a autorregular os bebês recebam todos os nutrientes
sua ingestão de alimentos, evitando excessos. necessários, especialmente ferro, uma vez que
(GOMES, et al., 2018.) alimentos ricos em ferro podem ser difíceis de
oferecer no início. (ARANTES, et al., 2018.)

Promove a autonomia de bebês, permitindo que O BLW envolve um risco potencial de engasgo,
participem ativamente das refeições familiares embora a asfixia seja rara. Pais devem estar
e desenvolvam habilidades de tomada de atentos aos sinais de engasgo e preparados para
decisão desde cedo. (ARANTES, et al., 2018.) agir prontamente. (BROWN, 2018.)

O BLW estimula a inclusão de bebês nas Alguns pais podem relatar resistência inicial ao
refeições familiares, criando um ambiente método devido a preocupações com engasgos e
propício para a adoção bem-sucedida do à necessidade de abrir mão de algum controle
método e fomentando interações familiares sobre a alimentação dos bebês. (BROWN,
saudáveis. (GOMEZ, et al., 2019.) 2018.)
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5.1.3 Baby Led Introduction to Solids (BLISS)

Considerando os riscos percebidos pelos familiares e profissionais de saúde relacionados ao


método BLW, um grupo na Nova Zelândia desenvolveu um método chamado Baby-Led
Introduction to Solids (BLISS), que significa, em tradução livre, Introdução aos Sólidos Guiada pelo
Bebê. O BLISS foi projetado para assegurar o suprimento adequado de ferro e calorias, bem como
para reduzir o risco de engasgos ao fornecer alimentos com texturas consideradas seguras. As
principais diferenças entre o BLW e o BLISS estão relacionadas, em grande parte, às orientações
fornecidas aos cuidadores pelo profissional da saúde. (NUNES, et al., 2021).

No BLISS, os cuidadores tem orientações adequadas para assegurar que o bebê receba os
nutrientes essenciais para seu desenvolvimento. Sobretudo na inclusão de alimentos ricos em ferro e
hipercalórico em todas as refeições. O foco na redução de risco de engasgo no processo, com
orientações sobre os cortes e texturas adequadas, também é uma pauta importante neste método.
Outras orientações especificas para evitar o engasgo incluem: oferecer alimentos grandes,
possibilitando que o bebê segure; provar os alimentos antes para certificar que não se fixe na
cavidade oral; não oferecer alimentos redondos; garantir que o bebê esteja sentado sempre com a
supervisão de um cuidador. (NUNES, et al., 2021).

Ainda não se tem certeza se o método BLISS poderia influenciar o processo de crescimento
das crianças. Até o momento, as evidências disponíveis não revelaram nenhum caso de crescimento
deficiente em crianças submetidas a esse método, nem diferenças significativas na taxa de
crescimento em comparação com grupos de alimentação convencional aos 12 meses de idade.
(DANIELS, et al., 2015).

Um estudo feito por Daniels e colaboradores (2018) mostrou que crianças alimentadas pelo
BLW modificado, o BLISS, pareciam ter maiores ingestão de ferro, zinco, vitamina c, vitamina b12
e cálcio do que as que seguiam o BLW não modificado. O estudo identificou que a taxa de
crescimento entre as crianças alimentadas pelo BLISS e pelo método tradicional eram similares, não
havendo diferenças significativas. (DANIELS, et al., 2018)

Para além das diferenças nutricionais, Erickson e colaboradores (2018) observaram em um


estudo que bebês alimentados pelo BLISS eram mais propensos a se alimentarem sozinhos, tinham
maior inclinação a fazerem suas refeições em família e a comerem a mesma refeição que a sua
família. (ERICKSON, et al., 2018).

Vantagens Desvantagens
Maior enfoque nutricional, como alimentos ricos
Mais complexo que o BLW tradicional
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em ferro e hipercalóricos (NUNES et al., 2021)


(NUNES et al., 2021)

Promove uma dieta equilibrada com ampla Exigência de monitoramento constante


variedade de alimentos (NUNES et al., 2021) (NUNES et al., 2021)

Escassez de evidências publicados,


Dispõe de orientações para reduzir os riscos de
principalmente da população brasileira
engasgo (NUNES et al., 2021)

5.1.4 Introdução Alimentar Tradicional

A Introdução Alimentar Tradicional (IAT) foi de grande importância em uma época que os
alimentos eram introduzidos muito precocemente e as opções ao leite materno eram escassas. O
início da introdução alimentar era recomendada aos 4 meses até o ano de 2002. Atualmente a
recomendação é a partir dos 6 meses, tendo em vista a maturação do sistema digestivo. (VIEIRA et
al., 2020; BRASIL 2019)

Os alimentos recomendados para a IAT são cereais, purês de frutas e vegetais, carnes
magras, dentre outros. Os alimentos são cozidos e amassados para uma textura considerada
adequada para o bebê. A transição para os sólidos na IAT é feita de forma gradual e espera-se que
até os 12 meses o bebê esteja se alimentando junto dos familiares. (BRASIL, 2019)

A introdução Alimentar Tradicional (IAT) é uma prática guiada pelo cuidador, que decide
quais alimentos a criança vai comer, a quantidade e o ritmo da alimentação. A oferta é feita através
de alimentos pastosos, em papas e purês, amassados com o garfo. (VIEIRA et al., 2020)

A Sociedade Brasileira de Pediatria e o Ministério da Saúde recomendam a introdução


alimentar tradicional, que tem como característica oferecer alimentos em forma de purê e amassados
com o garfo. Não é recomendado que se peneire ou liquidifique os alimentos. Ao passar do tempo é
indicado que se amasse cada vez menos, chegando a alimentos inteiros até os 12 meses. (SBP, 2021;
BRASIL, 2019)

Para comunicar que não quer mais comer, o bebê mostra sinais como virar o rosto e não
abrir a boca. É necessário observar os sinais de fome e saciedade do bebê para não ultrapassar os
limites, já que lactentes possuem capacidade de autorregular. Além do mais, respeitar os sinais de
fome e saciedade são importantes no processo de formação da alimentação. Induzir o bebê a comer
além da sua fome pode prejudicar sua percepção de saciedade e apetite, podendo gerar um ganho de
peso excessivo. (BRASIL, 2019)
20

Quadro 4. Vantagens e desvantagens do método tradicional.

Vantagens Desvantagens

Os pais têm controle direto sobre a seleção e Essa abordagem pode restringir a capacidade do
quantidade de alimentos oferecidos ao bebê. bebê de explorar os alimentos por conta própria,
já que os pais determinam o que e quanto é
oferecido.

A introdução de alimentos segue um processo A introdução gradual de texturas pode fazer com
gradual, começando com papas e purês e que o bebê seja relutante em aceitar alimentos
evoluindo para alimentos com texturas mais com texturas variadas, dificultando a transição
sólidas à medida que o bebê cresce. para a comida da família.

Os pais podem escolher alimentos que atendam Dependendo das escolhas dos pais, pode ocorrer
às necessidades nutricionais específicas do bebê, uma restrição excessiva de certos alimentos, o
assegurando uma dieta balanceada. que pode afetar a diversidade na dieta do bebê.
21

5.2 Interferência dos Hábitos Alimentares Familiar na introdução alimentar

A partir do momento da introdução alimentar, a criança inicia a fase de


desenvolvimento de novas habilidades e passa a compreender as diversas dimensões do ato de se
alimentar, sendo considerada uma fase essencial para formação de hábitos alimentares, que poderão
ser mantidos em outros ciclos da vida (DANTAS; SILVA, 2019).

É na infância que se inicia o desenvolvimento dos hábitos alimentares, sendo esta fase
considerada essencial para apresentar os alimentos ideais para cada idade, pois a alimentação e a
nutrição são elementos fundamentais para a proteção e para promoção da saúde, considerando que o
desenvolvimento alimentar na infância é gradual, longo e permanente (UNICEF, 2021).

Os hábitos alimentares podem sofre influencias de inúmeros fatores, como genética,


socioeconômica, cultural, étnica, religiosa, entre outros. Tendo seu início já no período gestacional
através do contato do feto com o líquido amniótico (BEAUCHAMP; MENNELLA, 2011),a formação dos
hábitos alimentares continua durante a infância, principalmente nos primeiros 2-3 anos de vida, e
poderá sofrer influência de diferentes fatores ao longo da vida: família, amigos, escola, mídia
(HODGES et al, 2013).

Segundo Dantas e Silva (2019), os hábitos alimentares estão relacionados com fatores
genéticos e ambientais. Os fatores ambientais estão relacionados a influência da família na forma que
a criança come, processos psicossociais e culturais, bem como a maneira em que a criança é
influenciada socialmente, além do papel do ambiente em que vive.

As crianças não possuem autonomia na escolha dos alimentos, uma vez que ainda não
desenvolveram o conhecimento e a experiência necessários para tomar decisões baseadas na
qualidade nutricional. Nesse estágio, a responsabilidade de fornecer uma dieta equilibrada e
saudável recai principalmente sobre os pais ou cuidadores. (DO CARMO AZEVEDO LEUNG;
PASSADORE; DA SILVA, 2016).
O ambiente em que uma criança cresce tem um impacto significativo em sua saúde física e
mental, sendo o comportamento alimentar dos pais é um exemplo disso. As escolhas alimentares
dos pais muitas vezes influenciam as preferências alimentares das crianças. Se os pais têm hábitos
alimentares saudáveis, é mais provável que as crianças adotem esses mesmos hábitos. Por outro
lado, se os pais têm uma alimentação desequilibrada, as crianças podem seguir o exemplo (VILLA
et al., 2015).
Os pais e cuidadores têm um papel primordial na educação alimentar de seus filhos, pois são
considerados os primeiros educadores alimentares. O período de maior importância são os primeiros
anos de vida, pois além de promover interação familiar ainda auxilia no desenvolvimento do
paladar, no aprendizado de novos sabores e consistências, sendo importante a apresentação e
22

exposição de novos alimentos em diversas formas e texturas para que a criança se familiarize com
eles e tenha o desejo pela alimentação (MENDONÇA, 2020).

A maneira como os pais e cuidadores interagem com as crianças durante o preparo e o


momento das refeições são primordiais para a formação das preferências alimentares infantis, pois
essas características influenciam diretamente na forma como a criança irá se relacionar com os
alimentos. Essa interação nos primeiros anos de vida pode influenciar positivamente ou
negativamente na nutrição, no desenvolvimento social e cognitivo da criança (SILVA, COSTA,
GIUGLIANI, 2016) .
Os hábitos alimentares podem, de fato, ser reflexos do modo e estilo de vida que existiu na
infância, com uma forte influência do componente familiar. As questões relacionadas aos hábitos
alimentares na infância estão intrinsecamente ligadas à saúde e à prevenção de doenças. Dessa
maneira, com os indicativos do aumento, a cada ano do número de crianças em situação de
obesidade e sobrepeso, a formação de hábitos alimentares saudáveis durante a infância desempenha
um papel fundamental na redução do risco de obesidade, sobrepeso e outras doenças relacionadas à
alimentação, tendo a influência familiar um papel central nesse processo (VILLA et al., 2015).
É responsabilidade do adulto ensinar a criança a comer saudável, pois ajuda a prevenir ou
retardar doenças cardiovasculares, hipertensão, obesidade, diabetes e alguns tipos de câncer.
Durante a infância que estamos formando nosso paladar, de acordo com a combinação de fatores
genéticos e ambientais. A exposição de alimentos deve ser feita pelo menos 10 vezes, para a criança
experimentar, sentir gosto/textura e vê se ela gosta ou não. O ideal seria ter sempre à disposição da
criança alimentos saudáveis, para estimular o consumo (como frutas/legumes e verduras). Como
criança aprende por repetição, ter adultos a sua volta, que se alimenta de forma saudável, estimula
muito o consumo. É muito importante que a família cozinhe juntos, prepare os alimentos isso ajuda
a criança a criar autonomia e identificar suas preferências, e também cria um laço maior com os
pais, pois comida é afeto. É importante que o momento da refeição seja um momento tranquilo, com
conversas e trocas. Quando todos comem juntos a criança sente que é especial, e gera uma relação
melhor com a comida. (MELO et al., 2017).
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, através do guia prático de atualização do
departamento científico de nutrologia (2017), ressalta a importância da realização das refeições do
bebê à mesa, junto com a família, exatamente para que ele tenha os pais como referência de hábitos
alimentares saudáveis, além disso, o guia também enfatiza a respeito dos pais comerem junto com a
criança ao invés de apenas ofertar a comida.
Além disso, o contexto familiar também influencia a disponibilidade de alimentos saudáveis
em casa, a educação alimentar que as crianças recebem e até mesmo o nível de estresse no ambiente
familiar, o que pode afetar o apetite e a relação com a comida das crianças. É verificado a cada ano
23

um consumo aumentado de alimentos de alto valor energético e um baixo consumo de frutas e


hortaliças, podendo estar ligado a disponibilidade de alimentos em casa, desempenha um papel
importante no consumo. Se alimentos não saudáveis estiverem facilmente disponíveis, as pessoas
são mais propensas a consumi-los. (MELO et al., 2017)
A disponibilidade e acesso aos alimentos em casa, as práticas alimentares e o preparo dos
alimentos, influenciam diretamente o consumo alimentar da criança, uma vez que o ambiente
familiar é compartilhado e reflete os hábitos de cada membro da família. Hábitos alimentares
saudáveis, incluindo consumo de frutas e verduras, influenciam positivamente as crianças, conforme
indicam estudos que apontam a preferência das crianças por alimentos que fazem parte de sua rotina
diária (MELO et al., 2017).
Um estudo com uma amostra de 225 crianças/88 pais verificou que o consumo de frutas, sucos
naturais e vegetais é influenciado de forma positiva pela disponibilidade e acessibilidade destes
alimentos na residência familiar. Ainda é entendido que as crianças se inclinam a preferir os
alimentos que lhe são servidos frequentemente em detrimento dos alimentos estranhos
(MADRUGA et al., 2012).
Uma pesquisa feita com crianças de dois a cinco anos de idade mostrou que quando os pais
fazem as refeições junto com os filhos se cria um ambiente positivo, que em geral faz com que as
crianças melhorem a qualidade da alimentação, pois aumenta o consumo de frutas, vegetais, fibras, e
micronutrientes e diminuindo o consumo de gordura saturada e gordura trans, frituras, refrigerante,
assim como no consumo de alimentos de menor carga glicêmica (MELO et al., 2017).

5.2.1 Uso de telas

A exposição a distratores e telas em geral se tornou uma parte inevitável da vida de adultos e
crianças. Isso se deve em grande parte ao avanço da tecnologia e à proliferação de dispositivos
eletrônicos, como smartphones, tablets, computadores e televisões. Esses dispositivos oferecem uma
ampla gama de atividades e entretenimento digital, o que pode resultar em uma exposição
significativa às telas já que o tempo excessivo de telas está associado a comportamentos alimentares
não saudáveis, como o aumento no consumo de lanches e alimentos densos em energia e a redução
da ingestão de frutas e vegetais (NOBRE et al).

O uso excessivo de telas, como redes sociais, videogames e streaming de mídia, pode gerar
impactos variados na saúde e no bem-estar das pessoas, especialmente das crianças. (NOBRE et al).

Alguns dos efeitos potenciais incluem:


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Problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão


Problemas de sono: O uso de telas antes de dormir pode interferir na qualidade do sono, devido à luz azul
emitida por esses dispositivos.
Redução da interação social cara a cara, levando a dificuldades no desenvolvimento de habilidades sociais.
Dificuldades de concentração e atenção.
Crianças podem ser expostas a conteúdo inadequado para sua idade, sendo prejudicial para o seu
desenvolvimento.
Problemas de saúde física, estilo de vida sedentário, obesidade e problemas musculares.

É de importância que os pais, cuidadores e indivíduos em geral estejam cientes dos possíveis
impactos negativos e busquem equilibrar o tempo gasto em frente às telas com atividades ao ar
livre, interação social e outras formas de entretenimento e aprendizado. Sendo fundamental também
estabelecer limites para o uso desses dispositivos eletrônicos e monitorar o tipo de conteúdo ao qual
estão sendo expostas.(NOBRE et al).

A Organização Mundial da Saúde (OMS,2019) emitiu diretrizes que recomendam limitar o uso
de telas em crianças, especialmente em lactentes e crianças menores de 2 anos. De acordo com essas
diretrizes, o uso de telas não é recomendado para lactentes, e para crianças com idades entre 2 e 3
anos, o tempo de tela não deve ultrapassar 1 hora por dia. Essas recomendações são baseadas em
preocupações com o desenvolvimento infantil, o sono e o bem-estar geral das crianças.

O estudo conduzido por NOBRE et al; que observou uma média de 1,8 horas de tempo de tela
por dia em 306 crianças com uma média de idade de 5,1 anos, é uma informação relevante que
ajuda a entender o uso de telas em crianças em uma faixa etária específica. Esses dados indicam
que, em média, as crianças nesse grupo etário estão passando aproximadamente 1,8 horas por dia
em frente a telas, como dispositivos eletrônicos e televisão. É importante notar que essa média está
dentro do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS,2019) para crianças com
idades entre 2 e 3 anos, que é de não mais de 1 hora de tempo de tela por dia. No entanto, é
fundamental que os pais e cuidadores continuem a monitorar e garantir que o conteúdo a que essas
crianças estão expostas seja apropriado para suas idades e que o tempo de tela seja equilibrado com
outras atividades saudáveis, como brincar ao ar livre, interações sociais e tempo dedicado ao sono.
25
26

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