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Escola Estadual de Educação Profssional (E.E.E.P.

) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Disciplina:

Saúde Coletiva

Apostila destinada ao Curso Técnico de Nível Médio em Enfermagem das Escolas Estaduais
de Educação Profissional – EEEP
Material elaborado/organizado pela professora Rafaelle Alves Diógenes Pontes – 2018

Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva


Escola Estadual de Educação Profssional (E.E.E.P.) Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

APRESENTAÇÃO
Este Manual pedagógico integra uma série que aborda temas específicos da formação do
Técnico em Enfermagem Integrado ao Ensino Médio. Cada Manual corresponde a uma
Disciplina, sendo este referente à disciplina de Saúde Coletiva. Este Manual contém os
objetivos de aprendizagem referentes ao tema acompanhado do conteúdo no intuito de deixar
claro o que é esperado do aluno ao final da disciplina. Propõe atividades pedagógicas que
focam o eixo cognitivo e sócio afetivo do processo de aprendizagem. Oportunidade ao aluno
de adquirir conhecimentos em Saúde Coletiva que lhe permitam edificar a base filosófica e
também técnica para exercer as atribuições de Técnico de Enfermagem que atua em Saúde
Coletiva. Disponibilizamos também uma bibliografia de referência do Manual. Elaborado no
intuito de qualificar o processo de ensino-aprendizagem, o presente material é um instrumento
pedagógico que se constitui como um mediador para facilitar o processo de ensino-
aprendizagem em sala de aula embasado em um método problematizador e dialógico que
aborda os conteúdos de forma lúdica, participativa tornando o aluno protagonista do seu
aprendizado facilitando a apropriação dos conceitos de forma crítica e responsável. Espera-se
contribuir com a consolidação do compromisso e envolvimento de todos (professores e
alunos) na formação desse profissional tão importante para o quadro da saúde do Ceará.
Construção do conceito de processo saúde-doença e entendimento de suas relações com os
aspectos históricos, políticos e sociais de uma comunidade. Discussão das ações de Saúde
Pública no Brasil desde o período colonial até os dias de hoje e as mudanças ocorridas com a
adoção de um novo conceito de Processo de Saúde-Doença. Discussão da promoção à saúde,
prevenção e controle das doenças como base das ações de Enfermagem em Saúde Coletiva.

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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao final da disciplina os alunos devem ser capazes de...


1.Compreender a situação de saúde da população brasileira e as políticas governamentais para
o enfrentamento dos problemas de saúde, enfocando o Sistema Único de Saúde (SUS).
2.Analisar o quadro sanitário brasileiro e as políticas públicas sociais e de saúde no Brasil,
Minas Gerais e Belo Horizonte, para a atenção coletiva à saúde;
3.Discutir os modelos assistenciais de saúde, a história da saúde pública brasileira e as bases
do SUS;
4.Conhecer o funcionamento da atenção à saúde pública.
5.Conceituar saúde e doença, prevenção e promoção da saúde, e determinantes de saúde, com
enfoque nas questões sociais, políticas e econômicas do contexto de vida, em especial as
desigualdades e vulnerabilidades sociais em saúde.

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1.Conceitos em Saúde Coletiva: Processo saúde doença, prevenção e promoção da saúde,


saúde, sociedade e condições de vida; quadro sanitário e transições epidemiológica e
demográfica no Brasil. Saúde das populações negra e indígena.
2.Políticas públicas: Evolução histórica da saúde pública e saúde coletiva. Sistema Único de
Saúde: princípios, legislação, níveis de assistência, organização do sistema. Vigilância em
Saúde. Organizações populares e cidadania. Modelos assistenciais em saúde.

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SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA....................................................................8
2.A SAÚDE PÚBLICA E A SAÚDE COLETIVA.......................................................12
2.1.Conceito de saúde coletiva.......................................................................................12
2.2.Programas dos Centros de Saúde e ESF’s..............................................................12
3.O MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA.....................................................16
4.A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE.............18
4.1.As origens do nosso sistema de saúde......................................................................18
5.CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ARTIGOS 196 A 200)............................................21
6.SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE..................................................................................23
7.ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA.............................................................27
8.HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA.....................................................................28
8.1. Período de pré-patogênese......................................................................................28
8.2. Período de patogênese.............................................................................................28
9.DOENÇAS INFECCIOSAS.......................................................................................29
9.1-Sarampo...................................................................................................................29
9.2-Rubélola....................................................................................................................29
9.3-Hepatites...................................................................................................................30
9.4-Poliomielite...............................................................................................................33
9.5-Varicela (catapora)..................................................................................................34
9.6-Febre amarela..........................................................................................................36
9.7-Coqueluche...............................................................................................................36
9.8-Esquitossomose ou bilharziose................................................................................37
9.9-Malária.....................................................................................................................38
9.10-Caxumba................................................................................................................39
9.11-Doença de Chagas..................................................................................................39
9.12-Tuberculose............................................................................................................41
9.13-Hanseníase..............................................................................................................41
9.14-Meningite................................................................................................................42
9.15-Tétano.....................................................................................................................43
9.16-Leptospirose...........................................................................................................45

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9.17-Dengue....................................................................................................................47
9.18-Raiva.......................................................................................................................49
9.19-Toxoplasmose.........................................................................................................50
9.20-Febre tifóide...........................................................................................................52
10.INFECÇÕES SEXUALMENTES TRANSMISSÍVEIS........................................53
10.1.Sífilis........................................................................................................................53
10.2.Cancro Mole...........................................................................................................54
10.3.Herpes.....................................................................................................................55
10.4.Gonorréia...............................................................................................................56
10.5.HPV.........................................................................................................................56
10.6.Candidíase..............................................................................................................58
10.7.-Linfogranuloma Venéreo.....................................................................................58
10.8.AIDS-SIDA.............................................................................................................59
10.9.Infecção por Trichomonas.....................................................................................60
10.10.Infecção por Gardenerella...................................................................................61
11.PARASITOSES INTESTINAIS..............................................................................62
11.1.Ascaridíase.............................................................................................................62
11.2.Giardíase.................................................................................................................63
11.3.Amebíase................................................................................................................64
11.4.Teníase....................................................................................................................64
12.MICOSES..................................................................................................................65
12.1.Micoses superficiais da pele...................................................................................65
13.AÇÕES DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA EM RELAÇÃO A PRODUTOS
ALIMENTARES ,DOMICILIARES, MEDICAMENTOS, SERVIÇOS DE SAÚDE E
MEIO AMBIENTE....................................................................................................68
13.1.Ações da vigilância sanitária.................................................................................68
13.2.Recursos da Comunidade para ações coletivas (estratégias)..............................69
13.3.PNI - Programa Nacional de Imunização.............................................................69
14.SINAN- SISTEMA NACIONAL DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO..............72
REFERÊNCIAS.............................................................................................................73

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1.INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA


A expressão saúde coletiva é uma invenção tipicamente brasileira que surgiu em fins
da década de 1970, na perspectiva de constituir uma nova articulação entre as diferentes
instituições do campo da saúde. Saúde coletiva é uma expressão que designa um campo de
saber e de práticas referido à saúde como fenômeno social e, portanto, de interesse público.
Trata-se de uma forma de abordar as relações entre conhecimentos, práticas e direitos
referentes à qualidade de vida.
Saúde coletiva é um campo de práticas diversas socialmente determinadas, que se
apoiam em diferentes disciplinas científicas interdisciplinares com o desafio de compreender
e interpretar os determinantes da produção social das doenças e da organização social dos
serviços de saúde fundamentando-se na interdisciplinaridade como possibilitadora da
construção de um conhecimento ampliado da saúde e na multiprofissionalidade como forma
de enfrentar a diversidade interna ao saber/ fazer das práticas sanitárias (NUNES, 1994).
Saúde coletiva é uma ciência histórico-social, percebendo que as características dos
seres humanos (doentes ou não) são sobretudo, um produto de forças sociais mais profundas,
ligadas a uma totalidade econômico-social que é preciso conhecer e compreender para
explicarem-se adequadamente os fenômenos de saúde e de doença com os quais ela se
defronta; (PEREIRA, 1986 apud MATUMOTO et al, 2001).
Do ponto de vista do SABER, a Saúde Coletiva se articula em um tripé
interdisciplinar composto pela: Epidemiologia, Administração e Planejamento em Saúde e
Ciências Sociais em Saúde; com um enfoque transdisciplinar, que envolve disciplinas
auxiliares como a: Demografia, Estatística, Ecologia, Economia, História e Ciências Políticas,
entre outras.
Definição atual: Compreende um conjunto complexo de saberes e práticas
relacionados ao campo da saúde, envolvendo desde organizações que prestam assistência à
saúde da população até instituições de ensino e pesquisa e organizações da sociedade civil.
Compreende práticas técnicas, científicas, culturais, ideológicas, políticas e econômicas
(Carvalho, 2002).
Enquanto PRÁTICA, a Saúde Coletiva propõe um novo modo de organização do
processo de trabalho em saúde que enfatiza:
- a promoção da saúde,
- a prevenção de riscos e agravos,

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- a reorientação da assistência a doentes,


- a melhoria da qualidade de vida,
privilegiando mudanças nos modos de vida e nas relações entre os sujeitos sociais envolvidos
no cuidado à saúde da população.
O objeto de investigação e práticas em Saúde Coletiva, compreende as seguintes
dimensões:
O Estado de saúde da população: isto é, condições de saúde de grupos populacionais
específicos e tendências gerais do ponto de vista epidemiológico, demográfico,
socioeconômico e cultural;
Os Serviços de saúde: abrangendo o estudo do processo de trabalho em saúde,
investigações sobre a organização social dos serviços e a formulação e implementação de
políticas de saúde, bem como a avaliação de planos, programas e tecnologia utilizada na
atenção à saúde;
O Saber sobre a saúde: incluindo investigações históricas, sociológicas, e
epistemológicas sobre a produção de conhecimentos neste campo e sobre as relações entre o
saber científico; e as concepções e práticas populares de saúde, influenciadas pelas tradições,
crenças e cultura de modo geral.
A Saúde coletiva visa:
- saneamento do meio ambiente,
- combate das doenças transmissíveis que ameaçam a coletividade,
- ensino dos princípios de higiene individual,
- organizações dos serviços médicos e de enfermagem para diagnóstico precoce e tratamento
preventivo,
- estabelecimento de condições de saúde que assegurem a cada membro da coletividade, um
nível de vida favorável à manutenção da vida.
Qual seria o núcleo da saúde coletiva?
- O apoio aos sistemas de saúde, à elaboração de políticas e à construção de modelos;
- a produção de explicações para os processos saúde/enfermidade/intervenção;
- práticas de promoção da saúde e prevenção de doenças.
Prevenir: preparar; chegar antes de; dispor de maneira que evite (dano, mal);
impedir que se realize. A prevenção em saúde exige uma ação antecipada, baseada no
conhecimento da história natural a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença;

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Prevenção é o conjunto de medidas que visam evitar a doença na coletividade,


utilizando medidas que acabem com a patologia, ou a minimizem na população.
Tipos de Prevenção:
Primária - quaisquer atos destinados a diminuir a incidência de uma doença numa
população, reduzindo o risco de surgimento de casos novos; São exemplos a vacinação, o
tratamento da água para consumo humano, de medidas de desinfecção e desinfestação ou de
ações para prevenir a infecção por HIV, e outras ações de educação e saúde ou distribuição
gratuita de preservativos, ou de seringas descartáveis aos toxicômanos.
Secundária - quaisquer atos destinados a diminuir a prevalência de uma doença
numa população reduzindo sua evolução e duração; um exemplo é o rastreio do câncer do
colo uterino, causado pela transmissão sexual do HPV. A prevenção secundária consiste em
um diagnóstico precoce e tratamento imediato.
Terciária - quaisquer atos destinados a diminuir a prevalência das incapacidades
crônicas numa população, reduzindo ao mínimo as deficiências funcionais consecutivas à
doença. Como exemplo, podem-se citar ações de formação a nível de escolas ou locais de
trabalho que visem anular atitudes fóbicas em relação a um indivíduo infectado pelo HIV.
Outro exemplo, a nível da saúde ocupacional seria a reintegração daquele
trabalhador na empresa, caso não pudesse continuar a exercer, por razões médicas, o mesmo
tipo de atividades
As ações preventivas definem-se como intervenções orientadas a evitar o
surgimento de doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações.
Seu objetivo é o controle da transmissão de doenças infecciosas e a redução do risco de
doenças degenerativas ou outros agravos específicos.
Promover: dar impulso a; originar; gerar. Promoção da saúde define-se,
tradicionalmente, de maneira bem mais ampla que prevenção, pois refere-se a medidas que
não se dirigem a uma determinada doença ou desordem, mas servem para aumentar a saúde e
o bem-estar gerais.
As estratégias de promoção enfatizam a transformação das condições de vida e de
trabalho que conformam a estrutura subjacente aos problemas de saúde, demandando uma
abordagem intersetorial.
Sendo assim a construção de uma teoria sobre a promoção de saúde, ou sobre o
processo saúde/enfermidade/intervenção, não seria ferramenta exclusiva da saúde coletiva,

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mas de todo o campo de saúde. Não há como repensar suas práticas desconhecendo o acervo
da biologia, da psicologia e da clínica em geral.
Existem diversos modos para produzir saúde. Cada modo de produção de saúde é
composto por uma dada combinação qualitativa e quantitativa de práticas. Podemos
identificar quatro modos básicos para produzir saúde:
1- a produção social de saúde: em que transformações econômicas, sociais e políticas
produzem padrões saudáveis de existência, dificultando o surgimento de enfermidades.
2- a saúde coletiva: em que por meio da vigilância à saúde e da ação específica de
profissionais de saúde, mais ou menos articulados com outros setores e outros agentes, e do
desenvolvimento de ações predominantemente voltadas para a promoção e prevenção,
dificultam-se ou impedem-se mortes e enfermidades;
3- a clínica e a reabilitação: em que práticas de assistência e de cuidado produzem saúde,
ainda que em sujeitos isolados;
4- atendimento de urgência e de emergência: em que, a partir de modelos de intervenção que
alteraram bastante uma série de características da clínica tradicional, consegue-se evitar morte
e sofrimento.

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2.A SAÚDE PÚBLICA E A SAÚDE COLETIVA


A Saúde Coletiva é um movimento que surgiu na década de 70 contestando os atuais
paradigmas de saúde existentes na América Latina e buscando uma forma de superar a crise
no campo da saúde. Ela surge devido à necessidade de construção de um campo teórico-
conceitual em saúde frente ao esgotamento do modelo científico biologicista da saúde pública.
A saúde pública é entendida neste contexto como vários movimentos que surgiram tanto na
Europa quanto nas Américas como forma de controlar, a priori, as endemias que ameaçavam
a ordem econômica vigente e depois como controle social, buscando a erradicação da miséria,
desnutrição e analfabetismo. Contudo os vários modelos de saúde pública não conseguiram
estabelecer uma política de saúde democrática efetiva e que ultrapassasse os limites
interdisciplinares, ou seja, ainda permanecia centrado na figura hegemônica do médico.
Dessa forma, muitos programas de saúde pública, endossados pela Organização
Mundial de Saúde, ficaram reduzidos à assistência médica simplificada, isto é, aos serviços
básicos de saúde; resumindo: para uma população pobre um serviço pobre.
2.1.Conceito de saúde coletiva
O conceito de saúde coletiva é o efeito das interações socioeconômicas de uma
sociedade com o ambiente e o quanto isso pode influir a salubridade de uma região ou
comunidade. Ao contrário das demais áreas de saúde que tendem a possuir um caráter de
tratamento, a saúde coletiva tem como objetivo principal prevenir o desenvolvimento ou a
disseminação de patologias e demais problemas de saúde por meio da implantação de perfis
sanitários condizentes com a cultura e a necessidade de uma região.
2.2.Programas dos Centros de Saúde e ESF’s
Programa de assistência integral a saúde da mulher e da criança – PAISMIC:
O objetivo maior do PAISM é atender a mulher em sua integralidade, em todas as
fases da vida, respeitando as necessidades e características de cada uma delas. As áreas de
atuação do PAISM são divididas em grupos baseados nas fases da vida da mulher, a saber:
• Assistência ao ciclo gravídico puerperal: pré-natal (baixo e alto risco), parto e puerpério;
• Assistência ao abortamento;
• Assistência à concepção e anticoncepção-; •
Prevenção do câncer de colo uterino e detecção do câncer de mama; (Portaria 3040 de 21 de
junho de 1998 do Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Combate ao Câncer
do Colo Uterino);

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• Assistência ao climatério;
• Assistência às doenças ginecológicas prevalentes;
• Prevenção e tratamento das IST/AIDS;
• Assistência à mulher vítima de violência.
TRO-Terapia de Reidratação Oral
Este Programa tem por objetivo corrigir o desequilíbrio hidroeletrolítico
(restabelecendo em nível o mais próximo possível, a água e os eletrólitos reduzidos durante a
diarréia), manter e recuperar o estado nutricional.

IRA – Infecção Respiratória Aguda


Este Programa visa atender as crianças com IRA que é um conjunto de doenças, que
acomete principalmente crianças e que se espalha com facilidade, passando de uma pessoa
para outra, dando mais de uma vez na mesma criança. As infecções respiratórias agudas,
principalmente a pneumonia, podem trazer risco de vida quando não tratadas. A criança é
acompanhada por este Programa até a melhora do Quadro patológico.
Programa de prevenção ao câncer do colo do útero e de mama
Este Programa consiste no desenvolvimento e na prática de estratégias que reduzam a
mortalidade e as repercussões físicas, psíquicas e sociais do câncer do colo do útero e de
mama.
Programa de incentivo ao aleitamento materno
É um Programa de saúde pública, de atendimento ambulatorial, com atuação de uma
equipe multidisciplinar que acompanha o crescimento e o desenvolvimento de crianças de 0 a
6 meses de vida, orientando e incentivando as mães para que amamentem seus filhos
exclusivamente ao seio durante esse período.
Assistência integral as doenças prevalentes
O objetivo do Programa é reduzir a morbimortalidade de crianças de zero a cinco anos
de idade. A estratégia AIDPI incorporou as ações do Programa de Assistência Integral à
Saúde da Criança (PAISC), porém introduzindo o conceito de integralidade. Propõe um novo
modelo de abordagem à saúde da criança no primeiro nível de atenção, sistematizando o
atendimento clínico e integrando ações curativas com medidas preventivas e de promoção da
saúde.
Programa de Infecções Sexualmente Transmissíveis e AIDS

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A missão do Programa Nacional de IST e AIDS (PN-DST/AIDS) é reduzir a


incidência do HIV/aids e melhorar a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS.
Para isso, foram definidas diretrizes de melhoria da qualidade dos serviços públicos
oferecidos às pessoas portadoras de aids e outras IST; de redução da transmissão vertical do
HIV e da sífilis; de aumento da cobertura do diagnóstico e do tratamento das IST e da
infecção pelo HIV; de aumento da cobertura das ações de prevenção em mulheres e
populações com maior vulnerabilidade; da redução do estigma e da discriminação; e da
melhoria da gestão e da sustentabilidade.
ESF-Estratégia Saúde da Família
A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo
assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em
unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um
número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes
atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e
agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade.
PACS-Programa de Agentes Comunitários de Saúde
Ao Programa de Saúde da Família também está associado o PACS, que cria esse ator,
o Agente Comunitário de Saúde, morador da comunidade onde trabalha e atua. Ele deve ser
instrumentalizado para desenvolver ações de educação em saúde e apoiar a comunidade na
melhoria das suas condições de vida. Desempenha papel relevante de interlocutor com a
comunidade, que pode contribuir para identificação mais cuidadosa de suas necessidades e
ainda estimular a participação da comunidade no controle de suas condições de saúde e de
qualidade de vida.
Planejamento familiar
Programa que engloba a assistência ao planejamento familiar deve incluir acesso à
informação e a todos os métodos e técnicas para a concepção e anticoncepção cientificamente
aceitos, e que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas.
Programa de saúde mental
O Programa de Saúde Mental busca reverter o atual modelo baseado na internação em
hospitais psiquiátricos por serviços que privilegiem o atendimento fora dos hospitais.
Saúde bucal

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A implantação de políticas que minimizem doenças bucais já é conhecida em todo


Brasil. Nas escolas públicas a utilização regular de flúor e demais produtos que combatam ou
evitem a formação de problemas bucais e dentários, é uma função da saúde coletiva. Palestras
que orientem pais e crianças sobre como evitar alimentos que provoquem cáries e a melhor
forma de escovar os dentes, são outras ferramentas que possuem um aspecto mais social do
que combativo, esse é o grande diferencial da saúde coletiva.
Sexualidade e métodos contraceptivos
Um importante papel da saúde coletiva é na área de sexualidade, todos os anos
o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta milhões de reais com medicamentos para os
portadores das mais diversas DST’s. A saúde coletiva trabalha em ações de conscientização
que incentivam a utilização de preservativos e os distribuem de forma gratuita, essa prática
minimiza a disseminação de diversas doenças até mesmo nas comunidades mais carentes.
Outro ponto importante relacionado à saúde coletiva é o estimulo à utilização de
métodos contraceptivos por comunidades mais carentes. O governo investe milhões todos os
anos com o assistencialismo para famílias mais carentes e mesmo assim, muitas crianças vão
dormir com fome por todo o Brasil, o planejamento familiar é a forma mais sensata de
combater esses altos índices de natalidade e consequentemente dar a chance das famílias
conseguirem sair dessa linha de miséria.
Práticas sanitárias mais saudáveis
Existem diversas práticas sanitárias básicas que são preteridas, em especial em
comunidades mais carentes, os profissionais da saúde coletiva têm como meta estimular essas
pessoas a adotarem práticas sanitárias adequadas, minimizando assim problemas causados
pela insalubridade no manuseio de alimentos, água e resíduos gerados. A conscientização é a
melhor forma de minimizar os índices de problemas de saúde relacionados à interações
socioambientais inadequadas.

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3.O MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA


O movimento da Reforma Sanitária nasceu no contexto da luta contra a ditadura, no
início da década de 1970. A expressão foi usada para se referir ao conjunto de ideias que se
tinha em relação às mudanças e transformações necessárias na área da saúde. Essas mudanças
não abarcavam apenas o sistema, mas todo o setor saúde, em busca da melhoria das condições
de vida da população.
A década de 1980 foi marcada por grave crise mundial, cujas consequências em
termos de desequilíbrios macroeconômicos, financeiros e de produtividade atingiram a
economia brasileira. Em resposta a essa crise, verificou-se intenso processo de
internacionalização dos mercados, dos sistemas produtivos e da tendência à unificação
monetária, cujo resultado foi uma perda considerável da autonomia dos Estados nacionais.
Nesse período, aproveitando-se do processo de restauração democrática, alternativas
de mudanças nesse aparato institucional foram experimentadas no nível federal, enquanto no
nível municipal demonstrava-se a viabilidade da implantação de um modelo eficiente de
sistema unificado de saúde com direção única. O processo teve como liderança intelectual e
política o autodenominado Movimento Sanitário, composto por um grupo de intelectuais,
médicos e lideranças políticas do setor, que teve um papel destacado na oposição ao regime
militar e na área da saúde (GERSCHMAN, 1995). Contou também – pelo menos nas suas
etapas iniciais – com a participação dos movimentos populares em saúde que proliferaram na
década de 1970, originados nos bairros pobres das periferias das grandes cidades, organizados
em torno da reivindicação de melhores condições de saneamento, assistência médica e
transportes.
Grupos de médicos e outros profissionais preocupados com a saúde pública
desenvolveram teses e integraram discussões políticas. Este processo teve como marco
institucional a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986. Entre os políticos que se
dedicaram a esta luta está o sanitarista Sérgio Arouca. Esse movimento, pela primeira vez,
reuniu mais de cinco mil representantes de todos os seguimentos da sociedade civil, que
discutiram um novo modelo de saúde para o Brasil, culminando com a criação do Sistema
Único de Saúde (SUS) pela Assembleia Nacional Constituinte em 1988. No início, o
movimento pela reforma sanitária não tinha uma denominação específica. Era constituído por
um conjunto de pessoas com ideias comuns para o campo da saúde. Em uma reunião na

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Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Brasília, esse “movimento”, foi


primariamente denominado “partido sanitário”.
Proposta da reforma sanitária:“Construção de uma nova política de saúde efetivamente
democrática, tomando por base a equidade, a justiça social, a descentralização,
universalização e unificação como elementos essenciais para a reforma do setor.” As
propostas da Reforma Sanitária resultaram, finalmente, na universalidade do direito à saúde,
oficializado com a Constituição Federal de 1988 e a criação do Sistema Único de Saúde
(SUS).
O SUS delineado pela Constituição de 1988 resultou da adoção de um novo paradigma
segundo o qual a saúde não mais é entendida como seguro social nem restrita a benefícios e
serviços específicos de caráter contratualista, afirmando que esses direitos são universais.
Nessa nova visão, o papel do Estado é o de garantir o exercício universal desse direito.
Apesar de todas as dificuldades para a sua implementação, o SUS tem, hoje, um impacto
societário de grande importância, como sistema de proteção social, em razão dos resultados
obtidos e da abrangência da cobertura alcançada. Programas brasileiros de controle de
doenças – entre os quais os de imunizações, de controle do tabagismo e de controle da AIDS
– são reconhecidos internacionalmente por seus resultados positivos enquanto, na área
assistencial, são realizados, por ano 2,3 bilhões de procedimentos ambulatoriais; mais de 300
milhões de consultas médicas; dois milhões de partos; onze mil transplantes; 215 mil cirurgias
cardíacas; 9 milhões de procedimentos de quimio e radioterapia; 11,3 milhões de internações
no âmbito do SUS. 87 milhões de pessoas têm sua saúde acompanhada por 27 mil equipes de
saúde da família e 110 milhões são atendidas por agentes comunitários de saúde (BRASIL,
2008).

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4.A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE


Até 1988, a saúde não era reconhecida como um direito público subjetivo, sendo
tratada, nos textos constitucionais anteriores, apenas como mais um serviço público
(SANTOS; ANDRADE, 2006). A assistência médica era entendida como um benefício
previdenciário, ao qual tinham direito apenas aqueles trabalhadores que contribuíam para a
Previdência Social. O sistema público de saúde de que dispomos hoje – o Sistema Único de
Saúde ou SUS – foi instituído pela Constituição Federal de 1988, e decorre dos seus artigos 6º
– que reconhece a saúde como direito social; 196 – que estabelece ser dever do Estado
garanti-lo, mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e
ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação
da saúde; 197 – que declara serem de relevância pública essas ações e serviços, cabendo ao
poder público dispor sobre sua regulamentação, execução e fiscalização; e 198 – que
determina a organização das ações e serviços públicos de saúde por meio de uma rede
regionalizada e hierarquizada, constituindo um sistema único, sob diretrizes de
descentralização, atendimento integral e participação da comunidade.
Esse sistema decorre de uma concepção de saúde como um direito fundamental e
universal do ser humano e que atribui ao Estado o dever de prover as condições necessárias ao
seu pleno exercício. Corresponde a uma visão de mundo que privilegia valores de cidadania e
de solidariedade, em contraposição a concepções que valorizam o individualismo e o privado.
Resultou de um movimento em prol de uma ampla reforma sanitária, iniciado no final da
década de 1970, no âmbito do processo de redemocratização do País, que objetivava reverter
o quadro de inadequação e perversidade do sistema de saúde vigente, constituído ao longo de
quase um século e consolidado no período da ditadura militar.
Inadequado porque não dava conta de atender, por meio de um modelo
hospitalocêntrico e privatista, à crescente e diversificada demanda decorrente do agravamento
do quadro nosológico que emergia do processo de desenvolvimento nacional. Perverso por
deixar a sua margem um número enorme de excluídos.
4.1.As origens do nosso sistema de saúde
A história do desenvolvimento de um modelo de saúde no Brasil, foi construído
pautado na filantropia, de forma mais marcante, a caridade (filantropia religiosa) - sendo que
ainda se encontrava a figura do pajé e do boticário. As principais ações eram feitas pela
fiscalização da higiene pública, ainda que não tão amplamente realizada, e também pelo

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afastamento dos doentes do resto da população. Consistia em um tratamento mais focado em


ações sobre o corpo e não sobre o ambiente. Com a chegada da família real, iniciou-se a
fundação de universidades de medicina no Brasil e melhora da situação sanitária, sobretudo
nos portos, porém longe do ideal. Frisa-se que a transferência da família real para o Brasil, em
1808, ocorreu em um período em que o mundo científico evoluía, inclusive a medicina.
É importante descrever que, ao chegarem ao Rio de Janeiro, encontraram uma cidade
bastante pobre em matéria de saneamento básico: "O Rio de Janeiro, até a chegada da família
real em 1808, era uma cidade insalubre, pantanosa, com águas estagnadas e com poucas ruas,
crescendo desordenadamente. Existia dificuldade de abastecimento de água, não havia
saneamento, a falta de higiene era total, não havia esclarecimento, uma vez que a população
era praticamente toda analfabeta."
"A população estava à sorte de adquirir diarréias, disenterias, verminoses, sarnas,
bichos de pé, bernes, piolhos sem contar com as doenças epidêmicas e contagiosas, como
peste, varíola, malária e febre amarela. A transferência da Corte portuguesa para o Brasil fez
com que as elites estabelecidas no Rio de Janeiro elaborassem paulatinamente um projeto de
“civilização” para os trópicos."
Com o aumento do interesse pelas doenças que até então eram renegadas, devido a
epidemias de varíola e febre amarela (doenças tropicais), o Brasil começou a juntar esforços
no combate de tais agravos, pois representavam também perdas econômicas para o
país. Tratava-se também de uma forma de "esconder" a realidade que cercava a capital
federal.
Durante o período colonial, o País conviveu por mais de três séculos com precários
serviços de saúde e uma quase absoluta ausência de atuação do Estado nesse campo. Nossas
primeiras instituições de saúde foram criadas com a chegada da Corte Portuguesa no Rio de
Janeiro, no início do século XIX. No campo da assistência médica, uma divisão de
responsabilidades se estabeleceu no fim do Império e na Primeira República, com o
desenvolvimento de um conjunto de serviços privados, filantrópicos e mutualistas: enquanto o
Estado especializava-se na atenção a segmentos populacionais marginalizados ou que
pudessem ameaçar a saúde pública – os loucos e os portadores de doenças infecto-contagiosas
–, as santas casas assumiam o cuidado dos pobres, as comunidades de imigrantes e os
sindicatos organizavam suas beneficências, e a medicina liberal ocupava-se daqueles que
podiam pagar.

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Nas décadas de 1920 e 1930, em resposta a um longo processo de luta dos


trabalhadores por melhores condições de vida e de trabalho, passou a se constituir um sistema
previdenciário, caracterizado, inicialmente, pela criação, pelas empresas, das caixas de
aposentadoria e pensão para seus empregados, e que incluíam as assistências médica e
farmacêutica entre os benefícios oferecidos (Os quatro direitos/benefícios que teriam os
contribuintes dessas caixas eram: em primeiro lugar, os “socorros médicos em caso de doença
em sua pessoa ou pessoa de sua família”; em segundo, os “medicamentos obtidos por preço
especial determinado pelo Conselho de Administração” e, por fim, a “aposentadoria” e a
“pensão para seus herdeiros em caso de morte”. (Art. 9º do Decreto nº 4.682, de 24 de janeiro
de 1923, que cria, em cada uma das empresas de estradas de ferro existentes no País, uma
caixa de aposentadoria e pensões para os respectivos empregados, – conhecido como Lei Elói
Chaves) . No entanto, dada a insuficiência de recursos para a instalação e manutenção de
redes próprias de serviços de saúde, as caixas passaram, desde cedo, a comprar serviços da
iniciativa privada, estimulando o desenvolvimento de um setor empresarial médico.
A partir de 1930, no bojo do processo de centralização política e administrativa do
primeiro Governo Vargas e do Estado Novo, as caixas foram unificadas e absorvidas pelos
institutos de aposentadoria e pensão (IAP) então criados, sob a forma de organizações
públicas autárquicas de abrangência nacional, de cuja administração o Estado passou a
participar diretamente.
A área de saúde coletiva se desenvolveu, com a criação de novos organismos estatais
de gestão da política e de novos serviços e com a sua profissionalização, ao mesmo tempo em
que se reconfiguraram as relações entre as três esferas de governo, adotando-se uma política
de saúde centralizadora, definida – e, em grande parte, executada – pelo governo federal. O
período caracterizou-se por uma forte expansão dos serviços públicos de saúde em todas as
regiões do País, com poder de ampliar a influência da União, por meio do MESP, nas
unidades federadas. A criação de um Ministério da Saúde, no entanto, só veio a acontecer em
1953, já no segundo governo Vargas, e, no ano seguinte, uma lei federal estabeleceu “normas
gerais sobre defesa e proteção da saúde”. A nova política de saúde que se implementou
passou a ter a orientação do movimento que ficou conhecido como “sanitarismo
desenvolvimentista”, nascido no contexto da luta pela democratização do País durante o
Estado Novo.

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O golpe de 1964 criou as condições para a execução de uma política setorial de caráter
centralizador e privatizante, cujo primeiro passo consistiu na unificação da previdência: em
1966, os IAP foram unificados no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) como
órgão gestor da Previdência Social. Aprofundou-se, a partir de então, o perfil assistencialista
da Previdência Social, com prioridade para a assistência médica sobre os benefícios
pecuniários (aposentadorias, pensões, auxílios).

5.CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ARTIGOS 196 A 200)


Seção II DA SAÚDE
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder
Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo
sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou
jurídica de direito privado.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.
§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos
do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente,
em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de
percentuais calculados sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
I - no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3º;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

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II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se
refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II,
deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a
que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e §
3º.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos,
estabelecerá: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
I - os percentuais de que trata o § 2º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios,
objetivando a progressiva redução das disparidades regionais; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas
federal, estadual, distrital e municipal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do Sistema
Único de Saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio,
tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às
instituições privadas com fins lucrativos.
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros
na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de
órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem
como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo
tipo de comercialização.
Art. 200. Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos termos
da lei:

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I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e


participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e
outros insumos;
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do
trabalhador;
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem
como bebidas e águas para consumo humano;
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de
substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

6.SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE


O Sistema Úniico de Saúde (SUS) é a denominação do sistema público de saúde
no Brasil inspirado no National Health Service Britânico. Foi criado pela Lei Orgânica da
Saúde nº 8.080/90 com o objetivo de alterar a circunstância de disparidade na assistência à
Saúde da população, tornando obrigatório a assistência de saúde, sem ônus a qualquer
cidadão, não sendo permitido qualquer cobrança de dinheiro sob qualquer pretexto. Assim, o
SUS não é um serviço ou uma instituição, mas um Sistema que significa um conjunto de
unidades, de serviços e ações que interagem para um fim comum. Esses elementos integrantes
do sistema referem-se ao mesmo tempo, às atividades de promoção, proteção e recuperação
da saúde.
Considerado um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, segundo
informações do Conselho Nacional de Saúde é descrito pelo Ministério da Saúde como "um
sistema ímpar no mundo, que garante acesso integral, universal e igualitário à população
brasileira, do simples atendimento ambulatorial aos transplantes de órgãos". Foi instituído
pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196, como forma de efetivar o mandamento
constitucional do direito à saúde como um “direito de todos” e “dever do Estado” e está
regulado pela Lei nº. 8.080/1990, a qual operacionaliza o atendimento público da saúde.

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Com o advento do SUS, toda a população brasileira passou a ter direito à


saúde universal e gratuita, financiada com recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, conforme rege o artigo 195 da
Constituição.
Fazem parte do Sistema Único de Saúde, os centros e postos de saúde, os hospitais
públicos - incluindo os universitários, os laboratórios e hemocentros (bancos de sangue), os
serviços de Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Vigilância Ambiental, além de
fundações e institutos de pesquisa acadêmica e científica, como a FIOCRUZ - Fundação
Oswaldo Cruz - e o Instituto Vital Brazil.
Os Benefícios para o cidadão por meio do Sistema Único de Saúde é que todos os
cidadãos têm direito a consultas, exames, internações e tratamentos.
O Financiamento do SUS é feito através de recursos arrecadados através de impostos e
contribuições sociais pagos pela população em geral e compõem os recursos do governo
federal, estadual e municipal.
O SUS deve ser entendido como um processo em marcha de produção social da saúde,
que não se iniciou em 1988, com a sua inclusão na Constituição Federal, nem tampouco tem
um momento definido para ser concluído. Ao contrário, resulta de propostas defendidas ao
longo de muitos anos pelo conjunto da sociedade e por muitos anos ainda estará sujeito a
aprimoramentos. Segundo a legislação brasileira, a saúde é um direito fundamental do ser
humano, cabendo ao poder público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) garantir
este direito, através de políticas sociais e econômicas que visem à redução dos riscos de se
adoecer e morrer, bem como o acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção,
proteção e recuperação da saúde.
6.1.Princípios doutrinários
Universalidade
É a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão. Com a
universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços públicos de saúde,
assim como aqueles contratados pelo poder público. Saúde é direito de cidadania e dever do
governo: municipal, estadual e federal, seja através dos serviços privados conveniados ou
contratados com o poder público.
Equidade

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É assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo com a complexidade que


cada caso requeira, more o cidadão onde morar, sem privilégios e sem barreiras. Todo cidadão
é igual perante ao SUS e será atendido conforme suas necessidades, até o limite do que o
Sistema pode oferecer para todos.
O acesso igualitário (princípio da equidade) não significa que o SUS deva tratar a
todos de forma igual, mas sim respeitar os direitos de cada um, segundo as suas diferenças,
apoiando-se mais na convicção íntima da justiça natural do que na letra da lei.
Integralidade
Cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade. O homem é um
ser integral, bio-psico-social e deverá ser atendido com essa visão integral por um sistema de
saúde também integral, voltando a promover, proteger e recuperar sua saúde.
É o reconhecimento na prática dos serviços de que: cada pessoa é um todo indivisível
e integrante de uma comunidade; as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde
formam também um todo indivisível e prestar assistência integral.
6.2.Princípios que regem a organização do SUS
Regionalização
A população deve estar vinculada a uma rede de serviços hierarquizados, organizados
por região com área geográfica definida. A oferta de serviços deve ser planejada de acordo
com os critérios epidemiológicos.
Hierarquização
Os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade crescente. Além de
dividir os serviços em níveis de atenção, deve incorporar os fluxos de encaminhamento
(referência) e de retornos de informações ao nível básico de serviço (contrarreferência).
O acesso da população à rede deve se dar através dos serviços de nível primário de
atenção que devem estar qualificados para atender e resolver os principais problemas que
demandam os serviços de saúde. Os demais, deverão ser referenciados para os serviços de
maior complexidade tecnológica. A rede de serviços, organizada de forma hierarquizada e
regionalizada, permite um conhecimento maior dos problemas de saúde da população da área
delimitada, favorecendo ações de vigilância epidemiológica, sanitária, controle de vetores,
educação em saúde, além das ações de atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de
complexidade.
Descentralização

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É a redistribuição das responsabilidades entre os vários níveis de governo. A partir da


ideia de que quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto.
Assim, o que é de abrangência de um município, deve ser de responsabilidade do governo
municipal, o que abrange um Estado do governo Estadual e abrangência Nacional será de
responsabilidade federal.
Participação dos cidadãos
É a garantia constitucional de que a população, através de suas entidades
representativas, participará do processo de formulação das políticas de saúde e do controle da
sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. Esta participação deve se dar
nos Conselhos de Saúde, com representação paritária de usuários, governo, profissionais de
saúde e prestadores de saúde. Outra forma de participação são as Conferências de Saúde,
periódicas, para definir prioridades e linhas de ação sobre a saúde.
Resolubilidade (resolutividade)
É a exigência de que, quando o indivíduo busca atendimento ou quando surge um
problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para
enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível de sua competência.
Complementariedade do setor privado
A Constituição definiu que, quando por insuficiência do setor público, for necessário a
contratação de serviços privados, isso deve se dar sob três condições:
1ª - a celebração de contrato, conforme as normas de direito público, ou seja, interesse público
prevalecendo sobre o particular;
2ª - a instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas
do SUS. Prevalecem, assim, os princípios da universalidade, equidade, etc., como se o serviço
privado fosse público, uma vez que, quando contratado, atua em nome deste;
3ª - a integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica organizativa do SUS,
em termos de posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços. Dessa
forma, em cada região, deverá estar claramente estabelecido, considerando-se os serviços
públicos e privados contratados, quem vai fazer o que, em que nível e em que lugar.
Fundamentos jurídicos e normativos do Sus
Constituição Federal 1988
Lei Orgânica da Saúde – Lei 8.080/90
Lei 8.142/90

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Emenda Constitucional 29/2000


Pacto pela Saúde 2006
Lei 141/2012
SUS (Uma construção compartilhada) Instâncias de controle social e gestão do SUS:
• Conselhos de Saúde
• Conselhos Gestores de Serviços
Instâncias colegiadas de pactuação
• CIB – Comissão Intergestores Bipartite
• CIT – Comissão Intergestores Tripartite
SUS (Problemas):
Recursos financeiros insuficientes e fracionados
Pouca participação dos Estados no financiamento
Desvios de recursos/ineficiência de gestão
Deficiência de recursos humanos
Precarização das relações de trabalho
Resolutividade insuficiente
Limitações no acesso aos serviços

7.ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA


É o ramo da enfermagem que está direcionado a saberes e práticas aplicados em prol
da coletividade. A expressão saúde coletiva é uma invenção tipicamente brasileira que surgiu
em fins da década de 1970, na perspectiva de constituir uma nova articulação entre as
diferentes instituições do campo da saúde.
Definição atual: Compreende um conjunto complexo de saberes e práticas
relacionados ao campo da saúde, envolvendo desde organizações que prestam assistência à
saúde da população até instituições de ensino e pesquisa e organizações da sociedade civil.
Compreende práticas técnicas, científicas, culturais, ideológicas, políticas e econômicas
(Carvalho, 2002).

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8.HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA


História natural da doença é a denominação dada ao conjunto de processos interativos
que engloba as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o
processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que designam o estímulo
patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem
ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte.
8.1. Período de pré-patogênese
É o primeiro período da história natural, sendo a própria evolução das inter-relações
dinâmicas, que envolvem, de um lado, os condicionantes sociais e ambientais e, do outro, os
fatores próprios do suscetível, até que se chegue a uma configuração favorável à instalação da
doença. Estimulam o desenvolvimento da enfermidade e as condições sócio-econômico-
culturais que permitem a existência desses fatores.
8.2. Período de patogênese
A história natural da doença tem seguimento com a sua fundação e evolução no
homem. É o período da patogênese. Este período se inicia com as primeiras ações que os
agentes patogênicos desempenham sobre o ser afetado. Seguem-se as reações bioquímicas em
nível celular, prosseguindo com as perturbações na forma e na função, evoluindo para defeitos
permanentes, cronicidade, morte ou cura.

9.DOENÇAS INFECCIOSAS
A doença infecciosa ou doença transmissível é qualquer patologia causada por um
agente biológico por exemplo: vírus, bactéria, parasita, em contraste com causa física (por
exemplo: queimadura, intoxicação, etc.).
9.1-Sarampo
É uma doença exantemática, sendo um dos cinco exantemas da infância clássicos, com
a varicela rubéola, eritema infeccioso e roséola. É altamente infeccioso e transmitido por
secreções respiratórias como espirro e tosse
Sintomas: As manifestações iniciais são febre alta, tosse rouca e persistente, coriza,
conjuntivite e fotofobia (hipersensibilidade à luz). Surgem manchas brancas na mucosa da
boca, manchas maculopapulares avermelhadas na pele, inicialmente no rosto e progredindo

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em direção aos pés, durando pelo menos três dias, e desaparecendo na mesma ordem de
aparecimento.
Diagnóstico e tratamento: O diagnóstico é clínico devido às caracteristicas muito
típicas, especialmente as manchas de Koplik (manchas brancas na mucosa da boca e parte
interna da bochecha). Pode ser feita detecção de antígenos em amostra de soro.
A prevenção é por vacina Tríplice viral, feita com cepa de vírus vivo atenuado. O
tratamento é sintomático.
9.2-Rubélola
A Rubéola ou Rubela é uma doença causada pelo vírus da rubéola e transmitida por
via respiratória. É uma doença geralmente benigna, mas que pode causar malformações no
embrião em infecções de mulheres grávidas.
Epidemiologia: A rubéola é um dos cinco exantemas (com marcas vermelhas na
derme) da infância. Os outros são o sarampo, a varicela, o eritema infeccioso e a roséola.
Progressão e sintomas: A transmissão é por contato direto, secreções ou pelo ar. O
vírus multiplica-se na faringe e nos órgãos linfáticos e depois dissemina-se pelo sangue para a
pele. A infecção, geralmente, tem evolução benigna e em metade dos casos não produz
qualquer manifestação clínica. As manifestações mais comuns são febre baixa (até 38ºC),
aumento dos gânglios linfáticos no pescoço, hipertrofia ganglionar retro-ocular e suboccipital,
manchas (máculas) cor-de-rosa (exantemas) cutâneas, inicialmente no rosto e que evoluem
rapidamente em direção aos pés e em geral desaparecem em menos de 5 dias. Outros sintomas
são a vermelhidão (inflamação) dos olhos (sem perigo), dor muscular das articulações, de
cabeça e dos testículos, pele seca e congestão nasal com espirros.
Atenção: O vírus da rubéola só é verdadeiramente perigoso quando a infecção ocorre
durante a gravidez, com colonização de vírus na placenta e infecção do embrião, notadamente
durante os primeiros três meses de gestação. Nestes casos a rubéola pode causar aborto, morte
fetal, parto prematuro e malformações congênitas (cataratas, glaucoma, surdez, cardiopatia
congênita, microcefalia com retardo mental ou espinha bífida). A infecção nos primeiros três
meses da gravidez pelo vírus da rubéola é suficiente para a indicação de aborto voluntário da
gravidez.
Diagnóstico: O diagnóstico clínico é complexo por semelhança dos sintomas com os
dos outros exantemas. É mais frequentemente sorológico, com detecção de anticorpos

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específicos para o vírus, ou por ELISA (teste imunoenzimático que permite a detecção de
anticorpos específicos no soro).
Tratamento:
• Não existe tratamento antiviral especifico
• Normalmente é sintomático (analgésicos como o paracetamol)
Vacina: A vacina utilizada na idade de 12 meses é a Tríplice viral , e mais tarde em
mulheres em idade fértil não grávidas Dupla Viral. A vacina é composta por vírus vivos
atenuados, cultivados em células de rim de coelho ou em células diplóides humanas. Pode ser
produzida na forma monovalente, associada com sarampo (dupla viral) ou com sarampo e
caxumba (tríplice viral). A vacina se apresenta de forma liofilizada, devendo ser reconstituída
para o uso. Após sua reconstituição, deve ser conservada à temperatura positiva de 2º a 8º C,
nos níveis local e regional. No nível central, a temperatura recomendada é de menos 20º C.
Deve ser mantida protegida da luz, para não perder atividade. A vacina é utilizada em dose
única de 0,5 mL via subcutânea.
9.3-Hepatites
Hepatite é toda e qualquer inflamação do fígado e que pode resultar desde uma
simples alteração laboratorial (portador crônico que descobre por acaso a sorologia positiva),
até doença fulminante e fatal (mais frequente nas formas agudas). Existem várias causas de
hepatite, sendo as mais conhecidas as causadas por vírus das hepatite A, B, C, D, E, F, G,
citomegalovírus, etc). Outras causas: drogas (álcool, antiinflamatórios, anticonvulsivantes,
sulfas, derivados imidazólicos, hormônios tireoidianos, anticoncepcionais, etc), distúrbios
metabólicos (doença de Wilson, politransfundidos, hemossiderose, hemocromatose, etc),
transinfecciosa, pós-choque. Em comum, todas as hepatites têm algum grau de destruição das
células hepáticas.
Sintomatologia: A grande maioria das hepatites agudas são assintomáticas ou leva a
sintomas incaracterísticos como febre, mal estar, desânimo e dores musculares. Hepatites
mais severas podem levar a sintomas mais específicos, sendo o sinal mais chamativo a
icterícia, conhecida popularmente no Brasil por “trisa” ou "amarelão" e que caracteriza-se
pela coloração amarelo-dourada da pele e conjuntivas. Associado pode ocorrer urina cor de
coca-cola (colúria) e fezes claras, tipo massa de vidraceiro (acolia fecal). Hepatites mais
graves podem cursar com insuficiência hepática e culminar com a encefalopatia hepática e

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óbito. Hepatites crônicas (com duração superior a 6 meses), geralmente são assintomáticas e
podem progredir para cirrose.
Tipos de Hepatites:
Hepatite A: É uma hepatite infecciosa aguda causada pelo vírus da hepatite A, que
pode cursar de forma subclínica.
Transmissão: é do tipo fecal oral, ou seja, ocorre contaminação direta de pessoa para
pessoa ou através do contato com alimentos e água contaminados, e os sintomas iniciam em
média 30 dias após o contágio. É mais comum onde não há ou é precário o saneamento
básico. A falta de higiene ajuda na disseminação do vírus. O uso na alimentação de moluscos
e ostras de águas contaminadas com esgotos e fezes humanas contribui para a expansão da
doença. Uma vez infectada a pessoa desenvolve imunidade permanente. A transmissão
através de agulhas ou sangue é rara.
A prevenção através da vacina contra hepatite A é a melhor forma de prevenção.
Os sintomas são de início súbito, com febre baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite,
sensação de desconforto no abdômen, náuseas e vômitos. Pode ocorrer diarreia. A icterícia é
mais comum no adulto (60%) do que na criança (25%). A icterícia desaparece em torno de
duas a quatro semanas. É considerada uma hepatite branda, pois não há relatos de
cronificação e a mortalidade é baixa. Não existe tratamento específico. O paciente deve
receber sintomáticos e tomar medidas de higiene para prevenir a transmissão para outras
pessoas. Pode ser prevenida pela higiene e melhorias das condições sanitárias, bem como pela
vacinação. É conhecida como a hepatite do viajante.
Hepatite B
A transmissão é através de sangue, agulhas e materiais cortantes contaminados, bem
como através da relação sexual. É considerada também uma doença sexualmente
transmissível. Pode ser adquirida através de tatuagens, piercings, no dentista e até em sessões
de depilação. Os sintomas são semelhantes aos das outras hepatites virais, mas a hepatite B
pode cronificar e provocar a cirrose hepática.
A prevenção é feita utilizando preservativos nas relações sexuais e não utilizando
materiais cortantes ou agulhas que não estejam devidamente esterilizadas. Recomenda-se o
uso de descartáveis de uso único. Quanto mais cedo se adquire o vírus, maiores as chances de
ter uma cirrose hepática. Existe vacina para hepatite B, que é dada em três doses
intramusculares e deve ser repetida a cada 10 anos.

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Hepatite C
A Transmissão desse tipo de Hepatite pode ser através de transfusão sanguínea,
tatuagens, uso de drogas, piercings, no dentista e em manicure, é de grande preocupação para
a Saúde Pública.
Sintomatologia: A grande maioria dos pacientes é assintomática no período agudo da
doença, mas podem ser semelhantes aos das outras hepatites virais. A hepatite C é perigosa
porque pode cronificar e provocar a cirrose hepática e hepatocarcinoma (neoplasia maligna do
fígado).
A Prevenção é feita evitando-se o uso de materiais cortantes ou agulhas que não
estejam devidamente esterilizadas. Recomenda-se o uso de descartáveis de uso único, bem
como material próprio em manicures. A esterilização destes materiais é possível, porém não
há controle e as pessoas que ‘dizem’ que esterilizam não têm o preparo necessário para fazer
uma esterilização eficaz. Não existe vacina para a hepatite C, essa doença é considerada pela
Organização Mundial da Saúde como um grande problema de saúde pública, é a maior causa
de transplante hepático.
Hepatite D
A Transmissão se dá por RNA-vírus (tão pequeno que é incapaz de produzir seu
próprio envelope protéico e de infectar uma pessoa), só tem importância quando associada à
hepatite B, pois a potencializa. Isoladamente parece não causar infecção. Geralmente
encontrado em pacientes portadores do vírus HIV e está mais relacionado à cronificação da
hepatite e também à hepatocarcinoma.
Hepatite E
É uma hepatite infecciosa aguda causada pelo vírus da hepatite E, que pode cursar de
forma subclínica. Sua transmissão é do tipo fecal oral, através do contato com alimentos e
água contaminados, e os sintoma iniciam em média 30 dias após o contágio. É mais comum
após enchentes Não existe vacina para hepatite E. Os sintomas são de início súbito, com febre
baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite, sensação de desconforto no abdome, náuseas e
vômitos. Pode ocorrer diarréia. É considerada uma hepatite branda, apesar de risco aumentado
para mulheres grávidas, principalmente no terceiro trimestre gestacional, que podem evoluir
com hepatite fulminante.

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Tratamento : Não existe tratamento específico. O paciente deve receber medicamentos


sintomáticos e repousar. Pode ser prevenida através de medidas de higiene, devendo ser
evitado comprar alimentos e bebidas de origem duvidosa.
Hepatite F
É DNA-vírus, transmitido a macacos Rhesus sp. em laboratório experimentalmente,
através de extratos de fezes de macacos infectados. Ainda não há relatos de casos em
humanos.
Hepatite G
A hepatite G foi a hepatite descoberta mais recentemente (em 1995) e é provocada
pelo vírus VHG (vírus mutante do vírus da hepatite C) que se estima ser responsável por 0,3
por cento de todas as hepatites víricas. Desconhecem-se, ainda, todas as formas de contágio
possíveis, mas sabe-se que a doença é transmitida, sobretudo, pelo contato sanguíneo
(transmissão parenteral). Pode evoluir para infecção persistente com prevalência de 2% entre
doadores de sangues. Não foi ainda possível determinar com exatidão – dado que a descoberta
da doença e do vírus que a provoca foram recentes –, as consequências da infecção com o
vírus da hepatite G. A infecção aguda é geralmente «suave» e transitória e existem relatos
duvidosos de casos de hepatite fulminante (os especialistas ainda não chegaram a uma
conclusão definitiva sobre as causas destas hepatites fulminantes).
9.4-Poliomielite
O poliovírus é um enterovírus, com genoma de RNA simples. O vírus não tem
envelope bilipídico, é recoberto apenas pelo cápsideo e é extremamente resistente às
condições externas.
Epidemiologia: É mais comum em crianças ("paralisia infantil"), mas também ocorre
em adultos, como a transmissão do poliovírus "selvagem" pode se dar de pessoa a pessoa
através de contato fecal - oral, o que é crítico em situações onde as condições sanitárias e de
higiene são inadequadas. Crianças de baixa idade, ainda sem hábitos de higiene
desenvolvidos, estão particularmente sob risco.
Transmissão: O poliovírus também pode ser disseminado por contaminação fecal de
água e alimentos. Todos os doentes, assintomáticos ou sintomáticos, expulsam grande
quantidade de vírus infecciosos nas fezes, até cerca de três semanas depois da infecção do
indivíduo. Os seres humanos são os únicos atingidos e os únicos reservatórios, daí a
vacinação universal poder erradicar essa doença completamente.

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Progressão e Sintomas: O período entre a infecção com o poliovírus e o início dos


sintomas (incubação) varia de 3 a 35 dias. A descrição seguinte refere-se à poliomielite maior,
paralítica, mas esta corresponde a uma minoria dos casos. Na maioria o sistema imunitário
destrói o vírus em alguma fase antes da paralisia.
Sintomas: Podem ser semelhantes às infecções respiratórias (febre e dor de garganta,
gripe) ou gastrointestinais (náuseas, vômitos, dor abdominal). Em seguida dissemina-se pela
corrente sanguínea e vai infectar por essa via os órgãos. Os mais atingidos são o sistema
nervoso incluindo cérebro, e o coração e o fígado. A multiplicação nas células do sistema
nervoso (encefalite) pode ocasionar a destruição de neurônios motores, o que resulta em
paralisia flácida dos músculos por eles inervados.
Diagnóstico: é por detecção do seu DNA com PCR ou isolamento e observação com
microscópio electrônico do vírus de fluídos corporais.
Tratamento: a poliomielite não tem tratamento específico. No passado preservava-se a
vida dos doentes com poliomielite bulbar e paralisia do diafragma e outros músculos
respiratórios com o auxílio de máquinas que criavam as pressões positivas e negativas
necessárias à respiração por eles (respiração artificial ou pulmão de ferro). Antes dos
programas de vacinação, os hospitais pediátricos de todo o mundo estavam cheios de crianças
perfeitamente lúcidas condenadas à prisão do seu "pulmão de ferro".
Prevenção: Vacinação com vacina Sabin a criança. A única medida eficaz é a
vacinação. Há dois tipos de vacina: a Salk e a Sabin. A Salk consiste nos três sorotipos do
vírus inativos com formalina ("mortos"), e foi introduzida em 1954 por Jonas Salk. Tem a
vantagem de ser estável, mas é cara e tem de ser injetada três vezes, sendo a proteção menor.
9.5-Varicela (catapora)
É uma patologia infecciosa aguda, com grande transmissibilidade, causada pelo vírus
varicela-zóster. A patologia é mais comum em crianças entre um e dez anos, porém pode
ocorrer em pessoas susceptíveis (não imunes) de qualquer faixa etária. Esta patologia em
crianças pode evolui sem consequências mais sérias.
Transmissão: O ser humano é o único hospedeiro natural do vírus varicela-zóster. A
infecção, em geral, ocorre através da mucosa do trato respiratório superior (porta de entrada).
A transmissão do vírus acontece, principalmente, pela secreção respiratória (gotículas de
saliva, espirro, tosse) de um indivíduo infectado ou pelo contato direto com o líquido das
vesículas. É possível a transmissão da varicela através da placenta.

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Medidas de proteção: A doença pode ser evitada através da utilização da vacina contra
a varicela.
Sintomatologia: Em crianças, em geral, as manifestações iniciais da varicela são as
lesões de pele. É comum em adultos ocorrer febre e prostração, um a dois dias antes do
aparecimento das lesões cutâneas. As lesões de pele surgem como pequenas máculopápulas
("pequenas manchas vermelhas elevadas"), que em algumas horas tornam-se vesículas
("pequenas bolhas com conteúdo líquido claro"), das quais algumas se rompem e outras
evoluem para formação de pústulas ("bolhas com pus") e posteriormente (em 1 a 3 dias)
formam-se crostas, resultando em cerca de 200 a 500 lesões, que causam intenso prurido
("coceira"). As primeiras lesões comumente aparecem na cabeça ou pescoço, mas a medida
que estas evoluem, rapidamente vão surgindo novas lesões em tronco e membros e também
em mucosas (oral, genital, respiratória e conjuntival), sendo frequente que os diferentes
estágios evolutivos (pápulas, vesículas, pústulas e crostas) estejam presentes
simultaneamente. A evolução para a cura, comumente, ocorre em até uma semana, embora
lesões crostosas residuais possam persistir por 2 a 3 semanas e algumas pequenas cicatrizes
permaneçam indefinidamente.
Tratamento: Todas as pessoas que apresentam manifestações clínicas compatíveis com
varicela devem ser avaliadas por médico tão logo possível. Os antitérmicos (paracetamol,
dipirona), caso sejam necessários, podem ser utilizados para controlar a febre. Os
medicamentos que contenham em sua formulação o ácido acetil-salicílico (AAS®, Aspirina®,
Doril®, Melhoral® etc) não devem ser usados em crianças com Varicela, pela possibilidade
de Síndrome de Reye (doença rara, de alta letalidade, caracterizada pelo comprometimento do
sistema nervoso central e do fígado associado ao uso deste medicamento durante infecções
virais em crianças). O uso do ácido acetil-salicílico, por provocar alterações na função das
plaquetas, pode ainda aumentar o risco de episódios de sangramento em pessoas de qualquer
idade. O prurido pode ser atenuado com banhos ou compressas frias e com a aplicação de
soluções líquidas contendo cânfora ou mentol ou óxido de zinco. Quando muito intenso, pode
ser necessário utilizar medicamentos (como a dexclorfeniramina ou a cetirizina), ajustando-se
a dose pelo peso do doente, para evitar sonolência excessiva. Para reduzir o risco de infecção
bacteriana na pele, principalmente em crianças, as unhas devem ser cortadas para evitar
traumatismo durante o ato de coçar. A higiene corporal deve ser observada, bastando para isto
a limpeza com água e sabão. Não existe comprovação científica de benefício do uso de

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substâncias como o permanganato de potássio e soluções iodadas para a higiene das lesões de
pele. Esta prática, pode ainda resultar em danos, incluindo queimaduras e reações alérgicas.
Quando ocorrerem, as complicações bacterianas (infecção secundária da pele, pneumonia e
sepse) devem ser tratadas com antibióticos adequados, receitados pelo médico.
9.6-Febre amarela
A febre amarela é uma doença infecciosa causada por um flavivírus (o vírus da febre
amarela, para a qual está disponível uma vacina altamente eficaz. A doença é transmitida por
mosquitos e ocorre exclusivamente na América Central, na América do Sul e na África. No
Brasil, a febre amarela é geralmente adquirida quando uma pessoa não vacinada entra em
áreas de transmissão silvestre (regiões de cerrado, florestas).
Transmissão: A transmissão pode ocorrer em áreas urbanas, silvestres e rurais
("intermediária", em fronteiras de desevolvimento agrícola). As manifestações da febre
amarela não dependem do local onde ocorre a transmissão. O vírus e a evolução clínica são
idênticos. A diferença está apenas nos transmissores e no local geográfico de aquisição da
infecção.
Medidas de proteção individual: Vacinação contra a febre amarela.
Manifestações: A maioria das pessoas infectadas com o vírus da febre amarela
apresentam sintomas discretos ou não apresenta manifestações da doença. Os sintomas da
febre amarela, em geral aparecem entre 3 e 6 dias (período de incubação) após a picada de um
mosquito infectado. As manifestações iniciais são febre de início súbito, sensação de mal
estar, dor de cabeça, dor muscular, cansaço e calafrios. Em algumas horas podem surgir
náuseas, vômitos e, eventualmente, diarréia. Após três ou quatro dias, a maioria dos doentes
(85%) recupera-se completamente e fica permanentemente imunizado contra a doença.
Tratamento: não tem tratamento específico. As pessoas com suspeita desta, devem ser
internadas para investigação diagnóstica e tratamento de suporte, que é feito basicamente com
hidratação e antitérmicos. Não deve ser utilizado remédio para dor ou febre, acetil-salicílico
(AAS®, Aspirina®, Melhoral® etc.), que pode aumentar o risco de sangramentos. Pelo
menos durante os cinco primeiros dias de doença é imprescindível que estejam protegidas
com mosquiteiros, uma vez que durante esse período podem ser fontes de infecção para o
Aëdes aegypti. As formas graves da doença necessitam de tratamento intensivo e medidas
terapêuticas adicionais como diálise peritonial e, eventualmente, transfusões de sangue.
9.7-Coqueluche

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É uma doença extremamente contagiosa provocada pelas bactérias Bordetella pertussis


e Bordetella parapertussis que ao entrar no organismo permanece incubada até 14 dias. Se
desenvolvem no nariz, boca e garganta e após tal período de incubação invade o aparelho
respiratório liberando nele suas toxinas produzidas que fazem com que haja superprodução do
muco, impede a fagocitose e desregula a ação das células que fazem a fagocitose
(macrófagos). É transmitida duas semanas antes até três semanas depois do início da tosse
após uma pessoa doente espirrar, falar ou tossir. Também pode se contrair a doença quando
compartilha-se lençóis, copos e outros objetos pessoais. Se manifesta em três fases: catarral
que dura até 14 dias, paroxística que dura até 6 semanas e fase de convalescença que
permanece por até 3 semanas.
Sintomas: Inflamação dos brônquios, febre baixa, tosse seca, coriza, espirros, vômito,
sudorese, expectoração e posteriormente com a agravação da doença manifesta perda de
consciência, convulsão, pneumonia, encefalite, lesões cerebrais, óbito.
Tratamento: O tratamento utiliza antibióticos para combater as bactérias, onde
normalmente utiliza-se a eritromicina já que é eficaz e pouco tóxica. Neste caso, o emprego
de imunoglobulina humana ainda não é comprovadamente eficaz. É importante descansar
muito, ingerir bastante líquidos, utilizar oxigênio e sedativos leves para controlar crises de
tosse.
Prevenção: A doença pode ser prevenida através da vacina tríplice que é administrada
na criança com dois meses de vida com reforços subsequentes. Se uma pessoa sã for exposta a
um doente deve procurar auxílio médico para que este prescreva antibióticos para prevenir a
doença.
9.8-Esquitossomose ou bilharziose
É a doença provocada por um parasita, o esquistossomo (gênero Schistosoma). São
três as espécies que atacam o homem: S. haematobium, agente da esquistossomose vesical; S.
mansoni, responsável pela esquistossomose intestinal; e S. japonicum, encontrada no Extremo
Oriente e responsável por uma esquistossomose arteriovenosa, a mais grave delas. Várias
outras espécies desse gênero parasitam outros mamíferos e mesmo o homem.
Sintomas: 4 a 8 semanas após a contaminação começam a aparecer sintomas como,
febre, dor de cabeça, náuseas, calafrios, dores abdominais, inapetência, vômitos e tosse seca.
Dependendo da quantidade de vermes, a pessoa contaminada pode se tornar portadora do
parasita sem nenhum sintoma, ou ao longo do tempo apresentar os sintomas iniciais de forma

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mais crônica. Outros sintomas são decorrentes da obstrução das veias do baço e do fígado
com aumento dos mesmos e desvio de sangue podem causar dores na parte superior esquerda
do abdômen e vômitos com sangue.
Tratamento: O tratamento é feito usando antiparasitários (substâncias químicas tóxicas
ao parasita). O medicamento mais indicado é o Prazinquantel, que vem na forma de
comprimidos que normalmente é ingerido via oral uma vez por dia, o que já basta para
eliminar o parasita e a disseminação de ovos ao meio ambiente. Nos casos de doença crônica
um tratamento específico é necessário.
A prevenção da esquistossomose é na verdade muito simples, veja algumas maneiras
de se evitá-la:
- Identificando as pessoas contaminadas e dando-lhes tratamento.
- Melhorias no sistema de saneamento básico das regiões de risco.
- Eliminação do hospedeiro intermediário (Caramujo).
- Distribuição de cartilhas sobre a doença à população.
Diagnóstico: é importante saber se a pessoa esteve em alguma área onde há registro de
casos da doença, além dos sintomas apresentados desde então. Além disso, exames de fezes e
urinas são essenciais. Recentemente há exames que detectam no sangue a presença de
anticorpos que atuam contra o parasita.
9.9-Malária
A malária é uma das mais importantes doenças tropicais do mundo e apresenta-se
bastante difundida. Essa doença caracteriza-se por desencadear acessos periódicos de febres
intensas que debilitam profundamente o doente. A malária provoca lesões no fígado, no baço
e em outros órgãos, além de anemia profunda devido à destruição maciça dos glóbulos
vermelhos que são utilizados pelo Plasmodium para reproduzir-se.
Profilaxia da Malária (Prevenção):
• Drenando-se valas e banhados, as fêmeas dos mosquitos não terão mais local
apropriado para a postura;
• A criação de peixes larvófagos, isto é, que se alimentam de larvas dos mosquitos,
produz bons resultados;
• O uso de repelentes e a utilização de tela nas janelas impedem que os mosquitos se
aproximem do homem;

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• Evitar o acúmulo de pneus velhos, latas, vasos e outros recipientes que armazenam
água, possibilitando a reprodução do mosquito.
• Certas árvores, como o eucalipto podem ser usadas como plantas drenadoras, porque
absorvem muita água do solo. Não havendo água estagnada, as fêmeas dos mosquitos não
terão local adequado para a postura;
• Educação sanitária e o tratamento medicamentoso (alcalóides) dos enfermos são
medidas indispensáveis. Ainda não há vacina contra a malária.
Tratamento: visa principalmente a interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável
pela patogenia e manifestações clínicas da infecção. Entretanto, pela diversidade do seu ciclo
biológico, é também objetivo da terapêutica proporcionar a erradicação de formas latentes do
parasita no ciclo tecidual (hipnozoítos) do P. vivax, evitando assim as recaídas tardias. Além
disso, a abordagem terapêutica de pacientes residentes em áreas endêmicas, pode visar
também à interrupção da transmissão, pelo uso de drogas que eliminam as formas sexuadas
dos parasitos. Para atingir esses objetivos, diversas drogas com diferentes mecanismos de
ação são utilizadas, tentando impedir o desenvolvimento do parasito no hospedeiro.
O Ministério da Saúde através de uma política nacional de medicamentos para
tratamento da malária, disponibiliza gratuitamente essas drogas em todo o território nacional
através das unidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
9.10-Caxumba
É uma doença contagiosa ocasionada por vírus, estes são transmitidos por gotas de
espirros, tosse ou por contato direto.
Sintomas: Os sintomas são inchaço da glândula parótida em frente a orelha, dor na
glândula inchada com tato ou pressão, dor aumentada com a mastigação, febre acima de 37ºC,
dores de cabeça, e garganta inflamada. É uma doença de transmissão respiratória e que ataca
normalmente as crianças. A caxumba é uma doença inofensiva, porém pode provocar
complicações como inchaço nos testículos e ovários, e em casos raros resultar em esterilidade.
O coração e as articulações (juntas) também podem ser acometidos.
O diagnóstico é feito através de exame de sangue. A prevenção é realizada devido a
eficácia da vacina tríplice viral.
9.11-Doença de Chagas
Trata-se de uma infecção generalizada basicamente crônica, cujo agente etiológico é o
protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, habitualmente transmitido ao homem pelas fezes

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do inseto hematófago conhecido popularmente como "bicho-barbeiro", "procotó",


"chupança", "percevejo-do-mato", "gaudércio", etc.
A transmissão pode ser feita também pela transfusão sanguínea, placenta e pelo
aleitamento materno. A disseminação da doença está profundamente relacionada com as
condições de vida da população, principalmente de habitação, e com as oportunidades
econômicas e sociais que lhe são oferecidas.
Modo de transmissão: O "barbeiro", em qualquer estágio do seu ciclo de vida, ao picar
uma pessoa ou animal com tripanossomo, suga juntamente com o sangue formas de T.cruzi,
tornando-se um "barbeiro" infectado. Os tripanossomos se multiplicam no intestino do
"barbeiro", sendo eliminados através das fezes.
A transmissão se dá pelas fezes que o "barbeiro" deposita sobre a pele da pessoa,
enquanto suga o sangue. Geralmente, a picada provoca coceira e o ato de coçar facilita a
penetração do tripanossomo pelo local da picada. O T.cruzi contido nas fezes do "barbeiro"
pode penetrar no organismo humano, também pela mucosa dos olhos, nariz e boca ou através
de feridas ou cortes recentes existentes na pele.
Quadro clínico: Os sinais iniciais da doença se produzem no próprio local, onde se deu
a contaminação pelas fezes do inseto. Estes sinais, surgem mais ou menos de 4 a 6 dias, após
o contato do "barbeiro "com a sua vítima. Os sintomas variam de acordo com a fase da
doença que pode ser classificada em aguda e crônica.
Fase aguda: Febre, mal estar, falta de apetite, edemas localizados na pálpebra (sinal de
Romanã) ou em outras partes do corpo (chagoma de inoculação), infartamento de gânglios,
aumento do baço e do fígado e distúrbios cardíacos. Em crianças, o quadro pode se agravar e
levar à morte. Frequentemente, nesta fase, não há qualquer manifestação clínica a doença
pode passar desapercebida.
Fase crônica: Nesta fase, muitos pacientes podem passar um longo período, ou mesmo
toda a sua vida, sem apresentar nenhuma manifestação da doença, embora sejam portadores
do T.cruzi . Em outros casos, a doença prossegue ativamente, passada a fase inicial, podendo
comprometer muitos setores do organismo, salientando-se o coração e o aparelho digestivo.
Diagnóstico: O diagnóstico, compreende o exame clínico e laboratorial (pesquisa do
parasito no sangue), na fase aguda e exame clínico, sorológico, eletrocardiograma e raio X, na
fase crônica. Nos dois casos, deve-se levar em consideração a investigação epidemiológica.

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Tratamento: As drogas hoje disponíveis, são eficazes, apenas na fase inicial da


enfermidade, daí a importância da descoberta precoce da doença.
Vacinação: Ainda, não se dispõe de vacina para uso imediato.
9.12-Tuberculose
A Tuberculose é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou
bacilo de Koch em homenagem ao seu descobridor, o bacteriologista alemão Robert Koch, em
1882. Apesar das inúmeras localizações possíveis da doença, em cerca de 90% dos casos,
inicia-se pelos pulmões.
Sintomatologia: Na tuberculose pulmonar, geralmente a primeira infecção por bacilos
se estabelece sem apresentar sintomas ou com sintomas discretos, como perda do apetite,
fadiga, irritação. Muitas vezes, os sintomas assemelham-se aos da gripe ou do resfriado
comum. Podem surgir febre, tosse seca, sudorese noturna e emagrecimento. Por outro lado,
em alguns casos, a evolução origina consequências graves. Ocorre a reativação dos focos
primários, caseificação progressiva (necrose do tecido) e cavernização, caracterizando a
tuberculose crônica.
Profilaxia: Na prevenção, principalmente em crianças recém-nascidas, usa-se a vacina
BCG (bacilo de Calmet-Guérin). Talvez a prevenção mais eficaz seja melhorar o padrão de
vida da população, as condições de habitação, trabalho, alimentação. Também é importante a
descoberta de casos ocultos, através de radiografias (abreugrafia) e teste cutâneo (prova de
tuberculina).
O tratamento é feito através de antibióticos e, por vezes, métodos cirúrgicos.
9.13-Hanseníase
A hanseníase é uma doença infecciosa de evolução prolongada causada pelo bacilo
denominado Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen.
Transmissão: Relativamente pouco contagiante, a forma de contágio mais comum é a
direta (pessoa a pessoa), entre outras vias, por descargas nasais infectadas. Existe maior
predisposição na infância, em condições sanitárias deficientes e de subnutrição.
Sintomatologia: O período de incubação é de 3 a 5 anos.
A classificação das formas clínicas da hanseníase divide-se basicamente em quatro:
indeterminada, tuberculóide, dimorfa e virchowiana. Os dois tipos mais importantes são a
tuberculóide e a virchowiana ou lepromatosa. A forma tuberculóide é carcterizada por
nódulos sob a pele e regiões de anestesia circunscrita, pelas lesões dos nervos periféricos. A

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forma mais grave é a vichowiana ou lepromatosa que causa ulcerações e deformidades, como
mutilações de mãos, nariz e orelhas.
9.14-Meningite
É uma inflamação das meninges e do L.C.R. interposto. O processo inflamatório
estende-se por todo o espaço sub-aracnoide em torno do encéfalo e da medula espinhal e
costuma envolver os ventrículos.
Tipos de meningite mais comuns: Bacteriana ou piogênica meningococos (bactérias
formadoras de pús) bacilos influenza pneumococos; Meningite Tuberculosa-bacilos da
tuberculose; Meningite Asséptica ou Viral–agentes virais.
Meningite bacteriana: É uma inflamação das membranas que cobrem o cérebro e a
medula espinhal, causada por microorganismos piogênicos e caracterizada por L.C.R. turvo,
com proteinorraquia aumentada, glicorraquia diminuída e hipercitose a custa de leucócitos
polimorfonucleares alterados.
Etiologia: Pode ser causada por bactérias patogênicas e não patogênicas. Todos os
Microorganismos podem causar meningite desde que consigam atravessar a barreira
hematoencefalica.
Agentes mais frequentes: - Neisséria meningitides (meningococos); - Haemophilus
influenza tipo 3; - Streptococus pneumoniae (pneumococo).
Manifestações clinicas: As manifestações clinicas, dependem em grande medida: - da
idade do doente; - da duração da doença; - da resposta á infecção.
Na maioria dos casos, há um período de 3 dias de doença antes do aparecimento
incontestável de meningite.
Sinais meníngeos: - rigidez da nuca - Brudzinski – Kernig.
Crianças com mais de 2 anos: - mal estar geral; - febre (38-40ºc); - calafrios; - cefaleia
intensa; - vômitos; - dores generalizadas; - convulsão (ocasionalmente) irritação; - sinais
meníngeos presentes; - exantemas petéquiais ou púrpuricos. Estes sintomas tendem a agravar-
se, podendo mesmo originar um estado de coma.
Lactentes e crianças pequenas: Raramente é observado o quadro clássico de meningite.
Os sinais meníngeos, não contribuem para o diagnóstico por serem de difícil avaliação.
Podem apresentar: - febre; vómitos; - irritabilidade; - convulsões; - choro; - rigidez da nuca.

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Período neonatal: De diagnóstico difícil. Os sintomas mais frequentes são: - recusa


alimentar; - escassa capacidade de sucção; - vómitos e/ou diarreia; - tónus fraco; - choro débil;
- hipotermia ou febre; - icterícia; - sonolência; - convulsões;
Diagnóstico: Em alguns casos, as culturas de material colhido no nariz e garganta,
podem oferecer informações valiosas; exame físico; Exame do Liquor (diag. Definitivo).
Terapêutica: A conduta terapêutica inicial compreende: - isolamento; - instituição de
antibioterapia; - manutenção de Hidratação; - manutenção de ventilação; - controle de
convulsões; - controle de temperatura; - correcção de anemia.
Prevenção: Nas meningites neonatais, a prevenção é feita com a melhoria da
assistência obstétrica. Pode ser feita através da vacinação, com vacinas para meningococos
tipo A e tipo C. Prevenção de infecções respiratórias e dos ouvidos.
A meningite não bacteriana (asséptica): É uma síndrome benigna causada,
principalmente por vírus, e está frequentemente associada a outras doenças, como o sarampo,
parotidite e leucemia.
9.15-Tétano
O tétano é uma doença infecciosa grave causada por uma neurotoxina produzida pelo
Clostridium tetani, uma bactéria encontrada comumente no solo sob a forma de esporos
(formas de resistência). O tétano, uma doença imunoprevenível, pode acometer indivíduos de
qualquer idade e não é transmissível de uma pessoa para outra. A ocorrência da doença é mais
frequente em regiões onde a cobertura vacinal da população é baixa e o acesso á assistência
médica é limitado.
Transmissão: O tétano é uma doença infecciosa, não transmissível de um indivíduo
para outro, que pode ocorrer em pessoas não imunes ou seja, sem niveis adequados de
anticorpos protetores. Os anticorpos protetores são induzidos exclusivamente pela aplicação
da vacina antitetânica, uma vez que a neurotoxina, em razão de atuar em quantidades
extremamente reduzidas, é capaz de produzir a doença, mas não a imunidade. O tétano pode
ser adquirido através da contaminação de ferimentos (tétano acidental), inclusive os crônicos
(como úlceras varicosas) ou do cordão umbilical. Os esporos do Clostridium tetani são
encontrados habitualmente no solo e, sem causar o tétano, nos intestinos e fezes de animais
(cavalos, bois, carneiros, porcos, galinhas etc). Também podem ser encontrados,
principalmente em áreas rurais, na pele (integra), no intestino e fezes de seres humanos, sem
causar a doença. Quando em condições anaeróbicas (ausência de oxigenio), como ocorre em

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ferimentos, os esporos germinam para a forma vegetativa do Clostridium tetani, que


multiplica-se e produz exotoxinas.
Tipos de tétano:
- Tétano acidental - (decorrente de acidentes) e, geralmente, é adquirido através da
contaminação de ferimentos (mesmo pequenos) com esporos do Clostridium tetani, que são
encontrados no ambiente (solo, poeira, esterco, superfície de objetos - principalmente quando
metálicos e enferrujados). O Clostridium tetani, quando contamina ferimentos, sob condições
favoráveis (presença de tecidos mortos, corpos estranhos e sujeira), torna-se capaz de
multiplicar-se e produzir tetanospasmina, que atua em terminais nervosos, induzindo
contraturas musculares intensas.
- Tétano Neonatal As gestantes que nunca foram vacinadas, além de estarem
desprotegidas não passam anticorpos protetores para o filho, o que acarreta risco de tétano
neonatal para o recém-nato (criança com até 28 dias de idade). Este tétano também chamado
de mal de sete dias é adquirido quando ocorre contaminação do cordão umbilical com esporos
do Clostridium tetani. A contaminação pode ocorrer durante a secção do cordão com
instrumentos não esterilizados ou pela utilização subsequente de substâncias contaminadas
para realização de curativo no coto umbilical (esterco, fumo, pó de café, teia de aranha etc).
Medidas de proteção individual: É uma doença imunoprevenível. Como não é possível
eliminar os esporos do Clostridium tetani do ambiente, para evitar a doença é essencial que
todas as pessoas estejam adequadamente vacinadas. A vacina está disponível nos Centros
Municipais de Saúde e PSFs para pessoas de qualquer idade. O esquema básico de vacinação
na infância é feito com três doses da vacina pentavalnte, que confere imunidade contra
difteria, tétano, coqueluche e infecções graves pelo Haemophilus influenzae tipo b (inclusive
meningite), aos dois, quatro e seis meses, seguindo-se de um reforço com a DTP aos 15 meses
e outro entre quatro e seis anos de idade. Em adolescentes e adultos não vacinados, o esquema
vacinal completo é feito com três doses da dT (vacina dupla), que confere proteção contra a
difteria e o tétano. O esquema padrão de vacinação (indicado para os maiores de sete anos)
preconiza um intervalo de um a dois meses entre a primeira e a segunda dose e de seis a doze
meses entre a segunda e a terceira dose, no intuito de assegurar títulos elevados de anticorpos
protetores por tempo mais prolongado. Admite-se, entretanto, que a vacinação possa ser feita
com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses. Para os que iniciaram o esquema e
interromperam em qualquer época, basta completar até a terceira dose, independente do

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tempo decorrido desde a última aplicação. Para assegurar proteção permanente, além da série
básica, é necessária a aplicação de uma dose de reforço a cada dez anos, uma vez que os
níveis de anticorpos contra o tétano (e contra a difteria) vão se reduzindo com o passar do
tempo. A dT pode ser administrada com segurança em gestantes e constitui a principal medida
de prevenção do tétano neonatal, não se eximindo a importância do parto em condições
higiênicas e do tratamento adequado do coto umbilical. Para garantir proteção adequada para
a criança contra o risco de tétano neonatal, a gestante que tem o esquema vacinal completo
com a última dose feita há mais de cinco anos deve receber um reforço no sétimo mês da
gravidez.
9.16-Leptospirose
Também conhecida como a febre dos pântanos, doença dos porqueiros, tifo canino. É
doença infecciosa, uma zoonose, causada por uma série de bactérias de aspecto muito peculiar
lembrando um saca–rolhas, chamada leptospira. A forma mais grave da doença e com mais
alta mortalidade é associada ao Leptospira icterohaemorrhagiae, chamada, com mais
propriedade, doença de Weil.
O agente etiológico: É uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada
Leptospira presente na urina de ratos e outros animais.
Transmissão: Em situações de enchentes e inundações, a urina dos ratos, presente em
esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama dos alagamentos. A pessoa que tem contato
com água de enchente ou lama pode se contaminar. As bactérias presentes na água penetram
no corpo humano pela pele, principalmente se houver algum arranhão ou ferimento. O contato
com água ou lama de esgoto, lagoas ou rios contaminados e terrenos baldios com a presença
de ratos também podem facilitar a transmissão da leptospirose. As pessoas que correm mais
perigo são aquelas que vivem à beira de córregos e em locais onde haja ratos contaminados,
lixo e também, aquelas que trabalham na coleta de lixo, em esgotos, plantações de cana-de-
açúcar, de arroz, etc. Também é possível contrair a doença por ingestão de alimentos
contaminados ou pelo contato direto da boca em latas de refrigerantes e cervejas. Lembre-se
que com enorme frequência as latas ficam estocadas em armazéns infestados por roedores que
podem urinar e contaminá-las. A mordida de ratos também pode transmitir a leptospirose,
pois os ratos têm o hábito de lamber a genitália e assim poderia inocular a bactéria ao morder
uma pessoa. A rede de esgoto precária, a falta de drenagem de águas pluviais, a coleta de lixo
inadequada e as consequentes inundações são condições favoráveis para o aparecimento de

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epidemias. Assim, a doença atinge em maior número pessoas de baixo nível socioeconômico,
que vivem nas periferias das grandes cidades.
Quadro clínico: Os sinais e sintomas da leptospirose aparecem entre dois e trinta dias
após a infecção (período de incubação), sendo em média de dez dias.
Os primeiros sinais e sintomas: Fraqueza, dor no corpo, dor de cabeça e febre, sendo
que, às vezes, a doença é confundida com gripe, dengue ou algum outro tipo de virose. Com o
aumento da febre podem ocorrer calafrios, mal-estar, dor na batata das pernas (panturrilhas),
fortes dores na barriga e também o aparecimento de cor amarelada na pele (icterícia). Vômitos
e diarréia podem levar à desidratação. É comum que os olhos fiquem muito avermelhados.
Em alguns pacientes os sinais e sintomas podem ressurgir após dois ou três dias de aparente
melhora. Nesse período, é comum aparecer manchas avermelhadas pelo corpo e pode ocorrer
meningite, que geralmente não é grave.
O diagnóstico da doença é confirmado através de exames de sangue (sorologia).
Complicações: Os pacientes que têm icterícia geralmente desenvolvem uma forma
mais grave, com manifestações hemorrágicas na pele, sangramentos pelo nariz, gengivas e
pulmões e pode ocorrer insuficiência dos rins, o que causa diminuição do volume urinário. As
formas graves podem levar ao coma e à morte em 10% dos casos.
Tratamento: O tratamento se baseia em hidratação, e o antibiótico deve ser dado até o
4º dia de doença, devendo ser receitado pelo médico. Podem ser dados analgésicos, porém,
está contra-indicado o uso de ácido acetilsalicílico e de antiinflamatórios, que podem
aumentar o risco de sangramentos. Os casos leves podem ser tratados em casa, após consulta
médica. Os pacientes com as formas com icterícia e hemorragias devem ser internados.
Prevenção: Primeiramente não se deve entrar em contato com água e lama de
enchentes, proibindo as crianças de fazê-lo. Uso de EPIs para quem trabalha em contato com
esgoto ou lixo deve usar botas e luvas de borracha. Se o contato for inevitável, usar as
proteções individuais citadas ou improvisar sacos plásticos amarrados nos pés e mãos, ficando
o menor tempo possível em contato com as águas. Objetos que tiveram contato com águas de
enchentes devem ser desinfetados com água sanitária (4 xícaras de café diluídos em 20 litros
de água) e os alimentos devem ser descartados. Água de poço deve ser clorada ou fervida
antes de beber. Se o contato com águas de enchente já ocorreu, o risco de contaminação da
pessoa será maior de acordo com: • A concentração de bactérias na água, o tempo que a
pessoa ficou em contato com as águas, contato com mucosas, a presença de lesões de pele e a

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imunidade do indivíduo. • Deve-se ficar atento por alguns dias e, se a pessoa adoecer, deve
procurar o médico o mais breve possível, contando sobre o risco de contágio de leptospirose.
Como os ratos sãos os principais transmissores da doença para o ser humano, diversos
cuidados devem ser tomados para evitar a proliferação destes roedores, tais como:
1. Manter os alimentos guardados em vasilhames tampados;
2. Colocar o lixo em sacos plásticos resistentes e em latões fechados;
3. Se tiver em casa cães, gatos ou outros animais de estimação, retirar e lavar os vasilhames
de alimento do animal todos os dias antes do anoitecer, para não atrair ratos;
4. Manter limpos e desmatados os terrenos baldios;
5. Não jogar lixo perto de córregos, para não atrair ratos e não dificultar o escoamento das
águas, agravando as enchentes;
6. Fechar buracos de telhas, paredes e rodapés; manter as caixas d’água, ralos e vasos
sanitários fechados com tampas pesadas;
7. Outros animais domésticos também podem transmitir a Leptospira pela urina se estiverem
infectados, portanto deve-se evitar contato com excreções de animais, limpar as áreas
diariamente e de preferência com a proteção de luvas e calçados emborrachados.
8. Cães, bovinos e suínos devem ser vacinados anualmente contra leptospirose.
9. Deve-se evitar ingerir bebidas diretamente de latas ou garrafas sem que essas sejam lavadas
adequadamente.
10. Deve-se usar copo limpo ou descartável ou canudo plástico descartável. - Obs: Não existe
vacina disponível para seres humanos contra Leptosprose.
9.17-Dengue
A dengue é uma doença infecciosa febril aguda causada por um vírus da família
Flaviridae e é transmitida através do mosquito Aedes aegypti, também infectado pelo vírus.
Atualmente, a dengue é considerada um dos principais problemas de saúde pública de todo o
mundo.
Tipos de Dengue - Em todo o mundo, existem quatro tipos de dengue, já que o vírus
causador da doença possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. No Brasil, já
foram encontrados da dengue tipo 1, 2 e 3. A dengue de tipo 4 foi identificada apenas na
Costa Rica.
Formas de apresentação: A dengue pode se apresentar – clinicamente - de quatro
formas diferentes formas: Infecção Inaparente, Dengue Clássica, Febre Hemorrágica da

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Dengue e Síndrome de Choque da Dengue. Dentre eles, destacam-se a Dengue Clássica e a


Febre Hemorrágica da Dengue.
Infecção Inaparente: A pessoa está infectada pelo vírus, mas não apresenta nenhum
sintoma. A grande maioria das infecções da dengue não apresenta sintomas. Acredita-se que
de cada dez pessoas infectadas apenas uma ou duas ficam doentes.
- Dengue Clássica: A Dengue Clássica é uma forma mais leve da doença e semelhante
à gripe. Geralmente, inicia de uma hora para outra e dura entre 5 a 7 dias. A pessoa infectada
tem febre alta (39° a 40°C), dores de cabeça, cansaço, dor muscular e nas articulações,
indisposição, enjôos, vômitos, manchas vermelhas na pele, dor abdominal (principalmente em
crianças), entre outros sintomas. Os sintomas da Dengue Clássica duram até uma semana.
Após este período, a pessoa pode continuar sentindo cansaço e indisposição.
- Dengue Hemorrágica: A Dengue Hemorrágica é uma doença grave e se caracteriza
por alterações da coagulação sanguínea da pessoa infectada. Inicialmente se assemelha a
Dengue Clássica, mas, após o terceiro ou quarto dia de evolução da doença surgem
hemorragias em virtude do sangramento de pequenos vasos na pelo e nos órgãos internos. A
Dengue Hemorrágica pode provocar hemorragias nasais, gengivais, urinárias, gastrointestinais
ou uterinas. Na Dengue Hemorrágica, assim que os sintomas de febre acabam a pressão
arterial do doente cai, o que pode gerar tontura, queda e choque. Se a doença não for tratada
com rapidez, pode levar à morte.
- Síndrome de Choque da Dengue: Esta é a mais séria apresentação da dengue e se
caracteriza por uma grande queda ou ausência de pressão arterial. A pessoa acometida pela
doença apresenta um pulso quase imperceptível, inquietação, palidez e perda de consciência.
Neste tipo de apresentação da doença, há registros de várias complicações, como alterações
neurológicas, problemas cardiorrespiratórios, insuficiência hepática, hemorragia digestiva e
derrame pleural. Entre as principais manifestações neurológicas, destacam-se: delírio,
sonolência, depressão, coma, irritabilidade extrema, psicose, demência, amnésia, paralisias e
sinais de meningite. Se a doença não for tratada com rapidez, pode levar à morte.
Medidas gerais de prevenção: O melhor método para se combater a dengue é evitando
a procriação do mosquito Aedes aegypti, que é feita em ambientes úmidos em água parada,
seja ela limpa ou suja. A fêmea do mosquito deposita os ovos na parede de recipientes (caixas
d'água, latas, pneus, cacos de vidro etc.) que contenham água mais ou menos limpa e esses
ovos não morrem mesmo que o recipiente fique seco.

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Importante que sejam adotadas as seguintes medidas: Não se deve deixar objetos que
possam acumular água expostos à chuva. Os recipientes de água devem ser cuidadosamente
limpos e tampados. Não adianta apenas trocar a água, pois os ovos do mosquito ficam
aderidos às paredes dos recipientes. Portanto, o que deve ser feito, em casa, escolas, creches e
no trabalho, é substituir a água dos vasos das plantas por terra e esvaziar o prato coletor,
lavando-o com auxílio de uma escova; utilizar água tratada com água sanitária a 2,5% (40
gotas por litro de água) para regar bromélias, duas vezes por semana. 40 gotas = 2ml; não
deixar acumular água nas calhas do telhado; não deixar expostos à chuva pneus velhos ou
objetos (latas, garrafas, cacos de vidro) que possam acumular água; acondicionar o lixo
domiciliar em sacos plásticos fechados ou latões com tampa; tampar cuidadosamente caixas
d'água, filtros, barris, tambores, cisternas etc.
Medidas do governo: Para reduzir a população do mosquito adulto, é feita a aplicação
de inseticida através do "fumacê", que deve ser empregado apenas quando está ocorrendo
epidemias. O "fumacê" não acaba com os criadouros e precisa ser sempre repetido, o que é
indesejável, para matar os mosquitos que vão se formando. Por isso, é importante eliminar os
criadouros do mosquito transmissor.
9.18-Raiva
A raiva, também conhecida como hidrofobia (quando ocorre na forma virótica) é uma
doença causada por um vírus da família rhabdoviridae, gênero Lyssavirus. O agente causador
da raiva pode infectar qualquer animal de sangue quente, porém só irá desencadear a doença
em mamíferos, como por exemplo cachorros, gatos, ruminantes e primatas (como o homem).
O vírus da Raiva é um Rhabdovirus com genoma de RNA simples de sentido negativo
(a sua cópia é que é lida como mRNA na síntese protéica). O vírus tem envelope bilípidico,
cerca de 100 nanômetros e forma de bala.
Prevenção: A vacina contra a Raiva deve-se ao célebre microbiologista francês Louis
Pasteur, que a desenvolveu em 1886.
Sintomatologia: Na fase inicial há apenas dor ou comichão no local da mordidela,
náuseas, vômitos e mal estar moderado ("mau humor"). Na fase excitativa que se segue,
surgem espasmos musculares intensos da faringe e laringe com dores excruciantes na
deglutição, mesmo que de água. O indivíduo ganha por essa razão um medo irracional e
intenso ao líquido, chamado de hidrofobia (por isso também conhecida por este nome). Logo
que surge a hidrofobia a morte já é certa. Outros sintomas são episódios de hostilidade

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violenta (raiva), tentativas de morder e bater nos outros e gritos, alucinações, insônia,
ansiedade extrema, provocados por estímulos aleatórios visuais ou acústicos. O doente está
plenamente consciente durante toda a progressão. A morte segue-se na maioria dos casos após
cerca de quatro dias.
Diagnóstico: É usada a imunofluorescência para detectar antígenos, o vírus em
biópsias da córnea ou pele. A observação microscópica óptica ou electrônica de corpos
neuronais permite observar os patognômicos corpos de Negri inclusões citoplasmáticas
escuras.
Tratamento: Não há cura e após surgirem os sintomas excitatórios (hidrofobia) a morte
é certa e a terapia consiste apenas em aliviar os sintomas e diminuir o sofrimento do doente.
9.19-Toxoplasmose
Também conhecida como doença do gato. Trata-se de doença infecciosa causada por
um protozoário chamado Toxoplasma gondii. Este protozoário é facilmente encontrado na
natureza e pode causar infecção em grande número de mamíferos e pássaros no mundo todo.
Outro período particularmente de risco para se adquirir a infecção é durante a vida intra-
uterina, da gestante para o feto (transmissão vertical). O feto pode ter afetada a sua formação
quando contaminado.
Transmissão de quatro formas:
- Por ingestão de cistos presentes em dejetos de animais contaminados, particularmente gatos,
que podem estar presentes em qualquer solo onde o animal transita. Mais comum no nosso
meio.
- Por ingestão de carne de animais infectados (carne crua ou malpassada), mais comum na
Ásia.
- Por transmissão intra-uterina da gestante contaminada para o feto (vertical).
- Uma quarta forma de transmissão pode ocorrer através de órgãos contaminados que, ao
serem transplantados em pessoas que terão que utilizar medicações que diminuem a
imunidade (para combater a rejeição ao órgão recebido), causam a doença.
Obs: A apresentação desta doença naqueles com imunidade diminuída, como já se poderia
imaginar é muito mais agressiva. Particularmente mais comum neste grupo são os pacientes
contaminados pelo vírus HIV-1 (vírus que causa a síndrome da imunodeficiência adquirida,
SIDA ou AIDS em inglês). Em geral também ocorre por reativação de infecção latente. Os

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sintomas nestes casos são manifestações de comprometimento do cérebro, pulmões, olhos e


coração.
Sintomatologia: A apresentação mais comum decorre do comprometimento cerebral
manifesta por dores de cabeça, febre, sonolência, diminuição de força generalizada ou de
parte do corpo (metade direita ou esquerda) evoluindo para diminuição progressiva da lucidez
até o estado de coma.
Diagnóstico: Por se tratar de doença com sintomas muito inespecíficos e comuns a
muitas outras, o diagnóstico geralmente é feito por médicos com experiência na área. A
confirmação do diagnóstico é feita por diversos testes sanguíneos. Os mais comuns são os que
detectam a presença de anticorpos no sangue contra o Toxoplasma gondii.
Tratamento: A necessidade e o tempo de tratamento serão determinados pelas
manifestações, locais de acometimento e principalmente estado imunológico da pessoa que
está doente. São três as situações:
- Imunocompetentes com infecção aguda: Somente comprometimento gânglionar em
geral não requer tratamento.
- Infecções adquiridas por transfusão com sangue contaminado ou acidentes com
materiais contaminados, em geral são quadros severos e devem ser tratados.
- Infecção da retina (corioretinite): devem ser tratados.
- Infecções agudas em gestantes: Devem ser tratadas pois há comprovação de que
assim diminui a chance de contaminação fetal. Com comprovação de contaminação fetal:
necessita tratamento e o regime de tratamento pode ser danoso ao feto, por isso especial
vigilância deve ser mantida neste sentido.
- Infecções em imunocomprometidos: Estas pessoas sempre devem ser tratadas e
alguns grupos, como os contaminados pelo vírus HIV-1, devem permanecer tomando uma
dose um pouco menor da medicação que usaram para tratar a doença por tempo
indeterminado. Discute-se, neste último caso a possibilidade de interromper esta manutenção
do tratamento naqueles que conseguem recuperação imunológica com os chamados coquetéis
contra a AIDS.
Prevenção: Como a principal forma de contaminação é via oral, de uma forma geral a
prevenção deve ser feita: Pela não ingestão de carnes cruas ou mal-cozidas. Comer apenas
vegetais e frutas bem lavados em água corrente. Evitar contato com fezes de gato. As
gestantes, além de evitar o contato com gatos, devem submeter-se a adequado

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acompanhamento médico (pré-natal). Alguns países obtiveram sucesso na prevenção da


contaminação intra-uterina fazendo testes laboratoriais em todas as gestantes. Em pessoas
com deficiência imunológica a prevenção pode ser necessária com o uso de medicação
dependendo de uma análise individual de cada caso.
9.20-Febre tifóide
É uma doença infecciosa potencialmente grave, causada por uma bactéria, a
Salmonella typhi. Caracteriza-se por febre prolongada, alterações do trânsito intestinal,
aumento de vísceras como o fígado e o baço e, se não tratada, confusão mental progressiva,
podendo levar ao óbito.
A transmissão ocorre principalmente através da ingestão de água e de alimentos
contaminados. A doença tem distribuição mundial, sendo mais frequente nos países em
desenvolvimento, onde as condições de saneamento básico são inexistentes ou inadequadas.
Transmissão: A S. typhi causa infecção exclusivamente nos seres humanos. A
principal forma de transmissão é a ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes
humanas ou, menos frequentemente, com urina contendo a S. typhi. Mais raramente, pode ser
transmitida pelo contato direto (mão-boca) com fezes, urina, secreção respiratória, vômito ou
pus proveniente de um indivíduo infectado.
Medidas de proteção individual: Os viajantes que se dirigem para uma área onde
exista risco de febre tifóide devem adotar as medidas de proteção para evitar doenças
transmitidas através da ingestão de água e alimentos. O consumo de água tratada e o preparo
adequado dos alimentos são medidas altamente eficazes. A seleção de alimentos seguros é
crucial. Em geral, a aparência, o cheiro e o sabor dos alimentos não ficam alterados pela
contaminação com agentes infecciosos. O viajante deve alimentar-se em locais que tenham
condições adequadas ao preparo higiênico de alimentos. A alimentação na rua com
vendedores ambulantes constitui um risco elevado. Os alimentos mais seguros são os
preparados na hora, por fervura, e servidos ainda quentes.
Manifestações Clínicas: As manifestações, especialmente na primeira semana de
doença, podem ser semelhantes a de outras doenças febris como a malária. Mesmo que
tenham história de risco para febre tifóide, pessoas que estiveram em uma área de transmissão
de malária, e que apresentem febre, durante ou após a viagem, devem ter essa doença
investigada. À medida que a febre tifóide progride, é mais facilmente confundível com

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infecções que podem ter evolução lenta como a endocardite bacteriana, a tuberculose ou,
ainda, com as doenças de natureza auto-imune, como o lupus eritematoso sistêmico.
O tratamento consiste basicamente em antibióticos e reidratação. Nos casos leves e
moderados, o médico pode recomendar que o tratamento seja feito em casa, com antibióticos
orais. Os casos mais graves devem ser internados para hidratação e administração venosa de
antibióticos. Sem tratamento antibiótico adequado, a febre tifóide pode ser fatal em até 15%
dos casos.

10.INFECÇÕES SEXUALMENTES TRANSMISSÍVEIS


10.1.Sífilis
Sinônimos: Cancro duro, cancro sifilítico, Lues.
Período de Incubação: 1 semana a 3 meses. Em geral de 1 a 3 semanas.
Agente etiológico: Treponema pallidum.
Conceito: Doença infecto-contagiosa sistêmica (acomete todo o organismo), que
evolui de forma crônica (lenta) e que tem períodos de agutização (manifesta-se agudamente) e
períodos de latência (sem manifestações). Pode comprometer múltiplos órgãos (pele, olhos,
ossos, sistema cardiovascular, sistema nervoso). De acordo com algumas características de
sua evolução a sífilis divide-se em: Primária, Secundária, Latente e Terciária ou Tardia.
Quando transmitida da mãe para o feto é chamada de Sífilis Congênita.
Sífilis primária: trata-se de uma lesão ulcerada (cancro) não dolorosa (ou pouco
dolorosa), em geral única, com a base endurecida, lisa, brilhante, com presença de secreção
serosa (líquida, transparente) escassa e que pode ocorrer nos grandes lábios, vagina, clítoris,
períneo e colo do útero na mulher e na glande e prepúcio no homem, mas que pode tambem
ser encontrada nos dedos, lábios, mamilos e conjuntivas. É frequente também a adenopatia
inguinal (íngua na virilha) que, em geral passa desapercebida. O cancro usualmente
desaparece em 3 a 4 semanas, sem deixar cicatrizes. Entre a segunda e quarta semanas do
aparecimento do cancro, as reações sorológicas (exames realizados no sangue) para sífilis
tornam-se positivas.
Sífilis Secundária: é caracterizada pela disseminação dos treponemas pelo organismo e
ocorre de 4 a 8 semanas do aparecimento do cancro. As manifestações nesta fase são
essencialmente dermatológicas e as reações sorológicas continuam positivas.

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Sífilis Latente: nesta fase não existem manifestações visíveis mas as reações
sorológicas continuam positivas.
Sífilis Adquirida Tardia: a sífilis é considerada tardia após o primeiro ano de evolução
em pacientes não tratados ou inadequadamente tratados. Apresentam-se após um período
variável de latência sob a forma cutânea, óssea, cardiovascular, nervosa etc. As reações
sorológicas continuam positivas também nesta fase.
Sífilis Congênita: é devida a infecção do feto pelo Treponema por via transplacentária,
a partir do quarto mes da gestação. As manifestações da doença, na maioria dos casos, estão
presentes já nos primeiros dias de vida e podem assumir formas graves, inclusive podendo
levar ao óbito da criança.
Complicações/Consequências: Aborto espontâneo, natimorto, parto prematuro, baixo
peso, endometrite pós-parto. Infecções peri e neonatal, Sífilis Congênita. Neurossífilis. Sífilis
Cardiovascular.
Transmissão: Relação sexual (vaginal anal e oral), transfusão de sangue contaminado,
transplacentária (a partir do quarto mês de gestação). Eventualmente através de fômites.
Tratamento: Medicamentoso. Com cura completa, se tratada precoce e
adequadamente.
Prevenção: o uso de preservaativo pode proteger da contaminação genital se a lesão
estiver na área recoberta. Evitar contato sexual se detectar lesão genital no(a) parceiro(a).
Lesão localizada no pênis (glande), Lesão localizada na vulva (grandes lábios)
10.2.Cancro Mole
Sinônimos: Cancróide, cancro venéreo simples, "cavalo".
Agente etiológico: Haemophilus ducreyi.
Período de Incubação: 2 a 5 dias.
Conceito: Ulceração (ferida) dolorosa, com a base mole, hiperemiada (avermelhada),
com fundo purulento e de forma irregular que compromete principalmente a genitália externa
mas pode comprometer também o ânus e mais raramente os lábios, a boca, língua e garganta.
Estas feridas são muito contagiosas, auto-inoculáveis e portanto, frequentemente múltiplas.
Em alguns pacientes, geralmente do sexo masculino, pode ocorrer infartamento ganglionar na
região inguino-crural (inchação na virilha). Não é rara a associação do cancro mole e o cancro
duro (sífilis primária).

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Complicações/Consequências: Não há relatos de complicações severas. Tratado


adequadamente, tem cura completa.
Transmissão: Relação sexual
Tratamento Antibiótico.
Prevenção: uso de preservativo; Higienização genital antes e após o relacionamento
sexual; Escolha do(a) parceiro(a).
10.3.Herpes
Sinônimos: Herpes Genital.
Período de Incubação: 1 a 26 dias. Indeterminado se se levar em conta a existência de
portadores em estado de latência (sem manifestações) que podem, a qualquer momento,
manifestar a doença.
Conceito: Infecção recorrente (vem, melhora e volta) causadas por um grupo de vírus
que determinam lesões genitais vesiculares (em forma de pequenas bolhas) agrupadas que, em
4-5 dias, sofrem erosão (ferida) seguida de cicatrização espontânea do tecido afetado. As
lesões com frequência são muito dolorosas e precedidas por eritema (vermelhidão) local. A
primeira crise é, em geral, mais intensa e demorada que as subsequentes. O caráter recorrente
da infecção é aleatório (não tem prazo certo) podendo ocorrer após semanas, meses ou até
anos da crise anterior. As crises podem ser desencadeadas por fatores tais como stress
emocional, exposição ao sol, febre, baixa da imunidade etc. A pessoa pode estar contaminada
pelo virus e não apresentar ou nunca ter apresentado sintomas e, mesmo assim, transmití-lo
a(ao) parceira(o) numa relação sexual.
Agente etiológico: Vírus do Herpes Genital ou Herpes Simples Genital ou HSV-2. É
um DNA vírus.
Observação: Outro tipo de Herpes Simples é o HSV-1, responsável pelo Herpes Labial. Tem
ocorrido crescente infecção genital pelo HSV-1 e vice-versa, isto é, infecção labial pelo HSV-
2, certamente em decorrência do aumento da prática do sexo oral ou orogenital.
Complicações/Consequências: Aborto espontâneo, natimorto, parto prematuro, baixo
peso, endometrite pós-parto. Infecções peri e neonatais. Vulvite. Vaginite. Cervicite.
Ulcerações genitais. Proctite. Complicações neurológicas etc. Transmissão Frequentemente
pela relação sexual. Da mãe doente para o recém-nascido na hora do parto.
Tratamento: Não existe ainda tratamento eficaz quanto a cura da doença. O tratamento
tem por objetivo diminuir as manifestações da doença ou aumentar o intervalo entre as crises.

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Prevenção: Não está provado que o uso do preservativo diminua a transmissibilidade


da doença. Higienização genital antes e após o relacionamento sexual é recomendável.
10.4.Gonorréia
Sinônimos: Uretrite Gonocócica, Blenorragia, Fogagem.
Agente etiológico: Neisseria gonorrhoeae.
Período de Incubação: 2 a 10 dias.
Conceito: Doença infecto-contagiosa que se caracteriza pela presença de abundante
secreção purulenta (corrimento) pela uretra no homem e vagina e/ou uretra na mulher. Este
quadro frequentemente é precedido por prurido (coceira) na uretra e disúria (ardência
miccional). Em alguns casos podem ocorrer sintomas gerais, como a febre. Nas mulheres os
sintomas são mais brandos ou podem estar ausentes (maioria dos casos).
Complicações/Consequências: Aborto espontâneo, natimorto, parto prematuro, baixo
peso da ciança ao nascer, endometrite pós-parto. Doença Inflamatória Pélvica. Infertilidade.
Epididimite. Prostatite. Pielonefrite. Meningite. Miocardite. Gravidez ectópica. Septicemia,
Infecção ocular Pneumonia e Otite média do recém-nascido. Artrite aguda etc, é uma das
principais causas infecciosas de infertilidade feminina.
Transmissão: Relação sexual.
Tratamento Antibióticos.
Prevenção: uso de preservativo. Higiene pós-coito.
10.5.HPV
Também conhecido como Condiloma Acuminado; Jacaré; jacaré de crista; crista de
galo; verruga genital.
Conceito: Infecção causada por um grupo de vírus (HPV - Human Papilloma Viruses)
que determinam lesões papilares (elevações da pele) as quais, ao se fundirem, formam massas
vegetantes de tamanhos variáveis, com aspecto de couve-flor (verrugas). Os locais mais
comuns do aparecimento destas lesões são a glande, o prepúcio e o meato uretral no homem e
a vulva, o períneo, a vagina e o colo do útero na mulher. Em ambos os sexos pode ocorrer no
ânus e reto, não necessariamente relacionado com o coito anal.
Agente etiológico: Papilomavirus Humano (HPV) - DNA vírus. HPV é o nome de um
grupo de virus que inclue mais de 100 tipos. As verrugas genitais ou condilomas acuminados
são apenas uma das manifestações da infecção pelo virus do grupo HPV e estão relacionadas
com os tipos 6,11 e 42, entre outros. Os tipos (2, 4, 29 e 57) causam lesões nas mãos e pés

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(verrugas comuns). Outros tipos tem um potencial oncogênico (que pode desenvolver câncer)
maior do que os outros (HPV tipo 16, 18, 45 e 56) e são os que tem maior importância clínica.
O espectro das infecções pelos HPV é muito mais amplo do que se conhecia até poucos anos
atrás e inclui também infecções subclínicas (diagnosticadas por meio de peniscopia,
colpocitologia, colposcopia e biópsia) e infecções latentes (só podem ser diagnosticada por
meio de testes para detecção do virus).
Complicações/Consequências: Câncer do colo do útero e vulva e, mais raramente,
câncer do pênis e também do ânus.
Transmissão: Contato sexual íntimo (vaginal, anal e oral). Mesmo que não ocorra
penetração vaginal ou anal o virus pode ser transmitido. O recém-nascido pode ser infectado
pela mãe doente, durante o parto. Pode ocorrer também, embora mais raramente,
contaminação por outras vias (fômites) que não a sexual: em banheiros, saunas, instrumental
ginecológico, uso comum de roupas íntimas, toalhas etc.
Período de Incubação: Semanas a anos. (Como não é conhecido o tempo que o vírus
pode permanecer no estado latente e quais os fatores que desencadeiam o aparecimento das
lesões, não é possível estabelecer o intervalor mínimo entre a contaminação e o
desenvolvimento das lesões, que pode ser de algumas semanas até anos ou décadas).
Tratamento: O tratamento visa a remoção das lesões (verrugas, condilomas e lesões do
colo uterino). Os tratamentos disponíveis são locais (cirúrgicos, quimioterápicos,
cauterizações etc). As recidivas (retorno da doença) podem ocorrer e são frequentes, mesmo
com o tratamento adequado. Eventualmente, as lesões desaparecem espontaneamente. Não
existe ainda um medicamento que erradique o vírus, mas a cura da infecção pode ocorrer por
ação dos mecanismos de defesa do organismo. Já existem vacinas para proteção contra alguns
tipos específicos do HPV, estando as mesmas indicadas para pessoas não contaminadas.
Prevenção: uso do preservativo. Ter parceiro fixo ou reduzir numero de parceiros.
Exame ginecológico anual para rastreio de doenças pré-invasivas do colo do útero. Avaliação
do(a) parceiro(a). Abstinência sexual durante o tratamento.
Em 2006 foi aprovada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a
utilização da Vacina Quadrivalente produzida pelo Laboratório Merck Sharp & Dohme contra
os tipos 6,11,16 e 18 do HPV, para meninas e mulheres de 9 a 26 anos que não tenham a
infecção. Esta vacina confere proteção contra os vírus citados acima, os quais são

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responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo do útero (tipos 16 e 18) e 90% dos casos de
verrugas (condilomas) genitais (tipos 6 e 11).
10.6.Candidíase
Sinônimos: Monilíase, Micose por cândida, Sapinho.
Agente etiológico: Candida albicans e outros.
Conceito: A candidíase, especialmente a candidíase vaginal, é uma das causas mais
frequentes de infecção genital. Caracteriza-se por prurido (coceira), ardor, dispareunia (dor na
relação sexual) e pela eliminação de um corrimento vaginal em grumos esbranquiçados,
semelhante a nata do leite. Com frequência, a vulva e a vagina encontram-se edemaciadas
(inchadas) e hiperemiadas (avermelhadas). As lesões podem estender-se pelo períneo, região
perianal e inguinal (virilha). No homem apresenta-se com hiperemia da glande e prepúcio
(balanopostite) e eventualmente por um leve edema e pela presença de pequenas lesões
puntiformes (em forma de pontos), avermelhadas e pruriginosas. Na maioria das vezes não é
uma doença de transmissão sexual. Em geral está relacionada com a diminuição da resistência
do organismo da pessoa acometida. Existem fatores que predispõe ao aparecimento da
infecção: diabetes melitus, gravidez, uso de contraceptivos (anticoncepcionais) orais, uso de
antibióticos e medicamentos imunosupressivos (que diminuem as defesas imunitárias do
organismo), obesidade, uso de roupas justas etc.
Complicações/Consequências: São raras. Pode ocorrer disseminação sistêmica
(especialmente em imunodeprimidos).
Transmissão: Ocorre transmissão pelo contato com secreções provenientes da boca,
pele, vagina e dejetos de doentes ou portadores. A transmissão da mãe para o recém-nascido
(transmissão vertical) pode ocorrer durante o parto. A infecção, em geral, é primária na
mulher, isto é, desenvolve-se em razão de fatores locais ou gerais que diminuem sua
resistência imunológica.
Período de Incubação: Muito variável.
Tratamento: Medicamentos locais e/ou sistêmicos.
Prevenção: Higienização adequada. Evitar vestimentas muito justas. Investigar e tratar
doença(s) predisponente(s). Uso de preservativo.
10.7.-Linfogranuloma Venéreo
Sinônimos: Doença de Nicolas-Favre, Linfogranuloma Inguinal, Mula, Bubão.
Agente: Chlamydia trachomatis.

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Período de Incubação 7 a 60 dias.


Conceito: O Linfogranuloma venéreo caracteriza-se pelo aparecimento de uma lesão
genital (lesão primária) que tem curta duração e que se apresenta como uma ulceração (ferida)
ou como uma pápula (elevação da pele). Esta lesão é passageira (3 a 5 dias) e frequentemente
não é identificada pelos pacientes, especialmente do sexo feminino.
Complicações/Consequências: Elefantíase do pênis, escroto, vulva. Proctite
(inflamação do reto) crônica. Estreitamento do reto.
Transmissão: Relação sexual desprotegida é a via mais frequente de transmissão. O
reto de pessoas cronicamente infectada é reservatório de infecção.
Tratamento: Sistêmico, através de antibióticos. Aspiração do bubão inguinal.
Tratamento das fístulas.
Prevenção: uso de preservativo. Higienização após o coito.
10.8.AIDS-SIDA
Sinônimos: SIDA, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, HIV-doença.
Conceito: Síndrome (uma variedade de sintomas e manifestações) causado pela
infecção crônica do organismo humano pelo vírus HIV (Human Immunodeficiency Virus). O
vírus compromete o funcionamento do sistema imunológico humano, impedindo-o de
executar sua tarefa adequadamente, que é a de protegê-lo contra as agressões externas (por
bactérias, outros vírus, parasitas e mesmo por celulas cancerígenas). Com a progressiva lesão
do sistema imunológico o organismo humano se torna cada vez mais susceptível a
determinadas infecções e tumores, conhecidas como doenças oportunísticas, que acabam por
levar o doente à morte.
Os sintomas da fase aguda são, portanto, inespecíficos e comuns a várias doenças, não
permitindo por si só o diagnóstico de infecção pelo HIV, o qual somente pode ser confirmado
pelo teste anti-HIV, o qual deve ser feito após 90 dias (3 meses) da data da exposição ou
provável contaminação.
Agente etiológico: HIV (Human Immunodeficiency Virus), com 2 subtipos
conhecidos: HIV-1 e HIV-2.
Complicações/Consequências: Doenças oportunistas, como a tuberculose miliar e
determinadas pneumonias, alguns tipos de tumores, como certos linfomas e o Sarcoma de
Kaposi. Distúrbios neurológicos.

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Transmissão: Sangue e líquidos grosseiramente contaminados por sangue, sêmem,


secreções vaginais e leite materno. Pode ocorrer transmissão no sexo vaginal, oral e anal. Os
beijos sociais (beijo seco, de boca fechada) são seguros (risco zero) quanto a transmissão do
vírus, mesmo que uma das pessoas seja portadora do HIV. O mesmo se pode dizer de apertos
de mão e abraços. Os beijos de boca aberta são considerados de baixo risco quanto a uma
possível transmissão do HIV.
Período de Incubação: De 3 a 10 (ou mais) anos entre a contaminação e o
aparecimento de sintomas sugestivos de AIDS.
Tratamento: Existem drogas que inibem a replicação do HIV, que devem ser usadas
associadas, mas ainda não se pode falar em cura da AIDS. As doenças oportunísticas são, em
sua maioria tratáveis, mas há necessidade de uso contínuo de medicações para o controle
dessas manifestações.
Prevenção: Na transmissão sexual se recomenda sexo seguro: relação monogâmica
com parceiro comprovadamente HIV negativo, uso de preservativo. Na transmissão pelo
sangue recomenda-se cuidado no manejo de sangue (uso de seringas descartáveis, exigir que
todo sangue a ser transfundido seja previamente testado para a presença do HIV, uso de luvas
quando estiver manipulando feridas ou líquidos potencialmente contaminados). Não há, no
momento, vacina efetiva para a prevenção da infecção pelo HIV. É necessário observar que o
uso do preservativo, apesar de proporcionar excelente proteção, não proporciona proteção
absoluta (ruptura, perfuração, uso inadequado etc). Repito, a maneira mais segura de se evitar
o contágio pelo vírus HIV é fazer sexo monogâmico, com parceiro(a) que fez exames e você
saiba que não está infectado(a).

10.9.Infecção por Trichomonas


Conceito: Doença infecto-contagiosa do sistema gênito-urinário do homem e genital
da mulher. No homem causa uma uretrite de manifestações em geral discretas (ardor e/ou
prurido uretral e secreção esbranquiçada, amarelada ou amarelo esverdeada), podendo
eventualmente ser ausentes em alguns e muito intensas em outros. É uma das principais
causas de vaginite ou vulvovaginite da mulher adulta podendo, porém, cursar com pouca ou
nenhuma manifestação clínica. Quando presente, manifesta-se na mulher como um
corrimento vaginal amarelo esverdeado ou acinzentado, espumoso e com forte odor

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característico. Não é incomum também ocorrer irritação na região genital bem como sintomas
miccionais que podem simular uma cistite (dor ao urinar e micções frequentes).
Sinônimos: Uretrite ou vaginite por Trichomonas, Tricomoníase vaginal ou uretral,
Uretrite não gonocócica (UNG).
Agente etiológico: Trichomonas vaginalis (protozoário).
Complicações/Consequências: Prematuridade. Baixo peso ao nascer. Ruptura
prematura de bolsa.
Transmissão: Relação sexual (principalmente). A mulher pode ser infectada tanto por
parceiros do sexo masculino quanto do sexo feminino (por contato genital). O homem por
parceiras do sexo feminino. É importante considerar aqui que mesmo a pessoa portadora da
doença, mas sem sintomas, pode transmitir a infecção.Fômites.
Período de Incubação: 10 a 30 dias, em média.
Tratamento: Quimioterápicos. O tratamento pode ser oral e local (na mulher).
Prevenção: uso de preservativo, tratamento simultâneo do(a) parceiro(a).
10.10.Infecção por Gardenerella
Sinônimos: Vaginite inespecífica. Vaginose bacteriana.
Agente etiológico: Gardnerella vaginalis.
Período de Incubação De 2 a 21 dias.
Conceito: A Gardnerella vaginalis é uma bactéria que faz parte da flora vaginal
normal (ver explicação abaixo) de 20 a 80% das mulheres sexualmente ativas. Quando, por
um desequilíbrio dessa flora, ocorre um predomínio dessa bactéria (segundo alguns autores
em associação com outros germes como bacteróides, mobiluncus, micoplasmas etc), temos
um quadro que convencionou-se chamar de vaginose bacteriana. Usa-se esse termo para
diferenciá-lo da vaginite, na qual ocorre uma verdadeira infecção dos tecidos vaginais. Na
vaginose, por outro lado, as lesões dos tecidos não existem ou são muito discretas,
caracterizando-se apenas pelo rompimento do equilíbrio microbiano vaginal normal.
Sintomatologia: A vaginose por gardnerella pode não apresentar manifestações
clínicas (sinais ou sintomas). Quando ocorrem, estas manifestações caracterizam-se por um
corrimento homogêneo amarelado ou acinzentado, com bolhas esparsas em sua superfície e
com um odor ativo desagradável. O prurido (coceira) vaginal é citado por algumas pacientes
mas não é comum. Após uma relação sexual, com a presença do esperma (de pH básico) no
ambiente vaginal, costuma ocorrer a liberação de odor semelhante ao de peixe podre. Foi

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detectada uma maior incidência da vaginose bacteriana em mulheres que tem múltiplos
parceiros sexuais. No homem pode ser causa de uretrite e, eventualmente, de balanopostite
(inflamação do prepúcio e glande). A uretrite é geralmente assintomática e raramente
necessita de tratamento. Quando presentes os sintomas restringem-se a um prurido (coceira) e
um leve ardor (queimação) miccional. Raramente causa secreção (corrimento) uretral. No
homem contaminado é que podemos falar efetivamente que se trata de uma IST.
Flora microbiana normal: Nosso organismo, a partir do nascimento, entra em contato
com germes (bactérias, virus, fungos etc) os quais vão se localizando na pele e cavidades
(boca, vagina, uretra, intestinos etc) caracterizando o que se chama de Flora Microbiana
Normal. Normal porque é inexorável e porque estabelece um equilíbrio harmônico com o
nosso organismo. Existem condições em que este equilíbrio pode se desfazer (outras
infecções, uso de antibióticos, 'stress', depressão, gravidez, uso de DIU, uso de duchas
vaginais sem recomendação médica etc) e determinar o predomínio de um ou mais de seus
germes componentes, causando então o aparecimento de uma infecção.
Complicações/Consequências: Infertilidade. Salpingite. Endometrite. DIP. Ruptura
prematura de Membranas. Aborto. Aumento do risco de infecção pelo HIV se houver contato
com o vírus. Há aumento também do risco de se contrair outras infecções como a gonorréia,
trichomoníase etc. Durante a gestação pode ser causa de prematuridade ou RN de baixo peso.
Transmissão: Geralmente primária na mulher. Sexual no homem. Pode ocorrer
também transmissão pelo contato genital entre parceiras sexuais femininas.
Tratamento: Medicamentoso (Metronidazol, Clindamicina). Pode haver cura
expontânea da doença.
Prevenção: uso de preservativo. Evitar duchas vaginais, exceto sob recomendação
médica. Limitar número de parceiros sexuais. Controles ginecológicos periódicos.

11.PARASITOSES INTESTINAIS
11.1.Ascaridíase
A ascaridíase é causada pelo Ascaris lumbricoides, verme nematelminto
(asquelminte), vulgarmente denominado lombriga, cujo corpo é alongado e cilíndrico, com as
extremidades afiladas. O comprimento varia entre 15 e 35 centímetros. Os machos

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apresentam a cauda enrolada e são menores que as fêmeas. A dimensão do corpo destes
vermes varia de acordo com o seu número e intensidade do parasitismo.
Sintomatologia: Na fase pulmonar, os principais sintomas são dificuldade respiratória,
tosse seca, febre e irritação brônquica. Na fase digestiva, ocorrem desde flatulência, dor
abdominal, cólica, digestão difícil, náusea, vômito, diarréia e até presença de vermes nas
fezes. Podem ocorrer sintomas alérgicos, como dermatoses, rinites e conjuntivites.
Complicações mais graves podem ocorrer, como a pneumonia, abscesso hepático e
choque anafilático. Nas parasitoses maciças em crianças, pode ocorrer a oclusão intestinal e
até a morte. Há outras espécies de lombrigas, como a Ascaris suum, que parasita o porco.
Profilaxia e Tratamento: As principais medidas profiláticas estão relacionadas à
higiene, tanto pessoal quanto dos alimentos e da água. No tratamento, o pamoato de pirantel e
mebendazol são muito eficazes e possuem os menores efeitos secundários. Como atuam
apenas na luz intestinal, não possuem efeitos sobre as larvas, podendo ser necessária a
administração de corticosteróides.
11.2.Giardíase
A giardíase é uma parasitose intestinal, também denominada giardose ou lamblíase,
causada pelo protozoário flagelado Giardia lamblia, que se apresenta sob duas formas: a de
trofozoíto, piriforme, com disco suctorial, dois núcleos e oito flagelos, que vive no intestino
delgado humano, e a de cisto, ovóide, tetranucleado, eliminado aos milhões com as fezes,
contaminando a água e os alimentos. É cosmopolita, sendo uma doença características das
regiões tropicais e subtropicais. A Giardia lamblia é o enteroparasita com maior número de
cistos encontrados em águas de córregos usados na irrigação de hortaliças, encontrando-se nas
populações ribeirinhas frequência considerável da protozose.
Sintomatologia: O período de incubação varia entre uma (ou menos) e 4 semanas. A
sintomatologia costuma ocorrer em 50% ou mais dos parasitados, associando-se
provavelmente a fatores, como alteração da flora intestinal podendo levar ao óbito em casos
mais graves. Na maioria das vezes, costuma ser leve ou moderada, raramente levando a óbito.
O sintoma mais comum é a diarréia, com muco e não sanguinolenta; desconforto abdominal,
cólica, flatulência, náuseas e vômitos. Pode ocorrer dor no epigástrio (acima do estômago),
simulando úlcera péptica. Esta protozoose é mais frequente em crianças com menos de dez
anos de idade, principalmente no grupo ao redor do cinco anos ou menos.

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Profilaxia e Tratamento: A prevenção consiste na educação sanitária, higiene


individual, proteção dos alimentos, tratamento da água, combate aos insetos vetores
mecânicos, como moscas, etc. O tratamento dos doentes consiste no uso de nitroimidazóis
(ormidazol).
11.3.Amebíase
A amebíase se dá pela infecção de protozoário (Entamoeba histolytica), que pode se
beneficiar de seu hospedeiro sem causar benefício ou prejuízo, ou ainda, agir de forma
invasora. Neste caso, a doença pode se manifestar dentro do intestino ou fora dele.
Sintomas: Seus principais sintomas são desconforto abdominal, que pode variar de
leve a moderado, sangue nas fezes, forte diarréia acompanhada de sangue ou mucóide, além
de febre e calafrios. Nos casos mais graves, a forma trofozoítica do protozoário pode se
espalhar pelo sistema circulatório e, com isso, afetar o fígado, pulmões ou cérebro. O
diagnóstico breve nestes casos é muitíssimo importante, uma vez que, este quadro clínico,
pode levar o paciente a morte.
Transmissão: A amebíase é transmitida ao homem através do consumo de alimentos
ou água contaminados por fezes com cistos amebianos, falta de higiene domiciliar e, também,
através da manipulação de alimentos por portadores desse protozoário.
Diagnóstico: Seu diagnóstico mais comum se dá pela presença de trozoítos ou cistos
do parasita nas fezes, mas também pode ocorrer através de endoscopia ou proctoscopia,
através da análise de abcessos ou cortes de tecido, etc.
Prevenção: Como na maioria das doenças, a melhor medida ainda é a prevenção, neste
caso, a prevenção se dá através de medidas higiênicas mais rigorosas junto às pessoas que
manipulam alimentos, saneamento básico, não consumir água de fonte duvidosa, higienizar
bem verduras, frutas e legumes antes de consumi-los, lavar bem as mãos antes de manipular
qualquer tipo de alimento, e, principalmente após utilizar o banheiro.
11.4.Teníase
A teníase é uma doença causada pela forma adulta das tênias (Taenia solium e Taenia
saginata, principalmente), com sintomatologia mais simples. As tênias também são chamadas
de "solitárias", porque, na maioria dos casos, o portador traz apenas um verme adulto. São
altamente competitivas pelo habitat e, sendo hermafroditas com estruturas fisiológicas para
autofecundação, não necessitam de parceiros para a cópula e postura de ovos.

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Sintomatologia: Muitas vezes a teníase é assintomática. Porém, podem surgir


transtornos dispépticos, tais como: alterações do apetite (fome intensa ou perda do apetite),
enjôos, diarréias frequentes, perturbações nervosas, irritação, fadiga e insônia.
Profilaxia e Tratamento: A profilaxia consiste na educação sanitária, em cozinhar bem
as carnes e na fiscalização da carne e seus derivados (linguiça, salame, chouriço, etc.). O
tratamento consiste na aplicação de dose única (2g) de niclosamida. Podem ser usadas outras
drogas alternativas, como diclorofeno, mebendazol, etc. O chá de sementes de abóbora é
muito usado e indicado até hoje por muitos médicos, especialmente para crianças e gestantes.

12.MICOSES
12.1.Micoses superficiais da pele
As micoses superficiais da pele, em alguns casos chamadas de "tineas", são infecções
causadas por fungos que atingem a pele, as unhas e os cabelos. Os fungos estão em toda parte
podendo ser encontrados no solo e em animais. Até mesmo na nossa pele existem fungos
convivendo "pacificamente" conosco, sem causar doença. A queratina, substância encontrada
na superfície cutânea, unhas e cabelos, é o "alimento" para estes fungos. Quando encontram
condições favoráveis ao seu crescimento, como: calor, umidade, baixa de imunidade ou uso
de antibióticos sistêmicos por longo prazo (alteram o equilíbrio da pele), estes fungos se
reproduzem e passam então a causar a doença.
Manifestações clínicas: Existem várias formas de manifestação das micoses cutâneas
superficiais, dependendo do local afetado e também do tipo de fungo causador da micose. Os
tipos mais frequentes são:
- Tinea do corpo ("impingem"): forma lesões arredondadas, que coçam e se iniciam por ponto
avermelhado que se abre em anel de bordas avermelhadas e descamativas com o centro da
lesão tendendo à cura.
- Tinea da cabeça: mais frequente em crianças, forma áreas arredondadas com falhas nos
cabelos, que se apresentam cortados rente ao couro cabeludo nestes locais (tonsurados). É
muito contagiosa.
- Tinea dos pés: causa descamação e coceira na planta dos pés que sobe pelas laterais para a
pele mais fina.

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- Tinea interdigital ("frieira"): causa descamação, maceração (pele esbranquiçada e mole),


fissuras e coceira entre os dedos dos pés. Bastante frequente nos pés, devido ao uso constante
de calçados fechados que retém a umidade, também pode ocorrer nas mãos, principalmente
naquelas pessoas que trabalham muito com água e sabão.
- Tinea inguinal ("micose da virilha, jererê"): forma áreas avermelhadas e descamativas com
bordas bem limitadas, que se expandem para as coxas e nádegas, acompanhadas de muita
coceira.
- Micose das unhas (onicomicose): apresenta-se de várias formas como descolamento da
borda livre da unha, espessamento, manchas brancas na superfície ou deformação da unha.
Quando a micose atinge a pele ao redor da unha, causa a paroníquia ("unheiro"). O contorno
ungueal fica inflamado, dolorido, inchado e avermelhado e, por consequência, altera a
formação da unha, que cresce ondulada.
- Intertrigo candidiásico: provocado pela levedura Candida albicans, forma área avermelhada,
úmida que se expande por pontos satélites ao redor da região mais afetada e, geralmente,
provoca muita coceira.
- Pitiríase versicolor ("micose de praia, pano branco"): forma manchas claras recobertas por
fina descamação, facilmente demonstrável pelo esticamento da pele. Atinge principalmente
áreas de maior produção de oleosidade como o tronco, a face, pescoço e couro cabeludo.
- Tinea negra: manifesta-se pela formação de manchas escuras na palma das mãos ou plantas
dos pés. É assintomática.
- Piedra preta: esta micose forma nódulos ou placas de cor escura grudados aos cabelos. É
assintomática.
- Piedra branca: manifesta-se por concreções de cor branca ou clara aderidas aos pêlos. Atinge
principalmente os pêlos pubianos, genitais e axilares e as lesões podem ser removidas com
facilidade puxando-as em direção à ponta dos fios.
Prevenção: Hábitos higiênicos são importantes para se evitar as micoses. Previna-se
seguindo as dicas abaixo:
* Seque-se sempre muito bem após o banho, principalmente as dobras de pele como as
axilas, as virilhas e os dedos dos pés.
* Evite ficar com roupas molhadas por muito tempo.
* Evite o contato prolongado com água e sabão.

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* Não use objetos pessoais (roupas, calçados, pentes, toalhas, bonés) de outras
pessoas.
* Não ande descalço em pisos constantemente úmidos (lava pés, vestiários, saunas).
* Observe a pele e o pêlo de seus animais de estimação (cães e gatos). Qualquer
alteração como descamação ou falhas no pêlo procure o veterinário.
* Evite mexer com a terra sem usar luvas.
* Use somente o seu material de manicure.
* Evite usar calçados fechados o máximo possível. Opte pelos mais largos e
ventilados.
* Evite roupas quentes e justas. Evite os tecidos sintéticos, principalmente nas roupas
de baixo. Prefira sempre tecidos leves como o algodão.
Tratamento: O tratamento vai depender do tipo de micose e deve ser determinado por
um médico dermatologista. Evite usar medicamentos indicados por outras pessoas, pois
podem mascarar características importantes para o diagnóstico correto da sua micose,
dificultando o tratamento. Podem ser usadas medicações locais sob a forma de cremes, loções
e talcos ou medicações via oral, dependendo da intensidade do quadro. O tratamento das
micoses é sempre prolongado, variando de cerca de 30 a 60 dias. Não o interrompa assim que
terminarem os sintomas, pois o fungo nas camadas mais profundas pode resistir. Continue o
uso da medicação pelo tempo indicado pelo seu médico. As micoses das unhas são as de mais
difícil tratamento e também de maior duração, podendo ser necessário manter a medicação
por mais de doze meses. A persistência é fundamental para se obter sucesso nestes casos.

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13.AÇÕES DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA EM RELAÇÃO A PRODUTOS


ALIMENTARES ,DOMICILIARES, MEDICAMENTOS, SERVIÇOS DE SAÚDE E
MEIO AMBIENTE
13.1.Ações da vigilância sanitária
Agrotóxicos e toxicologia: Envolve a verificação da qualidade, da eficácia e da
segurança de agrotóxicos, pesticidas e similares.
Alimentos: Envolve o registro de alguns tipos de alimento e a fiscalização de
estabelecimentos de comércio de alimentos - restaurantes, lanchonetes, bares, supermercados
etc.
Cosméticos: Envolve a verificação da qualidade, da eficácia e da segurança de
cosméticos - shampoos, cremes, alisantes etc.
Inspeção: Envolve a inspeção de empresas que produzem ou comercializam produtos
ou serviços que podem afetar a saúde da população, como indústrias de medicamentos, de
produtos de limpeza etc.
Medicamentos: Envolve a verificação da qualidade, da eficácia e da segurança de
medicamentos, tanto antes da produção, quanto após a comercialização, para verificar a
existência de efeitos colateriais não previstos (a chamada farmacovigilância).
Monitoração da Propaganda: Envolve a fiscalização da propaganda de produtos
relacionados à saúde, como medicamentos, alimentos etc.
Portos, Aeroportos e Fronteiras: Envolve a fiscalização dos produtos, meios de
transporte e viajantes que saem e entram no país por meio de seus portos, aeroportos e
fronteiras.
Produtos para a saúde: Envolve a vigilância de diversos produtos médico-hospitalares,
desde seringas até equipamentos de tomografia. Assim como os medicamentos, a Anvisa
acompanha esses produtos desde sua produção até após sua comercialização, para certificar
que estão funcionando de maneira correta (a chamada tecnovigilância).
Regulação de preços: Envolve a monitoração dos preços de medicamentos e outros
produtos que podem afetar a saúde da população.
Relações Internacionais: Envolve a manutenção de relação da Anvisa com outros
países.
Saneantes: Envolve a verificação da qualidade, da eficácia e da segurança de produtos
de limpeza.

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Laboratórios: Envolve a fiscalização dos laboratórios que fazem as análises científicas


de produtos sujeitos à vigilância sanitária.
Sangue, tecidos e órgãos: Envolve a verificação da qualidade e da segurança de
sangue, tecidos e órgãos para transfusão e transplantes.
Serviços de saúde: Envolve a fiscalização sanitária de hospitais, clínicas etc.
Fumo: Envolve o controle dos produtos de tabaco comercializados no país e o
combate ao tabagismo.
13.2.Recursos da Comunidade para ações coletivas (estratégias)
• Meio de Controle Social;
• De Auto-Ajuda;
• Parceria Decisória.
13.3.PNI - Programa Nacional de Imunização
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) visa contribuir para o controle ou
erradicação das doenças infecto-contagiosas e imunopreviníveis, tais como a poliomielite
(paralisia infantil), sarampo, difteria, tétano, coqueluche, tuberculose e outras, mediante a
imunização sistemática da população. O Programa foi formulado em 1973, a partir de uma
proposta básica elaborada por técnicos do Departamento Nacional de Profilaxia e Controle de
Doenças (Ministério da Saúde e da Central de Medicamentos CEME - Presidência da
República) e renomados sanitaristas e infectologistas.
O P.N.I é parte integrante do Programa da Organização Mundial de Saúde, com o
apoio técnico, operacional e financeiro da UNICEF e contribuições do Rotary.
O objetivo fundamental do P.N.I é possibilitar aos gestores envolvidos no programa
uma avaliação dinâmica do risco quanto à ocorrência de surtos ou epidemias, a partir do
registro dos imunos aplicados e do quantitativo populacional vacinado, que são agregados por
faixa etária, em determinado período de tempo, em uma área geográfica. Por outro lado,
possibilita também o controle do estoque de imunos necessário aos administradores que têm a
incumbência de programar sua aquisição e distribuição.
Cadeia de frio: Os procedimentos utilizados para garantir a qualidade dos imunobiológicos
durante o armazenamento, conservação, manipulação, distribuição e transporte - desde sua
produção até o momento em que serão administrados - formam o que denominamos cadeia ou
rede de frio. Os produtos imunológicos produzidos pelo laboratório produtor,constantes do

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Programa Nacional de Imunizações, são distribuídos para as cadeias de frio de esfera estadual
e municipal , e depois para os centros de saúde e PSFs.

Calendário de Imunização
Realize uma pesquisa através de fontes atualizadas para responder aos quadros abaixo:
Calendário Básico de Vacinação da Criança

IDADE VACINAS DOSES DOENÇAS EVITADAS

Ao nascer

2 meses

4 meses

6 meses

9 meses

12 meses

15 meses

4 - 6 anos

6 a 10 anos

10 anos

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Calendário de Vacinação do Adolescente

IDADE VACINAS DOSES DOENÇAS EVITADAS

Calendário de Vacinação do Adulto e do Idoso

IDADE VACINAS DOSES DOENÇAS EVITADAS

A partir de 20 anos

a cada 10 anos por


toda a vida

60 anos ou mais

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14.SINAN- SISTEMA NACIONAL DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO


Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) é o sistema que reúne todas os
dados relativos aos agravos de notificação, alimentado pelas notificações compulsórias.
Lista de Doenças de Notificação Compulsória
I. Botulismo II. Carbúnculo ou Antraz III. Cólera IV. Coqueluche V. Dengue VI.
Difteria VII. Doença de Creutzfeldt - Jacob VIII. Doenças as (casos agudos) IX. Doença
Meningocócica e outras Meningites X.Esquistossomose (em área não endêmica) XI. Eventos
Adversos Pós-Vacinação XII.Febre Amarela XIII. Febre do Nilo Ocidental XIV. Febre
Maculosa XV. Febre Tifóide XVI. Hanseníase XVII. Hantavirose XVIII. Hepatites Virais
XIX. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana - HIV em gestantes e crianças expostas
ao risco de transmissão vertical XX. Influenza humana por novo subtipo (pandêmico) XXI.
Leishmaniose Tegumentar Americana XXII. Leishmaniose Visceral XXIII.Leptospirose
XXIV. Malária XXV. Meningite por Haemophilus influenzae XXVI. Peste
XXVII.Poliomielite XXVIII.Paralisia Flácida Aguda XXIX.Raiva Humana XXX.Rubéola
XXXI.Síndrome da Rubéola Congênita XXXII. Sarampo XXXIII. Sífilis Congênita XXXIV.
Sífilis em gestante XXXV. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS XXXVI.
Síndrome Febril Íctero-hemorrágica Aguda XXXVII. Síndrome Respiratória Aguda Grave
XXXVIII. Tétano XXXIX. Tularemia XL. Tuberculose XLI. Varíola

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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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