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• Polícia Militar da Bahia - PMBA

• Centro de Formação e
Aperfeiçoamento de Praças - CFAP

• Divisão de Ensino

CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS

Apostila de Policiamento Ostensivo Geral (POG) – Módulo I

Salvador / Bahia - Brasil, 28 de Junho de 2021


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Direitos desta edição reservados ao

CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇAS - CFAP ©


ESTABELECIMENTO CEL PM JOSÉ IZIDRO DE SOUZA NETO
Criado em 06/03/1922, com missã o de formar exclusivamente Graduados
instituída atravé s de publicaçã o do Estado da BAHIA, Lei nº 20.508 de
19/12/1967.

Direção do CFAP
Diretor - Cel PM Alfredo José Souza Nascimento
Diretor Adjunto -Ten Cel PM Lucas Miguez Palma

Equipe Pedagógica
Chefe da Divisã o de Ensino: Maj PM Helena Carolina Jones da Cunha
Coordenadora dos Batalhõ es-Escola: Maj PM Karina Silva Seixas
Instrutor–Chefe: Cap PM Guttemberg Loiola de Carvalho dos Santos
Seçã o Té cnica Pedagó gica e Design: Sub Ten PM Karina da Hora Farias
Seçã o Té cnica Pedagó gica: Sub Ten PM Lindinalva Brito da Silva

Créditos de Autoria e Atualização


Apostila Revisada e Atualizada pelo Maj PM Alexandre Augusto de Andrade Lopes.
Colaboraçã o anterior do Cap PM André Luis Alvares Seixas.

VENDA PROIBIDA. A reproduçã o e divulgaçã o do material é permitida mediante citaçã o da


fonte;nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmo transmitida
por meios eletrô nicos ou gravaçõ es, para fins nã o educacionais, comerciais ou ilícitos. Os infratores
serão punidos com base na Lei nº 9.610/98.

Impresso no Brasil / Printed in Brazil


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1. CONCEITO E MISSÃO CONSTITUCIONAL DA POLÍCIA MILITAR

A Polícia Militar é uma organizaçã o lastreada no princípio da hierarquia e


disciplina, que tem por objetivo a preservaçã o e manutençã o da Ordem Pública
atravé s do policiamento ostensivo, para promoçã o do bem comum. Possui cará ter
militar, com vinculaçã o ao Exé rcito Brasileiro (EB) na condiçã o de Força Auxiliar,
poré m, é subordinada aos Governadores dos Estados Federados do Brasil.
A Constituiçã o da Repú blica Federativa do Brasil (CRFB) de 1988 classifica a
segurança como um DIREITO SOCIAL e dedica a esse assunto um capítulo
intitulado “DA SEGURANÇA PÚ BLICA”.
No tocante à s Polícias Militares (CRFB, art. 144, inciso V), estabelece que a sua
competê ncia está na execuçã o da polícia ostensiva para a preservaçã o
da ordem pú blica e incolumidade das pessoas.

Art. 144. A segurança pú blica, DEVER do Estado, DIREITO e


responsabilidade de todos, é exercida para a preservaçã o da ordem
pú blica e DA INCOLUMIDADE DAS PESSOAS E DO
PATRIMÔNIO, através dos seguintes ó rgã os:

I - polícia federal;
II - polícia rodoviá ria federal;
III - polícia ferroviária
federal; IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
(Redaçã o dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)

§ 8º Os Municípios poderã o constituir guardas municipais


destinadas à proteçã o de seus bens, serviços e instalaçõ es, conforme
dispuser a lei. Grifo nosso (BRASIL, 1988)

A Polícia existe para defender os anseios da coletividade, dos bens jurídicos


relevantes como a paz social, a incolumidade das pessoas e A PERPETUAÇÃO DA
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VIDA, logo, bens jurídicos essenciais que devem ser tutelados para perpetuaçã o da
espé cie humana.
As atividades policiais devem estar fundamentadas nos valores
principioló gicos existentes na Constituiçã o Federal, na Constituiçã o Estadual, nos
princípios da Administraçã o Pú blica e demais institutos legais que visam à garantia
dos direitos humanos coletivos e individuais, com forte apelo à dignidade da pessoa
humana.
Apesar de todos os entraves ao alcance dessa missã o, é importante conscientizar-
se de que esse é o objetivo a ser buscado e alcançado pela Polícia Militar do Estado
da Bahia.
Para fins didá ticos observem que houve significativas mudanças no quadro
geral da Segurança Pú blica brasileira, tendo sido acrescentado a funçã o de Guarda
Municipal em 2014 e em 2019, a funçã o de Polícia Penitenciá ria, através da Emenda
Constitucional 104.

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 104, DE 4 DE DEZEMBRO DE 2019

Altera o inciso XIV do caput do art. 21, o § 4º


do art. 32 e o art. 144 da Constituiçã o
Federal, para criar as polícias penais federal,
estaduais e distrital.

Art. 3º O art. 144 da Constituiçã o Federal passa a vigorar com as


seguintes alteraçõ es:
Art. 144 [...]

VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.


...
§ 5º-A. À s polícias penais, vinculadas ao ó rgã o administrador do
sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança
dos estabelecimentos penais.
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças
auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as
polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territó rios.
(BRASIL, 2019)
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1.1. CONCEITOS DO Â MBITO POLICIAL

• SEGURANÇA PÚ BLICA: É a garantia que o Estado (Uniã o, Unidades Federativas e


Municípios), proporciona as pessoas, a fim de assegurar ordem pú blica, contra a
violaçã o de toda espé cie aos bens jurídicos mais relevantes da naçã o.

• ORDEM PÚ BLICA: Conjuntos de regras formais, coativas, que emanam do


ordenamento jurídico da Naçã o, tendo por escopo regular as relaçõ es sociais em
todos os níveis e estabelecer um clima de convivê ncia harmoniosa e pacifica.
Constitui, assim, uma situaçã o ou condiçã o que conduz ao bem comum.

• MANUTENÇÃ O DA ORDEM PÚ BLICA - É o exercício dinâ mico do poder de


polícia, no campo de segurança pú blica, manifestado por atuaçõ es
predominantemente ostensivas, visando a prevenir e/ou reprimir os eventos que
violem essa Ordem para garantir sua normalidade.

• POLICIAMENTO OSTENSIVO - É a atividade de Manutençã o da Ordem Pú blica


executada com exclusividade pela Polícia Militar, observando características,
princípios e variá veis pró prias, visando atranquilidade pú blica.

• TRANQUILIDADE PÚ BLICA - É o está gio em que a comunidade se encontra num


clima de convivê ncia harmoniosa e pacifica, representando assim uma situaçã o de
bem-estar social.

• DEFESA PÚ BLICA - É o conjunto de medidas adotadas para superar antagonismos


ou pressõ es, sem conotaçõ es ideoló gicas, que se manifestam ou produzem efeitos no
â mbito interno do País, de forma a evitar, impedir ou eliminar a prá tica de atos que
perturbem a ordem pú blica.

• TÁ TICA POLICIAL MILITAR– É o emprego doutriná rio da tropa em açõ es e/ou


operaçõ es policiais militares.

• TÉ CNICA POLICIAL MILITAR - É o conjunto de mé todos e procedimentos usados


para a execuçã o eficiente das atividades policiais militares.

• Á REA - É o espaço físico atribuído à responsabilidade de um Batalhã o de Polícia


Militar (BPM) ou Regimento de Polícia Montada.
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• SUB-Á REA - É o espaço físico atribuído a responsabilidade de uma Companhia PM


(Cia PM) ou Esquadrã o de Polícia Montada (por exemplo Esqd. P. Mont.).

• SETOR - É o espaço físico atribuído a responsabilidade de um Pelotã o PM (Pel PM).

• SUB-SETOR - É o espaço físico atribuído a responsabilidade de um Grupo PM


(GPM).

• POSTO - É o espaço físico, delimitado, atribuído a responsabilidade de fraçã o


elementar ou constituída, atuando em permanê ncia e/ou patrulhamento.

• ITINERÁ RIO - É o trajeto, que interliga Pontos-Base no Posto, percorrido


obrigatoriamente pela fraçã o.

• LOCAL DE RISCO - É todo local que, por suas características, apresente grande
possibilidade de ocorrê ncia policial-militar.

• OCORRÊ NCIA POLICIAL MILITAR - É todo fato que exige intervençã o policial-
militar, por intermé dio de açõ es ou operaçõ es.

• AÇÃ O POLICIAL MILITAR - É o desempenho isolado de fraçã o elementar ou


constituída com autonomia para cumprir missõ es rotineiras.

• OPERAÇÃ O POLICIAL MILITAR - É a conjugaçã o de açõ es, executada por fraçã o


de tropa constituída que exige planejamento especifico.

• FRAÇÃ O ELEMENTAR - Fraçã o de tropa, de até trê s policiaismilitares (PM), que


nã o constitua Grupo Policial-Militar (GPM), para emprego coordenado.

• FRAÇÃ O CONSTITUÍDA - É a tropa com efetivo mínimo de 01 (um) GPM.

1.2. FUNDAMENTOS DA ATIVIDADE POLICIAL

a) Ordem Pública:
Conjunto de regras formais, coativas, que visam estabelecer um clima de convivê ncia
harmoniosa e pacífica entre os cidadã os;

b) Segurança Pública:
A garantia que o Estado proporciona a Naçã o a fim de assegurar a Ordem Pú blica contra
violaçõ es de toda espécie;
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c) Tranquilidade Pública:
Está gio em que a comunidade se encontra em uma situaçã o de bem estar social;

d) Manutenção da Ordem Pública:


Exercício dinâmico do Poder de Polícia através de açõ es predominantemente ostensivas que
visam à garantia da coexistência pacífica.

1.3. ORGANOGRAMA DA SEGURANÇA PÚ BLICA NA BAHIA

No Estado da Bahia a Secretaria de Segurança Pú blica se subdivide em diversos


ó rgã os e instituiçõ es policiais e nã o policiais, tem como missã o “Preservar a ordem
pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio” e como Visã o “Ser reconhecida
nacionalmente, até 2025, pela excelência da qualidade dos serviços de segurança pú blica
cidadã e pela efetiva contribuiçã o para a reduçã o dos índices de criminalidade”.
Possuindo como Valores, Servir e proteger; Respeito à vida, à cidadania e aos
Direitos Humanos; Honestidade; Integraçã o; Coragem; Aprimoramento Té cnico
profissional; É tica; Tradiçã o; Responsabilidade Social; Tecnicidade. Notem tais
valores sã o estendidos a todos os seus subordinados, logo, emanam també m a
Polícia Militar e seus agentes.
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ORGANOGRAMA DA SECRETÁRIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DA BAHIA

Fonte: Secretaria de Segurança Pública da Bahia – 28 Junho 20211

1.4 AÇÕ ES E OPERAÇÕ ES POLICIAIS MILITARES

Trata-se de estraté gia organizacional da Instituiçã o Policial Militar para


combater inú meras formas de delinquê ncia, especialmente relacionadas à atuaçã o
das organizaçõ es criminosas específicas como narcotrá fico, trá fico de armas, trá fico
de pessoas, redes ilegais de prostituiçã o ou ainda, visa combater a açã o de qualquer

1
Disponível em http://www.ssp.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=41
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indivíduo ou grupo, contrá rio à s leis, em especial ferindo as leis penais


estabelecidas,
para o convívio pacífico.

No campo policial, estas açõ es envolvem a organizaçã o de recursos té cnicos e


humanos em um complexo desdobramento territorial (virtual ou físico), de modo a
nã o levantar suspeita dos grupos ilegais, antes da ocorrê ncia da operaçã o, logo,
nesse
contexto, visa à prisã o e/ou a prevençã o “surpresa” de determinado evento
criminoso e, esse fato surpresa é preponderante para o sucesso da operaçã o policial
militar.

Frequentemente, estas estraté gias recebem um nome chave, é empregada uma


palavra operaçã o seguida de um conceito relacionado ao crime em questã o que se
busca coibir ou alusã o ao período de aplicaçã o da operaçã o, bem como, o bem
jurídico específico que se deseja proteger (Operaçã o “Bahia em Paz”, Operaçã o
“Verã o”, Operaçã o “Blitz Lei Seca”, Operaçã o “Corpus Christi”).

O nome de uma operaçã o serve a polícia para referir-se a ela sem levantar
suspeitas e, ao mesmo tempo, é utilizada pelos meios de comunicaçã o quando essa
operaçã o já é conhecida pela opiniã o pú blica, a fim de demonstrar seus resultados
junto à sociedade.

Um exemplo interessante é a execuçã o de uma Operaçã o de “Blitz”


[Policiamento Ostensivo de Trâ nsito] visto que possui uma peculiaridade singular,
pode ser desencadeada sob duas vertentes distintas: a primeira com um cará ter
meramente ADMINISTRATIVO (fiscalizaçã o de documentos e regularidade do
veículo e do condutor em via pú blica) e a outra, sob o cará ter da prevençã o e
repressã o PENAL.Nã o é correto chamar de ‘Operaçã o’ qualquer emprego policial
que ocorra dentro da normalidade, isso é o serviço ordiná rio; mas sim, aquelas
operaçõ es que ocorrem com objetivo e temporalidade específica.

Nã o obstante, alé m de promover suas pró prias operaçõ es de prevençã o e


repressã o da criminalidade, bem como, administrativas a PMBA sempre concebe
apoio à s operaçõ es de diversos outros ó rgã os como o Ministé rio Pú blico.

Em especial, em conjunto com o Grupo de Atuaçã o Especial de Combate ao


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Crime Organizado – GAECO (Ex: Op. de combate a roubo a bancos), apoio à


Fazenda Pú blica (Op. de combate a sonegaçã o fiscal), à Polícia Civil (repressã o a
roubo de carros), à Polícia Federal (Op. “Cartã o Vermelho” que investiga
superfaturamento nas obras da Arena Fonte Nova em Salvador), Polícia Rodoviá ria
Federal (Operaçã o Ré veillon), IBAMA (Op. Contra trá fico de animais), Vigilâ ncia
Sanitá ria /Agê ncia Estadual de Defesa Agropecuá ria da Bahia - ADAB (Op. “Carro
de Boi"), que visou combater roubo de gado e carne clandestina, entre outros.

Para fins didá ticos, o Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas


e Investigações Criminais(GAECO) é ó rgã o do Ministério Pú blico criado pela
Resoluçã o nº 004/2006 do Colégio de Procuradores de Justiça do Estado da Bahia e
tem por atribuiçã o oficiar nas representaçõ es, procedimentos investigató rios,
inquéritos policiais e processos destinados a identificar e reprimir as organizaçõ es
criminosas, coletando elementos de prova, frente à ocorrência de prá ticas criminosas
ou ilícitas de maior dimensã o ou complexidade, ou que importem maior gravame à
coletividade.
Deste modo, compete també m ao GAECO combater a açã o de AGENTES
PÚBLICOS de qualquer instituiçã o (inclusive de policiais militares), que integrem
organizaçõ es criminosas e grupos de extermínio, realizando, em caso de
necessidade, trabalho em conjunto com ó rgã os de Segurança Pú blica. O perfil do
grupo é de atuaçã o discreta e de resultados, sempre buscando agilidade e
efetividade na investigaçã o e persecuçã o dos crimes, de forma a embasar uma
prestaçã o jurisdicional segura e uma atuaçã o ministerial voltada para o efetivo
combate ao crime organizado no â mbito do Estado da Bahia.

1.5 IMPACTOS DA ATUAÇÃ O POLICIAL NA VIDA DA COMUNIDADE

A Polícia Militar sempre aparece através de açõ es e operaçõ es junto à sociedade


para evitar crimes e, apesar de nã o ser a ú nica responsá vel pela segurança pú blica,
possui a funçã o mais á rdua que as demais instituiçõ es, visto que busca o
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cumprimento das leis e regras sociais junto pela sociedade, coibindo desvios de
conduta, restringindo direitos em pró da coletividade, impactando de sobremodo
na vida da comunidade.
É comum ouvir acusaçõ es de abusos à s operaçõ es policiais militares por parte
de diversos segmentos da sociedade, pautada em uma tradiçã o generalista e
negativa de que a Polícia é ineficiente, corrupta e corruptível, nem sempre
verdadeiras, poré m, como modo de especializar a tropa as operaçõ es policiais
militares devem seguir os preceitos fundamentados dos direitos humanos e da
limitaçã o do uso da força, dentro da perspectiva dosriscos presentes,
proporcionalidade e razoabilidade a que estã o submetidos.
Com a Constituiçã o de 1988 a atuaçã o de uma Polícia ditatorial tornou-se
inconcebível passando a ter o respaldo legal para atuar a Polícia cidadã , logo, a
tortura (posiçã o de dor física ou psicoló gica mediante crueldade para obtençã o de
confissã o ou informaçã o), transformou-se em crime INAFIANÇÁVEL E
INSUSCETÍVEL DE GRAÇA OU ANISTIA podendo alcançar sançã o penal e
administrativa, todo e qualquer policial militar que vier a utilizá -la como meio de
trabalho, ao contrá rio senso os policiais hoje precisam estar perto da comunidade
em um processo de colaboraçã o para combater com eficiê ncia o crime organizado.
É importante salientar o papel da polícia nã o é apenas voltados para incidentes
criminais como versa Greene (2002, p.47), també m auxilia as pessoas nas mais
diversas situaçõ es, como acidentes, pessoas feridas, mordidas de animais, tentativa
de suicídio, em acidentes automobilísticos, perdidas, dentre outras; muitas vezes
bastando um aceno ou um olhar para o policial passar a servir como mediador de
conflitos sociais, intervindo em situaçõ es importantes com procedimentos de
atuaçã o devem se pautar na defesa social.
Os procedimentos policiais que impactam na vida da comunidade devem se
pautar no respeito aos direitos fundamentais constitucionais, à diversidade,
inclusive é tnica e cultural, bem como, na atençã o para causar o menor impacto
possível na vida das pessoas.
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1.6 FUNDADA SUSPEITA NO TRABALHO POLICIAL

Apesar de ser um termo amplo e nã o objetivamente delimitado, visto a gama de


situaçõ es nas quais podem surgir, a Polícia Militar do Estado de Sã o Paulo (PINC,
2006, p. 33), realizou uma definiçã o para atitude suspeita no intuito de orientar a
conduta dos policiais militares nas suas açõ es de á rea.
Nesse contexto, a(s) atitude(s) suspeita(s) é “todo comportamento anormal ou
incompatível com o horário e o ambiente considerados, praticado por pessoa(s), com a
finalidade de encobrir ação ou intenção de pratica delituosa” (PINC, 2006, p. 33). São
exemplos (nã o exaustivos):
Para Araujo (2008), as circunstâ ncias mais comuns de suspeiçã o policial definem-
se a partir de três elementos principais: LUGAR SUSPEITO, SITUAÇÃO SUSPEITA e
CARACTERÍSTICAS SUSPEITAS, logo,“embora a suspeita esteja fundada na atitude, é
o fator comportamental associado ao ecológico que despertará a atenção do policial”. (PINC,
2006, p. 33)
Entretanto, o policial nã o pode esquecer-se das regras que regem sua atuaçã o
policial, sendo inconcebível o cometimento de ABUSO DE AUTORIDADE pelo
profissional, como ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual,
sem formalidades e com abuso, extrapolando os atributos de sua funçã o; submeter
pessoa sob guarda ou custó dia a vexame ou a constrangimento nã o autorizado em lei
e ato lesivo da honra ou patrimô nio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado
com abuso ou desvio de poder, ou sem competência legal. (Artigo 4º da Lei nº 4.898
de 09 de Dezembro de 1965).
Ainda, com o agravante do art. 6º, § 5º da mesma lei: “Quando o abuso for
cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser
cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer funções de
natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco
anos.”(BRASIL, 1965)
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No tocante ao USO DA FORÇA POLICIAL, o Brasil como membro da


Organizaçã o das Naçõ es Unidas (ONU) está vinculado à s resoluçõ es que criaram o
Có digo de Conduta (CCEAL) e os princípios bá sicos sobre a utilizaçã o da força e de
armas de fogo pelos funcioná rios responsá veis pela aplicaçã o da lei (PBUFAF). Os
princípios bá sicos sobre o uso da força e arma de fogo pelos policiais identifica como
princípios fundamentais: a legalidade, a necessidade e a proporcionalidade na açã o
policial.
O treinamento policial é um processo de assimilaçã o de conhecimentos
culturais e té cnicos em curto prazo, que objetiva repassar ou reciclar
conhecimentos, habilidades ou atitudes relacionados diretamente a procedimentos
operacionais relacionados com o uso da força. O policial tem de estar apto a cumprir
seu dever de aplicaçã o da lei e de prestaçã o de assistê ncia com poder e autoridade,
administrando do uso da força.
Segundo Araujo (2008), o policial treinado auxilia a organizaçã o policial a
alcançar os seus objetivos institucionais, produzindo um estado de mudança no
policial, modificando a bagagem particular de cada um proporcionando
oportunidade aos funcioná rios de todos os níveis para obterem conhecimentos,
habilidades e competê ncias que vã o se refletir em atitudes.
O uso de arma de fogo é permitido na autodefesa ou na defesa de outros,
contra a ameaça iminente de morte ou ferimento grave, ou para prender uma
pessoa que exibe esse tipo de ameaça, quando os meios menos extremados forem
insuficientes. O uso letal intencional de arma de fogo é proibido, exceto quando
estritamente inevitá vel para proteger a vida.
Nesse contexto, é importante conhecer os princípios do uso da força que deve
estar presente nas abordagens policiais, modo progressivo, realizando as perguntas
que limitarã o a sua açã o em dado evento, como se segue:

LEGALIDADE – Obediência irrestrita as leis postas e que os policiais estã o


subordinados, vinculados obrigatoriamente. (É legal a açã o que estou
desenvolvendo?)
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NECESSIDADE - Estrita observâ ncia a necessidade de se utilizar a força para


reprimir a injusta agressã o pessoal ou a terceiros. (Mesmo sendo legal, é necessá ria
nesse contexto?)

PROPORCIONALIDADE – Uso da força de modo proporcional ao emprego da


violê ncia utilizada pelo suspeito. (É proporcional a força que está sendo empregado
pelo agente?)

CONVENIÊ NCIA - Juízo de valor se vale à pena, se é conveniente usar a força em


detrimento do contexto de violê ncia apresentado.(É conveniente realizar essa
dimensã o de força, nessa situaçã o específica?)

MODELO DO USO DIFERENCIADO DA FORÇA

(USO PROGRESSIVO)
A depender do tipo de ameaça por parte do cidadã o durante a abordagem, o policial
militar deverá atuar e reagir com força proporcional à conduta do agente suspeito,
logo, se o cidadã o abordado atua de modo cooperativo, mas, com resistê ncia verbal,
o PM deve atuar apenas com a verbalizaçã o. A força letal usada pelo policial deve ser
exclusivamente usada de modo excepcional para resguardar sua pró pria vida em
casos extremos.

QUADRO 1 - MODELO DO USO DIFERENCIADO DA FORÇA

Fonte: SENASP, 2009.


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2. POLICIAMENTO OSTENSIVO GERAL

Como preconiza o novo Manual de Doutrina de Polícia Ostensiva da Polícia


Militar da Bahia – MDPO, conforme aprovaçã o da Portaria nº 100-CG/2020,
publicado no BGO nº 195, de 19 de Outubro de 2020, que visou modernizar a
temá tica; considera que o policiamento ostensivo é a prioridade de atuaçã o da
Corporaçã o, visto que está estabelecido no arcabouço constitucional, conhecer suas
peculiaridades se faz totalmente necessá rio a todos, portanto conheça-o de modo a
dominar seus ensinamentos.

2.1. DEFINIÇÃ O DE POLICIAMENTO OSTENSIVO GERAL

É a atividade de Manutençã o da Ordem Pú blica executada com exclusividade pela


Polícia Militar, observando características, princípios e variá veis pró prias, visando
à tranquilidade pú blica.
2.2. CARACTERÍSITCAS
Sã o aspectos gerais que revestem a atividade policial-militar, identificam o campo
de atuaçã o e as razõ es de seu desencadeamento.

2.2.1. IDENTIFICAÇÃ O:
O PO é a atividade de Manutençã o da Ordem Pú blica em cujo emprego a fraçã o é
identificada de relance pela farda ou formas complementares;
2.2.2. AÇÃ O PÚ BLICA:
O PO é exercido visando a preservar o interesse geral da Segurança Pú blica nas
comunidades, resguardando o bem comum em sua maior amplitude. Nã o se
confunde com zeladoria nem com segurança pessoal de indivíduos sob ameaça.

2.2.3. TOTALIDADE:
O PO deve fazer frente a toda e qualquer ocorrê ncia, quer por iniciativa pró pria,
quer por solicitaçã o, quer por determinaçã o.
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2.2.4. LEGALIDADE:
As atividades de PO desenvolvem-se dentro dos limites que a Lei estabelece. Ele é
discricioná rio, nã o arbitrá rio.

2.2.5. AÇÃ O DE PRESENÇA:


É açã o que produz uma sensaçã o de segurança, por parte da comunidade, pela
certeza de cobertura da Polícia que pode ser Real ou Potencial:
Real: presença física nos locais com maior possibilidade de incidê ncia de crimes;
Potencial: capacidade de, em tempo mínimo, acorrer a local onde a ocorrê ncia seja
iminente ou esteja acontecendo.

2.2.6. DINÂ MICA:


Deve ocorrer com prioridade o cumprimento e aperfeiçoamento dos planos de
rotina, com fim de manter continuado e íntimo o engajamento da fraçã o com sua
circunscriçã o.

2.3. PRINCÍPIOS
Preceitos essenciais considerados no planejamento e na execuçã o visando à eficá cia
operacional.

2.3.1. UNIVERSALIDADE:
A natural, e à s vezes imposta, tendê ncia à especializaçã o nã o constitui ó bice à
preparaçã o do Policial Militar, capaz de dar tratamento adequado aos diversos tipos
de ocorrê ncias.

2.3.2. RESPONSABILIDADE TERRITORIAL:


Todo e qualquer Policial Militar em atividade fim – na execuçã o do Policiamento
Ostensivo – é responsá vel pela segurança na á rea geográ fica sob sua jurisdiçã o.
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2.3.3. CONTINUIDADE:
O Policiamento Ostensivo é atividade imprescindível, de cará ter absolutamente
operacional, e será exercido diuturnamente.

2.3.4. APLICAÇÃ O:
O PO, por ser uma atividade facilmente identificada pela farda, exige atençã o e
atuaçã o ativas de seus executores, de forma a proporcionar o desestímulo ao
cometimento de atos antissociais, pela atuaçã o preventiva e repressiva.
2.3.5. ISENÇÃ O:
No exercício profissional, o Policial Militar, atravé s de preparo psicoló gico, deve
procurar atuar sem demonstrar emoçõ es ou concepçõ es pessoais.

2.3.6. ANTECIPAÇÃ O:
A fim de ser estabelecido e alcançado o espírito predominantemente preventivo do
PO, a iniciativa de providê ncias estraté gicas, tá ticas e té cnicas, destina-se a
minimizar a surpresa, caracterizar um clima de segurança na comunidade e fazer
frente ao fenô meno de evoluçã o da criminalidade, com maior eficiê ncia.

2.4. VARIÁ VEIS


2.4.1. CONCEITO:
Sã o crité rios que identificam os aspectos do Policiamento Ostensivo.
Tipo
Policiament
Desempen
os
ho
Especiais

Suplementaçã
Processo
o

Variávei
s
Modalidad
Tempo
e

Form Circunstânc
a ia
Lugar
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2.4.2. TIPO
2.4.2.1. Policiamento Ostensivo Geral:
Visa à satisfaçã o das necessidades bá sicas de segurança inerentes a qualquer
comunidade ou cidadã o.
2.4.2.2. Policiamento Ostensivo de Trâ nsito Urbano ou Rodoviá rio:
Visa à execuçã o do PO nas vias terrestres abertas à livre circulaçã o objetivando
disciplinar o pú blico no cumprimento e respeito à s normas e regras de trâ nsito.

2.4.2.3. Policiamento Ostensivo Florestal e de Mananciais:


Visa preservar a fauna, os recursos florestais, as extensõ es d’á gua e mananciais,
coibir a caça e pesca ilegal, a derrubada indevida da flora a poluiçã o. Atua em
convê nio com ó rgã os federais ou estaduais.

2.4.2.4. Policiamento Ostensivo de Guardas:


Visa à guarda de aquartelamento, segurança externa de estabelecimentos prisionais,
segurança física da sede dos Poderes Estaduais e outras repartiçõ es pú blicas
relevantes e escolta de detentos.

2.4.3. POLICIAMENTOS ESPECIAIS:


• Batalhã o de Choque;
• Batalhão de Operaçõ es Especiais;
• Canil;
• CIPE (Companhia Independente de Policiamento Especializado);
• GRAER (Grupamento Aé reo);
• Cavalaria;
• Batalhão de Eventos Especiais;
• Batalhão Turístico.
2.4.4. PROCESSOS:
• A pé ;
• Motorizado;
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• Montado;
• Aé reo;
• Em embarcação;
• Em bicicleta.
2.4.5. MODALIDADES:

2.4.5.1. Patrulhamento:
Atividade mó vel de observaçã o, fiscalizaçã o, proteçã o, reconhecimento ou emprego
de força.

2.4.5.2. Permanência:
Atividade predominantemente está tica de observaçã o, fiscalizaçã o, proteçã o,
emprego de força ou custó dia, realizada pelo PM no Posto;

2.4.5.3. Diligê ncia:


Atividade de busca e captura de pessoas e/ou busca e apreensã ode objetos em
cumprimento a mandado judicial;

2.4.5.4. Escolta:
Atividade destinada à custó dia de pessoas ou bens em deslocamento.

2.4.6. CIRCUNSTÂ NCIAS:


2.4.6.1. Ordiná rio:
Emprego rotineiro de meios operacionais em obediê ncia a um plano sistemá tico sob
uma escala de prioridade.

2.4.6.2. Extraordiná rio:


Emprego eventual e temporá rio de meios operacionais em face de acontecimento
imprevisto que exige manobra de recursos.
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2.4.6.3. Especial:
Emprego temporá rio de meios operacionais em eventos previsíveis que exijam
esforço específico.

2.4.7. Lugar:
 Urbano;
 Rural.

2.4.8. FORMA (disposiçã o da tropa no terreno):


2.4.8.1. Desdobramento:
Disposiçã o das Unidades Operacionais no terreno até o nível de Destacamento.

2.4.8.2. Escalonamento:
Grau de responsabilidade dos sucessivos e distintos níveis da Cadeia de Comando,
no seu espaço físico.

2.4.9. TEMPO (período do empenho):


• Jornada: 24 horas do dia;
• Turno: fraçã o da jornada previamente determinada.

2.4.10. SUPLEMENTAÇÃ O (recursos adicionais):


• Cã es;
• HT (rá dio transceptor);
• Armamentos e equipamentos peculiares;
• Outros.

2.4.11. DESEMPENHO

2.4.11.1. Atividade de linha:


Emprego diretamente relacionado com o pú blico(emprego do PM na atividade fim).
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2.4.11.2. Atividade auxiliar:


Emprego em apoio imediato ao policial em Atividade de Linha.

2.5. PROCEDIMENTOS BÁ SICOS

2.5.1. CONCEITO:
Sã o comportamentos padronizados que proporcionam à s condiçõ es bá sicas para o
pleno exercício das funçõ es policiais militares e, por isso, refletem o nível de
qualificaçã o profissional do homem e da Corporaçã o. Compreendem os requisitos
bá sicos, as formas de empenho em ocorrê ncias, os fundamentos legais e as té cnicas
mais usuais.

2.5.2. REQUISITOS BÁ SICOS:

a) CONHECIMENTO DA MISSÃ O
O desempenho da atividade de Policiamento Ostensivo impõ e como condiçã o
essencial para eficiê ncia operacional, o completo conhecimento da missã o, que tem
origem na tomada da informaçã o real em tempo há bil, no preparo té cnico-
profissional e se completa com o interesse do indivíduo;

b) CONHECIMENTO DO LOCAL DE ATUAÇÃ O


Compreende o conhecimento amplo do espaço geográ fico - seu aspecto físico e a
realidade político-econô mica e social da comunidade que habita esse ambiente;

c) RELACIONAMENTO
Compreende o estabelecimento de contatos com os integrantes da comunidade,
proporcionando a familiarizaçã o com seus há bitos, costumes e rotinas, de forma a
criar uma empatia entre o Policial Militar e a comunidade, para que juntos possam
trabalhar por uma melhor segurança;
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d) POSTURA E COMPOSTURA
A atitude, compondo a apresentaçã o pessoal, bem como a correçã o de maneiras no
trato com as pessoas, influi decisivamente no grau de confiabilidade do pú blico em
relaçã o à Corporaçã o e manté m elevado o grau de autoridade do Policial Militar,
facilitando-lhe o desempenho operacional;

e) COMPORTAMENTO NA OCORRÊ NCIA


O cará ter impessoal e imparcial da açã o Policial Militar revela a natureza
eminentemente profissional da atuaçã o, em qualquer ocorrência, e requer que seja
revestida de urbanidade, energia serena, brevidade compatível e, sobretudo, isençã o,
tolerâ ncia e bom senso.

3. PARTICULARIDADES DO POLICIAMENTO OSTENSIVO

a) CONCEITO:
Tipo de policiamento que visa a satisfazer as necessidades basilares de segurança
pú blica, inerentes à comunidade ou qualquer cidadã o.

b) MISSÃ O:
A missã o do policiamento é atuar sistemá tica e permanentemente na preservaçã o da
ordem e da segurança pú blica através da circulaçã o dos prepostos PM de modo a
desestimular o cometimento de atos antissociais, preservando, desse modo, o
patrimô nio pú blico e privado e a integridade física dos indivíduos, garantindo o
cumprimento dos dispositivos legais que compõ em o ordenamento jurídico.

c) APRESENTAÇÃ O:

O Policiamento Ostensivo Geral (POG) se exerce em sua maior intensidade, atravé s


do emprego de fraçõ es elementares e/ou constituídas em um posto, a fim de
realizar
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observaçã o, reconhecimento ou proteçã o. Considerados em seu conjunto, a soma


dos postos de PO, constitui um mosaico que corresponde à á rea onde atua a fraçã o
de maior valor que deté m sobre ela a responsabilidade territorial.
Fundamentalmente, se apresenta pela combinaçã o dos seguintes fatores:

 processos (a pé, a cavalo, em bicicleta, em embarcaçõ es e motorizado);


 modalidades (patrulhamento, permanência, escolta e diligencia);
 circunstâ ncias (ordiná rio, extraordiná rio e especial);
 lugares (urbano e rural);
 duraçã o (turno e jornada);
 efetivo (fraçã o elementar e constituída);
 suplementaçã o (cã o, rá dio transceptor, armamento e equipamento);
 desempenho (atividade de linha e auxiliar).

d) EXECUÇÃ O:
A execuçã o do policiamento ostensivo geral é feita a partir de postos. Estes por sua
vez, sã o constituídos por ponto base (PB) ou vá rios PB, interligando itinerá rio.
Havendo vá rios PB, a fraçã o que atua no posto obedecerá a um cartã o programa,
que é um roteiro destinado a distribuir no tempo e no espaço o trabalho de rondas
do PM.

e) PONTO BASE:
Espaço físico limitado que exige a presença real ou potencial, por ser local de risco. É
conveniente que possua iluminaçã osuficiente para que à noite, a fraçã o seja
facilmente localizada, quando o processo for motorizado, deve ser instalado de
forma a permitir o deslocamento imediato em duas direçõ es no mínimo.

f) CARTÃ O-PROGRAMA:
É a representaçã o grá fica do posto, indicando a localizaçã o dos PB, os itinerá rios a
obedecer e os horá rios a serem observados. O cumprimento do horá rio do cartã o
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programa obriga o PM a estar, por determinado espaço de tempo, em certos locais, o


que, entretanto, nã o dispensa o atendimento a eventuais ocorrê ncias, no posto, fora
do itinerá rio. Se houver a necessidade de intervençã o de ocorrê ncia que impeça de
cumprir o roteiro e horá rio previsto, o PM fará o registro do fato no relató rio de
serviço,justificando assim, o nã o cumprimento do programa.

g) REGISTRO DE OCORRÊ NCIA:


É qualquer documento que se destina ao registro de ocorrê ncias atendidas pelo PM
empenhado no Policiamento Ostensivo. Dá condiçõ es de, uma vez tabulado,
apresentar dados estatísticos quanto à incidê ncia de delitos, ú teis para fins de
planejamento operacional, alé m de permitir avaliaçã o relativa da produçã o. Pode
ser utilizado també m o livro de parte de serviço operacional, relató rio de serviço,
utilizado por todos os PMs de um determinado posto, ou ainda o Registro de
Ocorrê ncia Policial (ROP), um documento mais completo e detalhado para fins de
registro de ocorrê ncia, usado principalmente em eventos especiais.

h) EXTENSÃ O DO POSTO:
A extensã o do posto com mais de um PM varia em funçã o do processo a ser adotado
e deve proporcionar a possibilidade de serempercorridos preferencialmente entre
três a seis vezes, pela fraçã o, em cada turno, estes limites se justificam porque, aquém
do mínimo, o posto pode estar sendo escassamente policiado, e se acima do limite
má ximo, pode estar havendo uma supervalorizaçã o de um ponto em detrimento de
outros espaços que também devam ser cobertos. Para delimitaçã o dos postos devem
ser utilizados os índices de ocorrência. Estes fatores determinam, também, a
prioridade de cobertura.

3.1. CONHECIMENTO ESPAÇO/TERRENO


Uma guarniçã o policial poderá se deparar, durante seu serviço ordiná rio, com
situaçõ es onde seja necessá rio o emprego de té cnicas específicas de deslocamento
no terreno, cabendo ao comandante da guarniçã o adotar a postura mais adequada
para
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a açã o. O tipo do terreno a ser progredido pela tropa será elemento determinante da
técnica a ser adotada na conduta da guarniçã o, podendo ser á rea edificada ou de
mato.

3.1.1. Tipo de Espaço:


a) Zona Urbana:
É oespaço ocupado por uma cidade, caracterizado pela edificaçã o contínua e pela
existê ncia de infraestrutura urbana, que compreende ao conjunto de serviços
pú blicos que possibilitam a vida da populaçã o.

b) Zona Rural:
É o espaço compreendido no campo, sendo uma regiã o nã o urbanizada.

3.1.2. Tipo do terreno:


a) Área Edificada:
Localidade onde exista edificaçã o, caracterizada ainda por um conjunto de
construçõ es, nã o devendo ser confundido com zona urbana, uma vez que se podem
encontrar á reas com característica edificada na zona rural.

b) Área de Mato
Denomina-se toda á rea ou localidade onde possa ser observada vegetaçã o
abundante e podendo possuir construçõ es esparsas ou isoladas. Pode-se observar
Á rea de Mato na zona urbana.

3.2. PO A PÉ
3.2.1. PECULIARIDADES DO P.O. A PÉ

a) EMPREGO:
Nas á reas urbanas, o policiamento ostensivo geral é empregado em postos situados
em zonas residê ncias de elevada densidade demográ fica ou maciça concentraçã o
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vertical. É ainda indicado para zona de concentraçã o comercial, em logradouros


pú blicos, e na cobertura a eventos especiais.

b) RESTRIÇÕ ES:
À noite, nã o é recomendá vel a utilizaçã o de PM isolado, sendo o efetivo mínimo de
02 (dois) PMs o indicado para o posto, por proporcionar apoio mú tuo e maior
flexibilidade operacional.

c) ELEMENTOS DE APOIO:
Em determinadas situaçõ es, seu rendimento será aumentado quando apoiado pelo
processo motorizado, dada a capacidade adicional de transporte de pessoas e de
material. A utilizaçã o de rá dio transceptor aumenta consideravelmente a eficiê ncia
do processo.

d) DURAÇÃ O:
O turno de 06(seis) horas se apresenta como o mais indicado para o policiamento a
pé , tendo em vista o ajustamento fisioló gico (regularidade entre horas de descanso e
de trabalho), à atividade profissional.

3.3. MOTORIZADO

3.3.1. PECULIARIDADES DO POLICIAMENTO MOTORIZADO


a) EMPREGO:
1- Realizando escoltas e diligências;
2- RP (Radio Patrulha) é uma viatura de 04 (quatro) rodas equipadas com rá dio
interligado junto a Central de Comunicaçõ es para fins de controle e acionamento,
composta de no mínimo 02(dois)policiais militares – guarniçã o PM tipo A.
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b) EFETIVO:
Deve ser composta de no mínimo dois patrulheiros, sendo um deles o motorista,
dar- se o nome de guarniçã o PM.

c) JORNADA:
O turno de serviço da RP nã o pode ser superior a 12 (doze) horas por guarniçã o PM.

d) BINÔ MIO DE RP:


Para que o serviço tenha maior eficiência, é necessá rio que se observe rigorosamente
o binô mio: “baixa velocidade e expectativa de surgimento de ocorrência”. A
velocidade de ronda da viatura PM deve ser realizada nessa perspectiva do binô mio.

e) COMO PARAR A VIATURA:


Deve estacionar o veículo em um local de fá cil retirada para mais de uma direçã o,
devendo os policiais militares desembarcar no Ponto Base (PB) para aumentar a açã o
de presença e aumentar a segurança deles. Buscar sempre estacionar a viatura com a
sua frente para rua, visando facilitar uma saída rá pida e segura do local em caso de
urgência.
O motorista deve sempre que parar e estacionar a viatura promover a retirada da
chave da igniçã o, pois esta deve ficar sempre na posse do motorista PM.

f) USO DA SIRENE:
A sirene é um sinal sonoro regulamentar de trâ nsito, para proporcionar prioridade
de trâ nsito, devendo ser utilizado apenas em casos de emergê ncia.
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BASE LEGAL PARA UTILIZAÇÃO DE SIRENES E CARROS DE EMERGÊNCIA

Art. 29, VII, do Código de Trânsito Brasileiro


(Redação do inciso VII dada pela Lei n. 14.071/20, em vigor a partir de 12ABR21)

VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia, os


de fiscalizaçã o e operaçã o de trâ nsito e as ambulâ ncias, além de prioridade no
trâ nsito, gozam de livre circulaçã o, estacionamento e parada, quando em serviço
de urgência, de policiamento ostensivo ou de preservaçã o da ordem pú blica,
observadas as seguintes disposiçõ es:

a) quando os dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminaçã o


intermitente estiverem acionados, indicando a proximidade dos veículos, todos
os condutores deverã o deixar livre a passagem pela faixa da esquerda, indo para
a direita da via e parando, se necessá rio;

b) os pedestres, ao ouvirem o alarme sonoro ou avistarem a luz intermitente,


deverã o aguardar no passeio e somente atravessar a via quando o veículo já tiver
passado pelo local;

c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de iluminaçã o vermelha


intermitente só poderá ocorrer quando da efetiva prestaçã o de serviço de
urgência;

d) a prioridade de passagem na via e no cruzamento deverá se dar com


velocidade reduzida e com os devidos cuidados de segurança, obedecidas as
demais normas deste Có digo;

e) as prerrogativas de livre circulaçã o e de parada serã o aplicadas somente


quando os veículos estiverem identificados por dispositivos regulamentares de
alarme sonoro e iluminaçã o intermitente;

f) a prerrogativa de livre estacionamento será aplicada somente quando os


veículos estiverem identificados por dispositivos regulamentares de iluminaçã o
intermitente.

[...]

§ 3º Compete ao Contran regulamentar os dispositivos de alarme sonoro e


iluminaçã o intermitente previstos no inciso VII do caput deste artigo.

§ 4º Em situaçõ es especiais, ato da autoridade máxima federal de segurança


pú blica poderá dispor sobre a aplicaçã o das exceçõ es tratadas no inciso VII do
caput deste artigo aos veículos oficiais descaracterizados.
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3.4. PO EM BICICLETAS
3.4.1. PECULIARIADES DO POLICIAMENTO EM BICICLETAS

O emprego de bicicleta no PO obedece à s mesmas prescriçõ es do PO a pé ,


sendo que os seus postos tem maior extensã o, em face de sua maior mobilidade,
observando maiores cuidados em terrenos acidentados, sendo desaconselhá vel o
emprego em condiçõ es climá ticas adversas, como també m, em locais com muito
fluxo de veículos motorizados. Buscar priorizar esse emprego policial em locais com
ciclovias e ciclo faixas.
Este tipo de policiamento permite grande interaçã o com a comunidade, com a
vantagem de permitir maior agilidade que os policiais em PO a Pé . A bicicleta, alé m
de transporte, també m pode ser utilizada como arma de ataque e defesa.

a) VANTAGENS:
1- DISCRETA: Todas as polícias destacam o fato de serem veículos silenciosos, quase
“invisíveis”. Podem-se surpreender grupos de criminosos surgindo por onde eles
menos esperam, sobretudo por rotas de fuga onde nã o dá para passar um carro.

2- RÁ PIDA: Em Londres, onde há mais bicicletas de patrulha do que viaturas, o


tempo de resposta a chamadas caiu pela metade. E em 70% dos casos elas chegam à
cena antes das ambulâ ncias. Forma sustentá vel, inteligente e rá pida de se
locomover.

3- ACESSÍVEL: As pessoas têm mais facilidade de acenar e conversar com policiais


ciclistas. Também é comum relatos de crianças que se aproximam querendo saber
sobre as bicicletas. Um sargento britâ nico salienta “este tipo de conversa revelam
algumas excelentes informaçõ es que levam a uma série de problemas de
comportamento antissocial a serem abordados e resolvidos”.

4- BAIXO CUSTO: A cidade de Glasgow relatou que “podem ser empregados 15


policiais ciclistas pelo mesmo custo de adquirir e manter um carro.” Mas um gasto
suplementar que nã o pode ser esquecido é a manutençã o, que por vezes pesa tanto
quanto a aquisiçã o das bicicletas.

5- SAUDÁ VEL: Bicicletas mantê m os policiais em boa forma física. Alé m de melhorar
a autoestima pessoal, a corporaçã o e a cidade ganham porque as faltas ao trabalho
por motivo de doença sã o reduzidas drasticamente.
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b) DESVANTAGEM:
É inviá vel para transportar pessoas presas, sendo necessá rio apoio de viatura 04
rodas.

c) KIT BIKE
Esse kit consta fardamento específico (bermuda, capas, faixas/coletes fluorescentes,
luvas, sapatos, etc), bem como equipamentosde proteçã o individual (capacetes,
trancas, sirenes e outros opcionais). Em alguns lugares, bicicletas podem usar as
luzes piscantes que identificam os veículos da polícia, mas isto depende de cada
legislaçã o.
d) DURAÇÃ O:
O turno de 06(seis) horas se apresenta como o mais indicado para o PO BIKE, tendo
em vista o ajustamento fisioló gico (regularidade entre horas de descanso e de
trabalho), à atividade profissional.

5. ABORDAGEM POLICIAL MILITAR

5.1. INTRODUÇÃ O

Art. 42, de acordo com o Art. 144 da CF de 1988, in verbis:


“A Segurança Pú blica, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é
exercida para preservaçã o da Ordem Pú blica, da incolumidade das pessoas e do
patrimô nio e asseguramento da liberdade e garantias individuais, atravé s das
Polícias Militares e Civil”.

A Polícia Militar é um dos ó rgã os que integra o Sistema de Segurança Pú blica


Estadual e compete-lhe: “exercer as funçõ es de polícia ostensiva e de preservação da
Ordem Pú blica”, conforme § 5º do art. 144 da CF/88.
CURSO DE FORMAÇÃ O DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 31

A Polícia Militar tem por objetivo prevenir e reprimir a criminalidade em relaçã o


à incolumidade pessoal, à propriedade e à tranquilidade pú blica e social.Açã o
policial, exclusiva da Polícia Militar, desenvolvida como um dos mecanismos de
prevençã o e de repressã o da criminalidade e, por conseguinte, uma forma de
promover a Segurança Pú blica e garantir a Ordem Pú blica.

Como o pró prio nome indica que é visível, marcado por uniformes, símbolos,
veículos caracterizados e desenvolve tá ticas que propiciem a maior visibilidade
possível e a demonstraçã o de força (exibiçã o de armamento, verbalizaçã o,
posicionamento na abordagem, etc).

Parte da crença de que a visibilidade da polícia inibe a açã o dos criminosos,


constituindo-se no principal elemento da prevençã o pela reduçã o da oportunidade
de delinquir.
• Prevenção:
Mecanismo de dissuasã o que visa evitar e impedir a perturbaçã o potencial e
iminente da Ordem Pú blica, através da presença e da força policial;
• Repressão:
Mecanismo de contençã o que visa restabelecer a Ordem Pú blica, atravé s da força
policial.Para fins didá ticos, classifica-se a abordagem policial em duas espé cies:

PREVENTIVA X REPRESSIVA

5.2. ESPÉ CIES DE ABORDAGEM

5.2.1. ABORDAGEM PREVENTIVA


É aquela que deriva do exercício do Poder de Polícia. Esta, por sua vez, tem que ser
entendida pela sociedade como uma atribuiçã o da Polícia Ostensiva, que tem cará ter
de atuaçã o preventiva, no sentido de se utilizar dos meios disponíveis para
dissuadir
CURSO DE FORMAÇÃ O DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 32

a vontade de delinquir dos infratores da lei. O conceito está disposto no art. 78 do


Có digo Tributá rio Nacional (CTN):
“Considera-se poder de polícia a atividade da Administraçã o Pú blica que, limitando
ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prá tica de ato ou abstençã o
de fato, em razã o de interesse pú blico concernente à segurança, à higiene, à ordem,
aos costumes, à disciplina da produçã o e do mercado, ao exercício de atividades
econô micas dependentes de concessã o ou autorizaçã o do Poder Pú blico, à
tranquilidade pú blica ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
coletivos (grifo nosso).”

5.2.2. ABORDAGEM REPRESSIVA

É aquela que resulta de prisã o em flagrante delito ou por ordem judicial, ou mesmo
em decorrência de situaçã o de “fundada suspeita”, à luz do que estabelece o art. 244,
do Có digo de Processo Penal (CPP):
“A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisã o ou quando houver
fundada suspeita de que a pessoa esteja na pose de arma proibida ou de objetos ou
papeis que ou quando a medida for determinada no curso da busca domiciliar (grifo
nosso)”.
Essa modalidade de abordagem, exceto no que diz respeito à noçã o de fundada
suspeita, geralmente, nã o causa grandes entreveros jurídicos, pois retrata uma
situaçã o em que há uma imperiosa necessidade de atuaçã o estatal.

5.3. CONCEITO

Abordagem Policial é o ato de aproximar-se de pessoas, com o intuito de orientar,


assistir, interpelar, advertir, realizar busca, identificar e/ou prender, utilizando-se
dos processos do Policiamento Ostensivo, executando-se para isso, se necessá rio for,
as té cnicas de busca em veículos, edificaçõ es ou perímetros.
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5.4. PILARES DA ABORDAGEM POLICIAL


Existem trê s pilares que embasam a Abordagem Policial:

a) PRINCÍPIOS - Sã o preceitos norteadores da abordagem policial, apresentando


verdades universais que estabelecem valores inegociá veis.

b) FUNDAMENTOS - Sã o as bases para as condutas que estabelecem conceitos


bá sicos nos quais se apoia e se desenvolve a abordagem policial.

c) CONDUTAS - Sã o os procedimentos e açõ es desenvolvidas pelo policial militar


durante a abordagem policial.

5.4.1. PRINCÍPIOS:
• Preservaçã o da vida
• Legalidade
• Dignidade da pessoa humana
• Isonomia
• Interesse pú blico
• Proporcionalidade no uso da força

5.4.2. FUNDAMENTOS (BASES PARA AS CONDUTAS):


a) Segurança:
Aplicaçã o de medidas adotadas pela força policial militar para diminuir os riscos na
açã o PM. É um conjunto de cautelas necessá rias visando a reduçã o do perigo de uma
reaçã o por parte do abordado ou mesmo de perigos externos à abordagem.

b) Unidade de Comando:
É a atividade dinâ mica de prever, dirigir, coordenar, fiscalizar a açã o de uma tropa a
cargo de uma pessoa dentro de uma linha de comando verticalizada. A
responsabilidade da açã o será proporcional ao nível de comando.
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c) Flexibilidade:
Condiçã o de realizar manobras diversificadas com viaturas ou efetivos, buscando
atingir o objetivo da abordagem policial. Para este fundamento deve ser observada a
RAPIDEZ como uma atitude a ser adotada durante a açã o, buscando executar
corretamente as té cnicas com velocidade e eficiê ncia.

d) Ação Vigorosa:
É a atitude firme e resoluta dos componentes da açã o policial que darã o ordens claras
e precisas ao abordado, caracterizadoras do conhecimento técnico profissional.
Jamais deverá confundir-se com arbítrio ou violência.

e) Vigilância:
Capacidade de perceber a existê ncia de ameaças, estando o PM sempre alerta ao
perigo.

5.4.3. CONDUTAS(PROCEDIMENTOS E AÇÕ ES):

a) Aproximação:
Consiste na té cnica de aproximar-se do alvo a ser abordado, identificando possíveis
pontos de perigo iminente, bem como prová veis desdobramentos no cená rio da
abordagem. Deve se atentar para a SURPRESA como um elemento a ser utilizado na
execuçã o desta conduta, haja vista ser o ato de aparecer inopinadamente diante de
uma pessoa, visando evitar sua reaçã o.

b) Contenção:
Técnica utilizada para controlar o ambiente e/ou pessoa a ser abordada impedindo
qualquer reaçã o contra a fraçã o de tropa. Visa estabelecer a Zona de Segurança (Setor
de Busca, Setor de Custó dia) e a estabilizaçã o para a açã o policial.
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c) Busca:
É o procedimento técnico operacional que tem como objetivo a localizaçã o e a
identificaçã o de objetos ilícitos.

d) Identificação:
É o procedimento té cnico de verificaçã o de documentos e/ou caracteres que visa a
identificaçã o pessoal e/ou veicular.

5.5. FASES DA ABORDAGEM


5.5.1. PLANEJAMENTO MENTAL
Elaborará uma linha de açã o:
• O que faremos?
• Para que abordaremos?
• Quem iremos abordar?
• Onde se dará a açã o?

5.5.2. PLANO DE AÇÃ O


Elaborada linha de açã o adaptá vel,as circunstâ ncias do ambiente devem ser
respondidas as seguintes indagaçõ es:
• Como atuaremos?
• Quando realizaremos a abordagem?

5.5.3. EXECUÇÃ O
A execuçã o consiste na aplicaçã o prá tica do plano de açã o, aplicando as Condutas da
Abordagem Policial (Aproximaçã o, Contençã o, Busca e Identificaçã o).

5.5.4. CONCLUSÃ O
Apó s a abordagem, o PM procederá a orientaçã o, assistê ncia e em caso de necessitar
realizar a busca pessoal e verificando-se o cometimento de um ilícito, o abordado
deverá ser conduzido a uma delegacia de polícia. Em caso de realizar a busca
pessoal
CURSO DE FORMAÇÃ O DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 36

e nã o for constatado o cometimento de ilícito penal, o PM deverá explicar o motivo


de sua atitude e o porquê de ter sido realizado daquela forma.

5.6. NÍVEIS DE ABORDAGEM

NÍVEL DE SITUAÇÃO TIPO DE POSTURA DE


ABORDAGEM BUSCA SEGURANÇA
PESSOAL

1 ADMINISTRATIV VISUAL BÁSICA


A

2 ORDINÁRIA LIGEIRA BÁSICA/


RELATIVA

3 FUNDADA MINUCIOSA* SEMIPRONTA


SUSPEITA

4 SUSPEITA MINUCIOSA MÁXIMA


CONFIRMADA COMPLETA

Nível 1 – Adotada para situaçõ es de assistência, orientaçã o e informaçõ es em geral;


Nível 2 - Adotada em situaçõ es onde haja necessidade de uma verificaçã o rá pida;
Nível 3 - Adotada em situaçõ es onde exista a fundada suspeita;
Nível 4 – Adotada em situaçõ es onde exista a certeza do cometimento de delito.

Lembrete: Partindo do conceito do Uso Seletivo da Força, os níveis de abordagem podem


progredir ou regredir de acordo com o desenvolvimento da abordagem policial.

5.7. ESTADOS DE ALERTA


Sã o os estados delineados para descrever comportamentos do policial militar durante
o seu cotidiano, esteja ele em serviço ou fora dele, a fim de se portar de maneira
compatível perante as possíveis ameaças.
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ESTADOS DE ALERTA
ESTADOS DE ALERTA DESCRIÇÃO
Quando a condiçã o ou o local em que se encontra permite o
BRANCO relaxamento, devido ao cansaço ou notó ria ausência de perigo. Neste
estado o policial nã o está pronto para o enfrentamento.
Quando a condiçã o ou o local em que se encontra nã o provoca tensã o
nem desestabiliza a calma, mas requer atenção multidirecional,
AMARELO devendo estar precavido e em constante vigilância. A agressã o é
possível e exige atenção a sinais que possam indicar uma ameaça
potencial.
Quando a condiçã o ou o local em que se encontra apresenta
probabilidade de confronto, momento em que sã o identificadas
LARANJA
pessoas que possam apresentar ameaça, avaliando-se a postura de
segurança adequada.
Quando a condiçã o ou o local apresenta suspeita confirmada, sendo o
VERMELHO risco real, exigindo do policial postura má xima afim de controlar a
situaçã o conforme as circunstâ ncias.
Quando a condiçã o ou o local em que se encontra apresenta-se como
ameaça para a qual nã o está preparado ou, devido ao período de
PRETO
tensã o prolongada, há sobrecarga física e emocional de seu organismo
gerando estado de pânico.

5.8. ZONAS DE AÇÃ O POLICIAL MILITAR

ZONAS DE AÇÃO POLICIAL MILITAR ESTADO DE


SIGLA ZONA DESCRIÇÃO ALERTA
Á rea em que o policial militar deve manter a
ZL ZONA LIVRE vigilância em face da possibilidade de ocorrência AMARELO
de ilícitos.
Á rea crítica que exige, para atuaçã o do policial
ZONA DE
ZR militar, a utilizaçã o de técnicas e táticas LARANJA
RISCO
específicas.
ZONA DE
Zona de Risco em que há a possibilidade real de
ZPI PERIGO VERMELHO
injusta agressã o ao policial militar
IMINENTE
ZONA
ZC VERMELHO
CONFLAGRADA Zona de Risco em que há o confronto armado.
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5.9. POSTURAS DE SEGURANÇA DA ABORDAGEM

POSTURA DESCRIÇÃO
Com a arma de porte o PM tomará a posição diagonal em relação ao abordado,
BÁSICA ficando a arma no coldre no lado oposto ao abordado. Arma portá til voltada
para baixo engajada com o cano para local seguro.
Arma de porte e/ou portá til engajada à 45º para baixoem posição de
RELATIVA
segurança.
Arma de porte e/ou portá til engajada em condiçõ es de disparo, um pouco
SEMIPRONTA abaixo da linha de visada, com o objetivo de ampliar a visã o periférica do
policial.
MÁXIMA Arma de porte e/ou portá til engajada em condições plenas de disparo.

Postura BÁSICA

Postura RELATIVA
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Postura SEMIPRONTA

Postura MÁXIMA
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Lembre-se que a postura máxima sempre vai ocorrer somente quando a situaçã o de risco
alcançar o nível máximo. Nã o obstante, se utiliza o princípio da progressividade no uso da
força para agir nessa condiçã o, é importante considerar os aspectos da necessidade,
legalidade, conveniência e proporcionalidade.
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6. TÉCNICAS DE BUSCA
6.1. BASE LEGAL
Legislação Artigo Tipificação Descrição
Proceder-se-á à busca pessoal quando
Busca Pessoal houver fundada suspeita de que alguém
Có digo de
240- §2º (Fundada oculte consigo arma proibida ou objetos
Processo Penal
Suspeita) mencionados nas letras b a f e h do
pará grafo anterior.
A busca pessoal independerá de mandado,
no caso de prisã o ou quando houver
fundada suspeita de que a pessoa esteja na
Có digo de Busca Pessoal e
244 posse de arma proibida ou de objetos ou
Processo Penal Busca Domiciliar
papé is que constituam corpo de delito, ou
quando a medida for determinada no curso
de busca domiciliar.
A busca em mulher será feita por outra
Có digo de Busca Pessoal em
249 mulher se nã o importar retardamento ou
Processo Penal Mulher
prejuízo da diligê ncia.
Sã o condiçõ es de acesso e permanência no
Revista Pessoal de recinto esportivo, sem prejuízo de outras
Estatuto do
13A- III Prevençã o e condiçõ es previstas em lei: III- consentir
Torcedor
Segurança com a revista pessoal de prevençã o e
segurança.

6.2. MODALIDADES DE BUSCA


Sã o meios ou instrumentos utilizados para realizar a busca. Estã o divididas
conforme segue abaixo:
MODALIDADES DE BUSCA
MODALIDADE DESCRIÇÃO

OCULAR Com o uso do sentido da visã o, realiza-se a observaçã o do indivíduo, objeto


e/ou cenário.
Realizada através do contato físico entre o policial e o abordado, ou entre
MANUAL
aquele e os seus pertences.
Realizada com utilizaçã o de aparelhos específicos, a exemplo de detectores
MECÂNICA
de metais e equipamentos de raio X.
Utilizada através de cã es de faro para busca em objetos, veículos ou
CANINA
perímetros.

6.3. BUSCA PESSOAL


Conforme conceitua Aranha (1995, p.315) as buscas pessoais sã o “inspeçõ es
executadas em pessoas, podendo ser realizadas por qualquer policial em serviço,
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com ou sem o respectivo mandado, a qualquer hora do dia ou da noite, respeitada a


inviolabilidade domiciliar”. Abrange as vestes e os demais objetos pertencentes ao
abordado, como bolsa, carteira, mala, dentre outros.
a) Tipos de Busca Pessoal
Os tipos de busca pessoal serã o empregados de acordo com o nível de abordagem e
risco oferecido pelo abordado ou pelas circunstâ ncias da abordagem.

TIPOS DE BUSCA PESSOAL


TIPO DESCRIÇÃO
É o primeiro momento da Busca Pessoal. O agente visa a localizaçã o
VISUAL e identificação de objetos ilícitos, apenas de forma visual, com uma
distâ ncia segura e sem contato físico.
É o tipo de Busca Pessoal, de cará ter ordinário, onde há o prévio
LIGEIRA contato físico, sem que haja a informaçã o e/ou cometimento de
prá tica delituosa.
É o tipo de Busca Pessoal manual que pode ser realizada em
MINUNCIOSA situaçã o de fundada suspeita ou suspeita confirmada, utilizar-se-á
da riqueza de detalhes para a consecuçã o da abordagem.
É aquela que dar-se-á apó s a busca minuciosa em situaçõ es de
suspeita confirmada sendo necessá rio, sua conduçã o a um local
COMPLETA
apropriado, onde será feita a retirada de vestes e a busca visual nos
orifícios corpó reos.

b) Posições de Busca Pessoal


As posiçõ es de busca pessoal podem ser feitas em pé (com e sem anteparo), ajoelhado e
deitado.

Em Pé Com Anteparo - o abordado será posicionado, com ambas as mã os apoiadas no


anteparo, acima da linha da cabeça, com a visã o voltada para o alto (impedindo que este
visualize a movimentaçã o das pernas e braços do Homem Busca), com as pernas e o quadril
afastados do anteparo no limite má ximo. O Homem Busca deverá posicionar-se com um dos
braços estendido apoiando na regiã o escapular contrá ria ao braço de apoio (p.ex. braço
estendido direito na escá pula esquerda), e com o outro braço é executada a busca manual
no corpo e vestes, tendo a mesma perna do lado que mantem o abordado sob domínio,
pressionando a parte interna do pé do abordado, possibilitando desequilíbrio, em caso de
esboço de reaçã o por parte do indivíduo.
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Em Pé Sem Anteparo– é aquela em que o abordado é colocado em posiçã o de desequilíbrio


sem pô r as mã os em local de apoio. Essa posiçã o de desequilíbrio acontecerá quando o
abordado estiver com as pernas afastadas, braços elevados, com as mã os sobre a região da
nuca e os dedos entrelaçados.
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Ajoelhado – é aquela que será utilizada em suspeita confirmada e o tipo de guarnição não
dispuser de todos os elementos para suprir todas as funções requeridas na abordagem, em
relaçã o aos abordados. Aqueles serã o postos na posiçã o de joelhos, afastados, pés cruzados à
retaguarda, braços elevados, mã os sobre a região da nuca e dedos entrelaçados.

Deitado – é aquela utilizada quando houver a suspeita confirmada e o nível máximo de


periculosidade da situação, onde o abordado será posto na posiçã o de decú bito ventral, as
pernas afastadas, braços abertos e estendidos horizontalmente com as palmas das mãos
voltadas para cima e a cabeça virada para um dos lados. O Homem Busca deverá algemá-lo
e, só , entã o, dar-se-á a busca pessoal. A busca pessoal será realizada colocando-se o
abordado em posição lateralizada.
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c) Recomendações:

- Havendo objetos (mochilas, sacolas, pochetes) com os abordados, esta busca deve
ser realizada em um segundo momento priorizando a busca nas pessoas.
- A busca em objetos deverá ser realizada pelo policial permanecendo o abordado a
uma distâ ncia de segurança, mas que possibilite a visualizaçã o de seus pertences.
- Salienta-se que a busca ajoelhado ou deitado ocorrerá em situaçõ es de suspeita
confirmada, colocando os abordados ajoelhados (suspeita confirmada com ilícito) ou
em decú bito ventral (suspeita confirmada com arma).
- É importante salientar que apó s a busca na posiçã o do abordado ajoelhado e
deitado, o mesmo será colocado de pé , quando deverá ser realizada uma nova busca
pessoal, visando proporcionar maior segurança no procedimento.
- Vale ressaltar, que independente da posiçã o empregada, durante a busca pessoal,
se o abordado apresentar resistê ncia, o agente deverá provocar o desequilíbrio
do mesmo e afastar-se facilitando a atuaçã o do segurança de busca e adotar postura
de segurança condizente com a situaçã o.
- Ao aproximar-se para executar a busca pessoal o Homem Busca a realizará com a
arma de porte coldreada e a portá til travada evitando que esteja a frente do corpo.

6.4. BUSCA VEICULAR


É aquela realizada em veículos, desde que haja a fundada suspeita de que no seu
interior possam existir objetos que constituam corpo de delito, mesmo que o
condutor nã o permita. Deve ser observado que existem hipó teses em que o veículo
pode ser considerado a extensã o do lar, portanto, inviolá vel:
- Se o carro está na garagem da casa;
- Se é um veículo tipo trailer, enquanto parado;
- Se é uma embarcaçã o;
- Eventualmente a cabine de um caminhã o, no qual, assim como nos
dois casos citados anteriormente, o proprietá rio també m se estabeleça
com â nimo de moradia.

6.5. BUSCA DOMICILIAR


É aquela realizada em locais indicados como domicílio. Para a realizaçã o da busca
pessoal, o ordenamento jurídico usa o termo, fundada suspeita, contudo, na busca
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domiciliar utiliza-se o termo fundadas razõ es. É vá lido ressaltar que nem toda
edificaçã o será um domicílio, poré m o policial deverá saber em que situaçõ es ele
poderá realizar a sua intervençã o.

6.6. BUSCA DE PERÍMETRO


É aquela realizada pelos policiais, nas proximidades ou interior de ruas, veículos ou
edificaçõ es no intuito de buscar algum material ilícito, que tenha sido guardado ou
dispensado pelo abordado.

7. USO DE ALGEMAS
7.1. BASE LEGAL

Legislação Artigo Tipificação Descrição


Nã o será permitido o emprego da força,
Có digo de
284 Emprego da Força salvo a indispensá vel no caso de resistê ncia
Processo Penal
ou de tentativa de fuga do preso.
Se houver, ainda que por parte de terceiros,
resistência à prisã o em flagrante ou à
determinada por autoridade competente, o
Có digo de executor e as pessoas que o auxiliam
292 Emprego da Força
Processo Penal poderã o usar dos meios necessá rios para se
defender ou para vencer a resistência, do
que tudo se lavrará autosubscrito também
por duas testemunhas.
Se o executor do mandado verificar com
segurança que o ré u entrou ou se encontra
em alguma casa, o morador será intimado a
entrega-lo, à vista da ordem de prisã o. Se
nã o for obedecido imediatamente, o
executor convocará duas testemunhas e,
sendo dia, entrará à força na casa,
arrombando as portas, se preciso; sendo
Có digo de noite, o executor, depois da intimaçã o ao
293 Emprego da Força
Processo Penal morador, se nã o for atendido, fará guardar
todas as saídas, tornando a casa
incomunicá vel, e, logo que amanheça,
arrombará as portas e efetuará a prisã o.
Pará grafo ú nico. O morador que se recusar
a entregar o ré u oculto em sua casa será
levado à presença da autoridade, para que
se proceda contra ele como for de direito.
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O emprego da força só é permitido quando


indispensá vel, no caso de desobediê ncia,
resistê ncia ou tentativa de fuga. Se houver
Có digo de resistê ncia da parte de terceiros, poderã o
Processo Penal 234 Emprego da Força ser usados os meios necessá rios para vencê-
Militar la ou para defesa do executor e seus
auxiliares, inclusive a prisã o do ofensor. De
tudo se lavrará auto subscrito pelo
executor
e por duas testemunhas.
Só é lícito o uso de algemas em caso de
resistê ncia e de fundado receio de fuga ou
de perigo à integridade física pró pria ou
alheia, por parte do preso ou de terceiros,
Sú mula
Emprego de justificada a excepcionalidade por escrito,
Vinculante nº 11
Algemas sob pena de responsabilidade disciplinar
do STF
civil e penal do agente ou da autoridade e
de nulidade da prisã o ou do ato processual
a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.
É permitido uso de algemas apenas em
Decreto nº 8.858 casos de resistê ncia e de fundado receio de
Emprego de
de 26Set16 Art. 2º fuga ou de perigo à integridade pró pria ou
Algemas
alheia, causado pelo preso ou terceiros,
justificada sua excepcionalidade por escrito.

7.2. TÉ CNICAS DE EMPREGO DA ALGEMA NA ABORDAGEM POLICIAL

A algema será empregada antes, durante ou apó s a busca pessoal, dependendo das
circunstâ ncias da ocorrência, estando o abordado na posiçã o em pé, ajoelhado ou
deitado, devendo ser observado pelo policial os aspectos legais que respalda esta
açã o.
CURSO DE FORMAÇÃ O DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 48

a) Algemação em pé sem anteparo

Estando o abordado em pé , com as pernas afastadas, os braços elevados, dedos


entrelaçados sobre a nuca, o Homem Busca sacará a algema, segurando-a com a mã o
forte e com o gancho de fechamento voltado para frente.
A algemaçã o deverá ser iniciada de acordo com a mã o forte do PM. Em seguida, será
determinada ao abordado que leve a outra mã o à s suas costas. Preferencialmente, a
posiçã o das duas mã os do abordado, apó s a algemaçã o, deverá ser “costa-costa”.

b) Algemação em pé com anteparo

Estando o abordado em pé, com as pernas afastadas, os braços elevados, apoiados no


anteparo, o Homem Busca sacará a algema, segurando-a com a mã o forte e com o gancho de
fechamento voltado para frente; com a mã o fraca, o policial fará a torçã o no punho do
abordado em direçã o à regiã o da nuca, procedendo, a partir deste momento de maneira
aná loga à algemaçã o sem anteparo.
CURSO DE FORMAÇÃ O DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 49

c) Algemação Ajoelhado
Procederá de forma aná loga a algemaçã o em pé sem anteparo, porém, devendo atentar para
a altura que estará o abordado e a sua colocaçã o em pé.

d) Algemação Deitado
O abordado será posto na posição de decú bito ventral, as pernas afastadas, braços abertos e
estendidos horizontalmente, com a cabeça virada para um dos lados, o PM se aproximará
pelo lado oposto ao rosto do abordado, posicionando ambos os joelhos nas costas do mesmo
(sendo um na região cervical e outro na região dorsal), imobilizando um dos braços entre as
pernas, realizando a algemaçã o deste, em seguida levará o braço algemado à s costas, será
determinado que o abordado leve a outra mã o à suas costas.

Note que nã o é previsto qualquer sufocamento no indivíduo ao chã o, a técnica é bem


clara para contençã o do braço do indivíduo. A verbalizaçã o deverá ser firme por
ocasiã o.
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e) Posicionamento das algemas:


Ao término da algemaçã o, o abordado deverá estar com as mã os nas costas, e a posiçã o das
mã os deverá ser mã o “costa-costa”, sendo que as bases da algema deverã o estar
posicionadas na parte externa do antebraço, na altura do pulso, com a fechadura voltada
para a nuca do abordado.

f) Como levantar o abordado algemado ajoelhado:


Mantendo-se o controle físico sobre um dos braços do abordado, será determinado ao
mesmo que descruze os pés que estã o a retaguarda e se posicione de pé. Dependendo da
compleição física do abordado dentre outras variá veis, esse procedimento será realizado
com apoio de outro policial que auxiliará mantendo o controle físico sobre o outro braço do
abordado.

g) Como levantar o abordado algemado deitado:


O abordado será colocado numa posiçã o lateralizada,e a partir dessa posição o policial irá
entrelaçar o seu braço oposto ao braço do abordado que está voltado para cima, apoiando a
outra mã o na nuca do abordado. Estando o policial com um braço entrelaçado e o outro
apoiado na nuca do abordado, fará um movimento de rotação na direçã o do braço que está
apoiado na nuca, até que o abordado se posicione totalmente de pé. Dependendo da
compleição física do abordado dentre outras variá veis, esse procedimento será realizado
com apoio de outro policial que auxiliará , mantendo o controle físico sobre o outro braço do
abordado.
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h) Condução do abordado algemado:


A depender da circunstâ ncia, o abordado poderá ser conduzido tanto com o controle físico
do policial sobre a algema, como usando o braço entrelaçado ao braço oposto do abordado.
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Lembrete: quando for necessá rio o emprego de algemas plá sticas (tipo lacre), o
abordado estará , preferencialmente, com à s mã os para trá s e o procedimento será o
seguinte: 1) colocar as mã os do preso à s costas, com um pulso sobre o outro, com as
palmas da mã o voltada para cima; 2) passar a algema plá stica em volta dos pulsos,
fixando-a, sem exagerar, para nã o provocar a interrupçã o do fluxo sanguíneo.
(ARANHA, 1995. ADAPTADO)

8. TÉCNICA DE ABORDAGEM A PESSOA À PÉ

8.1. ABORDAGEM COM POLICIAL MILITAR A PÉ

8.1.1. POLICIAL MILITAR ISOLADO

O policial militar isolado nã o deverá realizar abordagem. Caso o policial militar


esteja isolado e ocorra uma situaçã o extrema, que ofereça risco iminente à
segurança do policial militar ou a vida de terceiros, e que necessite sua intervençã o,
este deverá adotar a postura de segurança condizente com a situaçã o, colocar o
abordado na posiçã o de joelhos ou em decú bito ventral e solicitar reforço/apoio.

8.1.2. COM DOIS POLICIAIS MILITARES

I – Deverá ser feita a aproximaçã o observando a disposiçã o em linha entre policiais,


formando um triâ ngulo, cujo vé rtice será o abordado, atentando para a distâ ncia de
cerca de 2 (dois) metros entre os policiais e de 1 (um) a 3 (trê s) metros destes para
o abordado.
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II – A postura de segurança do armamento dos policiais deverá ser compatível com o nível
de segurança da abordagem.

III – O Comandante deve fornecer todas as orientaçõ es para que o abordado tome a posição
de busca pessoal evitando, nesse instante, o contato físico.

IV – O Comandante será o segurança de busca além de responsá vel pela observaçã o


periférica relativa à segurança externa.
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V – Havendo 2 (dois) abordados, o Comandante, apó s o estabelecimento da Zona de


Segurança, quando da execuçã o da Busca Pessoal deverá estabelecer locais distintos para este
procedimento. O Setor de Busca deverá ser estabelecido a cerca de 1 (um) metro à retaguarda
do Setor de Custó dia. Para o segundo abordado será feito o mesmo procedimento, havendo a
inversã o dos setores.

Esta abordagem necessita de aumento no estado de alerta, pois o Comandante será o


Segurança de Busca, acumulando a Segurança de Custó dia além da observaçã o periférica
relativa à Segurança externa.
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VI – Em caso de mais de 2 suspeitos, a abordagem será executada somente em caso de


suspeita confirmada, colocando os abordados ajoelhados (suspeita confirmada com ilícito)
ou em decú bito ventral (suspeita confirmada armado).

Lembrete: diante da inexistência de um anteparo para ser feita a custó dia, esta deverá ser
executada colocando-se o(s) suspeito(s) com as mã os sobre a cabeça e os dedos entrelaçados.
Excepcionalmente será utilizada a posiçã o de joelhos ou em decú bito ventral quando a
situaçã o assim o exigir.

8.1.3. COM TRÊ S POLICIAIS MILITARES

I – Havendo uma pessoa, deverá ser feita a aproximaçã o observando a disposiçã o


em linha entre policiais, formando um triâ ngulo, cujo vé rtice será o abordado,
atentando para a distâ ncia de cerca de 1 (um) metro entre os policiais e de 1 (um) a
3 (trê s) metros destes para o abordado. O Comandante fará a funçã o de Segurança
de Busca, o Patrulheiro nº 1 a funçã o de Homem Busca e o Patrulheiro nº 2 atuará
como Segurança Externa da abordagem.
CURSO DE FORMAÇÃ O DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 56

II – Havendo mais de uma pessoa, inicialmente, o enquadramento dos abordados deverá ser
realizado por todos os policiais da guarnição sendo que, completada a aproximaçã o e a
contençã o, o Patrulheiro nº 2 acumulará a funçã o de Segurança de Custó dia e Segurança
Externa.

Lembrete: Na abordagem, o Comandante deverá fazer com que o abordado se movimente o


mínimo possível. Havendo necessidade a movimentação deve ser feita pelos policiais, até
mesmo mudando as funçõ es.
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8.1.4. COM QUATRO POLICIAIS MILITARES

I – Deve ser observado o quanto disposto no Item anterior, salientando que cada um dos
policiais assumirá uma funçã o específica, a saber: Homem Busca, Segurança de Busca,
Segurança de Custó dia e Segurança Externa, sendo que havendo necessidade da funçã o de
Segurança de Custó dia 2, esta será acumulada com a Segurança Externa.

8.1.5. MAIS DE QUATRO POLICIAIS MILITARES

Estabelecidos todos os setores (Busca, Custó dia 1 e 2, Segurança Externa), o


Comandante fará a coordenaçã o e o controle observando o desempenho de todos,
bem como procederá a entrevista dos suspeitos já abordados. Se houver outros
policiais, estes poderã o observar o rá dio ou fazer o controle de trâ nsito.
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Lembrete:

Para o estabelecimento dos setores de abordagem, o policial deverá observar os


seguintes critérios de avaliação de risco:

1)pessoas que não foram abordadas


2)quem está sendo abordado
3)segurança externa
4)pessoas que já foram abordadas
5)liberdade de ação para o comandante
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8.2. QUADRO RESUMO DA ABORDAGEM COM PM A PÉ

VIABILIDADE DA OUTRAS
TIPO DE NÍVEL DA ABORDAGEM CONDUTAS
POSTURA DE POSICIONAMENT
GUARNIÇÃ ABORDAGE SITUAÇAO POLICIAL TÁTICAS A
SEGURANÇA O DO ABORDADO
O M (RISCO SEREM
CONTROLÁVEL) ADOTADAS
COLOCAR NO OBSERVAR /
FUNDADA ANTEPARO SOLICITAR
03 SEMIPRONTA NÃO
SUSPEITA OU EM REFORÇO/APOI
PÉ/JOELHO O

SUSPEITA COLOCAR NO OBSERVAR /


PM CONFIRMAD ANTEPARO SOLICITAR
04 MÁXIMA NÃO
ISOLADO A OU EM REFORÇO/APOI
COM ILICÍTO PÉ/JOELHO O
SUSPEITA
OBSERVAR /
CONFIRMAD
SOLICITAR
04 A MÁXIMA NÃO DEITADO
REFORÇO/APOI
COM ARMA
O
DE FOGO
COLOCAR NO CONTER/
FUNDADA SIM ATÉ 02 (DOIS) ANTEPARO SOLICITAR
03 SEMIPRONTA
SUSPEITA ABORDADOS (REGRA) REFORÇO/APOI
OU EM PÉ O
SUSPEITA COLOCAR NO CONTER/
CONFIRMAD SIM ATÉ 02 (DOIS) ANTEPARO SOLICITAR
DUPLA 04 MÁXIMA
A ABORDADOS OU EM REFORÇO/APOI
COM ILICÍTO PÉ/JOELHO O
SUSPEITA
CONTER/
CONFIRMAD
SIM ATÉ 01 (UM) SOLICITAR
04 A MÁXIMA DEITADO
ABORDADO REFORÇO/APOI
COM ARMA
O
DE FOGO
COLOCAR NO CONTER/
FUNDADA SIM ATÉ 03 (TRÊS) ANTEPARO SOLICITAR
03 SEMIPRONTA
SUSPEITA ABORDADOS (REGRA) REFORÇO/APOI
OU EM PÉ O

SUSPEITA COLOCAR NO CONTER/


CONFIRMAD SIM ATÉ 03 (TRÊS) ANTEPARO SOLICITAR
TRIO 04 A
MÁXIMA
ABORDADOS OU EM REFORÇO/APOI
COM ILICÍTO PÉ/JOELHO O
SUSPEITA
CONTER/
CONFIRMAD
SIM ATÉ 02 (DOIS) SOLICITAR
04 A MÁXIMA
ABORDADOS
DEITADOS
REFORÇO/APOI
COM ARMA
O
DE FOGO
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9. IMUNIDADES

9.1. CONCEITO:
Sã o privilé gios atribuídos a certas pessoas, em vista dos cargos ou funçõ es que
exercem. Imune quer dizer isentoou livre.Assim, a pessoa que gozar de imunidade,
ficará isenta do cumprimento da lei nacional, quanto aos seus atos pessoais.
Admitimos suas classes de imunidades: Diplomá tica e Parlamentar.

As prerrogativas sã o direitos atribuídos a determinadas categorias profissionais,


conferindo-lhe grau de especialidade para atos da administraçã o pú blica contra si.

9.2. IMUNIDADES DIPLOMÁ TICAS


Sã o atribuídas ao agente diplomá tico, cuja funçã o principal é servir de intermediá rio
entre o governo de seu país e o governo junto ao qual é creditado.

Sã o també m inviolá veis as sedes das embaixadas ou legaçõ es e os navios de guerra.


Por um princípio de cortesia internacional, a sede da embaixada é considerada como
se fora o pró prio territó rio do país amigo; nela nã o se pode entrar
discricionariamente sem pré via autorizaçã o do diplomata.

Os agentes diplomá ticos gozam, portanto, de imunidade absoluta, nã o podendo ser


processados por nossos tribunais, nem sequer chamados à polícia para prestarem
declaraçõ es. E nã o podem ser presos em hipó tese alguma, mesmo que hajam
praticado um delito grave, como homicídio.

No caso de haver o diplomata cometido um delito de qualquer natureza, cumpre


apenas ao policial-militar reunir os dados da ocorrê ncia e efetuar a respectiva
comunicaçã o à autoridade competente; o Chefe do Governo, se assim o entender, é
que tomará as providê ncias que o caso comportar, junto ao governo representado.
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a) Os agentes diplomáticos:
1. Embaixadores;

2. Legados;

3. Nú ncios apostó licos,

4. Embaixadores extraordiná rios,

5. Ministros plenipotenciários,

6. Internú ncios,

7. Ministros residentes

8. Encarregados de negó cios.

b) Os soberanos e Chefes de Estados.

c) O pessoal oficial das legações e embaixadas:


1. Composto de secretá rios,
2. Intérpretes,
3. Conselheiros,
4. Adidos civis e militares,
5. Correios e funcionários subalternos de administraçã o.

d) O pessoal sem caráter oficial:


1. Pessoas da família do diplomata ou dos funcioná rios e os empregados no serviço
domé stico (quando em exercício imediato da funçã o).
e) Cônsules
Os Cô nsules gozam de imunidade, quando investidos de missõ es diplomá ticas
especiais, pela mesma forma os agentes de relaçõ es comerciais, que sã o equiparados
aos Cô nsules.
9.2.1. A AÇÃ O POLICIAL-MILITAR deve ser nesses casos de:

a) Respeitar as imunidades diplomá ticas, que sã o absolutas.


b) Respeitar a inviolabilidade das embaixadas e legaçõ es.
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c) Respeitar a inviolabilidade do domicílio das pessoas que gozam de imunidade


diplomá tica.
d) Respeitar a inviolabilidade dos objetos de propriedade do diplomata ou
destinados à embaixada ou legaçã o.
e) Dispensar tratamento condigno aos diplomatas.

f) Reconsiderar imediatamente sua atitude, se por acaso ferir a inviolabilidade


pessoal do diplomata, por desconhecer sua identidade.

g) Em caso de homizio de criminoso na sede da embaixada ou legaçã o, nã o


penetrar na mesma sem a autorizaçã o do diplomata, ou de quem suas vezes
fizer.

9.3. IMUNIDADES PARLAMENTARES

Sã o atribuídas, pela constituiçã o Federal, aos Deputados e Senadores, visando


assegurar-lhes todas as garantias como membros do Congresso Nacional, a fim de
desempenharem com plenitude o “mú nus” pú blico para o qual o povo os elegeu.
Eles sã o inviolá veis no exercício do mandato, por suas opiniõ es, palavras e
votos. Desde a expediçã o do diploma até a inauguraçã o da legislatura seguinte, nã o
poderã o ser presos, a nã o ser em FLAGRANTE DE CRIME INAFIANÇÁVEL (ex:
Crimes Hediondos, Tráfico Drogas, Terrorismo, Tortura), nem processados
criminalmente sem a antecipada licença de sua Câ mara.
Os Deputados Estaduais gozam, també m, de imunidades, nas mesmas
condiçõ es que os Deputados Federais, mas, somente, dentro do Estado cuja
Assembleia Legislativa exerça seu mandato.
Os Vereadores Municipais gozam de imunidades formais, apenas pelo uso de
suas opiniõ es na condiçã o de vereador.
Como se vê , há situaçõ es em que os Senadores e os Deputados podem ser
presos, enquanto que os diplomatas, em hipó tese alguma, sofrerã o restriçõ es da
liberdade individual.
CURSO DE FORMAÇÃ O DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 63

Quanto aos VEREADORES Municipais, estes gozam de imunidade formal,


APENAS PELO USO DE SUAIS OPINIÕES, pela sua condiçã o de vereador
(INVIOLABILIDADE MATERIAL, CF - art. 29, VIII).

VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniõ es,


palavras e votos no exercício do mandato e na
circunscrição do Município” (inciso VIII, renumerado
pela EC 1/92). (BRASIL, 1988)

INVIOLABILIDADE MATERIAL - consiste em não ser violado na


CIRCUNSCRIÇÃO DO MUNICÍPIO, logo, tudo que o vereador pratica dentro
dos limites da sua inviolabilidade constitui fato atípico (não se constitui crime).

Entretanto, os Vereadores, nã o possuem algumas prerrogativas para serem


processados:

-NÃO é preciso LICENÇA da Câ mara de Vereadores (STF, HC 74.201-7-


MG, 1.ª T., rel. Celso de Mello, j. 12.11.1996, v. U., DJU 13.01.1996, p.
50.164);
-NÃO contam com FORO ESPECIAL por prerrogativa de funçã o, salvo
alguns Estados específicos fixados exclusivamente pelas Constituiçõ es
estaduais, entretanto, nã o prepondera sobre a competê ncia do Tribunal
do Jú ri(Sú mula 721 do STF);

- NÃO desfrutam da IMUNIDADE PRISIONAL, podendo ser presos


cautelarmente (STF, Pleno, HC 70.352-6-SP, rel. Celso de
Mello, DJU03.12.1993, p. 26.357 e RT 707/394);

Se o vereador for criminalmente condenado, pode perder o cargo que ocupa, nos
termos do art.92doCP(mas não se trata de pena automática). Também é possível
acassaçãodo seu mandato, nos termos do art.7.ºdo Dec.-lei201/67 (não se trata
de responsabilidade penal, e sim, administrativa ou político-administrativa).
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9.3.1. A AÇÃ O POLICIAL-MILITAR nesses casos deve ser de:

a) Respeitar a inviolabilidade pessoal dos Deputados e Senadores da Repú blica,


em qualquer parte do territó rio nacional.
b) Respeitar a inviolabilidade pessoal dos Deputados Estaduais, dentro do
respectivo Estado.
c) Só efetuar a prisã o de um representante do povo, em FLAGRANTE DE
CRIME INAFIANÇÁVEL.
d) Verificada esta situaçã o, agir com extremo respeito.
e) Nã o remover o preso do local e, sim, providenciar o acompanhamento da
autoridade policial.
f) Dispensar aos presos as garantias pessoais que se fizerem necessá rias.
g) Tratando-se de crime afiançá vel, nã o efetuar a prisã o em flagrante, limitando-
se a colher os dados para a comunicaçã o da ocorrê ncia.
h) Reconsiderar imediatamente sua atitude se, por desconhecer a pessoa do
Deputado ou Senador, ferir sua imunidade.

9.4. PRERROGATIVAS DOS MILITARES

Os militares (Exército, Marinha e Aeroná utica) gozam de prerrogativas


estabelecidas no Estatuto dos Militares (Decreto-Lei nº 9.698, de 02 de setembro de
1946). Assim, só em caso de flagrante delito, pode o militar ser preso pela autoridade
policial e pelos auxiliares desta. Isto ocorrido deverá a autoridade policial fazer
entrega do preso à autoridade militar mais pró xima, retendo-o na Delegacia apenas o
tempo necessá rio à lavratura do flagrante.
A autoridade policial e seus auxiliares serã o responsabilizados, se maltratarem
ou consentirem que seja maltratado qualquer preso militar.
Sempre que possível, deverá o policial solicitar uma patrulha do quartel do
preso para escoltá -lo até a Delegacia. Ao policial militar cabe ainda observar o
disposto no regulamento Disciplinar, quando o preso for seu superior hierá rquico e,
segundo os artigos abaixo:
Art. 75: Somente em caso de flagrante delito, o policial-militar
poderá ser preso por autoridade policial, ficando esta obrigada a
entregá -lo, imediatamente, à autoridade policial-militar mais
pró xima, só
CURSO DE FORMAÇÃ O DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 65

podendo retê-lo na Delegacia ou Posto Policial durante o tempo


necessá rio à lavratura do flagrante.

Art. 76: O policial-militar da ativa no exercício de funçõ es policiais -


militares é dispensado do serviço do jú ri na Justiça Comum e do
serviço na Justiça Eleitoral, na forma da legislaçã o competente.

9.5 PRERROGATIVAS DOS JUÍZES

Os JUÍZES DE DIREITO somente podem ser presos pelos policiais militares se


houver mandado escrito de prisã o, emitido por outra autoridade judicial, bem como,
pelo cometimento de CRIME INAFIANÇÁ VEL(tortura, trá fico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos -
Art. 5º CF).

LEI COMPLEMENTAR Nº 35, DE 14 DE MARÇO DE


1979
LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA
(LOM- ADAPTADA)

Art. 33 - SÃO PRERROGATIVAS DO MAGISTRADO:

[...]

II - nã o ser preso SENÃO POR ORDEM ESCRITA do Tribunal ou


do ó rgã o especial competente para o julgamento, SALVO EM
FLAGRANTE DE CRIME INAFIANÇÁVEL;

III - ser recolhido a prisã o especial, ou a sala especial de Estado-


Maior, por ordem e à disposição do Tribunal ou do ó rgão especial
competente, quando sujeito a prisão antes do julgamento final;

[...]

V - portar arma de defesa pessoal.

Parágrafo ú nico - Quando, no curso de investigaçã o, houver indício


da prá tica de crime por parte do magistrado, A AUTORIDADE
POLICIAL, CIVIL OU MILITAR, remeterá os respectivos autos ao
Tribunal ou ó rgã o especial competente para o julgamento, a fim de
que prossiga na investigaçã o.

Art. 34 - Os membros do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal


Federal de Recursos, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal
Superior Eleitoral e do Tribunal Superior do Trabalho TÊM O
TÍTULO DE MINISTRO; os dos Tribunais de Justiça, o de
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Desembargador; SENDO O DE JUIZ PRIVATIVO dos outros


Tribunais e da Magistratura de primeira instâ ncia. (BRASIL, 1979)

9.6 PRERROGATIVAS DOS PROMOTORES DE JUSTIÇA

ALei Orgâ nica Nacional do Ministé rio Pú blico (LONMP), Lei8.265/93, determina
em seu artigo 40, inciso III, que o este servidor també m somente será preso
mediante ordem judicial escrita ou em flagrante por crime inafiançá vel, ex atamente
igual à s prerrogativas dos juízes, no tocante a prisã o.

Art. 40.Constituem PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DO


MINISTÉRIO PÚBLICO, além de outras previstas na Lei Orgâ nica:

[...]

III- ser preso SOMENTE POR ORDEM JUDICIAL ESCRITA, salvo


em FLAGRANTE DE CRIME INAFIANÇÁVEL, caso em que a
autoridade fará , no prazo má ximo de vinte e quatro horas, a
comunicaçã o e a apresentaçã o do membro do Ministério Pú blico ao
Procurador-Geral de Justiça;
IV- ser processado e julgado originariamente pelo Tribunal de
Justiça de seu Estado, nos crimes comuns e de responsabilidade,
ressalvada exceçã o de ordem constitucional; [...] (BRASIL, 1993)

10. CÓDIGO FONÉTICO

O có digo foné tico visa evitar que pessoas estranhas ao serviço policial saiba
quais as açõ es que as guarniçõ es de á rea estã o realizando no combate a
criminalidade, ele pode salvar vidas se bem utilizado e, ao contrá rio, pode colocar os
policiais em grande risco, quando desconhecidos interceptam a comunicaçã o.
Quando pessoas estranhas a atividade policial sabem do significado dos
có digos estes podem chegar de surpresa a um local ou interceptar fisicamente uma
guarniçã o em deslocamento com o fator surpresa, logo, sob qualquer hipó tese deve-
se divulgar a correlaçã o entre os có digos, pois colocará em risco a sua pró pria vida.
CURSO DE FORMAÇÃ O DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 67

ALFABETO

A ALFA N NOVEMBER

B BRAVO O OSCAR

C CHARLIE P PAPA

D DELTA Q QUEBEC

E ECO R ROMEU

F FOX S SIERRA

G GOLF T TANGO

H HOTEL U UNIFORM

I INDIA V VICTOR

J JULIETE W WHISKEY

K KILO X EXRAY (X-RAY)

L LIMA Y YANKEE

M MIKE Z ZULU

PRONÚNCIA
CURSO DE FORMAÇÃ O DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 68

NUMÉRICO

0 NEGATIVO

1 PRIMO

2 SEGUNDO

3 TERCEIRO

4 QUARTO

5 QUINTO

6 SEXTO

7 SÉTIMO

8 OITAVO

9 NONO

10 DÉCIMO

OBS: quando houver numeral repetido, por duas vezes consecutivas, utiliza-se o termo
DOBRADO. Exemplo: 22 = SEGUNDO DOBRADO e 11 = PRIMO DOBRADO

GAMA – PROVIDÊNCIAS ADOTADAS

GAMA 1 SEGUIU GUINCHO

GAMA 2 SEGUIU TÉCNICO

GAMA 3 SEGUIU SOCORRO

GAMA 4 SEGUIU REFORÇO


GAMA 5 SEGUIU PATRULHA
GAMA 6 SEGUIU PERÍCIA

GAMA 7 SEGUIU LEGISTA

GAMA 8 SEGUIU BOMBEIRO

GAMA 9 SEGUIU ESCOLTA


CURSO DE FORMAÇÃ O DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 69

ALFA – DETERMINAÇÕES

ALFA 1 INFORME HORÁRIO DE CHEGADA DA VIATURA

ALFA 2 INFORME HORÁRIO DE SAÍDA DA VIATURA

ALFA 3 INFORME QUILOMETRAGEM DA VIATURA

ALFA 4 INFORME O NOME DO OPERADOR

ALFA 5 INFORME AS HORAS

ALFA 6 INFORME LOCALIZAÇÃO EXATA DA VIATURA

ALFA 7 INFORME A PLACA E CARACTERISTICAS DO VEÍCULO APREENDIDO

ALFA 8 INFORME A PLACA E CARACTERISTICAS DO VEÍCULO ABANDONADO

ALFA 9 INFORME A PLACA E CARACTERISTICAS DO VEÍCULO ROUBADO

ALFA 10 INFORME A PLACA E CARACTERISTICAS DO VEÍCULO ASSALTADO

ALFA 11 ALERTA GERAL

ALFA 12 FAÇA BLOQUEIO

ALFA 13 DESLOQUE-SE PARA OUTRA MISSÃO

ALFA 14 COMUNIQUE-SE COM A CENTRAL POR TELEFONE

ALFA 15 RETORNE A UNIDADE DE ORIGEM

ALFA 16 FAÇA RONDAS NO SETOR

ALFA 17 RETORNE AO SETOR DE AÇÃO

ALFA 18 FAÇA PONTO BASE

ALFA 19 VERIFIQUE CARRO SUSPEITO

ALFA 20 VERIFIQUE PESSOA SUSPEITA

ALFA 21 DETENHA E AGUARDE ESCOLTA

ALFA 22 PRENDA E CONDUZA A DP COMPETENTE

ALFA 23 CESSE A TRANSMISSÃO

ALFA 24 AGUARDE NA ESCUTA

ALFA 25 REPITA A MENSAGEM

ALFA 26 USE A SIRENE

ALFA 27 ISOLE O LOCAL


CURSO DE FORMAÇÃ O DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 70

BETA – SITUAÇÕES

BETA 1 VIATURA EM PANE PEDE SOCORRO

BETA 2 VIATURA EM DESLOCAMENTO

BETA 3 VIATURA NO SETOR

BETA 4 VIATURA NA UNIDADE DE ORIGEM

BETA 5 VIATURA CONDUZINDO PRESO

BETA 6.1 VIATURA PRESTANDO SOCORRO NO HGE

BETA 6.2 VIATURA PRESTANDO SOCORRO NO HRS

BETA 6.3 VIATURA PRESTANDO SOCORRO NO HES

BETA 7 VIATURA PRONTA PARA AÇÃO

BETA 8 VIATURA EM PERSEGUIÇÃO A MARGINAL

BETA 9 VIATURA EM ALERTA - ASSALTO NA ÁREA

BETA 10 VIATURA ENTRANDO EM AÇÃO

BETA 11 RÁDIO APRESENTADO DEFEITO

BETA 12 MENSAGEM CHEGANDO BEM

BETA 13 MENSAGEM CHEGANDO MAL

BETA 14 MENSAGEM NÃO ENTENDIDA

BETA 15 MENSAGEM ENTENDIDA

BETA 16 MENSAGEM TRANSMITIDA RÁPIDA

BETA 17 GUARNIÇÃO EM PERIGO PEDE SOCORRO

BETA 18 GUARNIÇÃO PEDE GUINCHO

BETA 19 GUARNIÇÃO PEDE PERMISSÃO PARA USAR SIRENE

BETA 20 ELEMENTO SUSPEITO NA ÁREA

BETA 21 ACIDENTE DE TRÂNSITO


CURSO DE FORMAÇÃ O DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 71

BETA – SITUAÇÕES

BETA 22 NEGATIVO

BETA 23 POSITIVO

BETA 24 ENGARRAFAMENTO DE TRÂNSITO

BETA 25 DILIGENCIA SIGILOSA

BETA 26 LOCAL PERIGOSO

BETA 27 PERMISSÃO PARA AFASTAR-ME DA ÁREA DA UNIDADE

BETA 28 PERMISSÃO PARA AFASTAR-ME DA VIATURA

BETA 29 PERMISSÃO PARA AFASTAR-ME DO RÁDIO

BETA 30 AFASTAMENTO PARA REFEIÇÃO

BETA 31 VIATURA NO COMANDO GERAL (QCG)

BETA 32 AFASTAMENTO PARA NECESSIDADES FISIOLÓGICAS

TELEFONES EMERGENCIAIS NO BRASIL

Para fins de conhecimento todos os policiais militares devem conhecer os


nú meros gratuitos emergenciais no Brasil:

 Disque 190: Polícia Militar


 Disque 192: Ambulância Pública (SAMU)
 Disque 193: Corpo de Bombeiros.
 Disque 197: Polícia Civil
 Disque 191: Polícia Rodoviária Federal
 Disque 100: Disque Direitos Humanos
 Disque 180: Atendimento à Mulher – Violência Doméstica

 Disque 181: Disque Denúncia


 Disque 199: Defesa Civil.

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