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PPG UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA - UNIVERSO

LUIZA DE SOUZA COROA CONTAGE

ANTECEDENTES INDIVIDUAIS DO BEM-ESTAR NO TRABALHO


SOB A ÓTICA DA PSICOLOGIA POSITIVA

Resenha apresentada à disciplina POT


ministrada pela Profª. Dra. Ana Lucia
Teixeira Hirschle.

Referência: Ferreira, M. C. Antecedentes


individuais do bem-estar no trabalho sob a
ótica da Psicologia Positiva. In: Ferreira, M.
C. & Mendonça, H. C. (2012). Saúde e
bem-estar no trabalho: dimensões
individuais e culturais. Casa Do Psicólogo,
São Paulo.

RIO DE JANEIRO
2022

INTRODUÇÃO

O livro concebido pelas autoras Profa. Dra. Maria Cristina Ferreira e Profa. Dra.
Helenides Mendonça, intitulado: “Saúde e bem-estar no trabalho: dimensões individuais
e culturais” foi escrito através de uma colaboração do Grupo de Trabalho Cultura e
Saúde nas Organizações, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em
Psicologia (ANPEPP). O capítulo no qual este trabalho está debruçado, intitulou-se:
“Antecedentes individuais do bem-estar no trabalho sob a ótica da Psicologia Positiva”.
Este capítulo foi desenhado e escrito pela autora Profa. Dra. Maria Cristina Ferreira e
pretende realizar uma revisão preliminar dos principais fundamentos teóricos da
Psicologia Positiva, bem como de sua aplicação no contexto organizacional. Após esse
momento, são analisados os principais fatores individuais que têm sido citados como
antecedentes do bem-estar no trabalho a partir dessa disciplina.

A autora introduz que a Psicologia se configurou como uma disciplina


respaldada na ideia de modelo patológico do funcionamento humano. Dessa maneira,
durante muito tempo os psicólogos trabalharam exclusivamente no diagnóstico e
tratamento de doenças e na elucidação dos desvios, deficiências e disfunções da
cognição humana. Entretanto, após a revolução da Psicologia Positiva o modelo de
doença passou a disputar lugar com um novo modelo pautado na busca da saúde, bem-
estar e felicidade. O texto enfatiza que a esta disciplina foca na construção de
qualidades positivas, nas experiências subjetivas positivas passadas, presentes e futuras.
Em síntese, ela busca a construção de competências e não a correção de fraquezas.

A PSICOLOGIA POSITIVA

Nesta seção, a autora inicia apresentando os três níveis distintos que são o foco
da Psicologia Positiva: experiências ou sentimentos subjetivos, traços individuais e
grupos. Em relação aos sentimentos ou experiências subjetivas, a preocupação é com a
potencialização dessas experiências positivas passadas, presentes e futuras. Então, um
indivíduo com funcionamento positivo ideal seria aquele que demonstra satisfação com
seu passado, felicidade com seu presente e otimismo com seu futuro. Se tratando do
individual, o saber foca na investigação dos traços positivos, a título de exemplo: a
capacidade de amar, a coragem, as habilidades de socialização, a sabedoria, o perdão,
entre outros.
O terceiro, o nível grupal a Psicologia Positiva concentra-se nas virtudes cívicas
e as instituições que motivam a cidadania, a responsabilidade, o altruísmo, a tolerância e
a ética no trabalho. Retomando o nível subjetivo, esse conhecimento resgatou o estudo
das experiências afetivas positivas, dentre elas o bem-estar assunto principal deste
trabalho. O construto de bem-estar, anteriormente, era orientado por duas bases teóricas:
o hedonismo e o eudemonismo. O hedonismo considera que o bem-estar está
relacionado ao prazer ou à felicidade, já o eudemonismo afirma que está ligado à
autorrealização do potencial humano. Isto é, o hedonismo enfatiza o que o sujeito está
sentindo e o eudemonismo foca no que o sujeito está fazendo ou pensando.

Após uma breve contextualização dos autores que se orientam por cada uma
dessas bases teóricas e suas teorias, a autora sintetiza que os estudos sobre o bem-estar
mesmo se fundamentando em visões diferentes da natureza humana, todos ressaltam a
necessidade do indivíduo se sentir bem com ele mesmo, ou por meio de experiências
positivas ou através da realização de suas potencialidades. Partindo desse princípio,
ambos se inserem totalmente na Psicologia Positiva, onde o principal objetivo seria o
funcionamento eficaz do ser humano.

A PSICOLOGIA POSITIVA NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL

A autoria inicia essa seção afirmando que a psicologia organizacional positiva


também tem dado ênfase aos três focos da Psicologia Positiva: as experiências
subjetivas, os traços individuais e os fenômenos grupais positivos. Além disso, o texto
discorre acerca das principais teorias, pesquisas e estudos atuais na área. Conclui-se que
a Psicologia Positiva no contexto organizacional ainda está dando os primeiros passos,
por essa razão os trabalhos orientados por essa temática são mais teóricos do que
empíricos.

Entretanto, no mundo acadêmico começam a surgir alguns trabalhos empíricos.


Esses estudos podem ser divididos em duas categorias: na primeira estão os estudos que
buscam promover um reexame dos temas tradicionalmente investigados pela psicologia
organizacional, já no segundo encontram-se os que vem introduzindo novos conceitos.
ANTECEDENTES INDIVIDUIAIS DO BEM-ESTAR NO TRABALHO
NO CONTEXTO DA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL POSITIVA

Na Psicologia há uma longa tradição do estudo do papel desempenhado pelas


diferenças individuais ou disposicionais sobre o bem-estar no trabalho. No entanto, há
pouco tempo atrás grande parte dos estudos guiava-se pelo conceito do estresse no
trabalho, de maneira correspondente com o modelo de doença, anteriormente citado no
texto. Partindo desses princípios, as investigações focavam predominantemente na
análise dos traços que prediziam os trabalhadores que vivenciavam o estresse no
trabalho, através de indicadores de depressão, ansiedade e insatisfação com o trabalho.

Após o surgimento da Psicologia Positiva, o foco deslocou-se para os traços


positivos que favorecem os indivíduos a vivenciarem o bem-estar no trabalho.
Entretanto, encontram-se mesmo no período antecessor ao surgimento desse saber
alguns estudos que podem ser considerados os precursores da psicologia positiva no
contexto das organizações. As investigações tem priorizado o estudo da satisfação no
trabalho como principal indicador de bem-estar, porém, tal fenômeno não pode ser
reduzido somente à satisfação. Considerando esses aspectos, o bem-estar no trabalho
pode ser encarado de um ponto de vista multidimensional, constituído não somente por
elementos avaliativos na satisfação no trabalho, como também um componente afetivo
que se manifesta através dos afetos positivos e negativos dirigidos ao contexto do
trabalho.

O BEM- ESTAR NO TRABALHO E AS CARACTERÍSTICAS


DISPOSICIONAIS: ESTUDOS PRECURSORES DA PERSPECTTIVA
POSITIVA

Segundo a autora, delimita-se na categoria de precursoras da psicologia positiva


nas organizações as investigações acerca dos efeitos da afetividade e da personalidade
sobre o bem-estar. Quanto á personalidade, as pesquisas sobre os efeitos do big five
(cinco grandes fatores de personalidade: neuroticismo, extroversão, abertura à
experiência, concordância e realização) sobre a satisfação no trabalho têm apontado que
tal elemento do bem-estar no trabalho pode ser explicado por alguns traços positivos de
personalidade.
Partindo desse princípio, uma investigação meta-análise conduzida por Jugde,
Heller e Mount (2002), demonstrou uma correlação positiva e significativa entre a
satisfação no trabalho e a realização, a socialização e a extroversão. De semelhante
modo, foram encontradas relações diretas entre a satisfação no trabalho e a afetividade
positiva.

AS AVALIAÇÕES AUTORREFERENTES E O BEM-ESTAR NO


TRABALHO

De acordo com o texto, na busca de melhor compreender as bases individuais da


satisfação no trabalho, Judge, Locke e Durham (1997) desenvolveram o construto de
autoconceito que se refere às premissas fundamentais que uma pessoa tem de si mesma
e como funcionam em seu meio ambiente, além de quais mais influenciam suas
percepções, avaliações e comportamentos. Os autores encontraram quatro traços que
mais influenciariam o autoconceito: autoestima, autoeficácia, locus de controle e
estabilidade ou ajustamento emocional. O primeiro traço diz respeito a autoavaliação de
si como pessoa. Já o segundo, autoeficácia, é o julgamento sobre a própria capacidade
de mobilizar recursos cognitivos e adotar estratégias com o intuito de lidar com
situações específicas.

Quanto ao locus de controle pode ser definido como as crenças do indivíduo


sobre a sua própria capacidade ou não de exercer controle sobre os eventos que
vivencia. Por fim, o último trata da tendência de não vivenciar afetos negativos como
medo, depressão e ansiedade. Com os dados obtidos até o momento acerca do
autoconceito têm evidenciado que indivíduos com autoavaliação mais positiva sobre si
mesmo se mostram também mais satisfeitos com seu trabalho em geral. Porém, não há
ainda estudos que se detenham à análise das influências dos traços separadamente sobre
os afetos no trabalho, em geral, restringem-se somente a um dos aspectos do bem-estar
no trabalho.

O CAPITAL PSICOLÓGICO POSITIVO E O BEM-ESTAR NO


TRABALHO

Luthans e Youssef (2007), propuseram a existência de um contínuo formado por


quatro categorias diferentes: estados psicológicos positivos, capacidades positivas em
forma de estados psicológicos, capacidades positivas em forma de traços psicológicos e
traços psicológicos positivos. Respaldados em tal teoria Luthans e seus associados
elencaram a autoeficácia, a esperança, o otimismo e a resiliência para evidenciarem
inicialmente em seu modelo teórico acerca das capacidades e recursos positivos em
forma de estados psicológicos.

A primeira, a autoeficácia, no contexto do trabalho foi definida como a


confiança do indivíduo em sua própria capacidade de mobilizar os recursos cognitivos,
motivacionais e comportamentais necessários a execução bem sucedida de uma tarefa.
Já a esperança se trata do desejo de ser bem-sucedido e a habilidade de identificar e
perseguir o caminho que leva ao sucesso desejado. Quanto ao otimismo, leva as pessoas
a atribuírem os eventos positivos que acontecem nas suas vidas a causas internas. Por
último, a resiliência, é a capacidade de uma pessoa de superar ou lidar de forma bem
sucedida com a adversidade, a incerteza, os conflitos e as falhas.

As pesquisas desenvolvidas por Luthans e seus associados demonstram uma


interessante possibilidade de aplicação dos conceitos da Psicologia Positiva nas
organizaçóes. Entretanto, ainda são muito recentes, fazendo com que haja a necessidade
de mais estudos que possibilitem fundamentar e aprofundar seus resultados iniciais, com
a intenção de generalizá-los a outras situações, contextos e populações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O texto conclui afirmando que por muito tempo o modelo preventivo e curativo
predominou não somente na psicologia em geral como também na psicologia
organizacional e do trabalho. Desse modo, foi capaz de identificar inúmeros fatores de
risco relacionados á doenças, fazendo com que as organizações dispensassem esforços
para evitá-los, eliminá-los ou controlá-los. Contudo, tais experiências não se mostraram
muito eficazes na promoção do bem-estar ao longo dos anos. A partir disso,
recentemente, tal modelo perdeu lugar para a Psicologia Positiva direcionada às
organizações, a qual tem buscado investigar os fatores responsáveis pelo funcionamento
humano e organizacional positivo. Essa busca tem a intenção de incentivar o
desenvolvimento de traços, estados, comportamento e organizações positivas, ou seja,
gerar indivíduos e organizações cada vez mais produtivos e felizes. Logo, o intuito não
é somente ajudar os indivíduos e organizações a sobreviver, mas sim florescer.

REFERÊNCIA
Ferreira, M. C. Antecedentes individuais do bem-estar no trabalho sob a ótica da
Psicologia Positiva. In: Ferreira, M. C. & Mendonça, H. C. (2012). Saúde e bem-estar
no trabalho: dimensões individuais e culturais. São Paulo: Casa do Psicólogo.

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