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Eckhardt e Mascarello.

Saúde mental e trabalho: uma revisão por meio da Psicologia organizacional


e do trabalho.

SAÚDE MENTAL E TRABALHO: UMA REVISÃO POR MEIO DA PSICOLOGIA


ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO
MENTAL HEALTH AND WORK: A REVIEW THROUGH ORGANIZATIONAL AND
WORK PSYCHOLOGY
Adriana Eckhardt¹ ,
Karen Gregory Mascarello²
Recebido: 06/12/2021
Aceito: 10/02/2022

Resumo
Este artigo aborda o tema da saúde mental, trabalho e a Psicologia. O enfoque teórico e
conceitual foi direcionado pela Psicologia Organizacional e do Trabalho, mas não
exclusivamente, pois o tema é complexo e vasto. O objetivo do trabalho foi observar
produções científicas nos periódicos brasileiros de Psicologia disponibilizados na plataforma
Scielo, dos últimos cinco anos, e perceber como a saúde mental e o trabalho se relacionam. A
análise seguiu o eixo da Psicologia Organizacional e do Trabalho. Em termos de método, após
busca por termos chaves na plataforma Scielo e seleção dos artigos, a análise se deu por
leitura e revisão integrativa, o que possibilitou analisar e interpretar o que foi lido,
construindo a análise qualitativa, através dos artigos exemplares encontrados durante a
pesquisa. Como resultado, percebe-se que as relações de poder dentro das organizações, as
mudanças tecnológicas e trabalhistas se mantém e direcionam as relações de trabalho. A
Psicologia Organizacional e do Trabalho precisa estar atenta e instrumentalizada,
teoricamente, a fim de primar pela valorização da dignidade humana em seus aspectos
psíquicos e pelo resgate do sujeito nas relações de trabalho.

Palavras-chave: Psicologia; Saúde mental; Trabalho; Psicologia Organizacional e do


Trabalho.

Abstract
This article addresses the topic of mental health, work and Psychology. The theoretical and
conceptual focus was guided by Organizational and Work Psychology, but not exclusively, as
the topic is complex and vast. The objective of the work was to observe scientific productions
in Brazilian Psychology journals available on the Scielo platform, from the last five years, and
to understand how mental health and work are related. The analysis followed the axis of
Organizational and Work Psychology.
___________________________
¹ Acadêmica do curso de Psicologia na Faculdade IENH. adripsico46@gmail.com
Revist. Front. Psico., n. 2, jul-dez 2021.
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Eckhardt e Mascarello. Saúde mental e trabalho: uma revisão por meio da Psicologia organizacional
e do trabalho.

² Mestre em Educação - Faculdade IENH. Karen.m@ienh.com.br

In terms of method, after searching for key terms in the Scielo platform and selecting the
articles, the analysis was carried out by reading and integrative review, which made it
possible to analyze and interpret what was read, building the qualitative analysis, through the
exemplary articles found during the search. As a result, it is clear that power relations within
organizations, technological and labor changes are maintained and direct labor relations.
Organizational and Work Psychology needs to be attentive and theoretically instrumentalized
in order to strive for the valorization of human dignity in its psychic aspects and for the rescue
of the subject in work relationships.

Keywords: Psychology; Mental health; Work; Organizational and Work Psychology.

1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa teve como objetivo analisar, a partir de pesquisa bibliográfica e


documental, as relações entre saúde mental e trabalho, por meio da Psicologia Organizacional
e do Trabalho (POT). Embora as abordagens que a Psicologia possa nos trazer em termos de
conceitos, teorias e métodos sejam vastos, decidimos seguir linhas mais tradicionais, que
estabelecem a saúde como fio condutor nas relações entre Psicologia e trabalho e com um
enfoque alinhando à POT.
Para entender o complexo processo entre saúde mental e trabalho, analisamos a
produção bibliográfica sobre o tema nos periódicos da área de Psicologia disponibilizados na
Plataforma Scielo, dos últimos cinco anos. Além da pesquisa nos periódicos, utilizamos livros
referenciais sobre o tema e artigos fora da plataforma Scielo ou de outros periódicos não
relacionados a revistas da área de Psicologia. Ou seja, a análise das relações entre saúde
mental, Psicologia e trabalho poderia ser feita de várias maneiras, em termos de densidade e
aprofundamento, mas decidimos nos basear em como artigos brasileiros, publicados nos
últimos cinco anos em revistas de Psicologia, abordaram o assunto.
A relevância desta pesquisa, para a área de atuação da Psicologia foi verificar, além de
dados recentes no Brasil sobre as relações indicadas no problema de pesquisa, também, até
que ponto o olhar para a saúde mental do trabalhador tem encontrado lugar nas empresas e

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instituições e como este tipo de preocupação poderá ser uma tendência para a Psicologia,
principalmente no contexto pandêmico e de retração econômica no qual se encontra o Brasil.
Esta pesquisa nasce como preocupação acadêmica de experiências pessoais em
contextos organizacionais e fabris e reflexões alcançadas por análises bibliográficas sobre
saúde mental em ambiente de trabalho. O indicativo de resultado, como se verá ao final, é que
a maior causa de desencadeamento do sofrimento psíquico no ambiente de trabalho é devido à
pressão colocada através de metas pré-estabelecidas na área produtiva (MERLO E LAPIS,
2007); (SELIGMANN-SILVA, 2011), problemas organizacionais e assédios em geral.

2. DELIMITAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA

O trabalho e a saúde formam um sistema que se retroalimenta, através de demandas e


pressões, afetando a vida psíquica das pessoas. Embora parte das relações de trabalho esteja
fora das possibilidades de controle em nível individual por parte dos trabalhadores, seja em
um contexto de articulações de instituições, contratos e relações de grande e média escala
entre empresas e países, é importante ter esta noção mais subjetiva e individual para se chegar
aos condicionantes da saúde mental do trabalhador em seu meio de atividade e renda
(SELIGMANN-SILVA, 2011). Apesar do tema sobre trabalho e saúde mental ser vasto, ele
tende a aumentar ainda mais por causa de grandes e rápidas alterações no mundo do trabalho,
da propensão estrutural de concentração de renda (PIETRANI e DE FEIJOO, 2020),
desemprego e, no último ano, o cenário gerado pela pandemia.
Nós poderíamos ter escolhido outras plataformas (Bireme ou o sistema de teses e
dissertações da CAPES, por exemplo) de pesquisa e acesso a um período de tempo que fosse
maior do que cinco anos, mas decidimos por este intervalo justamente por ser um recorte que
ainda nos oferece artigos com tendência de análises do nosso “tempo presente” e escolhemos
a plataforma Scielo pelo seu padrão de qualidade, facilidade de acesso, sistema de busca
adequado e gratuidade.
A questão principal desta pesquisa foi a seguinte. Como as produções científicas, nos
periódicos brasileiros de Psicologia disponibilizados na plataforma Scielo, dos últimos cinco
anos, descrevem e analisam saúde mental e trabalho como eixo da Psicologia Organizacional
e do Trabalho? Um dos componentes importantes do problema de pesquisa foi verificar a
maneira como era priorizada a saúde mental do trabalhador pela Psicologia a partir das
dinâmicas do trabalho. A busca pelos termos de pesquisa dirigiu-se do geral para o particular.
Os termos de busca foram: trabalho OR saúde mental OR Psicologia; saúde mental OR
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ambiente de trabalho e psicodinâmica do trabalho AND Psicologia Organizacional AND


Trabalho.
O contexto para a formulação de nosso problema de pesquisa estava ligado às relações
de trabalho e a forma como se inserem na “lógica capitalista”: trabalhadores indicam
sofrimento psíquico por questões relacionadas ao assédio moral e/ou sexual, discriminação
social, gênero e racial, burocratização de processos, hierarquias engessadas e pressão
desmesurada por metas (CODO, 2006). Embora não sejam apenas esses os elementos de
pressão no ambiente de trabalho, foram, contudo, os mais expressivos nos artigos e na
literatura especializada.
Percebem-se, também, no contexto da discussão que faremos abaixo, como os
ambientes organizacionais bastante hostis, competitivos, nos quais os trabalhadores precisam
saber lidar com a “pressão” para atingir metas estabelecidas pelo mercado de trabalho e por
regras internas das empresas, ou setores produtivos, são geradores de tensão e comprometem
a saúde do trabalhador. Aparecem, também, ambientes precários, sem as devidas condições
para a realização do trabalho, o que também pode afetar as relações pessoais fora do ambiente
profissional (OLIVEIRA; PAPARELLI; SATO, 2001). Tais questões parecem estar
relacionadas com o trabalho e seu significado no mundo contemporâneo, às formas como o
sistema capitalista se apropria do trabalho ao longo da história, às condições impostas aos
trabalhadores e às relações que se estabelecem quando em situação de trabalho (ALBORNOZ,
2012).
A saúde mental perpassa outras relações fora das empresas e instituições, podendo ser
sentida, também, no ambiente familiar e nas demais relações sociais. As relações interpessoais
dentro e fora do ambiente de trabalho possuem um componente de ligação forte com a
Psicologia a partir das pressões, grau de solidariedade, tensões, níveis de assédio,
desigualdades e hierarquias intrínsecas aos processos de trabalho, formal ou não
(VASCONCELOS e FARIA, 2008). Assim, trata-se de um tema muito importante, no
mínimo, para, além da Psicologia em geral, e também para as áreas de gestão e estudos
organizacionais.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico aborda conceitos e teorias sobre as questões suscitadas pelas


relações entre trabalho e saúde mental, pela ótica da POT. Com o auxílio da literatura

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especializada e de eventual busca documental - legislação, normas e regulamentações da área


trabalhista e da saúde - tratamos das principais questões do tema antes de focarmos na análise
dos artigos selecionados nas revistas da plataforma Scielo. Os eixos abordados foram: a)
trabalho; b) saúde mental em ambiente de trabalho e; c) as relações dos dois primeiros com a
POT.

3.1 Trabalho, historicidade e sua influência nas relações subjetivas


O cerne do primeiro eixo da abordagem é sobre os principais significados do trabalho
no ocidente, demarcando a historicidade do termo e sua dinâmica em relação à formação de
sua história na subjetividade dos indivíduos e como esses processos subjetivos afetam as
organizações produtivas em suas relações com os trabalhadores.
O percurso reflexivo sobre os efeitos do trabalho nas sociedades industriais ou
baseadas fortemente em uma economia direcionada à tecnologia (mesmo na área de serviços)
conduz à percepção das diferenças entre o trabalho, o labor e a própria idéia de possuir um
emprego e renda. A maneira como estes conceitos se relacionam na sociedade - trabalho,
renda e emprego - tem um impacto relevante na organização produtiva e na saúde mental em
ambientes fabris contemporâneos. Isso por conta da formação subjetiva contemporânea ser
fortemente baseada nos vínculos empregatícios, na profissão e na condição econômica
derivada do emprego. As relações no trabalho, e fora dele, associadas à posição de classe em
função da renda, pressão no trabalho e expectativa de futuro afetam diretamente a saúde
mental do trabalhador (SELIGMANN-SILVA, 2011).
O conhecimento científico e tecnológico, principalmente pela automação e
informática, introduziu rotinas e modos de comunicação e produção que acentuaram os
sinônimos de “empresa moderna”. Este sistema produtivo reestruturado, junto a uma
ideologia fundamentada no indivíduo, é intenso, em termos psicológicos, a um discurso
liberal radical, em que a premissa é que o indivíduo é elemento anterior à sociedade e com
maior prioridade em relação ao coletivo (DUARTE et al., 2020).
Tal discurso tende a atravessar diversas instâncias da sociedade, da família, escola e
trabalho, resultando em um modelo de organização de relações de trabalho com caráter
desigual (renda, gênero, por exemplo) e, muitas vezes, fora das normas mínimas
recomendadas pela Organização Internacional do Trabalho - OIT. A pressão subjetiva e auto-
culpabilização por não acompanhar metas e demandas produtivas produz processos psíquicos
que afetam a saúde mental em ambiente de trabalho (LACAZ, 2007).
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A informatização do trabalho acarretou uma dinâmica mais automatizada de controle


de dados, mas também, simultaneamente, uma massa de trabalhadores precarizados:
assalariados de serviços, contingentes de trabalhadores terceirizados e temporários,
subcontratados, operadores de telemarketing e call center, digitalizadores de empresas
financeiras, motoboys, uberizados, entre outros. Com cenário de desemprego, o Estado
brasileiro abrindo mão de suas prerrogativas de planejamento, economia desarticulada e
pandemia, a tendência de empregos informais e precários aumenta. Seguindo nossa lógica de
argumentação, essa precarização força situações de transtornos e debilidade da saúde mental
dos trabalhadores.
As posições autoritárias e problemas de liderança também são geradores de estresse no
trabalho (SILVA et al., 2021), embora no contexto atual não sejam, na maior parte das vezes,
tão aflitosas como a perspectiva do desemprego ou trabalhos precários intermitentes. As
tendências de uberização, terceirização radical do trabalho e o sistema “just in time” para
cálculo de renda irá impactar drasticamente o nível de trabalho, renda e diminuir a proteção
na saúde e pagamento apenas no pico de trabalho. Além disso, contribui para concentração de
renda, achatamento das classes médias e no longo prazo corrói a estrutura do capitalismo
liberal, pois a circularidade de renda para o consumo é radicalmente afetada. Este ideário
neoliberal irá impactar negativamente ainda mais a vida psíquica dos trabalhadores, pois
baseados na não reciprocidade e proteção social e econômica (FRANCO e FERRAZ, 2019).
O sofrimento e saúde mental, neste contexto, perdurarão e terão novos contornos com as
mudanças tecnológicas junto aos processos de subjetivação.

3.2 Saúde mental e ambiente de trabalho


O segundo eixo da abordagem teórica baseou-se no pensamento de Christophe
Dejours. A gênese do pensamento Dejouriano, sobre o sofrimento humano, encontra-se nos
fundamentos do desenvolvimento industrial do século XIX, caracterizado pelo crescimento da
produção, êxodo rural e concentração de novas populações urbanas, portanto, com destacado
cunho sociológico e histórico.
O período do século XIX, por exemplo, era de precárias condições de trabalho, pela
média dos padrões atuais, emprego de crianças na produção industrial, salários insuficientes
para a subsistência e elevado número de acidentes. A sociedade industrial convivia com alta
morbidade, crescente mortalidade e uma longevidade extremamente reduzida para os padrões

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atuais. A batalha pela saúde e velhice minimamente digna era a própria luta pela
sobrevivência (DEJOURS, 1998).
De acordo com Dejours (1998), as exigências do trabalho e da vida eram (e ainda são)
uma ameaça ao próprio trabalhador(a), cheia de riscos e sofrimentos (o que era conhecido
como Miséria Operária), que se comparava a uma doença contagiosa, devendo ser encarada e
tratada como tal, surgindo daí um movimento denominado higienista como resposta social ao
perigo.
Para Dejours (1998), o trabalho torna-se perigoso para o aparelho psíquico quando ele
se opõe à sua livre atividade. O bem-estar, em matéria de carga psíquica, não advém só da
ausência de funcionamento, mas, pelo contrário, de um livre funcionamento, articulado
dialeticamente com o conteúdo da tarefa, expresso, por sua vez, na própria tarefa e revigorado
por ela. Um trabalho livremente escolhido ou livremente organizado oferece, geralmente, vias
de descarga mais adaptadas às necessidades. O trabalho torna-se, então, um meio de
relaxamento e, às vezes, a tal ponto, que uma vez que a tarefa terminava, o trabalhador se
sentia melhor do que antes de tê-la começado.
Para Bleger (1984), quando o psicólogo ingressa para trabalhar numa instituição
(escola, hospital, fábrica, clube, etc.), a primeira coisa que se deve fazer é não abrir um
gabinete, nem um laboratório, nem um consultório para a atenção aos indivíduos doentes que
integram a instituição. Sua primeira tarefa é investigar e tratar a própria instituição. Este é o
seu primeiro “cliente”, o mais importante.
De acordo com o autor (1984), toda empresa tem como objetivo fundamental, de uma
ou de outra maneira, um incremento de sua produtividade, melhor dito, de suas utilidades. Da
área de psicologia institucional espera-se, explícita ou implicitamente, uma condução das
relações humanas que leve a esta finalidade finalística da empresa, e do convívio mais
harmonioso possível entre empregados e demais parceiros institucionais. Em nenhum caso o
psicólogo deve se situar como agente ou promotor da produtividade, porque não é esta a sua
função profissional. Seu objetivo é a saúde e o bem-estar humano, o estabelecimento ou
criação de vínculos saudáveis e dignificantes. Seus objetivos podem levar tanto a um aumento
da produtividade, ou dos benefícios, como a uma diminuição da mesma, de maneira
passageira, transitória ou estável, mas em nenhum caso é isto o que mede a eficácia de sua
tarefa (Idem, p. 63).
Em qualquer situação, deve-se salientar que o psicólogo deve trabalhar com
exclusividade segundo os seus objetivos e rechaçar tarefas incompatíveis aos seus propósitos.
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E sua finalidade última é buscar, na psico-higiene, a promoção da saúde dos indivíduos e seus
respectivos grupos. Nesta abordagem, o psicólogo procura entender processos organizativos
relacionados ao trabalho, com estudos ligados à vida cotidiana, desemprego, informalidade,
autogestão, cooperação em projetos relacionados às relações entre trabalho e saúde
(DEJOURS, 2011).

3.3 Psicologia e atuação em ambiente de trabalho


O terceiro eixo da abordagem teórica foi na área da organização social do trabalho e
suas relações com a Psicologia. Para Ziliotto (2008), no comprometimento com a eficácia
produtiva, surgem imperativos insistentes, como o equacionamento da fadiga, da indisciplina,
da improdutividade, da insubordinação. E as respostas também são persistentes: testagens,
treinamentos, técnicas de gerenciamento de pessoal.
Ainda para a mesma autora (2008) as denominações que esta prática recebe traduzem
as mudanças sociais: Psicologia Industrial, Psicologia Organizacional, Psicologia do
Trabalho. E, assim, o avanço de um discurso tido como científico que se abre sobre a
produção. As incompatibilidades do trabalhador com o ‘tratamento’ oferecido pelos
psicólogos são expressas no fracasso de muitas intervenções. É importante uma revisão das
limitações da Psicologia praticada sob as áreas diretas do trabalho atual, fazendo proposições
que visem a uma história mais coerente e ética entre Psicologia e ambiente de trabalho.
Ao longo de seu percurso histórico, a POT passou por um vasto conjunto de
mudanças. Desde sua origem voltada ao trabalho no contexto industrial, no início do século
XX, passando pela descoberta de um novo objeto de estudo e investigação nos anos 1950 do
fenômeno das organizações (PEIXOTO et al., 2020). Até os dias atuais a área ampliou seu
foco de atuação, incorporou diferentes metodologias e olhares, descobriu novos objetos.
Entretanto, uma característica básica pode ser observada ao longo de sua história, que é uma
profunda sinergia entre os domínios da ciência e da profissão, caracterizando aqui o que
chamamos de uma profissão de base científica (Ibidem).

4. DELINEAMENTO METODOLÓGICO

4.1 Revisão integrativa e busca de dados

A metodologia foi desenvolvida através de pesquisa bibliográfica e revisão integrativa


(SOUZA; SILVA e CARVALHO, 2010), principalmente em buscas por artigos na plataforma

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Scielo. Foram utilizados termos gerais e específicos, como se viu nos termos da busca dos
artigos e estes separados em planilha Excel para análise, com nome do periódico, título do
artigo, ano da publicação, autores, temática, abordagem/método, classificação em artigo
teórico e/ou empírico.

O quadro 03 mostra a instituição do primeiro autor do artigo, região federada e gênero,


para compor os dados quantitativos da pesquisa. O período da publicação foi decidido entre
2015 a 2020 para a obtenção de resultados e discussões mais recentes. Os termos gerais
foram: trabalho OR saúde mental OR Psicologia. Os termos específicos foram: saúde mental
OR ambiente de trabalho. Uma segunda busca específica foi psicodinâmica do trabalho AND
Psicologia Organizacional AND Trabalho. Esta última busca foi para mapear possíveis nichos
da Psicologia (Psicologia Organizacional e do Trabalho) que poderiam tratar do tema.
A seleção dos periódicos da Plataforma Scielo, de diversos estratos de avaliação
Qualis, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), foi feita
pelo critério de relevância dos periódicos e gratuidade de acesso. Evidentemente, a seleção
dos periódicos não representa o universo dos periódicos brasileiros de Psicologia, mas indica,
pela própria avaliação da plataforma Scielo, um padrão de qualidade importante, além da
representatividade do estado da arte na pesquisa brasileira. Muitos outros artigos sobre o tema
foram publicados antes de 2015 e observamos artigos em 2021, principalmente ligados à
pandemia e saúde mental em ambiente de trabalho.
O estabelecimento de estratégias para operacionalizar a seleção dos artigos certamente
foi um desafio diante de fronteiras disciplinares crescentemente fluidas na área do Trabalho e
Psicologia, já que outras áreas das ciências sociais, humanas e sociais aplicadas, além de
setores da saúde, trabalham com este tema. Por isso focamos a busca nas revistas de
Psicologia da plataforma.
Após a busca pelos termos gerais e específicos da seleção dos artigos a leitura dos
resumos buscou identificar artigos que atendessem aos seguintes critérios: i) presença de
perspectiva teórico-metodológica e bibliografia associada ao tema saúde mental, trabalho e
Psicologia e/ou ii) consideração de práticas psicológicas no tratamento e análise das relações
entre Psicologia e trabalho como objetos empíricos: isto é, pesquisas que investigam a
produção da Psicologia e como esta trata a transformação da ordem social e psíquica das
pessoas através das relações de trabalho. Posteriormente foi decidido suprimir os trabalhos de

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áreas não ligadas diretamente à Psicologia, resenhas, ensaios de opinião/comentários livres,


editoriais e apresentações de dossiês sobre o tema.
Na primeira busca foram encontrados na base de dados 1.113 artigos. Estes materiais
foram analisados inicialmente através da leitura dos títulos e resumos. Após a verificação de
que os artigos não tratavam do tema trabalho e Psicologia, foram excluídos 1.094 artigos,
sendo que foram salvos apenas 19 deles. Na segunda busca, com termos específicos, foram
encontrados 97 artigos, e salvos apenas seis deles, sendo que cinco eram repetidos. Restando
apenas 01.
Para a terceira busca de termos específicos não foi encontrado nenhum resultado, o
que por si já evidencia algum resultado em relação à abordagem da Psicologia organizacional
e do Trabalho nos periódicos de Psicologia da plataforma Scielo, nos últimos cinco anos.
Então, ao todo, tivemos 20 artigos relacionados ao tema e ao nosso recorte que relacionava
Psicologia e trabalho. Na medida em que fomos lendo e nos apropriando do material,
conseguimos organizar os dados para posterior análise a partir da nossa perspectiva da
Psicologia Organizacional e do Trabalho.
A organização e o tratamento dos dados foram feitos através de tabelas e arquivos de
classificação. Nestes, codificamos os artigos em dois grandes eixos: “temáticas” e “objetos
empíricos”, se o estudo tivesse empírico. Foram acrescentadas no quadro 03 da pesquisa a
informação sobre a filiação institucional do primeiro autor, origem e gênero.
Em seguida foi procedida a análise em profundidade das temáticas - através da leitura
dos artigos - levando em conta os assuntos mais frequentes. A partir daí foram definidos os
eixos de assuntos para organizar e caracterizar cada temática. A partir dessas temáticas foram
selecionados artigos como produções-exemplares, ligados aos eixos teóricos, já indicados
acima, mas repetidos novamente para auxiliar o leitor: a) trabalho; b) saúde mental em
ambiente de trabalho e; c) as relações dos dois primeiros com a Psicologia Organizacional do
Trabalho.
Na primeira etapa da pesquisa foi classificado o ano do artigo, nome do artigo,
temática, principal resultado, as principais abordagens teórico-conceituais e o enfoque
(empírico e/ou teórico). Este tipo de classificação é importante e passo básico em pesquisa
quantitativa/qualitativa, pois ajudará na organização dos dados para análise (CASTRO; ABS e
SARRIERA, 2011) e, eventualmente, em resultados secundários. Estes resultados podem ser
mais fortes em determinados anos em que mais aparecem produções bibliográficas ligadas à
saúde mental/trabalho; variação de abordagens teóricas, de acordo com contexto de produção
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intelectual e acadêmica; e relevância do tema em certos períodos, por demandas específicas


ou factuais, como aumento do número de casos de problemas com saúde mental em ambiente
de trabalho e sua repercussão em mídia e nas áreas de regulação e controle público deste
fenômeno - Fundacentro, Ministério Público Federal e Ministério do Trabalho, por exemplo.
Na segunda etapa, após a organização das informações dos artigos e documentos sobre
saúde mental e ambiente de trabalho, sob a perspectiva da Psicologia, analisou-se o conteúdo
para verificar a posição prevalecente, na literatura. Alguns objetivos foram organizados da
seguinte forma: a maneira como uma noção de trabalho se apropriou fortemente das relações
interpessoais e como tais relações afetam a saúde mental do trabalhador (discussão com
Albornoz e Dejours, por exempo); como a Psicologia Organizacional e do Trabalho pode
atuar na compreensão de melhores relações de trabalho dentro de empresas; como a
organização do trabalho e saúde mental se relaciona em práticas mais coerentes para amenizar
e adaptar relações no trabalho que não prejudiquem a saúde mental do trabalhador. Estas
relações foram organizadas a partir dos resultados dos artigos selecionados.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Resultados quantitativos

Quadro 01
Número Revistas Título Ano Autores Temática Abordagem/Método Teórico/
Empírico

Psicologia Alguns aspectos 2018 Amanda Saúde do Análise a partir de Teórico


e da política Pereira de trabalhador; formação discursiva
Sociedade nacional de Carvalho política
saúde do Cruz nacional;
trabalhador no subjetividad
1 Brasil e
Psicologia: Como a análise 2020 Ramon Psicologia Revisão na Literatura Teórico
Ciência e do Marin da Saúde,
Profissão comportamento Análise do
tem contribuído Comportame
para área da nto
saúde? Aplicada,
2 Revisão de
Literatura.
Psicologia: A relação entre 2016 Kettyplyn Mudança A pesquisa foi Empírico
Teoria e atributos, Sanches organizacion realizada com
Pesquisa atitudes e bem- Franco al, contexto empregados e
estar na organizacion prestadores
mudança al, atitude, de serviços de três
organizacional bem-estar. organizações
3 públicas.

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Psicologia Perfil e atuação 2020 Isabel Atuação do Campo teórico e Empírico


e de psicólogos Lopes dos psicólogo; político da saúde
Sociedade nos centros de Santos Saúde do do trabalhador.
referência em Keppler trabalhador; Realizou-se um
saúde do Política mapeamento dos
trabalhador pública. psicólogos que atuam
4 nos CERESTs
Psicologia: Novas 2016 Cláudia Organizaçõe Amostra total, Empírico
Ciência e modulações do Maria s, Poder, composta
Profissão controle Perrone Trabalho, de trinta sujeitos.
organizacional: Subjetividad Método Qualitativo
um estudo de e, Estudo de
5 caso Caso.
Psicologia (De)forma 2020 Fábio José Trabalho; Reflexões da Teórico
em Estudo trabalhista: Orsini legislação; apresentação de seus
flexibilização e Lopes saúde do autores em Mesa
precarização trabalhador. Redonda que integrou
pela(s) a programação do
perspectiva(s) II Encontro do
da(s) Laboratório
psicologia(s) do Interinstitucional de
trabalho Subjetividade e
Trabalho, II Simpósio
Psicologia e
Trabalho: Dimensões
Sociais e
Subjetividade e VIII
Encontro de
Psicologia
Organizacional e do
6 Trabalho (EPOT)
Psicologia “Eles 2015 Maristela Organização Delineamento Empírico
e determinam, nós Rancan do trabalho; exploratório-
Sociedade produzimos”: psicodinâmi descritivo.
subjetividades ca do Participaram do
capturadas pelo trabalho; estudo oito
trabalho saúde trabalhadores
metalmecânico mental; residentes na região
7 metalúrgicos de Caxias do Sul-RS.
.
Psicologia Intervenção em 2020 Matheus Mudança Abordagem Teórico
em Estudo psicossociologia Viana Braz organizacion qualitativa e
: a construção al e descritiva
da escuta intervenção
e a implicação da
nas psicologia
8 organizações do trabalho
Psicologia Fatores de risco 2020 Carlos Riscos Pesquisas descritivas Teórico
Teoria e e riscos Manoel ocupacionais
Pesquisa psicossociais no Lopes , saúde do
trabalho: Rodrigues trabalhador,
definição e saúde mental
9 implicações no trabalho

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Psicologia Experiência e 2019 Charis Trabalho; Análise Teórico


em Estudo narrativa: Telles experiência; histórica/narrativa
inspiração Martins da narrativa
benjaminiana Rocha
para uma
clínica do
10 trabalho
Psicologia A (in)esperada 2020 Kelen Covid-19; Pesquisa Teórico
e pandemia e suas Christina Trabalho; bibliográfica e
Sociedade implicações Leite Neoliberalis reflexão crítica.
para o mundo mo;
do trabalho Precariedade
11 ;
Democracia.
Psicologia Clínica do 2016 Carla Saúde Abordagem Empírico
e trabalho no Garcia mental e qualitativa que
Sociedade SUS: Bottega trabalho; compreende as
possibilidade de clínica do relações e atividades
escuta aos trabalho; humanas.
12 trabalhadores SUS
Psicologia Suinocultor: 2016 Carmem Psicodinâmi Delineamento Empírico
e vivências de Regina ca do qualitativo e
Sociedade prazer e Giongo trabalho; exploratório-
sofrimento no saúde do descritivo. Contou
trabalho trabalhador; com a participação de
precário trabalho 16 suinocultores.
precário;
trabalhador
13 rural;
suinocultor
Psicologia Produção da 2016 Anelise Condições Estudo de caso de Empírico
e precariedade Schaurich de trabalho; caráter qualitativo,
Sociedade laboral: dos Santos subjetividad exploratório-
reflexões e; descritivo e
preliminares precarização transversal.
sobre a criação
de novas formas
de
14 subjetivação.
Psicologia A pesquisa em 2017 Samia Prevenção, Estudo descritivo, por Empírico
Teoria e prevenção em Abreu promoção de meio da técnica
Pesquisa saúde mental no e Sheila saúde, saúde Delphi.
Brasil: Giardini mental,
a perspectiva de Murta pesquisa em
especialistas prevenção,
políticas
15 públicas.
Psicologia Natureza e 2018 Lucas Karl Marx; Análise marxista Teórico
e processo de Carvalho natureza;
Sociedade trabalho em Peto trabalho;
Marx ontologia
16

Revist. Front. Psico., n. 2, jul-dez 2021.


89
Eckhardt e Mascarello. Saúde mental e trabalho: uma revisão por meio da Psicologia organizacional
e do trabalho.

Psicologia: Covid-19 e os 2020 Adriano de Covid-19, Estudo exploratório, Empírico


Ciência e desafios postos Lemos Psicologia descritivo, de
Profissão à atuação Alves organizacion abordagem
profissional em Peixoto al e do qualitativa e foi
psicologia trabalho, realizado por meio de
organizacional e Transição estudo de casos
do trabalho: múltiplos
uma análise de
experiências de
psicólogos
17 gestores
Psicologia: Qualidade de 2017 Uanisléia Confiança, Foi utilizada uma Empírico
Ciência e vida e valores Lima da Qualidade amostra de
Profissão nas Silva de Vida no conveniência com
organizações: Trabalho, posta por 188
impactos na Valores, trabalhadores, cujo
confiança do Cultura tamanho atende ao
empregado cálculo do poder do
18 teste.
Psicologia Atenção aos 2018 Mariana de Saúde do Inquérito de cunho Empírico
e transtornos Castro trabalhador; descritivo incluindo
Sociedade mentais Brandão saúde os Cerest implantados
relacionados ao Cardoso mental; no Brasil
trabalho nas Sistema
regiões do Único de
19 Brasil Saúde;
transtornos
mentais.
Psicologia Violências no 2018 Juliana Tipos de O artigo representa, Teórico
e ambiente de Moro violências; portanto, uma base de
Sociedade trabalho: Bueno escalada da apoio para futuras
ponderações Mendonça Violência; pesquisas empíricas,
teóricas organização através de uma
do trabalho sistematização teórica
única em âmbito
20 nacional

Como se pode verificar no Quadro 01, selecionamos 20 artigos. A expectativa na


hipótese era de mais artigos sobre o tema Psicologia e trabalho, como caracterizadas nos
termos de busca. De qualquer forma, os artigos efetivos deram mostra da variedade de
abordagens e riqueza de objetos empíricos, tanto na indústria, serviços, empresas privadas e
instituições púbicas.
A distribuição e nomes das revistas na plataforma Scielo ficou caracterizada da
seguinte forma:
⮚ Revista Psicologia e Sociedade – 10
⮚ Revista Psicologia em Estudo - 3
⮚ Revista Psicologia: Ciência e Profissão – 4
⮚ Revista Psicologia Teoria e Pesquisa - 3
Revist. Front. Psico., n. 2, jul-dez 2021.
90
Eckhardt e Mascarello. Saúde mental e trabalho: uma revisão por meio da Psicologia organizacional
e do trabalho.

A Revista Psicologia e Sociedade foi a com maior número de artigos sobre Psicologia
e trabalho. Por causa do seu perfil editorial, pesquisas sobre o tema têm maior abertura e
chance de publicação neste periódico.
No Quadro 02 está inserida a recorrência de artigos publicados por ano. O ano de 2020
foi o com maior número de artigos. Estes eram geralmente ligados ao tema da pandemia,
perdas de direitos trabalhistas, previdência e mudanças da gestão do trabalho como elementos
importantes para as relações entre Psicologia e saúde mental.
Quadro 02
Ano Quantidade
2015 1

2016 5

2017 2

2018 4

2019 1

2020 7

Os temas e abordagens dos artigos foram muito variados, não existindo uma
preponderância. Evidentemente com a exceção da relação entre Psicologia e saúde mental do
trabalhador. Um ponto importante foi a tendência, a partir de 2020, dos estudos inserindo a
variável Covid-19 nas discussões sobre o mundo do trabalho e como a Psicologia teria pela
frente novos desafios. A discussão sobre gestão e Psicologia Organizacional e do Trabalho -
POT estava em interessantes artigos a partir de 2016, principalmente discussões com
aprofundamento teórico sobre relações entre saúde mental, gestão do trabalho e a organização
como um dispositivo de poder.
Em relação aos artigos com estudos empíricos ou teóricos, houve um equilíbrio, com
apenas um artigo de vantagem para estudo empírico, com 11 ocorrências. Vale ressaltar que
os artigos referenciais selecionados na discussão qualitativa não deixavam marcante a
separação entre estudos empíricos e teóricos, pois as discussões conceituais e teóricas estavam
sempre presentes, principalmente com a abordagem ligada à POT, pela qual demos maior
primazia na escolha.
Quadro 03

Revist. Front. Psico., n. 2, jul-dez 2021.


91
Eckhardt e Mascarello. Saúde mental e trabalho: uma revisão por meio da Psicologia organizacional
e do trabalho.

Instituição Gênero do Estado da Federação do 1º autor


primeiro
autor

Universidade Federal do Pará Feminino Belém/PA, Brasil


Universidade Federal de São Carlos Masculino São Carlos/SP, Brasil

Universidade de Brasília Feminino Brasília/DF, Brasil


Universidade Federal do Rio Grande do Norte Feminino Natal/RN, Brasil
Universidade Federal de Santa Maria Feminino Santa Maria, RS, Brasil

Universidade Estadual de Maringá Masculino Maringá/PR, Brasil

Universidade Feevale, Novo Hamburgo Feminino Novo Hamburgo/RS, Brasil

Universidade do Estado de Minas Gerais Masculino Divinópolis/MG, Brasil

Centro Universitário de Brasília Masculino Brasília/DF, Brasil

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Feminino Porto Alegre/RS, Brasil

Universidade Federal de São Carlos Feminino Sorocaba/SP, Brasil

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Feminino Porto Alegre/RS, Brasil

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Feminino Porto Alegre/RS, Brasil

Universidade do Vale do Rio dos Sinos Feminino São Leopoldo/RS, Brasil

University of York e Feminino Reino Unido e Brasília/DF, Brasil


Universidade de Brasília
Universidade Estadual Paulista Masculino São Paulo/SP, Brasil
Universidade Federal da Bahia Masculino Salvador/BA, Brasil
Universidade Federal de Uberlândia Feminino Uberlândia/MG, Brasil

Universidade Estadual de Feira de Santana Feminino Feira de Santana/BA, Brasil

Universidade de Brasília Feminino Brasília/DF, Brasil

No quadro 03 temos um panorama do perfil de gênero e região com preponderância


das pesquisas e publicações associadas à Psicologia e trabalho nos últimos cinco anos nas

Revist. Front. Psico., n. 2, jul-dez 2021.


92
Eckhardt e Mascarello. Saúde mental e trabalho: uma revisão por meio da Psicologia organizacional
e do trabalho.

revistas de Psicologia albergadas na plataforma Scielo. Existe uma preponderância de autoras


mulheres nas publicações, com 16 ocorrências na primeira autoria.
Em relação às pesquisas e publicações relacionadas à região do Brasil, o Sul teve
preponderância, no período, com 07 publicações vinculadas ao primeiro autor. Logo em
seguida temos a região Sudeste, com 05 publicações. O Distrito Federal teve 04 publicações,
por conta de um importante polo de pesquisa na área relacionado à Universidade de Brasília.
Em seguida temos a região Nordeste, com 03 publicações, seguido do Norte com uma
publicação. Este retrato não representa, por óbvio, como se estrutura a área de pesquisa no
Brasil como um todo, mas indica uma importante imagem da área no país nos últimos anos. A
tendência de termos como primeira autoria mais mulheres já era esperado e isso comprova
uma tendência que caracteriza a área de Psicologia no Brasil.

6.2 Resultados qualitativos


Na leitura dos artigos selecionados do Quadro 01, descrevemos nossa análise de
alguns textos que consideramos exemplares ou referenciais para esta monografia. A escolha
foi pela qualidade da pesquisa, forma abrangente como aborda o tema e recorte teórico e
empírico com acuidade intelectual. A seleção também contou com a preferência por artigos
com abordagens filiadas à POT. Embora não fosse a maioria dos artigos, esta abordagem foi
importante para a orientação da prática psicológica em ambientes laborais e com rápidas
transformações tecnológicas.
O trabalho como um dos principais fatores organizativos das subjetividades na
sociedade ocidental é um traço fundamental em praticamente todos os artigos selecionados e
na literatura da POT utilizada. A saúde do trabalhador também é atravessada por
racionalidades ligadas a gestão do cuidado e a processos de singularização articulados à
formação da subjetividade. A gestão da saúde do trabalhador e o cuidado à questão do
sofrimento e adoecimento em ambiente de trabalho são tratadas em termos históricos e
documentais, no Brasil, por Cruz et al. (2018). Este artigo referencial nos ajudou a criar uma
linha de entendimento das políticas de saúde do trabalhador no Brasil. Embora o artigo analise
políticas de saúde como um todo, a saúde mental faz parte de um conjunto importante de
formulações entre trabalho/saúde e subjetividade da proposta. Os autores fazem uma
interessante relação entre considerações de saúde pública para atendimentos de riscos
inerentes ao ambiente de trabalho, planos de saúde privado e monetarização dos riscos
associados ao trabalho. Ou seja, riscos que devem ser vigiados, controlados e medicalizados.
Revist. Front. Psico., n. 2, jul-dez 2021.
93
Eckhardt e Mascarello. Saúde mental e trabalho: uma revisão por meio da Psicologia organizacional
e do trabalho.

Em nosso caso, a Psicologia tem um papel central nessas relações de poder e controle e
precisa entender os processos políticos em jogo.
Relacionado ao primeiro artigo acima, podemos encadear o estudo “Como a Análise
do Comportamento tem Contribuído para Área da Saúde?” de Marin et al. (2020) abordando
como a Psicologia da saúde pode abordar a promoção e manutenção de estados saudáveis em
ambientes profissionais através da Análise do Comportamento Aplicada. As análises das
intervenções sugeridas pelos autores são interessantes, pois são generalizáveis para diversos
contextos de trabalho ou atuação profissional e indicam alterações de comportamentos que
podem ser importantes, desde que adaptadas, para promoção de comportamentos mais
saudáveis por parte de funcionários ou trabalhadores. As sugestões são questões simples que a
Psicologia pode estabelecer, como discussão sobre problemas do sono, saúde ocupacional,
uso de drogas, comportamento auto lesivo entre outros, com os trabalhadores, no processo de
escuta e atenção.
O tema da mudança organizacional se sobressaiu. O papel importante da Psicologia é
ser um diferencial para planejar mudanças organizacionais e ir além de metas de
produtividade e que não pensem nas questões humanas ligadas aos resultados das empresas e
instituições. Os aspectos afetivos das mudanças organizacionais são cada vez mais estudados
e são reconhecidamente relevantes para o planejamento antecipado de estratégias mais
coadunadas ao que as pessoas esperam da adoção de novas práticas. O comportamento
adequado aos processos de mudanças organizacionais é um fenômeno que deve estar nas
metas para bons resultados nestas alterações.
Seguindo a questão das práticas dos psicólogos do campo da saúde do trabalhador, o
artigo de Keppler e Yamamoto (2020) discute a consolidação de políticas públicas no Brasil
através dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST). Os autores analisam
como profissionais de Psicologia atuam nos Centros e, além de verificar perfil de atuação,
descrevem a formação da área para a atividade de saúde do trabalhador e os limites de
formação na prática cotidiana destes profissionais. As intervenções da Psicologia na área do
trabalho precisam estar atentas para esta literatura e para com as experiências consolidadas,
como as apontadas pelas autoras, para escolha dos meios mais adequados de escuta e
tratamentos específicos.
As articulações teóricas sobre dispositivos de poder nas organizações, através de uma
lógica pós-disciplinar, são eixos importantes de discussão conceitual que atravessam diversos
artigos e se articulam com a POT, principalmente nas relações entre organização do trabalho e
Revist. Front. Psico., n. 2, jul-dez 2021.
94
Eckhardt e Mascarello. Saúde mental e trabalho: uma revisão por meio da Psicologia organizacional
e do trabalho.

autorresponsabilização do sujeito. Este é justamente o tema do artigo “Novas modulações do


controle organizacional: um estudo de caso”, de Perrone et al. (2016). As autoras, através de
um estudo de caso, discutem a lógica vigente nas atividades contemporâneas do trabalhador
assumir para si as responsabilidades dos resultados e as imensas variações de demandas. O
nível de tensão, desamparo e ansiedade gerados por esta centralização do sujeito torna a saúde
mental uma prioridade de discussão em muitas organizações. Esse processo é definido como
“sujeição moral ou autossujeição, pois se realiza por meio de critérios não definidos pelo
sujeito, mas pela organização em função de seus interesses e metas, mesmo que o sujeito, ao
subjetivar-se nessa lógica, não reconheça a determinação organizacional desse
funcionamento” (Ibidem, p. 4). Mesmo com o discurso da participação e de processos ditos
democráticas nas empresas ou organizações, a lógica desse controle pós-disciplinar é
onipresente, pois subjetiva. As tecnologias promovem maior controle e certo nível de
alienação dos trabalhadores nos processos de geração de lucro nas empresas. Mais tempo e
mais esforço são as práticas sugeridas aos trabalhadores, sem aumento de renda e lazer, por
exemplo, em troca de uma identidade organizacional, como se não houvesse vida fora do
trabalho.
O artigo de Rancan e Giongo (2016) é interessante, pois trata de indústria
metalmecânica no Rio Grande do Sul, na cidade de Caxias do Sul, e expõe resultado de
pesquisa empírica sobre as relações entre a saúde mental dos trabalhadores e as características
desse tipo de indústria: rígidos controles, intensa produtividade, e busca exaustiva por
resultados e padrões altos de qualidade. Através de uma abordagem da Psicodinâmica do
Trabalho, as autoras debatem como o trabalho pode ser um fomentador da saúde mental, pois
a inserção e integração social são estabelecidas por ele, além de dar sentido a valores culturais
e simbólicos nas relações sociais mais cotidianas. E é justamente por isso que a negação de
boas condições de trabalho é fator determinante de sofrimento e adoecimento. A Psicologia
nas mudanças organizacionais é uma importante mediadora - com posição estratégica nas
transformações do mundo do trabalho - dessas relações entre trabalho e saúde na vida dos
sujeitos.
As organizações como instituições de relação dialética, pois formada por condutas
individuais, mas que também induzem e governam comportamentos dos sujeitos é uma ideia
que cruza as abordagens da POT e é tratada por Braz et al. (2020) com maior profundidade.
Este artigo também é referencial, do nosso ponto de vista, ao indicar técnicas de escuta e
intervenções psicológicas nas organizações.
Revist. Front. Psico., n. 2, jul-dez 2021.
95
Eckhardt e Mascarello. Saúde mental e trabalho: uma revisão por meio da Psicologia organizacional
e do trabalho.

As intervenções orientadas por profissionais da Psicologia colocam a dimensão dos


afetos e das representações dos trabalhadores como centrais nos processos de mudanças
organizacionais. Da mesma forma, o nível sócio-organizacional é rico em significados sobre a
rede de interações individuais dos trabalhadores que, quando não entendidas, afetam
negativamente o planejamento e implementação na gestão das organizações (IBIDEM).
Santos e Perrone (2017) produzem importantes análises sobre precarização do trabalho
sob o ponto de vista de uma abordagem psicológica. Mais do que aumento do ritmo de
trabalho, diversificação de tarefas, criação de novas formas de gestão, mudanças
administrativas, privatizações e terceirizações, a precarização laboral é formada por novas
formas de subjetivação. As autoras analisam a Síndrome do Pânico sob o ponto de vista da
produção de subjetividades e técnicas de governo em uma sociedade neoliberal. As autoras
estudam a transformação da sociedade brasileira de uma sociedade com expectativa de pleno
emprego e promoção social para outra, com precariedade, desemprego e baixa esperança em
bem-estar no curto e médio prazo, torna a Psicologia importante ferramenta para entendermos
a produção da subjetividade de precarização no trabalho. Mais do que questões individuais,
esta lógica é estruturante de sociedades com economia e políticas neoliberais, o que nos
impões maneiras de tratar a precarização com estratégias intervenção sistêmicas e ligadas a
movimentos maiores, como sindicatos, associações de trabalhadores e programas de
conscientização coletivos.
O tema das doenças ocupacionais associadas a transtornos mentais em função das
mudanças nas relações de emprego e processos produtivos é tratado por Cardoso e Araújo
(2018) de forma exemplar. Os transtornos mentais estão sendo diagnosticados com maior
ênfase ultimamente em ambiente laboral. Um dos motivos é a rápida mudança nos processos
organizacionais e ritmo de trabalho acelerado. As autoras discutem a emergência de
fenômenos organizacionais que incutem maior incidência de transtornos, geralmente ligadas a
exigências e demandas intensas. Neste contexto, ações políticas na área por parte de governos
e empresas é de suma importância para o cuidado integral dos trabalhadores. Não existe como
melhorar produção de bens e serviços sem atenção à saúde e cuidados dos empregados e
servidores.
Por último, o artigo de Peixoto et al. (2020) foi interessante, pois tratou da relação
entre os profissionais associados à POT, ou psicólogos gestores, e o contexto de trabalho na
Pandemia. A crise pandêmica e as alterações no mundo do trabalho, desemprego e falta de
expectativa em alguns setores influenciam a forma como a POT e profissionais a ela
Revist. Front. Psico., n. 2, jul-dez 2021.
96
Eckhardt e Mascarello. Saúde mental e trabalho: uma revisão por meio da Psicologia organizacional
e do trabalho.

associados tratarão as competências e formas de gestão necessárias para enfrentar este


momento disruptivo. A prática profissional do psicólogo está associada a diversas outras
disciplinas e conhecimentos e em períodos como o atual, a discussão dessas habilidades,
formação e atitudes em cenários de insegurança auxilia muito a pensarmos a atuação do
psicólogo na área do trabalho e nas organizações.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As relações entre saúde mental e trabalho ou como a Psicologia analisa a relação entre
ambos é uma área consolidada, embora com grande espaço para mais pesquisas e discussão de
abordagens inovadoras. Os eixos escolhidos para discutir o tema foram proveitosos, embora
muita coisa tenha ficado de fora da discussão teórica. Os eixos ligados ao trabalho, saúde
mental e a POT são vastos e interessantes em entender como a Psicologia poderá atuar em
empresas e instituições em que pressões do trabalho podem resultar em problemas para os
trabalhadores.
Os aspectos organizacionais, os impactos tecnológicos, as mudanças legais e agora a
pandemia, estão constantemente pressionando alterações no mundo do trabalho. Como já
apontava o Ministério da Economia (2018), auxílios-doença tendem a aumentar, embora com
cada vez mais trabalhadores sem carteira assinada ou contratados em regime CLT. E muitos
destes auxílios relacionados a transtorno mentais e comportamentais ligados e pressões no
trabalho por conta das mudanças sugeridas acima.
As relações entre saúde mental e trabalho, de acordo com a área da Psicologia
Organizacional e do Trabalho, foram discutidas dentro de um mínimo necessário em razão do
grande tamanho do assunto. De qualquer forma, foi importante entender como o trabalho foi
pensado na história, suas diversas concepções e como se transformou, como pensamos no
primeiro objetivo específico que é entender o conceito de trabalho, a concepção dos tipos de
trabalho que existem e que produz efeitos diversos na sociedade.
Como Ziliotto (2008) aponta, a rotina desmedida da eficácia produtiva nas empresas e
outras instituições favorecem aumento de fadiga, indisciplina e improdutividade como
respostas conscientes ou não. O profissional de Psicologia precisa estar atento a estas
respostas nas relações organizacionais. Sem uma atenção conceitual por parte de psicólogos e,
claro, experiência empírica, o diagnóstico e procedimentos de tratamento, via intervenção,
acaba não sendo efetivo, por não ter conexão e sentido aos trabalhadores.

Revist. Front. Psico., n. 2, jul-dez 2021.


97
Eckhardt e Mascarello. Saúde mental e trabalho: uma revisão por meio da Psicologia organizacional
e do trabalho.

Embora tenhamos selecionado na pesquisa poucas revistas da área, por conta da


decisão de recorte em periódicos de Psicologia da Plataforma Scielo, muitas outras revistas
publicam artigos sobre este tema, principalmente as ligadas à saúde e ciências sociais. Após
esta pesquisa percebemos como ainda é preciso aumentar este tipo de discussão nos cursos de
Psicologia, como mais disciplinas sobre o tema, e como as empresas poderiam ter em seus
quadros profissionais aptos a lidar com as mudanças tecnológicas no trabalho, implantação de
novos processos de gestão e sistemas organizacionais que, muitas vezes, geram estresse e
prejudicam a saúde mental dos empregados.
Quando tratamos trabalho e suas relações nas empresas e organizações, do ponto de
vista da Psicologia, a noção de alienação é importante, pois cruza profundamente diversas
relações sociais e psíquicas entre empregado e empregador. Nós agimos de forma condicional
aos processos de trabalho, que nos levam a tomar decisões que são contrárias a nós mesmos.
Ter consciência disso é algo muito difícil, pois nossas ações no dia a dia nunca são
conscientes e explícitas. A ação da alienação no comportamento “não pensado” é de suma
importância nas pesquisas em psicologia social, e devem ser incorporadas nas situações de
poder dentro das empresas e organizações.
Embora a seleção total, após a busca pelos termos da pesquisa, fosse grande, com mais
de 1000 registros, causou-nos surpresa apenas 20 artigos ao final. O primeiro registro foi
grande, por conta de algumas repetições de artigos (geralmente por causa de resumos e textos
em duas línguas), editoriais, resenhas, artigos estrangeiros, resumos de teses e dissertações,
ensaios, réplicas, notas informativas e notas de campo. Mas, ao final, a qualidade dos textos
selecionados demonstrou a importância da frente de estudos que a Psicologia pode ter na área
do trabalho.
A pesquisa demonstrou que a pandemia está sendo um elemento importante de pressão
no trabalho atualmente, como reforço de adoecimento e sofrimento psíquico. As mudanças
atuais serão sentidas ainda por um bom tempo e o profissional de Psicologia precisa estar
preparado e atento para novos diagnósticos e efeitos que o ambiente de trabalho gera na
qualidade de vida das pessoas, principalmente na saúde mental.
A POT foi relevante para este trabalho, pois ajudou-nos a ter um foco mais
direcionado, em termos de abordagem, às relações que a Psicologia possa ter nas relações de
trabalho em empresas e organizações públicas, tanta na forma de contratos formais, como
informais, no caso de trabalhos precários ou ligados a novas relações, como as de
Microemprendedor Individual (MEI), embora esta relação não tenha sido nosso objeto de
Revist. Front. Psico., n. 2, jul-dez 2021.
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Eckhardt e Mascarello. Saúde mental e trabalho: uma revisão por meio da Psicologia organizacional
e do trabalho.

estudo, é compreendido pela Psicologia, pois muitos pacientes podem ter a causa de suas
tensões e sofrimentos originada das relações de trabalho.
Esta pesquisa acabou nos demonstrando a importância da Psicologia nas organizações,
tanto para pensar mudanças de gestão e ritmos de produção, como também no planejamento
da qualidade de vida dos empregados e servidores. Relações com muita tensão geram
comportamentos refratários e adoecimento, prejudicando tanto as instituições como, o mais
importante para nós, a vida dos trabalhadores e as pessoas próximas em seu círculo mais
amplo fora das organizações.

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