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1 INTRODUÇÃO
I
Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso na graduação em Psicologia, como requisito parcial
para obtenção do título de Psicólogo (a) pela Universidade do Sul de Santa Catarina, 2021.
II
Acadêmica do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail:
francieli.evaldt@hotmail.com
III
Mestre em Psicologia e Professora Titular na Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.
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como o desempenho do indivíduo pode ser afetado por fatores pessoais, ambientais e pela forma
como o trabalho é organizado.
Segundo Gurka e Nogueira (2016), a função do psicólogo organizacional e do
Trabalho é atuar de forma ética para que haja um ambiente de trabalho saudável, com qualidade
de vida ao colaborador, promovendo, assim, equilíbrio entre aspectos físicos, emocionais e
mentais. Deve-se levar em consideração que existem diversidades de indivíduos, em condições
hierárquicas diferentes, o que exige do profissional um trabalho que objetiva construir uma
organização benéfica entre colaborador e gestão.
Em pesquisa realizada por Guimarães e Sass (2013), com 106 psicólogos atuantes
na área de POT em Belo Horizonte, Contagem e Betim, constatou-se que, dentre as atividades
desempenhadas pelo psicólogo nas organizações, as principais citadas pelos psicólogos, em
percentuais, foram: 76% realizam atividades de recrutamento e seleção e 71% atividades de
qualificação profissional.
Com base nisso, tem-se com problema de pesquisa: quais práticas profissionais são
desenvolvidas por Psicólogos Organizacionais e do trabalho na região da AMUREL do Estado
de Santa Catarina, na perspectiva dos entrevistados?
Com relação ao objetivo geral, busca-se identificar as práticas profissionais
desenvolvidas por Psicólogos Organizacionais e do Trabalho na região da AMUREL do Estado
de Santa Catarina, na perspectiva dos entrevistados. Quanto aos objetivos específicos, pretende-
se identificar a compreensão dos entrevistados sobre o papel do Psicólogo nas Organizações de
Trabalho; descrever as atribuições desenvolvidas pelos Psicólogos Organizacionais e do
Trabalho na perspectiva dos entrevistados; identificar, na visão dos entrevistados, os desafios
enfrentados no desempenho das atividades profissionais de Psicólogos Organizacionais e do
Trabalho.
A presente pesquisa poderá proporcionar maior compreensão, tanto aos psicólogos
que atuam no campo de trabalho, quanto aos que estão ingressando na área organizacional,
sobre qual é o seu papel dentro de uma organização de trabalho. O estudo pode contribuir,
ainda, para os alunos do curso de Psicologia e demais profissionais que estejam interessados
em aprofundar-se no tema.
88,3% são mulheres e que, dentre os campos de atuação desenvolvidos, a Gestão de Pessoas
ganhou maior proporção, ficando a Psicologia Organizacional e do Trabalho em segundo lugar.
Das atividades desenvolvidas pela Gestão de Pessoas, estão Treinamento,
Desenvolvimento e Educação (TD&E) com 55%, e Recrutamento e Seleção (R&S) com 53%.
Das atividades desenvolvidas pelo Campo da Psicologia Organizacional e do trabalho estão
Comportamento Organizacional com 19%, e Consultoria Organizacional com 10%. Essas são
as atividades mais destacadas pelos entrevistados.
A pesquisa realizada por Nobrega e Rodrigues (2019), com psicólogos que atuam
ou que já atuaram na área da Psicologia Organizacional e do Trabalho, relata que 68% atuam
na Psicologia Organizacional, 33% na Psicologia do Trabalho e 100% em Gestão de Pessoas.
As atividades destacadas para a Psicologia Organizacional foram Recrutamento e Seleção,
Treinamento e Desenvolvimento e Saúde do Trabalhador. A pesquisa também identifica
restrições a respeito da atuação da Psicologia Organizacional e do Trabalho como, por exemplo,
a falta de compreensão por parte da empresa sobre o papel do profissional. Outro ponto
importante é que o Psicólogo Organizacional e do Trabalho é visto como um adaptador do
sujeito ao trabalho e que se dedica para servir aos interesses dos empregadores.
Segundo Schimdt, Krawulski e Marcondes (2013), a Psicologia Organizacional e
do Trabalho passou a assumir um modelo estratégico que exerce um papel de mudança e de
transformação no contexto organizacional. Desse modo, participa do planejamento de políticas
e estratégias e passa, também, a oferecer consultorias internas a chefias e diretorias. O autor
salienta que, para que o Psicólogo Organizacional e do Trabalho não seja visto como o
profissional responsável somente pelo recrutamento e seleção, é necessário que conheça as suas
possibilidades de atuação em uma perspectiva mais estratégica.
Camargo, Junior e Leite (2017) descrevem que, dentre muitas das atribuições do
Psicólogo Organizacional, uma delas é a promoção de ações que auxiliem na elaboração de
intervenções diagnósticas e educativas a respeito do acesso e permanência de pessoas com
deficiência nas organizações de trabalho.
3 MÉTODO
3.1 PARTICIPANTES
Para a coleta de dados, foi aplicada uma entrevista semiestruturada. Essa técnica é
explicada, por Marconi e Lakatos (2021, p. 227), como um modelo em que o entrevistador
segue um roteiro com perguntas previamente estabelecidas e o objetivo é obter diferentes
respostas que devem refletir nas diferenças dos participantes e não nas perguntas. Nessa
perspectiva, o entrevistador não é livre para realizar outras perguntas ou alterar a ordem das
mesmas.
Para a realização da entrevista, a pesquisadora primeiramente fez contato pelo telefone,
por meio do aplicativo WhatsApp, enviando o TCLE (Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido). Após as assinaturas no Google Forms, foram agendados o dia e o horário para a
realização das entrevistas, que ocorreram de forma individual pelo aplicativo de vídeo Zoom,
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Amostra estudada foi formada por cinco sujeitos, sendo todos do sexo feminino, com
idade entre 24 e 33 anos. Com relação à escolaridade, todos possuem ensino superior em
Psicologia, sendo que apenas dois possuem especialização na área. Quanto ao tempo de atuação
na área, apresentaram-se variações entre dois e doze anos.
Ao verificar qual é o papel do Psicólogo Organizacional e do Trabalho, pode-se
identificar, a partir da compreensão dos entrevistados, que o papel é de Mediador nas
Organizações, ou seja, o profissional atua como um mediador de conflitos, realizando
intervenções organizacionais sempre que necessário.
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para que todas as pessoas sejam aceitas dentro da organização independente de seu gênero,
crença, etnia, deficiência, raça ou cor.
Camargo, Junior e Leite (2017) destacam que uma das principais atribuições do
Psicólogo Organizacional é a promoção de ações que auxiliem na elaboração de intervenções
diagnósticas e educativas a respeito da inclusão e diversidade nas organizações. Ou seja, o
Psicólogo Organizacional e do Trabalho precisa trabalhar aplicando os princípios de direitos
humanos dentro das empresas, proporcionando a todos a equidade, dignidade e respeito no local
de trabalho.
As falas dos entrevistados E1 e E5 destacam a importância de entender a inclusão como
atribuição do Psicólogo Organizacional. E1 aponta: “Trazer essa questão da diversidade pra
dentro da empresa, da inclusão, ajudar a ter projeto pra estar incluindo esses colaboradores.”
(Sic) (E1). O entrevistado E5 salienta: “É humanizar a organização, tornar um lugar mais
humano, mais próximo, mais caloroso, mais acolhedor e desenvolvedor também.” (Sic) (E5)
Outra atribuição apontada pelos entrevistados é o Treinamento e Desenvolvimento de
pessoas, de modo que a função do profissional é capacitar pessoas com treinamento e
desenvolvimento pessoal e profissional. Segundo o Conselho Federal de Psicologia, o
Psicólogo Organizacional e do Trabalho atua tanto no desenvolvimento organizacional, quanto
no desenvolvimento pessoal, promovendo programas na área da saúde e segurança do
trabalhador, bem como trabalhando nos conflitos organizacionais (CFP. 2008).
Segundo Pietrani e Feijoo (2020), o processo de desenvolver pessoas na organização
passa por uma relação causal entre homem e seu trabalho, visto que o processo se dá por um
diagnóstico e prognóstico. Se as organizações reconhecerem as pessoas como seres humanos e
não apenas como recursos, consequentemente, aumentam o comprometimento e a satisfação
das pessoas com seu trabalho, aumentando assim a sua produtividade. (ZANELLI E SILVA,
2008). Nesse sentido, o entrevistado E1 relata: “Treinamento e Desenvolvimento, não apenas
operacional, mas desenvolver competências né.” (Sic) (E1). O entrevistado E5 também destaca
com sua fala: “Tem as atividades de RH que é recrutamento e seleção, treinamento e
desenvolvimento e acompanhamento das pessoas.” (Sic) (E5)
No que diz respeito aos desafios enfrentados por Psicólogos Organizacionais e do
Trabalho, os entrevistados compreendem a falta de reconhecimento profissional como um
dos principais desafios, ou seja, os mesmos entendem que existe a falta de reconhecimento e
compreensão sobre o papel do profissional da Psicologia dentro do contexto organizacional.
O entrevistado E1 enfatiza: “Outra questão é a cabeça do gestor, ele entender que é
importante um Psicólogo dentro da organização.” (Sic) (E1). O entrevistado E2 salienta que:
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“O desafio cada vez mais é mostrar a importância do teu trabalho enquanto Psicólogo, o que tu
faz de diferente.” (Sic) (E2). O entrevistado E4 destaca também que: “O Psicólogo enfrenta
primeiro a barreira do preconceito, e essa barreira existe por causa de Psicólogos que quiseram
ser apenas Psicólogos, que não quiseram se envolver na parte de negócios da empresa.” (Sic)
(E4)
O Psicólogo Organizacional e do Trabalho enfrenta alguns desafios em sua atuação nas
organizações como, por exemplo, a falta de compreensão por parte das empresas sobre o papel
do profissional, pois é difícil o reconhecimento de seu papel, o profissional ainda é visto como
um adaptador do sujeito e que trabalha para servir aos interesses do empregador. (NOBREGA
E RODRIGUES, 2019).
Outro desafio identificado pelos entrevistados é a restrição na atuação, uma vez que
existe limitação na atuação do profissional da Psicologia Organizacional, atuando em papéis
menos estratégicos, perdendo seu espaço de atuação para profissionais de outras áreas. Isso se
evidencia através das falas dos entrevistados E3 e E5. O entrevistado E3 relata: “Eu acho que
esse desafio que a gente enfrenta assim, de ser bem visto, de ser colocada dentro das decisões
estratégicas e de as pessoas entenderem melhor nosso papel dentro da organização.” (Sic) (E3).
O entrevistado E5 enfatiza que “O desafio enquanto profissional é ter nosso espaço, de não
perder essa área que eu acho que o Psicólogo dentro de um RH é muito diferente de um
Administrador e de qualquer outra pessoa.” (Sic) (E5)
Bastos (1991) destaca que existe uma restrição na atuação do Psicólogo Organizacional,
quando a tomada de decisão estratégica da organização é realizada por outros profissionais,
como Administradores. Nesse contexto, o Psicólogo tem uma posição fragmentada dentro das
organizações.
Para Silva e Faria (2018), existe um conflito entre os profissionais da Psicologia
Organizacional e demais profissionais de outras áreas, como Administradores e Gestores de
Recursos Humanos, pois a Psicologia acaba ocupando papel de consultor, sendo impedido de
qualquer possibilidade de uma ação mais estratégica dentro das organizações.
Outro ponto levantado foi a falta de comunicação nas organizações, pois a falta de
comunicação torna-se um desafio na execução do trabalho do Psicólogo Organizacional, pela
falta de acesso às informações necessárias impedindo o desempenho de suas atividades.
Hernandes e Souza (2015) relatam que um dos desafios enfrentados pelos Psicólogos
Organizacionais é a falta de comunicação entre equipe e gerentes, e isso acaba dificultando o
trabalho do profissional, o que ocasiona ausência de acesso às informações e dificulta a
execução de suas tarefas. Assim, para que o profissional tenha um bom desempenho em suas
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atividades, é essencial que haja apoio e, principalmente, uma comunicação assertiva com os
membros das organizações.
Nesse sentido, o entrevistado E4 destaca que: “Precisa de uma postura empoderada, de
conseguir chegar lá e discordar de um administrador, de um gerente, ele precisa dessa
habilidade de comunicação, dessa assertividade na comunicação.” (Sic) (E4)
No que diz respeito ao que é indispensável para um bom desempenho nas atividades
profissionais do Psicólogo Organizacional e do Trabalho, os entrevistados compreendem a
ética profissional como algo indispensável, pois o Psicólogo deve atuar com ética, mantendo
o sigilo de todas as informações confidenciais adquiridas no exercício de sua profissão. Para
Rothmann e Cooper (2015), o Psicólogo deve manter em segredo todas as informações
confidenciais adquiridas no curso da realização de suas responsabilidades e não deve divulgar
as informações confidenciais, apenas se for requerido por lei.
O entrevistado E2 compartilha desse pensamento quando diz: “Alguém que trabalhe
com ética dentro da organização, alguém que respeite os colaboradores, respeite aquela
instituição também.” (Sic) (E2)
Essa questão é enfatizada também pelo entrevistado E4: “Precisa ter sigilo,
confidencialidade, então mesma postura é esperada na Psicologia Organizacional.” (Sic) (E4)
Outro ponto levantado por um dos entrevistados é a empatia, ou seja, o Psicólogo
Organizacional e do Trabalho precisa ser empático, respeitando a história de todos para que,
assim, tenha um bom relacionamento interpessoal e estabeleça uma relação de confiança no
contexto organizacional. E3 relata através de sua fala: “É se colocar no lugar de todo mundo, é
se colocar no lugar do dono da empresa e se colocar também no lugar do funcionário.” (Sic)
(E3)
Ribeiro et al (2020) relatam que o Psicólogo precisa ser dinâmico, precisa saber lidar e
administrar conflitos, ter iniciativa e ser empático, ter um bom relacionamento interpessoal,
para que assim consiga estabelecer uma relação de confiança com todos. Precisa, também,
respeitar a história de vida de cada pessoa, seja ela qual for, utilizando a empatia e a compaixão.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
qualidade de vida dos colaboradores. Dessa forma, o psicólogo organizacional passou a atuar
na promoção a saúde e bem-estar dos colaboradores; o profissional precisa, ainda, realizar
intervenções organizacionais de modo a atuar como um mediador de conflitos e cuidar tanto
dos interesses da organização como dos colaboradores. Com a constante mudança no mercado
de trabalho, o psicólogo organizacional e do trabalho também precisa assumir um papel mais
estratégico, atuando assim dentro das políticas internas da organização.
Foi possível identificar que, das diversas atribuições realizadas por psicólogos
organizacionais e do trabalho, as que mais tiveram destaque pelos entrevistados foram o
recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento e a atuação na inclusão dos
colaboradores. Apesar da diversa gama de atividades que o profissional pode exercer, o
psicólogo que atua na área Organizacional acaba ficando limitado pelas empresas às atividades
destacadas pelos entrevistados.
Sobre os desafios enfrentados pelos psicólogos organizacionais e do trabalho, os
entrevistados identificam a falta de reconhecimento profissional presente na atuação dos
mesmos e compreensão sobre o papel do profissional da Psicologia dentro do contexto
organizacional. A restrição na atuação foi um ponto levantado pelos entrevistados, uma vez que
há uma limitação na atuação do profissional da Psicologia Organizacional, em que os mesmos
acabam atuando em papéis menos estratégicos, perdendo seu espaço de atuação para
profissionais de outras áreas. Identificaram, também, a falta de comunicação como um forte
desafio na atuação do profissional, que se torna um desafio na execução do trabalho do
Psicólogo Organizacional.
Os resultados dessa pesquisa apontam, ainda, que assim como qualquer outra área de
atuação da Psicologia, o psicólogo organizacional precisa atuar com ética, mantendo em sigilo
as informações confidenciais que possui acesso. O profissional também precisa ter empatia para
entender tanto o posicionamento do colaborador como do empregador, ou seja, precisa escutar
ambos os lados sem realizar julgamentos, respeitando a história de todos.
A pesquisa permite refletir que os profissionais da Psicologia Organizacional e do
Trabalho precisam se posicionar mais e mostrar para as organizações o seu papel de atuação.
Por meio do desempenho de suas atividades e mostrando resultados para as empresas, os
profissionais da Psicologia devem trabalhar para ocupar um espaço estratégico dentro das
organizações, sempre buscando atualizar seus conhecimentos.
Por fim, sugere-se novas pesquisas com o objetivo de identificar as razões pelas quais
os psicólogos organizacionais e do trabalho não recebem o devido reconhecimento dentro das
organizações e o motivo de ocorrer restrição na atuação do profissional.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me conceder saúde física e mental para a
conclusão deste trabalho.
A minha mãe e minha irmã, por estarem ao meu lado, me apoiando mesmo nos
momentos mais difíceis da minha vida.
Ao meu noivo, pela paciência, apoio e incentivo na minha caminhada acadêmica.
Aos Psicólogos entrevistados nessa pesquisa, que proporcionaram o rico conteúdo
desse estudo.
A minha orientadora, por toda a sabedoria e conhecimento a mim repassados.
E a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram direta ou indiretamente para a
execução desse trabalho.