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PROVA MODELO DE EXAME FINAL

HISTÓRIA A
10.o, 11.o e 12.o anos

De acordo com a Informação-Exame de História A, IAVE, 2016


 Para cada resposta, identifique claramente o grupo e o item.
 Apresente as respostas de forma clara e legível.
 Todos os itens são de resposta obrigatória.
 Apresente apenas uma resposta para cada item.
 Utilize, de forma adequada, os conceitos específicos.

GRUPO I ─ Portugal no século XIII – o país rural e senhorial


DOC. 1 DOC. 2

Senhorios monásticos no Centro e Sul do país Arrendamento da herdade de Arazede, em


(fim do século XIII) Montemor, pelo prior e Mosteiro de Santa
Cruz de Coimbra

Em nome de Deus, Amen. Esta é a carta de foro


que nós, Martinho prior e o Mosteiro de Santa
Cruz, fazemos a vós, povoadores, que por nossa
vontade quiserdes povoar a nossa herdade de
Arazede que está no termo de Montemor [-o-
Velho]. Damo-la a vós e vossos filhos e
descendentes vossos […], em tal condição que
a povoem e plantem e façam frutificar e nos
deem a nós e nossos sucessores a sexta parte do
pão e do vinho, linho, alhos, cebolas, legumes e
de todos os frutos tanto da terra lavrada como
por lavrar. […] E o coelheiro nos dê dois
coelhos com as suas peles.
Feita esta carta no mês de agosto da era de 1275
[1237].

Um novo Tempo da História, 12.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
Para responder a cada um dos itens de 1 a 4, selecione a opção correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

1. Os maiores protagonistas do senhorialismo monástico no Centro e Sul do país (Doc. 1) foram


a) os monges de Santa Cruz de Coimbra.
b) os monges de Alcobaça.
c) os monges cavaleiros Templários.
d) as ordens religioso-militares.

2. A larga implantação do senhorialismo monástico no Centro e Sul do país (Doc.1) deveu-se


essencialmente a
a) doações do papa ao clero regular.
b) doações régias motivadas pelo papel dos monges na reconquista, defesa e povoamento do
território.
c) doações dos reis e particulares motivadas pela grande religiosidade da época.
d) heranças familiares recebidas pelos membros das ordens religiosas.

3. A imunidade dos senhorios eclesiásticos teve como consequência imediata


a) a proibição de entrada no seu território dos funcionários régios para exercerem o poder público de
comando militar, punição judicial e coação fiscal.
b) a isenção do pagamento de impostos por parte do clero.
c) a isenção de os membros do clero integrarem os exércitos régios.
d) o privilégio de o clero ser julgado em tribunal próprio.

4. A carta de foro concedida pelo prior e pelo Mosteiro de Santa Cruz aos povoadores de
Arazede (Doc. 2) mostra-nos que o contrato celebrado era
a) a prazo, contemplando a renda uma prestação fixa em dinheiro.
b) a prazo, contemplando a renda uma fração das colheitas e dos animais criados.
c) perpétuo, contemplando a renda uma fração das colheitas e uma prestação fixa da criação de
animais.
d) perpétuo, contemplando a renda uma prestação fixa das colheitas e dos animais criados.

Identificação das fontes


Doc. 1 ‒ J. Mattoso, História de Portugal, vol. 1, Círculo de Leitores, 1993 (adaptado)
Doc. 2 ‒ Torre do Tombo, Corporações Religiosas, Santa Cruz

Um novo Tempo da História, 12.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
GRUPO II ─ O legado do liberalismo na primeira metade do século XIX

DOC. 1 A liberdade dos Modernos, por Benjamin Constant (Paris, 1819)

Meus senhores,
Proponho apresentar-vos algumas distinções entre os dois géneros de liberdade, cujas diferenças
permaneceram […] pouco notadas. Uma é a liberdade que alguns povos da Antiguidade tinham; a
outra é a liberdade das nações modernas. […]
5 Se somos chamados, pela nossa feliz revolução1 (eu digo feliz, apesar dos seus excessos, porque me
refiro sobretudo aos resultados alcançados), a desfrutar dos benefícios de um governo
representativo, parece-me curioso e útil conhecermos as razões pelas quais este tipo de governo, o
único ao abrigo do qual podemos hoje ter alguma liberdade e descanso, foi praticamente
desconhecido das nações livres da Antiguidade. […]
10 Perguntai-vos, meus senhores, o que entende por liberdade um inglês, um francês, um habitante dos
Estados Unidos da América.
É, para cada um, o direito de apenas se submeter às leis, de não ser preso nem detido, nem morto,
nem maltratado de alguma maneira, pela vontade arbitrária de um ou mais indivíduos. É, para cada
um, o direito de dizer a sua opinião, de escolher as suas atividades e de as exercer, de dispor das
15 suas propriedades; de ir e vir sem precisar de permissão e sem ter de dar conta dos seus motivos e
dos seus passos. É, para cada um, o direito de se reunir com outros indivíduos, seja para conversar
sobre os seus interesses, seja para professar o culto que ele e os seus companheiros preferem, seja
simplesmente para ocupar os seus dias e as suas horas de um modo mais conforme aos seus
interesses. Enfim, é o direito, de cada um, de influenciar a administração do governo, seja pela
20 nomeação de todos ou de alguns funcionários, seja pelas assembleias representativas que integra ou
pelas petições com que exerce a sua autoridade. Comparai, agora, esta liberdade à dos Antigos.
Esta consistia em exercer coletivamente, mas de forma direta, diversas partes da soberania, em
deliberar, na praça pública, a guerra e a paz, os tratados de aliança com os estrangeiros, em votar as
leis, […] em condenar ou absolver. Vós não encontrais nos Antigos nenhuma das prerrogativas, que
25 acabei de enumerar sobre a liberdade nos Estados modernos. Todas as ações privadas estavam
submetidas a uma vigilância severa. Não havia espaço para a iniciativa individual, nem no domínio
das opiniões, nem no das atividades ou negócios, nem sobretudo no que diz respeito à religião. A
possibilidade de escolhermos um culto, um dos nossos direitos mais preciosos, seria considerada um
crime e um sacrilégio na Antiguidade. Nas coisas que nos parecem mais úteis, a autoridade do corpo
30 social interpunha-se e impedia a vontade dos indivíduos.

1 B. Constant refere-se à Revolução Francesa.

1. A liberdade dos Modernos, segundo B. Constant, distingue-se da liberdade dos Antigos por
a) valorizar a propriedade coletiva.
b) permitir o exercício dos direitos naturais do indivíduo.
c) permitir o exercício coletivo e direto da soberania.
d) condicionar a vida privada.

Um novo Tempo da História, 12.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
2. Transcreva uma afirmação do texto que revela a importância, para o Liberalismo, do cidadão
como ator político.

3. Indique o nome da doutrina que defende a iniciativa individual no domínio das “atividades e
negócios”.

4. Explicite, a partir do texto, três aspetos do funcionamento do Estado enquanto garante da


ordem liberal.

Identificação da fonte
De la liberté das Anciens comparée à celle des Modernes, discurso proferido no Ateneu Real de Paris, por Benjamin Constant, em 1819, em Ecrits
politiques, Gallimard, 1997 (adaptado)

Grupo III – Um mundo bipolar: o tempo da Guerra Fria


DOC. 1

Discurso do secretário de Estado americano George Marshall, 5 de junho de 1947

Não tenho necessidade de lhes recordar, meus senhores, a gravidade da situação mundial. Ela é óbvia
para todas as pessoas inteligentes. […]
A desarticulação das estruturas económicas da Europa durante a guerra foi total. […] A verdade é que
as necessidades europeias em víveres e outros produtos essenciais a importar do estrangeiro –
nomeadamente da América – excedem em muito a sua capacidade atual de pagamento, pelo que é
imprescindível conceder-lhe uma ajuda suplementar importante, ou então surgirão perturbações
económicas, sociais e políticas muito graves. […]
É lógico que os Estados Unidos façam tudo o que está ao seu alcance para ajudar a restabelecer a
saúde económica do mundo, sem a qual a estabilidade política e uma paz duradoura serão seguramente
impossíveis. A nossa política não se dirige contra nenhum país nem doutrina, mas contra a fome, a
pobreza, o desespero e o caos. O seu objetivo deve ser o restabelecimento de uma economia mundial
ativa, de forma a que sejam criadas as condições políticas e sociais que permitam a existência de
eleições livres […]. Todos os governos que quiserem participar na tarefa da recuperação económica
terão a completa cooperação dos Estados Unidos. […]
Um aspeto essencial para o êxito da atuação dos Estados Unidos é a compreensão, por parte do povo
americano, do tipo de problema que enfrentamos e dos remédios a aplicar. A paixão política e o
preconceito deverão ser postos de lado.

Um novo Tempo da História, 12.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
DOC. 2

A política americana vista pelo dirigente comunista francês Maurice Thorez,


30 de outubro de 1947

O curso cada vez mais agressivo da política americana encontrou expressão no que se chamou a
Doutrina Truman. O presidente dos Estados Unidos glorificou a «liberdade de iniciativa», a liberdade
de os trusts americanos explorarem o mundo inteiro. A missão dos Estados Unidos consistiria em
proteger em todo o mundo, e se necessário por meio da guerra, a «liberdade» que os lobos reivindicam
para poderem devorar os cordeiros. Na realidade, a Doutrina Truman consiste […] em travar, de todas
as maneiras, o desenvolvimento económico, a industrialização das democracias populares.
Como a Doutrina Truman tivesse sido acolhida com certa frieza […] veio substituí-la o Plano
Marshall, que é a mesma Doutrina Truman em forma menos agressiva, ou melhor, mais camuflada.
O Plano Marshall […] tende a constituir, sob a direção dos Estados Unidos, um bloco de todos os
Estados, aos quais se oferecem créditos com a condição de renunciarem à sua independência económica
e, em seguida, à sua independência política. […] O Plano Marshall visava também pôr de novo os
países da nova democracia sob o controlo dos imperialistas, obrigando esses países a interromper a
cooperação económica e política com a União Soviética. [...]
De um modo geral, o Plano Marshall é uma máquina de guerra contra os povos e contra o comunismo.

1. Compare as duas perspetivas sobre o Plano Marshall, expressas nos documentos 1 e 2,


quanto a três aspetos em que se opõem.

2. O termo “democracias populares” cujo desenvolvimento económico, na opinião de Maurice


Thorez, seria travado pela Doutrina Truman (Doc. 2, 1.º parágrafo), designa os países
a) em que o Partido Comunista venceu os restantes partidos em eleições democráticas.
b) em que o Partido Comunista, como partido único, controla as instituições do Estado.
c) em que o Partido Comunista participa em governos de coligação, eleitos pelo voto popular.
d) em que predominam, como órgãos de Estado, os órgãos de poder popular.

3. Refira, partindo dos documentos 1 e 2, três características da bipolarização da política


mundial, após 1945.

4. Ordene cronologicamente os seguintes acontecimentos, relativos ao período histórico


conhecido como “Guerra Fria”.

Escreva, na folha de respostas, a sequência correta de letras.


a) Criação do Pacto de Varsóvia.
b) Construção do Muro de Berlim.
c) Churchill refere-se, pela primeira vez, à “cortina de ferro”.
d) Constituição de dois Estados alemães ‒ RFA e RDA.
e) A nave americana Apolo 11 transporta os primeiros homens que pisam a Lua.

Identificação das fontes


Doc. 1 – Discurso do general Americano George Marshall, proferido em Harvard, 5 de junho de 1947. Tradução a partir de
http://www.oecd.org/general/themarshallplanspeechatharvarduniversity5june1947.htm
Doc. 2 – Maurice Thorez, Pela Defesa da República e a Independência Nacional, 1947, em
www.marxists.org/portugues/thorez/1947/10/defesa.htm

Um novo Tempo da História, 12.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
Grupo IV ‒ A economia portuguesa: dos anos 60 do século XX
à viragem do milénio

DOC. 1 DOC. 2

Assinatura do Tratado de Adesão de Autocolante da Cooperativa Agrícola


Portugal à EFTA, 30 de dezembro de 1959 A Revolução em Marcha, c. 1976

Correia de Oliveira, Secretário de Estado do Comércio,


assina o Tratado de Adesão de Portugal à Associação
Europeia de Comércio Livre (EFTA)

DOC. 3

Discurso do primeiro-ministro, Mário Soares, por ocasião da assinatura do Tratado de Adesão


de Portugal às Comunidades Europeias (12 de junho de 1985)

Para Portugal, a adesão à CEE representa uma opção fundamental por um futuro de progresso e de
modernidade. […] Exige muito dos Portugueses, embora lhes abra simultaneamente largas
perspetivas de desenvolvimento. Por outro lado, constitui a consequência natural do processo de
democratização da sociedade portuguesa, iniciado com a Revolução dos Cravos em 25 de abril de
1974, e igualmente da descolonização que se lhe seguiu […]
A tarefa primordial que nos ocupará a partir de agora será a de reduzirmos cada vez mais a distância
que ainda nos separa dos países desenvolvidos da Europa, criando para os Portugueses padrões de
vida e de bem-estar verdadeiramente europeus. […]
O povo português, na sua esmagadora maioria, sabe bem o que a democracia lhe trouxe no plano da
cidadania e da dignidade no trabalho, mas também no das realizações materiais. Sabe que uma
vivência democrática a nível local, regional e nacional representa um bem de inestimável valor que
importa preservar e saber desenvolver em benefício das populações. A democracia pluralista foi em
Portugal, como em Espanha, condição imprescindível para a integração europeia. Mas esta, agora
conseguida, fixa por forma definitiva o quadro institucional democrático dos dois países peninsulares
tão sujeitos no passado recente a desastrosas aventuras ditatoriais. […]
A Europa das Comunidades, para nós, não será tão só um mercado comum de bens e de serviços,
vemo-la como um espaço de liberdade, de respeito pelos direitos do Homem e de humanismo, mas
também como uma entidade política, autónoma e coesa a que competirá uma ação de liderança
moderadora na cena internacional em favor da paz. […]

Um novo Tempo da História, 12.o ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas
DOC. 4

Indicadores socioeconómicos em Portugal (1985-2005)

1985 2005
PIB per capita (% da média europeia) 53,4% 69,2%
Rendimento bruto das famílias 74,6% 88,3%
destinado ao consumo
Famílias com automóvel 36,3% 60%
Mortalidade infantil 17,8%0 5%0
Alunos matriculados no ensino 106 213 388 741
superior
Km de autoestradas 196 1835

1. Durante o período pré-constitucional, a adoção de medidas económicas de caráter


revolucionário (Doc. 2) acentuou-se

a) após a formação da Junta de Salvação Nacional.


b) depois da tomada de posse do general Spínola como presidente da República.
c) depois do fracasso do golpe de 11 de Março.
d) na sequência da vitória do Partido Comunista Português nas eleições de 1975.

2. Refira, a partir do documento 3, três dos motivos da adesão de Portugal à CEE.

3. Associe cada uma das organizações/acordos económicos em que Portugal se integrou,


presentes na coluna A, com a designação correspondente, que consta da coluna B.

Escreva, na folha de respostas, apenas as letras e os números correspondentes. Utilize cada


letra e cada número apenas uma vez.

Coluna A Coluna B

a) Organização fundada em 1947 que 1) EFTA.


implementou a redução dos direitos
alfandegários e de outras restrições 2) UE.
comerciais entre os Estados-membros. 3) GATT.
4) CECA.
b) Organização fundada em 1957 que
implementou a união aduaneira entre os 5) CEE.
Estados-membros.

c) Organização fundada em 1992 que,


entre outros objetivos, implementou a
União Económica e Monetária.

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4. Desenvolva, a partir dos documentos 1 a 4, o seguinte tema:

Opções económicas em Portugal, dos anos 1960 aos primeiros anos do século XXI

A sua resposta deve abordar, pela ordem que entender, três aspetos de cada um dos
seguintes tópicos de referência:

 alterações na política económica do Estado Novo, a partir dos anos 1960;

 efeitos da radicalização revolucionária após o 25 de Abril de 1974;

 impacto da integração europeia desde 1986.

Identificação das fontes


Doc. 1 – Em http://www.tcontas.pt/pt/apresenta/expo_vr/modulo08.html
Doc. 2 – Em http://ephemerajpp.com/2009/08/16/cooperativa-agricola-a-revolucao-em-marcha/
Doc. 3 – Em www.cvce.eu/content/.../2001/.../publishable_pt.pdf
Doc. 4 – Em Virgílio Azevedo, A última negociação, revista “Única”, jornal Expresso, 25 de junho de 2005

FIM

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COTAÇÕES

GRUPO I
1. ........................................................................................................................................................................... 5 pontos
2. ........................................................................................................................................................................... 5 pontos
3. ........................................................................................................................................................................... 5 pontos
4. ........................................................................................................................................................................... 5 pontos
_____________________
20 pontos
GRUPO II
1. ........................................................................................................................................................................... 5 pontos
2. ........................................................................................................................................................................... 5 pontos
3. …………………………………………………………………………………………………………………..……….. 5 pontos
4. ……………………………………………………………………………………………………………….………….. 25 pontos
_____________________
40 pontos
GRUPO III
1. ........................................................................................................................................................................ 30 pontos
2. .......................................................................................................................................................................... 5 pontos
3. ........................................................................................................................................................................ 20 pontos
4. ……………………………………………………………………………………………………………….………….. 5 pontos
_____________________
60 pontos
GRUPO VI
1. ........................................................................................................................................................................... 5 pontos
2. ......................................................................................................................................................................... 20 pontos
3. ........................................................................................................................................................................... 5 pontos
4. …………………………………………………………………………………………………………….…………….. 50 pontos
_____________________
80 pontos

_____________________
TOTAL ........................................................... 200 pontos

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