3.

Os recursos hídricos

3.1. A especificidade do clima português

3.2. As disponibilidades hídricas

3.3. A gestão dos recursos hídricos

Problematizar e debater as inter-relações no território português e com

outros espaços:
Relacionar as disponibilidades hídricas com a produção de energia, o uso agrícola, o
abastecimento de água à população ou outros usos.
 Os recursos hídricos

Os usos e consumos de água

A água possui um enorme valor económico, ambiental e social

Imprescindível diariamente

Produção
Atividades Atividades
Agricultura Indústria Comércio de energia
de lazer domésticas
renovável
 Os recursos hídricos

Os usos e consumos de água

Crescente utilização da água nas diferentes

atividades económicas

Menor
Aumento do
disponibilidade de
desperdício
água doce

Melhor gestão dos recursos hídricos

Fig. 1 Atividades económicas consumidoras de água
subterrânea em Portugal continental, em 2016.
Fonte: APA, 2020.
 Os recursos hídricos

Os usos e consumos de água

Distribuição anual e interanual da precipitação

Em Portugal
irregular

A época em que se registam maiores

Assimetrias entre as disponibilidades
necessidades corresponde à estação
e as necessidades de consumo
estival.

As bacias hidrográficas que registam maiores consumos e necessidades de

água  elevada ocupação humana  ex.: Douro e Tejo.

A bacia do Sado regista um elevado consumo e necessidade de água 

produção de termoeletricidade  requer um elevado volume de água.
 Os recursos hídricos

O abastecimento de água

Em Portugal, o sistema de abastecimento público de

água serve praticamente a totalidade da população:

– 96% dos alojamentos no território continental;

– 99,5% na Região Autónoma da Madeira eram
servidos por abastecimento domiciliário de água;
– meta 2020: 95%.

Ainda existem habitações que são servidas pela rede

de abastecimento público – territórios onde o
povoamento é disperso, o que eleva o custo médio,
por habitante, da ligação à rede pública.

Noutros casos, há população que prefere utilizar água

de furos, poços ou de nascentes, sujeitando-se à
Fig. 2 Percentagem de alojamentos servidos por
abastecimento público de água, por município, em vulnerabilidade da sua existência.
2017. Fonte: INE, 2018.
 Os recursos hídricos

O abastecimento de água

A água potável com qualidade

utilizada para o abastecimento
público é produzida a partir da
água do mar, através de uma
central dessalinizadora.

Fig. 3 Ilha de Porto Santo, Madeira.

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Captações de água para abastecimento público

A maioria dos concelhos utiliza os sistemas de

abastecimento público de águas de origem
superficial e subterrânea, em proporções variáveis.

A maior ou menor densidade de captações de água

está relacionada com as características das
unidades hidrogeológicas:

Na Orla Sedimentar Ocidental e nas bacias do Tejo

e do Sado: as maiores densidades de captação de
água subterrânea, devido à elevada produtividade
aquífera.

No Maciço Hespérico: a maior densidade de

captação de água superficial deve-se à fraca
produtividade aquífera e à presença de grandes
albufeiras. Fig. 4 Origem da água captada, por município, em
2018. Fonte: ERSAR, 2020.
 Os recursos hídricos

Captações de água para abastecimento público

Em alguns concelhos, o total de captações é superior nas águas subterrâneas.

Região Centro foi a que apresentou um

maior volume de captação em 2017:

Albufeira do Castelo de Bode que serve o

abastecimento da Grande Lisboa.

Fig. 5 Origem da água captada, para abastecimento público,

por NUTS II, em 2017.
Fonte: INE, 2018.
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Captações de água para abastecimento público

– Águas subterrâneas: destinam-se ao

abastecimento público e à rega.

– Águas superficiais: resultam do

aproveitamento do caudal das
nascentes (levadas).

Fig. 6 Funchal, Madeira.

A água consumida é, essencialmente,

de origem subterrânea.

Fig. 7 Ponta Delgada, São Miguel, Açores. Fonte: ERSAR, 2020.

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A qualidade da água…

Melhoria significativa na qualidade da

água fornecida por abastecimento
público nos últimos anos

Maior e melhor controlo e rigor na

implementação das normas legais

2017: 98,72% da água segura

Meta PENSAAR 2020: 99%

Tondela: 95% – recurso ao abastecimento de

água através de fontanários

95%-99% – municípios no interior, principalmente

nas regiões Norte e Centro Fig. 8 Percentagem de água segura, por município,
em 2018. Fonte: ERSAR, 2020.
 Os recursos hídricos

… e o seu armazenamento
 Os recursos hídricos

… e o seu armazenamento

Albufeiras – ajudam a contornar situações de menores disponibilidades

hídricas.

Transvases – condutas que

permitem transferir as reservas
hídricas entre bacias
hidrográficas.
Ex.: circuito hidráulico Sabugal-
Meimoa – transfere água da
bacia hidrográfica do Douro para
a Cova da Beira, na bacia
hidrográfica do Tejo.
Fig. 9 Transferências de água entre bacias hidrográficas em Portugal
continental.
Fonte: PNA, 2002.
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Os principais problemas na utilização da água

• Sais minerais, matéria orgânica e uma quantidade e diversidade

elevada de bactérias e vírus.
Efluentes • As fossas de menor qualidade, sem ligação à rede de esgotos ou
domésticos a “céu aberto” alteram as propriedades físicas e químicas da água.

• Águas contaminadas por produtos químicos e utilizadas nas

lavagens e no arrefecimento de indústrias que, mesmo depois de
tratadas, contaminam os recursos hídricos, pois encontram-se a
Efluentes temperaturas elevadas.
industriais

• Fertilizantes, inseticidas, herbicidas e pesticidas, compostos

por substâncias químicas tóxicas, utilizados em áreas de
Efluentes regadio.
agropecuários • Lançamento de resíduos animais para o solo.
• Construção incorreta de fossas sépticas.
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Os principais problemas na utilização da água

• Resulta da concentração excessiva de nitratos e

fosfatos nas águas doces (provenientes de detritos
orgânicos).
Eutrofização • Crescimento de algas e outras espécies superiores
de plantas aquáticas que impedem a oxigenação da
água e provocam a morte da fauna aquática.

• Intrusão de água marinha em aquíferos localizados

junto ao litoral, devido à sobre-exploração dos
mesmos.
Salinização • Pode acontecer também em anos de menor
precipitação, por não haver a recarga natural desses
aquíferos.

• Causada por incêndios florestais e/ou pelo avanço da

urbanização.
Desflorestação • Abate de árvores e outras plantas deixam os solos
desprotegidos e aumentam a sua erosão  aumento
da escorrência superficial por incapacidade de
infiltração, o que compromete a recarga dos aquíferos.
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Os principais problemas na utilização da água

Assegurar as necessidades de consumo de água e a sua qualidade requer

tratar a água antes de ser consumida e antes de ser devolvida à Natureza:

Estações de Tratamento de
Água (ETA)

Realizam o tratamento da
água que chega às nossas
casas, desde a sua captação
até à sua distribuição. Fig. 10 ETA de São Jorge, Açores. Fonte: Águas de Portugal.
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Os principais problemas na utilização da água

Estações de Tratamento
de Águas Residuais
(ETAR)

Asseguram a recolha, o
transporte e o
tratamento das águas
residuais, bem como a Fig. 11 ETAR de Vilamoura, Algarve. Fonte: Águas de Portugal.

sua devolução à
Natureza, em condições
ambientalmente seguras.
 Os recursos hídricos

Os principais problemas na utilização da água

A cobertura do país por redes de drenagem e de

tratamento das águas residuais tem evoluído e
melhorado nos últimos anos.

Fig. 12 Evolução do serviço de redes de drenagem e estações de tratamento

de águas. Fonte: INE, 2020.

Assimetrias entre os concelhos nacionais.

Sensibilizar, informar e educar a população para a
adesão ao serviço.

Sensibilizar, informar e educar a população para a Fig. 13 População servida por redes de drenagem de
racionalização e otimização do consumo de água. águas residuais e número de ETAR, por NUTS II, em
2017. Fonte: INE, 2020.
 Os recursos hídricos

Os principais problemas na utilização da água

 Os recursos hídricos

O planeamento e a gestão dos recursos hídricos

Objetivo:
Programas de Plano
– Orientar a proteção
Ordenamento e a gestão dos recursos hídricos.
Nacional da
– Garantir a suadedeutilização
Albufeiras sustentável, assegurando
Água a satisfação das necessidades
Águas Planos de
das gerações atuais sem comprometer as necessidades das
Públicas gerações
Gestão das futuras.
(POAAP)
Programas Bacias
Programas da
Orla Costeira
(POC)
Especiais de
Ordenament
Lei da Hidrográficas
(PGBH)
o do
Território Água
(PEOT)
Programas de
Ordenamento
de Estuários
(LA) Planos de
Gestão da
(POE) Rede
Hidrográfica
Programa (PGRH)
de Gestão
de Águas
Plano Estratégico (PEGA)
de Abastecimento
de Água e de Programa Nacional
Saneamento de para o Uso
Águas Residuais Eficiente da Água
(PENSAAR) (PNUEA)
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A cooperação internacional

Portugal é subscritor de várias convenções, de natureza:

internacional comunitária ibérica

Convenção de Convenção de
Helsínquia Albufeira
(Convenção sobre a
Diretiva-Quadro da (Convenção sobre a
Água (DQA) cooperação para a Proteção
Proteção e a Utilização dos
e o Aproveitamento
Cursos de Água n.o 2000/60/CE Sustentável das Águas das
Transfronteiriços e Lagos
Bacias Hidrográficas Luso-
Internacionais)
Espanholas)
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A cooperação internacional

Convenção de Albufeira

Assinada em 1998

Estabelece a gestão partilhada e

sustentável das águas das cinco
bacias hidrográficas
internacionais:
Minho
Lima
Douro
Tejo Fig. 14 Bacias hidrográficas luso-espanholas. Fonte: APA.

Guadiana
 Os recursos hídricos

A cooperação internacional

A partilha das águas e a dependência hídrica de Portugal em relação a Espanha

expõem o território nacional a alguns problemas, tais como:

A construção de novas barragens

ou transvases em Espanha.

A redução excessiva dos caudais,

sobretudo em períodos de seca,
devido à retenção de água nas
albufeiras espanholas.

A poluição das águas em Espanha,

que se reflete em Portugal.

O agravamento de situações de
cheias, quando se verificam
descargas volumosas em Espanha. Fig. 14 Bacias hidrográficas luso-espanholas. Fonte: APA.
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A cooperação internacional
 Os recursos hídricos

Racionalizar o consumo da água

Instrumento de gestão para a proteção dos recursos

Programa Nacional
hídricos, centrado na:
para o Uso
– redução das perdas de água;
Eficiente da Água
– optimização do uso da água, de modo a aumentar a
(PNEUA)
eficiência da utilização da água
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Racionalizar o consumo da água

Fig. 15 Procura nacional de água por setor, em Portugal, entre Fig. 16 Ineficiências no uso da água por setor, em Portugal, entre
2000-2009. 2000-2020.

Fonte: PNEUA 2012-2020, APA, 2020.

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Racionalizar o consumo da água

• Utilização de sistemas de rega mais localizados, que forneçam a água estritamente necessária
(ex.: sistema de rega gota a gota).
• Utilização do sistema de rega computadorizada (de acordo com a temperatura e a humidade
necessárias).
• Seleção de plantas e/ou culturas que necessitem de menos água.
Setor • Reutilização de água tratada nas ETAR.
agrícola • Transporte da água em condutas fechadas, para evitar a evaporação e infiltração.

• Utilização de equipamentos mais eficientes que evitem a perda de água durante o processo de
produção.
• Reutilização da água dos sistemas de refrigeração para produzir, por exemplo, eletricidade.
• Reutilização das águas residuais no processo produtivo.
Setor • Tratamento das águas residuais.
industrial • Eliminação de perdas de água na rede de abastecimento às indústrias.

• Utilização de máquinas de lavar roupa/louça com doseador de água de acordo com a carga.
• Desenvolvimento de hábitos de higiene pessoal que evitem os desperdícios (ex.: lavagem da
louça, tomar banho, lavagem dos dentes, etc.).
• Utilização de dispositivos que permitam reduzir o consumo de água (ex.: nos autoclismos, nos
chuveiros, nas torneiras e outros eletrodomésticos).
• Reutilização da água tratada nos autoclismos, na rega do jardim, na lavagem de equipamentos
Setor urbano
ou veículos.
• Redução do volume de águas perdidas na rede de abastecimento pública.
 Os recursos hídricos

Racionalizar o consumo da água

Ações de sensibilização, informação e educação da população para a valorização dos

recursos hídricos:

Fig. 17 Os 5R da eficiência hídrica em casa. Fonte: O valor da água. Águas de Portugal.