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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

PEDRO VINICIUS MOREIRA CONDE


Licenciatura em História
Inclusão e língua brasileira de sinais.
Profª: Flaviane Melo de Anchieta
O reconhecimento da LIBRAS como status de língua.

A língua brasileira de sinais foi reconhecida como meio legal de comunicação e


expressão apenas em 2002, através da Lei 10.436, de 24 de abril do mesmo ano. Em 2005,
através do decreto 5.626 a língua brasileira de sinais foi regulamentada como disciplina
curricular. Em 2007, a Libras foi estruturalizada, visto que possui uma identificação própria
e possui complexidades, resultando ainda assim uma comunicação eficaz. Logo a profissão
de tradutor/intérprete é regulamentada através da Lei 12.319 de 1° de Setembro de 2010,
dando maior visibilidade de causa. É importante ressaltar que para configurar sua
formalização usa-se o princípio da legalidade, trazendo reconhecimento da Libras como
língua pela lei nº 13.146 em 6 de julho de 2015 denominada Lei Brasileira de Inclusão de
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que vigora e dá competência
ao Estado em ofertar uma educação inclusiva com a escola bilingue.

Segundo Goldfield apud Caporali e Dizeu (2005) A linguagem por sua vez é tida
como tudo que envolve significação, que tem valor semiótico, não se restringindo apenas a
uma forma de comunicação, e é nela que o pensamento do indivíduo é constituído, visto que
para a autora a linguagem está presente no sujeito mesmo sem se comunicar em relação ao
mundo, pois a linguagem funciona como comunicação interpessoal no sentido de significar
objetos e se recortar perante eles. Para Vygotsky (1989) o princípio de construção
intrapessoal se dá através das interações sociais para no fim, solidificar concepções
individuais. O autor divide o desenvolvimento infantil em discurso comunicativo e discurso
egocêntrico, transferindo concepções sociais no discurso comunicativo na construção para
uma formação cognitiva/crítica, no discurso egocêntrico.

A inacessibilidade do discurso comunicativo como primeira instância, impactará de


forma degenerativa o cognitivo, resultando na construção socioeducativa do indivíduo. A
falta de significação aos objetivos, dificuldades em resolução de problemas cognitivos e não
identificação com o mundo, são características desse déficit gerado no princípio.
Os surdos como representantes de uma cultura surda

Dito que com a legalização de direitos a pessoas com deficiência, percebe-se a


visibilidade que o Estado deve dar ao criar políticas públicas inclusiva aos surdos, com isso, é
notório que trata-se de um grupo social que promove culturas particulares que necessitam de
uma demanda prioritária de recursos no que tange a construção de cidadania. A representação
política é a ponta do iceberg de toda uma cultura que deve ser ouvida e entendida.
A representatividade em diversos meios, seja na política ou até mesmo nos conteúdos
midiáticos funcionaria como ferramenta no sentido de potencializar a identificação dos
mesmos, agregar valores sociais e deslegitimar preconceitos, os colocando como pessoas
incapazes de exercer alguma atividade.
É notório como dito na unidade 4, que apesar da sociedade demonstrar ser inclusiva, é
explícito o desconhecimento de causa ao gerar comportamentos de exclusão. Segundo
Vygostky (1993) apud Paula (2009), a escola é um ambiente que pode promover essa ruptura
sistêmica que estigmatiza o surdo, visto que nesse ambiente é realizada a construção de
identidades através das interações. O autor, adepto de um interacionismo construtivo, cita
que a identificação do eu com o mundo é atravessada por diversas forças, e o ambiente
escolar é promissor nesse aspecto.
Segundo Behares (1987) apud Paula (2009) a constituição da cultura surda remete aos
sujeitos que convivem aos grupos dos ouvintes e surdos, pois a aceitação de uma língua,
implica na sua aceitação cultural. O termo surdo não conduz a uma política identitária, para
Perlin (1998) apud Paula (2009) o estereótipo social criado a partir da imagem do surdo,
causa uma esquizofrenia em relação ao fator ‘’ser’’ individualizado, engessando-o e se
contradizendo.

DIZEU, Liliane Correa Toscano de Brito. CAPORALI, Sueli Aparecida. A língua de sinais
constituindo o surdo como sujeito. 2004 - Acessado em 03/10/21
<https://www.scielo.br/j/es/a/LScdWL65Vmp8xsdkJ9rNyNk/?lang=pt>

DE PAULA, Liana Salmeron Botelho. Cultura escolar, cultura surda e construção de


identidades na escola. - 2009 - Brasília. Acessado em 04/10/21.
https://www.scielo.br/j/rbee/a/L75D5S73FqPJLRt8PzhP6rr/?lang=pt

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