O continente americano é o segundo maior do mundo, com uma área de
aproximadamente 42 milhões de quilômetros quadrados, ele é divido em 35 países e 18 territórios independentes. Esses países estão todos distribuídos em três partes distintas, a norte a sul e a central. Devido a gigantesca área, sua população é de quase um trilhão de pessoas e são falados mais de seis idiomas, entre eles: português, espanhol, inglês, francês entre outros. Além disso, a América não se resume apenas a divisão geográfica, devido ao seus diferentes processos de colonização surgiu também uma divisão política do território, que o separa entre América Anglo-Saxônica e Latina. A América Anglo-Saxônica tem como característica principal ser uma colônia de povoamento, enquanto a América Latina tem como característica ser uma colônia de exploração. A grande questão é que existe uma diferença gigantesca entre os dois tipos de colônia e esse fator modificou a história inteira de cada uma das Américas. Uma colônia de povoamento é baseada na ideia de enviar uma certa quantidade de pessoas para um território no exterior, para ocupar e estabelecer uma nova sociedade no local com estabilidade econômica. Já uma colônia de exploração aborda uma ideia completamente diferente, nela o território selecionado é invadido, ocupado e explorado em relação aos seus recursos e ao povo, esses territórios foram utilizados como fonte de riqueza por grande parte das nações Europeias, e sofreram por muito tempo problemas sociais e financeiros, que resultaram dessa colonização e os prejudicam até atualmente. Assim, podemos atrelar parte da culpa da desigualdade presente na América a isso, porém necessitamos de exemplos reais para comparação e para compreender melhor os desdobramentos dessa questão. Os Estados Unidos da América, faz parte da América Anglo-Saxônica e, portanto, passou pelo processo de colonização de povoamento. No início do processo de colonização dos USA, o mundo se encontrava em um lugar um tanto quanto confuso. Para começar, a população da América Anglo-Saxônica inicialmente se baseava em Ingleses expulsos do Reino Unido e enviados para cá com o objeto de morrerem. Isso se deve ao fato de que todos eles foram expulsos por se mostrarem rebeldes a revolução industrial e, portanto, como o governo e nobreza em sua grande maioria se mostravam a favor, essas pessoas foram exiladas de seu país de origem. A população mandada para o norte era constituída inicialmente por jovens universitários, professores, pastores protestantes, operários, advogados e construtores, é importante ressaltar que os exilados em sua grande maioria possuíam intelecto alto (o que aumentava suas chances de sobrevivência e desenvolvimento no local). Com isso as pessoas que lá estavam foram para onde atualmente se localiza os Estados Unidos e lá formaram 13 colônias, que na época eram estados independentes. Cada uma das colônias tinha um papel social, algumas eram mais propicias na agricultura e outras na pesca e captura de animais marinhos, assim com o tempo, todas foram se desenvolvendo de forma diferente, mas se tornando ricas e inteligentes e mesmo estando de certa forma divididas, estavam unidas pelo ideal de liberdade. O crescimento das treze colônias e seu desenvolvimento chamaram atenção da Inglaterra, que cobrou cinquenta porcento de tudo que os Estados Unidos possuíam. Assim aliados pelo ideal de liberdade, os antigos ingleses que lá se estabeleceram se afirmaram americanos, logo eles não deviam mais nada a Inglaterra por não terem nenhuma relação estabelecida com ela o que acarretou uma grande guerra. A Guerra da Independência da Inglaterra foi travada na América do Norte e foi vencida pelos americanos em 4 de julho de 1776. Logo após isso, a rivalidade entre os estados do Norte e Sul cresceram, e em uma disputa para decidir quem comandaria os Estados Unidos como um todo, foi travada mais uma guerra, agora civil. Dessa vez o Norte sai vitorioso e com isso, sucedeu-se a abolição da escravidão em 1865. O processo de colonização na América Latina foi completamente diferente. Devido ao fato de serem colônias de exploração a história desses países acaba por ser muito mais violenta e extrativista. O Brasil da mesma forma que os Estados Unidos também é um país da América, mas diferente dele o Brasil faz parte da América Latina. Colonizado pelos países europeus, principalmente Portugal, o Brasil desde 1500 sofre com a invasão, dita como “descoberta” pelos portugueses, de seu território. Desde o princípio a relação entre o colonizado, no caso o Brasil e o colonizador foi de imposição e exploração. Após os primeiros contatos com os Portugueses, mais desenvolvidos em relação a combates e armamentos, houve um pensamento de superioridade em relação ao povo que aqui vivia, e assim impuseram sobre eles sua religião e os tornaram escravos, os obrigando a trabalhar para eles em troca de nada. Com os avanços na exploração do território, os europeus acharam o verdadeiro tesouro das américas, o clima favorável e as riquezas brutas, como ouro e outros metais preciosos. Com isso, não bastava apenas a mão-de-obra já existente, então, iniciaram-se o transito de navios negreiros, que traziam o povo da África para cá, para trabalharem como escravos. Com o passar do tempo, os recursos estavam se esgotando, mesmo em grande quantidade, a extração e exportação estavam tomando escalas gigantescas e desse jeito foram limitando o tesouro brasileiro. Além da extração de minérios, o desmatamento e transporte de árvores exóticas e próprias do Brasil, foi gigantesco, prejudicando não apenas o povo e diminuindo as riquezas, como também afetando a vegetação de forma drástica.
“Ela já não é o reino das maravilhas em que a realidade
superava a fábula e a imaginação era humilhada pelos troféus da conquista, as jazidas de ouro e as montanhas de prata. Mas a região continua trabalhando como serviçal, continua existindo para satisfazer as necessidades alheias, como fonte e reserva de petróleo e ferro, de cobre e carne, frutas e café, matérias-primas e alimentos, destinados aos países ricos que, consumindo-os, ganham muito mais do que ganha a América Latina ao produzi-los”(GALEANO, 1971)
A chegada da família real no Brasil foi essencial para seu processo de
Independência, ela trouxe muitas mudanças e modernizações para o país, demonstrando uma visão de modernização e que junto as revoluções geradas pela insatisfação de toda a população, fizeram, em um processo violento, com que o Brasil se torna-se independente. Porém, mesmo após a independência, o Brasil não estava realmente “livre”, seu futuro já havia sido traçado pelo seu processo de colonização. A exploração do território fez com que esse se desenvolvesse mais lentamente e com mais dificuldade, também acentuando o racismo, que atua como política social, econômica e politicamente. O processo pelo qual as colônias passaram fizeram com que eles se tornassem muitas vezes países de terceiro mundo.
“A evolução e nuances do desenvolvimento econômico na
América Latina é questão ainda muito debatida na literatura, haja visto as repercussões específicas desse processo na situação político-econômica atual da região em comparação, sobretudo, com outras ex-colônias das metrópoles europeias. Nesse sentido, visando responder as perguntas sobre (i) os distintos caminhos do desenvolvimento da América Anglo-Saxônica e América Latina após a independência e (ii) a persistência da posição subdesenvolvida da América Latina em relação às economias desenvolvidas” (“VICTOR, 2021, p.104)
Da mesma forma como ocorram os processo de colonização, os
colonizadores e metrópoles, se tornaram países desenvolvidos devido ao processo que passaram em que não foram explorados e muitas vezes até exploraram algum território. Como no passado, esses países continuam a exercer controle e domínio sobre os territórios e corpos conquistados (colônias de exploração), aproveitando deles e tornando-os menos desenvolvidos.
"Os modelos explicativos de Marx e Weber comportam a
conclusão de que o subdesenvolvimento explica-se de forma objetiva pelas condições de dependência econômica, que por seu turno é gerada, condicionada e regulada a partir de fora, por vetores conjunturais e estruturais do mercado mundial. Os três modelos suportam, ademais, a conclusão de que as sociedades capitalistas subdesenvolvidas absorvem a ordem social competitiva observada nos países desenvolvidos, mas sob o amparo e o condicionamento de arranjos sociais, econômicos e políticos que refletem a polarização econômica e a herança colonial dessas sociedades, donde a ruptura da condição de subdesenvolvimento apenas pode se desencadear a partir das forças sociais internas. Permitem concluir, finalmente, que o regime de classes, numa economia capitalista subdesenvolvida, possui como substrato material uma situação de mercado dependente e como suporte sociocultural os recursos de uma civilização 'nucleados' no exterior" (FERNANDES, 1968). Mapa: relação entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos
Como podemos observar no mapa acima, a relação entre os países
desenvolvidos e subdesenvolvidos, comprova e evidência a mesma relação entre os países colonizadores e colonizados. Os países em azul representam os países desenvolvidos e os em vermelho representam os países subdesenvolvidos. Os países em azul também são os mesmos que no processo de colonização, assumiam o papel de colonizador, dessa forma os de vermelho eram os colonizados. Podemos observar também, que na própria geografia do mapa os países desenvolvidos estão colocados acima dos subdesenvolvidos, gerando uma visão de superioridade, criada pelos europeus, em relação aos países em vermelho.
“Hoje é indiscutível que a teoria econômica é um instrumento precioso
de intervenção social para os países desenvolvidos capitalistas. Muitos dêles ainda não se aproveitam de tôdas as suas virtualidades, através do planejamento econômico, como o faz a França; mesmo assim, em países como os Estados Unidos, a Inglaterra ou a Alemanha, a ciência econômica fornece a todos os seus agentes e, particularmente, ao govêrno elementos de extraordinária valia para a interpretação do que acontece e para a intervenção no processo econômico.”(BRESSER, 1967,p.22)
Tendo em vista os processos mostrados detalhadamente e os resultados
gerados atualmente, podemos definir que as formas de colonização determinaram o futuro de todos os países. As diferentes formas de aproveitamento do território condenaram os países colonizados a viverem em condições muito piores que os outros e muitas vezes na miséria. O processo de colonização então, pode ser considerado injusto, considerando que da mesma forma que parte foi favorecida a outra foi prejudicada, o que se agrava ainda mais com o sistema capitalista que valoriza o capital e o dinheiro. Assim, é essencial considerar a história e o processo de formação para compreender a distribuição dos territórios e seu estado de desenvolvimento.