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Constituição e Produção do Espaço nas Américas –

Geografia

Lucas Barreiros e Hemilly Moreira – 2°A e B

O continente americano é o segundo maior do mundo, com uma área de


aproximadamente 42 milhões de quilômetros quadrados, ele é divido em 35
países e 18 territórios independentes. Esses países estão todos distribuídos
em três partes distintas, a norte a sul e a central. Devido a gigantesca área, sua
população é de quase um trilhão de pessoas e são falados mais de seis
idiomas, entre eles: português, espanhol, inglês, francês entre outros.
Além disso, a América não se resume apenas a divisão geográfica,
devido ao seus diferentes processos de colonização surgiu também uma
divisão política do território, que o separa entre América Anglo-Saxônica e
Latina. A América Anglo-Saxônica tem como característica principal ser uma
colônia de povoamento, enquanto a América Latina tem como característica ser
uma colônia de exploração. A grande questão é que existe uma diferença
gigantesca entre os dois tipos de colônia e esse fator modificou a história
inteira de cada uma das Américas.
Uma colônia de povoamento é baseada na ideia de enviar uma certa
quantidade de pessoas para um território no exterior, para ocupar e estabelecer
uma nova sociedade no local com estabilidade econômica. Já uma colônia de
exploração aborda uma ideia completamente diferente, nela o território
selecionado é invadido, ocupado e explorado em relação aos seus recursos e
ao povo, esses territórios foram utilizados como fonte de riqueza por grande
parte das nações Europeias, e sofreram por muito tempo problemas sociais e
financeiros, que resultaram dessa colonização e os prejudicam até atualmente.
Assim, podemos atrelar parte da culpa da desigualdade presente na
América a isso, porém necessitamos de exemplos reais para comparação e
para compreender melhor os desdobramentos dessa questão. Os Estados
Unidos da América, faz parte da América Anglo-Saxônica e, portanto, passou
pelo processo de colonização de povoamento. No início do processo de
colonização dos USA, o mundo se encontrava em um lugar um tanto quanto
confuso. Para começar, a população da América Anglo-Saxônica inicialmente
se baseava em Ingleses expulsos do Reino Unido e enviados para cá com o
objeto de morrerem.
Isso se deve ao fato de que todos eles foram expulsos por se mostrarem
rebeldes a revolução industrial e, portanto, como o governo e nobreza em sua
grande maioria se mostravam a favor, essas pessoas foram exiladas de seu
país de origem. A população mandada para o norte era constituída inicialmente
por jovens universitários, professores, pastores protestantes, operários,
advogados e construtores, é importante ressaltar que os exilados em sua
grande maioria possuíam intelecto alto (o que aumentava suas chances de
sobrevivência e desenvolvimento no local).
Com isso as pessoas que lá estavam foram para onde atualmente se
localiza os Estados Unidos e lá formaram 13 colônias, que na época eram
estados independentes. Cada uma das colônias tinha um papel social, algumas
eram mais propicias na agricultura e outras na pesca e captura de animais
marinhos, assim com o tempo, todas foram se desenvolvendo de forma
diferente, mas se tornando ricas e inteligentes e mesmo estando de certa forma
divididas, estavam unidas pelo ideal de liberdade.
O crescimento das treze colônias e seu desenvolvimento chamaram
atenção da Inglaterra, que cobrou cinquenta porcento de tudo que os Estados
Unidos possuíam. Assim aliados pelo ideal de liberdade, os antigos ingleses
que lá se estabeleceram se afirmaram americanos, logo eles não deviam mais
nada a Inglaterra por não terem nenhuma relação estabelecida com ela o que
acarretou uma grande guerra. A Guerra da Independência da Inglaterra foi
travada na América do Norte e foi vencida pelos americanos em 4 de julho de
1776.
Logo após isso, a rivalidade entre os estados do Norte e Sul cresceram,
e em uma disputa para decidir quem comandaria os Estados Unidos como um
todo, foi travada mais uma guerra, agora civil. Dessa vez o Norte sai vitorioso e
com isso, sucedeu-se a abolição da escravidão em 1865.
O processo de colonização na América Latina foi completamente
diferente. Devido ao fato de serem colônias de exploração a história desses
países acaba por ser muito mais violenta e extrativista. O Brasil da mesma
forma que os Estados Unidos também é um país da América, mas diferente
dele o Brasil faz parte da América Latina. Colonizado pelos países europeus,
principalmente Portugal, o Brasil desde 1500 sofre com a invasão, dita como
“descoberta” pelos portugueses, de seu território. Desde o princípio a relação
entre o colonizado, no caso o Brasil e o colonizador foi de imposição e
exploração. Após os primeiros contatos com os Portugueses, mais
desenvolvidos em relação a combates e armamentos, houve um pensamento
de superioridade em relação ao povo que aqui vivia, e assim impuseram sobre
eles sua religião e os tornaram escravos, os obrigando a trabalhar para eles em
troca de nada.
Com os avanços na exploração do território, os europeus acharam o
verdadeiro tesouro das américas, o clima favorável e as riquezas brutas, como
ouro e outros metais preciosos. Com isso, não bastava apenas a mão-de-obra
já existente, então, iniciaram-se o transito de navios negreiros, que traziam o
povo da África para cá, para trabalharem como escravos. Com o passar do
tempo, os recursos estavam se esgotando, mesmo em grande quantidade, a
extração e exportação estavam tomando escalas gigantescas e desse jeito
foram limitando o tesouro brasileiro. Além da extração de minérios, o
desmatamento e transporte de árvores exóticas e próprias do Brasil, foi
gigantesco, prejudicando não apenas o povo e diminuindo as riquezas, como
também afetando a vegetação de forma drástica.

“Ela já não é o reino das maravilhas em que a realidade


superava a fábula e a imaginação era humilhada pelos troféus da
conquista, as jazidas de ouro e as montanhas de prata. Mas a região
continua trabalhando como serviçal, continua existindo para
satisfazer as necessidades alheias, como fonte e reserva de petróleo
e ferro, de cobre e carne, frutas e café, matérias-primas e alimentos,
destinados aos países ricos que, consumindo-os, ganham muito mais
do que ganha a América Latina ao produzi-los”(GALEANO, 1971)

A chegada da família real no Brasil foi essencial para seu processo de


Independência, ela trouxe muitas mudanças e modernizações para o país,
demonstrando uma visão de modernização e que junto as revoluções geradas
pela insatisfação de toda a população, fizeram, em um processo violento, com
que o Brasil se torna-se independente.
Porém, mesmo após a independência, o Brasil não estava realmente
“livre”, seu futuro já havia sido traçado pelo seu processo de colonização. A
exploração do território fez com que esse se desenvolvesse mais lentamente e
com mais dificuldade, também acentuando o racismo, que atua como política
social, econômica e politicamente. O processo pelo qual as colônias passaram
fizeram com que eles se tornassem muitas vezes países de terceiro mundo.

“A evolução e nuances do desenvolvimento econômico na


América Latina é questão ainda muito debatida na literatura, haja
visto as repercussões específicas desse processo na situação
político-econômica atual da região em comparação, sobretudo, com
outras ex-colônias das metrópoles europeias. Nesse sentido, visando
responder as perguntas sobre (i) os distintos caminhos do
desenvolvimento da América Anglo-Saxônica e América Latina após a
independência e (ii) a persistência da posição subdesenvolvida da
América Latina em relação às economias desenvolvidas” (“VICTOR,
2021, p.104)

Da mesma forma como ocorram os processo de colonização, os


colonizadores e metrópoles, se tornaram países desenvolvidos devido ao
processo que passaram em que não foram explorados e muitas vezes até
exploraram algum território. Como no passado, esses países continuam a
exercer controle e domínio sobre os territórios e corpos conquistados (colônias
de exploração), aproveitando deles e tornando-os menos desenvolvidos.

"Os modelos explicativos de Marx e Weber comportam a


conclusão de que o subdesenvolvimento explica-se de forma objetiva
pelas condições de dependência econômica, que por seu turno é
gerada, condicionada e regulada a partir de fora, por vetores
conjunturais e estruturais do mercado mundial. Os três modelos
suportam, ademais, a conclusão de que as sociedades capitalistas
subdesenvolvidas absorvem a ordem social competitiva observada
nos países desenvolvidos, mas sob o amparo e o condicionamento de
arranjos sociais, econômicos e políticos que refletem a polarização
econômica e a herança colonial dessas sociedades, donde a ruptura
da condição de subdesenvolvimento apenas pode se desencadear a
partir das forças sociais internas. Permitem concluir, finalmente, que o
regime de classes, numa economia capitalista subdesenvolvida,
possui como substrato material uma situação de mercado dependente
e como suporte sociocultural os recursos de uma civilização
'nucleados' no exterior" (FERNANDES, 1968).
Mapa: relação entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos

Como podemos observar no mapa acima, a relação entre os países


desenvolvidos e subdesenvolvidos, comprova e evidência a mesma relação
entre os países colonizadores e colonizados. Os países em azul representam
os países desenvolvidos e os em vermelho representam os países
subdesenvolvidos. Os países em azul também são os mesmos que no
processo de colonização, assumiam o papel de colonizador, dessa forma os de
vermelho eram os colonizados. Podemos observar também, que na própria
geografia do mapa os países desenvolvidos estão colocados acima dos
subdesenvolvidos, gerando uma visão de superioridade, criada pelos europeus,
em relação aos países em vermelho.

“Hoje é indiscutível que a teoria econômica é um instrumento precioso


de intervenção social para os países desenvolvidos capitalistas.
Muitos dêles ainda não se aproveitam de tôdas as suas virtualidades,
através do planejamento econômico, como o faz a França; mesmo
assim, em países como os Estados Unidos, a Inglaterra ou a
Alemanha, a ciência econômica fornece a todos os seus agentes e,
particularmente, ao govêrno elementos de extraordinária valia para a
interpretação do que acontece e para a intervenção no processo
econômico.”(BRESSER, 1967,p.22)

Tendo em vista os processos mostrados detalhadamente e os resultados


gerados atualmente, podemos definir que as formas de colonização
determinaram o futuro de todos os países. As diferentes formas de
aproveitamento do território condenaram os países colonizados a viverem em
condições muito piores que os outros e muitas vezes na miséria. O processo
de colonização então, pode ser considerado injusto, considerando que da
mesma forma que parte foi favorecida a outra foi prejudicada, o que se agrava
ainda mais com o sistema capitalista que valoriza o capital e o dinheiro. Assim,
é essencial considerar a história e o processo de formação para compreender a
distribuição dos territórios e seu estado de desenvolvimento.

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