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Formação dos Estados latino-americanos (I)

1. As repúblicas foram instaladas como forma de governo em quase todos os novos Estados
latino-americanos, ainda que as monarquias tenham continuado a existir. No Brasil, o regime
monárquico sobreviveu até 1889. As experiências monárquicas do Haiti e do México não foram
bem-sucedidas. Porém, a tendência republicana no antigo território colonial espanhol não
representou uma disposição democrática, estabelecendo-se regimes presidenciais autoritários
de longa duração em países como o Paraguai, a Guatemala e o México.
2. Os caudilhos aproveitaram o desmembramento da ordem colonial para impor suas pretensões
de dominação. Instrumentalizando os regionalismos, os caudilhos passaram a promover os
interesses de seus associados e de suas regiões. De maneira geral, os caudilhos eram latifundiários
com grande carisma, e, nesse contexto, houve a tendência de ruralização do poder. As elites
urbanas perderam a influência, pois não tinham os mesmos meios militares e não podiam
interferir nos conflitos armados da mesma forma que os caudilhos e seus seguidores. Instalados
no poder e servindo-se da ordem constitucional, os caudilhos aumentaram sua influência.
3. Em muitos países, os militares constituíram a única instituição intacta após as guerras de
independência, o que os levou a adquirir grande importância no interior da ordem constitucional.
Assim sendo, a instituição militar foi escolhida para manter a ordem e a segurança interna, bem
como para monitorar as eleições. No entanto, os militares se aproveitaram disso para interferir
no processo político. Em consequência, houve uma militarização da vida pública, manifestada,
por exemplo, em lutas de fronteiras e em disputas pela definição da política econômica.
4. Numerosos conflitos entre os novos Estados ocorreram, porque a maioria das fronteiras, passando
pelo interior desabitado, eram objeto de contestação. O resultado foram guerras motivadas por
pretensões territoriais e fervor nacionalista. Entre os exemplos de conflitos, houve a guerra entre
o México e os Estados Unidos (1846-1848), a Guerra do Paraguai (1864-1870) e a Guerra do
Pacífico (1879-1883).

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Formação dos Estados latino-americanos (II)

1. Nas sociedades latino-americanas, com nativos e mestiços formando a maioria da população, havia
enorme distância entre o discurso de “liberdade e igualdade” e a realidade. Deixando a questão étnica
de lado, os autores das constituições valorizaram o conceito de nação formada por cidadãos iguais
perante a lei. Porém, ao fim das guerras de independência, muitas camadas sociais marginalizadas
exigiram o cumprimento das promessas de liberdade, igualdade e autodeterminação, o que foi visto
como uma ameaça pelas camadas sociais superiores. Diante disso, os novos Estados redefiniram as
fronteiras étnico-sociais por meio de restrições ao direito de voto e de medidas socioeconômicas,
o que foi feito antes mesmo da demarcação definitiva das fronteiras territoriais. Os direitos
constitucionais fundamentais foram negados aos libertos e às camadas inferiores da população.
Embora a escravidão tenha sido legalmente abolida em alguns países na primeira metade do século
XIX, aprovaram-se leis que delongaram seu fim definitivo até quase o final do século. A discriminação
legal da população mestiça foi abolida em diversos países latino-americanos, abrindo-se canais de
mobilidade social, principalmente por meio do serviço militar.
2. A igualdade jurídica possibilitou o reconhecimento da cidadania plena e a inserção da população
indígena da América Hispânica na economia de mercado. Contudo, o conceito liberal de
propriedade privada e o fim dos privilégios corporativos causaram a dissolução das propriedades
comunais indígenas. Assim, surgiram surtos migratórios que abriram novas perspectivas, mas
destruíram as velhas coletividades. As leis liberais, por um longo período, não foram aplicadas
em toda parte, e muitas comunidades indígenas prosseguiram em suas formas tradicionais de
vida por muito tempo. Não houve qualquer mudança nas relações de trabalho, pois, no lugar das
obrigações coloniais de prestação de serviço, surgiram a servidão por dívidas e novas formas de
trabalho compulsório.
3. A economia dos jovens Estados fundamentava-se em contratos comerciais assinados com
as potências europeias e com os Estados Unidos. Porém, se os contratos comerciais eram a
base do reconhecimento da independência política, também criavam uma nova dependência
econômica. O sistema de livre-comércio, não praticado em regiões distantes do interior, foi
um duro golpe para os latino-americanos, como os fabricantes de têxteis, que concorriam
com os produtos importados. A integração econômica internacional ocorreu em paralelo ao
endividamento, cuja dimensão não foi percebida de imediato pelos governantes.
4. A América Latina passou por sua primeira crise financeira na década de 1820, porque, ao investir
de forma improdutiva o capital que tomara emprestado da Inglaterra, foi incapaz de saldar os
custos correntes e as dívidas antigas. Diante disso, quase todos os Estados latino-americanos
cessaram os pagamentos externos, o que dificultou o acesso a créditos internacionais por 25
anos e resultou na escassez de capital de investimento em um período crucial. Os jovens países
tornaram-se independentes com um enorme fardo de dívidas externas.

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Integração da América Latina à economia mundial (I)

1. Desde as primeiras décadas do século XIX, a Grã-Bretanha, ocupando lugar proeminente


no comércio internacional, tinha interesse em vender manufaturas para os mercados latino-
-americanos e controlá-los. Na segunda metade do século XIX, a Grã-Bretanha fez investimentos
na América Latina, muitos dos quais sob a forma de empréstimos aos governos. Capitais
britânicos predominaram na construção de estradas de ferro, na modernização de portos e na
implantação de serviços, como eletricidade, gás e telégrafo.
2. A América Latina especializou-se em produtos primários de exportação, já que não possuía
capital acumulado para desenvolver plenamente a indústria. Cada país dedicou-se quase
exclusivamente a um produto agrícola. Nos climas tropicais, produziu-se cana-de-açúcar, café e
frutas. Nos climas temperados, plantaram-se cereais, como o trigo e o milho. A criação de bois
e ovelhas teve grande crescimento. Na mineração, além das tradicionais explorações de prata
e ouro, começou-se a extrair o cobre e o estanho. O Peru e o Chile passaram a exportar guano
e salitre, usados como fertilizantes na Europa. No final do século XIX, encontrou-se petróleo
no México e na Venezuela, e esta última tornou-se um dos maiores produtores mundiais de
petróleo. Também no final do século, a Argentina, com uma crescente produção de trigo e
de outros cereais, ao lado da incipiente indústria de carne, anunciava o lugar de destaque
que ocuparia nas duas primeiras décadas do século XX. México e Chile também tiveram um
crescimento econômico baseado na extração de metais, ao passo que o Brasil se destacava
como primeiro produtor mundial de café e borracha. Por outro lado, alguns países continuavam
muito pobres, como as nações centro-americanas, o Haiti e o Paraguai.
3. O ideal de progresso das elites latino-americanas pôde ser visto na implantação de novos
meios de comunicação e de transporte, como as estradas de ferro, geralmente financiadas por
capitais europeus. A expansão das vias marítimas e dos demais meios de transporte criou as
condições para a política voltada à exportação. Porém, devido ao precário desenvolvimento
do setor industrial, foi impossível atender à demanda interna, o que tornou indispensáveis as
importações de manufaturados.
4. Os liberais que chegaram ao poder em quase todos os países latino-americanos a partir de
1850 combateram a influência da Igreja nos assuntos seculares (como no México, de Benito
Juárez), modernizaram o sistema educacional (como na Argentina, de Domingo F. Sarmiento)
e melhoraram a infraestrutura de seus países. Além disso, muitos reformadores propagaram o
“branqueamento” da população mediante o assentamento de imigrantes europeus.

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Integração da América Latina à economia mundial (II)

1. O Império Mexicano, regido por Maximiliano (1864-1867) com apoio da França, representou
o auge da tendência imperialista na América. Porém, a queda do Império, devido à resistência
dos mexicanos, acabou com a ideia da restauração de uma monarquia europeia na América.
2. Em 1898, os Estados Unidos aproveitaram-se da fraqueza da Espanha e interferiram militarmente
na Guerra de Independência de Cuba, resolvida em alguns meses. Essas pretensões de poder
foram novamente testadas no episódio da separação do Panamá em relação à Colômbia (1902-
-1903). O novo pan-americanismo, cujo início ocorreu na Conferência de Washington (1889-
-1890), marcou a política externa dos Estados Unidos que complementou a Doutrina Monroe,
com destaque para a atuação do presidente Theodore Roosevelt.
3. Não. A Europa continuou a exercer grande atração sobre os jovens das elites latino-americanas,
permanecendo como ponto de referência no processo de busca das próprias raízes. Fórmulas
europeias eram consideradas para a solução dos problemas de desenvolvimento latino-
-americanos, como a falta de integração nacional e a marginalização de enorme camada da
população.
4. A tomada de consciência da própria realidade, repelindo a europeização, ganhou importância
crescente. Tendo como pano de fundo o Romantismo e o pensamento anti-hispânico, a herança
indígena foi idealizada em várias regiões da América. Entretanto, a massa da população
constituída de indígenas, afro-americanos e mestiços pobres continuou à margem tanto dos
projetos que defendiam a europeização quanto dos que a criticavam. Porém, isso não significa
que essas camadas sociais nada tenham feito contra a política de europeização. Elas resistiram
parcialmente à pressão modernizadora das elites urbanas por meio da tradição de solidariedade
que possuíam, renegando o novo sistema de valores individualista.

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Política interna do Segundo Reinado

1. Um dos primeiros atos de D. Pedro II foi conceder anistia aos envolvidos nas revoltas ocorridas
durante a Regência. Pouco tempo depois, dissolveu a Câmara dos Deputados e derrubou o
gabinete liberal que lhe dera o poder, promovendo nova ascensão dos conservadores e abrindo
a alternância que marcaria a política interna do Segundo Reinado.
2. A manutenção da integridade territorial do Brasil costuma ser associada à existência do mercado
nacional de escravizados e de uma elite letrada que, com formação cultural relativamente
homogênea, conduzia o país.
3. No parlamentarismo inglês, o governo é exercido por um ministério que depende da maioria no
Legislativo, ao mesmo tempo em que “o rei reina, mas não governa”. Ao contrário do modelo
inglês, em que a Câmara dos Deputados é a força preponderante, o parlamentarismo brasileiro
dava ao imperador – detentor dos poderes Executivo e Moderador – a prerrogativa de indicar o
presidente do Conselho de Ministros (chefe de governo), que organizava o Ministério (gabinete)
de acordo com o partido majoritário. A interferência do monarca era constante, e a composição
do Ministério influenciava as eleições para a Câmara dos Deputados. Dessa maneira, os poderes
Legislativo e Executivo governavam em relativa sintonia, não ocorrendo crises políticas sérias.
4. Entre as semelhanças, liberais e conservadores representavam os interesses dos grandes
proprietários de terras e de escravizados, diferindo pouco em termos ideológicos; ou seja, eram
contrários a alterações na ordem vigente, marcada pelo trabalho escravo e pela economia
agroexportadora. Suas diferenças relacionavam-se à maneira de conduzir as questões político­
‑administrativas: os conservadores davam importância ao governo central, defendendo a
centralização político-administrativa; já os liberais acreditavam que a preservação da ordem
deveria se basear no fortalecimento dos poderes locais e na descentralização político­
‑administrativa.

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Economia do Segundo Reinado

1. Em 1727, Francisco de Melo Palheta introduziu as primeiras sementes ou mudas de café no
Pará – trazidas da Guiana Francesa –, onde se tornou um produto de consumo doméstico.
Por volta de 1780, o café chegou ao Rio de Janeiro, sendo cultivado em hortas e pomares. Na
primeira metade do século XIX, a crise da lavoura açucareira no Nordeste, a disponibilidade de
capitais no Rio de Janeiro e o aumento da procura pelo café no mercado internacional elevaram
o cultivo do café para a escala comercial, voltada para a exportação.
2. As fazendas produtoras de café surgiram no Rio de Janeiro, de onde se expandiram para o sul
de Minas Gerais, para o Vale do Paraíba (fluminense e paulista) e para o Oeste Paulista. Em
razão disso, deslocou-se o eixo econômico do Nordeste para o Centro-Sul, levando à formação
de uma nova elite empresarial no país. A substituição progressiva do trabalho escravo pelo livre,
baseado na imigração europeia, alterou a sociedade brasileira.
3. Como a monocultura cafeeira empregava muita mão de obra, a demanda por vários produtos
cresceu. Ao favorecer o desenvolvimento de um sistema produtivo para atender às próprias
necessidades, a cafeicultura criou um mercado interno relativamente dinâmico, bem como gerou
lucros que foram reaplicados em outras atividades econômicas, como ferrovias e indústrias.
Em paralelo, ocorreu o desenvolvimento urbano, que teve na cidade de São Paulo – situada
entre a produção do café, no interior da província de São Paulo, e o porto de Santos, por
onde era exportado – um de seus principais centros. O café era transportado em ferrovias, que,
implantadas em meados do século XIX, geraram novos empregos e serviços, desempenhando
papel importante no crescimento econômico da região.
4. Entre 1821 e 1900, cresceu a participação do café nas exportações brasileiras, realizadas
principalmente por São Paulo. No mesmo intervalo, o açúcar – segundo produto de
exportação – diminuiu de importância, o que correspondeu ao processo de decadência
econômica do Nordeste. O algodão atingiu o auge das exportações entre 1821 e 1830 e
entre 1861 e 1870. O látex para a fabricação da borracha, extraído na Amazônia, teve papel
significativo nas exportações entre 1891 e 1900. A exportação de couros e peles foi importante
para a economia da região Sul. A exportação de cacau e fumo foi importante para a economia
baiana, assim como a exportação de erva-mate foi importante para a economia do Paraná.

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Sociedade do Segundo Reinado

1. Diante do encarecimento dos escravizados (relacionado à aplicação da Lei Eusébio de Queirós,


de 1850), ao esgotamento dos solos no Vale do Paraíba (que transferiu muitas fazendas de
café para o Oeste Paulista) e ao aumento da procura pelo café no mercado internacional, os
produtores passaram a utilizar o trabalho livre de imigrantes europeus, tais como alemães,
suíços, portugueses e belgas.
2. A primeira fase da imigração europeia, a partir de 1852, foi patrocinada por particulares,
estabelecendo-se o regime de parceria. Em 1859, alguns governos europeus, como o da Prússia,
proibiram a emigração para o Brasil, sob a justificativa de que o europeu estava sendo escravizado.
Em 1870, começou a nova fase da imigração europeia, que passou a ter subvenção do governo
imperial e novos direitos para os imigrantes. Abriu-se a grande afluência de estrangeiros para
as fazendas brasileiras, localizadas principalmente no Oeste Paulista, onde a “terra roxa” era
propícia à cafeicultura.
3. A Lei de Terras (18.09.1850) determinou que a posse de terras públicas (“terras devolutas”)
passaria a ocorrer mediante a compra, com pagamento em dinheiro, e não mais por doação,
como ocorrera com as antigas sesmarias. Além disso, as terras seriam vendidas a preços
elevados. Visando estabelecer normas para legalizar a posse de terras e procurando forçar
o registro das propriedades, a Lei de Terras buscou impedir que os futuros imigrantes se
tornassem proprietários de terras, praticamente obrigando-os a trabalhar para os cafeicultores.
Posteriormente, a lei também dificultaria o acesso dos ex-escravizados à propriedade da terra.
4. A transferência da família real para o Brasil sob a proteção inglesa (1808) foi condicionada,
entre outros aspectos, ao compromisso de D. João em combater o tráfico de escravizados. O
reconhecimento inglês da independência do Brasil também foi atrelado à promessa do governo
em proibir o tráfico de escravizados (1826), o que se efetivaria apenas com a Lei Barbacena (1831).
Todavia, como a economia brasileira dependia da mão de obra escrava, a Lei Barbacena teve um
sentido meramente protocolar, e o tráfico de escravizados se intensificou. Em face da atitude
do governo brasileiro, o Parlamento inglês aprovou o Bill Aberdeen (1845), que, convertendo o
tráfico de escravizados em pirataria, deu poderes à Inglaterra para apreender navios negreiros em
quaisquer águas territoriais. Em 1850, a Lei Eusébio de Queirós proibiu, pela segunda vez, o tráfico
de escravizados para o Brasil, acentuando o comércio interno de escravizados e reorientando
capitais para outras atividades, como as manufaturas. Em 1866, no contexto da Guerra do Paraguai
(1864-1870), concedeu-se liberdade aos “escravos da Nação” aptos a prestarem o serviço militar.
Ao término do conflito, fundaram-se associações em prol da abolição do trabalho escravo,
promoveram-se a fuga de escravizados e a formação de quilombos, e o Exército recusou-se a
perseguir e a aprisionar escravizados fugidos. Em 1871, a Lei do Ventre Livre concedeu liberdade
aos filhos de escravizadas nascidos a partir da data da lei. Em 1885, a Lei Saraiva-Cotegipe libertou
os escravizados maiores de 60 anos. Em 1888, a Lei Áurea extinguiu a escravidão no Brasil.

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Situação das populações indígenas brasileiras no século XIX

1. Criado em 1755, na época do Marquês de Pombal, o Diretório dos Índios tirou a questão indígena
do controle dos religiosos, especialmente os padres jesuítas, principais responsáveis pela
catequese dos nativos na América. Pombal considerava os jesuítas inimigos do fortalecimento
do Estado e, em 1759, expulsou-os de Portugal e das colônias portuguesas, confiscando todos
os seus bens. Visando inserir os indígenas na “civilização”, o Diretório foi aplicado por mais de
quarenta anos, até ser revogado, em 1798.
2. A vinda da família real para o Brasil (1808) marcou o retorno das missões religiosas para o
serviço do Estado no relacionamento com os indígenas, interrompido durante o período em
que vigorou o Diretório dos Índios (1755-1798).
3. No início do Segundo Reinado, oficializou-se a devolução da responsabilidade pelo trato com
as populações indígenas às missões religiosas. O Regulamento das Missões (1845) estabeleceu
que os religiosos deveriam fundar aldeamentos, entendidos como uma transição para que os
indígenas fossem integrados à sociedade nacional.
4. A Lei de Terras (1850) determinou que as terras indígenas não seriam consideradas devolutas
(desocupadas), pois os nativos tinham um “direito originário” que não exigia legitimação. Não
obstante, os aldeamentos que não possuíssem certo número de indígenas seriam extintos, e a
sua área, considerada terra devoluta.

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Respostas das atividades adicionais

1. alternativa C
A fraca organização política dos diversos grupos sociais após a independência concorreu para for-
talecer o poder pessoal de alguns líderes, em torno dos quais aglutinaram-se os grupos dominantes.
2. alternativa E
O caudilhismo relaciona-se com o processo de formação dos Estados Nacionais latino-ame-
ricanos no século XIX. Passada a fase das lutas pela independência, os senhores de terras do
interior impuseram sua ordem político-econômica sobre os liberais, principalmente centrados
nas capitais e/ou portos.
3. alternativa B
A formação dos Estados Nacionais hispano-americanos, no século XIX, foi marcada por cho-
ques entre facções e lideranças políticas antagônicas. Essas divisões no seio das elites locais
expressavam projetos administrativos contrastantes, de maior ou menor centralização do poder.
Daí os diversos confrontos entre caudilhos, os golpes de Estado, as alterações arbitrárias da
ordem constitucional, além dos conflitos internacionais nas zonas de fronteira.
4. alternativa A
A emancipação política na maioria dos países latino-americanos não implicou a ruptura do
modelo primário-exportador herdado do período colonial. A disputa pelo poder entre os
grupos oligárquicos foi um dos fatores da instabilidade política.
5. alternativa A
O texto versa sobre o fenômeno iniciado após a emancipação política da América Latina, no sécu-
lo XIX, em que o poder foi assumido por alguns poucos indivíduos (oligarquia), que, manipulando
determinados princípios liberais, barraram a participação política das classes média e popular.
6. alternativa B
A vinculação da América Latina e da Ásia às linhas de comércio mundial, no século XIX, deu-se
por meio do fornecimento de matérias-primas e alimentos para os grandes centros do capitalis-
mo mundial e, por outro lado, pela importação de manufaturas desses mesmos centros.
7. alternativa E
Os Estados Nacionais que se formaram em seguida ao processo de emancipação política da
América Latina foram diferentes quanto aos regimes políticos, adotando a solução monárquica
ou a republicana. De maneira geral, todos continuaram com o padrão de inserção na economia
internacional como fornecedores de produtos alimentícios e matérias-primas e como consumi-
dores de produtos manufaturados.
8. alternativa D
No século XIX, a Grã-Bretanha, após apoiar as lutas pela independência na América Latina, foi
a grande beneficiária do relacionamento econômico estabelecido com os novos Estados Nacio-
nais, baseado no fornecimento de produtos manufaturados em troca de gêneros alimentícios e
matérias-primas para a indústria britânica.
9. alternativa C
O excerto trata do imperialismo econômico britânico sobre a América do Sul, apoiado na
Segunda Revolução Industrial, e do imperialismo estadunidense sobre a América Central,
apoiado na Big Stick Policy.

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10. a) Os países hispano-americanos receberam principalmente investimentos ingleses direciona-
dos à infraestrutura, como a construção de portos e ferrovias visando ao escoamento de artigos
primários para a Europa e à distribuição de produtos industrializados na América, permitindo
a incorporação das terras férteis do interior aos circuitos agroexportadores.
b) Os países hispano-americanos inseriram-se economicamente como produtores de artigos
primários (açúcar, tabaco, algodão, café, minérios, entre outros) e consumidores de produtos
industrializados. Possuíam uma economia primário-exportadora, no contexto da chamada
Divisão Internacional do Trabalho.
11. alternativa C
O texto critica a dependência do Parlamento e do Ministério perante D. Pedro II, que controla-
va, de fato, a política no Brasil.
12. alternativa B
No plano político, o Segundo Reinado (1840-1889) foi marcado pelo parlamentarismo “às aves-
sas”, caracterizado pela alternância de liberais e conservadores no poder, afastando, com isso,
os conflitos políticos e as rebeliões. No plano econômico, o café despontou como o principal
produto de exportação, relacionando-se com a introdução da mão de obra livre dos imigrantes
europeus e com o desenvolvimento industrial.
13. alternativa D
Entre 1847 e 1889, vigorou no Brasil o parlamentarismo “às avessas”, no qual, diferentemente
do modelo inglês, o presidente do Conselho de Ministros era indicado pelo imperador e não
pela Câmara de Deputados. Na charge, D. Pedro II, exercendo o Poder Moderador, é mostrado
manipulando os partidos Conservador e Liberal no momento em que este último (à direita da
ilustração, para o qual se volta o olhar do imperador) foi chamado a formar o governo.
14. alternativa B
Na segunda metade do século XIX, devido à proibição do tráfico de escravos e à necessidade
de mais mão de obra para a cafeicultura paulista, intensificou-se o processo de imigração. Os
imigrantes formaram um mercado consumidor, um contingente de mão de obra especializa-
da que, aliado à liberação de capitais (não era mais necessário comprar escravos), permitiu
um surto industrial. Tais fatos intensificaram a urbanização e a diversificação das atividades
econômicas.
15. alternativa E
Na então província de São Paulo, as ferrovias tiveram um papel importante no escoamento da
produção cafeeira do interior em direção ao porto de Santos. A malha ferroviária também gerou
empregos e serviços e teve um papel importante no crescimento econômico da região.
16. alternativa A
O texto destaca a mudança de caráter dos cafezais em comparação com a lavoura canavieira. A
partir de meados do século XIX, os cafezais tornaram-se, para o proprietário da terra, “seu meio
de vida, sua fonte de renda”, desvinculando-se dos estereótipos do senhor de engenho açuca-
reiro. Isso permitiu maior conexão dos meios rurais aos meios urbanos, pois os proprietários
ligavam-se a atividades comerciais, financeiras e até mesmo industriais.
17. alternativa D
Durante o Período Monárquico (1822-1889), o Brasil permaneceu como país agroexportador,
com destaque para o café, produto que gerou grande quantidade de investimentos em portos,
ferrovias e na própria atividade cafeeira, realizados, principalmente, por capitais ingleses.

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18. alternativa E
A Tarifa Alves Branco (1844) é vista por muitos como uma medida de caráter protecionista,
pois, encarecendo os preços dos produtos importados, acabava por estimular a produção inter-
na de manufaturados.
19. alternativa C
Com a abolição do tráfico de escravizados (1850), a imigração europeia foi a solução encontra-
da para suprir a falta de mão de obra para a cafeicultura paulista. O sistema adotado inicialmen-
te com o imigrante foi a parceria, que criava uma dependência econômica dos trabalhadores
em relação aos fazendeiros, resultando em uma escravidão disfarçada. A emigração para o
Brasil chegou a ser proibida por alguns governos europeus.
20. alternativa A
A Lei de Terras foi aprovada pouco após a extinção do tráfico de escravizados (Lei Eusébio de
Queirós, 1850) e tentou organizar a questão da propriedade rural no Brasil. Determinou que as
terras públicas passariam a ser vendidas e não mais doadas (como ocorrera com as sesmarias),
estabeleceu normas para legalizar a posse de terras e procurou forçar o registro das proprieda-
des. Portanto, a legislação, de modo geral, dificultou o acesso à propriedade da terra.
21. alternativa E
Por meio da Lei de Terras (1850), o acesso às terras públicas se tornou possível somente por
meio da compra, o que, de certa forma, dificultava a propriedade da terra por parte dos menos
favorecidos, como imigrantes recém-chegados e escravizados que haviam sido libertados.
22. alternativa D
Apesar da pressão inglesa pelo fim do tráfico, representada no período pela promulgação do Bill
Aberdeen (1845) pela Inglaterra, que autorizava a Marinha inglesa a apreender e confiscar cargas
de navios negreiros, ocorreu, concomitantemente, a expansão do café para o Vale do Paraíba,
no Rio de Janeiro, havendo então um aumento da demanda por mão de obra escrava. O tráfico
só seria encerrado em 1850, com a Lei Eusébio de Queirós.
23. alternativa A
A Lei Eusébio de Queirós (1850), que suprimiu o tráfico de escravos para o Brasil, obrigou o
governo brasileiro e a elite agrária (em especial a cafeeira) a pensarem no imigrante europeu
como alternativa ao trabalho escravo. As rebeliões escravas também foram fundamentais para
esse processo, além da pressão inglesa.
24. alternativa B
Pode-se afirmar, com base no texto, que os motivos essenciais da exclusão social que se seguiu
à abolição da escravatura foram a democratização incompleta (exclusão da maioria dos ex-es-
cravizados do direito ao voto) e a marginalização econômica (associada a projetos frustrados
de reforma agrária).
25. alternativa C
No decorrer do século XIX, difundiu-se a ideia de se associar “progresso” à “eugenia” (“boa
raça”). Assim, segundo essa ideia, as sociedades mestiças – como a brasileira – estavam “con-
denadas ao atraso”. Portanto, era necessária a entrada de brancos, para “branquear” a popula-
ção nacional.

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