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Outra determinação apontada pela autora é a revolução burguesa brasileira onde ela
destaca o pensamento de dois autores a respeito deste momento da história: Sodré, que vê no
nacionalismo varguista um importante momento da revolução burguesa e Fernandes que vê
no golpe de 1964 o processo que culmina na revolução burguesa. entretanto as elaborações de
ambos apontam para o entendimento de que os interesses da burguesia brasileira não tinham
nada a ver com os ideais revolucionários ou reformistas. A burguesia brasileira possuía um
horizonte cultural e econômico ditado pela inserção subalterna na dinâmica do capitalismo
comercial, que possui componentes oligárquicos autárquicos e senhoriais da burguesia. A
autora ainda destaca que diante do desenvolvimento desigual o Brasil permanece dependente
do capital comercial para o sustentar seus processos de acumulação baseado na exportação.
por fim outra característica que reforça capitalismo aliado ao “atraso” é a demora em construir
um mercado de trabalho, pois adia enquanto pode a abolição total da escravidão pois a
exploração dessa força de trabalho era a base da extração dos lucros de capital comercial que
possibilitava também a acumulação de valores elevados nas mãos proprietários de escravo.
A segunda particularidade apontada pela autora é a exclusão das forças populares dos
processos de decisão política. O Estado reconhece a força da sociedade civil e tenta controlá-
la por meio da cooptação e manipulação dos interesses da classe subalterna. O Estado se
antecipa e conduz os processos de mudanças sem provocar alterações estruturantes no modelo
econômico, no padrão de acumulação e na lógica do poder político. Nesse sentido os
sindicatos são incorporados ao Estado e usados como um mecanismo de dominação política
da classe trabalhadora.
No Brasil, o liberalismo surge como ideologia das classes senhoriais, ainda antes da
instituição do trabalho livre, onde questionava o estatuto colonial reivindicando mudanças
políticas e econômicas. Entretanto não apresentava alterações significativas na estrutura
econômica ou na vida ideológica, o que reforça a modernização conservadora.
Citações
[…] No Brasil, o desenvolvimento capitalista não se operou contra o “atraso”, mas mediante
sua contínua reposição em patamares mais complexos, funcionais e integrados.” (NETTO,
1996, p. 18 apud SANTOS, 2012, p. 95).
“Não por outro motivo, mesmo entendendo a Revolução Burguesa segundo Fernandes (2006),
ou seja, associando-a à consolidação da industrialização pesada, sob o período da ditadura
militar, o latifúndio permanece intocável, embora visivelmente refuncionalizado, pela
reestruturação das relações capitalistas. Esse fato também é reconhecido por Sodré (1990, p.
31) quando afirma que "[...] a heterogeneidade persiste: o Brasil arcaico nos cerca por todos
os lados; o latifúndio persiste, abalado, mas sobrevivendo a tudo”. (p.106).
“[…] Ocorre que, por conta do desenvolvimento desigual, países como o Brasil permanecem
dependendo do capital comercial para sustentar seus processos de acumulação, que estão
baseados na exportação de seus produtos para o mercado internacional. É, portanto, o
comércio que possibilita a realização do capital cafeeiro e de sua acumulação, e é também ele
que determina, por conseguinte, as proporções do mercado interno que origina a indústria
brasileira.” (p. 109).
“Outro exemplo que poderia ser dado sobre como a formação do capitalismo brasileiro se faz
"de par" com o "atraso"' pode ser atestado na emergência de uma de suas premissas centrais; a
formação do mercado de trabalho. Apesar da base moral da escravidão no Brasil já estar em
franca decadência após 1850, quando proibido o tráfico de escravos (cf. Cap. 2), o
conservadorismo das classes dominantes na monarquia brasileira adiou, enquanto pôde, sua
abolição definitiva com manobras como a Lei do Ventre Livre e dos Sexagenários.” (p. 110).
“[…] Desse modo e, principalmente, após o período varguista, o Estado no Brasil age, no
dizer de lamamoto e Carvalho (1995), como "o novo coronel". A partir dessa expressão, os
autores querem chamar a atenção para o esva-lamento do teor conflitivo envolvido na
promulgação dos direitos e serviços socioassistenciais, promulgados como se fossem
"concessões" do Estado. Os resultados dessa movimentação intencional do Estado brasileiro
podem explicar boa parte da "aparente passividade" da nossa classe trabalhadora que foi
historicamente debilitada em sua autonomia organizativa, tendo suas lutas absorvidas pelos
canais institucionais, a exemplo do que ocorreu com o corporativismo sindical, […]” (p. 121)
Referência