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Vitória Sindy

FERNANDES, F. Circuito Fechado. Quatro ensaios sobre o poder institucional. 2ª


edição.Sâo Paulo: Hucitec,1977.

Capitulo I.
Começa apresentando o método que fará uso.

a escravidão se formou no brasil ao longo dos anos de acordo com as determinações dos
ciclos econômicos.
objetivo do autor: esclarecer as na estrutura e dinâmicas que se manteve que se
mantiveram ao longo do processo histórico estudado.
*as totalidades (o resultado do processo) são “produtos da história” e também “suas
causas”. p12

Fala sobre as abordagens feitas sobre a conexão entre a escravidão e o capitalismo.

Expõe que os estudiosos da escravidão em conexão com o capitalimo costumam levar em


conta apenas a perspectiva da metrópole.
Afirma que essa relação (esc X cap) só se desenvolve com conexão imediata em
metrópoles com poderio político-militar e financeiro comercial
Sugere uma nova abordagem. O que na colônia leva ao surgimento e desenvolvimento do
capitalismo?

A produção nas colônias:


No Brasil era especializada, imposta pela metrópole e se manteve assim após emancipação
nacional, afirma que sem a manutenção dessas estruturas seria impossível a eclosão
modernizadora do mercado e, consequentemente, de capitalismo comercial, assim como a
consolidação urbano-comercial capitalista (ex: cidades que surgem com a sociedade
mineradora, que dinamizaram a economia interna e fizeram retiveram dentro do território o
excedente da produção colônia.)
Diagnostica que as pressões para manter essas estruturas eram internas e externas.
Na fase final da crise da produção escravista-colonial irrompe a negação do regime
escravocrata e senhorial. p13 O que transforma a realidade é a ação do branco
transformando a abolição numa vantagem para si mesmo. Coloca a ação de resistência das
massas escravas em segundo plano para análise que ele pretende realizar
No Brasil, ao contrário dos EUA, não havia regiões tão contrastantes na produção ou nas
estruturas sociais e de poder e o processo foi mais vagaroso. Explica que por isso esses
fatores estruturais do antigo regime que permaneceram têm sido ignorados pelos estudiosos
da área. Essa lentidão no desenvolvimento da escravidçao no Brasil torna ela um fator de
“acumulação originária” p.14

O autor lista dois tipos de confrontos que surgem a partir de sua análise:
o 1º considera as fases socioeconômicas da evolução do sistema de produção e dominação
econômica: 1. Era colonial; 2. Era de transição neocolonial; 3º era de emergência e
expansão do capitalismo dependente.
1º:
1.Era colonial : O ínfimo espaço de institucionalização de meios que possibilitaram ao
senhor a acumulação de capital
O que o senhor buscava na compra do escravo era um energia que poderia ser usada de
maneira concentrada e intensiva, como uma máquina. O desgaste do escravo levava a
necessidade de uma nova compra, alimentando a circulação do mercado, tornando o tráfico
muito lucrativo na lógica mercantilista (circulação de mercadorias) p.16
Afirma que a colônia era dependente da metrópole, tornava-se uma periferia, mas a rede de
negócios dava à colônia mecanismos mínimos de autonomia, meios institucionais para fazer
funcionar dar vazão às fases das operações mercantis
O senhor estava conectado a negociação dos produtos e dos escravos, isso lhe dava uma
porção menor no butim colonial (lucro), o colocava dentro da rede de negócios, oferecendo a
ele a possibilidade de acumlar capital mercantil. p18
A metrópole nunca teve a intenção de tornar propício o desenvolvimento capitalista (na
colônia) ou mesmo a autonomia
Só se povoou o território para produzir butim, as mudanças no caráter da colônia partiram de
dentro dela e não de uma política metropolitana.

O papel da escravidão nessa primeira etapa


dava suporte material a fortes fluxos do cap. comercial na Europa. p.19
Mas ela por si só não alterava a situação da colônia, ela era uma necessidade (escravidão),
mas não era parte da periferia. p.20

A categoria de apropriação:
O proprietário do escravo era dono da produção e do escravo, mas não exclusivamente do
excedente que era gerado principalmente fora da colônia.
Todos dependiam um do outro (Senhor, coroa e negociantes), todos eram escravos do
capital mercantil

2.era de transição neocolonial: fator marcante: o vigor da economia de plantação

Efeitos de encadeamento do fim da mineração:


Levam a uma expansão da economia de plantação para o sul e colocaram o escravo como
peça essencial para “uma revolução econômica dentro da ordem”. p.24. A mineração fez
crescer o número de pessoas ricas pelo entesouramento encoberto, pela posse de escravos
e também como resultado das trocas comerciais.
a riqueza em forma de escravaria estava condenada a perecer, os senhores paulistas
buscavam um gênero capaz de explorar e que fosse atrativo para exportação, acharam o
café. É a escravidão se reinventando.

Transformações estruturais que vem com a emancipação e que modificam a relação da


escravidçao mercantil, economia e sociedade

O que entra em crise é a parte política do Antigo Sistema Colonial p.26 mas há
consequências econômicas para isso: o produto do trabalho agora era regulado pela
aristocracia agrária, mas ainda havia escoamento para o comércio internacional. Parte
capital que ficava no território do Brasil alimentava o capitalismo comercial internamente e a
escravidão ganhou maiores proporções (compara a dos EUA) , a escr. passou a apresentar
as mesmas funções que teve para o acumulo de capital na Europa. (era neocolonial)
Teses alternativas: (Convergentes) S. J. Stein: alguns senhores tentaram modernizar
tecnologicamente a produção, agravando a crise da qual queriam escapar.
(convergente) Buarque de Holanda: para utilizar melhor a mão de obra reduziram o papel
doméstico da escravaria, o fazendeiro também passou a viver mais na cidade, assim o
último traço paternalista (A casa grande) é eliminado antes do fim do escravismo.

Só há a crise final por conta da escravidão mercantil, a escravidão nesse fim tem efeito
propulsor (que não apresentava antes)--> pq: as funções comerciais e financeiras
alcançaram finalmente um nível satisfatório de internalização, inicia-se um grande processo
de transformações econômicas, urbanas e industriais. Expande-se a pequena propriedade e
o trabalho livre (imigrantes) p.30 (3.era de emergência e expansão do capitalismo
dependente.)

o 2º considera a evolução do sistema social de poder: 1. Todo período colonial; 2.a


reintegração da ordem escravista-senhorial no Império (Aqui ele está falando do BR império,
diz que o Estado Nacional converte-se em Estado escravista senhorial); 3. a emergência de
ordem social competitiva= Estado Burguês.

2º:
A ordem social da sociedade escravocrata e senhorial

Florestan defende o uso simultâneo dos conceitos de castas, estamento e classes


(geralmente usados separadamente)
Afirma que o sistema social atinge o máximo de eficácia e maturidade histórica depois da
emancipação nacional, pois foi retirada a dominação metropolitana que limitava o senhor
também nesse quesito.
Tentou-se no início da colonização importar a ordem estamental da metrópole, mas a
dinâmica colonial era diferente, essa ordem aqui valia só para os brancos e a resistência
indígena foi usada para legitimar a institucionalização da escravidão, principalmente depois
com as donataria e os esforços colonizadores.
Brancos= núcleo central: (sociedade estamental), livres: mestiços de
brancos+indígenas: leais ao núcleo central. Onde havia maior crescimento da economia
colonial, maior era a marginalização da população livre mestiça. (Florestan a chama de
argamassa parlamentar) P.33 + escravos (sociedade de castas)

Funções do patrimonialismo

a economia de plantação e a dupla ordem de estamentos e casas


Tese alternativa (convergente) Weber. O império colonial português era um Estado
patrimonial, formado antes da expansão colonial e que foi posto a prova por ela.
Afirma que sem a associação entre Coroa e vassalos seria impossível o Império. No Brasil
as sesmarias demarcavam as estruturas de poder necessárias para a manutenção e
fortalecimento do Estado patrimonial, a consequência é a exclusão das massas de
população livre. (ter poder é ter vínculo com o Estado e propriedade de terra era o eixo
econômico do Antigo Sistema Colonial)
Consequências da escravidão para a ordem importada (que se tentou importar)

A escravidão abalou as estruturas dessas ordem. A massa de população branca que não
tinha vínculo direto com o Estado, junto com o escoamento da produção, criou
conglomerados com funções urbana, que cresceram por conta da economia de plantação.
A escravidão erradia-se por toda a ordem estamental (população branca não era a
aristocracia agrária (artesãos) também tinha escravo estes executavam pequenas tarefas,
isso reafirmava a os interesses senhoriais.

As formas de dominação (patrimonialista)

O poder variava entre “poder doméstico” e “poder senhorial”. O senhor tinha poder tanto
sobre os escravizados como sobre os homens comuns.Todos eram oprimidos, poucos
detinham a condição de opressor p.38 Esse monopólio do poder era oque defendia a ordem.

As inconsistencias institucionais à escravidão mercantil e as funções úteis (úteis à crise?) do


“parto segue o ventre”

Filhos de escravas viravam escravos: a miscigenação da periferia da sociedade não


causava mudanças a família senhorial, com raras exceções.
O caráter mercantil da escravidão e a miscigenação abriam dois focos de fissuras potenciais
o equilíbrio racial e estamental. p.39 Mas isso incitava formas de defender a ordem (religião,
Estado)
Para atender as demandas coloniais uma parte da população escrava era liberta. “houve
uma racionalidade senhorial”, que governava o fluxo das concessões sob o escravismo. p40

A libertação do senhor
A associação entre vassalo e Coroa era elemento básico do sistema. p.42
Afirma que a aristocracia colonial era uma ameaça a Coroa, maior até que a aristocracia
metropolitana. O colono com status senhorial era a base material e militar para a existência
do Império.
Dentro do Antigo Sistema Colonial o colono fortalecia a Coroa, e a ameaça de uma rebelião
interna (escravos) o mantinha nessa condição.

Quem mais perdeu com esse processo?

O negro, como categoria social, sendo escravo ou liberto favorece a engrenagem econômica
da sociedade estamental e de castas. p.46

A emancipação

As funções centralizadoras da Coroa entram em crise, (está falando do aspecto econômico


a partir da abertura dos portos) esta (crise) se consolida com a emancipação , o mercado
colonial é substituído por um mercado moderno, a economia de plantação deixa o eixo
colonial e entra para o mundial. p.48 Os estamentos já não mantidos pela ordem
patrimonialista diretamente ligada à Coroa.

Conclusões sobre o Estado Burguês


“A adoção de instituições representativas não foi um passo para excluir o Povo do poder,
mas um artifício para manter a concentração social do poder nas mãos dos estamentos
sociais dominantes”. p50
O Império do Brasil teve uma política econômica que era feita pela aristocracia agrária e ao
comércio de importação e exportação
Numa sociedade onde o capital ou ia para o exterior ou ficava nas mãos do senhor
facilmente se converte no “homem de negócios” que começa a surgir a partir do século
XVIII. O ápice disso se dá com a formação do capitalismo competitivo dependente p.45
Embora, numa primeira percepção, o escravo não tenha emprenhado papel direto como
agente da mudança de ordem, ele atuou nesse processo (ou seja, era chegada a decisão,
escravidão ou capitalismo)

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