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DISCIPLINA: QUESTÃO SOCIAL DO BRASIL – PERÍODO 2023.

DIA: 26/10/2023 (quinta-feira)

UNIDADE 1 - AULA 4

Classe, raça e gênero como


estruturantes da questão social
Texto de referência:

MOURA, Clóvis. Dialética radical do Brasil negro, Ed. Anita: São Paulo, 1994.
Classe, raça e
gênero como
estruturantes da
questão social
Texto de referência

MOURA, Clóvis. Dialética radical do Brasil negro,


Ed. Anita: São Paulo, 1994.
BIOGRAFIA
CLOVIS MOURA

Clóvis Steiger de Assis Moura foi dos mais importantes e profícuos


sociólogos brasileiros. Nascido em 10 de junho de 1925, em
Amarante (Piauí) foi no interior da Bahia, na cidade de Juazeiro,
nos anos 1940, que deu início à escrita de seu mais conhecido e
pioneiro livro, Rebeliões da Senzala, publicado pela Editora
Zumbi, em São Paulo, em 1959. A sua produção intelectual
iniciada nos anos 1940 atravessou diferentes períodos da história
nacional e teve como eixo o estudo da práxis negra a partir do
materialismo histórico e dialético.

Fonte: NOGUEIRA, Fábio (UNEB). Disponível em https://sbsociologia.com.br/project/clovis-moura/. Acesso em 22


de maio de 2022.
A racialização como
estruturante da
questão social
DO ESCRAVISMO PLENO AO
ESCRAVISMO TARDIO
A escravização de pessoas no Brasil apresenta duas fazes distintas:

a) ESCRAVISMO PLENO (1550-1850): prevaleceu até 1850, quando foi


extinto o tráfico internacional de pessoas escravizadas;

b) ESCRAVISMO TARDIO (1851-1888): se configurou após a aprovação da


Lei Eusébio de Queiroz, que estrangula dinâmica demográfica via tráfico
internacional;
Como se apresentou o modo de
produção escravista no Brasil?
- Existência de contradições;

- Havia diferenciação na composição dos diferentes grupos


de pessoas escravizadas;

- Forças que impulsionaram o processo de dinâmica social:


senhores x pessoas escravizadas
AS VISÕES DIVERGENTES
ACERCA DO DA ESCRAVIDÃO
- A historiografia tradicional destaca a existência de acomodação;

- Atualmente existe uma tendência de cariz neoliberal no sentido de


subestimar o conflito entre senhores e pessoas escravizadas.

- É importante enfatizar a presença das lutas e resistências;


Base conceitual
A dinâmica básica do sistema escravista
e a sua superação estrutural está nos
conflitos entre as classes que eram
substantivas nesse modo de produção.
Como se apresentou a
dinâmica do escravismo
no Brasil?

A dinâmica do escravismo
se apresentou a partir de
suas contradições
estruturais
A dinâmica da passagem da escravidão
para o trabalho livre
Houve uma empatia social com a construção de uma cultura da
escravidão como mostrou durante muito tempo a historiografia?
- Papel exercido pela família nuclear monogâmica e pelos modelos
socialmente estabelecidos;
- Apesar das lutas e resistências, também teve-se um espaço de negociações a
partir do qual senhores e pessoas escravizadas poderiam conviver sem
grandes conflitos;
- O papel exercido pelas lutas e resistências do povo negro no Brasil.
O papel exercido pelo aparelho
administrativo da Coroa Portuguesa
- Garantir a segurança dos senhores
em relação à insurgência das
pessoas escravizadas, que se
mostrava dinâmica e constante
nessa fase do modo de produção
escravista (escravismo pleno).
Durante o escravismo
pleno as pessoas negras
viviam em constante
conflitos com seus
dominadores
A DINÂMICA DO ESCRAVISMO
PLENO
A dinâmica do escravismo pleno passava pelo comportamento da pessoa
escravizada rebelde ou descontente e as medidas das autoridades para
impedi-las de resistir e lutar;

- Havia um antagonismos entre as pessoas escravizadas e seus


senhores.
- Havia uma estrutura administrativa e social, bem como uma máquina
ideológica que buscava enfrentar os antagonismos existentes.
A dinâmica social no escravismo pleno

- As relações de colaboração existentes não eram majoritárias e nem davam


a real sustentação do sistema escravistas, na verdade prevaleciam os
antagonismos;

- O seu agente motor está no oposto da harmonia e da cooperação, e, essa


parcela buscam a negação/superação desse modo de produção;

- As estratégias de organização e de disciplinamento do trabalho é que irão


consolidar esse modo de produção.
Relações centrais e relações
secundárias no modo de produção
escravista

As referidas relações permitiram o


funcionamento do sistema produtivo
fazendo com que houvesse uma relativa
segurança social e uma produtividade,
para que o sistema se consolidasse.
A dinâmica social no escravismo tardio

- Apesar de não ter havido uma modificação estrutural nas relações


de produção escravistas, durante o escravismo tardio (1851-1888),
pode-se apreender modificações tangenciais e regionais
importantes no modo de produção escravista instaurado no Brasil.

- Causas internas e externas contribuíram para que certas


particularidades se configurassem na estrutura do sistema
escravista.
O dinamismo do escravismo como
unidade produtora
- Estabelecimento de mecanismos de funcionamento e defesa
capazes de fazê-la justificável e econômica;

- A racionalidade interna do escravismo não é a mesma do


capitalismo, visto que as leis econômicas que regem o
funcionamento dos dois sistemas são diferentes.
O dinamismo do escravismo como
unidade produtora
- A totalidade da estrutura escravista visava a sua justificativa e
manutenção.

FATORES INTERNOS:
a) Valores sociais;
b) Os instrumentos materiais através da coerção;
c) A violência sexual;
d) A cristianização compulsória;
e) A desarticulação familiar.
O dinamismo do escravismo como
unidade produtora
FATORES QUE VISAVAM RESISTIR/ENFRENTAR O SISTEMA ESCRAVISTA:

a) A desobediência;
b) A tortura;
c) A malandragem;
d) O assassinato de senhores e feitores;
e) As fugas individuais e coletivas;
f) As guerrilhas nas estradas;
g) O roubo;
h) O quilombo;
i) A insurreição urbana;
j) O aborto provocado pela mãe escravizada.
Aspectos que apontam para a existência de
uma economia quilombola independente

a) A República de Palmares;
b) Os papa-méis de Alagoas;
c) Os quilombos de Goiana e Catucá, em Pernambuco;
d) Os Calungas, de Goiás;
e) Os quilombos da região amazonense.
O escravismo pleno
O escravismo pleno corresponde ao período de 1551-1850;

- Tendo como base uma rígida estrutura político-administrativa a sociedade


brasileira manteve o escravismo de forma plena até 1850;
- Ao tempo em que aumentou o número de pessoas escravizadas também
aumentaram as estratégias de resistência;

- Somente a escravidão era adequada ao sistema colonial porque somente


através da exploração econômica e extra economia o trabalhador, com uma
coerção social despótica poderia extrair o volume de produção que fizesse
com que esse empreendimento fosse compensador.
O escravismo pleno
- A divisão internacional do trabalho compulsório compreendia a Afro-América e
era constituída por um conjunto descontínuo de regiões marcadas pela imigração
forçada de africanos e por influxos culturais poderosos;

- A divisão internacional do trabalho forçado atuou de forma compulsória para


que os produtos coloniais fosse capazes de suprir a baixos preços o mercado
metropolitano de açúcar, fumo, cacau, algodão e outros produtos, além de metais
preciosos.
O escravismo pleno
- Estratificação social no interior das relações escravistas no Brasil:

a) Mão de obra escravizada do eito ou destinados a atividades extrativas;


b) Mão de obra escravizada da mineração;
c) Mão de obra escravizada doméstica nas cidades e casas grandes em geral;
d) Mão de obra escravizada de ganho nos centros urbanos;
e) Outros tipos de mão de obra escravizada.
Rasgos fundamentais do escravismo pleno
a) Monopólio comercial da metrópole até 1808;
b) Produção exclusiva de artigos de exportação para o mercado mundial, salvo a produção
de subsistência pouco relevante e que somente era suficiente em face do baixíssimo
nível do poder aquisitivo (poder de compra dos consumidores);
c) Tráfico de pessoas escravizadas trazidas da África de caráter internacional e o tráfico
triangular como elemento mediador e mecanismo de acumulação na Metrópole;
d) Subordinação total da economia colonial à Metrópole e impossibilidade de uma
cumulação interna de capitais em nível que pudesse determinar a passagem do
escravismo para o capitalismo não dependente;
Rasgos fundamentais do escravismo pleno

e) Latifúndio escravista como forma fundamental de propriedade;


f) Legislação repressora contra as pessoas escravizadas, violenta e
sem apelação;
g) As pessoas escravizadas lutavam sozinhas de forma ativa e
radical contra o instituto da escravidão.
O escravismo tardio
- O escravismo moderniza-se e o Brasil fica dependente;

- As estratégias de dominação do escravismo tardio;

- No setor urbano-industrial o Brasil moderniza-se e endivida-se;


- A tecnologia nova serve à estrutura arcaica;
O escravismo tardio
- O escravismo moderniza-se e o Brasil fica dependente;

- As estratégias de dominação do escravismo tardio;

- No setor urbano-industrial o Brasil moderniza-se e endivida-se;


- A tecnologia nova serve à estrutura arcaica;

- Modernização escravista e endividamento externo.


Rasgos fundamentais do escravismo tardio
- Relações escravistas diversificadas regionalmente, porém
concentrada no Rio de Janeiro e em São Paulo;
- Parcela de trabalhadores livres predominando em algumas
regiões;
- Concomitância de relações capitalistas com relações
escravistas;
- Urbanização e modernização sem mudança nas relações de
produção.
Rasgos fundamentais do escravismo tardio
- Tráfico de pessoas escravizadas interprovincial substituindo o internacional
com aumento do preço;
- Importação de trabalhador livre desequilibrando a oferta de força de trabalho
e desqualificando o nacional;
- Empresas de trabalho com mão de obra escravizada;
- Empresas de trabalho livre;
- Empresas de trabalho livre e com mão de obra escravizada.
- Influência do capital monopolista;
- Legislação protetora substituindo a repressora na primeira fase.
OBRIGADA
!!!

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