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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
do continente. Aproveite a
seção Rotas e encontros (pá- franceses, holandeses e belgas — fundaram feitorias ou entrepostos co-
gina 265) para desenvolver a merciais na África (figura 11) e na Ásia e colônias na América.
oralidade.
Habilidade da BNCC Figura 11. África: século XVI
• EF08GE08
M
ER
da situação da África no pe- EGITO TRÓPICO DE CÂNC
AR
DESERTO DO SAARA
ríodo do pós-Segunda Guerra
VE
RM
Mundial, quando ocorreu a
EL
SENEGÂMBIA
HO
ESTADOS
descolonização no continente SEGU HAUSSA UADA
(que culminou no surgimento YATENGA BORNU DARFUR
francesas
SE
DE MADAGASCAR
RTO
holandesas
KALAHARI
DA NA M
NO NE
Estados africanos
Fonte: elaborado com base em O L
KINDER, Hermann; HILGEMANN, Cidade do Cabo
XHOSA SO SE
Werner. Atlas histórico mundial: Império Otomano S
260
Interdisciplinaridade
Em parceria com o professor de História, desenvolva um projeto de estudo das relações entre a história e as
culturas africanas e a cultura afro-brasileira atual. Para isso, consulte os materiais disponíveis em: <http://www.
unesco.org/new/pt/brasilia/education/inclusive-education/brazil-africa-project/> (acesso em: 4 set. 2018).
De modo complementar, o professor de História pode aprofundar o estudo sobre o processo de descoloniza-
ção da África.
260
• O comércio de escravizados Pausa para o cinema
Durante quase quatro séculos, a África exerceu o papel de princi- Amistad.
pal fornecedora de mão de obra escravizada na América. Segundo al- Direção: Steven Spielberg.
guns autores, cerca de 10 milhões de escravizados desembarcaram Estados Unidos:
em nosso continente, já descontados desse total os que morreram DreamWorks SKG, 1997.
Duração: 154 min.
durante a viagem pelo Atlântico — número que provavelmente ex-
O filme conta a história
cedeu a 1 milhão — e aqueles que, ao resistirem ao aprisionamento, de africanos escravizados
morreram em combate. embarcados no navio
La Amistad em direção
à América. Revoltados,
2 De feitorias a colônias europeias dominam o navio, mas
este acaba chegando aos
No século XIX, com o desenvolvimento do capitalismo industrial e Estados Unidos, onde,
da crescente necessidade de matérias-primas para sustentar o pro- presos, enfrentam um
julgamento dramático.
cesso de industrialização, alguns Estados europeus transformaram a
maior parte do continente africano e das feitorias existentes em co-
lônias europeias. Quem lê viaja mais
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Temas contemporâneos
No Brasil, a partir da promulgação da Lei no 10.639/2003 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, foi esta-
belecido um marco legal, político e pedagógico de reconhecimento e valorização das influências africanas na
formação da sociedade brasileira e do protagonismo da população afro-brasileira na formação social, política
e econômica do país. Discuta com os alunos, no decorrer deste Percurso, a história africana e afro-brasileira e
a diversidade cultural da África e do Brasil.
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Competências
O trabalho de leitura, in-
terpretação e comparação
dos mapas das figuras 12 e 13 Figura 12. África – 1880 • A apropriação formal
permite o desenvolvimento
EUROPA Servindo-se de poderosos exércitos, as
MA
eventos ocorridos em tempos
exerciam com as feitorias, passaram para o
R
VE
diferentes no mesmo espaço
RM
SENEGAL controle formal, direto (figuras 12 e 13).
EL
e em espaços variados”.
HO
GÂMBIA Kita (FRA)
R
(FRA)
BA
COSTA (FRA) I
tuguesas, na medida em DO OURO (ESP) ZA
NZ rios povos resistiram. No Império Mandin-
E
que elas se relacionam com EQUADOR
go, por exemplo, que se estendia por uma
D
0°
TO
GABÃO
a história do Brasil. Ressalte OCEANO
NA
(FRA)
OCEANO vasta região da África Ocidental, desta-
SULTA
ÍNDICO
a posição geográfica dessas N ATLÂNTICO
cou-se Samori Touré, um dos chefes que
NO NE (FRA)
possessões e solicite a eles ANGOLA
O L (FRA)
se opunham à dominação francesa e que,
que comparem a extensão SO SE (FRA)
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presentados nos mapas. Possessões britânicas (RUN) BECHUANALÂNDIA em 1900, depois de ter sido aprisiona-
Possessões francesas (FRA)
Possessões espanholas (ESP)
Colônia
do Cabo ESTADO LIVRE do pelas forças colonialistas e desterrado
Atividade complementar Possessões portuguesas (POR)
20°L
DE ORANGE
para o Gabão.
Possessões turcas
Uma vez observadas as pos- Repúblicas bôeres* independentes
sessões de Portugal na África Reinos e grupos tradicionais africanos
(e considerando o processo Fonte: O Correio da Unesco. Rio de Figura 13. África – 1914
de partilha desse continente), Janeiro: Fundação Getulio Vargas,
ANDERSON DE ANDRADE PIMENTEL
peça aos alunos que pesqui- ano 12, n. 7, p. 14, jul. 1984. GRÃ-BRETANHA
Comparando as figuras
sem os nomes e algumas ca- * Bôeres foram colonizadores BÉLGICA
ALEMANHA 12 e 13, responda:
racterísticas dos povos africa- holandeses que se estabeleceram nos FRANÇA em 1880, o Egito era
séculos XIX e XX na atual África do Sul.
nos que ocupavam essas áreas Açores
(POR)
ITÁLIA dominado por qual
PORTUGAL ESPANHA
antes do domínio português. Gibraltar
(GB)
MAR país? E em 1914,
Oriente-os na pesquisa, su- TUNÍSIA
MED
ITERRÂNEO Á
ÁSIA com o avanço do
gerindo livros, sites e outros Canárias
(ESP)
MARROCOS
ARGÉLIA neocolonialismo?
LÍBIA
materiais. Sugerimos: África e SAARA EGITO
TRÓPICO DE CÂNCER Em 1880, pela Turquia;
Is. de OCIDENTAL e, em 1914, pela
Brasil Africano, de Marina de Cabo Verde
(POR) Grã-Bretanha.
Mello e Souza (2. ed. São Pau- GÂMBIA
ÁFRICA OCIDENTAL FRANCESA
ERITREIA
CESA
SUDÃO
lo: Ática, 2007); História Geral GUINÉ
PORTUGUESA COSTA NIGÉRIA
ANGLO-EGÍPCIO Djibuti
. FRAN
(FRA)
da África, da Unesco (2. ed. SERRA LEOA
DO TOGO
OURO
CAMARÕES
A EQ
ORIENTAL EQUADOR
RIC
(Bioko)
AN
0°
Converse sobre os resultados (GB) CONGO BRITÂNICA
UG
OCEANO
ÁF
0 1.130 km BECHUANALÂNDIA
SUAZILÂNDIA
BASUTOLÂNDIA
Potências dominadoras UNIÃO DA
Potências dominadoras ÁFRICA
Grã-Bretanha (GB) DO SUL
Grã-Bretanha
França (FRA) (GB) OCEANO
França
Alemanha (FRA)
(ALE) ÍNDICO
Alemanha
Itália (ITA) (ALE) Fonte: O Correio da Unesco. Rio de
Itália (ITA)
Bélgica (BEL) Janeiro: Fundação Getulio Vargas,
Bélgica (BEL)
Portugal (POR)
20°L ano 12, n. 7, p. 15, jul. 1984.
Espanha (ESP)
Condomínio anglo-egípcio
262
262
Explique aos alunos que
o racismo também existe na
sociedade brasileira, mesmo
havendo, hoje em dia, leis de
3 O impacto do neocolonialismo na África Pausa para o cinema combate ao racismo: a Consti-
O impacto do neocolonialismo dos séculos XIX e XX na África não foi Mandela: luta pela tuição Federal de 1988; a Lei
liberdade. Caó: Lei no 7.716, de 5 de ja-
exclusivamente negativo. Contudo, vale destacar que os aspectos posi-
Direção: Bille August. neiro de 1989; a Lei da Injúria
tivos decorreram no geral de providências destinadas a proteger os in- Racial: Lei no 9.459, de 13 de
Bélgica: Banana Films,
teresses dos colonizadores. É o caso da implantação de ferrovias e rodo- 2007. Duração: 140 min. maio de 1997; o Estatuto
vias, cujos traçados ligavam zonas de exploração mineral e de produtos Sob o pano de fundo da da Igualdade Racial, de 2010;
agrícolas com os portos. Essa infraestrutura era voltada à exportação da África do Sul durante o e a Lei no 10.639, de 9 de ja-
produção para a Europa e não à integração territorial. O mesmo se apli- regime de segregação neiro de 2003. Se possível,
ca à experiência administrativa e aos serviços de saúde implantados pe- (apartheid), narra a selecione trechos dessas leis
los europeus no continente. história de um carcereiro para discutir seus principais
branco que considera os aspectos com os alunos.
Os impactos negativos são numerosos: vão do enfrentamento militar, negros seres inferiores.
com o saldo de muitas mortes de africanos, ao aparato policial e repres- O que ele não espera é Competências
sor implantado pelo europeu. conhecer Nelson Mandela, O debate sobre o racismo
Merece destaque ainda o impacto no sistema produtivo artesanal, fato que mudará sua vida. promove a consciência do indi-
destruído em grande parte pela entrada dos produtos industrializados víduo na estrutura social brasi-
leira e contribui para exercitar
europeus, como também o sistema produtivo agrícola africano, que es-
a empatia, a ética e a solidarie-
tava organizado para atender às necessidades alimentares de seu povo. Figura 14. Carregamento
dade, com vistas ao bem cole-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ele foi desmontado pelo colonizador, que se apropriou das melhores ter- de sacos de grãos de cacau,
destinados à exportação, tivo. Assim, atua diretamente
ras e substituiu a agricultura de produtos alimentares pela plantation, ou chegando ao porto de no desenvolvimento das Com-
seja, pela grande propriedade agrícola monocultora de produtos destina- Abidjan, maior cidade e sede petências Gerais da Educação
dos à exportação (algodão, café, amendoim, cacau etc.). Veja a figura 14. do governo da Costa do Básica 8 e 9, respectivamen-
Marfim (2016).
A criação de fronteiras políticas ar- te: “Conhecer-se, apreciar-se
tificiais pelo colonizador na África foi e cuidar de sua saúde física e
Entre as mazelas deixadas pelo colonialismo, o racismo é uma das mais BERND, Zilá.
brutais. Para justificar a dominação ou a legitimidade da conquista, o colo- O que é negritude.
nizador apoiou-se em um conjunto de ideias ou ideologias preconceituosas São Paulo: Brasiliense, 1998.
(Coleção Primeiros Passos).
e ligadas à intolerância, que ainda não foram completamente superadas. O livro discorre sobre a
Pregou a superioridade do homem branco e, ao mesmo tempo, a inferio- tomada de consciência da
ridade do colonizado, destacando a “missão civilizatória” que o primeiro ti- população negra e sobre
a valorização da cultura
nha a realizar. Assim, no processo de colonização africana, os brancos cria-
africana.
ram comunidades próprias, separadas da população negra (segregação).
263
263
Solicite aos alunos que de-
batam a seguinte questão:
que semelhanças e diferen- Os conteúdos desenvolvidos neste Percurso permitem resgatar e aprofundar os conhecimentos prévios desenvolvidos na
Unidade 1, Percurso 3 (páginas 30 a 32), no que diz respeito à presença europeia em países africanos e ao papel da África
ças existem entre a histó-
• A política do apartheid na divisão internacional do trabalho no período
ria da África e a história da posterior à Segunda Guerra Mundial.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que contribuíram para que África do Sul (1994). Esse líder 5 A descolonização africana
faleceu em 2013.
as independências ocorres- A África é predominantemente formada por países que romperam
sem. Espera-se que os alunos com a condição de colônias europeias há cerca de cinquenta anos. Do
mencionem a relativa per-
ponto de vista histórico, trata-se de um fato recente.
da de poder e a situação de
fragilidade econômica dos
Ao terminar a Segunda Guerra Mundial, em 1945, existiam apenas
países europeus, que abriram quatro países independentes no continente africano: Libéria, Etiópia, Egi-
espaço para a eclosão de mo- to e União Sul-Africana, posteriormente denominada África do Sul (figu-
vimentos africanos em prol ra 16). A independência desses países, no
da independência. Comparti- Figura 16. África: político – 1947 entanto, era apenas formal. Etiópia, Egi-
lhe as respostas dos alunos e to e África do Sul estavam sob influência
ANDERSON DE ANDRADE PIMENTEL
MARROCOS
verifique se todas as dúvidas TÂNGER
(Zona Internacional)
ESPANHOL
política, econômica e militar da Grã-Breta-
foram esclarecidas. MARROCOS
M
TUNÍSIA AR M
EDITERRÂNEO nha, e a Libéria, dos Estados Unidos.
IFNI
A independência de Gana, antiga Cos-
RIO DE ORO ARGÉLIA
LÍBIA ta do Ouro, em 1957, desencadeou uma
M
EGITO
AR
HO
LIBÉRIA
OURO CAMARÕES
A descolonização dos países africanos,
QU
FERNANDO PÓ SOMÁLIA
UGANDA
AE
BURUNDI
RIO MUNI
ÁF
OCEANO CONGO
ATLÂNTICO
CABINDA
(PORTUGAL)
BELGA
TANGANICA ZANZIBAR pacífica. Houve casos, como o da Argé-
Ilhas Comores lia, em que a independência foi obtida por
(FRANÇA)
ANGOLA RODÉSIA
Domínio DO
NIASALÂNDIA Maiote meio de longa luta armada contra a do-
UE
(FRANÇA)
NORTE
Belga
ÁFRICA
Q
minação francesa. Reveja o mapa “África:
BI
RODÉSIA
AM
Britânico DO DO
político – 2017”, figura 1, página 256,
OÇ
Espanhol N
BECHUANALÂNDIA
Francês
BAÍA DE
WALVIS
NO NE que mostra os atuais países da África, e o
(UNIÃO DA SUAZILÂNDIA
Português ÁFRICA DO SUL)
UNIÃO BASUTOLÂNDIA
O
SO SE
L
compare com o mapa da figura 16.
Território sob ÁFRICA DO SUL
responsabilidade da ONU OCEANO S
Independente ÍNDICO 0 870 km Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique.
20°L
Paris: Larousse, 1987. p. 257.
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