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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS FACULDADE

DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA – LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 PARA SURDOS I
PROFª. Me. ELIANE FRANCISCA ALVES DA SILVA OCHIUTO
2022

LÍNGUA PORTUGUESA COMO SEGUNDA


LÍNGUA PARA SURDOS I

Prof.ª. Me. Eliane Francisca Alves da Silva Ochiuto

Dourados-MS

2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS FACULDADE
DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA – LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 PARA SURDOS I
Prof.ª. Me. ELIANE FRANCISCA ALVES DA SILVA OCHIUTO
2022

AULA 1

A história da Língua Portuguesa

Prezados(as) estudantes, nesta disciplina de Língua Portuguesa como segunda


língua para surdos I, estudaremos sobre a história da Língua Portuguesa no mundo e no
Brasil, pois como docente no ensino de Língua Portuguesa (LP) como segunda língua (L2)
para aprendizes surdos, é importante que conheça a história, bem como a origem da
língua aqui em estudo, para compreender como o contexto histórico influência nas
discussões sobre o ensino da mesma, em especial para nosso público alvo (estudantes
surdos); e esse conhecimento sobre a língua, contribui para a nossa metodologia de
ensino de uma língua como L2.
Portanto, iniciaremos com a Aula 1, explorando e conhecendo a história da
Língua Portuguesa no mundo, sua origem e expansão. Você conhece como originou a LP?
Você acredita que o contexto histórico reflete nas discussões sobre metodologias, e
abordagens para o ensino, aprendizagem e aquisição da Língua Portuguesa? Em especial
como segunda língua na modalidade escrita por pessoas surdas? Como você vê essa
relação história x ensino e aquisição de línguas?
Compartilhe sua reflexão sobre estas questões no fórum da aula 1.

Espere!
Neste momento você deve estar pensando e se
perguntando...

Por que e para quê estudar a


história da Língua Portuguesa?

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Te respondo: toda língua tem uma origem, tem uma história, e é importante que
conheçamos o contexto histórico da língua a qual usamos, para que seja possível
compreender o seu processo de formação, e como esse processo, influência nas
discussões que permeiam a ciência linguística e o campo da educação, como também nas
abordagens para o ensino da mesma, seja como primeira língua (L1), ou como segunda
língua (L2);
Então?! Vamos começar? Mergulhar no universo histórico da Língua Portuguesa no
mundo e para que na aula 2, possamos compreender o processo de formação e origem
dessa língua no Brasil e a sua relação com o ensino e aprendizagem?
Nossa discussão e estudo sobre a Língua Portuguesa, nessa aula terá como base
os seguintes autores, Teyssier (2014), Faraco (2019) e Salles (et al, 2004/2007).
Comecemos...

- Como tudo começou? Fatos históricos

Ao estudarmos a origem de uma língua, podemos observar que há uma relação


significativa com a história, com o contexto do momento em que foi originada, pois
conforme Salles (et al, 2007, p.29) “Ora, sabemos bem que a relação entre história,
história de língua e língua em si é complexa e se faz de forma lenta e gradual durante os
processos de formação de identidade e nacionalidade”. Ou seja, a formação de uma
sociedade, bem como a identidade de seu povo, contribui para a formação e efetivação de
uma língua nacional e oficial em um país.
Frente, a essa fala de Salles, prossigamos com nosso estudo, sobre a formação da
Língua Portuguesa e sua expansão pelos países que tem essa língua como língua oficial,
como L1 e/ou como L2.

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1. A história geral da Língua Portuguesa

1.1. Breve introdução

Antes, de adentrarmos para a história do Português Brasileiro [na aula 2], é


importante que relembremos e voltemos um pouco na história, mesmo que de forma
breve, de como surgiu a Língua Portuguesa.
Conforme pesquisado e explorado por Salles (et al, 2007, p.20) a Língua
Portuguesa (LP), bem como outras línguas como o espanhol, catalão italiano, francês,
romeno, encontram-se ao longo dos anos em processo de transformação, ou seja, tal
transformação, a qual nos referimos aqui, é relacionado a língua Latina (Latim) que por
sua vez tem atravessado séculos, o que explica o porquê de todas as línguas serem
chamadas de românicas ou neolatinas, constituindo assim uma única família linguística.
Sendo que o Latim foi originado na região do Lácio, onde foi fundado Roma no
ano 711 a.C. pertencendo então ao tronco linguístico originário do indo-europeu, sendo
essa, uma língua falada pelos árias ou arianos, que segundo a história teria surgido nas
regiões da Europa Central. (SALLES et al, 2007, p.20),
Assim, conforme a autora, a história da LP, tem início com alguns fatos históricos
como; a) a romanização da península ibérica, em 197 a.C. b) com a dominação dos povos
celtiberos, c) com o declínio do império romano no século V d.C. d) com a invasão dos
germânicos em 476 d.C. e) com a ocupação germânica na Península Ibérica, suplantada
pelos árabes, no século VIII, f) como a mobilização realizada para que os árabes fossem
expulsos, e g) por influência político-cultural associada a região noroeste da península,
região essa que se tornou um polo de resistência e irradiação do cristianismo (SALLES, et
al, 2007, p.22)
Prosseguindo e complementando a fala inicial que teve como base Salles
(2004/2007), Paul Teyssier (2014), em seu livro “História da Língua Portuguesa”
(traduzido por Celso Cunha), traz de forma concisa a história da LP, desde o inicio da
evolução do latim até os primeiros textos escritos em galaico-português.

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O autor explora a história da língua aqui em estudo em dois momentos, a) do


latim aos primeiros textos em galego-português (século XIII) e b) O galego-português (de
1200 a aproximadamente 1350). Então vamos mergulhar mais um pouquinho na história,
complementando a fala de Salles (2004/2007) em relação a origem da LP com base na
evolução do Latim.

1. 2. A Língua Portuguesa no século XIII

Segundo Teyssier (2014) a LP na sua modalidade escrita, surgiu no século XIII,


sendo conhecido como galego-português ou galaico-português por ser uma forma do uso
do latim no noroeste da Península Ibérica (p.3).

1.2.1. O contexto histórico

No ano de 218 a.C. a Península Ibérica foi conquistada pelos romanos, que
trouxeram consigo o latim como língua, como forma de comunicação, e por ela ser a
língua do colonizador. (TEYSSIER, 2014). Com a colonização por parte de Roma, a
Península passa a ser dividida em duas províncias, a saber: Hispania Citerior (que fica na
região nordeste) e em Hispania Ulterior (que fica na região sudoeste).
Conforme o autor, no ano de 27 a.C. Augusto divide a Hispania Ulterior em duas
províncias: a Lusitânia, ao norte do Guadiana, e a Bética, ao sul. Posteriormente, entre 7
a.C. e 2 a.C., a parte da Lusitânia situada ao norte do Douro, chamada Gallaecia, é
anexada à província tarraconense (a antiga Hispania Citerior). Cada província subdivide-se
num determinado número de circunscrições judiciárias chamadas conventus. (TEYSSIER,
2014, p.3-4).
No entanto, a conquista romana pela região peninsular, ocorre de forma mais
rápida na região Sul, e de acordo com o contexto histórico, explorado por Teyssier (2014),
os Gallaecia, que viviam na região norte, habitavam em uma zona mais setentrional, em
relação a outros povos, conservando assim, por mais tempo características de sua própria

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cultura.
Segundo o autor (Teyssier, 2014) a Península Ibérica passou por momentos
obscuros na sua história, iniciando em 409, terminando em 711, com a invasão dos
germânicos, vândalos, suevos e alanos, visigodos, e por fim a invasão mulçumana; nesse
período alguns desses invasores, saíram da península, não tiveram força para permanecer,
com a chegada de outros povos, alguns contribuíram de forma positiva, outros
negativamente para a região peninsular, no entanto nesse vai e vem de romanização a
língua latina na modalidade escrita se manteve como a única língua de cultura, e o latim
falado se evoluiu rapidamente diversificando-se com o passar dos anos. (TEYSSIER, 2014,
p.5).
Conforme o autor, em 711 a Península Ibérica é conquistada pelos mulçumanos,
incluindo a Lusitânia e Gallaecia. Com a Reconquista cristã que expulsaram os
mulçumanos para a região sul da península; com essa expulsão realizada pela
Reconquista, no século XII, tem-se o nascimento do reino independente de Portugal.
(TEYSSIER, 2014, p.6).
A Reconquista como você perceberá ao longo desse texto, foi um marco na
história da língua portuguesa, e na região peninsular, vamos pesquisar? O que foi a
Reconquista nesse período histórico?
Pesquise, compartilhe no fórum da aula 1.

Voltando ao nosso estudo, conforme Teyssier (2014), a história traz como marco
dois acontecimentos que foram determinantes na formação linguística na região
peninsular, a invasão mulçumana e a Reconquista, esses acontecimentos, determinaram a
formação de três línguas peninsulares, a saber: o galego-português a oeste, o castelhano
no centro e o catalão a leste. Após serem criadas, ou seja, nascida na região Norte aa
península, foram levadas pela Reconquista para a região Sul (p.6).
Então, onde a língua galego-portuguesa se formou? Segundo o autor, foi na
região ao norte de Douro, na qual teve provavelmente como limite o curso de Vouga,

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entre o Douro e o Mondego, onde também no século XIII, apareceram os primeiros textos
escritos.
Seguindo nessa linha de pensamento, em que a região norte da Península Ibérica,
teve maior influência na formação linguística, pouco se sabe sobre a influência hispânica,
sobre os falares hispânicos-românicos, mas sabemos que tais falares, muito influenciou no
processo de formação de línguas naquela época, pois formavam em toda parte meridional
da Península, uma cadeia contínua de dialetos bastante diferentes daqueles que, falados
no Norte, serão mais tarde o galego-português, o castelhano e o catalão. (TEYSSIER,
2014, p.7).
Para além, da influência linguística, a Reconquista, provocou movimentos
importantes na população, como por exemplo, os territórios que antes eram povoados,
mas ao serem retomados aos “Mouros”, passa a ser despovoado. No entanto, a partir do
momento em que soberanos cristãos, que “repovoam” esses territórios, (região sul),
novos habitantes chegavam, e sua maioria era povos vindos do Norte, assim, o galego-
português foi recobrindo pouco a pouco, toda a região central e meridional do território
português. (TEYSSIER, 2014, p.7).
Neste avanço da língua galega-portuguesa do Norte para outras regiões da
península como a região central e meridional, ela passa a sofrer evolução gradativamente
transformando-se no português, que por sua vez, se constitui tendo como base o Latim.
(TEYSSIER, 2014, p.7).
Na próxima seção veremos brevemente, sobre a questão do latim imperial até aos
falares românicos.

1.2.2. Do latim imperial aos falares românicos

Conforme Teyssier (2014), dos três séculos que se passaram entre a chegada dos
germanos à Península (409) e a dos mulçumanos (711) não se encontra documentos
linguisticos, mas é possível notar com o contexto histórico dessa região, que com a
aceleração da queda do Império Romano, o latim imperial transforma-se em proto-

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romance, surgindo assim fronteiras linguísticas. E o autor nos apresenta que uma destas
fronteiras é a que se torna responsável em separar os falares ibéricos ocidentais, surgindo
daí o galego-português, e do Centro da Península, donde sairão o leonês e o castelhano.
(TEYSSIER, 2014, p.13).

1.2.3. Do século VIII ao XII: emergência do galego-português

Teyssier, traz a memória de como foi o desenvolvimento da língua galego-português,


e os fatores emergenciais para a região que fez com que a língua em questão alavancasse
entre os séculos VIII e XII.
Pois, conforme o autor, é durante o período de invasão mulçumana no ano de 711,
que começam aparecer novas inovações, e essas de formas específicas, resultando no
isolamento dos falantes da região Noroeste da Península, não somente do Leste, leonês e
castelhano, mas também dos dialetos moçárabes que se desenvolveu na região Sul.
Assim, nos séculos IX a XII, surgiu o galego-português, na qual seus primeiros registros
na modalidade escrita da língua, apareceram somente no século XIII. (TEYSSIER, 2014,
p.15).
Assim, como qualquer outra língua, em especial as línguas românicas, nota-se
segundo o autor, que o português por sua vez, possui um vocabulário complexo, pois
entre as palavras que se mantiveram vivas desde a época latina, com a dominação
romana, constituindo o “patrimônio hereditário” da língua, juntaram-se outras palavras,
como as eruditas, criadas, em todas as épocas, tendo como base o latim e o grego.
(TEYSSIER, 2014, p.23-24).

2. A história do galego-português (de 1200 a aproximadamente 1350)

2.2. O contexto histórico.


Quando a língua galego-português passa a existir e ganhar força nesse período
que vai entre 1200 a 1350 (aproximadamente), segundo a história, já existia o reino

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autônomo de Portugal, e sua parte meridional (no que diz respeito a território), já estava
praticamente toda “reconquistada”, constituindo-se como Portugal, no século XII, quando
Alfonso I (Alfonso Henriques), se tornou independente de seu primo Afonso VII rei de
Castela e de Leão” (TEYSSIER, 2014, p.25).
Ao separar-se de Leão tornando-se um reino independente, também estava se
separando da Gallaecia, que não mais deixaria de ficar anexada ao país vizinho – reino de
Leão, reino de Castela, e finalmente, reino de Espanha. A fronteira, que no século XII
isolou a Galícia de Portugal, estava destinada a ser definitiva. (TEYSSIER, 2014, p.25).
Mediante a independência de Portugal, e todo percurso percorrido, Afonso III, em
1255, instala-se em Lisboa, permanecendo como Capital do país. Assim, durante esse
período, a Língua galego-portuguesa, nascida no Norte, se espalha pelas regiões
meridionais, que até então falavam dialetos moçárabes. Lisboa, a capital definitiva,
situava-se em plena zona moçárabe. (TEYSSIER, 2014, p.26).
Frente a essas considerações, e nas falas de Teyssier (2014), assim, como o
castelhano, o português originou-se de uma língua nascida no Norte (o galego-português
medieval) que foi levada ao Sul pela Reconquista. E o autor deixa claro que é] importante
ter em mente, que durante todo o período compreendido entre o começo do século XIII e
meados do século XIV, bem depois, por conseguinte, do fim da Reconquista, a língua
comum é esse galego-português nascido no Norte”. (TEYSSIER, 2014, p.26).
O autor Teyssier (2014) traz uma exploração sobre os textos, a escrita do galego-
português sendo encontrado e conservado na poesia lírica peninsular, em documentos
oficiais e particulares, bem como nas prosas literárias. Te convido a ler essa explanação
que o autor faz, em seu livro para aprofundar o conhecimento e a discussão que aqui está
sendo realizada. (Você encontra o texto na aba MINHA BIBLIOTECA).
No Livro o autor também explora questões, como grafia, fonética e fonologia,
morfologia, sintaxe, como também o vocabulário do galego-português, espie lá, e
compartilhe no fórum de interação, o que você achou de interessante em relação a
organização linguística do galego-português, tem semelhança com o nosso português
Brasileiro?

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Seguindo nosso estudo sobre a galego-português, o autor Teyssier, continua sua


exploração em relação a expansão dessa língua para outras regiões, e países, como
também continentes para além de Portugal. Assim, na próxima seção veremos como
surgiu e expandiu o português na Europa, e já brevemente mencionado nas linhas iniciais
deste texto, que teve como base Salles (et all, 2004/2007).

3. Conhecendo o Português europeu (do século XIV aos nossos dias)

Conforme Teyssier (2014), foi por volta de 1350, quando ocorre a extinção da
escola literária galego-portuguesa, as consequências que o deslocamento para a região
Sul do centro de gravidade do reino independente de Portugal, foi notória. Pois, nesse
período o Português já estava separado do galego, por motivos políticos, tornando assim a
língua oficial do país, que tinha e tem como capital Lisboa. (TEYSSIER, 2014, p.41).
Em relação a evolução do Português, alguns estudiosos a divide em dois grandes
momentos: a) “o arcaico”, que vai até Camões (século XVI), e b) o “moderno” que
começa com ele. No entanto, outros estudiosos segundo Teyssier, baseiam a sua
periodização nas divisões tradicionais da história – Idade média, Renascimento, Tempos
modernos -, ou nas “escolas” literárias, ou simplesmente nos séculos... (TEYSSIER, 2014,
p.42).
Sabe-se que conforme Portugal colonizava outras regiões, foi deixando sua marca,
em relação, a cultura e a língua, assim, foi inserindo e permanecendo o português em
cada uma delas, contribuindo, portanto, com a expansão da língua em diferentes países,
como o Brasil, e continentes como o Africano e Asiático. (TEYSSIER, 2014, p.42-43).
Conforme o autor, ao se expandir o Português sofreu influencias de outras línguas
como o espanhol e o francês. E ao fazer menção dessas influências estrangeiras na língua,
é importante considerar dois fatos importantes na história, a saber: a) o bilinguismo luso-
espanhol e b) a influência francesa.
Em relação ao primeiro, o bilinguismo luso-espanhol, esse ocorreu entre

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meados do século XV e fins do século XVII, em que o espanhol serviu como segunda
língua para todos os portugueses cultos. E por que o espanhol se tornou segunda língua
nesse período?
Segundo Teyssier, o bilinguismo luso-espanhol se deu devido ao casamento entre
os soberanos portugueses com princesas espanholas, trazendo assim como efeito uma
certa “castelhanização” da corte. E assim, se manteve durante os sessenta anos de
dominação espanhola (1580 – 1640), que se situam no período mais brilhante do “Século
de Ouro”, que motivou esta impregnação linguística” (TEYSSIER, 2014, p.43).
No entanto, após 1640, com a Restauração e a subida ao trono
de D. João IV, que começou a existir uma certa reação antiespanhola.
Segundo o autor, “O bilinguismo, todavia, perdurará até o
desaparecimento dos últimos representantes da geração formada antes
de 1640. Assim, durante aproximadamente dois séculos e meio, o espanhol foi em
Portugal uma segunda língua de cultura”. (TEYSSIER, 2014, p.44).
Enquanto que a influência Francesa, inicia na região da Europa, a partir do
século XVIII, quando o espanhol deixa de desempenhar papel de segunda língua de
cultura, que passa então a ser exercido pelo Francês. Segundo o autor, essa influência
francesa, não se trata propriamente de uma situação de bilinguismo, mas é nos livros
franceses que os portugueses vão buscar boa parte de sua cultura e é por intermédio dos
franceses que entram, na maioria das vezes, em contato com o mundo exterior. Ainda que
rechaçado pelos puristas, o galicismo insinua-se de mil maneiras no vocabulário e na
sintaxe. (TEYSSIER, 2014, p.45).
Para compreender e se aprofundar a respeito do Português
Europeu, e sua evolução te convido a ler novamente o Livro de Teyssier
(2014), o capitulo 3, em que ele explora sobre a história do português
europeu, disponível na Aba Biblioteca.
Faraco (2019), explora sobre a história da Língua Portuguesa e suas culturas, indo
de encontro com o que foi e é explorado por Teyssier (2014), de forma simples e
sintetizada, o autor (Faraco), nos explica que as variedades linguísticas que hoje são

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faladas na Europa, na América, na África e na Ásia, são reconhecidas por seus falantes
como constitutivas da língua portuguesa se originaram no noroeste da Península Ibérica,
numa região que coincide aproximadamente com os territórios da Galiza (hoje uma
comunidade Autônoma da Espanha) e do norte de Portugal. (FARACO, 2019, p.61).
Segundo o autor, essas variedades da língua, surgiu a partir do desdobramento
histórico do latim ali falado, trazido para aquela região pelos romanos quando a ocuparam
definitivamente por volta de 27 a.C. (FARACO, 2019, p.61). E nesse período, e conforme
registros históricos, os falantes, passaram por um período de bilinguismo, e nota-se que
ao aprender uma nova língua para fins de comunicação, transferem para ela marcas de
sua primeira língua.
Frente, a essa consideração de Faraco (2019), podemos fazer
menção a Libras e o Português para os surdos? Os surdos trazem marcas
da Libras na aquisição do português? Principalmente na modalidade
escrita?

Pois, ainda na fala de Faraco (2019), não podemos descartar, no processo


histórico-evolutivo de uma língua, os efeitos que o contato entre línguas diferentes traz,
em especial quando esse contato ocorre em ambiente bilingue, como ocorreu na área em
que o latim falado resultou no falar românico [o romance] dando origem assim ao galego
e ao português modernos. (FARACO, 2019, p.63).

4. A Língua Portuguesa sai da Europa


Para fecharmos esse ciclo de estudo e aprendizado sobre a Língua Portuguesa e
sua origem, mesmo que de forma suscinta, Faraco (2019) expõe que foi a partir do século
XV, que a Língua Portuguesa, em meio a uma expansão marítima em Portugal, atravessa
suas fronteiras europeias, tornando-se uma língua internacional, em que seus falantes
estabelece enclaves ao longo da costa ocidental e oriental do continente africano,
alcançando a Índia em 1498, a América em 1500, a China em 1513, o Timor em 1515 e o
Japão em 1543. (FARACO, 2019, p.95).

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Então, para aprofundar mais seu conhecimento a despeito da expansão da Língua


Portuguesa fora da Europa, te convido a pesquisar um pouco mais sobre isso, sobre a
saída da LP para outros países e continentes, Faraco explora sobre essa questão, em seu
Livro “História do português” (2019), na seção de referências, você encontra os dados
certo do livro, para pesquisa.
Para finalizar, de acordo com a exploração realizada por Faraco (2019) sobre a LP,
ele nos apresenta que, as características de expansão de Portugal, ao fazer sua língua
ressoar na África e na Asia, também favoreceu o surgimento de pelo menos um pidgin e
de várias línguas crioulas africanas e asiáticas, que tiveram como base a língua
portuguesa. (FARACO, 2019, p.105-106).

Você sabe o que é Pidgin? Já ouviu falar? Vamos pesquisar, e compartilhar


no fórum de interação, o que é? no Brasil temos pidgin e línguas crioulas?

Pesquise e compartilhe no fórum, sua pesquisa!

Concluindo ...

Ao estudarmos o contexto histórico de formação da Língua Portuguesa de forma


geral, vimos como é importante conhecê-la [a história], pois nos auxilia na compreensão
do processo de formação do nosso português; e assim consequentemente interfere no
nosso conhecimento, a despeito da formação de diretrizes, como formulações de
abordagens que favorecem as pesquisas e investigações a respeito da aquisição de uma
língua, bem como de seu ensino e aprendizagem.
Pois, conforme vimos, a questão do bilinguismo já existia desde daquela época, e
o aprendizagem/aquisição de segunda língua, traz consigo marcas da primeira língua.
Então a partir dessas considerações, estamos preparados para prosseguir com nossa
discussão na aula 2 “O Português no Brasil”.

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REFERÊNCIAS

TEYSSIER, Paul. História da Língua Portuguesa. Tradução Celso Cunha. – 4ª ed. – São
Paulo: Martins Fontes – selo Martins, 2014.

FARACO, Carlos Alberto. História do Português; editores científicos Tommaso Raso,


Celso Ferrarezi Jr. – 1-ed.- São Paulo: Parábola, 2019. 192 p.;23 cm. (Linguística para o
ensino superior;3)

SALLES, Heloísa Maria Moreira Lima [et al]. O ensino de Língua Portuguesa para
surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC, SEESP, Volume 1 – 2ª
edição, 2004/2007

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