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Akira machado
Dedido a todas as minhas leitoras do wattpad e a todos aqueles que por algum motivo
estão a iniciar esta leitura. Espero que gostem.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, e acontecimentos descritos, são produtos
de imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.
Capa: disponível pelo pixabay.
Wattpad: Jennii2015
E-mail: Contatoautoramachado@hotmail.com
Instagram: AkiraMachadoo
A coragem não é ausência do medo; é a persistência apesar do medo.
Capítulo Um
— Não, não, não! De novo, Hanna. Esse salto Axel não está bom.
Hanna suspirou, o suor escorrendo sob seu corpo. Desde que as eliminatórias
nacionais começaram a se aproximar, Dalila, sua treinadora, não tem dado
trégua. Hanna começava seus treinos as oito da manhã e eles seguiam até as
quatro da tarde.
— 1,2, 3, valendo.
— Dalila, espere!
— Sim, querida?
— Você acha mesmo que tenho chance de ir para o Nacional esse ano?
Era visível que a preocupação exalava pelo rosto de Hanna. Ela estava
lutando há anos para conseguir entrar numa competição desse nível. Ela
almejava pelo dia que seria reconhecida internacionalmente.
— Nosso foco não é o nacional, Hanna. Nós vamos para o mundial. Você é
perfeita.
A garota sorriu de forma triunfante. Seus olhos brilhavam. Seu sonho desde
menina estava prestes a se realizar.
****
— Minha filha! Que alegria! Desculpe não poder estar presente em algo tão
importante.
A garota sorriu e enlaçou as mãos de sua mãe com as suas. A vida não estava
sendo fácil desde que seu pai faleceu, há dois anos. Sua mãe começou a
trabalhar dobrado para conseguir ajudar a pagar as aulas para ela. E Hanna se
sentia culpada. Não queria que sua mãe tivesse de se esforçar tanto.
— Está tudo bem, mamãe. Você acha que vai conseguir me assistir na final?
****
O grande dia finalmente havia chegado. Ainda não era a final em que Hanna
gostaria de estar, mas era o primeiro passo entre três. Se conseguisse uma
vaga entre os três melhores, ela iria para o Nacional. E isso era uma coisa
grande.
Ela se olhou no espelho uma última vez. Estava muito bonita com seu
figurino que havia custado mil e quinhentos dólares. Um vestido preto com
um leve decote em v, todo em renda feito à mão, com algumas joias em prata
espalhadas pelo tecido. Seus cabelos louros estavam presos em um coque
feito por um dos melhores cabeleireiros de Toronto.
— Sim?
— Você consegue. Eu não estaria aqui hoje se não achasse que conseguiria.
Mais tarde, Mathew seguiu para uma entrevista. A última em solo espanhol.
Mathew estava entre os três melhores jogadores do mundo, então era notável
que desse uma entrevista explicando o motivo de ir embora.
Mathew sequer precisou pensar para responder. Ele amava a vida na Europa.
O clima, os preços, a cidade, a segurança. Mas ele não se sentia completo.
Estava faltando alguma coisa.
— Muito. Principalmente para comer uma feijoada.
Ouve um murmúrio vindo daqueles que não foram respondidos, como sempre
acontece.
— Muito obrigado por tudo, pessoal. Espero que possamos nos encontrar em
breve.
*****
As cinco horas da manhã de uma terça-feira chuvosa, Mathew Becker estava
desembarcando no Aeroporto do Rio de Janeiro.
O jogador não tinha planejado sua chegada ao Brasil tão rapidamente à toa.
Mesmo distante, ele fazia questão de acompanhar a vida de Hanna. E ele
sabia que hoje era um dia importante para ela.
Linda como sempre. Ou talvez ainda mais linda do que da última vez que ele
a viu, há um ano atrás, quando decidiu tirar férias no Brasil. Mesmo de longe
Mathew conseguia ver o brilho nos olhos da garota. Sua garota. Estava linda
com seu vestido preto. E confiante. Com o nariz empinado, ela caminhou até
o centro da pista. Sua garota sabia o que estava fazendo.
O jogador sentiu vontade de gritar para todos: Essa garota é minha. Mas se
conteve. Ao invés disso, apenas incentivou o público a aplaudir. Ele a
aplaudiria pelo resto da vida. Não importava as circunstâncias.
Como pude deixar minha menina escapar? - Pensou o jogador. Ela era a
coisa mais linda, delicada e amorosa que ele já tinha encontrado na vida.
Nenhuma das modelos que ele havia estado nesses últimos anos chegavam
aos pés da patinadora. Ela era incrível. Apesar da baixa estatura, com seus um
e cinquenta e nove de altura, ela era destemida e corajosa. Coisa que Mathew
não tinha sido.
Será que ela estava sentindo a mesma coisa que eu? Pensou o jogador. O
coração acelerado, palpitando, mãos suando. Era uma euforia que ele não
estava acostumado. Algo que ele nunca havia sentido antes.
Quebrando o contato visual, a garota saiu da pista, indo rumo aos bastidores.
Ora, esse é o momento perfeito para eu ir atrás dela. E sem pensar duas vezes,
foi o que ele fez.
O jogador não estava nem aí. Tudo que ele queria era vê-la. Passou anos
tendo que observá-la apenas de longe.
Mas agora ela estava aqui, a sua frente. Ele faria de tudo para tê-la de volta. E
não havia nada nem ninguém para separá-los. Isso ao menos era o que ele
achava.
Capítulo três
— Onde o senhor pensa que vai? Você não pode entrar aqui.
— Oh. Sei quem você é. Mas isso não muda o fato de que não pode
entrar aí dentro.
O jogador assentiu, derrotado. Parece que ele teria que fazer uma
visita a Hanna Rivers.
******
Oh, ela quer entrar nesse jogo? Tudo bem, gatinha. Você não quer
contar para o namoradinho que viveu um puta romance com um jogador.
Tudo bem. Vamos ver até onde isso vai dar.
— Linda, por que nunca me contou isso? Que incrível. Será que eu
poderia tirar uma foto com você?
— Pronto.
— Amor, tira uma também. Guarda de lembrança.
Já tenho muitas lembranças com esse idiota. Pensou, mas não disse.
— Não gosto que me chamem de Hany e não, não tô afim de tirar foto
hoje.
Hanna sentiu vontade de revirar os olhos. E fez. Será que Martin era
mesmo retardado ou estava só fingindo?
— Vem cá. — E sem que ela tivesse tempo para protestar, Mathew a
envolveu pelos braços, fazendo-a colar em seu corpo.
— Tudo bem, ela deve estar cansada. Foi um longo dia. — O cantor
entregou dois ingressos para Martin. — Minha estreia no Flamengo é na
sexta. Adoraria se vocês fossem.
— Por que você não quer ir, hein? — Ele disse, pensativo. — Pera aí,
já aconteceu alguma coisa entre vocês dois?
— Não, tudo bem. — Disse ela, limpando uma lágrima que escorria.
— É difícil perder um amigo assim.
— Mas amor...
****
À noite, por volta das oito da noite, o casal estava passando pela
entrada do Estádio da Gávea. Mathew havia os presenteado com ingressos no
camarote, com visão privilegiada.
— Eu já volto.
— Mano, você joga muito! O que foi aquele drible com o goleiro?
— Estou apenas fazendo o meu trabalho. O que acha de conhecer meu amigo
Ney?
— Vê se me erra.
— Eu adoro esse seu jeito birrenta de ser, sabia? — Ele deu um passo
calculado para a frente. – Posso dizer todas as coisas que adoro em você,
Hanny?
– Não? Certo. Que tal apenas uma? Eu adoro quando você inclina o queixo
quando está usando sua fachada de indiferente. E a esse body de renda é
golpe baixo.
– Você está com ciúmes, Baby? – ele a desafiou com aquela deliciosa voz
rouca que se movia como seda áspera sobre a pele dela.
O jogador tinha o rosto de um anjo, um homem tão bonito que parecia quase
irreal. Ver aqueles olhos e ouvir aquela voz masculina podia fazer o cérebro
de uma mulher entrar em parafuso.
Movendo-se tão rápido que a pegou desprevenida, Math agarrou sua cintura
nas mãos largas e a puxou contra seu corpo.
– Não parece que ele está sentindo muito a sua falta. Agora venha.
– Você está louco? – ela perguntou quase sem fôlego, respirando com
dificuldade.
A noite estava quente, mas não foi isso que enviou uma onda de calor
percorrendo sua pele. Assim como aconteceu antes, terminações nervosas se
acenderam dolorosamente com a sensação dos braços dele ao redor de seu
corpo.
Então, sem dizer mais nada, ele a beijou. E quando ele a beijou, Hanna
também pôde sentir o sabor de sua excitação. Fechando os olhos, ela disse a
si mesma para ignorar a sensação dos lábios dele. Suaves, com um resvalar
da ponta da língua. Mas seu sabor era delicioso, como ela se lembrava. E
então ela se permitiu aproveitar, abrindo-se para ele, e foi recompensada com
seu leve gemido de aprovação.
Ele tomou a boca dela como se tivessem todo o tempo do mundo. Como se
houvesse uma cama próxima e ele pudesse cumprir as promessas feitas por
seu beijo. Havia algo sobre a maneira como ele a agarrava, com força e
suavidade ao mesmo tempo, que a afetava profundamente. Ele tomou o que
queria à força, mas com uma gentileza oposta à sua atitude. Por longos
momentos, Hanna permitiu ser intoxicada por ele, deixando suas sensações
entrarem em ebulição por trás de seus olhos fechados. O polegar dele
circulou demoradamente sua nuca, em uma carícia rítmica que fez suas costas
se arquearem e seus lábios tremerem. Suas mãos refletiam o estremecimento
em seu estômago, forçando-a a se apoiar no casaco dele para esconder a
reação. Então, ela recobrou a razão e o roubou de suas ilusões.
Hanna levantou-se depressa quando viu que o relógio marcava oito e meia da manhã.
Grande inferno. Dalila com toda a certeza a mataria.
– Bom dia, querida! – Sua mãe saldou assim que viu sua garotinha entrando
na cozinha.
*****
Depois de ter chego atrasada para o treino, Dalila havia feito Hanna suar e
treinar até meia hora mais tarde, perdendo então uma parte do seu horário de
almoço.
Ontem à noite, a garota pensou. A primeira imagem que surgiu foi ela e
Mathew no banheiro. E então o beijo. A segunda coisa que veio a sua cabeça
foi o fato de ter se atrasado para o treino. Coisa que nunca havia acontecido
antes.
E foi o que ela fez. Nos próximos vinte e oito minutos, Hanna detalhou cada
coisa que aconteceu na noite passada. Inclusive seu beijo com um dos
jogadores mais famosos do mundo.
****
– Então, nós nos vemos daqui duas horas, certo? – Ana perguntou
empolgada. Seu novo namorado, Bratt, era dono de um bar e ela queria muito
levar Hanna para conhecer o lugar.
– Eu não sei. Martin não vai poder ir e eu me sinto mal indo sozinha.
Hanna revirou os olhos, assustada com o quanto Ana poderia ser convincente.
Aparentemente, Bratt não era um desses babacas que iriam a abandonar daqui
há um mês. Ele parecia mesmo gostar de Ana. Já havia inclusive a levado
para conhecer os pais. Hanna ficou feliz vendo a forma carinhosa que ele a
tratava.
O lugar estava lotado. A festa já estava adiantada, muita gente bêbada. Muita
gente beijando, abraçando e dançando. Muita gente também com cara de que
adoraria estar fazendo isso, mas ainda não havia conseguido.
– O que você vai querer tomar, Hanna? Ana disse que você não é muito de
bebidas alcoólicas.
Quarente minutos mais tarde, Hanna e a amiga estavam não bêbadas, mas
levemente alteradas. Ana segurou nos punhos da amiga e a puxou sorridente
para a pista de dança.
– Nós vamos dar uns amassos no banheiro. – Disse, empolgada. – Você vai
ficar bem?
E se foram.
No início, achou que era uma miragem ou que sua estupida mente estava
projetando seu rosto em outra pessoa.
Mas então ele estava na sua frente. E sua cara era de irritação.
Mathew Becker estava a sua frente. Por que diabos isso parecia tão
engraçado?
Ela olhou ao redor, procurando a amiga. Mas fracassou. Sequer sabia para
que lado ela havia ido.
Mathew estava com vontade de dar uma bela bronca na garota por ser tão
irresponsável. Era extremamente perigoso ficar sozinha e bêbada num lugar
como aqueles. Porém, só o fato deles estarem juntos, sem a presença do
namorado engomadinho, o fez se acalmar.
– Quando eu mais precisei de você... Vo... Cê foi embora. – Ela riu, mas o
jogador pode sentir mágoa em sua voz. – E agora que eu estou bem... Muito...
Bem... Você fica me seguindo.
Ele sumiu por um minuto no máximo e voltou com uma garrafa de água.
– Abra a boca.
Não sabendo exatamente o porquê, ela o obedeceu. Ela bebeu quase metade
da garrafa. Deus! Ela sequer sabia que estava com cede.
– Não é tão difícil. Mas, tenho alguém que faz esse trabalho para mim. – Ele
apontou para o segurança que estava há alguns passos de distância.
Foi então que ela percebeu que ele não deveria estar ali. Se alguém o
reconhecesse, seria um tumulto. Era muito arriscado.
– Acho que você não deveria estar aqui. – Disse a patinadora, tentando
empurrá-lo para longe. Mas foi em vão.
Assim, ele não se mexeu. Mas nem a garota recolheu sua mão. Não, ela meio
que a deixou ali, espalmada no peito largo, sentindo seu coração contra as
pontas dos seus dedos. Sob a camisa larga e fina, dava para sentir seu coração
batendo em um ritmo descontrolado.
Mathew não disse nada, não mexeu nenhum músculo. Simplesmente ficou
olhando para ela, sua respiração lenta e constante, a qual fazia seu peito subir
e descer sob o toque doce de Hanna. Aqueles olhos negros-de-tão-escuros
ardiam. Ele parecia pronto para rasgar suas roupas.
Só quando sentiu os sapatos dele tocando os seus foi que Hanna entendeu por
que sua perna estava tão quente de repente. Era porque a perna dele estava
muito perto da sua, seu corpo irradiando calor.
Assim que o peito dele roçou em sua camisa branca de seda, seus mamilos se
enrijeceram e meus seios ficaram pesados.
Aquele leve roçar da camisa nas pontas dos seus mamilos foi mais sensual do
que qualquer carícia que ela já havia experimentado com Martin. Só fez
aumentar a expectativa. E a tensão. Ele ergueu o braço lentamente. Mathew
entrelaçou os dedos junto com os de Hanna e posicionou seu braço junto às
costas da menina, até que os dois estivessem tocando sua traseira.
Em seguida, ele pegou a outra mão e fez a mesma coisa, até imobiliza-la
totalmente. Ela não conseguia mexer os braços. Não conseguia recuar porque
o balcão bloqueava meu caminho. Não podia fazer nada, senão permanecer
ali, sorvendo-o.
– Muita coisa mudou. Eu não sou mais a mesma menina de anos atrás.
Ela queria gritar. Dizer o quanto o odiava e que o sentimento não era
recíproco. Queria mostrar a Mathew que sua vida estava muito melhor sem
ele.
Por Deus, ela queria gritar. Haviam pessoas ao redor. Muitas pessoas. E ela
tinha namorado. Será que ele não temia que alguém os visse daquele jeito?
Ele lambeu o local onde havia a mordido, como se para aliviar uma dor
inexistente. Sua língua era absolutamente deliciosa, deslizando sobre seu
lábio. Ela queria ter forças para pará-lo. Sabia que era errado. De mil
maneiras possíveis, tudo aquilo que estavam fazendo era errado.
Isso a fez ter forças para soltar suas mãos e dar um passo para trás.
– Você não deveria estar aqui. – Murmurou ela. – Na verdade, você deveria
ficar bem longe de mim, como fez todos esses anos.
– Eu não vou a lugar algum. – Ele respondeu com veemência. Seu olhar era
sério. – É melhor terminar com o seu namorado, Hanna, se não quiser
machucá-lo. – Falou, passando o polegar pelos lábios inchados da garota. –
Eu não vou embora. O único motivo para eu ter voltado para o Brasil é você,
Hanna Rivers.
– Desde que Mathew voltou eu não vi mais o seu namorado aqui em casa.
Vocês não marcam de sair, parece que...
É por isso que tem fugido constantemente de seu namorado. Ignorando suas
mensagens e ligações.
– Martin foi pescar com o pai dele. – Mentiu descaradamente. – É só por isso
que ele não veio.
Rose estreitou os olhos para a filha, analisando se era verídico o que ela
estava dizendo.
– Então amanhã ele vem para o almoço? Pensei em fazer as panquecas que
ele tanto gosta.
****
O jogador sabia que era muita coisa para sua ex-noiva absorver. E ainda
havia o fato de que ela tinha um namorado e suas apresentações estavam
prestes a começar. Então, sim, ele podia ser razoável, maduro e paciente a
respeito disso. Podia esperar até depois das competições nacionais e então
telefonar para ela em algum momento de janeiro para dizer um olá e ver se
ela gostaria de encontrá-lo. Mas depois de sentir seus lábios doces outra vez,
não dava. Ele não poderia esperar.
Era por isso que estava as oito da manhã em plena segunda-feira esperando
Hanna começar seus treinos.
Oh, não o julguem. Na era da internet é muito fácil ter acesso a localização
das pessoas. E como a patinadora quase todos os dias postava fotos do seu
treino, só foi jogar o endereço no Google.
Não demorou muito para que ele a visse, usando um collant e calças pretas.
Para Mathew, Hanna poderia estar com a roupa mais feia do mundo e ainda
sim estaria linda para ele.
Assim que o viu, um misto de sentimentos tomou conta de seu corpo. Ela não
sabia se o mandava a merda por estar perseguindo-a, ou se o beijava por ser
tão lindo.
– É sério, cara, por que você está aqui? Você não tem medo não de ser
reconhecido?
– É por isso que eu uso boné, baby. E marcos está aqui para qualquer
incidente.
– Lasanha... Isso é tão errado. Você não deveria comer só coisas leves e
saúdaveis?
– Então, você não trabalha não? – A garota perguntou enquanto levava uma
saborosa fatia de massa a boca.
– Entendi.
– Nós nos conhecemos em uma competição, há um ano e meio. Por que quer
saber, hein?
– Para alguém que dizia que nunca iria me esquecer você foi bem rápida
achando um substituto.
Ora, que cretino! Ele não tinha o direito algum de cobrá-la dessa forma.
– Para alguém que jurou passar o resto da vida comigo você foi bem rápido
aceitando uma proposta pelas minhas costas e indo embora, né?
Ele assobiou.
– O que foi?
– Isso é ridículo. Eu não nutro mais nenhum tipo de sentimento por você.
Mathew não conseguiu evitar erguer uma das mãos e tocar seu rosto, a ponta
de seus dedos roçando na pele macia da bochecha dela. Hanna encolheu
como se tivesse sido tocada por ferro quente.
– Não.
– É claro que não odeio você – disse ela, soando irritada. Como se estivesse
falando a verdade, mas não estivesse exatamente feliz por tal fato. Então ela
queria odiá-lo?
– Podemos por favor tomar um café em algum lugar que eu não precise me
preocupar em ser descoberto? Eu prometo que fico aqui até acabar o treino,
quietinho.
– Não, obrigada.
Ela bufou.
– Você continua persistente, não é?
– Só quando é importante.
– Olha, Mathew, juro que não estou guardando rancor – disse ela.
– Você está me dizendo que não sentiu a mesma coisa? – Se ela dissesse que
não, ele se convenceria a acreditar. Ele a deixaria em paz.
Hanna não respondeu de imediato. Sem querer que ela passasse batido sobre
aquela história, respondesse sem pensar, Math levantou uma das mãos. Havia
algumas mechas dos cabelos sedosos dela caídas no rosto. Ele passou os
dedos nelas, sentindo o calor subir por todo seu braço. Ela fechou os olhos, os
cílios escuros em contraste à pele clara. E ele pôde jurar que ela chegou a
aninhar o rosto na mão dele por um instante.
Capítulo sete
– Tem certeza de que é seguro vir ao super mercado?
– Nós?
– Achei que estivéssemos aqui para comprar as coisas para o nosso jantar.
– Sem chance.
– Tudo bem então. Vou comprar congelados e morrer de tanto comer gordura
trans.
O que era uma simples ida ao mercado, virou uma festa total. Os dois
conversaram, riram, Mathew colocou Hanna sob o carrinho e saiu pelo
mercado a empurrando. Pareciam dois adolescentes. Pareciam o mesmo casal
de anos atrás.
– Sim. A mulher mais linda de todo o Rio de Janeiro está do meu lado, rindo
comigo.
Ela hesitou pelo mais breve dos instantes, então derreteu ao encontro dele.
Ele ficou satisfeito ao descobrir que ela ainda se encaixava perfeitamente no
corpo dele, como sempre. As curvas delicadas acolheram os ângulos rijos
dele, os pés se separando um pouco quando ela roçou as pernas nas dele e
arqueou para ele. A doçura chamejou para o desejo, exatamente como tinha
acontecido na primeira vez que se beijaram.
O jogador pôs as mãos nos quadris dela e a puxou para mais perto. Varrendo
a boca de Hanna com a língua, ele ousou ir mais além. Ela, é claro, aceitou a
ousadia, recebendo o que ele oferecia e arriscando mais ao erguer os braços
para enlaçar o pescoço dele. As línguas investiram juntas, quentes, lânguidas
e profundas, fazendo Mathew pensar em como jamais ao menos imaginara
que beijar outras mulheres poderia ser tão bom quanto beijar esta.
Tudo em sua menina era tão inebriante agora quanto tinha sido. Talvez até
mais, porque Hanna não era mais a garota doce com cara de estudante. Ela
agora era mulher, em cada centímetro. E ele tivera o imenso privilégio de
transformá-la naquela mulher.
Talvez fosse isso que tornasse esse beijo diferente do primeiro. Antes, havia
curiosidade e surpresa, navegando em uma onda de pura atração. Agora eles
sabiam o que poderiam ser um para o outro. Conheciam o prazer que eram
capazes de criar juntos. Sabiam como era estar nus, excitados e grudados
enquanto a sanidade recuava e o desejo tomava conta de cada pensamento
consciente. E de muitos sonhos.
– Olha lá, é o Mathew Becker! – Uma mulher gritou e outras pessoas que
passavam ali também olharam.
Não demorou muito para que o mercado virasse uma confusão e os dois
tiveram que sair correndo de lá, sem as compras.
– Então... Até mais. Foi muito bom estar com você hoje.
Ela assentiu. Também havia gostado muito de estar com ele, mesmo que não
fosse admitir em voz alta.
– Quer jantar aqui em casa? Já que não deu para comprar seus congelados e
tal.
Quando já não aguentava mais de tanto cansaço, Dalila decidiu dar uma
pausa.
– Martin! – Ela correu até seus braços. – O que você está fazendo aqui?
– Vim te ver.
– E o que mais?
Hanna sorriu. Ela sabia que seu namorado deveria estar treinando e não aqui.
O fato dele ter cruzado a cidade para estar ali significava que tinha algo
importante para dizer.
Ela assentiu com a cabeça, pensativa. Será que Martin havia visto ela com
Mathew? O pior, será que algum repórter tinha visto os dois e publicou
alguma matéria?
Ele assentiu.
– Depois de amanhã.
– Já?
– Não existe mais “nós”, Martin. Você escolheu a patinação. Tudo bem.
– Chega de “es”, Martin. Não há como isso dar certo. Melhor terminarmos de
uma vez, ok? – Ela disse, se levantando. Não acreditava que estava passando
por isso outra vez. – Desejo tudo de mais incrível na sua vida e espero
mesmo que você consiga o Mundial. Agora, eu realmente preciso voltar a
treinar.
– Hanna...
– Adeus, Martin.
Capítulo nove
Os dias passaram rapidamente. Hanna tentava não pensar muito na
partida de Martin ou em Mathew. Estava tentando se concentrar nas
competições que estavam cada vez mais perto.
Mas, ficava vez mais difícil. Era quase impossível não pensar que
todas as pessoas que ela amava a deixavam. Escolhiam suas profissões ao
invés dela. E o pior, sem pensar duas vezes. Desde que partiu, Martin não
havia mais mandado mensagem. Era como se ela não existisse, como se
nunca tivesse significado nada para ele.
– Não sei o que terei que fazer para esquecê-lo. – Fala para si mesma.
– Acho que preciso desistir do amor.
Filho. Da. Puta. É claro que tudo que ele havia falado era mentira. Traidor!
Hanna não terminou de ver a notícia. Não iria ficar se torturando. Ela tinha
coisas mais importantes para pensar e se preocupar.
Droga, por que não me chamou para esse role romântico? Eu estou
levando o meu cachorro para passear. Ps. é um poodle.
Hanna não conseguiu evitar uma risada. Era engraçado pensar em Mathew
passeando com um poodle.
Ela não respondeu. Era melhor para o seu psicológico se ela se afastasse.
— Parece que você está precisando de ajuda para carregar essas sacolas.
— Você me disse que estava fazendo uma das coisas que eu mais gosto. Por
isso, decidi vir te ajudar.
— Que bom que ainda lembra coisas a meu respeito. — Ele diz sorridente.
Então, faz uma carranca. — Isso aqui está pesado pra caramba, precisa cuidar
da sua coluna.
— Mathew, eu...
Fraquejei. Fraquejei e estou de novo com ele. Era só isso que Hanna
conseguia pensar.
Sua cabeça não para, tentando entender o que está fazendo. Ela presta a
atenção na estrada. Pensava que estavam indo em um restaurante ou algo
parecido, mas foi surpreendida ao entrar num condomínio na Barra da tijuca.
Depois que o portão metálico se fecha, observa a linda casa ao fundo e
murmura:
Mathew a olha.
— Precisamos ficar sozinhos.
Surpresa, Hanna olha para o jogador. Observa que ele liga o som e, antes que
ela possa dizer qualquer coisa, explica:
Ela é sincera. De fato, na casa há tudo que ela gosta: Paredes brancas, pisos
de porcelanato, lareira e uma cozinha americana.
— Pra mim?
— Sim, baby. Essa é a forma de dizer que te amo e que quero ter uma linda e
extensa vida ao seu lado.
Mathew não consegue deixar de admirar como ela está bonita e elegante,
mesmo com roupas simples. Ele pede que ela se sente em um tapete peludo
diante da lareira crepitante.
— Obrigada.
De repente, ela se da conta de que toca uma canção de que gosta muito.
Mathew sabia, pois era da época em que os dois ainda estavam juntos. Os
dois se encaram de novo como rivais, ao som de Perfect.
A música reflete exatamente a história dos dois. Mathew sabe disso. Hanna
sabe disso.
— Hanny... Sinto muito por tudo que aconteceu. Eu era imaturo, estava
tentando crescer na minha carreira e acabei esquecendo a peça chave da
minha vida, a coisa que mais me importava no mundo todo: Você.
— Math...
— Eu não podia...
— Eu sei. Você tinha a sua carreira. E eu não queria ser o homem que iria
interferir nisso. Sei o quanto você lutou e luta para estar onde está hoje.
— Eu estava sofrendo, Hanna. Por não tê-la por perto. E fui um idiota
achando que me afastar ajudaria a te esquecer.
— Sua causa. O único motivo para eu ter voltado para o Brasil. Eu juro.
— É muita coisa para absorver, Mathew. Eu não sei bem o que pensar.
— Apenas deixe-me te mostrar que eu quero ficar com você. Só você. Que
estou disposto a absolutamente tudo para ter o que tínhamos antes.
— Me convença...
— Quero fazer as coisas da maneira certa com você. Mas ainda sim, gostaria
que você e sua mãe viessem morar aqui imediatamente.
Capítulo dez
No dia seguinte, Hanna e sua mãe estavam se mudando para a grandiosa casa
na Barra da Tijuca.
Hanna até havia cogitado recusar a oferta de Mathew, mas ele insistiu e
muito. Além disso, ele falou que só se mudaria para lá quando Hanna
estivesse pronta para perdoa-lo. Antes disso, ele continuaria em seu
apartamento, próximo dali. Era uma forma de demonstrar que não forçaria a
barra em momento algum.
O coração da garota ficou quentinho. Ela ficou feliz em saber que ele havia se
lembrado até se sua mãe e teve a preocupação de mantê-la por perto. Isso fez
com que ele ganhasse mais uns pontinhos.
Hanna não era do tipo interesseira. Nunca tinha sido. E Mathew sabia disso.
Ele ficou extremamente feliz quando Hanna e sua mãe aceitaram o presente.
Como ele não tinha família, seus pais morreram em um trágico acidente
quando ele era pequeno, ele daria tudo para Hanna e Rose. Elas seriam sua
família agora.
Mais tarde, quando tudo já estava organizado, Hanna viu sua mãe passar pela
cozinha com uma mala.
— Sua vó não está muito bem. Decidi que vou passar uns dias com ela.
— Não. É claro que não. Aproveite e passe um tempo a sós com Mathew.
Você sabe o que eu quero dizer.
— Mamãe!
— Mamãe!
***
Depois do treino, seguindo os conselhos de sua mãe, Hanna foi até uma loja
de lingerie. Apesar do namoro com Martin, fazia muito tempo que ela não
comprava peças intimas. Para ser bem sincera, sua vida sexual com o ex-
namorado não estava lá grande coisa.
Namorado? Ela sequer sabia o que Mathew era dela agora. Isso a fez parar
para refletir por um instante.
Era uma espécie de body, de renda preta, muito delicado. Uma calcinha fio
dental fazia conjunto.
Deus, ela só queria que Ana estivesse ali com ela para ajudar a decidir.
Maldita hora que resolveu sair com o namorado.
— Eu vou levar!
***
– Como vai, baby?
– Só bem?
– Muito bem.
– Tem alguma coisa errada, Hanna? Você está quieta. E com as mãos
geladas. – Me diga.
– Eu não sei. Você me deixa nervosa as vezes e eu não sei o que dizer.
Olhou para ela e tocou seu pescoço nu. Seu cabelo estava preso naquela
noite. Seus ombros também estavam nus, exceto por duas tiras fininhas.
Mathew deslizou a mão pelo pescoço dela, depois por seus ombros nus.
– Certo.
Ele abriu a porta. Havia flores no banco do carro. Eram tulipas. As preferidas
de Hanna.
– Então... Essa festa vai ser muito chique? – Perguntou a garota. Mais cedo,
Mathew havia a convidado para uma festa de aniversário de um amigo, para
onde estavam indo agora.
Enquanto Mathew dirigia, falaram dos seus planos sobre o futuro. Era
estranho depois de três anos, mesmo que já tivessem sido noivos, falar sobre
a vida daqui há alguns anos. Mathew pretendia trabalhar mais uns dez anos,
apenas para ter dinheiro para se manter pelo resto da vida. Hanna, no entanto,
queria continuar com a patinação por muito tempo. E quando não pudesse
mais patinar, gostaria de ser professora.
Mathew dirigia pela estrada sinuosa com uma mão na direção e outra
segurando a dela, como se ela fosse fugir.
– Sempre foi meu sonho conhecer Quebec. Você iria até lá comigo?
– Então pare de dirigir – Disse ela, atrevida. Da onde estava vindo toda essa
coragem?
Ele olhou para ela rapidamente e ela colocou a mão na boca. As palavras
tinham escapado de sua boca e agora sentia-se tímida e envergonhada.
– É melhor irmos.
– Isso não é um jogo. Eu amo você, Hanna Rivers, e um dia você vai
acreditar em mim. Ela deu-lhe um abraço bem apertado. Surpreendendo-o,
ela também disse as palavras:
Depois de apresentar sua garota para todos os seus amigos, os dois sentaram-
se a uma mesa reservada. Serviram-se com vinho tinto da Itália. Mathew
queria ter Hanna só para ele e já tinha se arrependido de ter ido a aquela festa.
— É sério?
— Jamais.
A garota sorri e passa as mãos ao redor de seu pescoço. Ele chega meu corpo
mais perto do seu, enquanto a voz de Adele diz:
— Eu te amo, pequena. Que tal se agora eu e você formos fazer nossa própria
festa?
Nesse instante, chega um lindo ator famoso, cujo nome Hanna não se recorda
e a pegando pela mão, convida-a para dançar com ele. Mathew suspira, e ela
lhe joga um beijo, divertida.
Isso a pega de surpresa. Não imaginava que Mathew havia falado sobre ela
para seus amigos famosos.
— Eu não vou.
— Podemos ir agora?
— Com certeza.
Ela balançou a cabeça, concordando. Mas, de maneira alguma, ela iria parar.
Ele sorriu.
O jogador pegou a mão dela e sentiu que estava tremendo. Estaria nervosa
por estar com ele? Ela era incrivelmente linda, com aquela massa selvagem
de cabelos ao redor do rosto pálido, os olhos pequenos, porém brilhantes.
Ele pegou o seu celular do bolso e colocou uma música para que Hanna
pudesse relaxar. Ela sorriu em resposta.
Ela aguardava. Paralisada. Mathew Sorriu pra ela. Ele não tinha ideia do que
provocava nela quando sorria assim. Ou talvez tivesse.
As mãos dele passando sobre seus braços, depois pelos quadris. Ele as
deslizou para trás e segurou sua bunda, suavemente a princípio e, em seguida,
puxando-a para perto. Ela podia sentir a sólida ereção contra sua barriga
através da trama densa de seu jeans.
Bom. O hálito dele era quente em seus cabelos, bem perto da orelha, quando
sussurrou:
Ele era tão alto, e ele estava segurando-a tão perto, ela teve de inclinar a
cabeça para trás para olhar nos olhos dele. Seus olhos estavam cheios da
necessidade que ela sentiu em seu corpo.
Formigamento. Arrepio.
A boca era duro e macio de uma só vez. Lábios macios, língua molhada
empurrando em sua boca. As mãos dela foram os ombros, sua mente agitada.
Ela estava fraca com o desejo, com as pernas balançando imediatamente. Ele
continuou beijando-a, beijando-a, e ela apoiou as mãos na porta atrás dela
quando ele pressionou contra ela. Seu corpo era todo músculo rígido: suas
coxas fortes, seu peito, seus ombros largos e um duro cume pressionando em
sua barriga. Duro e grande. Puta merda.
– Mathew...
– Shh. Eu sei o que você precisa, Hanna. Basta ficar parada, deixe-me olhar
para você. Tocar em você. Eu vou fazer o resto.
*****
Hanna acordou com os pequenos raios de sol reluzindo contra sua face.
Virou-se para o lado e sorriu. Não, não havia sido um sonho. Ela e Mathew
haviam dormido juntos. E tinha sido ainda melhor do que se lembrava.
– Isso me excitou.
Hanna se virou para encará-lo. O jogador estava com um sorriso nos lábios.
– Não – ele argumentou, enfiando suas mãos por entre as pernas da garota. –
Tudo em você me excita.
Baixando a mão para esfregar a dura extensão de seu membro, ele disse:
– Aqui está um sinal. Prova de que meu interesse é apenas por você.
– Como você consegue ser tão bruto num instante e tão atraente no momento
seguinte? – ela perguntou.
– Oh, baby, irei lhe mostrar exatamente como sou bruto. – Ele virou o rosto
da patinadora com fervor, de modo que ele pudesse beijá-la.
– Eu quero beijá-la até você esquecer de qualquer outro beijo que já recebera
na vida. – segurando sua nuca possessivamente, ele seguiu o contorno
aveludado de seu lábio superior com a ponta da língua
– Eu não escovei os dentes. – Ela tentou avisar. Mas Mathew não parecia
muito preocupado com esse pequeno detalhe.
Deslizando a mão sobre a curva de suas nádegas, ele a puxou para mais perto.
Com os braços cheios de uma suavidade sedutora, o nariz cheio do aroma de
flores exóticas, a boca cheia com seu rico sabor, o jogador não tinha dúvida
alguma de que amava Hanna mais do que qualquer coisa.
Aquilo era diferente de tudo que sentira por qualquer pessoa, e o deixava
feliz de um jeito que nada em sua vida podia se comparar.
****
Ele sorriu e roçou os lábios na sua testa suada, sentindo o cheiro dela. Nunca
estivera tão contente na vida. E ele queria isso para sempre. Por isso, estava
há dois dias tentando planejar o momento certo para pedi-la em casamento.
– Você é lindo – sussurrou ela, a voz levemente rouca de tanto que gritara de
prazer vinte minutos antes.
– Você é perfeita – disse ele, e a beijou, porque o que mais poderia fazer?
Math o segurou pela nuca e o puxou para si. Os dois rolaram até ele ficar por
cima, aninhado entre suas coxas.
– Eu te amo.
– Estou duro de novo. O gemido dela foi a resposta de que Mathew precisava
para mergulhar mais uma vez em seu corpo.
Capítulo doze
O dia do nacional finalmente havia chegado. E com isso, o nervosismo e
ansiedade de Hanna.
— E se eu não conseguir?
— Você vai, baby. — Ele olhou no fundo dos olhos dela. — Você confia em
mim?
— Então acredite quando digo que você consegue. — Ele deu um tapa em
suas nadegas, fazendo a garota soltar um gritinho. — Agora vamos. Não
podemos nos atrasar.
Assim que chegou ao Estádio onde uma imensa pista de gelo havia sido
instalada. Tudo para receber a maior competição de patinadores do país.
Pessoas de todos os estados e cidades do Brasil e até mesmo da américa
latina, estavam ali.
É por isso que quando Hanna pisou os pés na pista de gelo, Mathew gritou
feito louco.
— Puta que pariu! Essa é a minha mulher. Vamos lá, baby. Você consegue.
Ele sequer se importou se alguém ali o reconheceria. Desde que voltou para o
Brasil atrás de Hanna, ele parecia estar meio atônico, desligado. Sequer
pensava no perigo que poderia estar correndo se algum fã louco o visse.
Quando estava no vestiário, uma voz que a patinadora conhecia muito bem a
chamou:
— Hanna!
— É claro. Achou mesmo que eu perderia esse show? Você foi incrível,
Hanna. Com certeza ficou com o primeiro lugar.
— O que você está fazendo? — Ela gritou para Martin, enquanto Mathew
desaparecia pelos corredores.
O patinador assentiu, derrotado. No fundo, acho que ele sempre soube que
isso aconteceria.
— Eu sinto muito, Hanna. Espero que ele a faça feliz. Estarei torcendo por
você. Adeus.
— Adeus, Martin.
Então, ela correu. Ainda com as roupas chamativas e brilhantes, ela percorreu
por todo o estádio em busca do seu amor. Seu homem. Não demorou muito
para encontrá-lo, em frente ao seu carro, um Pagani Huayara BC cinza.
— E eu deveria ficar lá olhando você se pegando com o seu ex? Ou será que
ele ainda é seu atual?
— O quê? — Ela fica confusa com a forma como foram de dias incríveis para
essa desconfiança toda.
— Jegue loiro? — Suas sobrancelhas sulcam quando fala... Mathew não fala
mais nada, esperando por sua resposta.
Sua resposta parece satisfazê-lo, mas a tensão em seu rosto só desaparece por
alguns segundos. Então, ela está de volta.
— Eu não gosto de ver vocês dois parecendo tão íntimos. Muito menos,
metendo a língua na sua boca.
— Nós somos amigos... E ele não sabia que nós estávamos juntos. Agora
sabe.
— Isso é bom.
Ele tem aquele sorriso orgulhoso no rosto. Então, agarra a cintura de Hanna e
a puxa para si, colando seus lábios.
— Nunca mais o deixe tocar em seus lábios. Eles são apenas meus.
Entendido?
— Com certeza, Sr. Becker. Assim como os seus são apenas meus.
— Com certeza. — Ele responde. — Agora venha, baby. Nós estamos indo
comemorar.
Capítulo treze
Depois de passar horas na estrada, os dois seguem por um caminho longo, ou
talvez seja uma rua particular, fica difícil dizer com a escuridão. Mas Mathew
dirigiu por um tempo e não há mais nenhuma casa. Há uma luz ao longe e
com curiosidade, Hanna pergunta:
— Onde estamos?
— Eu não poderia nem mesmo dizer que há um lago de tão escuro que é aqui.
Mathew finalmente estaciona em frente à casa e dá para ver que a luz que
estava piscando à distância era na varanda. Mas a varanda parece enorme,
rodeando toda a casa. Há cadeiras de balanço a e pequenas mesas dispostas
em vários lugares que eu Hanna consigo ver no escuro.
Mathew abre minha porta para ajudar a patinadora a descer do carro. Os dois
seguem até as poucas escadas da varanda e o jogador abre a porta da frente
com uma chave de seu chaveiro. Com os faróis apagados, é escuro como
breu, exceto pela única luz fraca vinda da varanda.
— Fique aqui.
Mathew solta sua mão e ela mal pode ver o que ele está fazendo, apenas uma
ligeira mudança no nível de escuridão mostra que ele está se movendo pela
casa. Poucos segundos depois, ele volta segurando uma espécie de lampião.
— O que quer dizer com não há eletricidade aqui? — Sua voz sai quase
chocada, porque por um segundo ela realmente ficou.
— Sim. — Sua boca pecaminosa encosta em seu ouvido, onde suas palavras
são ditas em voz baixa, mas elas viajam através de garota e acordam cada
molécula do seu corpo. Os pelos em sua nuca respondem, enviando um frio
que irrompe por todo o corpo em arrepios.
Mathew a libera e a garota fica frustrada por perder o contato tão cedo. Ele
segura sua mão e a orienta pela casa escura em direção a uma sala na parte de
trás. Depois que ele acende o fogo, Hanna consegue ver a enormidade da
lareira.
Mathew ainda está de pé, ao lado da lareira observando sua garota enquanto
ela aprecia a beleza da lareira.
Ela sorri para o seu elogio, nunca foi boa em aceitar elogios, mas, com
Mathew, o jeito que ele fala com ela, a garota simplesmente acredita em cada
palavra que ele diz. Nenhum dos dois se move. Então, seus olhos se
encontram e tudo o mais desaparece... a escuridão, a lareira, a sala, tudo.
Nada disso existe mais. É um daqueles momentos na vida em que você sente
a mudança. Como se tudo o que você fez antes de chegar a esse ponto e tudo
o que acontece a partir deste ponto em diante vai ser diferente.
Hanna não sabe como ou porque, mas está tão certa disso como nunca esteve
em toda a sua vida. Ela está apaixonada por Mathew Becker, um dos
melhores e mais requisitados jogadores de futebol de todo o mundo. E por
incrível que pareça, esse pensamento não a assusta.
Mathew caminha até ela, lentamente, seus olhos nunca deixando os dela. Ele
para quando a alcança. Estão tão perto que Hanna pode ouvir o bater de seu
coração.
Ele levanta uma de suas mãos grandes e suavemente coloca uma mecha dos
cabelos loiros atrás da orelha. Seu toque é tão suave e gentil. Lentamente, ele
abaixa a cabeça e ela aguarda por um beijo, seu rosto está tão perto do seu
que eu pode sentir sua respiração em seus lábios. Mas ele não a beija. Ele
para, de modo que não perdem o contato de seus olhos.
— Eu te amo, Hanna.
Ela não precisa pensar sobre a sua resposta. Porque nunca houve nada em sua
vida que tivesse mais certeza.
— Eu também te amo.
As lágrimas rolam de seus olhos e não ela não consegue impedir que elas
caiam quando ele a olha desse jeito. Ela já tinha ouvido as pessoas dizerem
que choraram lágrimas de felicidade antes, mas Hanna nunca tinha achado
isso possível. Mas é isso o que acontece quando elas começam a cair. Fluindo
dos meus olhos enquanto ela sorri para o homem por quem é loucamente
apaixonada.
— O que você está fazendo? Pelo amor de Deus, se for o que eu estou
pensando, acho que vou ter um treco aqui.
— Baby, meu amor. Sei que já estive ajoelhado assim antes. Sei que você
depositou sua confiança em mim uma vez e eu falhei miseravelmente com
você. Eu fui imaturo. Fui burro ao não perceber que a única coisa que eu
precisava era você.
— Mathew...
Nessa hora, os dois já estavam chorando. Hanna tremia tanto que podia sentir
seus dentes batendo. Mathew abriu a caixinha, revelando um lindo anel de
diamante.
— Hanna Rivers, você aceita ser minha mulher e passar o resto da sua vida
comigo?
Mas Hanna tinha que concordar, seu vestido era um único e exclusivo
modelo feito sob medida. Uma fortuna, mas já havia parado de me preocupar
com isso há algum tempo.
“Dinheiro não era problema”, dizia Mathew, que estava com um sorriso de
orelha a orelha querendo ajudar sua noiva em cada detalhe. E Hanna estava
adorando esse lado de Mathew. Os dois escolheram tudo juntos, desde a
decoração à comida.
Desde que seu casamento foi reservado para ser celebrado em um dos hotéis
mais imponentes do Rio de Janeiro, o Copacabana Palace, os jornalistas não
haviam mais saído do seu pé. Por isso, Hanna estava sendo escoltada por dois
seguranças.
— Ainda tenho a impressão que vou acordar e tudo isso não passou de um
sonho — Ana riu e a abraçou.
— Sua boba. Acho que é tudo muito real e é melhor se acostumar. Logo você
será uma mulher casada. E sua lua-de-mel será em Pequim, no seu primeiro
mundial. O quão mágico pode ser?
*****
— Acho que nasci pra esse momento, mamãe — A garota sorriu nervosa.
— Tudo pronto para sua entrada. Vamos? — Sua mãe disse do lado de fora
da limousine.
— Vamos.
Rose a ajudou a sair do carro e Hanna pode observar que seu casamento era o
evento do ano. Milhares de repórteres, fotógrafos e curiosos se espremiam
diante do cordão de isolamento colocado pelos seguranças, uma equipe
contratada e apoio policial. Às vezes ela perdia um pouco a noção de como
Mathew era famoso e querido para a maioria da população, entretanto era
nítido esse sentimento ali.
Hanna acenou para todos e adentrou ao saguão do hotel sendo amparada por
sua mãe. Para alguns, aquilo poderia não parecer normal. Mas sua mãe foi
quem a criou. Teve o papel de mãe e pai. Por isso, nada mais justo que
entrasse ao lado dela no dia mais importante de sua vida.
Estavam ali consagrando uma união de mais de dez anos de puro amor e
aprendizado. E agora, eles tinham algo a mais. Sim, Hanna estava grávida e
aguardava ansiosa pelo momento em que revelaria a notícia a Mathew. Ela o
amava mais que tudo e sua vontade naquele momento era pular todas as
etapas protocoladas e correr até ele, jogando-se em seus braços. Mas se
controlou.
Rose a segurou e Hanna pode sair do seu transe e olhar para os lados sorrindo
sem parar diante de muitas lágrimas. Era uma emoção única! Ser entregue
por sua mãe aos braços do amor da sua vida inteira e agora, pai do seu filho.
— Cuide bem dela — Mathew sorriu assim que Rose, em um gesto singelo,
entregou a mão da filha a ele.
Mathew estava crescendo cada vez mais dentro do Flamengo. Por isso foi tão
difícil para ele decidir tirar um ano sabático para ajudar a cuidar da filha. Ele
queria estar presente em todos os momentos importantes da pequena. E
poderia retornar a sua carreira depois.
— Você é maluco se acha que eu vou engravidar agora. Mal superei aquela
dor.
Sem dar tempo para ela responder, Mathew jogou sua mulher por cima de
seus ombros e a levou até o quarto, onde se amaram a noite toda.