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1. Panelinhas e panelaços.

Quando se atravessa a plataforma 9 ¾ significa que um novo ano está


começando, aquela pode ser a última vez em que um jovem bruxo atravessa a
parede estreita de tijolinhos na estação de King Cross em direção ao Castelo. Não
seria diferente naquele ano, os alunos do sétimo ano, era difícil dizer adeus,
contudo o verão ainda estava terminado, eles teriam um longo ano pelos campos do
castelo. A Taça das Casas sequer havia se iniciado.
A fumaça do expresso cobria parte da plataforma, era difícil distinguir
qualquer pessoa que estivesse um pouco mais distante, era por isso que eles se
encontravam em suas cabines. Naquela altura, os estudantes mais antigos já
tinham suas cabines favoritas, seus grupos já eram formados, ninguém entrava ou
saía das panelinhas.
O final das férias era bom, era hora de rever os amigos, saber que estariam
juntos nas suas respectivas comunais. Era possível sentir a excitação de cada um
dos alunos ali, vez ou outra alguém esbarrava em alguém e acabavam se
cumprimentando rapidamente.
"Cara, vocês precisam crescer, de verdade." Paula reclamou quando Pierre
Gasly e Charles Leclerc estavam se empurrando pelo corredor estreito do vagão
enquanto procuravam sua cabine.
"Você acha que a gente frequenta a Gemialidades Weasley atoa?" Gasly
perguntou, Paula apenas resmungou alguma coisa e abriu a cabine que eles
costumavam ficar desde o terceiro ano.
Aquele trio, estava junto desde o mais terno momento, primeiro duas dupla,
em seguida um quarteto, e por fim, um trio. Paula e Charles eram primos, ambos
eram filhos de três das famílias mais influentes no mundo bruxo, eles não tinham o
que fazer, eram melhores amigos. No primeiro embarque, conheceram a outra
metade do grupo original, Pierre e Esteban Ocon, Pierre assim como a dupla
anterior era puro sangue, de uma linhagem tão antiga quando os outros dois, Ocon
por outro lado, era mestiço, filho de uma bruxa e um nascido trouxa, Gasly e
Esteban cresceram na mesma rua, eram praticamente vizinhos e passavam muito
tempo brincando na rua. Não teve como não se tornarem um quarteto naquele
momento, eles pensavam as mesmas coisas e felizmente, estavam todos na
mesma casa, mais tarde naquele dia, seriam selecionados para Sonserina. A
quebra dessa amizade, veio rapidamente, na metade do segundo ano, foi quando
Esteban quis focar em ser o melhor do seu ano e percebeu que estando com seus
amigos não conseguiria aquilo e ele precisava se afirmar e mostrar que seu pai ser
trouxa, não significava que ele era inferior, principalmente por estar justamente
naquela casa que tradicionalmente era dos puros sangues.
Esteban agora tinha um novo trio, Maria Clara e Sora - carinhosamente
Soso -, Marie era sonserina também, e como a garota era legal com ele, apesar de
ser de família tradicional, Esteban não se incomodava com aquilo, Maria Clara era
diferente dos outros três. Com ela, veio Soso, a corvina era um ano mais velha do
que eles, mas não parecia, Esteban dizia que elas eram partes separadas de uma
mesma pessoa, tamanha era a conexão entre elas. Diziam pelos corredores de
Hogwarts que todo sonserino tinha o seu corvino e aquelas duas eram a prova viva.
Esteban passou pela cabine onde estava seu antigo trio e seguiu adiante
sem cumprimenta-los, para sua infelicidade, Sora e Marie estavam na cabine ao
lado.
"Esteb!" Soso o abraçou. "Sentimos sua falta durante as férias!!"
"Imagino que sim, não me mandaram nenhuma coruja." Ele deu de ombros
guardando suas coisas.
"Não seja ruim Estebinho…" Marie refletiu. "Tudo bem, a gente poderia ter
feito isso, mas, lhe trouxe um presentinho." Sorriu para ele como se aquele gesto o
fizesse desculpa-lá automaticamente.
Daniel Ricciardo era o cara mais popular de toda Hogwarts, conhecia todas
as pessoas, dentre nossos personagens principais, Dani era o único nascido trouxa,
por isso toda aquela atmosfera continuava sendo tão incrível e mágica para ele
mesmo depois de sete anos - Ricciardo sentiria falta. O Lufano era divertido, se
você quisesse um pouco de risadas, ele era o cara para te animar, com Daniel por
perto, era impossível estar de mau humor. Ele costumava brincar com todos a sua
volta, mas era óbvio que tinha seus preferidos. O garoto gostava das primeiras
cabines, era bom pois ele podia andar o trem inteiro sem perder ninguém de vista.
Primeiro Dani mexeu com os novatos que olhavam um pouco assustados para ele.
"Pieeeeere Gaaaaaasly!!" Ele disse cantarolando abrindo a cabine onde o
sextanista se encontrava com sua dupla, Pierre era uma das pessoas que Daniel
mais gostava de brincar. "Aqui estamos mais um ano." Paula concordou com a
cabeça.
"Esse ano, a taça de quadribol é nossa." Charles disse provocando Dani,
que havia sido o apanhador do ano e também vencedor do torneio de quadribol.
Para um nascido trouxa, ele era um excelente jogador.
"Claro, é claro que sim. Vocês precisam de um artilheiro novo, agora que o
Käikkönen foi embora." Daniel gostava dele.
"Alonso sem dúvida vai achar um logo." Pierre respondeu, Ricciardo deu de
ombros novamente e fechou a cabine. Dani parou na cabine ao lado e apenas colou
seu rosto ali e deu seu sorriso característico e acenou um pequeno tchau para os
três presentes ali.
"Para de me empurrar, Esteban!" Sora resmungou quando o mais novo ficou
jogando o ombro nela depois de Daniel ter saído.
"Song Sora, todo mundo sabe que você baba no Ricciardo…" Marie disse.
"Vou mudar de cabine, com licença, me recuso a ouvir esse tipo de coisa."
Ela ameaçou se levantar, mas Esteban a abraçou fazendo com que ela
permanecesse sentada onde estava.
Cinco cabines para trás Daniel avistou o seu favorito para tirar a paz, Nico
Hulkenberg. Daniel achava engraçado a maneira que se pronunciava o nome do
outro, novamente apenas enfiou sua cabeça para dentro.
"Nico Hulkenberg!" Disse em mais uma tentativa de pronunciar o nome,
recebendo em resposta um dedo médio do rapaz, Daniel riu. "E aí, Mick." Falou com
o outro garoto presente.
"E aí." Respondeu sem grande empolgação.
Dani sabia quando não era bem vindo em um lugar e ali ele não era. Daniel
aprendeu da pior maneira, sendo excluído apenas por não ser de família
tradicionalmente bruxa, tanto Hulkenberg quanto Schumacher eram de famílias tão
antigas quanto a própria magia, Ricciardo não entendia como aqueles dois não
haviam ido para Sonserina, tamanho era o ego deles, bom pensando assim, o
Chapéu Seletor estava certo, era o ego grifinório.
Dani voltou para sua cabine no primeiro vagão, verificando se havia ficado
alguém para trás e acenando rapidamente quando via alguém que não tinha visto
anteriormente. Sua cabine já estava ocupada quando voltou, era claro, Carlos não
iria deixá-lo sozinho. Sainz era seu parceiro de quarto, ele o entendia em partes, era
um mestiço, conhecia tanto o mundo trouxa, quanto o mundo bruxo. Ricciardo se
assustou com a pessoa praticamente deitada do outro lado, pela folga ele não
precisava nem pensar muito.
"Fernando!" Sorriu para o amigo.
"Dani." Estávamos falando de você.
"Bem, é claro. Olá, Carlos." Sorriu para o outro. "Alonso, cadê a sua irmã?
Andei o trem inteiro e não a vi." Fernando deu de ombros, não se importava com ela
mesmo.
"Da última vez, estava esperando o tapado do Stroll na plataforma."
Resmungou.
"Cara, você não pode falar assim das pessoas." Carlos repreendeu o
sonserino.
"Tanto faz." Deu de ombros.
Anna estava com Lance Stroll na primeira cabine do trem, era a preferida
deles, ninguém nunca queria ficar ali, diziam que era a mais barulhenta - não era
mentira -, mas para os dois corvinos, era mais do que suficiente para ter a paz de
não existir pessoas querendo ficar ali porque todas as outras já estavam lotadas.
Lance Stroll era mestiço, seu pai, um bilionário trouxa, sua mãe, uma das bruxas
mais ricas da comunidade, Lawrence era o melhor dos dois mundos. Anna, o amava
profundamente, era o seu melhor amigo, ela gostava de ouvir sobre as coisas que
ele fazia no mundo trouxa, às vezes lamentável um pouco sua posição de puro
sangue e que seus pais não fossem muito adeptos de frequentar aquela realidade.
"Ganhei isso do meu pai, espero que funcione no castelo." Lance acendeu a
pequena tela em sua mão e Anna olhou curiosa.
"O que exatamente é isso?"
"Um celular." Ela esperou uma resposta mais completa. "A gente usa para
enviar mensagens, sabe?" Anna ainda esperava explicações. "Tipo uma coruja, mas
em tempo real, faz outras coisas também, deixa te mostrar." Ele tentou usar o
aparelho, mas não funcionou. "Merda, parece que esse também não funciona aqui.
Desculpa Anna."
"Tudo bem, parece divertido, quando a gente voltar, talvez a gente possa
usá-lo." Disse com esperança.
**
O som no Salão Principal era sempre ensurdecedor, uma verdadeira
algazarra, todos ali pareciam não se encontrarem há anos, bom, uma coruja ou
duas durante as férias não era o suficiente, não é mesmo? Naquele momento, os
estudantes ainda estavam espalhados pelas mesas uns dos outros, era o tempo de
colocar alguns assuntos em dia, pelo menos até que Torger Christian Wolff, diretor
da escola, fosse começar seu discurso. Agora eles se organizavam, cada um na sua
respectiva mesa, junto com os seus, para só depois seguirem para suas comunais.
"Aos novos alunos, bem vindos a Hogwarts." Toto disse depois de um longo
discurso e toda a seleção do chapéu. "Aos velhos, um bom retorno as aulas!" Os
alunos aplaudiram. "Monitores, acompanhem seus diretores e novos companheiros
de casa."
Os quatro diretores de casa se levantaram da grande mesa onde o corpo
docente se compunha. Lewis Hamilton, professor de voo e diretor da Sonserina foi o
primeiro a sair da mesa, seguido por Sebastian Vettel da Corvinal era o responsável
pelas aulas de feitiços, Nico Rosberg, Professor de transfiguração e diretor da
Grifinória, e por último, um dos professores mais querido de toda Hogwarts, Valtteri
Bottas da Lufa-Lufa, de poções. Eles acompanharam seus alunos para suas salas
comunais.
Estava oficialmente aberto o ano letivo em Hogwarts.
2. Nossas comunais

A primeira noite era sempre a mais mal dormida, haviam tantas coisas para
serem conversadas, era natural que eles não dormissem, eles precisavam abordar
todos os assuntos possíveis, sequer parecia que eles teriam um ano inteiro para
conversar. O assunto nas masmorras era a vaga para artilheiro que estava vazia, a
luz esverdeada dava um ar gélido para aquele lugar, o fundo do lago era sempre um
mistério, vez ou outra você podia avistar um sereiano nadando despreocupado ou
simplesmente ser assustado por um deles batendo nos vidros das grandes janelas.
"Vamos Estebinho, por favorzinho!!!" Maria Clara implorava para o amigo.
"Eu sou competitiva, você precisa me dar essa chance."
"A gente já assiste muito bem, você pode ser competitiva na arquibancada."
"Mas… Eu não posso falar por aí que o meu melhor amigo é o melhor
artilheiro de toda Hogwarts!" Ele negou com a cabeça.
"Marie, olha pra mim." Ela revirou os olhos e encarou o garoto. "Você não
pode ter tudo." Ela ia dizer alguma coisa. "Pierre e Charles são os outros dois
artilheiros, e você sabe… E tem a Paula também."
"Esteban, fazem cinco anos, vocês precisam superar isso logo de alguma
maneira." Ela cruzou os braços. "Você pode estar perdendo uma oportunidade por
causa de uma droga de discussão de criança mal resolvida!" Esteban bufou, Marie
nunca aceitou o fim da amizade deles, mesmo que ela tivesse ganho ele para sua
dupla. “Não me olhe com essa cara! Você sabe minha opinião sobre isso.” Marie
ignorou ele por completo.
“Aonde você vai?” Perguntou um pouco receoso com o que poderia virar
aquilo, Esteban não gostava de estar no foco de alguma coisa.
“Oras, falar com quem interessa.” Deu de ombros para o melhor amigo. “O
Alonso.”
“Marie… Eu não quero.” Choramingou.
“Você quer, só está sendo um grande idiota, agora se me der licença, tenho
um assunto para resolver.” Ela andou apressada para o outro lado do salão.
Fernando estava parado próximo a uma das janelas, olhando para a vida
submarina, ao seu lado tinha o goleiro do time que tagarelava sem parar e o
batedor, não estava se importando nem um pouco, ele tinha seus próprios
pensamentos, era seu último ano em Hogwarts, ele sabia que a sua vida seria jogar
Quadribol assim que saísse de lá, seu pai é um grande jogador de Quadribol, sua
família tinha uma tradição interessante no esporte, e ele ainda tinha que lidar com
sua irmã.
“Alonso.” Ele se assustou com a chegada repentina de Maria Clara.
"Sim?" Ele precisou de uns segundos para se lembrar do nome dela. “Em
que posso te ajudar, Xavier?” Fernando além de capitão do time da casa era
também o monitor chefe da Sonserina.
“Quero saber quando você vai começar os testes pro time de Quadribol.” A
boca de Fernando Alonso se abriu em um ‘o’ surpreso com aquilo.
“Decidiu tentar entrar para o time?”
“Claro que não, nunca na vida, sou competitiva demais para estar em
campo e aceitar perder com esses lixos de artilheiros que a gente tem.” Ela revirou
os olhos. “Gasly e Leclerc, sem condições… Käikkönen era o único que prestava,
mas como a gente precisa aprender a lidar com certas frustrações, eu aceitei que
ele terminou a escola.”
“Tá, mas onde você quer chegar com isso?” Estava impaciente.
“Quero saber quando vão ser os testes, já não disse isso?”
“Além disso, você entendeu o que quis dizer.”
“Ah, claro, isso…” Se fez de desentendida. “Quero o Ocon no time.” Sorriu
gentilmente para ele.
“Se ele for bom o suficiente, quem sabe.” Fernando disse categoricamente.
“Não, não. Ele é o melhor, você não tem noção da capacidade que ele tem.
Digamos que ele seja infinitamente melhor que o Stroll.” Alonso tentou segurar o
riso mas não conseguiu. “Sim Alonso, eu sei que o Stroll é batedor, mas foi só um
exemplo, se ele pode jogar, qualquer um pode.”
“Mas nós não somos a Corvinal que qualquer cabeça de bagre pode
montar uma vassoura e sair por aí como jogador.”
“Supera, sua irmã é tão boa quanto você, aceite isso.” Ela sorriu irônica para
ele. “Estebinho vai ser o melhor jogador da Sonserina do último século.” Sorriu
triunfante dessa vez. “Depois do seu pai, é claro.” Ela deu uma pequena puxada de
saco.
Paula estava sentada em um dos largos sofás observando a cena mais
adiante, tentando descobrir o que Maria Clara queria com Fernando, não que fosse
da sua conta. A menina se assustou com a pessoa que pulou ao seu lado, a
cabeleira loira de Pierre o denunciou no instante seguinte quando ele se deitou em
seu colo e a encarou com os olhos azuis vibrantes. Gasly não disse nada, apenas
olhou na mesma direção que ela, ele balançou a cabeça negativamente.
“Para de encarar.”
“Estava vendo os sereianos.” Deu de ombros.
“Não sabia que o Alonso era sereiano.” Provocou.
“Cala a boca.” Resmungou. “Cadê o Charles?” Mudou de assunto
rapidamente.
“Mexendo com as plantas… Não sei como ele conseguiu trazer tudo no
malão.” Pierre estava de olhos fechados agora. “Teu primo é muito estranho, parece
aquelas velhinhas fofoqueiras.”
“Você não?” Paula deu uma pequena risada.
“Sim, mas pelo menos eu não tenho plantas.”
“Mas tem um gato, é quase a mesma coisa.” Como todos os lugares,
Hogwarts também tinha seus boatos, e se alguém precisava saber de alguma coisa,
bastaria procurar por Pierre e Charles, eles não só eram os responsáveis por
compartilhar as informações, como na maioria das vezes, eram eles que iniciavam
alguma das histórias que circulavam pelos corredores do castelo. “Anda, vamos
para a cama, amanhã começamos o dia cedo e ainda vamos pro treino.”
“Vamos?” Pierre gemeu.
“Sim, Fernando quer começar logo a testar o novo artilheiro para fazer trio
com você e Charlinho.” Explicou.
“Como você sabe disso?” Olhou perplexo para ela.
“Tenho minhas fontes.” Ela deu de ombros e se levantou deitando a cabeça
de Pierre no sofá.
**
“Vamos Lance, vamos ser os últimos a chegar!” Anna corria na frente do
amigo.
“Anna, calma, nós fomos os primeiros a sair do Salão Principal, não tem
ninguém lá.” Ele andava um pouco mais atrás, ele não estava realmente a fim de
correr pela escada que levava para a comunal deles, a Torre da Corvinal era alta
demais para correr escada acima.
O grande salão arredondado tinha uma das vistas mais bonitas de todo o
castelo, Anna lamentava por todos os outros que não podiam ver os campos de
Hogwarts daquele ponto. O azul e bronze estavam por todos os lados, no centro
havia um grande globo astronômico, pelas laterais estátuas e quadros, além de
tapetes pesados no chão, era o melhor no castelo.
“Que susto!” Anna disse dando de cara com Sora em uma das
escrivaninhas. “Lance disse que não tinha ninguém aqui.”
“Tudo bem, estavam todos no Salão Principal, acabei não indo pra lá.” Soso
respondeu. “Não estava com paciência para ver aquele show do Chapéu Seletor,
depois de seis anos a gente se cansa um pouco dele.” Os dois deram uma risada
tímida concordando com ela.
“Bom, gosto da comida.” Stroll disse. “Não posso abrir mão disso de
nenhuma forma.” Soso riu.
“Ano que vem, você me manda uma coruja e me conta se ficou lá.” A moça
sorriu para eles. “Lance, vai tentar ser monitor esse ano?”
“Talvez, se tiver a chance." Ele sorriu para ela. "Anna ia adorar."
"Ia mesmo, a gente é uma boa dupla." Concordou.
"Pena que a minha outra metade é sonserina." Soso lamentou. "Mas o que
seria de nós corvinos, sem aquelas pestes?"
"Eu seria mais feliz, não teria meu irmão." Anna soltou uma gargalhada.
"Lance, bom, eu não sei."
"Tanto faz, todas as pessoas são iguais ao meu ver."
**
Carlos e Daniel estavam sentados em suas respectivas camas. Eles
passaram boa parte das férias juntos viajando e aproveitando um pouco das
tecnologias trouxas antes que voltassem para um último ano longe de tudo aquilo.
As famílias deles, haviam ficado amigas, o que facilitava muitas coisas para eles.
"A gente precisa deixar nossa marca nesse castelo." Daniel disse com o
sorriso mais malicioso possível.
"Sem dúvida alguma, é isso que faremos." Carlos concordou com ele com
uma risada animada. "Mas fique sabendo que se a gente for pego, vou te entregar e
deixar que te expulsem sozinho."
"Está bem, eu assumo a culpa sozinho." Daniel disse. "Posso conviver com
isso no mundo trouxa."
"O que você tem em mente?"
"Fogos de artifício no Salão Principal?" Daniel sugeriu.
"Não… já fizeram isso."
"E o que você tem em mente?"
"Deixe-me pensar um pouco."
"Carlos…" O garoto olhou pra ele. "FADAS!" Dani começou a explicar o seu
plano para o amigo.
"Daniel, você é um gênio!! Como faremos isso? Elas são difíceis para
capturar."
"A gente vai precisar estudar isso."
"Dani, a gente não estuda…"
"É uma forma de falar."
3. Balaços, Pomo de Ouro e… Lance Stroll?

Aquele poderia ser um grande dia para muitos sonserinos, mas Esteban
Ocon não queria sequer sair da sua cama, não tinha a mínima motivação para
levantar-se e pegar sua vassoura. Ele ainda mataria Marie por metê-lo em uma
situação como aquela. Tudo bem, ele faria isso nem que fosse para provar pra ela
que ele estava certo quando dizia que era um fracasso naquele esporte.
O time de quadribol estava todo reunido, Alonso estava equilibrado em sua
vassoura enquanto conversava com sua dupla, Pierre, Charles e Paula estavam
chegando na beira do campo e levantaram voo para chegar até onde eles estavam.
Era sempre estranho quando precisavam testar alguém novo, sentiria falta de Kimi
Käikkönen, ele era tão bom. Paula ficou ao lado de Edmund, o outro batedor, agora
faltava apenas Robert, o goleiro.
"Pierre, Charles, vocês vão ser minha linha principal de apoio, Robert, não
dê moleza." Fernando disse encarando cada um dos seus. "Edmund e eu, vamos
trocar os balaços. Paula." Ela sempre se assustava quando ele a chamava. "Você,
bom, se quiser pode soltar o Pomo ou assiste e depois ajuda a gente." Ela
consideraria as opções. "Gasly e Leclerc, vocês terão que ser imparciais,
entendido?" Os dois se olharam cúmplices e concordaram com a cabeça, mesmo
sem entender o que o capitão queria dizer com aquilo.
"Vamos Soso, o Estebinho vai fazer a maior performance nos testes hoje."
Marie tentava arrastar a amiga para o campo de quadribol.
"Não posso, tenho que revisar algumas poções, o Bottinhas está pegando
no meu pé desde o ano passado!" Ela colocou a mão na cintura. "Parece
perseguição."
"Tudo bem, Sora. Seja uma péssima amiga e não apoie seu melhor amigo."
"Marie, não precisa. Quanto menos gente ver minha vergonha, melhor. Bons
estudos Soso, diga ao Bottas que eu amo ele." Esteban disse sorridente, apoiando a
amiga a deixá-lo pra lá e ele realmente gostava de Bottas, era seu professor
favorito.
Ocon não costumava ficar amedrontado por qualquer coisa, mas ele
realmente estava preocupado com aquela situação. Marie colocava muita pressão
nele, tudo bem, ele sabia que era bom, mas não se achava capaz de conseguir uma
vaga, ainda mais porque ele dependeria de Gasly e Leclerc, tudo podia dar errado.
Esteban ouviu atentamente cada uma das palavras ditas por Fernando,
enquanto recebia os olhares surpresos de Pierre e Charles. Para os dois artilheiros
agora fazia sentido as palavras de Alonso sobre serem imparciais. Era uma
briguinha de criança, porque eles nunca haviam resolvido aquilo?
Marie estava certa, Esteban deu um grande show pelos ares, o mestiço era
realmente muito bom e surpreendendo todo mundo, sabia executar bons
movimentos e manobras que alguns artilheiros mais experientes não sabiam. Ocon
assistia sempre que podia aos jogos no castelo ou quando estava em casa, iam em
algum lugar para ver, além de jogar com alguns amigos durante as férias.
"Esteban, você foi sensacional!" Marie o abraçou feliz. "Você foi o melhor,
sério! Não estou falando isso porque sou sua amiga, estou falando porque é
verdade." Ela estava realmente animada.
"Hm, vamos esperar." O tom de voz era baixo. "Não estou confiando, olha
lá, eles estão olhando pra mim e conversando."
"Para de ser paranóico, José Jean-Pierre." Usou o resto do nome de
Esteban.
No meio do campo de quadribol, o time desmontava suas vassouras, todos
se olhando calmamente, eles estavam cansados. Alonso estava esperando que
alguém dissesse algo. Lewis Hamilton adentrava no campo, nenhum deles tinha
notado que o professor de voo tinha visto todo o teste.
"Como diretor da casa e professor de voo posso expressar minha opinião?"
Disse divertido.
"Claro, professor." Fernando disse. "Inclusive vai ser ótimo uma opinião de
um especialista." Lewis Hamilton deu uma risada.
"Especialista e aposentado." Hamilton havia jogado por alguns anos antes
de se tornar professor depois de deixar o esporte. "Gostei muito do que vi, a maioria
tem muito talento." Os seis alunos concordavam com ele.
"Mas?" Pierre estava ansioso, queria saber se teve a mesma perspectiva
que o professor.
"O Ocon foi muito bem." Ele reflete. "Muito bem não, foi excelente, fazem
anos que não vejo alguém se sair bem assim." Alonso estava concordando com o
professor.
"Também achei, crescer nesse meio faz a gente ter um olhar mais crítico."
Fernando passou grande parte do seu tempo acompanhando o pai pelos jogos,
consequentemente com Hamilton também, já que o pai foi companheiro do
professor por alguns anos. "Gasly?"
"Ele sabe muita coisa, concordo com vocês." Pierre deu de ombros, ele não
podia ser hipócrita e negar o talento que ele tinha.
"Leclerc?" Charles queria ser imparcial, mas suspirou.
"Ele foi bem, mas tem muita coisa para melhorar." Tentou colocar um ponto
coerente.
"Sim, assim como todos vocês, inclusive o senhor." Lewis Hamilton disse e
Charles quis se enfiar em um buraco. "Se a minha opinião tiver algum peso, gostaria
muito de ver o Ocon no time." Ele fez uma pausa e se virou para a única garota do
time. "Senhorita Leclerc, quero dar algumas dicas pra você."
"Claro profê, vai ser ótimo." Paula disse animada, gostava quando recebia
dicas do professor, para ela, Lewis era o maior apanhador de todos.

Marie não tinha nenhum medo de entrar nos lugares de forma discreta, não
foi diferente na sala que ficava nas masmorras ao lado da sua sala comunal. Ela
tinha necessidade de falar com Soso sobre a performance de Esteban.
"Soso, você precisava ver o Esteban, sem dúvida ele entrou pro time." Disse
abrindo a porta, não só atraindo o olhar da amiga, como o de Anna que estava
fazendo uma porção qualquer junto com Lance.
"Hm, então esse aí é o cara que nós vamos jogar uns balaços?" Anna disse
de forma provocativa.
"Não é nada oficial, mas sim, é ele mesmo. Esteban Ocon, o maior e o
melhor de todos." Marie disse fazendo com que Anna desse uma leve risada.
"Lance, você precisa ser esse tipo de amigo para mim." Anna reclamou.
"Eu sou assim com você Anna." Ele disse com convicção.
"Acho que vocês se conhecem já, não é?" Soso perguntou e todos
concordaram.
Os cinco ali presentes começaram a conversar animados sobre quadribol.
Anna e Lance, nunca tinham parado para conversar realmente com Maria Clara,
Esteban e Sora, eles perceberam que haviam perdido cinco anos de sua formação
acadêmica onde poderiam ter sido um grupo muito maior, agora Lance Stroll poderia
colocar em seu currículo de influência, "Conhecido Da Filha Do Ministro da Magia",
sua mãe iria adorar saber sobre isso.
Essa era a forma que o destino se encarregou de juntar aqueles cinco. Um
teste de quadribol e uma sala repleta de vidros com ingredientes para poções. Um
novo grupo nascia nas masmorras de Hogwarts.
**
Maria Clara estava mais animada do que o normal naquele dia, era a estreia
de Esteban. Era a estreia de Esteban justamente contra a Grifinória. A copa de
quadribol estava iniciando da melhor maneira possível, ela desejava apenas que o
melhor amigo fizesse muitos pontos e que a Sonserina ganhasse aquela partida. Ela
tinha seu rosto pintado com as cores verde e prata, segurava uma bandeirinha e
usava um chapéu nas mesmas cores, ela estava muito animada naquele momento,
Marie levava a sério a competição. Hoje sua companhia na arquibancada era Soso
que estava igualmente vestida, exceto pelo cachecol corvino que usava, Sora
estava feliz por Esteban, ela nunca havia duvidado dele, elas também contavam
com a presença de Anna e Lance, que obviamente não estavam usando as cores
sonserina, mas seguravam bandeirinhas, eles sempre faziam isso, Anna detestava
o time dos leões, mas se recusava a torcer pelo time onde estava o irmão, sendo
assim, levou sua bandeirinha da Corvinal, Lance é claro, seguiu seu exemplo, ele
ainda não estava louco para contrariá-la.
"Vamos analisar bem os pontos do Esteban, o próximo jogo é contra a
gente." Anna cochichou para Lance que concordou.
"Deixem meu amigo em paz, se não vou mandar meu pai prender vocês!"
Marie adora dizer aquilo, mesmo que fosse mentira, seu pai não podia sair
prendendo as pessoas.
"Sim, Marie." Anna disse distraída já com os olhos postos no meio do
campo. "Uns balaços não vão fazer mal a ninguém." Prosseguiu.
O jogo seguia equilibrado e a disputa pelo Pomo de Ouro estava assídua
entre Paula e Nico Hulkenberg, os dois estavam a centímetros da pequena bolinha
dourada, quem se esticasse mais iria pegar. Um balaço rebatido por Fernando,
acertou em cheio a calda da vassoura de Hulkenberg, fazendo com que ele se
desequilibrasse da vassoura, indo direto para baixo e dando a apanhadora da
Sonserina uma vantagem, a garota triscou o dedo nela, mas naquele momento não
conseguiu apanhar a bolinha.
"Pega essa porra, Leclerc!" Fernando gritou.
"Vai cuidar das suas bolas!" Ela berrou de volta. Alonso rebate um vinha na
direção dela.
"Estou cuidando, querida." E saiu para longe e Paula disparou atrás de sua
bola.
O balaço que Fernando estava viajando para a outra metade do campo
onde os quatro amigos viam o jogo atentos a cada lance e alheios aos gritos entre
os jogadores. Anna e Soso estavam animadas falando sobre um livro que tinham
encontrado na biblioteca sobre feitiços úteis e que não eram passados nas aulas de
Vettel. Lance tinha os olhos cravados no jogo, assim como Marie que vez ou outra o
apertava por causa do nervosismo dos gols perdidos dos artilheiros do seu time e
droga, porque Paula não pegava logo a droga do Pomo de Ouro!?
Tudo aconteceu muito rápido, o balaço de Fernando tinha sido desviado
pelo batedor rival e ia para a arquibancada, nenhum outro batedor ia chegar a
tempo de rebater para dentro do campo novamente. Foi puro reflexo de Stroll, ele
embalou Maria Clara com seu corpo e sacou a varinha, conjurando um Protego,
afastando o balaço deles.
"Lance, o que aconteceu?" Anna ficou um pouco assustada com o grito que
ele deu ao conjurar o feitiço.
"O balaço, ia acertar em cheio a Marie."
"Eu ia morrer!!!"
"Morrer não, no máximo ficar com um ou outro osso quebrado." Soso diz
calmamente.
"Por isso que o Lance é ótimo em campo, ninguém conseguiria pensar
rápido assim, exceto eu se estivesse prestando atenção." Lance revirou os olhos
para ela.
"Leclerc acaba de capturar o Pomo de Ouro, encerrando o jogo!"
Anunciaram e automaticamente Marie começa a pular na arquibancada. "Sonserina
230 pontos!! Grifinória 90 pontos." Marie começou a gritar que virar era muito
melhor.
Esteban estava feliz com seus números, para um primeiro jogo ter feito
trinta pontos era mais do que suficiente, Charles havia feito vinte e Pierre outros
trinta. Ele não tinha do que reclamar.

A comunal estava uma algazarra, como era de se esperar após o jogo,


Esteban estava assustado com a quantidade de parabéns que estava recebendo,
era estranho estar em foco, ele não sabia muito bem como reagir a essas coisas,
mas estava feliz. Enquanto ele recebia cada cumprimento, Marie lhe dizia repetidas
vezes o que havia acontecido com Lance Stroll e ela, definitivamente a garota
estava impressionada.
"Estebinho, eu ia morrer!!" Ela disse pela milésima vez.
"Marie, eu já entendi, ele salvou sua vida."
"Mas você não está entendendo, Esteban, quem conseguiria fazer isso!?"
"Marie, escuta. Você ficou impressionada, é normal." Ela o deixou ali
sozinho e foi observar o lado de fora das janelas.
Um pouco mais adiante, Paula conversava com Lewis, estava agradecendo
a ele pelas dicas, foi uma sorte que ela tivesse pego aquele Pomo, se Hamilton não
tivesse ensinado uma técnica para ficar melhor equilibrada na vassoura, eles
provavelmente ainda estariam voando pelo campo.
"Foi uma boa performance, Paula." Lewis bateu em seu ombro de leve.
"Obrigada professor, não teria conseguido sem aquela dica." Disse
animada.
"Leclerc, posso falar com você um minutinho?" Inferno, ela sempre se
assustava quando Fernando a chamava. Lewis se afastou discretamente.
"Pode." Ela se virou para ele, não o olhando nos olhos.
"Não queria ter gritado com você aquela hora, mas você saber a gente
perde a linha as vezes, me desculpa."
"Não precisa se desculpar, você tem direito de ficar nervoso com a gente, no
final deu tudo certo." Ela sorriu tímida, sentindo o coração disparado. "Eu te mandei
cuidar das suas bolas, acho que estamos empatados." Fernando concordou rindo
um pouco.
Aquela noite o dormitório feminino da Sonserina estava com um clima
diferente, Maria Clara não conseguia parar de repetir em sua mente a forma como
Lance Stroll a abraçou e afastou o perigo, o cheiro dele que ainda parecia
prevalecer em seu nariz, não era nada que ela já tivesse sentido antes, talvez fosse
algum cheiro comum do mundo trouxa, ela não sabia, mas combinava com ele.
Alguns quartos à frente, Paula pensava na breve conversa que teve com Fernando,
ele riu de algo que ela falou!
4. Lufanos e Sonserinos, pode. Corvinos? Também.

O tempo em Hogwarts passava rápido, um mês e meio já havia ido embora,


as aulas consumiam grande parte da agenda de todos ali, aqueles que ainda tinham
o time de quadribol ou qualquer outro clube, ficava ainda mais sem tempo, além de
tudo cada um tinha seus próprios objetivos para aquele ano. Anna e Lance haviam
oficialmente se juntado com Sora, Maria Clara e Esteban, agora o quinteto andava
por aí sempre que podiam, a biblioteca era o lugar favorito deles, afinal, os corvinos
eram grandes entusiastas dos estudos e acabavam puxando os dois sonserinos,
que apesar de gostarem de estudar, não eram tão assíduos quanto os outros três,
Anna, Esteban e Lance estavam sempre pensando em uma maneira de treinar um
pouco de quadribol, era fácil vê-los também voando fora de suas aulas sobre e
longe dos treinos, afinal, quase nunca conseguiam de fato treinar jogadas, tanto por
suas posições, quanto por serem se casas diferentes. Um bom treino de quadribol,
era quando duas casas se juntavam para um pequeno jogo, mas definitivamente a
capitã da Corvinal, jamais pediria para o capitão da Sonserina um jogo daquele
nível, ambos eram muito competitivos.
Paula, Charles e Pierre estavam sentados no pátio jogando carteado,
alheios a qualquer coisa, era sábado a tarde e se não podiam ir para Hogsmeade
era uma perda de tempo, principalmente por não ter cerveja amanteigada no castelo
e eles precisarem se contentar com suco de abóbora e alguma poção estranha com
um gosto duvidoso que Pierre havia feito ilegalmente com as plantas que Charles
cultivava em seu quarto. Os pais deles não podiam sequer sonhar no motivo de
tanto um quanto gostarem tanto assim das plantinhas de Charles e interesse
gigante de Gasly por poções. O jovem Leclerc era um bom contrabandista de coisas
ilícitas no castelo. Foi inocência deles acharem que o riso descontrolado deles
passaria despercebido por ali, principalmente quando Anna estava por ali.
“O que vocês tão fazendo?” Perguntou semicerrando os olhos para eles,
sabia que sempre vinha confusão da parte deles.
“Jogando cartas e tomando suco de abóbora.” Pierre respondeu tentando
deixar o rosto sério. “Não lhe parece óbvio?"
“Rindo feito quem está sob efeitos de poção da euforia?” Aquelas palavras
viraram uma chave em sua mente, ela conhecia bem a fama de Leclerc sobre fazer
coisas que não eram permitidas nas dependências de Hogwarts. “Vocês sabem que
isso é proibido, não sabem?” Os três se olharam e começaram a rir
descontroladamente. “O que eu vou fazer com vocês?”
“A gente só está terrivelmente feliz, oras.” Charles disse com cuidado. “Por
acaso é um motivo para ir para Azkaban?"
“Não, mas usar poções assim é passível de expulsão.” Anna explicou.
“Vocês querem ser expulsos?” Ela respirou fundo.
“Qual é, pega leve com a gente, finge que não viu a gente.” Paula pediu
para ela. “Mau comportamento tira a gente do time, o time não pode ficar sem
metade dos jogadores assim do nada.”
“Então você está entregando que realmente estão chapados?” Paula deu de
ombros, sua boca ainda lhe prejudicaria em algum momento.
“Talvez…” A garota voltou a rir.
“O que eu faço com vocês?” Ela já havia conjurado um pedaço de
pergaminho e sua pena para notificar. “Não posso prejudicar assim o meu rival,
apesar de querer que meu irmão se foda muito.” Sussurrou baixo demais para que o
trio ouvisse. “Vou levar vocês pra comunal e torçam para eu não mudar de ideia e
entregar vocês para o Professor Hamilton.” Um sorrisinho brotou nos lábios dela.
“Por hora vou tirar cinco pontos de cada um e colocar vocês na deteção amanhã.”
Anna poderia mesmo ter acabado com metade do time de quadribol
sonserino, mas não o fez, por dois motivos. Primeiro, queria ganhar aquele
campeonato de forma justa, e, em segundo lugar, Esteban ficaria triste, ele estava
feliz agora que tinha entrado no time e ela não queria que ele ficasse triste. Anna
era assim, ela gostava de ver as pessoas ao seu redor bem, exceto seu irmão, ele
era fora da sua linha de bondade.
**
A detenção era um saco, era o pior de tudo, teriam que passar o dia inteiro
tirando sujeira dos caldeirões da aula de poção, SEM MAGIA! Aquilo demoraria
muito, o trio já entrou na sala de Sebastian Vettel sem nenhuma animação, eles
iriam perder um grande dia, independente do que eles não tivessem planejado para
aquele dia, qualquer coisa era melhor que aquilo. O trio se surpreendeu quando
encontraram Daniel Ricciardo e Carlos Sainz em uma das bancadas já realizando
uma parte da tarefa. Os dois sorriram para o trio.
“Primeira vez por aqui?” Ricciardo diz rindo.
“Infelizmente.” Paula suspirou.
“Qual o crime de vocês? Nunca vi nada de errado com vocês…” Sainz
comentou com o cenho franzido.
“A gente meio que…” Charles começou a falar.
“Fomos pego fora do castelo depois do toque de recolher.” Paula disse
rapidamente antes que Charles abrisse a boca sobre o verdadeiro motivo.
“Que chato, nem pra ser empolgante…” Ricciardo disse com cara de tédio.
“A gente colocou fogo nas vestes do Hulkenberg e do Schumacher.” Os cinco
explodiram em risos, não era segredo para ninguém que Daniel tinha uma pequena
desavença com os dois. “Acho que vale a pena perder o treino de quadribol hoje…”
“A GENTE É MUITO BURRO!” Pierre gritou.
“O Fernando vai matar a gente.” Paula disse derrotada, ela não dava uma
dentro quando precisava ser responsável.
“De qualquer forma, o treino de vocês estaria cancelado, um terço do time
lufano está de detenção.” Ele deu de ombros como se aquilo não fosse realmente
importante. “Quem mandou vocês pra cá?”
“A monitora da Corvinal, a do nosso ano.” Charles disse.
“Ah, a Anna pega pesado com todo mundo.” Carlos sorriu. “Estamos aqui
por ela também.”
Eles estavam conversando animados enquanto tentavam tirar as crostas do
fundo dos caldeirões, a hora parecia não passar, Daniel era engraçado e Carlos não
estava muito longe deles, era uma boa forma de iniciar uma amizade e bom,
Fernando era o último integrante do grupinho deles. Poderia ser um novo grupo
interessante de ser pelos corredores do colégio.
Anna parou na porta da sala de poções e olhou os cinco ali, ela achou
engraçado e bem merecido que Pierre e Charles estivessem ali, por tudo que eles
tinham feito com Esteban, mesmo que ela não conversasse com ele na ocasião. A
garota não precisou olhar para trás para saber quem estava vindo em sua direção e
a julgar pelo barulho, enfurecido.
“Sabia que isso tinha dedo seu!” Bradou com raiva.
“Do que você está falando, seu lunático?” Ela perguntou sem entender
nada.
“VOCÊ ESTÁ SABOTANDO O MEU TREINO!” O rosto dele estava
vermelho de raiva.
“Primeiramente, não sabia que você tinha treino, segundo, porque você não
está no campo então?”
“PORQUE VOCÊ DETEVE MINHA APANHADORA, MEUS ARTILHEIROS!!”
“Você poderia parar de gritar?” Ela pediu.
“NÃO! E PARA COROAR, VOCÊ COLOCOU O OUTRO APANHADOR E O
GOLEIRO NA DETENÇÃO TAMBÉM.” Ele tinha os olhos esbugalhados ainda.
“Vamos aos fatos, estou salvando a merda do seu time. Sabe porque os
seus jogadores estão aqui? Não né? Sabe porque? Porque eu menti.”
“Vou tirá-los daqui agora.” Fernando disse com convicção.
“Fique à vontade. Apenas pergunte para eles o porque vieram aqui.”
Fernando resmungou alguma coisa. “Você está me devendo uma maninho." Seu
tom era irônico.
**
Havia se passado uma semana desde aquele incidente com os primos
Leclerc e Pierre, a detenção e aquele treino ajudaram a firmar o começo de uma
amizade que poderia se tornar ainda mais profunda, apesar do outro trio estar de
saída no início do verão, laços de amizade bem estabelecidos perduraram por muito
tempo. O quadribol tinha esse poder.
“Vamos comigo Charles, eu preciso realmente ir nessa monitoria.” Paula
pediu ao primo.
“Quero saber por qual motivo específico você quer ir pra esse negócio de
feitiços, você é boa, Professor Vettel sempre te elogia.” Ele respirou fundo.
“Tudo bem, fique aí com o Pierre, divirtam-se e tentem não ser pegos pela
Anna.” Ela deu uma leve risadinha e saiu.
Ela sabia que o primo estava certo, não precisava daquele “reforço”, mas
quando ela viu na lista ‘Alonso’, não precisou pensar duas vezes antes de se
programar para participar daquilo. Mesmo que ela achasse estranha a matéria, pois
nunca tinha visto o garoto estudando feitiços, sempre que o encontrava na biblioteca
ou com um livro sentado na comunal, estava lendo sobre Aritmancia, ela achava
engraçado justamente por sua matéria favorita ser Astronomia e Adivinhação, ela
poderia usar esse ponto para conversarem em algum momento. Era estranho a
forma que ela sentia as mãos tremerem. Ela já não passava parte dos finais de
semana com ele, qual era a real necessidade de se sentir assim. De todo modo, ela
precisava estudar alguns feitiços mais elaborados.
Ela entrou na sala animada, não tinha ninguém, ela não avistou Fernando,
havia apenas uma garota no canto, bom, talvez ela estivesse esperando por ele.
Anna percebeu a movimentação na porta e se virou, bem, Paula era a última pessoa
que ela esperava encontrar ali.
“Está esperando o Alonso também?” Paula perguntou.
“O que?” Anna ficou confusa.
“Pra aula, eu quis dizer.” Anna gargalhou.
“Não é o Fernando, de onde você tirou isso?”
“Estava no papel, Alonso. Pensei que era ele, não você…”
“Olha, sinceramente, ele não sabe nem pegar na varinha direito, imagina se
ele tem capacidade intelectual para ensinar alguém. No máximo aquela porcaria
numérica que ele gosta.” Revirou os olhos.
“Ei! As artes de adivinhação são maravilhosas!” Paula defendeu as coisas
que gostava.
“Respeito seu ponto de vista, mas não concordo. Mas se você veio atrás
dele, sinto muito.” Anna já havia sacado que a garota tinha uma pequena queda
pelo seu irmão e não era de agora.
“Não tudo bem, realmente preciso de ajuda com algumas coisas.” A
decepção estava aparente no rosto dela. “Pode ser importante fazer essa
monitoria.”
“Por onde podemos começar?” A corvina perguntou.
“Que tal por esse feitiço de extensão da última aula?” Sugeriu.
“Me parece uma boa.” Anna estava animada em começar a dividir seus
conhecimentos com alguém que não fosse Lance e agora eventualmente Marie e
Esteban.
As duas passaram boa parte da tarde realmente estudando sobre aquele
encantamento, e vez ou outra em algum outro assunto de menor relevância, Anna
não fazia ideia que tinha tantos pontos em comum com a garota sonserina. Elas
poderiam ser amigas no futuro, é claro, desde que ela provasse que era de
confiança.
“Ei, Anna.” Esperou que a outra olhasse. “Obrigada por hoje. E
principalmente pela semana passada, a gente ia se foder muito.”
“Só tomem mais cuidado, se fosse o Hulk, ele ia adorar foder a vida de
vocês, mas gosto das coisas justas.” Anna disse cordialmente.
“Obrigada, de verdade. Vamos tomar mais cuidado da próxima vez.”
“Espero que não tenha uma próxima vez, senão, serei obrigada a entregar
vocês para o Professor Hamilton e talvez o Diretor Toto.”
“Certo, teremos cuidado.” Ela deu uma leve piscadinha com o olho
esquerdo, um pequeno costume entre os Leclerc quando eles queriam afirmar
alguma coisa.
Se as dependências do castelo eram grandes, estariam se tornando
pequenas, quando você junta grupos distintos, você pode esperar qualquer coisa,
principalmente quando se tinha uma mente criativa como Daniel em sua equipe.
5. Fadas, fadas e mais fadas.

Daniel tinha um propósito e ele precisa alcançar, ele tinha prometido a


Carlos que eles fariam algo memorável, e para isso ele precisava estudar. Ricciardo,
não sabia estudar, mas ele tentaria. Era o final da tarde para o início da noite
quando ele rumou para a biblioteca, aquele monte de livros e pó não eram o seu
lugar favorito, lembrava tanto a biblioteca de Perth quando ele ia com sua mãe até
lá, apesar dos encantos, a biblioteca de Hogwarts era um pouco reconfortante,
lembrava tanto a sua casa.
O garoto pegou todos os livros possíveis que ele achava que poderia ter
alguma coisa sobre fadas, ele suspirou pesado jogando os livros sobre a mesa,
agradeceu mentalmente pela bibliotecária não estar lá, senão ela com certeza já
estaria brigando com ele pelo simples fato de Daniel estar respirando por ali, ele
sabia que não era o melhor exemplo ali dentro.
Bom, mas quando o diabo não está, ele deixa a secretária. Sora não era
ruim, Dani gostava dela e ainda a achava a maior gata, mas ela parecia 100%
inacessível para ele, principalmente porque, bom, ele era ele e Soso era muito séria.
Soso, estava observando Dani de longe, ela fingia que estava lendo qualquer coisa,
aquele livro, ela nem mesmo sabia qual o título, só não queria ser pega olhando
para ele, seria muito constrangedor apesar dela se considerar muito aberta.
Ricciardo queria socar sua cabeça na mesa, como as pessoas podiam
mesmo gostar de ler? Era tão chato e entediante. Tudo bem, ele faria isso por
Carlos, e pela diversão de toda uma escola. Mas pelo menos, ele podia uma vez ou
outra prestar atenção da corvina que parecia muito entretida naquela leitura, ele só
não sabia o motivo dela estar lendo o livro de ponta cabeça. Tudo bem, ela devia
ser realmente muito esperta. Por outro lado, a garota estava achando fofa a maneira
esquisita que ele estava tentando estudar o que quer que fosse, mas ele era
extremamente desorganizado, virava as folhas de qualquer jeito e se continuasse
daquela maneira, em algum momento rasgaria um daqueles livros e arrumaria um
grande problema.
Às vezes as coisas eram muito mais fortes que Dani e ele não conseguia
resistir ao seus impulsos, ele não era conhecido por ser uma pessoa muito sensata,
mas tudo bem, se algo desse errado ele riria e diria que era uma brincadeira. Se
desse certo, ele teria que descobrir o que viria a seguir.
“Psiu, Sora?” Chamou ela.
“Sim?” Ela se levantou fechando o livro.
“Você pode me ajudar aqui rapidinho?” Ela se aproximou.
“Será que tem algum outro livro que fale sobre fadas? Esses daqui, não tem
nada que eu ache relevante.” Ela olhou os livros abertos, ele já tinha pego todos,
mas aparentemente estava olhando nos lugares errados.
“Já estão todos aí. Mas posso te ajudar se você me disser o que precisa.”
Soso sentia a tensão entre eles, como que ela nunca reparou em Ricciardo daquela
maneira? Que inferno!
“Você é cardiologista?”
“Oi?” Soso piscou os olhos curiosamente para ele, nunca tinha ouvido
aquela palavra.
“Cardiologista, sabe? Tipo…” Como assim ela não sabia o que era um
cardiologista!?
"Tipo???" Ela o estava julgando? Daniel sorriu para ela, bom, ele precisava
fazer alguma coisa. Soso odiava - amar - aquele sorriso.
"Você é cardiologista?" Ele disse novamente e engatou rapidamente a
continuação. "Porque mexeu com meu coração."
Aconteceu tudo muito depressa, quando soso percebeu, Dani estava
colando os lábios nos dela, ela prendeu a respiração rapidamente, definitivamente
não esperava por algo daquele tipo. Ela retribuiu, aquele não era o seu primeiro
beijo, mas era diferente de todos os outros era como se milhares de Diabretes
estivessem soltos em sua cabeça, em seu estômago, desde quando podia
acontecer esse tipo de coisa? Daniel estava nervoso, ele achou que poderia receber
um tapa mas ela o correspondeu.
SIMPLESMENTE SOSO O CORRESPONDEU.
"O que você sabe sobre fadas? E quando podemos fazer isso novamente?"
Daniel perguntou sorrindo e dando uma piscadinha quando eles se separaram
ofegantes.
"Eu sei algumas coisas sobre fadas." Ela se levanta rápido demais para
Daniel acompanhar o movimento. "Quando você conseguir me pegar."
Soso começou a correr pelo longo corredor da biblioteca dando risada.
Aquilo seria um grande jogo para ela. Daniel não se considerava um grande
corredor, mas ele tinha a perna um pouco maior que a dela, teria que ser uma
vantagem. Soso era rápida demais para ele, ela não havia dito a ninguém, mas
correr era uma das coisas que ela mais gostava, ela queria jogar aquele jogo com
ele. Daniel podia não ser o mais inteligente entre os alunos, mas com certeza ele
pensava rápido, ele cortou pelo corredor do meio e pegou Soso de frente
encaixando num abraço apertado, levando suas mãos para a cintura dela e a
encarou sorrindo.
"Consegui e agora?" Ele sorriu animado com aquela ideia.
"Você me beija de novo, idiota." Ela lança seus braços ao redor do pescoço
dele, colando seus lábios de maneira menos urgente.
Aquilo não era Daniel, não naquele momento, ele sentia seu corpo ferver,
ele estava um pouco desesperado. Há quanto tempo ele queria aquilo? Ele virou
Soso prendendo-a contra uma das estantes, ela gemeu nos lábios dele.
"Ricciardo…" Foi só o que ela disse. "Nós…"
"Não deveríamos fazer isso… Sim, eu sei. Você quer parar?" Ela o beijou
novamente, dando sua resposta.
"Esse vai ser o nosso segredo." Confidenciou a ele. "Vamos, Dani, a gente
precisa arrumar os livros e você largou na mesa."
"Ficar com você parece muito mais interessante…" Ele a empurra um pouco
mais.
"Mas não podemos ficar fazendo isso aqui. Tenha um pouco de noção, por
favor."
"Vou te esperar na torre do relógio." Ele diz se afastando.
"Às 17h." Ela sorriu maliciosa. "É quando saio daqui."

Carlos olhava para Daniel, já estava ficando nervoso, Ricciardo ficava


ansioso e isso irritava Sainz. Se Dani desse um passo a mais, ele definitivamente
lançaria algum tipo de azaração no companheiro.
"Dani, pelo amor de Deus! Senta a porra da sua bunda nessa cama!"
"Carlos, me deixa." Bufou.
"Não sei porque você está assim, é apenas uma garota…"
"Não, não é! É a garota mais gata e inteligente do castelo." Ele suspirou. "E
além de tudo eu gosto dela. Você não entenderia, você nunca se apaixonou."
"É você quem está dizendo." Aquilo pareceu interessante aos ouvidos
curiosos de Daniel.
"E por acaso você já se apaixonou, Sainz?"
"Todo mundo já se apaixonou." Deu de ombros.
"Seu grande filho da puta! Como você não me contou isso?"
"Pensei que era óbvio." Dani aguardou ele continuou. "Agora não tem mais
nenhuma relevância, já passou mesmo." Óbvio que o amigo não comprou aquela
ideia absurda.
"Você é um péssimo mentiroso, Carlos. Mas tudo bem, vou respeitar o fato
de você não querer me contar."
"Não adianta fazer chantagem emocional, não tem relevância."
"Alonso sabe?" Carlos revirou os olhos. "Está bem, vou esquecer esse
assunto." Ele se virou para a porta. "Eu tenho um encontro, com licença." Ele disse
debochado.

Soso chegou antes de Ricciardo, ela não entendeu o motivo pelo qual
estava fazendo aquilo, fazia anos que ela o achava um idiota completo, ele só sabia
atrapalhar suas aulas favoritas, como que no momento seguinte ela podia estar
correndo pela biblioteca? Tanto fazia, ela sempre quis sentir aquilo, e, Daniel idiota
daquele jeito com aquele sorriso idiota a fez sentir aquilo. Era tudo idiota. Ela sentiu
um pequeno tranco em seu corpo a fazendo girar instantaneamente, ela não
precisava olhar, apenas esperou pelo beijo, dessa vez foi tranquilo, ela gostou. Eles
sorriram um para o outro carinhosamente, ela não sabia explicar o real motivo de se
sentir tão segura, mas estava.
Daniel a olhava com ternura como se fosse a coisa mais preciosa que ele
conhecesse e talvez, realmente fosse. Ele sentia seu coração derretendo apenas
por tê-la ali, em seus braços e agora… eles estavam ali, sendo um para o outro algo
livre de expectativas, apenas Soso e Daniel, Daniel e Soso.
"Tenho certeza que você me deu uma poção do amor, não tem outra
explicação." Ela disse encarando os olhos dele.
"Ou você simplesmente não resistiu a todo esse meu charme." Daniel sorriu
largamente, mandou um pequeno beijo em sua direção e piscou o olho esquerdo.
Soso sentiu seu corpo ficar bambo com aquilo.
"Ainda acho que estou enfeitiçada. Vou pedir para o Bottas um antídoto para
isso, se não funcionar, aposto que Vettel tem um contra feitiço que resolva. Mas
enquanto isso, pare de falar e me beije."
"Só mais uma coisa, Soso." Ela olhou para ele. "Se nada disso funcionar?"
"Simplesmente aceitarei o meu destino cruel de ter que beijar você." Eles
riram da forma dramática como ela disse aquilo.

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