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Faculdade Municipal de Palhoça

Curso: Pedagogia
Disciplina: Letramento e Infância
Acadêmico: Jonathan Thiago Legovski Fase: 4ª

Fichamento e observações

Resumo do artigo segundo a autora:

É recente o interesse de pesquisadores pelo estudo sobre a história da alfabetização,


segundo Maciel (2008). A temática apresentada para este breve estudo, tem como
objetivo conhecer ao longo do processo histórico, como se apresenta a preocupação pelo
ensino das primeiras letras na história da alfabetização no Brasil, e após o processo de
universalização da escola, a alfabetização através dos métodos de ensino e a introdução
dos estudos da Psicogênese no Brasil, no final do século XX, enfatizando a influência
da teoria no ensino da alfabetização no país. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, de
cunho historiográfico. O período é justificado por tratar-se de um estudo inicial o qual
deve ter continuidade, entendendo-se que no cenário da História da Educação brasileira,
foram grandes as transformações ocorridas ao longo dos séculos até os dias atuais,
momentos em que ocorreram grandes reformas no cenário da educação brasileira, no
contexto da alfabetização e as discussões entre o tradicional e o moderno persistem até
os dias atuais. Através do estudo historiográfico, observa-se, como em momentos
diferentes da História, vão se configurando novas forma de ensino da leitura e da escrita,
que há uma grande transformação no pensamento sobre o início do processo de
escolarização, conhecido a partir do século XX como alfabetização, sendo esta
influenciada por diferentes métodos e diferentes teorias ao longo do tempo.

CAVALCANTE, Juliana Brito de Araújo. História da alfabetização do Brasil: do


ensino das primeiras letras à psicogênese língua escrita. 2015. 12 f. UESPI, São
Raimundo Nonato-PI, 2015.

Citação 1

“Analisando o período histórico do Brasil, a partir da colonização, no século XVI, com


a vinda dos jesuítas em 1549, percebemos que nesse período, inicia-se no Brasil o
processo de alfabetização, ou seja, o ensino de primeiras letras, dos nativos e dos filhos
dos colonos. Com a educação jesuítica, a preocupação era estabelecer escolas e ensinar
as crianças a ler, escrever, a contar e a cantar.
Segundo Azevedo (1976), quinze dias depois de chegarem os jesuítas, já funcionava
uma escola de ler e escrever, início daquela sua política de instrução, que eles haviam
de manter inalterável através dos séculos de abrir sempre uma escola onde quer que se
erigissem uma igreja.
Nesse sentido, o objetivo da alfabetização dos jesuítas era cateczar os índios e promover
o processo de aculturação dos mesmos, incutindo sobre estes a cultura européia e a
religião cristã. Estes tiveram o monopólio da educação colonial durante 210 anos,
difundindo a fé entre os pagãos através da alfabetização.” (p.4).
Comentário sobre a citação

Parece-me oportuno recordar alguns dados que foram ocultados (aqui não julgo se esta
ação foi ou não deliberadamente executada) naquilo que se refere ao período anterior à
chegada dos Jesuítas.

A Companhia de Jesus, fundada por Íñigo López de Loyola em 1534 e reconhecida em


1540 segundo o Direito Canônico vigente naquele período. Diferente de outras
congregações que tinham seu ideal arraigado em fundadores monásticos, os Jesuítas
ganham importante missão. Desde o início de sua existência, a Companhia de Jesus
sempre se caracterizou pela intensa atividade missionária e apostólica, de modo que
foram enviados para inúmeras regiões com a finalidade de evangelizar.

Ainda que a Companhia tenha surgido após o término da Idade Média, muitos foram os
resquícios daquele período que influenciaram a sociedade do século XVI. Sabendo dos
inúmeros “tentáculos” que esta análise poderia criar, dirijo minha análise naquilo que
toca o ambiento educacional.

C. Stephen Jaeger (2019) ao se referir sobre a falta de documentos que explicitassem


métodos e práticas do contexto educacional próprio da Idade Média, traça o comparativo
de que ao analisar este período da história da educação, somos tal qual um observador
a espiar o interior de um grande jardim por uma pequena abertura mal localizada num
portão. Mesmo diante de uma difícil pesquisa histórica, Jaeger produz um brilhante guia
sobre a educação do baixo Medievo, ressaltando a existência das escolas paroquias e
escolas catedrais – as quais, posteriormente dariam origem ao sistema universitário.

Não obstante, Ruy Afonso da Costa Nunes, historiador brasileiro, ao dedicar seus
esforços acadêmicos na produção de uma coletânea histórica sobre a história da
educação (desde a Antiguidade Cristã ao Século XVII), versa, por exemplo, sobre os
objetivos e a essência das concepções educacionais que imperaram durante a Idade
Média e o Renascimento, fazendo alusão às Artes Liberais, a crise educacional do fim
da Idade Média e abordando as concepções que prevaleceram no Renascimento ao citar
educadores dos períodos já mencionados.

Dito isto, é possível perceber que origem da Companhia de Jesus contém um plano de
fundo complexo e culturalmente rico, uma vez que “nascida” um século após o fim da
Idade Média, ainda era possível “respirar” resquícios da influência não só cristã, mas
também da própria filosofia grega e das bases do direito romano (fonte de onde
nasceram outros tantos “contratos” civis e noções de direito). A Companhia de Jesus se
constituiu não só como grande missionária, mas também soube abarcar as noções sobre
educação disponível naquele momento histórico.

De tal modo, ao chegar no Brasil, este era o ímpeto da Companhia de Jesus: evangelizar
(ou catequizar, como queiram) e educar. Eis o ponto no qual possuo divergência com a
autora: a falta de referências histórias ao início do artigo, passa-nos a impressão de que
os Jesuítas estavam somente dedicados em catequizar; se educassem, seria para o fim
apologético. Creio que isto seja um reducionismo haja visto que anos após, a própria
Companhia estabelece um método que em certa medida se mostrou eficiente: Ratio
atque Institutio Studiorum Societatis Iesu (popular Ratio Studiorum).
No desenvolvimento da educação moderna o Ratio Studiorum ou Plano de Estudos da
Companhia de Jesus desempenha um papel cuja importância não é permitido
desconhecer ou menosprezar. Historicamente, foi por esse Código de ensino que se
pautou a orga-nização e a atividade dos numerosos colégios que a Companhia de Jesus
fundou e dirigiu durante cerca de dois séculos, em toda a Terra.

O Padre jesuíta Leonel Franca, em 1952 escreve o livro intitulado “O Método


Pedagógico dos Jesuítas (O Ratio Studiorum)” e oferece-nos uma longa introdução ao
Plano de Estudos da Companhia, expondo suas fontes e o processo de sua elaboração
— pautado sempre na experiência concreta — e explica a sua metodologia.

Evidentemente não pretendo fazer uma defesa apaixonada do Método Jesuítico – o qual
certamente contém pontos a serem revistos, e que de certo modo já foram abordados em
outras obras – mas estou convencido de que uma síntese histórica deveria acompanhar
a exposição da autora. Tal atitude teria enriquecido o debate.

BIBLIOGRAFIA

JAEGER, C. Stephen. A inveja dos anjos: as escolas catedrais e os ideais sociais na


Europa medieval (950-1200). Campinas - Sp: Kirion, 2019. 600 p.

NUNES, Ruy Afonso da Costa. História da Educação na Idade Média. Campinas -


Sp: Kirion, 2018. 395 p.

NUNES, Ruy Afonso da Costa. História da Educação no Renascimento. Campinas -


Sp: Kirion, 2018. 318 p.

Citação 2

“A história da alfabetização no Brasil concentra-se no registro sobre os altos índices


de analfabetismo, no fracasso escolar nos primeiros anos de escolarização, além de
focalizar a avaliação dos métodos de ensino da leitura e da escrita. Neste entorno,
conforme Mortatti (2000), o transcurso da história da alfabetização é marcado por
disputas entre os métodos tradicionais e os modernos, enfatizados pelas orientações
metodológicas para o ensino da leitura e da escrita no combate ao analfabetismo.” (p.5).

Comentário sobre a citação

Os constantes embates sobre métodos e ideologias no campo educacional, pareceram


imperar, nos últimos períodos históricos, sobre a real necessidade de educar e as
finalidades que a educação deve alcançar. Se a educação de fato liberta – e realmente
liberta – seria conveniente livrar-se das amarras e das pechas que recaem sobre métodos
e intelectuais, de modo que o livre ensino possa fazer ao indivíduo conhecer suas próprias
percepções – e não aquelas plantadas por A ou B.

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