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Graduação em Pedagogia

Disciplina: Planejamento
Educacional
Fase: 4ª
Professora: Cris Regina Gambeta Junckes
Acadêmicas/o: Daniela Boneli Da Silva, Jonathan Thiago Legovski e Maytê Ariana da Silva

CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS


NA BASE CURRICULAR DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE PALHOÇA

Pensar a educação é uma tarefa árdua e exigente, uma vez que a compreensão e os
métodos aplicados irão influenciar a história concreta de cada pessoa envolvida no processo.
Tenhamos como fundamento geral, em síntese, o seguinte princípio: a ação educacional tem
por objetivo, libertar o indivíduo das amarras da ignorância e de tantos outros algozes
(intelectuais e sociais), auxiliando na sua formação humana integral e o cultivo de princípios
fraternos e não somente tecnocráticos.
Contudo, sabemos que este princípio acima citado é acompanhado da flexibilidade
dinâmica que um determinado contexto pode submetê-lo. Ora, não há, certamente, contexto
mais diversificado que a Educação de Jovens e Adultos (EJA), haja visto que sua natureza se
encontra em possibilitar a formação educacional de jovens e adultos que por motivos variados
não concluíram este processo, ou mesmo o tenham iniciado.
Cremos que a pergunta que deve ser feita para analisar a EJA, principalmente no
contexto local (município de Palhoça-SC), é: o que a educação poderá oferecer para estes
indivíduos já formados nas perspectivas humano-afetiva, intelectual (cada qual dentro de suas
possibilidades) e social? E ainda, como o professor deverá se preparar para mediar este
processo?
Para que seja possível apresentar uma resposta satisfatória ao problema elencado,
consideremos em primeiro lugar, o diagnóstico apresentado pela Base Curricular da Rede
Municipal de Ensino de Palhoça (BCRMEPH), pelo qual é possível compreender o retorno destes
alunos:

As motivações para o retorno desses alunos são variadas, sendo que a principal
costuma ser a busca de uma melhor posição no mercado de trabalho. Uma vez na
escola, seja ingresso ou reingresso, observa-se a demanda por distintos processos de
ressocialização – os quais são o ponto central no processo de inserção do aluno.
(BCRMEPH, 2019, p. 534)
As mais diversas aspirações são causas incentivadoras para o retorno dos discentes que,
por inúmeros motivos, não concluíram sua formação no tempo oportuno, conforme as
disposições educacionais vigentes. Neste aspecto, o qual podemos denominar como “macro”,
a EJA realizará uma tríplice função, a saber: reparadora (reparando o direito à educação outrora
negado), equalizadora (oportunizar a inserção do mercado de trabalho, bem como na vida social
e cultural) e qualificadora (garantias de atualização de conhecimentos ao longo da vida).
De modo particular, tendo em vista as tríplices funções da EJA, a Rede Municipal de
Ensino de Palhoça, por meio de sua Secretaria da Educação, buscou ao longo dos últimos anos
construir uma identidade própria, criando parcerias com o Governo de Estado. Com isto,
diversas ações foram implementadas, a saber: organização de um currículo que compreendesse
também os aspectos e necessidades do mundo contemporâneo; disponibilização de alimentação
e meio de transporte para incentivar a permanência dos alunos; processos seletivos para
professores da EJA, et cætera. O aluno da EJA, ao entrar em sala, dificilmente terá
conhecimento de todos estes ajustes burocráticos que permitem a sua estadia em uma sala de
aula. Antes, encontrará ali aquele agente que está na “ponta do processo”: o professor.
O professor será aquele que, longe das formalidades burocráticas que estruturam um
complexo sistema, irá auxiliar e mediar a inserção dos discentes em uma sociedade
diversificada, incentivando-os com um olhar humano, solidário e inclusivo, para que aqueles
que lhe foram confiados, alcancem conquistas acadêmicas e de ordem práticas. O professor
deverá também proporcionar para estes alunos, na medida do possível, um ambiente onde o
pensamento crítico seja integrado ao processo de ensino-aprendizagem.
Por isto, é importante ressaltar que, em seu planejamento, o docente deverá considerar
o dinamismo próprio da EJA, que surge naturalmente, das mais pontuadas diferenças sociais,
etárias e intelectuais dos estudantes. A Base Curricular pontua elementos importantes que
devem ser considerados:
O planejamento, nesse aspecto, fica distribuído por áreas de conhecimento, para
melhor desenvolvimento do trabalho pedagógico, não sendo, necessariamente, um
método em si mesmo. O professor poderá utilizar a globalização das áreas do
conhecimento, pontuando os objetivos gerais, os objetivos específicos e a
metodologia de trabalho. [...]
Os múltiplos sujeitos, cada qual com sua trajetória, desafiam o professor a lidar com
diferentes níveis de aprendizagem e requer um trabalho feito no sentido do
pertencimento de grupo. Nesse sentido, a EJA deve criar condições para que todos
sejam incluídos no mundo letrado, por meio de uma educação que prioriza a leitura
de mundo atrelada aos saberes científicos sistematizados. (BCRMEPH, 2019, p. 536-
537)

Utilizando-se das áreas de conhecimentos que deverão ser abordas em sala, o docente é
convidado a realizar um profundo trabalho pedagógico no qual seja possível estimular o
potencial subjetivo de cada um daqueles que encontram-se em sala, promovendo diálogo,
interação e reflexão, mediando a construção de conhecimentos, sendo partícipe de suas
histórias, mostrando-lhes que é possível avançar de modo justo e igualitário nos diversos
caminhos da sociedade contemporânea.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LORESENT, Odimar; FREITAS, Rafaela Maria (org.). Base Curricular da Rede Municipal de Ensino
de Palhoça. Palhoça: Faculdade Municipal de Palhoça (SC), 2019. 765 p

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